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DIEGO
JOSÉ
SANTANA
SILVA
ANÁLISE CITOGENÉTICA E MORFOMÉTRICA EM POPULAÇÕES DE
Rhinella pombali (BALDISSERA JR., CARAMASCHI E HADDAD, 2004) E
Rhinella crucifer (WIED-NEUWIED, 1821) (ANURA, BUFONIDAE)
VIÇOSA
MINAS
GERAIS
BRASIL
2010
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Biologia Animal, para obtenção do título
de Magister Scientiae.
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2
DIEGO
JOSÉ
SANTANA
SILVA
ANÁLISE CITOGENÉTICA E MORFOMÉTRICA EM POPULAÇÕES DE
Rhinella pombali (BALDISSERA JR., CARAMASCHI E HADDAD, 2004) E
Rhinella crucifer (WIED-NEUWIED, 1821) (ANURA, BUFONIDAE)
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Biologia Animal, para obtenção do título
de Magister Scientiae.
APROVADA: 22 de fevereiro de 2010
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ii
O Diego não passa batido, passa batendo
(Ana Paula Motta)
Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?
(Fernando Anitelli)
A vida é um picadeiro, e se não formos os palhaços
seremos sempre meros espectadores...
iii
Ao Mário e à Carmen. Por mais que HERÓIS, serem PAIS!
iv
A
GRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que apesar de ter muitos nomes, de uma forma única, sei que
foi uma força presente sempre na minha vida, e que de certa forma mostrou uma direção
em meio ao caos, colocando tudo ao seu devido tempo, mesmo quando eu achava que
não.
À minha família! Razão principal da minha vontade de vencer e querer mais. Aos
meus pais, Mário & Carmen, que NUNCA deixaram seu girino perdido à deriva, e
SEMPRE me apoiaram nas minhas decisões (mesmo quando loucas), pois acreditam o
quão grande posso ser. E aos meus irmãos, Christiane e Mário Lucas, 2/3 meus, os
outros dois mosqueteiros, e principalmente, meus amigos com os quais eu sei que vou
poder sempre contar.
Ao Jorge Dergam, por aceitar me orientar (que desafio hein!), mas por realmente
estar presente sentadinho na sua cadeira podendo sempre que possível ouvir meus
pedidos de socorro e puxando minha orelha nos momentos certos.
Ao Renato Feio, além de co-orientador, amigo e parceiro de boteco nas horas
vagas, por tantas conversas enriquecedoras, e por me acolher quando graduando ao
Museu e me apresentar ao mundo das pesquisas com anfíbios.
À Gisele Lessa, além de professora, ter se tornado uma pessoa tão jóia na minha
vida acadêmica e uma “mãezona” no museu, atendendo também muitas das minhas
“pentelhações”.
Aos membros da banca, pela gentileza de participar com a árdua tarefa de
contribuir com a temida “arguição”.
Ao Rubens Pazza e ao Pierre por cederem seu laboratório e seu tempo para tirar
algumas fotos de cromossomos.
v
Aos curadores Antônio J. S. Argolo (UESC), Luisa M. Sarmento-Soares
(MBML), Rose Mary (CHUFJF), Guarino R. Colli (UnB), Luciana B. Nascimento
(MCNAN-PUC) pelo empréstimo de material aos seus cuidados; e a José P. Pombal
Júnior (MNRJ) pela recepção no Museu Nacional quando fui analisar a rie tipo de R.
pombali.
Aos Professores Mirco Solé (UESC) e Natan M. Maciel (UFG) pelo envio de
alíquotas de tecidos.
Agradeço especialmente também à Priscila S. Hote, pela ajuda inestimável com a
morfometria dos espécimes, mesmo quando solicitada para me acompanhar ao Rio de
Janeiro pra analisar a rie tipo. Pri, sei que você é gostosa, sexy, inteligente e, não
menos importante, humilde. Mesmo assim, aumentando um pouquinho seu ego:
MUITO OBRIGADO!
Ao Mário R. Moura, pela ajuda inestimável com as análises estatísticas e sempre
me atendendo, mesmo que por e-mail ou por um telefonema apressado pedindo socorro.
À Sarah, que mesmo na minha fase final do mestrado, me ajudou tanto via online,
cumprindo compromissos meus, me apaziguando, ouvindo muito minhas “encheções” e
não menos importante, trazendo sempre um sorriso no rosto deixando meu dia melhor.
A toda FAMÍLIA do Museu de Zoologia João Moojen, que me acompanharam
nos desesperos, pindaíbas, alegrias, festas, bebedeiras, choros... amigos sempre
presentes (herpetólogos ou não): Manú, Henriqueta, São-Pedro, Finin, Eliana, Jussa,
Mário, Zé, Johny, Sarah, Larissa, Ana Paula, Robertão, Renatinha, Ana Bárbara,
Joãozinho, Vitim, Maria Clara, Rodolfo, Renato, Gisele, Rômulo.
Ao Henrique e ao Emanuel (Manú) pela amizade sincera, pelo companheirismo e
por tornarem-se verdadeiros irmãos dentro do museu.
vi
À Patrícia da Silva Santos (Patricinha) pela ajuda gigantesca na coleta dos
espécimes de Caratinga e região, e por sua amizade tão valiosa para mim e por
colaborar tanto para o meu crescimento pessoal e profissional.
Ao Roberto Dantas pelo incrível auxílio no Espírito Santo, indo ao Museu Mello
Leitão por um excelente concerto de Heavy Metal em Vitória. Muito Obrigado
Robertão, ajuda fundamental neste trabalho.
Ao pessoal do “Beagle” (Laboratório de Sistemática Molecular), do presente e do
passado, amigos e parceiros pra tempo bom ou ruim, sempre se esquivando do maluco
desastrado aqui, agradeço muito ao Hilton, Néia, Jacobina, Lucioni, Fred, Udson,
Gisele, Ana Paula, Lucas.
À todos que me ajudaram nas coletas, ou coletaram, ou do nada aparecia uma
sacola com um sapo dentro com meu nome de manhã cedinho no museu. São tantas
pessoas que não lembro o nome de todos, muito obrigado.
Aos meus eternos amigos do G.H.A.E. pela paciência, pelo apoio, pela “zoação”,
pela “chapação” também, pelos reveillons, músicas, alegrias e loucuras.
À República “Os Largado”, por tantas festas e farras, e terminando minha estadia,
sei que tenho mais uma família que posso contar sempre. Hoje grandes amigos e amiga.
Tenho certeza que me esqueci de mencionar muuuuuuuuuitas pessoas, que com
certeza contribuíram para a conclusão desta dissertação. A estes, perdoem essa cabeça
esquecida, mesmo assim, meu muito obrigado.
Aos tantos sapos, que sem os quais não teria o “por que” dessa pesquisa e um
motivo real pela qual estar fazendo pesquisa.
À UFV e ao Programa de Biologia Animal pelo aprendizado e a oportunidade.
vii
B
IOGRAFIA
Diego José Santana Silva, filho de Mário José Pereira da Silva e Carmen
Côrtes Santana Silva, nasceu em Muriaé, Minas Gerais, em 18 de junho de 1985.
Concluiu o Ensino Médio em dezembro de 2003, na Escola Estadual Dr.
Olavo Tostes em Muriaé, Minas Gerais. Em fevereiro de 2004 iniciou o curso de
Ciências Biológicas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Santa Marcelina”
também em Muriaé. Durante a graduação foi estagiário no Museu de Zoologia João
Moojen e do Beagle - Laboratório de Sistemática Molecular da UFV. Em 15 de
Dezembro de 2007 graduou-se Licenciado em Ciências Biológicas. Em fevereiro de
2008 ingressou no curso de Mestrado em Biologia Animal, na Universidade Federal de
Viçosa, defendendo a dissertação em março de 2010.
viii
S
UMÁRIO
R
ESUMO
................................................................................................................ ix
A
BSTRACT
............................................................................................................ xi
1.
I
NTRODUÇÃO
G
ERAL
......................................................................................... 01
2.
A
RTIGOS
C
IENTÍFICOS
...................................................................................... 07
Santana, D.J. & Dergam, J.A. Citogenética de Rhinella crucifer (Wied-
Neuwied, 1821) e R. pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad,
2004) (Anura, Bufonidae) no sudeste do Brasil.........................................
08
Santana, D.J.; Hote, P.S.; Feio, R.N. & Dergam, J.A. Análise morfométrica de
populações de Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad,
2004)...........................................................................................................
29
3.C
ONCLUSÕES
G
ERAIS
........................................................................................ 53
ix
RESUMO
SILVA, Diego José Santana, M. Sc,.Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2010.
Análise citogenética e morfométrica em populações de Rhinella pombali
(Baldissera Jr., Caramaschi e Haddad, 2004) e Rhinella crucifer (Wied-
Neuwied, 1821) (Anura, Bufonidae). Orientador: Jorge Abdala Dergam dos
Santos. Co-Orientadores: Renato Neves Feio e Gisele Mendes Lessa Del Giudice.
Separada recentemente de R. crucifer, R. pombali é uma espécie restrita ao Estado
de Minas Gerais. Embora uma revisão sistemática tenha sido feita pouco tempo,
algumas inconsistências taxonômicas e geográficas seriam esperadas devido à grande
variação morfológica das espécies do grupo de R. crucifer. Neste trabalho descrevemos
o cariótipo, assim como os padrões Banda C e Ag-NOR de Rhinella crucifer e R.
pombali. Ambas espécies pertencentes ao grupo de R. crucifer, que não possuíam
cariótipo nem padrões de bandeamento descritos, particularmente porque o cariótipo
descrito de R. crucifer em outros trabalhos trata-se na verdade de R. ornata. As espécies
analisadas apresentaram número diplóide 2n=22, comum à família Bufonidae, com os
blocos de heterocromatina constitutiva localizadas na região centromérica dos
cromossomos podendo ocorrer uma marcação intersticial em alguns pares. As regiões
organizadoras de nucléolo encontraram-se nos braços curtos do sétimo par
cromossômico, assim como observado para R. ornata e outras espécies de Rhinella na
América do Sul. Não foram encontrados padrões espécie-específico para os indivíduos
analisados. Para os estudos morfométricos, baseamos nosso trabalho no estudo da
morfologia externa e em 25 caracteres morfométricos de 10 unidades taxonômicas
operacionais para verificar o nível de variação interpopulacional destes taxa e definir
possíveis variações em gradientes geográficos. Apresentamos também dados de
dimorfismo sexual para a espécie. Analisando aspectos regionais de simpatria de R.
pombali com outras espécies do grupo nos estados do Espírito Santo e do Rio de
x
Janeiro, percebemos algumas inconsistências quanto ao registro geográfico nesses
locais. Vemos que a espécie apresenta acentuado dimorfismo morfométrico e algumas
diferenças morfológicas separando machos e fêmeas. Nas análises populacionais entre
as 10 UTOs, foi verificado que não separação significativa entre elas, não
apresentando também tendências de separação.
xi
ABSTRACT
SILVA, Diego José Santana, M. Sc,.Universidade Federal de Viçosa, February, 2010.
Cytogenetic and morphometric analysis in populations of Rhinella pombali
(Baldissera Jr., Caramaschi e Haddad, 2004) and Rhinella crucifer (Wied-
Neuwied, 1821) (Anura, Bufonidae). Adviser: Jorge Abdala Dergam dos Santos.
Co-Advisers: Renato Neves Feio and Gisele Mendes Lessa Del Giudice.
Rhinella pombali is a species recently separated from R. crucifer, and considered
restricted to the state of Minas Gerais, in southeastern Brazil. Although their
systematics was recently revised, it remains some taxonomic and geographical
inconsistencies, due mainly to morphological variation of the R. crucifer group. We
described the karyotypes (conventional staining, C and NOR-banding of Rhinella
crucifer and R. pombali, two species of the R. crucifer group. Both species had diploid
number 2n=22, characteristic of the family Bufonidae. Blocks of constitutive
heterochromatin were centromeric, and occasional interstitial C-bands were observed in
some chromosomes. NORs were located in the short arm of chromosome seven, as
observed in R. ornata and other South American species of Rhinella. For the
morphometric study, we analyzed the external morphology and 25 morphometrical
characters of specimens of R. pombali, distributed in 10 operational taxonomic units
(OTUs) to verify the interpopulational variation of this species and detect possible
variations along geographical gradients. Sexually dimorphic traits were also included.
The analysis of regional aspects of simpatry between R. pombali and other species of
the R. crucifer group in Espírito Santo and Rio de Janeiro states, led to some
inconsistencies for the expected geographical distribution of taxonomic characters. The
results indicate the existence of high level of morphometrical sexual dimorphism and
some morphological differences between males and females. The analyses of the 10
OTUs showed absence of significant levels of differentiation among them.
1
1. I
NTRODUÇÃO
G
ERAL
A ordem Anura é composta por mais de 5.679 espécies distribuídas em 59
famílias, presentes em todo globo, exceto na Antártida e em algumas ilhas oceânicas
(Frost et al. 2009). A família Bufonidae composta por 46 gêneros e 528 espécies (Frost,
2009), tem distribuição ampla ocorrendo em quase todos os continentes, com exceção
da Austrália, Nova Gui e Madagascar, onde Rhinella marina foi recentemente
introduzida (Narvaes, 2003; Frost, 2009). Bufonidae forma um grupo monofilético
corroborado pelas seguintes sinapomofias:órgão de Bidder, glândulas paratóides,
cintura peitoral arcífera ou firmisterna modificada, ausência de dentes, presença de
esterno e vômer e de diapófises sacrais bastante dilatadas (McDiarmid, 1971; Pough et
al. 1998; Frost et al. 2006).
Recentemente, os anfíbios atuais têm sido objeto de estudos filogenéticos, os
quais resultaram em grandes mudanças taxonômicas dentro de todos os grupos (e.g.
Faivovich et al. 2005; Frost et al. 2006; Grant et al. 2006; Hedges et al. 2008;
Guayasamin et al. 2009). O nome Bufo, até pouco tempo apresentava cerca de mais de
200 espécies distribuídas em aproximadamente 40 grupos fenéticos, com ocorrência
cosmopolita (Frost, 1985), embora fosse um gênero reconhecidamente parafilético
(Duellman & Trueb, 1994).
Em 2006, Frost et al. sugeriram uma primeira proposta evolutiva para toda a
classe Amphibia, baseada principalmente em dados moleculares. Em sua hipótese
filogenética, o gênero Bufo foi desmembrado em diferentes gêneros, sendo as espécies
restritas à América do Sul distribuídas principalmente entre os gêneros Chaunus
Wagler, 1828, Rhaebo Cope, 1862 e Rhinella Fitzinger, 1826. Assim, o gênero Bufo
tem sua distribuição atual na região temperada da Eurásia e do sul do Japão ao Norte da
2
África, no oriente médio, nordeste de Mianmar e no norte do Vietnã. Grant et al. (2006),
forneceram uma outra grande revisão, e apresentaram outra proposta filogenética para
Amphibia. Porém, Bufonidae se mantém como proposto por Frost et al. (2006).No
entanto, Chaparro et al. (2007), descrevendo uma espécies arbórea de bufonídeo do Peru
(Rhinella manu), propõem uma análise filogenética baseada principalmente em
caracteres moleculares, e em uma curta discussão, apresentam uma nova hipótese
filogenética para a família alocando as espécies chamadas de Chaunus (Frost et al.
2006) como pertencentes ao gênero Rhinella.
O grupo de Rhinella crucifer (sensu Baldissera-Jr et al. 2004) é composto por R.
abei (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004), R. crucifer (Wied-Neuwied, 1821),
R. henseli (A. Lutz, 1934), R. ornata (Spix, 1824) e R. pombali (Baldissera-Jr,
Caramaschi & Haddad, 2004). O grupo é diagnosticado pelos seguintes caracteres: 1.
frontoparietais alargados fusionados aos proóticos; 2. canal occipital parcialmente
recoberto; 3. ossos no teto da cabeça com exostose dermal moderada; 4. linha ou grupo
de tubérculos queratinizados partindo da comissura bucal em direção posterior; 5.
ausência da crista craniana pré-ocular, parcialmente nas espécies menores, sempre
presente e fortemente elevada nas espécies maiores; 6. linha de tubérculos glandulares
na lateral do corpo sempre presente, com a primeira glândula podendo ser unida ou não
à paratóide; 7. glândula paratóide de tamanho moderado a pequeno, triangular, elíptica
ou alongada; 8. tímpano sempre visível, às vezes recoberto por uma dobra de tegumento
na região posterior; 9. focinho variando de truncado a mucronado ou sub-elíptico a
arredondado em vista dorsal; 10. primeiro dedo nem sempre mais longo que o segundo;
11. tegumento bastante variável, de extremamente granuloso até um aveludado macio
(Duellman & Schulte, 1992; Baldissera, 2001; Baldissera et al. 2004).
3
A espécie Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004) (Figura
1), pertence ao grupo de R. crucifer (Wied-Neuwied, 1821), o qual foi recentemente
revisado por Baldissera-Jr et al. (2004). Esta espécie foi separada de R. crucifer, sendo
R. pombali restrita ao estado de Minas Gerais, com sua distribuição geográfica através
da Mata Atlântica brasileira e áreas de transição com o cerrado no Estado (Baldissera-Jr
et al. 2004).
Figura 1. Holótipo (MNRJ 22311) de Rhinella pombali (CRC 84.10). Proveniente de
São Gonçalo do Rio Abaixo, MG.
Como todas as espécies do grupo, R. pombali é bastante adaptada a ambientes
antropizados, sendo muito comum em parques ou jardins (Santana et al. 2010). Rhinella
pombali apresenta o corpo recoberto por glândulas que conferem à sua pele um aspecto
bastante rugoso. É uma espécie de tamanho relativamente grande para o grupo (CRA
4
54,5 - 92,7 mm nos machos; 74,9 118,7 mm nas fêmeas), cabeça mais larga que
longa, com uma subdivisão claramente observada entre a cabeça e o corpo em vista
dorsal; focinho arredondado em vista dorsal; cristas craniais conspícuas; glândulas
paratóides ovóides, não subdivididas, mais largas na porção anterior, e em vista lateral
pendendo sobre a lateral do corpo; primeiro tubérculo da fileira lateral sempre em
contato com a glândula paratóide; padrão geral cinza escuro nos membros, variando
para um padrão único de coloração mais clara; em vida, as marcas amarelas aproximam
da cloaca e na superfície posterior das coxas pode ocorrer uma linha de tubérculos na
superfície ventral da parte posterior do esqueleto, formando uma franja em indivíduos
grandes (Baldissera-Jr et al. 2004).
Embora uma revisão sistemática tenha sido feita pouco tempo (Baldissera-Jr et
al. 2004), algumas inconsistências poderiam ser encontradas devido à grande variação
morfológica das espécies e à inclusão de espécimes de novas áreas. É possível que os
limites específicos sejam um pouco mais amplos que os determinados por Baldissera-Jr
et al. (2004).
R
EFERÊNCIAS
C
ITADAS
Baldissera-Jr, F.A. 2001. Taxonomia e filogenia do grupo de Bufo crucifer Wied-
Neuwied, 1821 (Anura, Bufonidae). Tese de DoUGrado. Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Baldissera-Jr, F.; Caramaschi, U. & Haddad, C.F.B. 2004. Review of the Bufo crucifer
species group, with description of two new related species (Amphibia, Anura,
Bufonidae). Arquivos do Museu Nacional. 62(3): 255-282.
5
Chaparro, J.C.; Pramuk, J.B. & Gluesenkamp, A.G. 2007. A new species of arboreal
Rhinella (Anura: Bufonidae) from cloud forest of Southeastern Peru.
Herpetologica. 63(2): 203-212.
Duellman, W.E. & Schulte, R. 1992. Description of a new species of Bufo from
northern Peru with comments on phonetic groups of South American toads
(Anura: Bufonidae). Copeia 1992: 162-172.
Duelmann, W.E. & Trueb, L. 1994. Biology of amphibians. Johns Hopkins University
Press. Baltimore and London.
Faivovich, J.; Haddad, C.F.B.; Garcia, P.C.A.; Frost, D.R.; Campbell, J.A. & Wheeler,
W.C. 2005. Systematic review of the frog family Hylidae, with special reference
to Hylinae: Phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bulletin of the
American Museum of Natural History. 294: 1-239.
Frost, D.R. 1985. Amphibian Species of the World. A Taxonomic and Geographical
Reference. Lawrence: Allen Press, Inc. e The Association of Systematic
Collections. 732p.
Frost, D.R. 2009. Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 5.3
(12 February, 2009). Electronic Database Accessible at
http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/American Museum of Natural
History, New York, USA.
Frost, D. R.; Grant, T.; Faivovich, J.; Bain, R.H.; Haas, A.; Haddad, C.F.B.; De Sá,
R.O.; Channing, A.; Wilkinson, M.; Donnellan, S.C.; Raxworthy, C.J.; Campbell,
J.A.; Blotto, B.L.; Moler, P.; Drewes, R.C.; Nussbaum, R.A.; Lynch, J.D.; Green,
D.M. & Wheeler, W.C. 2006. The Amphibian tree of life. Bulletin of The
American Museum of Natural History. 297: 1-370.
6
Grant, T.; Frost, D.R.; Caldwell, J.P.; Gagliardo, R.; Haddad, C.F.B.; Kok, P.J.R.;
Means, D.B.; Noonan, B.P.; Schargel, W.E. & Wheeler, W.C. 2006. Phylogenetic
systematics of dart-poison frogs and their relatives (Amphibia: Athesphatanura:
Dendrobatidae). Bulletin of American Museum of Natural History. 299: 1-262.
Guayasamin, J.M.; Castroviejo-Fisher, S.; Trueb, L.; Ayarzagüena, J.; Rada, M.; &
Vilà, C. 2009. Phylogenetic systematics of glassfrogs (Amphibia: Centrolenidae)
and their sister taxon Allophryne ruthveni. Zootaxa 2100: 1-97.
Hedges, S.B.; Duellman, W.E.; & Heinicke, M. P. 2008. New World direct-developing
frogs (Anura: Terrarana): Molecular phylogeny, classification, biogeography and
conservation. Zootaxa 1737: 1-182.
McDiarmid, R.W. 1971. Comparative morphology and evolution of frogs of the
neotropical genera Atelopus, Dendrophryniscus, Melanophryniscus and
oreophrynella. Bulletin of the Los Angeles County Museum of Natural
History. 12: 1-66.
Narvaes, P. 2003. Revisão taxonômica das espécies de Bufo do complexo granulosus
(Amphibia, Anura, Bufonidae). Tese de DoUGrado. Universidade de São Paulo.
Pough, F.H.; Janis, C.H. & Heiser, J.B. 2003. Vida dos vertebrados. 3 ed. São Paulo,
699p.
Santana, D.J.; São-Pedro, V.A.; Hote, P.S.; Roberti, H.M.; Sant’Anna, A.C.;
Figueiredo-de-Andrade, C.A. & Feio, R.N. 2010. Anurans in the region of the
High Muriaé River, state of Minas Gerais, Brazil. Herpetology Notes. 3: 1-10.
7
2. A
RTIGOS
C
IENTÍFICOS
I Santana, D.J. & Dergam, J.A. Citogenética de Rhinella crucifer (Wied-Neuwied,
1821) e R. pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004) (Anura,
Bufonidae) no sudeste do Brasil.
II Santana, D.J.; Hote, P.S.; Feio, R.N. & Dergam, J.A. Análise morfométrica de
populações de Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004).
8
2.1. Santana, D.J. & Dergam, J.A. Citogenética de Rhinella crucifer (Wied-Neuwied,
1821) e R. pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004) (Anura,
Bufonidae) no sudeste do Brasil.
9
Citogenética de Rhinella crucifer (Wied-Neuwied, 1821) e R. pombali (Baldissera-
Jr, Caramaschi & Haddad, 2004) (Anura, Bufonidae) no sudeste do Brasil.
Diego J. Santana* & Jorge A. Dergam
Departamento de Biologia Animal, Beagle – Laboratório de Sistemática Molecular,
Universidade Federal de Viçosa. CEP 36571-000, Viçosa, MG, Brasil.
Abstract
We described the karyotypes (conventional staining, C and NOR-banding of
Rhinella crucifer and R. pombali, two species of the R. crucifer group. Both species had
diploid number 2n=22, characteristic of the family Bufonidae. Blocks of constitutive
heterochromatin were centromeric, and occasional interstitial C-bands were observed in
some chromosomes. NORs were located in the short arm of chromosome seven, as
observed in R. ornata and other South American species of Rhinella. Both species
showed karyotypes that were typical for the genus Rhinella.
Resumo
Neste trabalho descrevemos o cariótipo, assim como os padrões Banda C e Ag-
NOR de Rhinella crucifer e R. pombali, espécies pertencentes ao grupo de R. crucifer,
que não possuíam cariótipo nem padrões de bandeamento descritos, particularmente
porque o cariótipo descrito de R. crucifer em outros trabalhos trata-se na verdade de R.
ornata. As espécies analisadas apresentaram número diplóide 2n=22, comum à família
10
Bufonidae, com os blocos de heterocromatina constitutiva localizadas na região
centromérica dos cromossomos podendo ocorrer uma marcação intersticial em alguns
cromossomos. As regiões organizadoras de nucléolo encontraram-se nos braços curtos
do sétimo par cromossômico, assim como observado para R. ornata e outras espécies de
Rhinella na América do Sul. Não foram encontrados padrões espécie-específico para
nenhuma espécie analisada.
Introdução
A família Bufonidae Gray, 1825 é composta por 46 gêneros e 528 espécies (Frost,
2009), tem distribuição ampla ocorrendo em quase todos os continentes, com exceção
da Austrália, Nova Gui e Madagascar, onde Rhinella marina foi recentemente
introduzida (Pough et al. 1998, Narvaes, 2009). Bufonidae forma um grupo
monofilético definido por várias sinapomorfias morfológicas como a presença do órgão
de Bidder, de glândulas paratóides, cintura peitoral arcífera ou firmisterna modificada,
ausência de dentes, presença de esterno e vômer, presença de esterno e de diapófises
sacrais bastante dilatadas (Pough et al. 1998; McDiarmid, 1971; Frost et al. 2006).
O gênero Rhinella Fitzinger, 1826 foi recentemente associado a diversas espécies
de bufonídeos das Américas (Chaparro et al., 2007) desde o baixo vale do Rio Grande
no sul do Texas (EUA) e sul de Sonora, pelo México tropical e América Central,
ocorrendo até o sul da América do Sul. Rhinella marina foi introduzida amplamente nas
ilhas das Antilhas, Havaí, Fiji, Filipinas, Taiwan, Ryukyu e em Nova Guiné, Austrália e
muitas ilhas do Pacífico (Frost, 2009).
Rhinella pombali (Baldissera-Jr., Caramaschi & Haddad, 2004), pertence ao
grupo de R. crucifer (Baldissera-Jr et al., 2004). Rhinella pombali foi separada de R.
crucifer, sendo R. pombali restrita ao estado de Minas Gerais, onde ocorre na Mata
11
Atlântica e em áreas de transição com o cerrado no estado (Baldissera-Jr et al., 2004), e
R. crucifer encontra-se com distribuição ao longo da Floresta Atlântica e áreas
adjacentes, do Estado do Ceará ao sul do Estado do Espírito Santo e no nordeste do
Estado de Minas Gerais (Baldissera-Jr et al. 2004).
Até a década de 80, os estudos citogenéticos em Anura eram desenvolvidos com
técnicas simples de coloração visando à caracterização do número e da morfologia dos
cromossomos, especialmente com Giemsa. Esses estudos iniciais permitiram detectar a
ocorrência de certa variabilidade citogenética entre anuros, em especial em gêneros,
como Eleutherodactylus (Bogart, 1970 e 1972; Bogart & Hedges, 1995) e pouca
variabilidade em outros, como em Bufo (Bogart, 1973). Porém, outras espécies de
morfologia semelhante (e que poderiam ser consideradas como uma única espécie)
apresentaram diferenças no número de e/ou na morfologia cromossômica, conforme foi
observado em Osteopilus brunneus (Gosse, 1851) (2n=34) e Osteopilus septentrionalis
(Duméril & Bibron, 1841) (2n=24) (Cole, 1974); em Dendropsophus nanus e
Dendropsophus sanborni (2n=30) (Medeiros et al. 2003), em Physalaemus petersi
(Lourenço et al. 1998), em Paratelmatobius cardosoi e Paratelmatobius sp. (aff.
cardosoi) (2n=24) (Lourenço et al. 2003). O último grupo de espécies confirma que a
sistemática e a evolução dos anfíbios podem ser analisados com técnicas citogenéticas
refinadas como bandamento C, bandamento de replicação tardia, bandamentos com
enzimas de restrição, método de impregnação pela prata, coloração com fluorocromos e
a hibridação in situ com corantes fluorescentes. Dentre as espécies de Rhinella
(=Bufo) analisadas por Baldissera-Jr. et al. (1999), que apresentaram grande semelhança
em sua morfologia cromossômica, o grupo de espécies Rhinella granulosa apresentou
diferença na localização das NORs. Através do método de bandamento C, também é
possível detectar variações que diferenciam espécies consideradas próximas e que
12
apresentam morfologia cromossômica bastante semelhante. A localização e o número
de NORs e de heterocromatina são caracteres informativos em nível de variação intra-
específica, conforme caracterizado nas espécies Agalychnis callidryas (Schmid et al.
1995), Hyla ebraccata (Kaiser et al. 1996), Physalaemus petersi (Lourenço et al. 1998)
e Physalaemus cuvieri (Silva et al. 1999).
Existem poucas análises citogenéticas nas espécies brasileiras de Rhinella (por
exemplo, Kasahara et al. 1996; Baldissera-Jr et al. 1999; Amaro-Ghilardi et al. 2007).
Dentro dos bufonídeos, espécies dos gêneros Anaxyrus, Atelopus, Bufo, Capensibufo,
Melanophryniscus, Nannophryne, Nectophrynoides, Ollotis, Schismaderma e Werneria
são caracterizadas pelo número diplóide 2n=22 (King 1990; Kuramoto 1990). Fugindo a
essa estabilidade cromossômica, algumas espécies de Amietophrynus apresentam 2n=20
e NF=40, provavelmente devido a eventos de fusão cromossômica (Beckert & Doyle
1968; Bogart 1968; Bogart & Perret 1977). Segundo Bogart (1968) esse número seria
derivado de espécies ancestrais com 2n=22.
Bogart (1972) e Formas (1978) destacam a uniformidade cromossômica de
Rhinella (consideradas como Bufo ou Chaunus na época) e outros bufonídeos, e
sugerem que os primeiros membros do gênero que chegaram à América do Sul eram
2n=22, além de apresentar uma constrição secundária no par 7. No gênero Rhinela, uma
única Ag-NOR foi detectada no sétimo par cromossômico nas espécies R. arenarum, R.
ornata (chamada de R. crucifer em trabalhos anteriores), R. icterica, R. marina, R.
rubescens e R. schneideri; por outro lado a Ag-NOR ocorre no quinto par em R.
granulosa e R. pygmaea (Schmid 1978, 1980 e 1982; Kasahara et al. 1996; Baldissera-
Jr et al. 1999; Azevedo et al. 2003).
Duellman & Schutle (1992) mencionam que o grupo de R. crucifer é mais
próximo do grupo de R. marina, e que se separam por apresentarem a crista cranial mais
13
baixa, a pele dorsal mais lisa e glândulas paratóides menores. Baldissera-Jr et al. (1999)
mencionam que esses dois grupos são citogeneticamente próximos entre si, pois
apresentam a NOR no sétimo par cromossômico.
São poucos os trabalhos que abordam a citogenética de espécies de Rhinella do
grupo crucifer, sendo que até o momento, apenas os cariótipos de R. ornata (tratado de
B. crucifer em trabalhos anteriores) e de uma população R. crucifer do Estado da Bahia
(chamado de Bufo crucifer) são conhecidos (Beçak, 1968; Beçak et al. 1970; Brum-
Zorilla & Saez 1971; Kasahara et al. 1996; Baldissera-Jr et al. 1999; Amaro-Guilardi et
al. 2004). O objetivo deste trabalho é a comparação citogenética (coloração
convencional, padrões de banda C e Ag-NORs) de R. crucifer e R. pombali. As duas
espécies se distinguem por R. crucifer apresentar maior tamanh o que R. pombali
(média CRC R. crucifer 81.6mm e média CRC de R. pombali 73.3mm), focinho curto
em visão lateral (focinho longo em R. pombali) e linha vertebral muito fina ou ausente
(linha vertebral sempre presente em R. pombali, às vezes larga e limitada por marcas
escuras).
Material e Métodos
Animais
Foram analisados neste estudo uma população de R. crucifer provenientes de
Alfredo Chaves no estado do Espírito Santo e 10 populações de R. pombali de diversas
localidades do estado de Minas Gerais (Figura 1, Tabela 1). Os espécimes estão
depositados na coleção herpetológica do Museu de Zoologia João Moojen, da
Universidade Federal de Viçosa, situada em Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
14
Figura 1. Localidades em Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES) onde foram coletados os exemplares
analisados neste estudo de Rhinella crucifer () e Rhinella pombali (): 1) APA Pandeiros; 2) Sete
Cachoeiras, Ferros; 3) Caratinga; 4) Ipanema; 5) FLOE Uaimií, Ouro Preto; 6) PESB, Araponga; 7)
Viçosa; 8) Coimbra; 9) Muriaé; 10) Belmiro Braga; 11) Alfredo Chaves.
Preparações cromossômicas e técnicas de bandeamento
Os cromossomos mitóticos foram obtidos a partir de células do epitélio intestinal
seguindo a metodologia proposta por Schmid (1978). Em cada espécime foi injetado
intraperitoneamente 0,1 mL (para cada 10 g de peso) de uma solução de 0,1% de
colchicina por 4h antes da eutanásia (feita a partir do uso de Lidocaína 5%). Após os
procedimentos, as preparações foram examinadas em microscópio óptico e as metáfases
foram capturadas com o sistema digital fotomicroscópio Olympus BX41 com a objetiva
de imersão de 100x, para aumento de 1000x. Os cromossomos homólogos foram
pareados utilizando o software Image Pro Plus® (IPP) e classificados pelo seus índices
centroméricos segundo Levan et al. (1964).
15
A técnica de coloração das Regiões Organizadoras de Nucléolo pelo Nitrato de
Prata (Ag-NOR) seguiu Howell & Black (1980), o protocolo de Banda C foi o proposto
por Sumner (1972).
Resultados
Todos os espécimes analisados de R. pombali e R. crucifer apresentaram número
diplóide 2n=22. O cariótipo (Figura 2) tem cinco pares maiores de cromossomos
metacêntricos, um par maior submetacêntrico e cinco pares menores de metacêntricos.
Com relação ao tamanho, os pares 1, 2 e 5 foram grandes metacêntricos, os pares 3 e 4
são representados por grandes submetacêntricos; o par 6 é um submetacêntrico de
tamanho médio e os cromossomos dos pares de 7 a 11 correspondem a pequenos
metacêntricos. Em algumas metáfases, foi observada uma constrição secundária no
sétimo par cromossômico (Figura 3), sendo esta uma variação de caráter intra-
individual.
Nas duas espécies as regiões organizadoras de nucléolo foram observadas nas
regiões subteloméricas nos braços curtos do sétimo par. Neste local também aparecem
as constrições secundárias eventuais (Figura 4), e foram idênticas para todas as
populações analisadas e entre as duas espécies do estudo.
A heterocromatina constitutiva apresentou-se de forma característica, nas regiões
pericentroméricas, além de uma marcação intersticial no sétimo par (Figura 5). Porém, a
obtenção dessa técnica não foi satisfatória para todas as populações analisadas.
16
Figura 2. Cariótipos de algumas populações analisadas nesse estudo: (A) Rhinella crucifer de Alfredo
Chaves, ES e B) Rhinella pombali de Viçosa, MG e C) de Belisário, Muriaé, MG.
Figura 3. Constrição secundária no braço menor do sétimo par cromossômico de um espécime macho de
R. crucifer.
17
Figura 4. Metáfases com bandeamento NOR de algumas populações analisadas: (A) Viçosa, MG; (B)
Belmiro Braga, MG; (C) Belisário, Muriaé, MG e (D)
Sete Cachoeiras, Ferros, MG. Marcações indicadas
pela seta, encontradas no sétimo par.
Figura 5. Padrão de distribuição de Banda-C em (A) Rhinella crucifer macho, de Alfredo Chaves, ES;
(B) R. pombali de Viçosa, MG.
18
Discussão
Rhinella pombali e R. crucifer apresentaram número diplóide 2n=22,
característico de bufonídeos em todo o mundo (e. g. Beçak 1968; Morescalchi &
Gargiulo 1968; Bogart 1972; Brum-Zorrilla & Saez 1971; Kuramoto, 1990; Piazze,
1995; Kasahara et al. 1996; Amaro-Ghilardi et al. 2007). A exceção na família ocorre
com as espécies do gênero Amietophrynus Frost et al. (2006), que agrupa antigas
espécies de Bufo do grupo B. regularis, é restrito a África Subsaariana e que possui o
cariótipo 2n=20 (. Dentro da família Bufonidae não um padrão quanto à morfologia
cromossômica, sendo estável apenas o número diplóide 2n=22.
Das espécies de Rhinella do grupo R. crucifer (sensu Baldissera-Jr et al., 2004),
apenas o cariótipo de R. ornata (tratado de B. crucifer em trabalhos anteriores) (Beçak,
1968; Beçak et al. 1970; Brum-Zorrilla & Saez 1972; Kasahara et al. 1996; Baldissera-
Jr et al. 1999; Amaro-Guilardi et al. 2004) e de R. crucifer procedente de Ilhéus, Bahia
(tratado de Bufo crucifer) (Baldissera-Jr et al. 1999) são conhecidos.
Baldissera-Jr et al. (1999) descrevem o cariótipo de R. ornata proveniente de
Ubatuba, estado de São Paulo e R. crucifer de Ilhéus, estado da Bahia (ambos referidos
no texto como Bufo crucifer). Neste trabalho não comparação entre as duas
populações, sendo apresentado apenas um cariótipo para ambas. Os dados indicam que
não diferenças na morfologia cromossômica e nos padrões de Ag-NOR entre essas
duas espécies.
Na literatura, é evidente que o cariótipo das espécies de Rhinella do grupo
crucifer é extremamente conservado. Esta estabilidade é também presente em R. ornata
(Beçak, 1968; Beçak et al. 1970; Brum-Zorrilla & Saez 1972; Kasahara et al. 1996;
Baldissera-Jr et al. 1999; Amaro-Guilardi et al. 2004) e em R. crucifer (Baldissera-Jr et
19
al. 1999). Conclui-se que as espécies de Rhinella da América do Sul (e.g. Kuramoto,
1990; Piazze, 1995; Kasahara et al. 1996; Baldissera-Jr et al. 1999; Amaro-Ghilardi et
al. 2007) apresentam cariótipos extremamente conservados em nível de coloração
convencional.
Constrições secundárias são comumente observadas na família Bufonidae
(Bogart, 1972) e a presença dela no braço curto do sétimo par cromossômico, como
observado nas duas espécies analisadas são encontradas também em R. ornata
(Kasahara et al. 1996; Baldissera-Jr et al. 1999; Amaro-Ghilardi et al. 2007) e em outros
grupos e espécies de Rhinella sul americanos (e.g. R. atacamensis, R. arenarum, R.
granulosa, R. marina, Rhaebo maematiticus, Incilius valliceps, “Bufo”stomaticus)
(Bogart, 1972).
Rhinella crucifer de Ilhéus, Bahia e Rhinella ornata, assim como diversas outras
espécies do gênero Rhinella (tratados como Bufo) apresentam suas NORs na região
intersticial do braço curto do cromossomo sete (Baldissera-Jr et al. 1999; Amaro-
Ghilardi et al. 2007). O número e a posição das NORs são semelhantes ao achado nas
duas espécies analisadas neste estudo.
Com base na semelhança morfológica e a presença da região organizadora de
nucléolo no par cromossômico 7, Low (1972) e Maxson (1984), sugerem que o grupo R.
marina é mais próximo de R. crucifer. Este padrão foi corroborado por Baldissera-Jr et
al. (1999). Os resultados aqui apresentados indicam que a posição da NOR no sétimo
cromossomo é estável para o grupo de R. crucifer. Essa proximidade citogenética de
ambos os grupos, é também verificada de forma independente por evidências
moleculares (Pramuk, 2006; Chaparro et al. 2007), onde as topologias da família
Bufonidae mostram os dois grupos como clados irmãos.
20
Através das técnicas de Banda C, as regiões que apresentaram heterocromatina
constitutiva mostraram-se similar entre eles, sendo que foi possível avaliar apenas duas
populações de R. pombali (Viçosa e Muriaé) e uma de R. crucifer (Alfredo Chaves),
assim, faz-se necessário uma avaliação de um maior número de localidades para
confirmar essa invariabilidade desse bandeamento.
Os únicos dados disponíveis de padrões de banda-C em espécies do gênero
Rhinella do grupo R. crucifer (R. ornata) foram indicados por Kasahara et al. (1996).
Da mesma forma que em nossos resultados, as bandas ocorrem nas regiões
centroméricas de todos os pares cromossômicos. Kasahara et al (1996) associaram a
marcação no cromossomo 7 à presença da constrição secundária, porém, esta marcação
era visível às vezes com, ou sem a presença da constrição no cariótipo. E assim como
observado por Amaro-Ghilardi et al. (2007), que analisaram quatro espécies do grupo de
R. marina, no presente estudo também foram descobertas algumas marcações nas
regiões intersticiais restritas a alguns cromossomos e de ocorrência eventual (Figura 5).
Todas as espécies analisadas mostraram associação entre a heterocromatina e Ag-
NORs. Em alguns casos, os padrões de distribuição de heterocromatina podem ser
excelentes marcadores de linhagens. Tal foi o caso de Matsui et al. (1985), os quais
reconheceram seis cariótipos no complexo de espécies de Bufo bufo baseado nos
padrões de distribuição de heterocromatina constitutiva. Miura (1995) distinguiu dois
cariótipos em Bufo japonicus japonicus usando também padrões de Banda-C, apesar da
uniformidade desses cariótipos utilizando coloração convencional.
Rhinella crucifer e R. pombali tem os padrões de Banda-C e Ag-NOR exatamente
como observado em trabalhos anteriores (e.g. Kasahara et al. 1996; Baldissera-Jr et al.
1999; Azevedo et al. 2003; Amaro-Ghilardi et al. 2007). Assim, nenhuma das espécies
dos grupos de R. marina e R. crucifer apresentam padrões espécie-específico de
21
distribuição da heterocromatina constitutiva ou das regiões organizadoras de nucléolo.
Porém, é evidente que em bufonídeos as cnicas clássicas de bandeamento, como Ag-
NOR e Banda-C não são suficientes para identificar esses padrões. Análises
citogenéticas deverão ser realizadas ainda em R. henseli e em R. abei, que possuem a
distribuição mais meridional das espécies do gênero.
Agradecimentos
Aos amigos U. Jacobina e C. B. Lima pela ajuda na fase inicial desse projeto
com críticas e sugestões além da parte laboratorial. Aos amigos do Museu de Zoologia
João Moojen pela coleta de alguns exemplares utilizados. Ao InstitUG Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pela licença de coleta (ICMBio 17696-1).
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26
ANEXO 1
Protocolos utilizados
Técnica de obtenção de cromossomos a partir de intestino
1. Injetar, intraperitonealmente, solução de colchicina a 0,1%, na proporção aproximada
de 0,1 mL/10 g de peso do animal, cerca de 4 h antes do sacrifício.
2. Após o sacrifício, retirar todo intestino delgado e uma parte do estômago (para
auxiliar na manipulação). Apoiando o intestino no dedo indicador, abri-lo
longitudinalmente, iniciando pelo estômago. Lavar com solução de citrato de sódio a
0,9% para retirar restos de alimento.
3. Fazer o tratamento hipotônico colocando o intestino em uma placa de Petri com cerca
de 3 mL de solução de citrato de sódio a 0,9%, à temperatura ambiente, durante 25 a 30
min. Durante esse processo, movimentar a placa para impedir que o intestino se dobre.
4. Após a hipotonização, transferir o intestino para uma placa de Petri contendo fixador
Carnoy (metanol:ácido acético, 3vv:1v) e, gentilmente, raspar a mucosa intestinal com
auxílio de uma pequena espátula. Após 20 min, transferir a suspensão para um tubo de
centrífuga. Centrifugar e descartar o sobrenadante.
5. Adicionar fixador, pipetar e fazer pelo menos mais duas lavagens. Seguir os demais
passos como descrito na técnica de obtenção de cromossomos a partir de medula óssea.
Observação: Em geral, a técnica produz melhores resultados (bom índice mitótico),
quando o animal for sacrificado imediatamente após ser coletado na natureza ou se
alimentado em cativeiro, um pouco antes de se iniciar o procedimento técnico.
Técnica de obtenção de Banda C (Heterocromatina Constitutiva)
1. Incubar a lâmina em solução 0,2 N de ácido clorídrico, à temperatura ambiente,
durante 30 a 45 min.
27
2. Lavar em água destilada.
3. Incubar em solução de hidróxido de bário octahidratado Ba(OH)
2
.8H
2
O a 5%, à
temperatura de 60 °C, durante 10 a 20 segundos. Lavar em água destilada.
4. Passar rapidamente em solução 1 N de ácido clorídrico, a 60 °C. Lavar em água
destilada.
5. Incubar em solução de 2xSSC, a 60 °C, durante 15 min. Lavar em água destilada.
6. Corar com solução de Giemsa (2 mL da solução comercial + 28 mL de tampão
fosfato, pH 6,8), durante 20 min.
7. Lavar em água destilada. Secar.
Técnica de coloração das Regiões Organizadoras de Nucléolo pelo Nitrato de Prata
(Ag-NORs)
1. Proceder a hidrólise, incubando a lâmina em solução 1 N de ácido clorídrico, a 60 °C,
durante 3 min. Sem lavar a lâmina, deixar secá-la à temperatura ambiente.
2. Pingar na lâmina uma gota de solução coloidal reveladora e, sobre ela, duas gotas de
solução a 50% de nitrato de prata. Cobrir com lamínula.
3. Incubar a lâmina em câmara úmida, preparada com placa de Petri forrada com papel-
filtro, a 60 °C, durante 3 minUGs.
4. Lavar em água destilada.
5. Corar em solução de Giemsa (ver coloração convencional), durante 30 segundos.
6. Lavar em água destilada. Secar.
28
ANEXO 2
Tabela 1. Espécimes analisados neste trabalho.
Código Taxa Sexo Procedência UF
Coordenadas Município
(latº / lonº)
DS044 Rhinella pombali M Sete Cachoeiras, Ferros/ MG MG
-19.235818º / -43.019063
DS045 Rhinella pombali M Sete Cachoeiras, Ferros/ MG MG
-19.235818º / -43.019063
DS063 Rhinella aff. crucifer M
Área de Proteção Ambiental
Pandeiros.
MG
-44.821667 / -15.440556
CT 1585 Rhinella pombali -
Parque Estadual Serra do
Brigadeiro
MG
-20.686322 / -42.461827
CT 1679 Rhinella pombali - Caratinga MG
-19.790428 / -42.139286
CT 1404 Rhinella pombali F Belisário, Muriaé MG
-20.916667 / -42.466667
CT 1405 Rhinella pombali F Coimbra MG
-20.849815 / -42.789975
CT 1412 Rhinella pombali F Coimbra MG
-20.849815 / -42.789975
CT 1408 Rhinella pombali F Macuco, Muriaé MG
-21.133333 / -42.500000
CT 1532 Rhinella crucifer F Alfredo Chaves ES -20.635712 / -40.749310
CT 1406 Rhinella pombali F Muriaé MG
-21.130315 / -42.367389
CT 1680 Rhinella pombali F Sto. Ant. Manhuaçu, Caratinga MG
-19.726520 / -41.818270
CT 1431 Rhinella pombali F
Parque Estadual Serra do
Brigadeiro
MG
-20.686322 / -42.461827
CT 1538 Rhinella pombali M Belmiro Braga MG
-21.922997 / -43.402699
CT 1539 Rhinella pombali M Belmiro Braga MG
-21.922997 / -43.402699
CT 1540 Rhinella pombali M Belmiro Braga MG
-21.922997 / -43.402699
CT 1745 Rhinella pombali M
Floresta Estadual do Uaimii,
Ouro Preto
MG
-20.296623 / -43.574757
CT 1385 Rhinella pombali M Ipanema MG
-19.801256 / -41.713840
CT 1432 Rhinella pombali M Macuco, Muriaé MG
-21.133333 / -42.500000
CT 1748 Rhinella pombali M Viçosa MG
-20.754590 / -42.882524
CT 1531 Rhinella crucifer M Alfredo Chaves ES -20.635712 / -40.749310
CT 1533 Rhinella crucifer M Alfredo Chaves ES -20.635712 / -40.749310
CT 1301 Rhinella pombali M Muriaé MG
-21.130315 / -42.367389
CT 1302 Rhinella pombali M Muriaé MG
-21.130315 / -42.367389
CT 1313 Rhinella pombali M Muriaé MG
-21.130315 / -42.367389
CT 1372 Rhinella pombali M
Parque Estadual Serra do
Brigadeiro
MG
-20.686322 / -42.461827
CT 1373 Rhinella pombali M
Parque Estadual Serra do
Brigadeiro
MG
-20.686322 / -42.461827
CT 1407 Rhinella pombali M Pirapanema, Muriaé MG
-21.077683 / -42.435631
CT 1386 Rhinella pombali M Sto. Ant. Manhuaçu, Caratinga MG
-19.726520 / -41.818270
CT 1387 Rhinella pombali M Sto. Ant. Manhuaçu, Caratinga MG
-19.726520 / -41.818270
CT 1411 Rhinella pombali M Viçosa MG
-20.754590 / -42.882524
CT 1676 Rhinella pombali M Caratinga MG
-19.790428 / -42.139286
CT 1677 Rhinella pombali M Caratinga MG
-19.790428 / -42.139286
CT 1376 Rhinella pombali M Viçosa MG
-20.754590 / -42.882524
CT 1384 Rhinella pombali M Viçosa MG
-20.754590 / -42.882524
CT 1569 Rhinella pombali M Viçosa MG
-20.754590 / -42.882524
CT 1187 Rhinella pombali - Muriaé MG
-21.130315 / -42.367389
CT 1403 Rhinella pombali - Viçosa MG
-20.754590 / -42.882524
29
2.2. Santana, D.J.; Hote, P.S.; Feio, R.N. & Dergam, J.A. Análise morfométrica de
populações de Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004).
30
Análise morfométrica de populações de Rhinella pombali (Baldissera-Jr,
Caramaschi & Haddad, 2004).
Diego José Santana
1,2*
, Priscila Soares Hote
2
, Renato Neves Feio
2
, Jorge Abdala
Dergam
1
1
Beagle – Laboratório de Sistemática Molecular Departamento de Biologia
Animal, Universidade Federal de Viçosa. CEP 36571-000, Viçosa, MG, Brasil.
2
Museu de Zoologia João Moojen, Departamento de Biologia Animal,
Universidade Federal de Viçosa. CEP 36571-000, Viçosa, MG, Brasil
Abstract
Rhinella pombali is a species recently separated from R. crucifer, and considered
restricted to the state of Minas Gerais, in southeastern Brazil. Although their
systematics was recently revised, it remains some taxonomic and geographical
inconsistencies, due mainly to morphological variation of the R. crucifer group. This
work analyzed the external morphology and 25 morphometrical characters of specimens
of R. pombali, distributed in 10 geographical unities (GUs) to verify the
interpopulational variation of this species and detect possible variations along
geographical gradients. Sexually dimorphic traits were also included. The analysis of
regional aspects of simpatry between R. pombali and other species of the R. crucifer
group in Espírito Santo and Rio de Janeiro states, led to some inconsistencies for the
expected geographical distribution of taxonomic characters. The results indicate the
existence of high level of morphometrical sexual dimorphism and some morphological
31
differences between males and females. The analyses of the 10 OTUs showed absence
of significant levels of differentiation among them.
Resumo
Separada recentemente de R. crucifer, R. pombali é uma espécie restrita ao
Estado de Minas Gerais. Embora uma revisão sistemática tenha sido feita pouco
tempo, algumas inconsistências taxonômicas e geográficas seriam esperadas devido à
grande variação morfológica das espécies do grupo de R. crucifer. Baseamos nosso
trabalho no estudo da morfologia externa e em 25 caracteres morfométricos de 10
unidades taxonômicas operacionais para verificar o vel de variação interpopulacional
deste táxon e definir possíveis variações em gradientes geográficos. Apresentamos
também dados de dimorfismo sexual para a espécie. Analisando aspectos regionais de
simpatria de R. pombali com outras espécies do grupo nos estados do Espírito Santo e
do Rio de Janeiro, percebemos algumas inconsistências quanto ao registro geográfico
nesses locais. Vemos que a espécie apresenta acentuado dimorfismo morfométrico e
algumas diferenças morfológicas separando machos e fêmeas. Nas análises
populacionais entre as 10 UGs, foi verificado que não separação significativa entre
elas, não apresentando também tendências de separação.
Introdução
As espécies do grupo de Rhinella crucifer (Wied-Neuwied, 1821) encontram-se
distribuídas por todos os domínios morfo-climáticos da Floresta Atlântica, desde o
Estado do Ceará até o Estado do Rio Grande do Sul e adentrando os estados de Minas
Gerais e Mato Grosso do Sul. Distribuem-se, também, no leste do Paraguai e nordeste
da Argentina (Frost, 2009).
32
Este grupo foi revisado recentemente (Baldissera-Jr et al. 2004), sendo que
anteriormente muitos nomes estavam disponíveis para diversas populações ao longo da
distribuição das espécies devido à grande variação cromática entre os táxons, ou mesmo
pela variação intraespecífica. O grupo é composto por R. abei (Baldissera-Jr,
Caramaschi & Haddad, 2004), R. crucifer (Wied-Neuwied, 1821), R. henseli (A. Lutz,
1934), R. ornata (Spix, 1824), R. pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004)
e é caracterizado por uma série de características morfológicas (para revisão ver
Baldissera-Jr, 2001).
A espécie Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004), foi
separada de R. crucifer, sendo R. pombali restrita ao estado de Minas Gerais, com sua
localidade tipo em São Gonçalo do Rio Abaixo, e de distribuição geográfica através da
Mata Atlântica e áreas de transição com o cerrado no Estado. Como todas as espécies do
grupo, é uma espécie bastante adaptada a ambientes antropizados, sendo bastante
comum em parques ou jardins (Santana et al. 2010). Rhinella pombali apresenta o corpo
recoberto por glândulas que conferem à sua pele um aspecto bastante rugoso. É uma
espécie de tamanho relativamente grande para o grupo ( comprimento rostro-cloacal
(CRC) 54,5-92,7 mm; 74,9-118,7 mm), cabeça mais larga que longa, com uma
subdivisão claramente observada entre a cabeça e o corpo em vista dorsal; focinho
arredondado em vista dorsal; cristas craniais conspícuas; glândulas paratóides ovóides,
não subdivididas, mais largas na porção anterior, e em vista lateral pendendo sobre a
lateral do corpo; primeiro tubérculo da fileira lateral sempre em contato com a glândula
paratóide; padrão geral cinza escuro nos membros, variando para um padrão único de
coloração mais clara; em vida, as marcas amarelas aproximam da cloaca e na superfície
posterior das coxas pode ocorrer uma linha de tubérculos na superfície ventral da parte
33
posterior do esqueleto, formando uma franja em indivíduos grandes (Baldissera-Jr et al.
2004).
Estudos com análises multivariadas para o estudo de populações e espécies de
anfíbios têm sido amplamente utilizados (e.g. Prado & Pombal, 2008; Narvaes &
Rodrigues, 2009; Napoli et al. 2009). Os métodos morfométricos podem ser usados para
detectar diferenças sutis entre populações (Reyment et al. 1981). A morfometria
multivariada é útil na detecção de diferenças e no estudo das variações de caracteres
quantitativos (Cavalcanti & Lopes 1993). A Análise de Componentes Principais (ACP)
utilizada na ordenação dos dados morfométricos permite que parâmetros biológicos
possam ser mais facilmente detectados e interpretados (Blackith & Reyment 1971; Reis
1988).
Embora uma revisão sistemática tenha sido feita pouco tempo (Baldissera-Jr et
al. 2004), algumas inconsistências taxonômicas e geográficas poderiam ser encontradas
devido à grande variação morfológica das espécies, uma vez que as espécies são muito
semelhantes entre si, e a inclusão de espécimes de localidades mais distantes poderia
apresentar padrões inconsistentes de variação.
Assim, este trabalho teve como objetivo caracterizar estatisticamente a variação
morfológica e morfométrica de amostras populacionais de R. pombali.
Material e Métodos
Este trabalho se baseou no estudo da morfologia externa e em dados
morfométricos de exemplares de R. pombali fixados em formol 10% e preservados em
álcool 70%. Para verificar o nível de variação interpopulacional deste táxon e definir
possíveis variações em gradientes geográficos, sendo estas amostras populacionais
organizadas em Unidades Taxonômicas Operacionais (UGs) divididos por localidades
34
geográficas (ou populações), como proposto por Heyer (1983). Cada UG incluiu no
mínimo 5 exemplares. Outras espécies do grupo de localidades com distribuição
conhecida em limites com a distribuição de R. pombali. Localidades estas definidas a
priori foram utilizadas na comparação, para um melhor entendimento sobre a variação
morfométrica de R. pombali buscando dessa forma auxiliar em sua taxonomia e revelar
a real distribuição geográfica deste táxon.
Os dados da morfologia externa utilizados no estudo, são caracteres usualmente
utilizados em estudos de taxonomia, seguindo Heyer et al. (1990) e aspectos
mencionados na diagnose da espécie por Baldissera-Jr et al. (2004).
Para todas as análises estatísticas foi adotado o vel de significância de 5%.
Foram utilizados “análise de componentes principais” (ACP), visto que se mostra um
procedimento empregado em estudos de variação geográfica, objetivando-se verificar as
distâncias morfométricas entre as UGs (Tabela 1, Figura 1).
Figura 1. Distribuição das localidades de Rhinella pombali e R. crucifer utilizadas para a estruturação
das Unidades Taxonômicas Operacionais (UGs) definidas na tabela 1.
35
Tabela 1. Unidades Taxonômicas Operacionais (UGs) utilizadas para a análise das amostras
populacionais de Rhinella pombali, com suas respectivas áreas de abrangência.
UG Nome Abrangência
SB
Sul da Bahia
BA: Arataca, Barra do Choça, Boa Nova, Coaraci, Ilhéus, Itacaré, Jussari,
Mascote, Prado
VJ
Vale do Jequitinhonha
MG: Almenara, Ladainha, Poté, Irapé
CC
Cerrado Central
GO: Mineiros; MG: Januária
MD
Médio Rio Doce
MG: João Monlevade, Ipanema, Caratinga, Ferros, PERD (Marliéria),
Resplendor
ES
Espírito Santo
ES: Cariacica, Castelo, Domingos Martins, Fundão, Itaúnas,
Santa Teresa
CP
Caparaó
ES: Dores do Rio Preto; MG: Espera Feliz, Alto Caparaó,
Manhumirim
EM
Espinhaço Meridional
MG: Belo Horizonte, Conceição do Mato Dentro, Conselheiro Lafaiete,
Ouro Preto, Ouro Branco, São Gonçalo do Rio Abaixo (Localidade Tipo),
Nova Lima, Ucrânia
ZA
Zona da Mata Alta
MG: Viçosa, Muriaé, Canaã, PESB (Araponga), Pedra Dourada,
Carangola, Divino
ZS
Zona da Mata Sul
MG: Belmiro Braga, Bicas, Coronel Pacheco, Juiz de Fora,
Santa Rita de Jacutinga
NF
Norte Fluminense
RJ: Santa Maria Madalena, Natividade
Foram examinados os 25 caracteres morfométricos seguidos por Baldissera-Jr et.
al (2004) os quais ele apresenta como significativos para estudos com morfometria das
espécies do grupo de R. crucifer. Os 25 caracteres morfométricos, obtidos sempre de
medidas realizadas em linha reta, com paquímetro de precisão 0,01 mm, foram os
seguintes: CRC (comprimento rostro-cloacal: medida da extremidade do focinho à
extremidade posterior do corpo), CC (comprimento da cabeça: medida da extremidade
do focinho ao canto da boca), LC (largura da cabeça: medida transversalmente à cabeça,
na altura do canto da comissura bucal), DC (distância entre coanas: medida entre os
bordos internos das coanas), DIN (distância internasal: medida entre os bordos internos
das narinas), DNO (distância narina-olho: medida entre o bordo posterior da narina e o
36
bordo anterior do olho), DO (diâmetro do olho: medida horizontal entre os bordos
anterior e posterior do olho), LP (largura da pálpebra superior: medida transversal entre
o bordo externo da pálpebra superior e o bordo externo da crista supra-orbital), DIO
(distância interorbital: medida transversal entre os bordos externos das cristas supra-
orbitais), DOM (distância olho-borda do maxilar superior: medida vertical entre o bordo
inferior do olho e o bordo do maxilar superior), CCC (comprimento da crista cantal),
CCST (comprimento da crista supra-timpânica), DOT (distância olho-tímpano: medida
entre o bordo posterior do olho e o bordo anterior do tímpano), DT (diâmetro do
tímpano: distancia horizontal entre os bordos anterior e posterior do tímpano), AT
(altura do mpano: distância vertical entre os bordos superior e inferior do tímpano),
DGP (distância entre glândulas paratóides: medida transversal entre os bordos internos
anteriores das glândulas paratóides), CA (comprimento do antebraço: medida entre a
articulação da mão e a articulação braço com o antebraço), CB (comprimento do braço:
medida entre a articulação do braço com o antebraço e a articulação do braço com a
cintura escapular), CCCI (comprimento do calo carpal interno), LCCI (largura do calo
carpal interno), MAO (comprimento da mão: medida entre a articulação antebraço-mão
e a base do terceiro dedo), DAV (distância axila-virilha: medida longitudinal entre a
axila e a virilha), COXA (comprimento da coxa: medida entre a articulação da coxa
com a cintura pélvica e a articulação da coxa com a tíbia), TIBIA (comprimento da
tíbia: medida entre a articulação da coxa com a tíbia e a articulação do tarso com a tíbia)
e TARSO (comprimento do tarso: medida entre a articulação do tarso com a tíbia e a
base do calo metatarsal externo).
Para o tratamento estatístico de dimorfismo sexual, o teste t, conforme indicado
por Zar (1984) e Análise de Componentes Principais foram aplicados para verificar a
significância da diferença entre medidas de machos e fêmeas. O dimorfismo sexual foi
37
analisado apenas em indivíduos da amostra ZA, para evitar possíveis variações
geográficas.
Os acrônimos das instituições dos exemplares analisados utilizados neste estudo
são: CHUFJF (Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG),
CHUNB (Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília, DF), MBML (Museu de
Biologia Mello Leitão, ES), MCNAN (Museu de Ciências Naturais da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, MG), MNRJ (Museu Nacional do Rio de
Janeiro, RJ), MZUESC (Universidade Estadual de Santa Cruz, BA), MZUFV (Museu
de Zoologia João Moojen, MG).
Resultados e Discussão
Aspectos regionais de simpatria
Rödder et al. (2007) citam a presença de R. crucifer e R. pombali ocorrendo em
simpatria no município de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo. Avaliando
separadamente a ACP (Figura 1), sobre os 25 dados morfométricos, de exemplares
procedentes do município de Santa Teresa sob a denominação desses dois nomes (RC,
n= 28; RP, n=6) sendo cada espécie considerada uma UG para a análise.
Os três primeiros componentes da ACP acumularam 87.86% da variação
encontrada. Os caracteres morfométricos que mais contribuíram para a discriminação
obtida e suas respectivas significâncias estão apresentadas na Tabela 2.
Os indivíduos analisados apresentaram um alto grau de sobreposição, sendo que
os escores individuais dos exemplares analisados foram projetados no espaço reduzido
dos dois componentes principais de maiores contribuições (Figura 1).
38
Tabela 2. AUGvetores e coeficientes de correlação (r) da análise de componentes principais (ACP) para
os 25 caracteres morfométricos de machos adultos de Rhinella crucifer e Rhinella pombali do Município
de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo, Brasil. NS, não significativo; * P 0.05; ** P 0.01; ** P
0.001.
Caractere
PC1 PC2 PC3 r (PC1) r (PC2) r (PC3)
CRC
-0.698340 0.108186 -0.135246
-0.9000 *** 0.0478
NS
-0.0665
NS
CC
-0.231995 0.101699 0.077263
-0.8574 *** 0.1306
NS
0.0015 *
LC
-0.314815 0.067377 0.203413
-0.8558 *** 0.0635
NS
0.0460
NS
DC
-0.063444 0.020676 0.032676
-0.8215 *** 0.0948
NS
0.0023
NS
DIN
-0.039683 -0.011943 0.033074
-0.7375 *** -0.0801
NS
-0.0916
NS
DNO
-0.044228 0.040658 0.058632
-0.6597 *** 0.2269
NS
0.1984
NS
DO
-0.043844 0.037070 0.040437
-0.5686 *** 0.1700
NS
-0.0278
NS
LP
-0.045955 0.016062 0.049420
-0.6592 *** 0.0818
NS
0.2514
NS
DIO
-0.109380 0.017905 0.056505
-0.8672 *** 0.0459
NS
-0.0540
NS
DOM
-0.033524 0.009466 0.042606
-0.5676 *** 0.0582
NS
0.1847
NS
CCC
-0.059764 0.073280 -0.038755
-0.7398 *** 0.3092 * -0.0538
NS
CCST
-0.061140 0.068241 0.086279
-0.5475 *** 0.2425
NS
0.1283
NS
DOT
-0.028847 -0.002336 0.020547
-0.7085 *** -0.0197
NS
0.0176
NS
DT
-0.047841 0.040895 0.006030
-0.5758 *** 0.1845
NS
0.0107
NS
AT
-0.050938 0.029870 -0.005212
-0.7128 *** 0.1484
NS
-0.1899
NS
DGP
-0.170950 0.029478 0.161192
-0.6615 *** 0.0398
NS
0.0057
NS
CA
-0.157324 -0.019224 0.014374
-0.8506 *** -0.0356
NS
-0.0217
NS
CB
-0.112977 -0.126539 -0.059955
-0.7191 *** -0.2518
NS
-0.0562
NS
CCCI
-0.037639 0.081587 -0.080015
-0.2334
NS
0.1902
NS
-0.0635
NS
LCCI
-0.022952 0.024537 0.000989
-0.6810 *** 0.2586
NS
-0.0125
NS
MAO
-0.099479 -0.088373 0.103310
-0.5488 *** -0.1705
NS
0.0432
NS
DAV
-0.259916 -0.769763 -0.463215
-0.7384 *** -0.6330 *** -0.2985
*
COXA
-0.242771 0.522027 -0.382183
-0.6085 *** 0.4602 ** -0.1750
NS
TIBIA
-0.262120 0.016455 0.075597
-0.8706 *** 0.0187
NS
-0.1204
NS
TARSO
-0.218880 -0.242723 0.705009
-0.5862 *** -0.2273
NS
0.2251
NS
Figura 2. (A) Projeção dos escores individuais resultado da Análise dos Componentes Principais (ACP)
para 25 caracteres morfométricos de machos adultos de espécimes de Rhinella crucifer e R. pombali
provenientes de Santa Teresa, ES. Rc, Rhinella crucifer; Rp, Rhinella pombali e (B) Projeção dos escores
individuais resultantes da analise de componente principal no espaço reduzido dos dois primeiros
componentes.
39
Em relação à ACP realizada entre as duas espécies, pode-se considerar o
primeiro componente principal como um indicador de tamanho, visto que todos os
aUGvetores mostram valores positivos. Os demais componentes, por alternarem valores
positivos e negativos, podem ser considerados indicadores de forma (Humphries et al.
1981). A projeção dos escores individuais resultantes da análise mostrou agrupamento
claro entre as amostras, sendo observada uma tendência à aglomeração dos indivíduos
(Figura 1).
Da mesma forma a análise da morfologia externa conduzida posteriormente,
mostra também todos os exemplares como uma espécie. Assim, todos os indivíduos
encontrados no município de Santa Teresa, no estado do Espírito Santo podem ser
considerados como Rhinella crucifer. Considera-se assim que até o momento não
registros de R. pombali no Estado do Espírito Santo.
Esse fato encontrado em Santa Teresa mostra que estas duas espécies são
facilmente confundidas, o que corrobora a necessidade de estudos complementares que
permitam a separação mais objetiva destes dois táxons com a conseqüente delimitação
mais precisa das localidades onde as espécies ocorrem. A difícil identificação poderia
ser explicada por uma hipótese alternativa, como a existência de uma extensa zona de
hibridismo entre 2 ou mais espécies do grupo R. crucifer. Esta condição foi observada
em espécies do gênero Phyllomedusa (Haddad et al. 1994), e mesmo no gênero
Rhinella, entre R. ornata e R. icterica (Haddad, 1990). Casos de hibridismo na família
Bufonidae são bem reportados em diversos grupos sul americanos, sendo conhecidas
formas intermediárias em alguns grupos como R. granulosa e R. marina (Bogart, 1972).
Silveira et al. (2009) registram a presença de R. crucifer, R. pombali e R. ornata
na região norte do Estado do Rio de Janeiro, ao longo da bacia do rio Paraíba do Sul,
com a presença conjunta de R. crucifer e R. pombali em 2 localidades do Estado
40
(Itaperuna e Santa Maria Madalena). Apenas os exemplares chamados pelos aUGres de
R. pombali foram analisados no presente estudo e foram considerados como a UG NF.
Entretanto quando analisados morfometricamente com as outras populações de R.
pombali ao longo da distribuição da espécie, não foram observadas diferenças
morfométricas que os distinguissem das outras populações. Porém, esses espécimes não
foram comparados com seus respectivos xons sintópicos para comparações
morfológicas externas. Assim, como em Silveira et al. (2009) não são apresentadas as
diferenças pelos aUGres encontradas para denominar os táxons como espécies distintas,
visto que o grupo em questão possui complicados padrões de variações morfológicas,
podendo levar a identificações errôneas.
Dimorfismo Sexual
Exemplares machos (n=29) e fêmeas (n=14) da UG ZA foram analisados com os
mesmos 25 caracteres morfométricos apresentados anteriormente. Quando comparados
morfometricamente pela ACP (Figura 2), estes apresentaram diferenças significativas.
Os dois primeiros componentes entre machos e fêmeas acumularam 95.33% da variação
encontrada (CP1 90.35%; CP2 4.98%). Os caracteres morfométricos que mais
contribuíram para a discriminação obtida e suas respectivas significâncias estão
apresentadas na tabela 3.
Tabela 3. Coeficientes AUGvetores e coeficientes de correlação (r) da análise de componentes principais
(ACP) para os 25 caracteres morfométricos de machos adultos de Rhinella crucifer e Rhinella pombali do
Município de Santa Teresa, Estado do Espírito Santo, Brasil. NS, não significativo; * P 0.05; ** P
0.01; ** P 0.001.
Caractere PC1 PC2 PC3 r (PC1) r (PC2) r (PC3)
CRC
-0.708263 -0.229751 0.157817
-0.5816 *** 0.1091
NS
0.0345
NS
CC
-0.206915 -0.071673 0.104077
-0.5618 *** -0.1219
NS
0.0767
NS
LC
-0.305255 -0.041634 0.134179
-0.5725 *** -0.0794
NS
0.0676
NS
DC
-0.075001 -0.055188 -0.019283
-0.4331 *** -0.1828
NS
-0.0373
NS
DIN
-0.036693 -0.002259 0.011898
-0.4700 ** -0.0874
NS
0.0450
NS
DNO
-0.033059 -0.005099 0.048863
-0.5007 *** -0.0118
NS
0.1920
NS
DO
-0.035641 0.002803 0.014782
-0.5317 *** -0.0542
NS
0.0487
NS
41
LP
-0.030404 0.018865 0.019553
-0.4545** 0.0932
NS
0.0735
NS
DIO
-0.113071 -0.058894 0.126476
-0.4977 *** -0.1300
NS
0.1619
NS
DOM
-0.040428 -0.030142 -0.005402
-0.4013 *** -0.1868
NS
-0.0180
NS
CCC
-0.064694 -0.012981 0.028768
-0.4855 *** -0.1624
NS
0.0645
NS
CCST
-0.050882 -0.032756 0.038605
-0.4641 *** -0.2417
NS
0.1012
NS
DOT
-0.031429 -0.018262 0.042342
-0.5463 *** -0.1886
NS
0.1743
NS
DT
-0.035902 -0.011198 0.010689
-0.5367 *** -0.1221
NS
0.0429
NS
AT
-0.039404 -0.021562 0.030423
-0.5062 *** -0.1516
NS
0.1093
NS
DGP
-0.144924 -0.092622 -0.009585
-0.5054 *** -0.1353
NS
-0.0099
NS
CA
-0.143577 -0.038367 0.248775
-0.5434 *** -0.0732
NS
0.2504
NS
CB
-0.101679 0.078360 0.085254
-0.5059 *** 0.0170
NS
0.1072
NS
CCCI
-0.015395 0.003824 0.034287
-0.4136** -0.1129
NS
0.2118
NS
LCCI
-0.015764 0.015187 0.033658
-0.5025 *** 0.1339
NS
0.2189
NS
MAO
-0.084104 0.094855 0.159214
-0.5046 *** 0.1516
NS
0.2538
NS
DAV
-0.353038 -0.153349 -0.851419
-0.4450** -0.1483
NS
-0.3489
*
COXA
-0.262688 0.934150 -0.116968
-0.4746 *** 0.4680*** -0.0530
NS
TIBIA
-0.246231 0.087387 0.288869
-0.5820 *** 0.0336
NS
0.1763
NS
TARSO
-0.115328 -0.033741 0.051298
-0.4670 *** -0.0605
NS
0.0603
NS
Os escores individuais dos exemplares machos e fêmeas analisados foram
projetados no espaço reduzido dos componentes PC1 E PC2 (Figura 2).
Fêmeas apresentaram maior tamanho em todos os 25 caracteres morfométricos,
sendo que as médias de todos eles revelaram médias com diferenças estatisticamente
significativas entre machos e fêmeas (Tabela 4).
Figura 3. (A)Projeção dos escores individuais resultado da Análise dos Componentes Principais (ACP)
para 25 caracteres morfométricos de espécimes adultos machos e fêmeas de Rhinella pombali
provenientes da UG ZA e (B) Projeção dos escores individuais resultantes da analise de componente
principal no espaço reduzido dos dois primeiros componentes.
42
Dimorfismo sexual com fêmeas maiores do que machos é comum entre anuros
(Shine, 1979), mas existem diferentes interpretações sobre como esta característica
surgiu (Thomé & Brasileiro, 2007). As fêmeas maiores seriam selecionadas por sua
capacidade reprodutiva (maior produção de óvulos ou de óvulos maiores) (Crump &
Kaplan 1979, Prado et al. 2000). Por sua vez, machos não atingiriam tamanhos grandes
devido a restrições energéticas relacionadas à reprodução (Woolbright, 1983), ou à
maior pressão de predação decorrente de atividades relacionadas à reprodução (Ryan,
1985).
O padrão dimórfico de tamanho de R. pombali tem sido indicado para várias
espécies do gênero Rhinella (e.g. Maciel, 2008; Narvaes & Rodrigues, 2009). Em R.
pombali, as causas do dimorfismo também podem estar relacionadas ao aumento de
fecundidade das fêmeas, geralmente associado ao padrão de reprodução explosiva
(Sebbins & Cohen 1995). Embora R. pombali não apresenta comportamento
reprodutivo explosivo, ela tem um curto período de reprodução em diversos locais (por
exemplo, Grandineti & Jacobi, 2005; Canelas & Bertoluci, 2007; Assis, 2009). A
grande quantidade de ovos presentes nos grandes cordões gelatinosos das desovas de
Rhinella (Eterovick & Sazima, 2004) sugere novamente uma relação direta entre o
maior tamanho da fêmea e a alta produção de óvulos (Crump & Kaplan 1979, Prado et
al. 2000).
Tabela 4. Resultados da análise do teste t para os 25 caracteres morfométricos de machos e fêmeas da
UG ZA.
Caracter Média ♂♂ Média ♀♀ P t
CRC 75.33 102.19 < 0.0001 11.88
CC 23.38 31.27 < 0.0001 11.46
LC 28.38 39.91 < 0.0001 11.38
DC 6.61 9.62 < 0.0001 9.93
DIN 4.63 6.1 < 0.0001 7.74
DNO 4.84 6.03 < 0.0001 6.3
DO 6.65 7.89 < 0.0001 5.03
LP 6.04 7.01 < 0.0001 4.13
43
Caracter Média ♂♂ Média ♀♀ P t
DIO 11.88 16.32 < 0.0001 10.48
DOM 2.65 4.44 < 0.0001 12.98
CCC 5.8 8.3 < 0.0001 10.11
CCST 3.63 5.62 < 0.0001 8.05
DOT 2.12 3.35 < 0.0001 7.47
DT 4.05 5.4 < 0.0001 8.9
AT 4.9 6.45 < 0.0001 8.15
DGP 1.86 2.61 < 0.0001 12.09
CA 17.62 22.92 < 0.0001 8.57
CB 15.62 18.8 < 0.0001 4.79
CCCI 3.42 3.97 0.0003 3.76
LCCI 2.27 2.73 0.0093 2.61
MAO 11.99 14.43 < 0.0001 4.58
DAV 30.93 44.61 < 0.0001 8.01
COXA 33.76 41.05 0.0077 2.75
TIBIA 33.84 42.14 < 0.0001 7.51
TARSO 15.28 19.23 < 0.0001 5.25
Além da significativa distância morfomométrica, machos e fêmeas diferenciam
entre si em vários aspectos. Machos (Figura 3A) apresentam as mesmas características
como apresentadas na descrição da espécie por Baldissera-Jr et al. (2004). Porém, as
fêmeas (Figura 3B) que não possuem descrição formal com dados de dimorfismo
sexual, geralmente apresentam coloração mais viva, sendo a linha vertebral mais
freqüente e a faixa negra, que acompanha a linha vertebral mais clara, é melhor
demarcada e, por vezes, mais larga. A coloração amarelada em torno da região cloacal,
está sempre presente nos espécimes de ambos os sexos, mas nas fêmeas, o colorido é
mais intenso essas linhas amarelas são mais largas que nos machos.
Este padrão da coloração mais viva e intensa em fêmeas é também observado em
outras espécies do gênero Rhinella. Algumas espécies do grupo R. marina como R.
icterica, R. cerradensis e R. veredas, apresentam dimorfismo sexual bem mais
acentuado. Nestas espécies os machos possuem coloração dorsal uniforme, enquanto
que as fêmeas apresentam coloração preta em muitas áreas de dorso (as vezes nos
membros posteriores) (Heyer et al., 1990; Brandão et al., 2007; Maciel et al., 2007).
44
Além dessas pequenas diferenças, os machos de R. pombali possuem, como a
maioria dos anuros, fenda vocal lateral à língua. No período reprodutivo, ou próximo
dele, aparecem calosidades nupciais, sempre na superfície dorsal do dedo I, podendo
estar presente também no dedo II ou mesmo chegar ao dedo III. Outra diferença são os
braços dos machos, os quais são proporcionalmente mais robustos.
Figura 4. Rhinella pombali: (A) Exemplar macho (MZUFV 7303; CRC 81.82) proveniente APA Pedra
Dourada, Município de Pedra Dourada (MG), e (B) fêmea (MZUFV 3851; CRC 122.87) proveniente
Estadual da Serra do Brigadeiro, Município de Araponga (MG).
Análise morfométrica em nível de populações
Os 3 primeiros componentes principais da ACP das 10 UGs de Rhinella
analisadas neste estudo, acumularam 90.25% da variação encontrada (PC1 77.88%; PC2
9.21%; PC3 3.06%). Os caracteres morfométricos que mais contribuíram para a
discriminação obtida e suas respectivas significâncias estão apresentadas na tabela 3.
45
Tabela 3. AUGvetores e coeficientes de correlação (r) da análise de componentes principais (ACP) para
os 25 caracteres morfométricos de machos adultos de Rhinella crucifer e Rhinella pombali de diversas
populações dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, Brasil. NS, não significativo; * P 0.05;
** P 0.01; ** P 0.001.
Caractere PC1 PC2 PC3 r (PC1) r (PC2) r (PC3)
CRC
-0.698340 0.108186 -0.135246
-0.9000 *** 0.0478
NS
-0.0665
NS
CC
-0.231995 0.101699 0.077263
-0.8574 *** 0.1306
NS
0.0015*
LC
-0.314815 0.067377 0.203413
-0.8558 *** 0.0635
NS
0.0460
NS
DC
-0.063444 0.020676 0.032676
-0.8215 *** 0.0948
NS
0.0023
NS
DIN
-0.039683 -0.011943 0.033074
-0.7375 *** -0.0801
NS
-0.0916
NS
DNO
-0.044228 0.040658 0.058632
-0.6597 *** 0.2269
NS
0.1984
NS
DO
-0.043844 0.037070 0.040437
-0.5686 *** 0.1700
NS
-0.0278
NS
LP
-0.045955 0.016062 0.049420
-0.6592 *** 0.0818
NS
0.2514
NS
DIO
-0.109380 0.017905 0.056505
-0.8672 *** 0.0459
NS
-0.0540
NS
DOM
-0.033524 0.009466 0.042606
-0.5676 *** 0.0582
NS
0.1847
NS
CCC
-0.059764 0.073280 -0.038755
-0.7398 *** 0.3092
*
-0.0538
NS
CCST
-0.061140 0.068241 0.086279
-0.5475 *** 0.2425
NS
0.1283
NS
DOT
-0.028847 -0.002336 0.020547
-0.7085 *** -0.0197
NS
0.0176
NS
DT
-0.047841 0.040895 0.006030
-0.5758 *** 0.1845
NS
0.0107
NS
AT
-0.050938 0.029870 -0.005212
-0.7128 *** 0.1484
NS
-0.1899
NS
DGP
-0.170950 0.029478 0.161192
-0.6615 *** 0.0398
NS
0.0057
NS
CA
-0.157324 -0.019224 0.014374
-0.8506 *** -0.0356
NS
-0.0217
NS
CB
-0.112977 -0.126539 -0.059955
-0.7191 *** -0.2518
NS
-0.0562
NS
CCCI
-0.037639 0.081587 -0.080015
-0.2334 * 0.1902
NS
-0.0635
NS
LCCI
-0.022952 0.024537 0.000989
-0.6810 *** 0.2586
NS
-0.0125
NS
MAO
-0.099479 -0.088373 0.103310
-0.5488 *** -0.1705
NS
0.0432
NS
DAV
-0.259916 -0.769763 -0.463215
-0.7384 *** -0.6330 *** -0.2985
NS
COXA
-0.242771 0.522027 -0.382183
-0.6085 *** 0.4602** -0.1750
NS
TIBIA
-0.262120 0.016455 0.075597
-0.8706 *** 0.0187
NS
-0.1204
NS
TARSO
-0.218880 -0.242723 0.705009
-0.5862 *** -0.2273
NS
0.2251
NS
Os escores individuais dos exemplares analisados foram projetados no espaço
reduzido dos dois componentes principais de maiores contribuições (Cavalcanti e
Lopes, 1993) (Figura 4 e 5).
Em relação à ACP realizada entre as dez UGs, pode-se considerar o primeiro
componente principal como um indicador de tamanho, visto que todos os aUGvetores
mostraram valores positivos. Os demais componentes, por alternarem valores positivos
e negativos, podem ser considerados indicadores de forma (Humphries et al. 1981). A
projeção dos escores individuais resultantes da análise não mostrou agrupamento claro
entre as amostras de acordo com a localidade, não observando nem mesmo tendências
de aglomeração (Figura 4).
46
Figura 5. Projeção dos escores individuais resultado da Análise dos Componentes Principais (ACP) para
25 caracteres morfométricos de espécimes adultos machos de Rhinella pombali e Rhinella crucifer
provenientes das 25 UGs analisadas neste estudo.
Figura 6. Projeção dos escores individuais resultantes da analise de componente principal no espaço
reduzido dos dois primeiros componentes.
47
Como mencionado por Baldissera-Jr (2001), análises morfométricas são
utilizadas como ferramenta auxiliar para o entendimento da estrutura de espécies do
grupo de R. crucifer, não sendo necessário utilizá-las para discriminar as morfoespécies,
visto que estas são reconhecíveis por caracteres qualitativos externos. Embora
Baldissera-Jr et al., (2004) indicam que R. crucifer e R. pombali aparecem bem
definidas na análise discriminante canônica, os dados deste estudo não mostram esse
padrão. Uma explicação para esse fenômeno seria que os aUGres utilizaram indivíduos
das espécies com grande distancia geográfica, e no presente estudo, as UGs analisadas
representam locais mais próximos.
Agradecimentos
A M.R. Moura pelo auxílio com a estatística; A.J.S. Argolo (UESC), L.M.
Sarmento-Soares (MBML), R. Mary (CHUFJF), G.R. Colli (UnB), L.B. Nascimento
(MCNAN-PUC) pelo empréstimo de material aos seus cuidados; e a J.P. Pombal Júnior
(MNRJ) pela recepção no Museu Nacional quando fui analisar a série tipo de R.
pombali. A E.T. da Silva e P.S. Santos pelo auxílio para a coleta de exemplares da UG
MD e R.M. Pirani pela coleta de exemplares da UG EM. Aos amigos do Museu de
Zoologia João Moojen pela coleta de alguns exemplares utilizados. Ao InstitUG Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pela licença de coleta (ICMBio
17696-1).
48
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abundância sazonal de Elachistocleis cf. ovalis (Anura: Microhylidae) em um
remanescente de Cerrado no estado de São Paulo, sudeste do Brasil. Biota
Neotrópica. 7(1): 27-33.
Woolbright, L.L. 1983. Sexual selection and size dimorphism in anuran amphibia. The
American Naturalist 121(1): 110-119.
52
ANEXO 1
Material Examinado
Rhinella crucifer
Bahia: Arataca UESC 1531, 2221; Barra do Choça UESC 691; Boa Nova UESC 1257,
4539-4540; Coaraci UESC 2326; Ilhéus UESC 4278, 4778, 6915, 7500; Itacaré
CHUNB 35670-35671, 39954-39955, UESC 4039; Jussari UESC 1508-1509; Mascote
CHUNB 25280; Prado CHUNB 49567.
Espírito Santo: Cariacica MBML 4831, 5030, 5054, 6054, 6081, 6084, 6123, 6349-
6351, 6356, 6358-6360, 6363-6364, MCNAN 2841-2842; Castelo MBML 4646, 4649;
Domingos Martins CHUNB 36199-36200, 36204, 36212; Dores do Rio Preto MCNAN
8047; Fundão MBML 4830; Itaúnas MBML 4836; Santa Teresa MBML 587, 589,
1112, 1176, 1178, 1181, 2574, 2579, 2727, 4647.
Rhinella pombali
Minas Gerais: Almenara MZUFV 4139, 5348; Alto Caparaó CHUNB 46250, 46289,
46298, 46300; 46320, 46330, 46334, 46336, 46338, 46344, 46347, 46351, 46353,
46358, 46360; Belmiro Braga MZUFV 8692-8596; Belo Horizonte CHUNB 14273,
MCNAN 3525-3531, 3534, 3538, 3548, 3554, 5143-5144, 5176, 5453, 5494, 5571-
5572, 5618, 6003; Bicas CHUFJF 398, 413-414; Canaã MZUFV 7693-7695; Conceição
do Mato Dentro MCNAN 9127; Conselheiro Lafaiete MCNAN 6947; Carangola
MZUFV 211; Coronel Pacheco CHUFJF 279-282; Divino MZUFV 9760; Dores do Rio
Preto MZUFV 7156-7157; Espera Feliz MZUFV 9762; Ferros MZUFV 8681-8682;
Ipanema DS 131, 135-144, MZUFV 9086; Irapé MCNAN 9400; João Monlevade
MZUFV 1983; Juiz de Fora MCNAN 6061, 6064, CHUFJF 258, 261, 537; Ladainha
MZUFV 5155-5156; Manhumirim CHUNB 35666; Muriaé MZUFV 8881-8882; Nova
53
Lima MCNAN 9445;
Ouro Branco MCNAN 7551-7552; Ouro Preto MZUFV 9880-
9882, 10083-10084; Pedra Dourada MZUFV 6946-6947, 7302-7305; PERD MCNAN
1406; MZUFV 2122, 2394-2395; PESB MZUFV 3101-3103, 3283, 3847-3851, 6644,
7140; Poté MZUFV 5635-5636; Resplendor MCNAN 7191; Rio Preto CHUFJF 435;
Santa Rita de Jacutinga MCNAN 2058-2059, 2314; São Gonçalo do Rio Abaixo
MCNAN 1914; MNRJ 22291-22300 (parátipos), MNRJ 22310 (parátipo), MNRJ
22311 (holótipo), MNRJ 22219 (parátipo); Ucrânia MCNAN 8049; Viçosa MZUFV
79, 216, 276, 278, 968, 1388, 1391, 1394-1395, 3127, 5261, 7051-7052.
Rio de Janeiro: Angra dos Reis CHUNB 14275; Paraíba do Sul CHUFJF 128, 132;
Santa Maria Madalena MNRJ 56634, 566360-56641; Natividade MNRJ 56633, 56635,
57054.
Rhinella ornata
São Paulo: Mogi das Cruzes CHUNB 35676.
Rhinella aff. pombali
Minas Gerais: Januária MZUFV 4933, 9269.
Goiás: Mineiros CHUNB 36547.
54
C
ONCLUSÕES
G
ERAIS
Com base no estudo realizado conclui-se que:
Todos os espécimes analisados de R. pombali e R. crucifer apresentaram número
diplóide 2n=22.
Nas duas espécies as regiões organizadoras de nucléolo foram observadas nas
regiões teloméricas nos braços curtos do sétimo par.
A heterocromatina constitutiva apresentou-se de forma característica, nas regiões
centroméricas, além de uma marcação intersticial no sétimo par.
Os indivíduos analisados de R. crucifer e R. pombali no município de Santa
Teresa, Estado do Espírito Santo não ocorrem em simpatria. Considerou-se que
não há registros de R. pombali no Estado do Espírito Santo.
Fêmeas apresentaram maior tamanho que os machos em todos os 25 caracteres
morfométricos diferenciando também em vários aspectos morfológicos.
A projeção dos escores individuais resultantes da análise de componentes
principais não mostrou agrupamento claro entre as 25 UGs, não observando nem
mesmo tendências de aglomeração.
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