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RESUMO
O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na história da humanidade e
constitui um grave problema de saúde pública com sérias conseqüências pessoais e
sociais no futuro dos jovens e de toda a sociedade. Assim como no Brasil, a maconha é
a droga ilícita mais usada em todo mundo. Esse problema tem preocupado a sociedade e
sugerido a construção de inúmeros métodos de combate à dependência química tais
como grupos de auto-ajuda, psicoterapia, medicamentos, tratamentos ambulatoriais,
internações, atendimento a família. Para alguns autores, a implicação mais importante
de suas pesquisas foi a descoberta da necessidade de, inicialmente, acessar a motivação
para a mudança do cliente e só então, adequar as intervenções terapêuticas ao estado
motivacional do mesmo. Há uma tendência humana para ignorar os problemas, antes de
reconhecer os caminhos que podem levar à resolução dos mesmos, sendo, desta forma
creditada à motivação a força propulsora que move os indivíduos a um objetivo
específico. Nesse contexto surgiu o Modelo Transteórico de Prochaska e DiClemente
(1982) como importante contribuição para a compreensão dos fenômenos motivacionais
em pacientes com comportamentos aditivos. O modelo descreve como prontidão para a
mudança os estágios nos quais o indivíduo transita. Este modelo está fundamentado na
premissa de que a mudança comportamental acontece ao longo de um processo, no qual
as pessoas têm diversos níveis de motivação de prontidão para mudar. O presente estudo
visa avaliar se houve mudança no consumo de maconha e outras drogas e nos estágios
de motivação de adolescentes após, aproximadamente, 3 anos da participação em um
programa de avaliação e intervenção motivacional. Esta dissertação compreende dois
estudos: uma revisão de literatura e um estudo empírico. No primeiro estudo realizou-se
uma revisão de artigos atuais sobre a técnica da Entrevista Motivacional em
adolescentes usuários de maconha através de buscas nas bases de dados Medline,
Scielo, Psycinfo e EBSCO entre o período de 2004 a 2008. Os descritores utilizados
foram Motivational Interview, Motivational Enhancement Therapy, Readiness to
Change, Adolescentes, Marijuana, Cannabis and Drugs Use. Os descritores nas bases
de língua portuguesa foram: Entrevista Motivacional, Intervenção Motivacional,
Prontidão para Mudança, Adolescentes, Maconha e Drogas Psicoativas. Encontrou-se
na literatura pesquisas, em sua maioria de língua inglesa, descrevendo os aspectos
teóricos da Entrevista Motivacional, estudos de viabilidade e custo – benefício da
entrevista motivacional e estudos de impacto e efetividade da intervenção motivacional
com adolescentes usuários de maconha. Os dados obtidos com os diferentes tipos de
estudo, sugerem que a Entrevista Motivacional traz benefícios importantes relacionados
à conscientização acerca do problema de usar drogas, na diminuição dos padrões de uso
de substância, na redução dos dias de uso por mês assim como de sintomas relacionados
à dependência de maconha. O estudo empírico objetivou avaliar se houve mudança no
consumo de maconha e outras drogas e mudanças nos estágios motivacionais de
adolescentes após aproximadamente 3 anos da participação em um programa de
avaliação e intervenção motivacional. Foram utilizados 5 instrumentos nesse estudo:
ficha de dados sócio-demográficos, Entrevista clínica semi-estruturada, elaborada
segundo critérios do DSM-IV-tr (2002) para diagnóstico de Transtornos Disruptivos,
URICA - University of Rhode Island Change Assessment - para medir o estágio
motivacional e Inventários de Ansiedade e de Depressão de Beck - BAI e BDI. A
amostra foi constituída por 30 sujeitos com idades entre 16 e 22 anos, com escolaridade
mínima da 5ª série do ensino fundamental, de uma população total de 102 adolescentes
encaminhados pela justiça por ato infracional de uso de maconha para um serviço de
atendimento especializado. Foi um estudo quantitativo, do tipo longitudinal, sendo