Luís Toledo Machado em António de Alcântara Machado e o modernismo reflete o
sobre o processo de incorporação de italianismos à língua informal, falada no dia-a-dia pelo
paulista. Destaca que a palavra ciao, transformada em t`chiau é o exemplo mais
significativo dessa absorção. A assimilação de um conjunto de palavras e expressões do
universo lingüístico do imigrante italiano é um dos temas trabalhados por Cenni no seu
estudo sobre a presença desse imigrante em nosso país. Nessa pesquisa alguns vocábulos
são citados, dentre eles o t`chiau merece o mesmo destaque apontado por Luís Toledo
Machado, esse se refere à palavra enquanto sinal de despedida, forma mais conhecida entre
nós, Cenni comenta sua origem como sinal de saudação:
“Há numerosas palavras exatamente iguais nas línguas italiana e portuguesa, como:
cantina, caricatura, cascata, fiasco, calamita, bravata, ribalta, sonata, partitura, ópera,
contralto, soprano, violino, polenta, salame, favorito, mosaico, piano, e poltrona; enquanto
outras, em sua forma portuguesa, perderam apenas a consoante dupla, como: loteria, dueto,
opereta, violoncelo, mortadela, ricota, risoto, soneto... De direta origem italiana é carnaval,
que por sua vez deriva, no italiano, de carne, pois, a partir da terça-feira gorda a Igreja
suprimia (em latim levare) o uso da carne. Os italianos pisanos diziam carnelevare, os
napolitanos karnolevare e os sicilianos karnilevari. O filólogo Stappers empresta a esta
palavra um sentido diferente, fazendo-a provir do latim carnis levamen, isto é, prazeres da
carne antes das continências da quaresma.
Além das palavras já citadas, que se referem a espetáculos, teatros e comidas, outras
há, de origem italiana, que dizem respeito às artes plásticas e militares e à arquitetura,
como: colunata, capitel, fachada, nicho, aquarela, batalhão, capitão, coronel, esquadrão;
algumas de grande uso comum, como: pajem, parque, pastel, retrato, capricho e aquele
nhoque que vemos escrito nas tabuletas das casas de lanches nas mais diferentes e
fantasiosas das maneiras; palhaço provém do nome de uma personagem do teatro popular
napolitano que vestia roupas feitas com fazendas usadas para forrar cochões de palha;
gazeta vem do veneziano, sendo o nome de uma pequena moeda de cobre com a qual no
século XVI se adquiriam exemplares de um jornal, que dava notícias das expedições ao
Levante...
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