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Olha, sinceramente, em geral, na Regional V, eu acho que [a integração]
deixa a desejar, sabia? O tanto de reunião que a gente fez com a equipe
do PSF toda, quando a gente diz que tem que estar juntos, nesses
grupos, não é? Mas assim, de uma maneira geral, eu acho que talvez, se
botasse numa escala de 0 a 100, eu diria que [a integração está] entre 50
e 60. E aí vai muito do perfil do profissional. Por exemplo, nós temos
dentistas muito bons, com excelente entrosamento com a ESF,
acompanham as gestantes, acompanham na puericultura, dão todas as
informações. Que é como era para ser, não é? E o ideal [seria] que fosse
assim em todas as unidades (GCSBV).
Os gestores já observam também uma maior motivação dos
profissionais em articular as ações, na perspectiva da integralidade. Embora ainda
existam os obstáculos, foi possível identificar que os dentistas estão incorporando
as diretrizes do PSF no seu processo de trabalho, como se registra no discurso
abaixo:
Hoje, eu vejo, em termos de participação, os dentistas muito mais
participativos como equipe do que o próprio médico. Eu acho o dentista
mais dinâmico, se movimentando mais. E sinto isso. Mais do que o
próprio médico. O médico acaba ainda sendo muito de consultório, de
curativo e tal. Os dentistas estão mais móveis, participando mais das
coisas. Mas eu acho que, apesar dessa integração que há em
campanhas, em eventos, na rotina mesmo da unidade, poucas são as
experiências de fato. Por exemplo, o pré-natal encaminha para o dentista,
mas nem todo mundo faz isso. Haveria de ter uma integração maior.
Acho que a gente ainda deixa a desejar nessa integração. Mas é
incomparável ao que era antes. Antes, não existia integração. Dentista
entrava numa sala, saía da sala e pronto. O local de trabalho dele era o
consultório dele, era a cadeira dele. E não era a unidade, não era o
território e, muito menos, as escolas dali [...] Hoje, com o [programa]
saúde da família, as coisas são diferentes, mas ainda há muito o que
fazer. Eu acho que ainda tem pouca integração, no meu ponto de vista
(GCABII).
Como observado acima, a integração começou a se moldar a partir da
inserção das ESB. Comparado ao que havia antes, é inegável a melhoria.
Entretanto, a gestão ainda aponta alguns obstáculos que dificultam o processo de
trabalho interdisciplinar e que precisam ser ultrapassados para a consolidação do
trabalho em equipe. De acordo com os gestores, as maiores dificuldades
enfrentadas para a efetiva integração são o perfil do profissional e a baixa
cobertura. O perfil do profissional está vinculado ao tipo de formação acadêmica,
pautada na lógica biomédica e individual, sem abordar os princípios da saúde
coletiva e do planejamento em equipe. A baixa cobertura, por sua vez, é apontada