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O surgimento dos distritos industriais iniciou-se no pós-guerra, no final dos
anos 40, de forma ainda não sistematizada. As indústrias iniciaram sua produção
com estrutura semi-artesanal. Pela própria necessidade de sobrevivência de um
país devastado, começaram a surgir no pós-guerra, em várias cidades italianas, a
junção de artesãos que produziam bens e serviços, os quais, de uma certa forma,
dividiam as funções para produzir. Formavam pequenas "redes" de trabalho, uma
vez que a mão-de-obra era escassa; as matérias-primas eram de difícil obtenção,
e os municípios estavam sem infra-estrutura, com estradas, comunicação e
saneamento precários. Enfim, a Itália era um país em reconstrução (BRUSCO e
PABBA, 1997).
Para sobreviverem, as famílias trabalhavam em parceria, gerando
produtos e serviços, como em uma linha de produção. As diversas etapas eram
feitas em pequenas empresas separadamente, e depois, o produto final era
entregue para distribuição e comercialização, também, por outros pequenos
distribuidores e transportadores. Este é o exemplo do sistema de produção do
queijo Parmigiano, que funciona até hoje na região de Parma, nordeste da Itália.
Segundo Bertolini, Bruno e Giovannetti (2001), ainda hoje os pequenos
empreendedores são conhecidos como artigiani, e são reconhecidos como
empresários. Um artigiani é um empresário pequeno, ou médio, mesmo que sua
empresa possua apenas um caminhão, ou somente um escritório de exportação,
por exemplo.
Com o passar do tempo, as pequenas e médias empresas foram formando
associações, e o governo italiano, vendo seu empenho, interferiu criando as
Câmaras de Comércio, entidades que têm a participação do governo, mas que
congregam estas empresas, prestando serviços de assistência, suporte técnico,
de gestão e, inclusive, apoio financeiro (ADDABBO, 2000).
Dados recentes relatados por Sammarra (2003), demonstram que, na
Itália, a partir do final dos anos setenta, até junho de 2003, surgiram cerca de
200 distritos industriais, com uma participação de aproximadamente 44,7% da