salomônica, o governo brasileiro não só atenderá dois parceiros es-
tratégicos, evitando confrontos desnecessários de ordem política e
comercial, como poderá obter inúmeras vantagens extras, tanto no
financiamento para execução das propostas, como, também, preca-
ver-se de eventuais falhas no cumprimento dos contratos por parte
de um ou de outro desses parceiros, e conhecer o que têm de melhor
em tecnologia na produção desses aviões, as quais serão absorvi-
das pela indústria brasileira. Como ensina a sabedoria popular, para
engordar um porco para abate, é necessário que se coloque outro
no mesmo chiqueiro, pois a disputa pela comida os fará comedores
insaciáveis, e, consequentemente, engordarão mais rápido.
Para reforçar essa oferta, o governo brasileiro exigirá, em contra-
partida, a assinatura de um termo adicional para o desenvolvimento
conjunto de um programa aeroespacial envolvendo a construção de
satélites para múltiplas funções e os respectivos foguetes lançadores,
favorecendo, quem aceitar essa proposta, com compras adicionais
de mais 18 caças, tão logo o contrato aeroespacial seja assinado.
Essa contraproposta do governo brasileiro, para definir o vencedor,
ou vencedores, na disputa do F-X2, servirá não só para testar as
intenções desses novos parceiros nesse projeto, mas também para
turbinar a corrida espacial brasileira, ainda em fase embrionária, e
atrair outros parceiros que querem entrar nessa disputa, inclusive na
montagem de um sistema GPS brasileiro, como a Rússia e a China.
O sistema GPS é um assunto que interessa diretamente ao Brasil, não
só pela sua extensão territorial, mas, também, pela necessidade de
montar um sistema eficaz de defesa de nosso espaço aéreo. Essa cor-
rida, para implantar um sistema GPS próprio, interessa a outros pa-
íses, como França, pois a União Europeia trabalha na montagem de
um sistema próprio, para se livrar do monopólio norte-americano.
Uma associação com a França, no campo aeroespacial, poderá ser
tão positiva como está sendo no setor marítimo, com a construção
do submarino atômico. É um parceiro providencial, pois o equilíbrio
estratégico entre as grandes potências, e emergentes como a China e
a Índia, limita o campo de ação para o governo brasileiro ter acesso
a tecnologias sensíveis. É preciso agir rápido, e com cautela, para
não perder o bonde da história e a oportunidade proporcionada
pelo alinhamento planetário, no espaço sideral das grandes potên-
cias, que no momento abre uma janela de calmaria no conturbado
firmamento dessas estrelas de primeira grandeza.