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carta (substantivo concreto, cartão (substantivo
inanimado, contável, feminino) concreto, inanimado,
contável, masculino)
Para Camargo (1986, p. 62), “Em português o número de sufixos é limitado,
cinqüenta ou pouco mais. Dentre eles há alguns que são muito produtivos, outros há
com produção exígua.”
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No Capítulo Quinto, Camargo (1986, p. 78 a 200) faz a descrição dos sufixos,
privilegiando os sufixos nominais em detrimento dos verbais. Os sufixos seguintes
são objetos de estudo da autora: sufixos nominais (–ÁCEO, –ACHO, –ADA, –ADO,
–(A)GEM, –AL, –ANO, –ÃO, –AR, –ARIA, –ÁRIO, –ÁTICO, –ATO, –ÁZIO, –ÇÃO,
–DÃO, –DADE, –ECO, –EIRA, –EIRO, –EJO, –ELA, –ENSE, –ENTO, –EO, –ÊS, –
ESCO, –ESTRE, –ETA, –ETO, –EZ, –EZA, –IA (átono), –ILHA, –ILHA, –IM, –
INHA, –INHO, –ISMO, –ICE, –ICHA, –ICHO, –ÍCIE, –ÍCIO, –ICO, –IÇO, –IL, –
INO, –IO, –IVO, –LENTO, –MENTO, –NTE, –ONA, –ÓRIO, –OSO, –OURO, –OR, –
SÃO, –TUDE, UCHA, –UCHO, –UME, –UOSO, –URA, –VEL) e dos sufixos
verbais (–AR, –(E)AR, –EJAR, –(I)FICAR, –IZAR) presentes em vocábulos
empregados em língua portuguesa.
O sufixo tem derivados heterogêneos
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, ou seja, de classe gramatical diferente
da base léxica, ao passo que o prefixo tem derivados homogêneos, isto é, da
mesma classe gramatical da base léxica.
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Concordamos com CAMARGO (1986) quando ela diz que há sufixos produtivos em Língua
Portuguesa, ao contrário de outros que apresentam produção exígua. No entanto, discordamos da
posição da autora quanto ao número de sufixos presentes na Língua Portuguesa. Em levantamento
realizado por nós no Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, de Cunha, 2.
ed., 1986, elencamos 110 (cento e dez) sufixos. Para SANT´ANNA MARTINS (2003), o número de
sufixos em Língua Portuguesa gira em torno de uma centena, embora reconheça que os mesmos
podem sugerir conotações diversas do ponto de vista da Estilística. Se levarmos em conta os
alomorfes sufixais, esse número decai obrigatoriamente. É complicado afirmar com certeza o
número de sufixos utilizados em Língua Portuguesa na contemporaneidade, uma vez que a língua é
um organismo vivo e em constante expansão e/ou evolução.
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O melhor é dizermos que os sufixos podem ter derivados heterogêneos, ou que predominam os
derivados heterogêneos na derivação sufixal, o que, aliás, não é uma obrigatoriedade (cf.: goiaba >
goiabeira; rato > ratoeira; saltar > saltitar; casa > casebre; banco > bancário; banco > banqueiro;
gema > gemada; palhaço > palhaçada; dente > dentista; tinta > tinteiro; rua > ruela; caixa > caixote;
laranja > laranjada; casa > casarão, etc.) Nesses exemplos, podemos perceber que todos os
derivados mantêm a mesma classe gramatical de seus respectivos derivantes. O que ocorre
realmente é subcategorização, a gradação das bases ou indicação de diferença específica das bases
léxicas, como CAMARGO (1986) bem o demonstrou e exemplificou em sua tese.