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devem ter (paciência, tolerância, disposição...) no desenvolvimento do programa, até as suas
responsabilidades. Segundo as orientações, a Comissão deve liderar a implantação da
metodologia de gestão, junto à comunidade escolar, começando pelos seguintes passos:
definição da missão, visão e valores da instituição; realização de diagnóstico a partir de
instrumentos (questionário e entrevistas) e guia de referência
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definidos pela Consultoria.
Cada um dos passos é cuidadosamente explicado, apresentando exemplos de missão, visão e
valores de empresas privadas e frases de motivação.
Definida essa etapa, passa-se a elaborar, com base na missão, visão, valores e
diagnóstico da realidade escolar, o Plano de Ação da escola, o qual passa a fazer parte do
Projeto Político Pedagógico da instituição. Esta etapa é orientada por algumas ferramentas da
Gestão da Qualidade Total, como: Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) que visa
apontar os problemas; Brainstorming (tempestade de idéias ou toró de palpites) para levantar
alternativas/soluções; Diagrama Causa e Efeito (espinha de peixe) para definir as causas dos
problemas e, por fim, a ferramenta 5W2H (O que? Onde? Quando? Por que? Quem? Como?
Quanto?), que visa apontar as ações/metas frente os problemas e alternativas levantadas.
Frente a esta metodologia de gestão, inspirada no universo empresarial, os sujeitos tem
um papel passivo frente à técnica empregada. A sensação é de que a técnica se torna o sujeito
do processo e as pessoas o objeto. Utilizando-se de termos marxistas pode-se visualizar o
fetiche da técnica e a reificação
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dos sujeitos envolvidos no processo.
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O material apresenta um guia de perguntas sobre dimensões da gestão escolar: acompanhamento e avaliação;
planejamento, relação com os profissionais, gestão administrativa e financeira; relação com a comunidade e
parceiros externos; dimensão ambiente educativo (gestão dos espaços educativos da escola; resolução de
conflitos e combate à violência; responsabilidade sócio-ambiental). Para o diagnóstico basta a equipe coletar as
informações solicitadas a partir de cada pergunta. Além disso, a Consultoria forneceu questionários para análise
dos critérios de eficácia escolar das dimensões de: Ensino e Aprendizagem; Clima Escolar; Pais e Comunidade;
Gestão de Pessoas e Gestão de Processos. Cada uma das dimensões havia uma série de questões que deveriam
ser respondidas através de uma escala de 1 a 5. De acordo com as respostas dadas pelos sujeitos consultados,
soma-se a pontuação de cada dimensão e a compara com a pontuação definida (pelo instrumento) como mínima
para a sua eficácia e assim se identifica o índice de satisfação daquela dimensão. As questões expressam, em sua
maioria, preocupação em relação a normas e comportamentos, por exemplo: “O Diretor, no contato com
professores, expressa sua confiança na capacidade de aprendizagem dos alunos.” (Instrumento 2 – Clima
Escolar).
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O exemplo de Ghiraldelli é ilustrativo para a compreensão destes dois termos neste contexto: “É fácil
entender o fenômeno da reificação e do fetichismo, ou seja, a ideologia. Uma moça entra em uma loja para
comprar uma calça jeans. A calça não serve. E então ela não pensa em levar a calça para ajustes. A calça (o
morto, o produzido) é que cria vida na medida em que ordena a moça que vá para academia ou para a mesa de
um cirurgião plástico e, uma vez lá, corte a si mesma. A velha prática de cortar a calça fica afastada. E a moça
obedece. Uma vez esculpida (pelo bisturi laser ou pela “malhação”) a moça é sugada para a loja pela vontade da
calça, e chegando lá compra a calça. Na prática, foi a calça que levou a moça. O morto cria vida e realiza seus
desejos sobre os que estavam vivos (os agentes, os produtores ou sujeitos), e que então se portam como mortos –
sem vontade. Ir para academia ou para a mesa de cirurgia pode parecer um ato de vontade forte, mas nesse tipo
de análise, não é, pois não houve vontade deliberativa, apenas a vontade da calça se impôs. A mercadoria é
fetichizada, cria vida, e o vivo é reificado, vira coisa – objeto morto. A ilusão é evidente: a moça acredita que
agiu por sua vontade, mas agiu por vontade da mercadoria, a calça jeans” (GHIRALDELLI JR, 2010).