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Os empresários entrevistados reconhecem que há uma perda no quesito inovação ao
haver o afastamento com a universidade, e também se questionam porque essa aproximação é
difícil.
Há uma perda por não ter essa relação. A gente trabalha com inovação, com
cérebro, mas praticamente nossa única mão-de-obra são idéias e uma das
formas de fabricar idéias é dentro da universidade, se a gente tivesse uma
relação mais próxima, creio que poderíamos transformar em negócios muitas
das idéias que vem da universidade. E é curioso como eu acho que isso está
claro na cabeça de qualquer empresário, mas não sei por que essa
aproximação não se dá. Antes a gente achava que era culpa da universidade, o
pessoal ser fechado (...). Acho até que é função das empresas mudarem isso
aí, porque esperar que o pesquisador venha até a empresa, passa longe do
aspecto tradicional do pesquisador, tem que estar lá puxando, com faro
apurado para negócio, é o empresário que pode fazer isso. Não sei explicar
porque isso não acontece. Ainda temos muito que crescer, talvez haja essa
falta de uma maior maturidade (...), talvez nos falte isso para ir atrás das
oportunidades na academia. Há uma visão equivocada de achar que a
academia é intocável e isso pode ser falta de maturidade do setor. E
obviamente entra o papel do estado nisso aí, acho que o estado deveria
fomentar mais isso aí , ser mais eficaz, e o estado não tem se posicionado
quanto à isso Se isso acontecer, a gente pode mudar esse quadro. (Tales,
Diretor de empresa, entrevista, 2007)
Vale ressaltar que o papel de inovação não cabe só à universidade. Outras instituições
de pesquisa, os CEFET’s (Centros Federais de Inovação Tecnológica) e também organismos
privados podem ser agentes promotores de inovação.
O Insoft não pode hoje chegar hoje e dizer: vou me transformar num CEFET.
A gente nunca vai chegar perto, mas eu acho que o Insoft entende melhor os
empresários que as universidades, e é formado por uma diretoria de pessoas
que são próximas às universidades. Essa é uma maneira de aproximar os
empresários das competências que existem na universidade (...).Então além do
papel de pesquisa direta, (...) tem um papel de relacionar as competências
acadêmicas com as necessidades empresariais. O empresariado pode e deve
aproveitar as capacidades que a universidade possui, e vice-versa. O Insoft
tem competência de captação de recursos da lei de informática, que gerencia
dentro do laboratório do Cefet, (...) não há porque existir uma briga. Está
fazendo muito bem esse papel de aproximação, de botar discussão na mesa.
Estou participando de um projeto de educação à distância em
profissionalização de TI, que envolve 3 empresários, envolve também um
pesquisador da Unifor, um da UFC e dois da UECE. Está completamente
integrado, e quem fez isso foi o Insoft. Existe também um projeto com o
Mauro Oliveira que a gente se transforma numa espécie de referência em
pesquisas setoriais, é como se fosse um CGEE – Centro de Gestão de Estudos
Estratégicos. É uma espécie de agência, ligada a Unicamp, faz estudos
estratégicos sobre várias atividades do país. A idéia do Mauro é transformar o