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que, periodicamente, têm lugar na economia, em diferentes graus de intensidade e
abrangência, sob o impacto de inovações tecnológicas.
O ponto de partida das análises neo-schumpeteriana foi, de acordo com Alban
(1999), o trabalho de Freeman, Clark e Soete, de 1982, onde apontam que a chamada Teoria
do Bunchs de inovações proposto por Mensch, enquanto elemento explicativo do ciclo
econômico é insuficiente. Obviamente, enquanto neo-schumpeteriano, a idéia de bunchs de
inovações é o elemento fundamental para análise desses autores. A discordância fundamental
entre as interpretações situa-se na análise das inovações incrementais e do “mecanismo de
aceleração”, proposto por Mensch, segundo Alban (1999, p. 60/61):
Esses autores, embora reconhecendo o pioneirismo do trabalho de Mensch,
desmontam com base em estatísticas mais completas e atualizadas a consistência do
seu principal argumento, qual seja, a ocorrência do “mecanismo acelerador” de
inovações durante a crises (...) Uma inovação em si, ou mesmo um conjunto delas,
não provoca nenhum ciclo econômico. Como já percebera Schumpeter, o que
provoca o ciclo é a difusão conjunta das inovações, gerando um grande investimento
agregado com desdobramentos macroeconômicos em todo o sistema. (...) Os autores
consideram que o processo de difusão não se dá pela mera cópia carbono das
inovações, mas sim pelo desenvolvimento das mesmas. Este desenvolvimento, por
sua vez, não ocorre ao acaso, mas sim seguindo determinadas trajetórias
tecnológicas, que consistem em formas padrões de se enfrentar os problemas e os
potenciais técnico-organizacionais que surgem no espraiamento das inovações.
Deste modo, como as trajetórias não são exclusivas de um único produto, e muitas
vezes exigem concomitância de vários produtos, engendra-se em determinados
momentos a criação de sistemas tecnológicos, que levam ao surgimento e
desenvolvimento conjunto de clusters de inovações.
No entendimento de Dosi (1988), em 1982 o conceito de paradigma tecnológico
define a oportunidade tecnológica para novas inovações e os procedimentos básicos de como
explorá-las. Nesse sentido, os paradigmas definem as oportunidades tecnológicas para as
inovações posteriores, e ao mesmo tempo, os procedimentos básicos que vão permitir a
exploração dessas novidades. Dessa forma, são os paradigmas tecnológicos que vão guiar os
esforços de pesquisa em determinadas direções. De acordo com Alban (1999), essas direções
definirão as trajetórias tecnológicas, ou a estruturação e o desenvolvimento dos clusters de
inovações básicas em um dado sistema tecnológico.
Em suma, a abordagem dos neo-schumpeterianos compõem uma interpretação para
ciclos longos, os quais são caracterizados por um fator chave ou um paradigma tecnico-
econômico que explica todo o seu encadeamento. Na visão de Jetin (1996, p. 13):
A idéia é que através da diversidade aparente das técnicas que caracterizam cada
ciclo de crescimento, existe um conjunto de princípios específicos, que vão ser
aceitos enquanto common sense pelos empresários e engenheiros. (...) Esses
princípios estruturam as inovações, a organização da firma, a organização de cada
ramo industrial, as inovações a nível de um país e as inovações de um país para o
outro. As inovações, em todos os níveis, vão progressivamente, difundir-se pela
sociedade inteira e vão gerar ganhos de produtividade muito importantes na fase