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verificar em dois trabalhos desenvolvidos sobre a ABL: o livro de Fernão Neves
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,
publicado em 1940, e o de Alessandra El Far, em 2000. Para El Far (2000):
A idéia de uma Academia de Letras não constituía uma novidade.
No final dos anos 1880 e início dos anos 1890, diversos literatos
engajados na nascente profissão das letras almejavam estabelecer
um novo padrão de sociabilidade literária. Os encontros casuais, as
módicas remunerações, os grupos de dispersos e
descompromissados já não lhes bastavam; queriam reconhecimento
social e uma identidade que os diferenciasse dos outros setores da
sociedade intelectual. (El Far, 2000:42)
Surgiram assim algumas agremiações, como o Grêmio de Artes e Letras (1887), a
Sociedade dos Homens de Letras (1890) e, mais tarde, as reuniões da Revista Brasileira,
que dariam origem à Academia Brasileira de Letras. Segundo Neves (1940):
No fim do século XIX, aqui Afonso Celso Júnior
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, ainda no
Império, e Medeiros e Albuquerque
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, já na República,
manifestaram votos por uma academia nacional, como a Academia
Francesa. O êxito social e literário da ‘Revista Brasileira’, de José
Veríssimo
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, daria coesão a um grupo de escritores e, assim
possibilidade à idéia. (Neves, 1940, prefácio, p. V)
Assim, em 15 de dezembro de 1896 aconteceu a primeira das sessões preparatórias
para a fundação da ABL na sala da Revista Brasileira, na Travessa do Ouvidor, nº 31, e,
nela, Machado de Assis
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foi aclamado presidente. Naquele momento, ele era um dos mais
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Fernão Neves, pseudônimo de Fernando Nery, chefe da secretaria da Academia Brasileira de Letras.
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Afonso Celso
(
Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior), natural de Ouro Preto - Minas Gerais, nasceu em
31 de março de 1860 e veio a falecer no Rio de Janeiro a 11 de julho de 1938. Filho do visconde de Ouro
Preto, último presidente do Conselho de Ministros do Império. É o fundador da cadeira n. 36 da Academia
Brasileira de Letras.
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Medeiros e Albuquerque (José Joaquim de Campos da Costa Medeiros de Albuquerque) jornalista,
professor, político, contista, poeta, orador, romancista, teatrólogo, ensaísta e memorialista, nasceu em Recife,
PE, em 4 de setembro de 1867, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 9 de junho de 1934. Em 1896 e 1897,
compareceu às sessões preliminares de instalação da Academia Brasileira de Letras. É o fundador da Cadeira
n. 22.
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José Veríssimo (J. V. Dias de Matos), jornalista, professor, educador, crítico e historiador literário, nasceu
em Óbidos, PA, em 8 de abril de 1857, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de fevereiro de 1916.
Compareceu a todas as reuniões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de Letras. É o fundador
da Cadeira nº 18.
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Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo,
nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de
setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. A obra de Machado de
Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas
(1864) e Falenas (1870), passando pelo indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais
(1897-1880). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite