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uma vez que eles não estilhaçam, os defeitos normalmente são pequenos e de difícil
visualização, até mesmo com equipamentos como binóculos (BISNATH et al., 2006).
O revestimento polimérico dos equipamentos elétricos é composto tradicionalmente de
EPDM ou silicone, e dotado de aletas para aumentar a distância de escoamento. O silicone, em
particular, é caracterizado pela capacidade de repelir água (hidrofobicidade). Essa propriedade
faz com que a água, em contato com a superfície, concentre-se em gotas, impedindo que a
mesma forme uma lâmina, minimizando assim as correntes de fuga. No entanto, sob estresses de
altas tensões, as gotas podem ser unidas por arcos elétricos locais. Esse curto-circuito parcial de
regiões secas do isolador, denominadas bandas secas, pode evoluir para descargas completas, ou
flashovers (KINDERSBERGER et al., 1989).
A poluição, associada à umidade, pode influenciar na distribuição de campo elétrico e
intensificar fenômenos como correntes de fuga, bandas secas e flashovers, que em longo prazo
podem provocar carbonização do isolamento e afetar a integridade do material (BISNATH et al.,
2005). Correntes de fuga e outras atividades elétricas, como corona, normalmente não afetam os
isolamentos cerâmicos. O mesmo não pode ser dito a respeito dos isolamentos poliméricos, nos
quais vários mecanismos de falhas elétricas e mecânicas são atribuídos à atividade elétrica. Dois
desses mecanismos são relevantes: a carbonização, devido a arcos locais, e a produção de ácidos
que degradam o núcleo, podendo resultar em falhas mecânicas (McQUARRIE, 1999). Teorias
quanto à origem desses ácidos são apresentadas em SCHMUCK et al. (2001), TOURREIL et al.
(2001) e CIGRÉ (1992).
Os equipamentos poliméricos a serem utilizados neste trabalho são isoladores de
suspensão e de pino, espaçadores, e laços plásticos de amarração (modelos laterais e de topo).
Entre esses, os isoladores são os mais utilizados, uma vez que espaçadores e laços plásticos são
acessórios bastante recentes, e possuem pouca bibliografia especializada. Logo, um maior
enfoque será dado aos isoladores, que serão descritos a seguir. No entanto, é importante ressaltar
que os demais equipamentos possuem características análogas, sendo compostos dos mesmos
materiais utilizados no revestimento de isoladores.
A constituição de um isolador polimérico é apresentada na Figura 2.1, e apresenta três
componentes básicos: núcleo, composto de uma haste de fibra de vidro reforçada; revestimento
polimérico, e ferragens terminais, que fazem a ligação entre condutor, isolador e estrutura. Nos
isoladores poliméricos, as regiões mais frágeis são as áreas de interface entre materiais.
Interfaces críticas podem ser detectadas entre polímero e ferragens terminais, assim como entre