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questionamento sobre os tipos de conhecimento que porventura são
construídos pelos outros seres, mas poderíamos afirmar que há certa
unanimidade entre os humanos em afirmar a existência de uma racionalidade,
moralidade e emotividade no nosso comportamento, o que nos qualifica como
o animal que é capaz de saber, um homo sapiens. Ou, como nos identifica
Morin (2005a)
, principal referência deste item, um homo complexus,
considerando que sejamos ao mesmo tempo sapiens, demens, faber, ludens,
imaginarius, economicus, consumans, estheticus, prosaicus, poeticus.
Consideraremos, neste trabalho, que para construirmos um
conhecimento dependemos de informações, mas o conhecimento está para
além destas. Não pode ser caracterizado como uma simples coleção de dados
ou do puro saber fazer. Conhecer exige que articulemos informações, as
analisemos, construamos algo impregnado de nós mesmos, de nossas
emoções e afeto e, principalmente, de nossos saberes anteriores.
Desta forma, compartilhamos, aqui, da afirmativa de Morin de que não é
possível considerar o conhecimento como um conceito restrito a “uma única
noção, como informação, ou percepção, ou descrição, ou idéia ou teoria”
(2005b, p.18), mas sim nas diversas dimensões em que pode ser inserido cada
um desses termos.
Acatamos, ainda, sua definição de conhecimento como aquilo que:
[...] comporta necessariamente: a) uma competência (aptidão para
produzir conhecimentos); b) uma atividade cognitiva (cognição),
realizando-se em função da competência; c) um saber (resultante
dessas atividades). As competências e atividades cognitivas
humanas necessitam de um aparelho cognitivo, o cérebro, que é
uma formidável máquina bio-físico-quimica; esta necessita da
existência biológica de um indivíduo; as aptidões cognitivas
humanas só podem desenvolver-se no seio de uma cultura que
produziu, conservou, transmitiu uma linguagem, uma lógica, um
capital de saberes, critérios de verdade. É nesse quadro que o
espírito humano elabora e organiza o seu conhecimento utilizando
os meios culturais disponíveis. Enfim, em toda história humana, a
atividade cognitiva interagiu de modo ao mesmo tempo
complementar e antagônico com a ética, o mito, a religião, a
política; o poder, com freqüência, controlou o saber para poder
controlar o poder do saber. (MORIN, 2005b, p.19)
Concordamos com o autor, ao afirmar que o saber é intrínseco à
condição humana e, considerando a já comentada complexidade do homem,