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Marcelo Alvaro da Silva Macedo
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Rovigati Danilo Alyrio
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Rui Otávio Bernardes de Andrade
Revista de Ciências da Administração
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v. 9, n. 18, p. 35-55, mai./ago. 2007
do, encontra-se informações críticas acerca de vieses especícos que inuenciam
o julgamento. Estes estudos sugerem que as pessoas se baseiam em uma série de
estratégias simplicadoras ao tomarem decisões. Estas estratégias simplicadoras
são denominadas de heurísticas. Elas consistem de regras-padrão que implicitamente
dirigem o comportamento decisório. Elas servem como um mecanismo para se lidar
com o ambiente complexo que cerca as decisões. Em geral, a heurística ajuda, mas
seu uso pode, por vezes, levar a erros drásticos.
Para Stoner e Freeman (1995) as pessoas utilizam princípios heurísticos para
simplicar a tomada de decisão. Estas heurísticas podem até apressar o processo de
tomada de decisão, mas são falíveis se os decisores dependerem demais delas ou se
as macularem como idéias preconcebidas e nuanças pessoais.
Na concepção de Andrade et al. (2004) o estudo do comportamento decisório
deve levar em consideração três pontos importantes: os aspectos cognitivos do pro-
cesso decisório; o processo mental de formar opinião ou avaliar, por meio de discer-
nimento ou comparação; e a capacidade de julgar, ou seja, o poder e/ou habilidade de
decidir com base em evidências. Além disso, deve-se ter em vista que a capacidade
da mente humana para formular e solucionar problemas complexos é muito pequena
comparada à necessidade para uma decisão racional e estruturada. A conclusão que
se chega é que na verdade não procura-se soluções ótimas, mas apenas razoáveis, e
não avalia-se todas as alternativas, mas apenas algumas.
Segundo estes mesmos autores existem três grupos genéricos de heurísticas: da
Disponibilidade; da Representatividade; e da Ancoragem e Ajustamento.
Bazerman (1994) diz que a Heurística da Disponibilidade é aquela que diz
que com freqüência avalia-se as chances de ocorrência de um evento pela facili-
dade com que conseguimos nos lembrar de ocorrências desse evento. Um evento
que evoca emoções, sendo vívido, facilmente imaginado e especíco, estará mais
disponível na memória do que um evento que seja por natureza não emocional,
neutro, difícil de imaginar ou vago. Com isso a Heurística da Disponibilidade pode
constituir uma estratégia gerencial muito útil para a tomada de decisão, tendo em
vista que circunstâncias de eventos de maior freqüência são em geral reveladas
facilmente, em nossas mentes, do que as daqueles de menor freqüência. Porém
esta não é infalível, pois por muitas vezes fatores, que deveriam ser irrelevantes ou
pouco importantes na avaliação de probabilidade, podem inuenciar indevidamente
a proeminência perceptual imediata do evento, a vividez com que se revela ou a
facilidade com que é imaginado.
Segundo Bazerman (1994) a Heurística da Representatividade é o julgamento
por estereótipo, onde a base do julgamento são modelos mentais de referência. Os
gerentes avaliam a probabilidade de ocorrência de um evento por meio da similaridade
da mesma aos seus estereótipos de acontecimentos semelhantes. Em alguns casos,