RESUMO
O câncer de mama é um problema de saúde pública. É a neoplasia mais incidente
na mulher. Possui prognóstico bom, quando diagnosticado em estádios iniciais.
Pode alterar, também, a auto-imagem e a sexualidade. Na América Latina a sua
incidência e mortalidade vêm aumentando. Entre os fatores de risco destacam-se a
idade avançada, fatores hormonais, reprodutivos e genéticos; sedentarismo;
ingestão de gordura e obesidade. Cerca de 60% dos casos, no Brasil, são
diagnosticados em estágios avançados. As diversas formas de tratamento podem
ser utilizadas de maneira isolada ou em associação. Diferentes tecnologias são
disponibilizadas pelas políticas públicas de saúde. As tecnologias em saúde podem
ser “leve” (relações no processo de cuidar, acolhimento e gestão de serviços), “leve-
dura” (saberes profissionais e científicos estruturados) e “dura” (equipamentos
tecnológicos e as normas). O objetivo do estudo foi analisar as políticas públicas de
saúde brasileiras relacionadas ao Câncer de mama, nas perspectivas de abordagem
ao tema e das tecnologias disponíveis para o seu enfrentamento. Foi realizada uma
pesquisa explicativa documental de abordagem qualitativa, que usou 24 documentos
da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, sendo aplicada a análise de conteúdo.
Na pré-análise foi utilizado o software Poronto, que selecionou automaticamente as
unidades recorrentes e contou os elementos. Esses termos foram localizados nas
frases dos documentos e 570 frases foram analisadas, após categorização. Pela
análise dos documentos, reconhece-se que o câncer de mama é evitável e dá-se
ênfase nos fatores de risco. Os registros de boa qualidade são importantes para
direcionar programas de prevenção. As tecnologias duras são usadas como apoio à
tomada de decisão e as leve-duras no planejamento e combate direto. A mamografia
é o principal aliado para o diagnóstico precoce, mas a restrição orçamentária limita o
uso. O que predomina no diagnóstico é a tecnologia dura. O tratamento do câncer
de mama deve ser integral. A reabilitação deve ser iniciada precocemente, utiliza
fisioterapia e reconstrução mamária e nela predominam as tecnologias leve-duras.
Planejamento foi uma categoria emergente, na qual há predominância de
tecnologias duras e leve-duras, mas que traz, também, a tecnologia leve. Nesta
categoria fica evidente a importância dos registros e conhecimentos
epidemiológicos. Portanto, o câncer deve ser reconhecido como problema de saúde
pública. O conteúdo da biblioteca virtual do MS pode indicar as políticas de saúde no
país relacionadas ao câncer de mama. As medidas preventivas são subutilizadas. O
diagnóstico precoce é reconhecido como de fundamental importância. O tratamento
deve ser integral e se destina pouco espaço para a reabilitação, enquanto que
documentos do próprio governo criticam a política de cuidados paliativos. As
tecnologias leves são fundamentais em todo o processo de relacionamento entre o
cidadão e os serviços de saúde, mas não são referidas com destaque nos
documentos, o que pode ser indicativo de uma necessidade a ser preenchida.
Combate intensivo ao câncer de mama e maior investimento podem mudar a
realidade de resultados ruins do câncer de mama no país, porém não em curto
prazo. Há necessidade de atualização da Biblioteca Virtual em Saúde do MS.
Descritores: Neoplasia de mama. Políticas públicas. Avaliação. Tecnologia
biomédica.