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(EH) associada a graus variáveis de gliose e perda neuronal no hipocampo, subiculum, giro
parahipocampal e córtex temporal ínfero-medial. A EH consiste na perda neuronal e gliose
marcadas no campo CA 1 de Sommer e hilo hipocampal, menos visível em CA 3 e CA4 , com
preservação relativa da estrutura de CA2 ( Falconer 1974; Valerio e Rosemberg 1995; Lüders
2008).
Os indivíduos portadores de EH têm história clínica característica, crises convulsivas
prolongadas na infância, freqüentemente associadas com hipertermia (Cendes et al 2005). Os
danos neuronais evidenciados no hipocampo parecem ser decorrentes de uma liberação
excessiva de glutamato no decorrer dos episódios comiciais, que produz nos neurônios pós-
sinápticos um excessivo influxo de cálcio (Blumcke, Beck et al. 1996)
Clinicamente, a ELT manifesta-se por crises parciais simples (CPS) com desconforto e
calor epigástrico ascendente associados a distúrbios comportamentais como o medo. Ocorrem
igualmente crises parciais complexas (CPC) nas quais existe comprometimento da consciência
associada à fixação do olhar, automatismos orofaciais e gestuais, (Cendes et al 2005),
automatismos ipsilaterais ao hipocampo lesado e postura distônica do membro superior
contralateral ao hipocampo lesado (Kotagal et al 1989) podendo evoluir para generalização
secundária (Cendes et al 2005) Apesar da maioria dos pacientes com diagnóstico de EMT
responderem de forma adequada ao tratamento clínico, 40% dos pacientes tornam-se refratários
aos fármacos antiepilépticos (Semah 1998; Palmini et al 1998). Nestes casos, a cirurgia da
epilepsia – Amigdalo-hipocampectomia Seletiva (AHS) – com a ressecção das estruturas
mesiais do lobo temporal, uncus, amígdala e hipocampo é uma opção terapêutica (Palmini 1998;
Paglioli, Palmini et al. 2004; Palmini 2001), mas que tem sua morbimortalidade e, mesmo nos
melhores centros, há um grupo de 20-30% dos pacientes que continuam com crises epilépticas e
necessitam de tratamento medicamentoso associado. (Paglioli et al. 2004)
Os critérios diagnósticos da Epilepsia de Lobo temporal utilizados mundialmente são
baseados na história clínica do paciente, avaliação neuropsicológica, achados
eletroencefalográficos interictais e ictais e dados de neuroimagem por Ressonância
Magnética(Watson e Cendes 1998; Palmini et al 2001). A história de crises parciais complexas,
com ou sem generalização secundária, não provocadas e recorrentes constitui o pilar da
avaliação. A história típica é a do paciente com episódios inesperados de um “mal-estar
epigástrico” (aura epigástrica ascendente) evoluindo com desconexão do ambiente,
automatismos oro alimentares e gestuais e posturas distônicas nos membros superiores. Esta