Outro educador musical que trouxe contribuições à área foi o belga Edgar
Willems (1969). O autor aponta o desenvolvimento da percepção auditiva como
fundamental para o estudo de instrumento. Destaca, ainda, que o ritmo está ligado
ao movimento corporal, ao andar, ao respirar... Os seus estudos endossam a rítmica
de Dalcroze, acrescentando que o movimento é inerente à criança, devendo,
portanto, ser incentivada sua movimentação com a música, para que esta escuta
ativa, produtora de aprendizagens, possa conduzir também à criatividade, uma vez
que está intimamente ligada à improvisação.
Com efeito, a conduta do bebê, em ambiente musical, é bem ativa e
diversificada. Segundo Stokoe (1987), as expressões corporais dos bebês passam
por quatro momentos sucessivos e integrados: de pesquisa, de expressão, de
criação e comunicação.
Transpondo para a atividade musical, o primeiro momento de pesquisa, a
criança busca conhecer por meio das percepções e sensações, as qualidades dos
instrumentos ou objetos sonoros, como a textura, as cores, o tamanho, o peso, o
som, entre outras, e, também, experimentar o que pode fazer com os instrumentos,
sacudir, bater, golpear entre outros. Sua ação é regida pela descoberta sensorial e
pela manipulação destes objetos sonoros.
Em seguida, começa a manifestar corporalmente as sensações, emoções
e pensamentos por meio de ações significativas, utilizando-se de esquemas motores
já conquistados. Nesse momento, são observados gestos musicais, movimentos de
balanceio em atividades dançantes, e expressões relacionadas à música, em geral.
Depois, a criança passa pelo momento da criatividade e da expressão
livre, em que seleciona as ações que deseja realizar, detendo o controle de se
movimentar e do cessar, podendo, ainda, utilizar-se de novos esquemas diante de
estímulo sonoro musical.
Por último, inicia a comunicação, que está intimamente ligada à
expressão corporal. Por meio de sua dança ou de sua forma de cantar, comunica-se
com si própria, com o outro, que participa das atividades, e envolve-se com o grupo,
estabelecendo vários níveis de comunicação.
Nesse conjunto de ações do bebê, encontram-se as atividades cantadas,
as explorações dos chocalhos, guizos e instrumentos em geral, bem como as
atividades dançantes e mesmo as posturais, em que o movimento é interno e
caracterizado pela atenção.