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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTE VIRTUAL DE INTERAÇÃO COLABORATIVA PARA A
MELHORIA DA QUALIDADE DO ENSINO
GUSTAVO PONÇANO TRINDADE
Presidente Prudente – SP
2009
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
AMBIENTE VIRTUAL DE INTERAÇÃO COLABORATIVA PARA A
MELHORIA DA QUALIDADE DO ENSINO
GUSTAVO PONÇANO TRINDADE
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade
do Oeste Paulista, como parte dos
requisitos pra obtenção do título de Mestre
em Educação.
Área de Concentração: Instituição
Educacional e Formação do Educador
Orientador: Profº Dr. Adriano Rodrigues
Ruiz
Presidente Prudente – SP
2009
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CATA
LOGRÁFICA
370 Trindade, Gustavo Ponçano
T833a Ambiente virtual de interação colaborativa para
a melhoria da qualidade do ensino /
Gustavo
Ponçano Trindade – Presidente Prudente, 2009.
97 f.
Dissertação (Mestrado em Educação)
Universidade do Oeste Paulista UNOESTE:
Presidente Prudente – SP, 2009.
Bibliografia
1. Educação -- Ambiente virtual. 2. Interação
colaborativa. 3. Educomunicação. I. Título.
GUSTAVO PONÇANO TRINDADE
AMBIENTE VIRTUAL DE INTERAÇÃO COLABORATIVA PARA A
MELHORIA DA QUALIDADE DO ENSINO
Dissertação apresentada a Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade
do Oeste Paulista, como parte dos
requisitos pra obtenção do título de Mestre
em Educação.
Presidente Prudente, 1 de Junho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Profº. Drº. Adriano Rodrigues Ruiz
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Presidente Prudente – SP
_____________________________________
Profª. Drª. Anair Altoé
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Maringá – PR
________________________________________
Profª. Drª. Raimunda Abou Gebran
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Presidente Prudente – SP
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha filha Luana, motivo maior de todo o meu
desejo e empenho em me lançar a esta obra. Seu sorriso, sua alegria e o brilho dos
teus olhos foram fonte de inspiração e força para que eu perseverasse nessa
batalha.
Aos meus pais, que sempre acreditaram em mim e sem a participação
deles não seria possível a realização desta dissertação. Sei que os deixo orgulhosos
por vencer mais essa etapa da minha vida
A Deus, pois nos momentos de descrença e de desânimo foi Ele que
me devolveu a fé e a coragem para continuar.
AGRADECIMENTOS
À minha esposa Larissa, que muito me incentivou a iniciar essa
empreita e esteve presente em todos os momentos da realização dessa pesquisa,
me dando forças e me fazendo acreditar na minha capacidade de realização.
Aos meus pais, que por muitas vezes assumiram a função de
verdadeiros pais-avós, cuidando de minha filhinha Luana, para que eu pudesse me
dedicar por finais de semana inteiros à pesquisa e à realização dessa dissertação.
A todos os professores do mestrado, pela alegria e dedicação durante
todo o curso.
Aos membros da banca de qualificação, Professoras. Anair Altoé e
Raimunda Abou Gebran, que muito colaboraram para minha pesquisa e, com vossas
sabias sugestões, enriqueceram fortemente esse trabalho.
À Ina, funcionária da secretaria do Mestrado da UNOESTE, que com
muito carinho, competência e simpatia, sempre esteve pronta a colaborar em todas
as nossas necessidades.
Ao meu orientador, Prof° Dr° Adriano Rodrigues Ruiz que, com sua
tranquilidade, paciência e muita sabedoria, soube compreender minhas dificuldades,
indicar os caminhos, me incentivar e me conduzir ao fim dessa pesquisa. Com ele
ao meu lado, sempre acreditei que seria possível e muito aprendi.
Educar é [...] ajudar os alunos na construção da sua
identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de
vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e
comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais,
sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos.
José Manuel Moran
RESUMO
Ambiente virtual de interação colaborativa para a melhoria da qualidade de
ensino
A presente pesquisa pretende investigar de que maneira a tecnologia
computacional, da plataforma Moodle, denominada Aprender, tem sido utilizada, em
uma instituição como ferramenta pedagógica, com o intuito de auxiliar os alunos na
interação e em aprendizagens colaborativas. A fundamentação teórica deste
trabalho constitui-se, especialmente, de autores que pesquisam sobre as
possibilidades que se abrem com as tecnologias de comunicação e informação,
entre eles José Manuel Moran. Optou-se pela pesquisa quanti-qualitativa, cujos
dados estatísticos foram objeto de cuidados interpretativos. Esta pesquisa apresenta
como objeto de estudo uma plataforma virtual conhecida como Aprender e suas
formas de utilização em uma Faculdade de Informática do interior do Estado de São
Paulo que contempla três cursos. Foram realizados estudos para quantificar os
acessos, os quais são realizados por tipos de dias e por tipos de recursos e, dessa
forma, foi possível traçar o perfil de utilização do Moodle por alunos e professores no
período-chave indicado em relatório. A pesquisa e a análise dos dados permitiram
concluir que a utilização desse ambiente virtual de auxílio pedagógico mostrou-se
insatisfatória, considerando-se as diversas possibilidades de recursos por ele
proporcionadas. Todos esses recursos foram classificados em três grandes
categorias (gerenciamento, interação e colaboração), e apenas a primeira
apresentou uma participação significativa. Isso comprova que o computador e a
internet, na escola, ainda são utilizados apenas como um substituto eletrônico para
as mesmas tarefas realizadas no tradicional modelo de ensino. Assim, professores e
alunos perdem a chance de explorar o que computador, internet e sistemas têm de
melhor, seus recursos didático-pedagógicos que levam a interação e construção do
conhecimento.
Palavras-Chave: Ensino. Educação, ambiente virtual. Interação colaborativa.
Educomunicação.
ABSTRACT
Virtual environment of collaborative interaction to improve the quality of
teaching
This research intends to investigate how the computer technology, the Moodle
platform, called Learning, has been used in an institution as a pedagogical tool, in
order to assist students in interaction and collaborative learning. The theoretical
foundation of this work consists, in particular, authors researching the possibilities
that open up with the technologies of communication and information, among them
José Manuel Moran. We opted for the quantitative and qualitative research, statistical
data for which were the subject of interpretative care. This research presents an
object of study a virtual platform known as Learn and their forms of use in the Faculty
of Informatics of the State of Sao Paulo that includes three courses. Studies were
conducted to quantify the accesses, which are realized by types of days and types of
resources and thus it was possible to profile the use of Moodle for students and
teachers in the key period indicated in the report. The research and analysis of data
suggested that the use of virtual environment aid teaching was unsatisfactory,
considering the various possibilities of resources it offers. All these features were
classified into three major categories (management, interaction and collaboration),
and only the first one meaningful participation. This proves that the computer and
internet, at school, are still used only as an electronic substitute for the same tasks
performed in the traditional model of education. Thus, teachers and students lose the
chance to explore what computer, Internet and systems to better their teaching and
pedagogical resources that lead to interaction and knowledge construction.
Keywords: Education. Education, virtual environment. Collaborative interaction.
Educomunication.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 -
Imagem da página de Funcionalidades do Aprender ..........
55
FIGURA 2 -
Imagem da página de Materiais e Fórum do Aprender ........
57
FIGURA 3 -
Imagem da página de Tarefas, Questionários e Chats do
Aprender
58
FIGURA 4 -
Imagem da página de Lição, SCORMS, Glossários e
Pesquisas do Aprender
60
FIGURA 5 -
Imagem da página de Wiki, HOTPOT, Pesquisa de
Avaliação e Módulos Opcionais
63
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 -
Quantidade de alunos matriculados nos cursos ..................
66
GRÁFICO 2 -
Quantidade de professores lecionando nos cursos .............
67
GRÁFICO 3 -
Relação de alunos por disciplinas cadastradas ...................
69
GRÁFICO 4 -
Quantidade de tipos de acessos por disciplina ....................
74
GRÁFICO 5 -
Média mensal de interação por recurso por aluno ...............
75
GRÁFICO 6 -
Média mensal de interação por recurso por disciplina .........
76
GRÁFICO 7 -
Distribuição dos acessos por tipos de dias ..........................
77
GRÁFICO 8 -
Quantidade de acessos por tipos de dias ............................
78
GRÁFICO 9 -
Quantidade de acessos por dias da semana .......................
79
GRÁFICO 10 -
Acessos segundo a proximidade do período de provas ......
80
GRÁFICO 11 -
Acessos apenas para fins de semana .................................
81
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 -
Quantidade de disciplinas cadastradas no Aprender ...........
65
QUADRO 2 -
Tipos de atividades desenvolvidas ......................................
70
QUADRO 3 -
Atividades postadas por Professores ...................................
71
QUADRO 4 -
Atividades desenvolvidas por Alunos ...................................
71
QUADRO 5 -
Recursos da Categoria Gerenciamento ...............................
83
QUADRO 6 -
Recursos da Categoria Interação ........................................
85
QUADRO 7 -
Recursos da Categoria Construção .....................................
87
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
2 A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ....................................... 18
2.1 A Sociedade da Informação ........................................................................... 18
2.2 A Escola na Sociedade da Informação ........................................................... 21
2.3 A Educomunicação e as Mídias que Educam ................................................ 23
2.4 A Sala de Aula Interativa ................................................................................ 39
3 UNIVERSO E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ...................................... 47
3.1 Objetivos da Pesquisa .................................................................................... 47
3.1.1 Objetivo geral................................................................................................ 47
3.1.2 Objetivos específicos.................................................................................... 47
3.2 Metodologia .................................................................................................... 48
3.3 A Plataforma Moodle ...................................................................................... 52
4 DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS .............................. 64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 95
13
1 INTRODUÇÃO
A Sociedade da Informação é um novo modelo de organização
característico de um patamar em que seus membros podem obter e compartilhar
qualquer informação de modo instantâneo, de qualquer lugar e de maneira
adequada. Este é o mais atual e prevalente modelo de produção coletiva de
informação, e encontra-se livre, tanto de mercados quanto de hierarquias. Consiste
em uma estrutura que permite o uso total das ferramentas de comunicação e
produção, gerando um estado de intensa produtividade.
A primeira reflexão que norteou esta pesquisa surgiu da busca de
saber como a educação de ensino superior juntamente com professores e alunos
está se inserindo na sociedade da informação, no que diz respeito à utilização de
alguma ferramenta virtual de auxílio pedagógico e de interação entre alunos e
professores na relação ensino-aprendizagem, pois, de acordo com Primo (2007):
Com as novas práticas de produção de conhecimento, ditadas pelos meios
de comunicação, que inovadores desmontam os procedimentos atuais,
notamos que os sistemas educacionais podem ser remodelados, num
processo em que o professor perde seu papel de detentor absoluto da
informação. As atividades de aprendizagem podem, com base nas novas
tecnologias e posturas dos 'atores', modificar sua abordagem, passando de
um sistema de doutrinação para um sistema de construção coletiva de
conhecimento.
Inúmeros meios de comunicação, como rádio, fotografia, cinema,
televisão, vídeo, revistas, cd´s e dvd´s, jogos eletrônicos, computadores e internet
exercem um papel relevante na educação. São linguagens que empregam cores,
sons, imagens e escrita, que mudam constantemente de maneira simultânea e que
educam crianças e jovens enquanto eles se divertem. Inevitavelmente surgiu uma
interessante associação entre entretenimento e aprendizado, e essa diversão
associada ao conteúdo pode muito bem ser educativa.
Entretenimento que educa não é aquele que necessariamente reproduz o
conteúdo escolar e sim aquele que leva o público a pensar, amplia suas
possibilidades de interação com o real e o imaginário, que estimula sua
criatividade. Os vários estímulos midiáticos do mundo contemporâneo estão
formando crianças diferentes das de outras épocas (ALEGRIA, 2008).
14
Nesta perspectiva, a dissertação que se segue buscou investigar se o
processo de ensino e de aprendizagem está se transformando com o uso de
tecnologias de comunicação e informação. No contexto da educação, encontram-se
algumas figuras que integram o processo atual da comunicação que são emissor
(professor), receptor (aluno), mensagem (conteúdo transmitido) e canal de
comunicação (sala de aula), responsáveis pelo processo tradicional e formal de
educação.
A educação formal compreende a sala de aula e a relação professor-
aluno que são fundamentais para a formação da sociedade e de sua cultura letrada.
Mas, a linguagem da comunicação e das novas tecnologias, também pode ser
inserida e integrada às aulas e à prática escolar. Compreende-se que a educação se
no campo da comunicação e o homem passa a ser sujeito do seu conhecimento
num processo de interação e não recebedor de um conhecimento pronto e acabado
transmitido pelo professor. Com essas preocupações, buscou-se avaliar a utilização
de um novo canal de comunicação pelo emissor e pelos receptores.
A intenção, neste caso, foi de avaliar se a tecnologia computacional
estava sendo utilizada como ferramenta pedagógica e interativa na construção de
conhecimento, ou se era utilizada simplesmente para tarefas não educativas. Pode-
se definir como “uso não inteligente da tecnologia computacional” quando esta serve
apenas para substituir eletronicamente tarefas cotidianas, oferecendo-lhes somente
mais agilidade. O “uso inteligente da tecnologia computacional” requer interatividade
e construção. Acontece quando professores e alunos se utilizam da nova tecnologia,
computador e internet, como fonte de pesquisa envolvendo todos os alunos no
processo de ensino. Desta forma, conteúdos a serem desenvolvidos em
determinada disciplina podem ser disponibilizados em plataforma Moodle (que será
apresentada mais adiante) debatidos em fóruns, pesquisados pelos alunos como
forma de construir e ampliar o conhecimento da turma, tornando o processo mais
ativo.
A tarefa do educador, então, é a de problematizar aos educandos o
conteúdo que os mediatiza, e não a de dissertar sobre ele, de dá-lo, de
estendê-lo, de entregá-lo, como se se tratasse de algo já feito, elaborado,
acabado, terminado (FREIRE, 2001, p. 81).
15
Foi escolhido, como objeto de pesquisa da presente dissertação, um
ambiente virtual de aprendizagem, uma plataforma denominada Moodle e sua
utilização no processo de interação que envolve ensino e aprendizagem. Na
Faculdade pesquisada o Moodle recebe o nome de “Aprender”, denominação esta
que será adotada para se referir a esta plataforma no decorrer deste trabalho. A
plataforma Moodle tem a finalidade de auxiliar professores a criar e construir seus
próprios cursos e disciplinas e disponibilizá-los online. Ela pode estimular os alunos
à pesquisa e à discussão de temas pré-definidos, assumindo o professor um papel
de moderador, mediador e até de influenciador do novo conhecimento que pode ser
produzido coletivamente e de forma colaborativa. O estudo foi realizado em uma
universidade do interior do Estado de São Paulo.
A plataforma Moodle também pode ser chamada de LMS (Learning
Management Systems Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem) e utiliza a
tecnologia dos computadores para auxiliar nos processos da construção do
conhecimento. Sua proposta é tornar a aprendizagem algo estimulante, motivando
os alunos a participar e colaborar conforme suas experiências e motivações,
construindo e aprendendo juntos. O aluno passa a ser autor e coautor do
conhecimento deixando de ser receptor de informações.
Esse caminho de ida e volta, onde todos se envolvem, participam - na sala
de aula, na lista eletrônica e na home page - é fascinante, criativo, cheio de
novidades e de avanços. O conhecimento que é elaborado a partir da
própria experiência se torna muito mais forte e definitivo em nós (MORAN,
2000, p. 137-144).
E esse é o principal objetivo desta pesquisa saber se está havendo
realmente uma aprendizagem com interação e até mesmo construção do saber
pelos alunos com a utilização da plataforma Moodle ou se esta apenas serve como
uma facilitadora para as tarefas cotidianas em disponibilizar conteúdos pedagógicos.
Quando o computador ajuda o professor a realizar todas as atividades
que faz tradicionalmente, como transmitir a informação ao aluno, administrar e
avaliar as atividades propostas, ele pode ser chamado de “máquina de ensinar”.
Dessa maneira, o computador é utilizado de maneira a duplicar ou substituir os
métodos de ensino tradicionais. O computador é introduzido no contexto da
educação, porém, sem maiores inovações ou propostas de mudanças aos métodos
16
de ensino anterior. Por exemplo, usar o computador para ensinar tabuada, nomes de
capitais etc, é usar um equipamento de grande potencial para alcançar objetivos
educacionais muito restritos.
Podem ser chamados de quina de aprender” se os computadores
deixarem sua função meramente instrucional e estiverem interconectados via Web
nos sistemas educacionais monitorados, ocorrendo interação e construção do
conhecimento entre alunos e professores. Segundo esse conceito, o computador é
uma poderosa ferramenta de aprendizagem. Cabe ao aluno explorar, criar e inovar
descobrindo situações de aprendizagem não previamente estruturadas. Nesta
segunda opção, opta-se por uma filosofia de educação completamente diferente, em
que o aluno passa da condição de mero observador, participando apenas quando
lhe é solicitado, para a condição de ator principal na construção de seu aprendizado.
Quanto aos objetivos específicos, buscou-se avaliar quantitativamente
a configuração de uso do Moodle procurando saber de que maneira alunos e
professores utilizavam essa plataforma, qual a frequência de acessos e em quais
períodos da semana e dos meses este instrumento era mais acessado. Em nível
qualitativo, a pesquisa procurou saber quais recursos eram disponibilizados pelos
professores e se estes recursos eram acessados e utilizados pelos alunos.
O delineamento e o encadeamento do estudo, em seus passos iniciais,
foram realizados utilizando-se o método de “pesquisa bibliográfica” que adotou como
teórico principal José Manuel Moran, doutor em Ciências da Comunicação pela
Universidade de São Paulo. A pesquisa também contou com livros de literatura
educacional corrente, publicações periódicas e artigos que apresentavam como
assunto principal o que se pretendia articular no interior desta pesquisa, que foi
descobrir a relação intrínseca entre educação e comunicação, e entre educação e
novas tecnologias da informação.
O procedimento de coleta de dados foi realizado com o auxílio da
universidade pesquisada, que cedeu relatórios gerenciais gerados pelo Moodle.
Estes relatórios trouxeram dados estatísticos de acesso aos recursos do Moodle no
período de um ano, entre o segundo semestre de 2007 e primeiro semestre de 2008,
compreendendo um total de 364 dias ou 52 semanas.
Para que se pudesse alcançar os objetivos propostos na pesquisa, os
vários recursos oferecidos pelo Moodle foram separados em três categorias de
análise escolhidas pelo pesquisador a saber: a Categoria Gerenciamento que
17
compreende as ferramentas essenciais para que o professor crie, organize e
estruture o seu curso ou disciplina; a Categoria Interação que contém recursos que
permitem desenvolver a relação entre professor-aluno, aluno-aluno e
aluno/professor; e a Categoria Construção que é a utilização de recursos como o
Glossário e Wikis.
Quanto à estrutura desta dissertação, no capítulo 2 são desenvolvidos
os pressupostos teóricos selecionados para dar suporte à pesquisa e, também,
analisados os conceitos de sociedade da informação e da comunicação, o papel da
escola na sociedade da informação, a relação entre educação, comunicação e as
mídias que educam, a educomunicação e a plataforma Moodle.
No capítulo 3 são retomados os objetivos e se discorre sobre a
metodologia quanti-qualitativa utilizada no desenvolvimento da pesquisa por meio de
estudo exploratório, pesquisa bibliográfica, coleta de dados e análise documental de
relatórios gerenciais gerados pelo objeto da pesquisa.
No capítulo 4, encontram-se as tabelas estatísticas com as respectivas
descrições dos dados coletados relativos à configuração de uso da plataforma
Moodle durante o peodo estabelecido para a coleta. Os dados estatísticos são
analisados, buscando-se interpretá-los com base no marco teórico estabelecido.
Nas considerações finais apresenta-se a reflexão sobre as ideias
vislumbradas pelos teóricos referenciados acerca do que seria um modelo ideal de
educação mediado por tecnologia da informação. Valendo-se dos resultados
estatísticos coletados, poder-se-á visualizar o que está sendo realizado hoje em uma
universidade do interior do Estado de São Paulo por meio de uma dessas
tecnologias.
18
2 A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
2.1 A Sociedade da Informação
A sociedade da informação possui como matéria-prima a informação
e, consequentemente, surge a necessidade da produção de sistemas para tratá-
las.
A fim de se conhecer a idéia de “sociedade da informação”, tão
arraigada no repertório atual, é importante apresentar alguns modelos de produção
coletiva de informação que a sociedade vivenciou e como esses modelos estão
sendo atualizados diante das novas tecnologias.
Na era industrial, no interior de uma economia capitalista, o modelo de
produção coletiva de informação foi caracterizado pela produção de informação
voltada ao mercado e guiada fortemente pelas hierarquias, vigorando durante os
séculos, XIX e XX. A essência desse modelo consiste em centralizar as informações
em grandes grupos, conhecido como monopólio da informação, muitas vezes um
grande conjunto de obras protegido pelos direitos autorais.
O modelo mercantil, voltado ao mercado, mas sem uma hierarquia tão
forte é mais ágil e menos restrito ao criador, ou seja, gera mais liberdade ao
receptor. A informação é produzida de forma não excludente, contudo direcionada
para o mercado, como por exemplo, informações sobre o know-how de uma
empresa, que certamente trará benefícios para o mercado, mas que não impõe
direitos exclusivos sobre estas.
As universidades se utilizam de um modelo chamado de pares
estruturados com características de descentralização. As informações produzidas
ficam livres para seguirem o caminho que quiserem no mercado. A hierarquia não é
tão rígida e as informações, produzidas coletivamente, geralmente são valiosas e de
grande liberdade criativa.
É importante colocar que esses modelos de produção de informação
não se encerram completamente para que se inicie outro. Eles se mesclam no
mercado da informação, no modelo conhecido como rede, no qual a informação é
cedida gratuitamente em troca de status, reputação ou outras motivações. Este é o
19
modelo prevalente de produção coletiva de informação do mercado. É a forma mais
característica da produção coletiva atual, e encontra-se livre, tanto de mercados
quanto de hierarquia. Consiste em um modelo que permite o uso total das
ferramentas de comunicação e produção, gerando um estado de intensa
produtividade.
A esse estado chamamos sociedade da informação. É uma nova forma
de organização característica de desenvolvimento social em que seus membros
podem obter e compartilhar qualquer informação de modo instantâneo e de qualquer
lugar.
A produção coletiva na economia industrial de informação fazia uso de
meios de comunicação lentos ou com alto custo para que se tornassem eficazes,
como telegramas e telefones. A falta de meios de comunicação mais velozes e
eficientes nessa época dificultava a produção coletiva remota e impedia que ela
fosse descentralizada.
Com o desenvolvimento da tecnologia, o contraste com a era industrial
aparece e facilita a produção coletiva de informações. A economia interconectada de
informações superou as dificuldades, principalmente, devido ao desenvolvimento e à
popularização dos computadores pessoais e das redes de computadores que
possibilitaram a comunicação quase instantânea de dados por meio de grandes
distâncias, fato esse que facilitou a produção coletiva. Tudo isso, aliado à
disseminação de equipamentos de áudio e vídeo pessoais, possibilitou a quebra da
produção centralizada.
De acordo com Franco (2007), em pesquisa eletrônica, várias
situações tornaram-se possíveis após o modelo da rede surgir como produtor de
informações:
Pessoas comuns - anteriormente vistas como consumidores de informação -
agora têm acesso a ferramental para produzir obras de maior diversidade e
qualidade comparável à da indústria. Isso diminui a dependência que novos
criadores possuem em relação às empresas de produção de mídia (gráficas,
imprensas, gravadoras, estúdios cinematográficos), que antes detinham
controle desses mecanismos. Com o barateamento e expansão das redes
de computadores, a comunicação é potencialmente instantânea e de
alcance amplo. Do mesmo modo, produtores de conteúdo ganharam força,
pois podem divulgar seu trabalho a um custo menor, e obter independência
em relação à estrutura estabelecida de empresas dos meios de
comunicação. É possível obter uma ampla audiência sem recorrer a
emissoras de rádio, televisão ou jornais, usando-se a Internet.
20
Os fatores apontados indicam que o sistema migrou dos métodos
tradicionais de produção coletiva para a produção social. Ativa e dinâmica, a
produção social permite que seus participantes/contribuintes fiquem livres para
entrar e sair dos projetos e torna-se altamente eficiente, destacando-se no atual
panorama da produção de informações.
Toda essa produção social de informações chegou aos lares por
intermédio dos computadores pessoais. As famílias vivenciam a cultura da
informação e da descoberta e as crianças ensinam aos mais velhos a arte de utilizar
o computador e suas ferramentas. É provável que muito da aprendizagem que
acontece com as crianças mais novas parta da cultura da família e não podemos
deixar de citar o desenvolvimento da “cultura familiar de aprendizagem” em que o
computador contribui muito para o aprendizado da criança.
Existe grande quantidade de novas capacidades computacionais a
serem desenvolvidas e ao invés dos pais se assustarem com essas novas
possibilidades, eles devem aproveitar para aprendê-las com seus filhos.
Na realidade, algumas podem provavelmente ser aprendidas a partir dos
seus filhos. Mas também deve estar preparado para falar de modo
desinibido com eles, sobre a aprendizagem que fez por si mesmo e sobre
as dificuldades que encontrou, quer as tenha resolvido ou não. (PAPERT,
1997, p.122).
A sociedade da informação caracteriza-se pelo livre e fácil acesso à
informação. Do lado positivo, pode-se mencionar a democratização da informação à
sociedade. No entanto, essas informações chegam indiscriminadamente sem que
sofram qualquer tipo de análise. Dessa forma, o excesso e a facilidade de
informações não podem ser subentendidos como ganho de conhecimento, pois nem
sempre esses dados são aproveitados de maneira a enriquecer o aprendizado e a
cultura geral. Justifica-se então o papel da escola como mediadora das informações
nesse novo tipo de sociedade.
21
2.2 A Escola na Sociedade da Informação
Uma nova forma de produção do conhecimento, como qualquer outra
mudança, desencadeia uma rie de transformações sociais e provoca alterações
na forma de atuar dos mais diversos processos.
No interior dessas transformações, pode-se realizar algumas reflexões
acerca dos impactos causados no ambiente escolar e ainda pensar de que forma a
escola pode se aproveitar de recursos gerados pela produção social e como poderia
usufruir da melhor maneira esse novo modelo.
Educar nesse modelo de sociedade não é somente fornecer o aparato
tecnológico, mas ensinar a usá-lo. As novas tecnologias são atraentes e possibilitam
que tanto crianças quanto jovens tenham acesso a informações. Se essas
informações não forem contextualizadas e compreendidas, elas podem provocar
distorções e danos à formação pessoal. De posse dessa visão, é importante avaliar
o papel da educação como fundamental na sociedade interconectada da informação.
A nova estrutura social possibilita que o sistema educacional sofra
alterações em busca de adequações. Considerando que essa nova estrutura diz
respeito ao surgimento de uma sociedade de informação geradora de produção de
informação social caracterizada por falta de hierarquia e pela liberdade dos
indivíduos, a escola, como instituição, também tem acesso a informações de
qualidade que estão disponíveis e são frutos da sociedade interconectada. Fazer
uso e aproveitamento dessas informações seria o primeiro passo das escolas mais
conservadoras, que estão habituadas a buscar conhecimento apenas em fontes
tradicionais, em busca da sua inserção na Sociedade da Informação.
É bastante claro que quando se menciona o uso da tecnologia, pelo
menos quanto ao contexto educacional, é gerada certa inquietação social. A
pedagogia tradicional, muitas vezes, recusa a tecnologia como se ela fosse modificar
toda a estrutura da escola convencional. No entanto, a educação pretendida valoriza
cada vez mais a interação e a troca de informações entre as fontes, professor e
aluno em vez da transmissão unidirecional de informação.
É importante mencionar que quando se fala em tecnologia na
educação, não se pode pensar somente em educação a distância, que consiste
apenas em uma das formas de se utilizar a tecnologia no processo educacional, a
22
tecnologia deve ser vista como um lugar de reprodução da informação e estímulo à
criatividade dos estudantes. Pode proporcionar uma pedagogia de projetos e uma
educação centrada no aluno. Primo (2007) afirma que:
Com as novas práticas de produção de conhecimento, ditadas pelos meios
de comunicação que inovadores desmontam os procedimentos atuais,
notamos que os sistemas educacionais podem ser remodelados, num
processo em que o professor perde seu papel de detentor absoluto da
informação. As atividades de aprendizagem podem, com base nas novas
tecnologias e posturas dos 'atores', modificar sua abordagem, passando de
um sistema de doutrinação para um sistema de construção coletiva de
conhecimento.
Nota-se que esse novo passo, citado por Primo (2007), pode incorrer
em uma desestruturação da escola menos aberta a mudanças, ou seja, as que se
moldam ao modelo industrial, orientadas ao mercado e dotadas de forte hierarquia.
A reflexão que se segue refere-se à relação possível entre a educação
e as novas demandas da sociedade que pede a não-massificação, o uso dos
computadores na educação, a educação por toda a vida e a familiaridade com a
tecnologia como fator de sobrevivência profissional.
As relações do sistema educacional com o sistema produtivo tem sido
o grande pano de fundo para que se levante a questão da importância da
abordagem da presença da tecnologia nas escolas na atual sociedade da
informação. A educação tradicional tem se mostrado insuficiente para o tipo de mão-
de-obra que se requer no suposto novo mundo do trabalho. A demanda por um novo
tipo de profissional, multifuncional, polivalente e inovador recai sobre suas
instituições formadoras e questiona a educação que hoje se aplica.
Esse assunto leva a compreender a transição que a sociedade,
impregnada de novas tecnologias, vem passando. É importante, neste momento, a
conscientização de que nenhuma sociedade é melhor que outra, assim como
nenhuma pedagogia é mais eficiente que outra, mas que fiquem claras as vantagens
e desvantagens que cada uma carrega consigo, seus benefícios e seus objetivos,
para que futuramente possamos pautar nossas ações com consciência.
No entanto, se a escola torna-se parte responsável por formar
indivíduos partícipes dessa sociedade da informação, cabe um aprofundamento e
conhecimento do uso das novas tecnologias a serviço da educação pós-moderna.
23
2.3 A Educomunicação e as Mídias que Educam
O rádio, a fotografia, o cinema, a televisão, o vídeo, os jornais, as
revistas, os cd´s e dvd´s, os jogos eletrônicos, os computadores; todos esses meios
de comunicação estão diariamente educando os indivíduos, quer queiramos ou não.
Direta ou indiretamente somos envolvidos por esses meios de comunicação, e por
que não dizer meios de educação, que exercem um papel relevante na nossa
educação. Eles nos passam continuamente modelos de comportamento, valores,
moda, linguagem e consumo. Transmitem uma linguagem que emprega cores, sons,
imagens e escrita, que mudam constantemente de maneira simultânea e que são
capazes de provocar reações sinestésicas variadas no receptor. E na internet, com o
uso do computador, todas essas mídias estão integradas e ao alcance de todos num
contexto atraente e sedutor.
Observando o percurso da humanidade, nota-se que o predomínio de
determinados meios de comunicação da época levava as pessoas ao domínio de
habilidades perceptivas e mentais específicas que possibilitavam a decodificação do
código e, consequentemente, provoca o esquecimento das outras habilidades.
Como exemplo, relatado por Rogers (1985) em seu livro Liberdade de aprender em
nossa década, nota-se que, nas culturas tradicionais orais, desenvolvia-se muito
mais a memória do que nas culturas escritas. Em contrapartida nas culturas
predominantemente escritas observava-se muito mais a capacidade de abstração,
contemplação e análise do que nas culturas orais.
Os meios de comunicação estão inseridos no cotidiano das crianças e
jovens, fazendo parte de um processo comunicacional de enviar e receber
informações. Esses atores da comunicação estão em constante competição com a
aprendizagem tradicional das escolas que educam de forma verticalizada, utilizando
apenas o texto, a fala e a escrita.
Algumas teorias baseadas na tríade televisão, comunicação de massa
e universo infanto-juvenil ainda dizem que as crianças e jovens podem aprender
enquanto estão se divertindo com os meios de comunicação; d surge uma
interessante associação entre entretenimento e aprendizado e nasce a necessidade
de um novo gênero de entretenimento: diversão associada ao conteúdo (que pode
ser educativo) e comprometida com a formação do cidadão.
24
Entretenimento que educa não é aquele que necessariamente reproduz o
conteúdo escolar e sim aquele leva o público a pensar, amplia suas
possibilidades de interação com o real e o imaginário, que estimula sua
criatividade. Os vários estímulos midiáticos do mundo contemporâneo estão
formando crianças diferentes das de outras épocas (ALEGRIA, 2008).
A presença dos videogames, computadores, internet e programas de
TV, acaba funcionando como uma verdadeira “ginástica” para o rebro de crianças
e jovens.
Por outro lado, o sistema de ensino da escola tradicional ainda
centrado na figura do professor e trabalhando basicamente com o domínio do código
oral e escrito passa a ser maçante e cansativo para o aluno, além de posicionar-se
muito distante da realidade midiática de hoje. Tomando-se por base uma das mídias
que mais possui penetração nos lares brasileiros, a televisão, por meio de sua
linguagem audiovisual, que se constitui em uma fusão de linguagens, envolve
diretamente o telespectador para qualquer tipo de conteúdo que seja exibido. É
indiscutível a função pedagógica da televisão, pois à medida que orienta
comportamentos e valores, institui vocábulos, incita estereótipos e estimula o
consumo.
No âmbito da educação, é relevante considerar o poder da linguagem
audiovisual e reconhecer que esta se encontra hoje no centro de todo processo
educativo em razão de sua constante presença na sociedade contemporânea de
informação. É importante considerar que a apreensão de fenômenos, qualquer que
seja, possibilita maior memorização pelas vias audiovisuais, justamente pelo fato de
que as imagens o mais facilmente percebidas e assimiladas do que os textos
verbais. A maior parte da evolução do raciocínio utiliza a simulação de modelos
mentais que frequentemente são imagéticos. de se considerar que construir o
conhecimento pela linguagem audiovisual é uma via privilegiada.
As mídias instauraram um novo ritmo de atividade mental com as
linguagens utilizadas e a alta velocidade. Essa nova realidade se choca com as
cansativas aulas expositivas e ritualísticas do ensino tradicional.
Mas os meios não modificam somente uma faculdade. Ao modificar essa
faculdade, por intermédio da massagem a que a submetem, acabam
modificando todo o complexo físico e psíquico da pessoa: modificam a sua
forma de pensar, de perceber o mundo e de agir (FERRÉS, 1996, p. 15).
25
No entanto, é considerado importante, para que as transformações
aconteçam, que os meios sejam assumidos pessoal e socialmente. É preciso que as
pessoas internalizem e assumam os novos meios, convertendo-os em suas
extensões. Pode-se considerar que todos os meios provocam importantes diferenças
culturais e principalmente, diferenças na percepção da realidade.
A escola ainda considera, muitas vezes, a mídia como um elemento
não construtivo para a educação, acreditando apenas no desenvolvimento da
linguagem, da escrita e do raciocínio gico como formas de desenvolvimento do
intelecto.
Moran (2007) acredita que a escola deva integrar as mídias à
educação tradicional, pois de acordo com a visão integrada colocada por Umberto
Eco (1979), em sua obra Apocalípticos e integrados, a mídia e a tecnologia não
podem ser vistas em seu formato e conteúdo como algo nocivo à sociedade, desde
que se saiba utilizá-la a favor da educação crítica.
Não se trata de opor os meios de comunicação às técnicas convencionais
de educação, mas de integrá-los, de aproximá-los para que a educação seja
um processo completo, rico, estimulante. A escola precisa observar o que
está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula,
discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos
positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto (MORAN, 2007).
É preciso acabar com o antigo e único modelo unilateral de
transmissão do conhecimento do professor para o aluno. O professor pode ir além
do ensino oral e escrito, incentivando o aluno a buscar o conhecimento e levá-lo
para dentro da sala de aula. Porque, se por um lado, todos esses equipamentos da
tecnologia de comunicação auxiliam no desenvolvimento de capacidades e
potencialidades, deparamo-nos, também, com a dificuldade do indivíduo em se
relacionar com os mecanismos da informação contemporânea, que se refere à
ingenuidade perante a mensagem.
Partindo da ausência de experiências vividas e, consequentemente, da
passividade dos receptores ao receberem as mensagens é que se faz necessário
trabalhar a capacidade crítica desse espectador. É exatamente neste ponto que se
localiza o eixo que se revela a necessidade de uma educação para a comunicação e
é necessário também que se dominem os processos de construção de mensagem.
26
A cidadania no século XXI requer um grau de conhecimento que até agora
poucos de nós têm. Requer do indivíduo que saiba ler os produtos de mídia
e que seja capaz de questionar suas estratégias. Isso envolveria
capacidades que vão além do que foi considerado alfabetização em massa
na época da mídia impressa. [...] Eu sugiro que a alfabetização em mídia é
mais necessária do que nunca, precisamente porque ela é fundamental
para a construção de identidades, o senso de nós mesmos no mundo e
nossa capacidade de agir dentro dele (SILVERSTONE, apud ALEGRIA,
2008).
É possível buscar o aprendizado nas mídias e construí-lo. E, muitas
vezes, o sujeito possui esse tipo de conhecimento, o qual foi adquirido nas mídias
que fazem e sempre fizeram parte de sua vida. Quando uma criança chega à escola
ela passou por um processo de alfabetização pela família e pela mídia eletrônica.
No processo escolar infantil e médio, a escola pode colocar seus alunos em contato
com meios de comunicação, como a TV e o computador e desenvolver atividades
que os incentivem a produzir seu próprio conhecimento de maneiras diversas como,
montagem de vídeos com entrevistas e dramatizações, reportagens e filmes, textos
para revistas, jornais e rádio, programações visuais, jogos e diversos outros meios
de expressão dos conteúdos.
No contexto das universidades as mídias também podem potencializar
a relação ensino e aprendizagem por meio da utilização da pedagogia com a
imagem audiovisual, ou seja, usar o audiovisual como um recurso ou uma técnica
para o ensino. O termo audiovisual pode ser aplicado tanto aos meios de massa
(rádio e TV) como aos denominados meios grupais (montagem audiovisual e
transparências de retroprojetor). No caso dos computadores, a utilização da internet
pode ser colaborativa na produção de material didático pelos alunos. Ainda por meio
dela podem ser propostas formas alternativas de avaliações de projetos, pesquisas e
criação de conteúdo pelo aluno como, por exemplo, os blogs que difundem
pensamentos a partir de textos opinativos. Essas experiências é que realmente
ensinam, pois os alunos vivenciam seu aprendizado e não permanecem como meros
espectadores.
Moran (2007) vai além, no seu pensamento a respeito da aplicação das
mídias no ensino quando afirma que os alunos deveriam ir à escola não para buscar
informações, mas para aprender a interpretá-las, relacioná-las e contextualizá-las.
Assim o autor reafirma a importância do professor como um mediador do
conhecimento e não como um elemento transmissor de informações.
27
A escola precisa exercitar as novas linguagens que sensibilizam e motivam
os alunos, e também combinar pesquisas escritas com trabalhos de
dramatização, de entrevista gravada, propondo formatos atuais como um
programa de rádio uma reportagem para um jornal, um vídeo, onde for
possível. (MORAN, 2007).
Trata-se de um novo modelo de educação que vem surgindo e se
firmando com a sociedade da informação. Surge então a necessidade de formar um
professor interessado em aproveitar as informações midiáticas e transformá-las em
aprendizado, com capacidade de gerar educandos preparados e críticos diante das
mídias, numa relação integrada e construtiva. A esta nova habilidade dá-se o nome
de “educomunicação”.
O termo educomunicação reflete na realidade a inter-relação entre as
áreas da Educação e da Comunicação e preocupa-se especialmente com o impacto
e a influência dos meios de comunicação, tanto nos estudos de recepção como no
campo pedagógico, pelos programas de formação de receptores autônomos e
críticos frente aos meios.
A comunicação sempre esteve presente em todas as organizações,
funcionando como mediadora das relações humanas e é importante ressaltar que a
educomunicação necessita de uma estrutura básica a fim de que possa ser
realizada. Essa estrutura muda seu eixo, antes verticalizada de cima para baixo, do
professor para o aluno, agora está centrada na própria comunicação e seus meios,
com professores e alunos procurando juntos pelas respostas que procuram.
A escola, instituição mediadora do conhecimento, reconhece e
depende da comunicação como uma ferramenta para a ação educadora. Nesse
contexto, encontramos algumas figuras que integram o processo da comunicação, a
saber; emissor, receptor, mensagem e canal de comunicação.
Tomando-se por base o modelo de comunicação apontado por autores
como Tomasi e Medeiros (2007), é possível relacioná-lo com a educação da
seguinte maneira: a figura do emissor está representada pelo professor, a figura do
receptor, representada pelo aluno; a mensagem consiste no conteúdo transmitido; e
o canal de comunicação é considerado como a sala de aula, a comunicação pessoal
e seus devidos ruídos. Estes ruídos correspondem a todas as barreiras que podem
prejudicar e reduzir a eficiência da comunicação: barulhos, problemas relativos ao
próprio canal de transmissão, desatenção, desinteresse, vocabulário, repertório
cultural, crenças.
28
A sociedade, bem como a instituição escolar, por ser parte dela,
apresentaram durante muito tempo modelos de comunicação que possuíam o foco
na informação, ou seja, preocupavam-se somente com a codificação e a
decodificação da mensagem, sem levar em conta um modelo que visasse explicar a
comunicação humana, muito mais complexa e com elementos de ordem psicológica,
sociológica e contextual.
Os estudos da informação ocupam-se, relativamente à comunicação, com
as medidas de informação, ou seja, a quantidade de informação transmitida
em comunicação. Também se dedicam à economia da mensagem, ao tratar
de questões relativas à codificação eficiente, capacidade de transmissão do
canal, eliminação de ruídos (TOMASI, MEDEIROS, 2007, p. 07).
O modelo mecanicista de comunicação, desenvolvido pelas
organizações durante muito tempo, não se preocupava com questões apontadas no
que se refere aos processos de decodificação e nem com a capacidade do canal
responsável por transmitir a mensagem.
Nesse modelo, a comunicação era vista como uma via de mão única em
que o emissor revela a superioridade da fonte sobre o interlocutor e este
assume uma posição passiva diante da informação. “Um ambiente
organizacional em que uns falam e outros escutam e obedecem cegamente
ao modelo mecanicista de comunicação” (TOMASI, MEDEIROS, 2007, p.
08).
Considerando que essa forma de comunicação possui um ponto de
vista neutro e sem relação com o contexto no qual é processada, pode-se entender
que a educação sempre sofreu da falta de liberdade e interação que pudesse gerar
uma aprendizagem significativa.
Muito dos materiais apresentados aos estudantes em salas de aulas é
desprovido de significação pessoal, e tal aprendizagem lida apenas com o cérebro.
De acordo com Rogers (1985, p. 20), “Só se coloca do pescoço para cima. Não
envolve sentimentos ou significados pessoais; não tem a mínima relevância para a
pessoa como um todo”.
Na maioria de nossas escolas, a comunicação é verticalizada, do
professor para o aluno, baseada na literatura recomendada, que pode não ter
nenhuma significação para o aluno como indivíduo, tornando quase impossível a
29
aprendizagem. O contrário desse tipo de aprendizagem mecânica pode ser chamado
de aprendizagem experiencial que é dotada de significação.
Tem ela a qualidade de um envolvimento pessoal a pessoa, como um
todo, tanto sob o aspecto sensível quanto sob o aspecto cognitivo, inclui-se
o fato da aprendizagem. Ela é auto-iniciada. Mesmo quando o primeiro
impulso ou estímulo vem de fora, o senso da descoberta, do alcançar, do
captar e do compreender vem de dentro. É penetrante. Suscita
modificações no comportamento, nas atitudes, talvez mesmo na
personalidade do educando [...] (ROGERS, 1985, p. 21).
Não se pode deixar de mencionar que a transição dos modelos
existentes de comunicação, de acordo com a evolução de cultura e da sociedade
atual, possibilitou perceber, dentro das instituições, relações humanas diferenciadas.
Modelos psicológicos e sistêmicos de comunicação permitem que haja maior
interação entre componentes da cadeia de comunicação. Aqui são considerados
aspectos da experiência, de atitudes, do conhecimento, da situação social e cultural
da fonte e do receptor.
Nesse modelo, dá-se muita importância ao canal de comunicação
escolhido para que determinada mensagem possa ser interpretada corretamente
pelo receptor.
Percebe-se, nesse contexto, que o receptor passa a ter maior liberdade
para interagir no processo da comunicação juntamente com o emissor e a
mensagem recebida, e notadamente possui também mais chances de aprender com
essa mensagem. Desse modo, destaca-se o conceito de liberdade definido por
Rogers (1985, p. 253):
É a espécie de coragem que capacita uma pessoa a entrar na incerteza do
desconhecido, tal como ela própria decidiu. É a descoberta do significado
do que está no íntimo de cada um, significado que decorre da atenção
sensível e aberta às complexidades do que se está experimentando. É o
ônus de se tornar responsável pela espécie de ente que se escolhe ser. É o
reconhecimento da pessoa de que ela é um processo de vir-a-ser, não um
produto estático e acabado. O indivíduo que assim pensa, profunda e
corajosamente, suas idéias, que se impõe a si mesmo sua singularidade,
que escolhe o seu ser, responsavelmente, pode ter a sorte de deparar com
centenas de alternativas, objetivas, externas, para suas opções, ou pode ter
a falta de sorte de não descobrir alternativa alguma.
A educação está presente em todos os meios que estão inseridos em
nossa vida e no nosso dia a dia. A escola, antes detentora do monopólio de educar,
30
passa a ser vista como a “escola paralela”, visto que as mídias também educam ao
seu modo todos os sujeitos que estão expostos a ela.
O conceito de liberdade aplica-se justamente a essa situação em que o
indivíduo está livre para receber as informações de todo e qualquer meio, não sendo
necessário que somente a figura do professor seja representativa de saber. Hoje o
indivíduo busca por informações das quais necessita, mas, no entanto, falta-lhe
senso crítico para lidar com essas informações.
Partindo de um modelo autoritário de comunicação, a escola, uma
instituição tradicional, assustou-se de início com a tecnologia das comunicações e
deixou de lado a participação efetiva em seu interior e como coadjuvante nos
processos de ensino. Porém, com o tempo, a escola se viu obrigada a se render aos
apelos midiáticos, pois seria impossível pensar o sistema educacional, a escola e o
discurso pedagógico exercitado nas salas de aula, considerando-se que o mundo
estava sendo mediado pelas relações comunicacionais extremamente sedutoras e
atraentes.
Encontramos, aqui, a contradição, de um lado estão a televisão, o dvd,
o rádio, o computador e a internet; e de outro estão o giz e da lousa. Além disso, o
ritmo e a velocidade nas linguagens midiáticas contra a oralidade pautada no ritmo
do sistema fonador muitas vezes cansativo.
Os reajustes pelos quais as instituições educativas terão de passar não
poderão prescindir de uma análise sobre os envolvimentos dos sistemas e
processos comunicativos na vida dos alunos, professores, diretores e
assistentes pedagógicos, educacionais, etc. A escola continuará, para se
fazer uso de uma redundância formal, mas com carga ampliadora, sendo
escola, portanto, lócus de sistematização e, sobretudo, produção de saber
(CITELLI, 2004, p. 16,17).
A incorporação dos sistemas de comunicação na escola deverá estar
integrada ao fluxo crítico-dialógico dos demais discursos com os quais a escola
trabalha.
Trata-se na verdade, de adquirir e instaurar o hábito de entender os
processos constituintes dos sentidos, no encontro com as estruturas significativas
que compõem esse novo modelo comunicacional.
O processo educativo formal, representado pela sala de aula e todas
as suas implicações que envolvem a relação professor-aluno, é importante para a
31
base de formação da sociedade e de sua cultura letrada. Porém, a linguagem da
comunicação e das novas tecnologias, pode ser inserida e integrada às aulas e à
prática escolar, promovendo uma complexa intersecção de ordens discursivas
diversas e não necessariamente ajustadas ou complementares.
O diálogo media-escola, mesmo quando assimétricos, pode ser alimento
para dois objetivos importantes. Um, vinculado ao princípio da abertura do
discurso pedagógico para os discursos das comunicações; outro, de
inserção crítica da voz e da diferença representada pela imposição
sistematizadora e de produção dos saberes que devem motivar e estimular
o mundo da escola (CITELLI, 2004, p. 18).
Sente-se migrar de uma única estratégia discursiva em torno de uma
linguagem centralizada, hierárquica e com o foco no professor, oriundas de uma
educação tradicional, para uma dialética que recupere o universo de linguagem e
valores do aluno.
Nesse processo, o educando é visto como um ser que possui uma
história social e cultural e como pertencente ao mundo antes de estar na escola e
que no momento que ingressa em uma sala de aula, leva consigo conhecimentos,
muitos de senso comum, para o jogo discursivo ditado pelo professor. A união do
discurso formal escolar com o campo de experiências vividas pelo aluno serão
geradores de sentidos e significados.
É justamente desse diálogo implantado entre o conjunto de
permanências trazidas com o conhecimento preexistente que devem ser incluídas as
linguagens e as mensagens dos meios de comunicação e das novas tecnologias
que vão resultarão no que podemos chamar, verdadeiramente, de sentido.
Com esse pensamento, a educação deixa de se basear no depósito de
informes nos educandos, em que o educador disserta seu conhecimento
memorizado e não buscado, para uma nova situação de transformação, móvel e
crítica, que não confunde autoridade com autoritarismo, nem liberdade com
libertinagem.
A tarefa do educador, então, é a de problematizar aos educandos o
conteúdo que os mediatiza, e não a de dissertar sobre ele, de dá-lo, de
estendê-lo, de entregá-lo, como se se tratasse de algo já feito, elaborado,
acabado, terminado (FREIRE, 2001, p. 81).
32
Neste modelo de educação, que se no campo da comunicação, o
homem passa a ser sujeito do seu conhecimento e não recebedor de um
conhecimento de que outros lhe fazem doação. Por esse motivo é que ocorre o
processo interacionista, com as buscas e as transformações que permitem
problematizar em torno das situações reais, concretas, existenciais ou ainda em
torno dos conteúdos intelectuais que demandam a compreensão por parte dos
sujeitos interlocutores problematizados. Portanto, comunicação e informação
passam a ser mais ricas quando se movimentam em todas as direções e não do
professor para o aluno ou do computador para o aluno.
O termo informática origina-se da junção dos vocábulos informação e
automática e caracteriza-se por uma disciplina científica e técnica que trata
automaticamente do processamento da informação. A informática pode nos auxiliar
a reduzir tarefas cotidianas e rotineiras, a acessar grandes volumes de informação e
com isso aumentar nosso tempo livre. De acordo com Cristina Alonso Cano em Para
uma tecnologia educacional (1998, p. 157): “A história da humanidade é, em boa
parte, a história das máquinas que contribuíram para a resolução dos problemas de
homens e mulheres”.
Valendo-se da afirmação acima, pode-se considerar o computador
como uma máquina capaz de resolver automaticamente alguns tipos de problemas
da humanidade como, por exemplo, realizar operações rotineiras de coleta e
inserção de dados e obtenção de resultados. É importante salientar, que a evolução
das tecnologias da informação e da comunicação não significa necessariamente
uma melhora qualitativa da informação e nem a solução para todos os problemas da
humanidade. Não pode se negar, contudo, que elas estão presentes cada vez mais
em nosso cotidiano, cumprindo a função principal de marcar a passagem da
sociedade industrial, definida pelas atividades do setor terciário (serviços) para o
pós-industrial (setor quaternário) ou era da informação.
O computador é uma máquina que funciona a partir de impulsos
elétricos e por meio de um conjunto de dispositivos interconectados, trata a
informação de maneira automática, seguindo as instruções de um programa e
recebe a informação, transformando-a e a reapresentando-a, agora de forma
diferente.
Um computador quando conectado não faz nada, não possui iniciativa
e é incapaz de realizar algo por sua própria conta, somente aguarda nossas ordens
33
para agir. Trata-se de uma ferramenta que necessita da introdução de dados e de
programas, um conjunto estruturado de instruções e sequência de passos que deve
seguir para levar adiante um processo determinado.
No entanto, neste capítulo a informática não será tratada como ciência
e suas características técnicas não serão exploradas. A intenção é refletir sobre as
influências da informática nos contextos curriculares da educação e as
possibilidades que o computador pode oferecer nos processos de ensino e
aprendizagem.
A presente dissertação concentra-se em conhecer a abordagem da
nova tecnologia, o computador e seus recursos de programas, no contexto das
universidades desempenhando um papel de mídia inteligente ou somente auxiliar do
professor no ensino tradicional.
Após verificar como a informática pode ser utilizada em sala de aula
como potencializadora do processo educacional; centrar-se-á, então, a discussão na
questão de como o computador pode funcionar como ferramenta no processo de
ensino e aprendizagem e se sua utilização promove interação ou passividade.
De acordo com Valente (1999), em uma situação em que se discute a
informática na educação, pode-se dizer que existem dois diferentes modelos em que
essa nova tecnologia tem sido utilizada nos sistemas educacionais.
O primeiro modelo utiliza o computador como “máquina de ensinar”, ou
seja, ele auxilia o professor a realizar todas as atividades que faz normalmente,
como passar a informação ao aluno, administrar o curso e avaliar as atividades.
Diante do ensino conservador, essa “máquina de ensinar” é uma ferramenta que
permite a sistematização e o controle de diversas tarefas específicas que auxiliam
muito as atividades do professor. Nesse caso, tanto o professor quanto o
computador são detentores do saber, e o aluno assume novamente a posição de
recipiente que deve ser preenchido de informações em todo momento.
O segundo modelo de utilização de tecnologia nos sistemas
educacionais podemos chamar de “uso inteligente do computador”. Essa nova forma
de ver a informática pode ser um fator de mudanças no processo da educação e
nesse contexto o computador aparece como uma máquina de aprender, em que
ocorre a interação entre computador, aluno e sistema. O ensino é construído com a
utilização de conteúdos espeficos e estratégias que entusiasmam o aluno a buscar
o conhecimento. Não são considerados nesse contexto softwares de inteligência
34
artificial, que detectam erros mais frequentes dos alunos e os ajudam a superá-los.
Esses softwares podem ser incrementados com características de inteligência como
os "intelligent tutorial systems", capazes de identificar os erros mais frequentes e
ajudar os alunos a superá-los (como o sistema Buggy); auxiliar a resolução de
problemas específicos (como os sistemas especialistas); ou software para auxiliar o
professor a planejar suas aulas e a monitorar o desempenho dos alunos
(WENGER,1987 apud VALENTE, 1998)
O sistema de ensino questiona esse modelo de “uso inteligente do
computador” ou “máquina de ser ensinada”, perguntando se ele realmente caminha
para um modelo moderno e inteligente de interação e se ele vai conseguir romper a
barreira da tradicional passividade dos alunos perante o ensino. Pergunta-se,
também, quais as posturas pedagógicas que estão sendo adotadas para tirar
proveito da tecnologia a fim de que atinjamos o objetivo de buscar avançar na
educação.
Quando o computador serve somente para transmitir informações ao
aluno, ele está sendo utilizado unicamente como “máquina de ensinar”, e só se torna
uma “máquina de aprender” quando é o aluno quem vai pesquisar as informações
na internet. Depois de coletadas as informações, com a mediação do professor, o
aluno as seleciona, troca com os colegas, as contextualiza e elabora um texto de
sua autoria, uma apresentação multimídia, um vídeo, ou mesmo um banco de
dados.
A “máquina de ensinar” apenas permite que a prática pedagógica
tradicional da escola seja aplicada mais facilmente pelo professor, verbalizando
conhecimentos prontos aos alunos e avaliando depois o quanto eles assimilaram. A
“máquina de aprender”, por sua vez, permite que os alunos sejam os autores do
conhecimento cada um ao seu modo e ao seu tempo, segundo suas experiências de
vida e suas potencialidades.
A internet proporcionou o modo de educação online, que está em pauta
em nosso sistema educacional. A educação online pode ser definida como um
conjunto de ações de ensino-aprendizagem desenvolvidas por meios telemáticos,
como a Internet, a videoconferência e a teleconferência. Atualmente essa
modalidade de educação abrange desde o infantil até a pós-graduação, dos cursos
regulares aos cursos corporativos. Aparece em modalidades totalmente virtuais, sem
contato físico algum, passando por cursos semipresenciais até os cursos presenciais
35
com atividades complementares fora da sala de aula, pela Internet. Já o termo
educação a distância é um conceito mais amplo que educação online.
A educação online está em seus primórdios e sua interferência se fará
notar cada vez mais em todas as dimensões e veis de ensino. Com o
avanço da telemática, a rapidez da comunicação por redes e a facilidade
próxima de ver-nos interagir a distancia, a educação online ocupará um
espaço central na pedagogia dos próximos anos (MORAN, 2003, p. 39).
A pedagogia online é uma realidade que abre novas possibilidades
para a educação e traz consigo algumas facilidades e desafios no modo de educar.
Algumas situações vão obrigar a se repensar alguns processos pedagógicos como:
a preparação de materiais e atividades adequados; a integração de vários tipos de
profissionais envolvidos (professores autores, professores orientadores, professores
assistentes e tutores); a combinação de tempos homogêneos e flexíveis; a
comunicação em tempo real e em momentos diferentes; as avaliações presenciais e
a distância.
Pode-se dizer que a educação online está trazendo uma contribuição
significativa para a educação presencial.
Algumas universidades integram aulas presenciais com aulas e atividades
virtuais, flexibilizando tempos e espaços e ampliando os espaços de
ensino-aprendizagem, até agora praticamente confinados à sala de aula. O
currículo pode ser flexibilizado, segundo a portaria 2.253 do MEC, em 20%
da carga total. Algumas disciplinas estão sendo oferecidas total ou
parcialmente a distância. Os 20% são uma etapa inicial de criação da
cultura online. Mais tarde, cada universidade irá definir qual é o ponto de
equilíbrio entre o presencial e o virtual em cada área do conhecimento
(MORAN, 2003, p. 40)
Além disso, conforme as tecnologias de comunicação virtual avançam,
sente-se alterar também o conceito de presencialidade.
O conceito de curso, de aula também muda. Hoje entendemos por aula um
espaço e tempo determinados. Esse tempo e espaço cada vez serão mais
flexíveis. O professor continua "dando aula" quando está disponível para
receber e responder mensagens dos alunos, quando cria uma lista de
discussão e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas da
Internet, fora do horário específico da sua aula. Há uma possibilidade cada
vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e
espaços diferentes, quando tanto professores quanto os alunos estão
motivados e entendem a aula como pesquisa e intercâmbio,
supervisionados, animados, incentivados pelo professor (MORAN, 2000).
36
Diante desse fato, o professor torna-se o centro das discussões acerca
de seu aprendizado e adaptação às novas tecnologias, principalmente com o
computador, a fim de que ele possa utilizar com frequência essa tecnologia
auxiliando seus alunos no processo de ensino-aprendizagem.
As possibilidades da internet direcionadas ao ensino estão somente no
início e o professor tem que se manter atualizado para poder interagir com seus
alunos, sempre trocando de informações numa contribuição tua. O professor
inquieto, atento às novidades e que deseja atualizar-se, irá rapidamente interessar-
se e adaptar-se ao uso da internet. Porém, o professor acostumado a preparar suas
aulas sempre da mesma forma, provavelmente, sentirá dificuldades e ficará
desorientado com o excesso de informações disponíveis. Lidar com a informática
será, daqui para frente, o grande desafio do corpo docente de qualquer nível de
ensino, com o intuito de acompanhar os alunos que se encontram prontos para a
internet.
Valendo-se desses fatos, constata-se que não há, atualmente, no
Brasil um ensino de qualidade adaptado à sociedade que se encontra na era da
informação. Nota-se que algumas escolas, faculdades e universidades dotadas de
um ensino próximo da excelência, ainda buscam traçar o caminho da escola
tradicional e não atentam para os variados meios de comunicação que estão
presentes na vida das crianças e jovens de uma maneira intensa e que podem
auxiliar até em diversos desvios de comportamentos psicológicos.
Para se obter uma educação de qualidade, hoje, além de se possuir
um projeto pedagógico participativo, estrutura física e equipamentos, é necessário
que se tenha um corpo docente extremamente preparado intelectual, emocional,
comunicacional e eticamente, além de bem remunerado e motivado, que estabelece
uma boa relação com o corpo discente, conhecendo-os, acompanhando-os e
orientando-os constantemente.
O contexto acima descrito alinha-se às concepções de José Manuel
Moran (2003) que afirma ser necessário, acima de tudo, nesse processo de
mudanças, que os papéis dos professores se multipliquem, diferenciem-se e
complementem-se, exigindo uma grande capacidade de adaptação e criatividade
diante de novas situações, propostas, atividades e que saiba educar para os meios
de comunicação. Qualquer meio de comunicação carrega implicitamente consigo
37
uma função pedagógica e acaba por educar à sua maneira, implantando
comportamentos, valores e ideologias.
No campo da educação, a inter-relação entre comunicação, tecnologias
da informação e educação também é trabalhada amplamente por Moran. Essa inter-
relação gera o conceito que pode significar, educação mediada por tecnologias ou
comunicação e tecnologia da informação a serviço da educação.
De natureza antropo-cultural, a chamada educação para a
comunicação passou por três fases de amadurecimento nos últimos trinta anos.
Nos anos 70 passamos pela fase do psico-moralismo que tentou desautorizar os
programas julgando que os meios de comunicação causavam um impacto negativo
nos receptores, provocando desde a perda do hábito da leitura pelos estudantes até
o aumento da violência nas cidades.
Depois, nos anos 80, surgiu um movimento que buscou garantir aos
educandos conhecimentos necessários para se efetuar uma leitura crítica dos meios;
e, finalmente, nos anos 90 começou a fase sócioconstrutivista em que a internet e o
vídeo levaram a educação a retomar a análise dos meios de comunicação.
Houve, então, a necessidade de se construir uma consciência crítica
nos educandos, os quais recebem, direta e indiretamente, dados e informações
conceituais e sensitivas, reais e fictícias, referente aos mais variados assuntos
(política, telenovelas, economia dentre outros). Essas informações precisam ser
contextualizadas, problematizadas e reelaboradas com coerência, dentro de uma
nova perspectiva crítica. Esta é a educação para a comunicação.
A criança, antes de chegar à escola, já passou pela educação familiar e
das mídias e continua recebendo diariamente informações muito mais atraentes e de
fácil compreensão. Enquanto as escolas não incorporarem essas novas linguagens
midiáticas em seus projetos pedagógicos pouco conseguirão da atenção e do
interesse de seus alunos.
A escola precisa exercitar as novas linguagens que sensibilizam e motivam
os alunos, e também combinar pesquisas escritas com trabalhos de
dramatização, de entrevista gravada, propondo formatos atuais como um
programa de rádio uma reportagem para um jornal, um vídeo, onde for
possível (MORAN, 2007).
38
Quando se fala em meios de comunicação e tecnologia nos ambientes
escolares, imediatamente encontramos opiniões que divergem. Há aqueles que
julgam necessária e construtiva a presença das mídias no ambiente escolar e
existem outros que acreditam na alienação do indivíduo provocada pela exposição
frequente aos meios de comunicação. Esse pensamento nos remete à divisão
proposta por Umberto Eco (1979) realizou em relação às posições tomadas frente à
evolução dos meios de comunicação e sua entrada na sociedade: apocalípticos e
integrados. Os apocalípticos acreditavam no meio de comunicação como
responsável pela alienação do indivíduo, principalmente por fazer dele um receptor
passivo. os integrados, acreditavam na possibilidade da integração desses meios
de comunicação à vida do indivíduo e apostavam que essa atitude poderia ser
construtiva e enriquecedora.
As escolas, em sua maioria, ainda com uma visão apocalíptica, se
utilizam da tecnologia e dos meios de comunicação com a simples função de auxiliar
o professor na transmissão de conteúdo e com isso tornar a aula mais atraente e
mais moderna. No entanto, a educação continuou engessada e asfixiada.
Mais uma vez as novas tecnologias de comunicação e informação invadem
o âmbito escolar a fim de promover uma evolução no processo pedagógico.
A escola encontrando-se em interação constante com o meio social geral e
atuando sobre o meio envolvente ou dele recebendo estímulos, deve ela, a
escola, manter uma ligação harmoniosa com a sociedade com que se
relaciona, procurando adotar modos de ensinar e aprender mais adequados
à realidade social (DUARTE, BERTOLDI, SCANDELARI, 2001)
Cabe à escola, tornar acessível aos educandos habilidades e
capacidades que estão presentes nos dias de hoje, mediante pedagogias que
envolvam os meios de comunicação na aprendizagem. Professores e alunos
precisam ter seus mundos conectados, desse modo, haverá uma integração de
estratégias cognitivas e emocionais dessas crianças e jovens que vivem em contato
direto com as mídias e as tecnologias digitais.
Educar o educador para essa nova realidade não é uma tarefa simples,
visto que muitos de seus costumes estão arraigados em seu modo de ensinar e
preparar conteúdos, porém, ele pode ser considerado o eixo de mudança nesse
processo; pois deve haver uma comunicação autêntica entre professor e aluno,
pautada em um contexto comunicacional participativo, interativo e vivencial.
39
Os meios de comunicação precisam estar acessíveis ao usuário e o
professor deve fazer o papel de mediador de todo material recebido pelos alunos,
utilizando de metodologia e ferramental para o desenvolvimento de uma leitura
crítica de todos os elementos contidos nas mídias, sejam eles, visuais, auditivos ou
até mesmo audiovisuais.
A contextualização, a significação, a problematização, a busca de
ideologia de cada conteúdo recebido, auxiliarão a formação de sujeitos mais críticos
e menos ingênuos à recepção. Proporcionar experiências por meio da leitura crítica
permite que a criança ou o adolescente adquiram um repertório maior e,
consequentemente, sejam menos receptivos a qualquer informação recebida. A
aproximação da comunicação à educação traz consigo diversas mudanças nas
funções do professor no sistema educacional em vigor na sociedade da informação.
2.4 A Sala de Aula Interativa
O desenvolvimento tecnológico não apenas instrumentalizou maneiras
de fazer educação, mas também ampliou as formas de se comunicar e multiplicou as
maneiras de se ensinar e aprender. As variáveis informação e tecnologia,
comunicação e mídia, educação e aprendizagem, criaram um novo campo de
atuação profissional e de intervenção social despertando interesse de empresas
privadas e de políticas públicas e educacionais.
Essas inovações tecnológicas causaram significativas mudanças no
cotidiano das pessoas e das comunidades. Martín-Barbero (apud SOARES, 2002,
p.19), em sua concepção de ecossistema comunicativo, afirma que as novas
gerações desenvolveram uma relação tão intensa e insubstituível com as
tecnologias que acabaram gerando novas sensibilidades.
O desafio das mediações tecnológicas nos espaços educativos é de
natureza operacional e concentra seus estudos nas tecnologias e no uso de suas
ferramentas nos processos educativos. Os estudos voltam-se às mudanças de
comportamento e do cotidiano de pessoas e grupos sociais que se utilizam dos
processos educativos mediados por tecnologias. Segundo Prieto, apud Soares
40
(2002, p. 20), “o desenho conceitual para introduzir as tecnologias ao serviço da
educação é primordialmente comunicacional”.
Uma das mudanças apontadas nos processos educativos por meio do
uso da tecnologia é a questão da interatividade e interação. O Dicionário Houaiss da
língua portuguesa especifica interação como a “influência mútua de órgãos ou
organismos inter-relacionados [...] comunicação entre pessoas que convivem [...] e o
vocábulo interatividade é definido como a “capacidade de um sistema de
comunicação ou equipamento de possibilitar interação”. A interatividade, portanto,
permite ultrapassar a condição de espectador passivo para a condição de sujeito
operativo.
Soares (2002) identificou em seus estudos e pesquisas pela América
Latina e pelos Estados Unidos algumas preocupações que as experiências com a
virtualidade tecnológica estão gerando na educação. Estas preocupações foram
divididas sob três aspectos distintos, a saber: a mediação tecnológica na educação;
a educação para a comunicação; e a gestão comunicativa.
[...] numa visão mais dialética da presença tecnológica no mundo, diz
respeito à transferência de um modelo de comunicação linear a um modelo
em redes, de comunicação distribuída. E este fato desestabiliza
definitivamente os modos tradicionais de se fazer educação. [...]
especialistas de todo o país, reunidos no Aspen Institute, Colorado,
definiram media literacy ou leitura crítrica da mídia como a habilidade de
acessar, analisar, avaliar e comunicar mensagens numa ampla variedade
de formas, ampliando, pela introdução da perspectiva do uso dos recursos
da informação, o âmbito de ação dos programas da área (SOARES, 2002,
p. 20,22).
Em se tratando do ambiente educacional e suas relações com
computadores, pode-se dizer que as escolas começaram por informatizar seus
processos administrativos e de gestão, partindo num segundo momento para
inserção de um pouco de tecnologia no seu projeto pedagógico. Nos últimos anos
escolas e universidades estão implantando novas tecnologias no seu projeto
pedagógico como a flexibilização parcial do currículo combinando atividades a
distância e presenciais. Porém, o domínio técnico-pedagógico ainda é insuficiente
para se poder realmente inovar os processos de ensino e aprendizagem.
Focando o ensino, mais na aprendizagem do aluno do que no conteúdo
a ser transmitido, de uma maneira construtiva, verifica-se que a publicação da
produção do aluno passa a ser fundamental. Nesse caso, os blogs e os flogs, que
41
permitem a utilização de imagens, sons e vídeos, são excelentes ferramentas
interativas de fácil atualização e participação de terceiros. E para que haja a
interação entre alunos e alunos, e entre alunos e professores, existem as listas, os
fóruns e os chats.
Os professores podem recorrer a vários métodos a fim de tornar o uso
do computador mais inteligente pelos alunos e assim contribuir para a educação
nesse novo formato de tecnologia. Neste sentido, as aulas-informação permitem que
o professor mostre alguns cenários e sínteses, o estado da arte e as coordenadas
de uma questão ou tema. as aulas-pesquisa permitem que professores e alunos
desenvolvam experiências acerca de algum assunto novo. E ainda os alunos,
podem também, criar uma página da turma ou do curso. A criação de um site pelos
alunos, de caráter provisório ou não, possibilita que estes disponibilizem textos, sites
de interesse comum, trabalhos realizados, podendo ser uma página aberta ou
restrita aos alunos e professores.
Existem também os portais de publicação mediados ou abertos. A
Wikipedia.org é um bom endereço de divulgação do conhecimento, pois abriga
milhares de artigos sobre diversos temas em várias línguas, além disso trata-se de
um ótimo exemplo do que seja uma produção social de informações. O professor
precisa fazer uso da busca do conhecimento por meio de outras fontes que não as
tradicionais. A ideia é que o conhecimento possa ser coproduzido e divulgado em
grande escala. O professor também pode criar sua página pessoal aberta ou só para
seus alunos, na qual ele possa divulgar suas ideias e propostas, disponibilizar
materiais e trocar informações.
Estão disponíveis na rede vários programas para criação de ambientes
virtuais para professores e alunos como o Eureka, LearningSpace, WEBCT, Aulanet,
FirstClass, Blackboard e tantos outros que permitem que o professor disponibilize
seu curso, oriente e controle os acessos dos seus alunos, esses criem suas páginas,
desenvolvam pesquisas em grupos, participem de fóruns e chats.
Enfim, a internet pode ser utilizada de diversas maneiras possibilitando
a aprendizagem. O simples fato de se ter acesso à informação de forma gratuita já é
uma maneira de aprender e este é um dos usos mais comuns da rede. Ainda como
recurso educacional a internet possibilita o acesso a vídeos, livros e publicações de
vários temas permitindo a realização de projetos, mais conhecidos como projetos de
colaboração com a participação de diversos alunos de escolas e locais diferentes. E
42
para selar a breve lista de possibilidades, a internet também auxilia na transmissão
de conteúdos por meio de programas específicos que promovem a interação entre
professor e aluno.
O professor do futuro, um educomunicador, não fica mais restrito à aula
expositiva, ele passa a ser um orientador de aprendizagem e gerenciador de
pesquisa ampliando seus horizontes da sala de aula para o ambiente virtual. A
relação de espaço e tempo muda, pois no espaço virtual é possível fazer uma
pergunta agora e ser respondido imediatamente, por meio de mensagens
instantâneas, em minutos ou dias por intermédio do correio eletrônico, estando
professor e aluno frente a frente cada um no seu computador e não
necessariamente no mesmo instante.
A escola do futuro, dentro da nova relação da educação com a
comunicação, tesuas salas adaptadas para que todos possam estar conectados.
As bibliotecas passarão a ser ambientes de pesquisas e a integrar várias mídias e
banco de dados. Todos os cursos passarão a integrar os dulos: presencial e a
distância. As universidades ficarão abertas para o mundo por meio de seus sites.
Trabalhos de alunos e professores poderão ser acessados por qualquer pessoa em
qualquer lugar do mundo e assim avaliados e julgados. O Instituto de Tecnologia de
Massachusetts disponibiliza na rede todo o conteúdo de seus cursos em várias
línguas e as informações antes centradas nas mãos de pequenos grupos, estarão
disponíveis para o enriquecimento pessoal e profissional de todos.
Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e
organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de
aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu
caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento
das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes
permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-
se cidadãos realizados e produtivos (MORAN, 2000).
A sala de aula está deixando de ser um espaço físico limitado por um
tempo e por um determinado conteúdo. A aprendizagem está tornando-se um
processo contínuo, permanente e aberto e o conhecimento não está mais preso nas
mãos dos professores e nos livros didáticos que sempre dominaram o processo de
ensino-aprendizagem.
43
Procura-se realizar a integração de dois espaços presencial e virtual
e uma transição suave entre ambos. O ambiente virtual permite a flexibilidade de
tempo e de espaço para acessá-lo permeados pelas atividades pessoais e
profissionais, além disso, permite desenvolver atividades de pesquisa individual ou
em grupo. Neste mesmo ambiente discutem-se textos, realizam-se comentários em
fóruns ou, em determinados momentos, em chats e salas de bate papo. É possível,
também, tirar dúvidas com o professor sem precisar ir pessoalmente ao encontro do
mesmo. E ainda divulga-se resultados de pesquisas individuais e grupais em algum
espaço da página do curso ou da disciplina.
Com o surgimento e a popularização da internet está acontecendo uma
mudança qualitativa nesse processo de ensino-aprendizagem, pois o acesso à
informação tornou-se irrestrito e a quantidade e diversidade de informações é muito
grande. Desse modo, é preciso ter uma sala de aula mais rica em tecnologias, com
os computadores conectados à internet e com programas específicos para cada
curso.
O ritmo do presencial-virtual depende de muitos fatores. Não se pode
estabelecer a priori um padrão rígido. Cada professor encontrará o seu
ponto ideal de equilíbrio o que dependerá também do grau de maturidade e
cooperação da classe. O importante é estar preparado para uma espécie
de aula-sanfona, que vai do presencial para o virtual e volta para o
presencial de acordo com o ritmo do grupo (MORAN, 2003).
Moran (2000) acredita que um bom e inovador modelo de ensino-
aprendizagem deve integrar o maior número de tecnologias como as telemáticas e
as audiovisuais, com procedimentos metodológicos textuais, orais, musicais, lúdicos
e corporais. A comunicação pode ser presencial e virtual estimulando sempre o
desenvolvimento interpessoal/grupal. É fundamental que o professor desenvolva
uma empatia com os alunos procurando identificar em cada um sua formação, seus
interesses pessoais e suas aspirações para o futuro. Assim, professor e alunos
podem desenvolver juntos, projetos de interesse comum com diretrizes bem
delineadas.
O professor, tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe
a participação dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas simples da
Internet para melhorar a interação presencial-virtual entre todos
(MORAN,
2000).
44
Na realidade, o papel do professor sofre alterações no que diz respeito
às variáveis: espaço, tempo e comunicação com os alunos. O espaço de troca se
estende da sala de aula para o virtual; o tempo de enviar e receber informações se
amplia para qualquer dia da semana; e o processo de comunicação entre ambos se
amplia à medida que conta com sala de aula, internet, e-mail e chat. É uma
combinação de professor convencional, que tem a necessidade de dar uma bela
aula expositiva, com um papel mais destacado de estimulador e de coordenador de
resultados. Esta nova realidade exige muita flexibilidade, atenção, sensibilidade,
intuição e domínio tecnológico.
O professor pode criar sua página na internet ou utilizar de algum
programa de gestão de ensino. Com essa ferramenta o professor tem condições de
acompanhar e gerenciar o programa proposto, disponibilizar material para pesquisa,
responder dúvidas, dar sugestões. Não existe um modelo ideal para ser utilizado,
pois as possibilidades se multiplicam.
Atualmente, existem vários programas virtuais de gestão de curso que
podem ser utilizados pelos professores com o intuito de disponibilizar materiais
didáticos, acompanhar a produção dos alunos, discutir assuntos, responder vidas,
avaliar resultados e várias outras funções voltadas ao ensino. O professor passa de
informador do conteúdo para um orientador de aprendizagem e essa é a grande e
significativa diferença que pode valorizar o ensino.
A PUC de Curitiba utiliza o software Eureka e a PUC do Rio de Janeiro
trabalha com o AulaNet. rios programas voltados para o ensino-aprendizagem
estão sendo utilizados em diversas universidades e corporações, como o
LearnigSpace da Lotus Development Corporation, o WebCT da University of British
Columbia, o FirstClass, o BlackBoard e o Moodle, dentre outros.
Estes programas possuem diversos recursos que permitem que o
professor crie um ambiente virtual para disponibilizar materiais didáticos, lançar
debates sobre determinados temas em salas de chats e fóruns, receber produções
dos alunos, trocar sugestões, responder dúvidas e orientar trabalhos. Existe também
a possibilidade de acompanhar o interesse e a participação dos alunos com
controles estatísticos fornecidos pelo programa.
As tradicionais aulas de exposição do conteúdo pelo professor podem
ser pouco a pouco trocadas por aulas-pesquisa nas quais, quem vai buscar o
conhecimento são os alunos, num constante processo de pesquisa, que pode ser
45
feita individual ou coletivamente, e com o professor desempenhando o papel de
mediador. Os temas fundamentais do curso são trabalhados coletivamente e os
temas secundários são trabalhados mais individualmente ou em pequenos grupos,
mas sempre pesquisados pelos alunos e motivados e coordenados pelo professor.
O professor procura ajudar a contextualizar, a ampliar o universo alcançado
pelos alunos, a problematizar, a descobrir novos significados no conjunto
das informações trazidas. Esse caminho de ida e volta, onde todos se
envolvem, participam - na sala de aula, na lista eletrônica e na home page -
é fascinante, criativo, cheio de novidades e de avanços. O conhecimento
que é elaborado a partir da própria experiência se torna muito mais forte e
definitivo em nós (MORAN, 2000).
Uma boa maneira de se criar e organizar um grupo de estudos é
incentivar a criação de uma página dos alunos. Por meio dessa página o professor
o “start” em um determinado tema e os alunos podem realizar pesquisas,
desenvolver conteúdos, trocar informações, enfim, produzir o seu próprio
conhecimento.
Deve se integrar métodos tradicionais, que são a figura do professor
em sala de aula transmitindo o conteúdo na lousa de maneira expositiva, com as
novas tecnologias, como: internet para pesquisa e busca de exemplos, programas
de multimídia para apresentações, ambiente virtual que permita a troca de
experiência fora do limite tempo e espaço da sala de aula presencial. Cada aluno
participa em seu tempo e à sua maneira colaborando conforme seu conhecimento e
talento, e assim vão avançando conjuntamente nos temas propostos. E cabe ao
professor auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos e incentivar os alunos menos
participativos.
Moran chama esse sistema de ensino-aprendizagem de construção
colaborativa e considera uma ótima maneira de se aprender pesquisando e
construindo passo a passo o próprio conhecimento.
Foi baseada em estudos e preocupações de pesquisadores como
Breno Flesch Franco, Rodrigo S. Primo, Carl Rogers, Paulo Freire, Ismar de Oliveira
Soares, José Manuel Moran, entre outros; e com o futuro da educação frente ao
crescente avanço dos meios de comunicação na nossa sociedade da informação, e
nela inserida a escola, que essa dissertação buscou resposta.
46
Nesta perspectiva, utilizou-se como objeto de pesquisa um programa
de computador ligado em rede que permite a flexibilidade do binômio presencial-
virtual e a ampliação da sala de aula, para analisar até que ponto essa tecnologia
educacional está sendo utilizada visando à interatividade entre professor-aluno no
processo de ensino-aprendizagem.
No próximo capítulo, o leitor acompanhará o desenvolvimento da
pesquisa e suas respectivas análises.
47
3 UNIVERSO DA PESQUISA E SEU DESENVOLVIMENTO
A educação pode e deve utilizar a tecnologia computacional para
melhorar sua qualidade e formar indivíduos capacitados à sociedade da informação,
sociedade esta que procura por um profissional multifacetado. Porém, é preciso
conhecer como essa tecnologia computacional está sendo utilizada nas instituições
educacionais. Se que professores e alunos potencializam a presença da
tecnologia para gerar melhor qualidade e produtividade no aprendizado? Ou será
que o computador somente se faz presente na educação como um acessório que
facilita a transmissão e a coleta de conteúdo e como artefato por meio do qual se
realiza busca de informações, porém, sem as devidas orientações? A colaboração
desta pesquisa é investigar como um programa de computador, uma ferramenta
online, pode ser aproveitado por uma universidade na relação professor-aluno no
que diz respeito ao ensino-aprendizagem.
3.1 Objetivos da Pesquisa
3.1.1 Objetivo geral
Avaliar se a plataforma Moodle tem sido utilizada pelos professores
como uma ferramenta virtual pedagógica ou somente como um facilitador para as
tarefas escolares, e se a plataforma tem auxiliado os alunos a interagir e até mesmo
construir o saber no processo de relação de ensino-aprendizagem.
3.1.2 Objetivos específicos
verificar a frequência de uso do Moodle, por meio de análise da
estatística de acessos ao programa;
48
analisar os recursos do Moodle mais utilizados pelo corpo docente
da Faculdade;
constatar quais são as atividades mais executadas pelos alunos
quando se utilizam do Moodle;
verificar a utilização de fóruns, chats, glossários e questionários do
Moodle como ferramentas de interação professor-aluno e aluno-
aluno.
3.2 Metodologia
O estudo que segue trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa cujos
procedimentos quantitativos e os dados deles derivados, são constitutivos das
análises feitas, e ainda complementados com dados de teor qualitativo.
Sob influência do positivismo, a pesquisa quantitativa é considerada
como investigação objetiva que se baseia em variáveis mensuráveis e proposições
prováveis. Defende a utilização de procedimentos empíricos e o pesquisador deve
manter-se neutro, sem se envolver com o objeto da pesquisa. Segundo Malhotra
(2001, p. 155), “a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplicar
alguma forma de análise estatística”.
A pesquisa qualitativa, descritiva e argumentativa, vem assumindo
certo grau de importância no campo das ciências sociais desde a década de 70.
Busca compreender os significados dos eventos visando respostas para os “por
quê?”, “o quê?” e como?”, geralmente sem a necessidade de informações
estatísticas. A pesquisa qualitativa é considerada essencialmente de campo,
portanto, o pesquisador atua onde se desenvolve o objeto de estudo, analisando
pequenas amostras não necessariamente representativas de uma população, grupo
ou sociedade, procurando entender os fatos, e não mensurá-los. A pesquisa
qualitativa envolve:
(...) estudo que se desenvolve numa situação natural, é rico em dados
descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação
estudada, enfatiza mais o processo do que o produto, se preocupa em
retratar a perspectiva dos participantes, tem um plano aberto e flexível e
focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada. (ARAÚJO e
OLIVEIRA (1997, p. 11)
49
A fim de que a presente dissertação pudesse cumprir os objetivos
específicos propostos, inicialmente foi realizado um estudo exploratório que teve
“como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema” (GIL, 1991, p. 45).
A pesquisa exploratória auxiliou na construção de hipóteses ao se utilizar o
levantamento bibliográfico e documental, visando ao aprimoramento das ideias e até
mesmo à descoberta de novas intuições.
Ainda nessa fase exploratória, foi feita a revisão de literatura a fim de
observar algumas questões e pontos críticos relacionados ao que foi publicado, e
também avaliar sua relevância e o nível em que se encontram os estudos na área do
tema escolhido. Nesse percurso, recorreu-se principalmente a autores que
pesquisam sobre as possibilidades que se abrem com o uso das tecnologias de
comunicação e informação, entre eles José Manuel Moran, um dos especialistas
brasileiros no uso da internet em sala de aula.
Em busca de uma identificação mais ampla para o assunto a ser
abordado, o presente trabalho também recorreu a livros de literatura educacional,
publicações periódicas e artigos que apresentavam como assunto principal o que se
pretendia articular no interior desta pesquisa que era descobrir qual a relação
intrínseca entre educação e comunicação, e entre educação e novas tecnologias da
informação. Para este fim, Cervo e Bervian (1983, p. 48) afirmam que: “a pesquisa
bibliográfica é meio de formação por excelência”.
Após a pesquisa bibliográfica, essencial para a fundamentação teórica,
realizou-se o procedimento de coleta de dados por meio da análise documental de
relatórios gerenciais cedidos pela universidade. Estes relatórios apresentaram
informações que foram compiladas para que o pesquisador atuasse de acordo com
os objetivos propostos na pesquisa. Os relatórios apresentam dados estatísticos de
acesso à plataforma Moodle por professores e alunos e, com base nestes, foram
analisadas as relações que acontecem entre docentes e alunos no interior desse
sistema virtual de aprendizagem.
O objeto de estudo escolhido consiste em um ambiente virtual de
auxílio à aprendizagem chamado Moodle, que é uma ferramenta de código aberto
destinada a gerenciar o aprendizado de grupos de alunos via web.
Foi escolhida uma Faculdade de Informática do interior do Estado de
São Paulo, composta por três cursos: Bacharel em Ciências da Computação,
Bacharel em Sistemas de Informação e Tecnólogo em Sistemas para Internet.
50
Nestes cursos, docentes e alunos acessam e utilizam com freqϋência a plataforma
Moodle, que nesta Universidade é nomeada “Aprender”. O universo da pesquisa foi
composto, no segundo semestre de 2007, por 46 docentes, 575 alunos e 144
disciplinas pertencentes aos três cursos citados. No primeiro semestre de 2008 o
universo foi composto por 45 docentes, 605 alunos e as mesmas 144 disciplinas. O
número médio de alunos e professores acessando a plataforma Moodle durante
esse período foi igual a 590 e 45 respectivamente, e 144 disciplinas lecionadas em
média.
A coleta de dados foi realizada nos períodos do segundo semestre de
2007 e o primeiro semestre de 2008, mais precisamente entre os dias 27 de agosto
de 2007 e 24 de agosto de 2008, compreendendo um total de 364 dias ou 52
semanas. Foram destacados, nos relatórios, os dias letivos, as férias e as datas de
verificação de aproveitamento escolar para que se aprofundasse a análise. Quanto
ao período de recesso no final do semestre de 2007, este se iniciou
(desconsiderando-se os dias de exames) no dia 16 de dezembro de 2007 e terminou
no dia 6 de fevereiro de 2008. O período de recesso no final do primeiro bimestre de
2008 teve início em de julho e término em 31 de julho de 2008. As avaliações do
terceiro bimestre de 2007 aconteceram na segunda quinzena de setembro e as
avaliações do quarto bimestre ocorreram na última semana de novembro e na
primeira de dezembro. As provas do primeiro bimestre de 2008 realizaram-se na
segunda quinzena de abril e as do segundo bimestre na segunda quinzena de junho.
Foram realizados estudos referentes ao tipo de acesso no Aprender, ou
seja, quais os tipos de recursos que alunos e professores mais exploram diante
daqueles ofertados pela plataforma em questão. Foram feitas, também,
comparações entre a quantidade média de alunos utilizando o Aprender e o número
de disciplinas cadastradas, durante o período em estudo.
Além disso, foram realizados levantamentos de informações quanto
aos acessos diários ao Aprender, possibilitando um estudo mais detalhado dos
acessos em decorrência da proximidade dos períodos de avaliações bimestrais.
Neste caso, foi possível identificar o comportamento da quantidade de acessos em
cada um dos sete dias da semana e também, entre diferentes períodos tomando-se,
basicamente, como referência o período de avaliações. Para isso, as quantidades
diárias de acesso foram classificadas de acordo com o respectivo dia do s, em 8
faixas distintas, assim denominadas: Aulas normais (N), Final de semana normal
51
(FN), Dia de prova (NP), Final de semana de prova (FP), Aula normal em período
que antecede em até 1 semana o período de provas (N1), Final de semana em
período que antecede em a1 semana o período de provas (FN1), Aula normal em
período que sucede em até 1 semana o período de provas (N2), Final de semana
em período que sucede em até 1 semana o período de provas (FN2).
Para analisar a diferença entre as quantidades médias de acesso ao
Aprender em função da proximidade do período de avaliações, foi utilizado o teste t-
student para comparação entre médias, considerando-se o nível de significância
igual a 5%, possibilitando identificar, ao nível de 95% de confiança, os períodos em
que a quantidade de acessos varia significativamente.
Para realizar as análises das respostas foram utilizados o Microsoft
Excel, e os softwares BioEstat e Sphinx
.
A fim de que os dados coletados em relatório pudessem ser
analisados, optou-se por separar em três categorias distintas os vários recursos que
o Moodle disponibiliza na web. Alguns destes recursos são ferramentas essenciais
para que o professor crie, organize e estruture o curso proposto; tais recursos
incluem: cadastramento do curso, tutores, alunos e grupos, publicação de avisos,
construção do calendário do curso e inserção de materiais. Outras ferramentas, de
utilização exclusiva do professor, são as de gerenciamento, que permitem
administrar a vivência virtual do aluno, podendo obter dados de frequência, acessos,
notas e outras funções. Todos estes recursos possibilitam que o professor gerencie
totalmente o seu curso com ferramentas de trabalho e controle. A vantagem da
informática é que as opções de administração e controle são maiores, mais eficazes
e podem ser realizadas numa velocidade maior do que as de trabalho manual. Esses
recursos foram classificados na categoria “Administrativa”.
A segunda categoria determinada por esta pesquisa foi denominada de
“Interação”. Esta categoria contém recursos que permitem que se desenvolva uma
relação entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor, bem como uma
relação professor/professor. São recursos como calendário, agenda, chats, fóruns,
exercícios, glossários, lições, avaliações, testes e tantas outras atividades que
possibilitam tanto ao aluno quanto ao professor a troca de informações e a interação
online ou offline, permitindo a realização das atividades com flexibilidade de tempo,
de diferentes maneiras e cada um ao seu modo. Essa nova maneira de se lidar com
o ensino tem mudado a dinâmica de realização de tarefas, deixando os alunos mais
52
livres para decidirem quando, onde e de que forma eles querem trabalhar. Portanto,
as questões tempo, espaço e material perdem os limites até então impostos pelo
sistema tradicional de ensino. Procurou-se nesta pesquisa avaliar até que ponto as
questões relativas à interatividade estão sendo modificadas.
Os alunos têm no Moodle um espaço para criação de um Glossário do
curso. Nele os alunos podem construir colaborativamente um dicionário contendo os
termos técnicos do curso. Há, também, o recurso Portfólio que consiste num
ambiente para postagem de todos os conteúdos utilizados por cada aluno ou por
todos os alunos do curso. Outro recurso é o Workshop, que é um sistema de
avaliação com comentários dos participantes para as atividades dos demais
integrantes do curso. A construção de Home pages da turma ou do curso e os Wikis
são dois dos melhores indicadores, no caso de um grupo de alunos está buscando,
por seus próprios caminhos, construir seu próprio aprendizado. Pode ser avaliada,
também, a quantidade de produção com base nesses recursos considerados
adequados para construções.
Estes recursos da plataforma Moodle permitem ao aluno a construção
do aprendizado e para esse tipo de ação, utilizou-se a nomenclatura de categoria
“Construção”.
3.3 A Plataforma Moodle
O Moodle é um programa para computadores que tem a finalidade de
auxiliar professores e educadores a criar e construir seus cursos e disciplinas e
disponibilizá-los online para suas turmas ou grupos de alunos.
Modular Object Oriented Distance Learning, o Moodle, é um software
de educação via internet que auxilia professores a criarem grupos de aprendizagem.
Ele também pode ser chamado de Sistema de Gerenciamento de Aprendizado
(SGA), Sistema de Gerenciamento de Cursos (SGC) ou Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA). Trata-se de um software de fonte aberta (Open Source
Software), isto significa que ele pode ser instalado, utilizado, modificado e até
distribuído gratuitamente em várias plataformas, como por exemplo, Linux, Windows,
Mac OS, Unix e outros sistemas.
53
O Moodlle é uma ferramenta que auxilia professores a assumir uma
postura diferente da de transmissor do conhecimento, auxiliando os alunos a
desenvolver pesquisa e discutir temas pré-definidos, assumindo papéis de
moderadores, mediadores e até de influenciadores do novo conhecimento produzido
coletivamente e de forma colaborativa.
Um professor pode ter controle total sobre as configurações de um
curso. Na criação e elaboração do curso, podem ser escolhidos três formatos de
andamento: curso controlado por semana, com datas específicas de início e fim,
cada semana engloba determinadas atividades; curso controlado por tópicos de
estudo, vinculado por assunto e sem limite de tempo; ou curso aberto, focado em
discussões entre os participantes. Este formato é orientado por um fórum principal, o
Fórum Social. É aplicável para conteúdos ou situações que exigem um formato mais
livre, aberto, e não necessariamente precisam ser cursos, mas espaços para
debates, fechamento de ideias onde podem ser agregadas várias funcionalidades
como chats, enquetes, pesquisas, workshops etc.
O Moodle foi criado com forte embasamento no construcionismo de
Seymour Papert que, adaptando os princípios do construtivismo de Piaget, utiliza a
tecnologia dos computadores para auxiliar nos processos da construção do
conhecimento. O construtivismo sustenta que o indivíduo adquire novos
conhecimentos quando estes têm conexão com o ambiente vivido ou consegue
relacioná-los com experiências vivenciadas, passando a fazer sentido.
Papert (1997) afirma que um indivíduo não tem a mesma compreensão
de um fato se não o vivenciou. Por exemplo, ler simplesmente um texto gera uma
compreensão e assimilação inferior a interpretá-lo e expô-lo oralmente com suas
palavras, elaborar uma carta ou e-mail, confeccionar de uma obra de arte, construir
uma casa ou um software. Valendo-se da tese de Papert, entende-se por
construcionismo a forma de aprendizagem em que o conhecimento é construído por
um ou mais indivíduos e pode ser explorado por muitos.
É na universalidade de aplicações do computador e na sua capacidade
de simular modelos mecânicos que podem ser programados até por crianças, que
reside sua potencialidade em favorecer o processo de evolução cognitiva da criança.
A filosofia do Moodle surge do conceito de construcionismo que
compreende um grupo de pessoas construindo colaborativamente algum tipo de
cultura de coisas compartilhadas, com significados compartilhados em que esse
54
grupo e outros grupos estejam aprendendo constantemente com essa cultura
construída.
O Construcionismo também possui a conotação de conjunto de
construção”, iniciando com conjuntos no sentido literal, como o Lego, e
ampliando-se para incluir linguagens de programação consideradas como
“conjuntos” a partir dos quais programas podem ser feitos, a cozinha
como “conjuntos” com os quais não apenas tortas, mas receitas e formas
de Matemática-em-uso são construídas (PAPERT, 1994, p. 127)
Três tipos de comportamentos são percebidos na construção de algum
trabalho ou proposta, são eles: o comportamento separado, é aquele em que o
indivíduo se mantém firme em busca de seu objetivo com suas próprias propostas e
tenta se opor às ideias dos seus oponentes, ou seja, acredita seguir sozinho sem
algum tipo de intervenção ou colaboração; o comportamento conectado, quando o
indivíduo busca sempre o ponto de vista do outro numa abordagem mais empática; e
o comportamento construído, em que o indivíduo consegue trabalhar os dois lados,
ponderando ideias próprias com as dos outros colaboradores.
Essa é a proposta do Moodle, tornar a aprendizagem algo estimulante
e equilibrado, da qual todos participem colaborando, conforme suas experiências e
motivações, construindo e aprendendo juntos, opinando e examinando outras visões
num mesmo objetivo proposto pelo curso. O aluno passa a ser autor e coautor do
conhecimento deixando de ser apenas um receptor passivo de conceitos prontos.
A seguir, apresenta-se um resumo das principais funcionalidades da
plataforma Moodle, dividido por módulos com breves explicações de suas
aplicabilidades.
Módulo Administração
55
FIGURA 1: Imagem da página de Funcionalidades do Aprender
Ao iniciar um curso, no menu administrativo, o professor pode
configurar o modelo do curso que ministrará começando pelo nome do curso,
criando um código para o curso e fazendo uma breve apresentação. Depois ele deve
formatar o curso definindo datas de início e fim e validade da inscrição dos
participantes, criando código de inscrição, estabelecendo a duração do curso ou dos
tópicos, criando grupos, limitando ou não o acesso de visitantes. O professor
também tem como editar notícias, mostrar as notas dos alunos e relatório de
atividades, definir tamanho máximo para upload. É possível também definir, por meio
de uma busca, os professores auxiliares, agregando-lhes ordem de importância,
papel e permissão de edição, além de remoção.
Em Alunos, o professor tem a possibilidade de dividir a turma em
grupos e obter informações sobre os dados dos alunos cadastrados.
No item Perfil, o professor edita o seu perfil de usuário e algumas
configurações de mensagens do curso, define em qual e-mail receberá as
mensagens do fórum, faz uma descrição pessoal, troca foto e adiciona dados de
mensageiros instantâneos. Tem controle do que é novo no fórum e acesso ao
relatório de atividades.
56
Pelo Backup o professor pode guardar a cópia de todas as
informações, tarefas e alunos do curso. Com a ferramenta Restore ele pode
restaurar a última pia do backup do curso. Também é possível importar dados de
outros cursos para o seu.
Em Escalas, o professor define critérios de avaliação a serem utilizados
durante o curso e pode associá-las às notas das tarefas.
Em Notas, o professor define os critérios de notas adotados, configura
as preferências, define as categorias de notas adotadas e configura o peso das
notas.
O item Logs permite ao professor saber os acessos dos alunos em um
determinado período do curso.
Edição
O menu “Arquivos” permite ao professor armazenar backups e todos os
arquivos necessários referentes ao curso onde os alunos tenham acesso para fazer
o download e postagem de arquivos.
“Fórum dos Tutores” é um fórum particular para troca de informações
entre professores, no caso do curso possuir mais de um professor ou tutor.
O módulo “Atividades” tem como função principal organizar todas as
atividades postadas pelo professor, agrupando-as por itens.
O módulo de “Busca” serve para procurar por uma palavra-chave
postada em algum dos forúns que estão em aberto.
Outro módulo que pode ser adicionado à página principal é “Últimas
Notícias”, que funciona como um fórum e serve para publicação de avisos.
O módulo “Calendário” serve para a condução do curso uma vez que o
mesmo tenha várias atividades com datas.
57
FIGURA 2: Imagem da página de Materiais e Fórum do Aprender
Acrescentar Recursos
No módulo “Adicionar Materiais” a opção “Glossário do Curso” onde
o professor cria um dicionário de palavras mais técnicas que o aluno pode vir a
encontrar no curso. Muito útil quando os alunos têm permissão de adicionar
vocábulos a esse dicionário, tornando-o mais rico.
Por ser um ambiente baseado na web, o Moodle possui características
de um editor HTML, no qual pode se escrever um texto simples ou, então, algo mais
sofisticado com link para imagens, arquivos, sites. Outro detalhe interessante do
Moodle é que ele trabalha com smilies, o que permite que, tanto os alunos quanto os
professores possam expressar emoções por meio de imagens predefinidas no
ambiente. Um facilitador muito útil na criação de uma página de texto simples é o
fato de o professor poder digitar apenas o endereço de um site. O Moodle fará o link
para página referenciada que será aberta em outra janela.
O Moodle permite o uso de mídias como MP3, Flash, filmes
(QuickTime) etc. para maior interação na apresentação.
58
FIGURA 03:
Imagem da página de Tarefas, Questionários e Chats do Aprender
No menu “Adicionar Atividades” o professor começa a interagir com os alunos
do curso por meio da criação de atividades, fóruns, agendas, lista de
presença, exercícios, glossários, calendários etc.
O “Hot Potatoes” é um programa que permite criar seis tipos de exercícios
interativos. O Quadro de “Avisos” serve para que o professor publique e envie
uma informação do curso. O “Chat” é uma sala de discussão criada pelo
professor para os participantes do curso.
A atividade “Diálogo” permite ao professor interagir separadamente com um
grupo ou com todos os participantes do curso. Funciona de forma semelhante
ao chat, mas não há a obrigatoriedade do aluno acessar em determinado
horário para a conversação.
O “Diário” permite que o professor converse separadamente com o aluno e
que o mesmo relate suas experiências progressivamente.
A “Atividade de Escolha” funciona como uma enquete. O professor elabora
uma pergunta com diversas opções de resposta.
59
A “Atividade de Exercício” auxilia o professor a publicar uma proposta em
Word ou formato HTML, e os grupos a fazer análises e avaliações.
O “Fórum” é um espaço de discussão no qual, geralmente, é colocada uma
questão ou uma opinião, permitindo a troca de informações entre aluno e
professor, professor e professor e aluno e aluno. O “Fórum” pode ser
configurado para que cada aluno abra um tópico, mas que possam responder
inúmeras vezes a qualquer um. Esse módulo pode ser usado para que cada
aluno se torne um professor de sua atividade assumindo a explicação de um
determinado fórum. No “Fórum Geral”, os alunos podem abrir quantos tópicos
julgarem necessários. É um módulo aberto para que todos possam responder
e criar novos itens. Na “Discussão Simples” o professor abre um debate em
que todos podem intervir ora como aluno, ora como professor, mas sobre um
único tema.
O “Livro” é um material de estudo com várias páginas.
O módulo “Lição” permite ao professor inserir um conteúdo flexível no curso.
O formato GIFT foi projetado para representar um método cil de escrever
questões em um arquivo texto. O formato Aiken é uma maneira simples de
criar questões de múltipla escolha.
O módulo “Objects” permite ao professor usar objetos e aprendizagem
criados para ilustrar uma determinada atividade. Pode ser, por exemplo, criar
decisões matemáticas e quebra-cabeças com triângulos.
60
FIGURA 04:
Imagem da página de Lição, SCORMS, Glossários e Pesquisas do
Aprender
O módulo “Pesquisa de Avaliação” permite ao professor criar um questionário
de avaliação do curso. Exitem vários tipos de pesquisas de avaliação. A
ATTLS é um tipo de pesquisa para medir o aprendizado online e offline do
aluno. A pesquisa “COLLES” é dividida em três grupos, cada uma relativa a
um tipo de avaliação referente à experiência e expectativas: Pesquisa de
Relevância: perguntas referentes à aprendizagem do aluno; Pesquisa de
Reflexão Crítica: perguntas críticas sobre a forma como se aprende; Pesquisa
de Interação: como os alunos interagem com os companheiros do curso;
Pesquisa de Apoio dos Tutores: perguntas de forma simplificada referentes ao
ensino do professor e o nível de entendimento do aluno; Pesquisa de Apoio
dos colegas: parte das perguntas com relação à interação dos demais
participantes do curso; Pesquisa de Compreensão: perguntas referentes ao
nível de assimilação de conteúdo obtido pelo aluno.
O módulo “Portfólio” é uma área na qual o professor cria um ambiente para
que os alunos postem diversos conteúdos, submetendo-os a apreciação da
turma.
61
O módulo “Presença” permite ao professor registrar a presença do aluno em
uma atividade online ou offline.
O módulo “Questionário” permite ao professor criar um banco de questões
que pode ser reutilizado em outros questionários. As “Questões de Múltipla
Escolha” podem se dividir em dois modos: resposta única ou resposta
múltipla. Toda questão tem uma mensagem de retorno, o feedback, podendo
ser padrão ou personalizada para auxiliar o aluno. As questões de “Resposta
Breve“ são sensíveis a letras maiúsculas e minúsculas. As Questões de
“Resposta Numérica” tem como valor final um valor numérico. As Questões
de “Associação” permitem ao professor elaborar uma questão que será
embaralhada automaticamente. As Questões de “Descrição” não são
necessariamente questões, e sim apenas um texto explicativo de um
questionário, servindo de referência para as questões. As “Questões
Aleatórias” apresentam questões subordinadas e diversas respostas.
Questões Dissertativas permite ao aluno dar uma resposta por meio de
dissertação. O Questionário (phpESP) permite a criação de um questionário
de pesquisa complexa com resultados em tempo real. Esse modelo de
questionário permite que seja definido se a pessoa deve ou não ser
identificada ao responder as questões.
Os Scorm nada mais são do que objetos de aprendizagem que podem ser
transportados de um curso para outro sem perder suas características.
A “Tarefa” permite ao professor gerar uma avaliação do aluno por meio do
envio de um arquivo, um texto online ou mesmo offline, no qual o professor
coloca a explicação de um exercício feito pela turma. A partir do arquivo
postado, o professor pode realizar uma avaliação e escrever uma mensagem
de resposta (feedback), além de atribuir nota a essa tarefa. A “Tarefa de
Texto online” permite ao aluno digitar a tarefa diretamente no Moodle,
utilizando o mesmo editor do professor. A “Tarefa Offline” permite ao
professor disponibilizar os resultados de uma avaliação realizada em sala
com os seus comentários. A tarefa offline, na verdade, é apenas uma área na
qual o professor pode postar a resolução de um problema para os alunos sem
a intervenção dos mesmos.
“Test of Unconscious Identificationé uma função que permite ao professor
62
elaborar um teste psicológico de forma interativa, em Flash, para os alunos. O
Trabalho com revisão, “Workshop”, permite que seja criado um sistema de
avaliação. Os participantes avaliam as atividades dos demais integrantes do
curso, permitindo que realizem comentários sobre a atividade e o envio de
anexos.
Existem cinco tipos de estratégia de avaliação: “Nenhuma avaliação”: o
professor não terá o resultado das avaliações; “Avaliação acumulativa”: faz
com que o trabalho seja dividido em partes avaliadas uma a uma; “Erro
relacionado”: permite apenas atribuir sim ou não para as partes do trabalho;
“Critério”: o professor estabelece um tipo de escala de notas para que os
alunos façam suas escolhas; “Rubrica”: semelhante ao critério, o professor
cria comentários sobre cada uma das partes do trabalho e o aluno escolhe o
comentário que considera mais adequado para cada parte.
A “Videoconferência” é nada mais que uma sala de bate-papo por meio do
Moodle e o NetMeeting da Microsoft. Quando o usuário está logado, ele pode
ver a lista de pessoas e clicar para interagir com quem estiver online.
A atividade de “Wiki” cria uma forma de interação colaborativa entre alunos e
professor, permitindo a construção coletiva de uma determinada informação,
criando desta forma, uma verdadeira enciclopédia colaborativa. Um wiki é
uma metodologia muito simples para criação e elaboração cooperativa de um
hipertexto. Wikis podem ser utilizados de várias formas para auxiliar em
processos de aprendizagem. O professor pode enviar alguns termos chave
para que os alunos possam desenvolvê-los na edição de texto, os alunos
podem trabalhar em grupos, editando textos de forma colaborativa, podem
adicionar nos wikis os resultados de pesquisas realizadas, compartilhando-as
com os participantes e também um wiki pode ser usado como portfólio
mostrando a evolução de um projeto.
63
FIGURA 05: Imagem da página de Wiki, HOTPOT, Pesquisa de Avaliação e
Módulos Opcionais
64
4 DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS
Primeiramente foi feita uma análise quantitativa dos dados utilizando-se
de três cursos de uma universidade do interior paulista, a saber: um curso diurno e
dois cursos noturnos; respectivamente, Bacharel em Ciências da Computação
(Curso 1), Bacharel em Sistemas de Informação (Curso 2) e Superior de Tecnologia
em Sistemas para Internet (Curso 3). A coleta dos dados compreendeu os períodos
do segundo semestre de 2007 e do primeiro semestre de 2008, totalizando um ano.
Os dados coletados para análise foram cedidos pela universidade sob
a forma de relatório gerencial. Este relatório, gerado pelo próprio Aprender, é
disponibilizado apenas para o gerenciador do sistema, trata-se de um recurso
estatístico que fornece dados de acessos por período e por recursos. As
informações foram geradas em dois formatos; datas em um determinado período e
quantidade de acesso total por data, datas em um determinado período e
quantidade de acessos por recursos por data.
Com todos os dados tabulados, foi possível formatar vários gráficos.
Cada gráfico forneceu números sob diferentes óticas que foram, pouco a pouco,
revelando o que se pretendia descobrir com essa pesquisa, ou seja, qual a relação
ensino-aprendizagem que está havendo com a utilização do Aprender em uma
universidade.
Os primeiros gráficos quantificam e relacionam cursos, alunos,
professores e disciplinas. Depois, encontram-se os gráficos que quantificam os tipos
de atividades mais utilizadas por professores e alunos, por meio dos quais foi
possível interpretar qual seria o perfil de utilização do Aprender, se ele está sendo
utilizado com fins pedagógicos motivando a interação e até mesmo a construção do
conhecimento, ou apenas auxilia na realização de tarefas de simples consultas.
Outros gráficos mostram o perfil de utilização do Aprender no decorrer do período,
quais os dias da semana que ocorrem o maior número de acessos, como o aluno se
comporta nas semanas de aulas normais, nas semanas de provas e naquelas
semanas que antecedem e são posteriores às provas.
Seguem abaixo os gráficos e suas análises:
65
QUADRO 1 – Quantidade de disciplinas cadastradas no Aprender
C
urso 1
Bacharelado em
Ciência da Computação
Curso 2
Bacharelado em
Sistemas de Informação
Curso 3
Superior
d
e
Tecnologia em Sistemas para Internet (Web)
2007/2 e
2008/1
Curso
Quantidade de d
isciplinas cadastradas no Aprender
%
Curso 1
63 43,8%
Cu
rso 2
52 36,1%
Curso 3
29 20,1%
Total*
144
100,0%
A quantidade de disciplinas cadastradas no Aprender para o curso
diurno, Bacharelado em Ciências da Computação, foi de 63 e para os cursos
noturnos, Bacharelado em Sistemas de Informação e Superior de Tecnologia em
Sistemas para Internet, foi de 52 e 29, totalizando 144 disciplinas. Nota-se que o
curso diurno mostra boa superioridade na quantidade de disciplinas cadastradas em
relação aos cursos noturnos. Acredita-se que os alunos do curso diurno cobrem
mais do professor o cadastramento da disciplina para facilitar o acesso ao material
didático, visto que geralmente esse aluno tem mais tempo para acessar a internet e
usufruir desse tipo de recurso. De acordo com Moran (2000):
O professor, tendo uma visão pedagógica inovadora, aberta, que
pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas
simples da Internet para melhorar a interação presencial-virtual entre todos.
66
GRÁFICO 1 – Quantidade de alunos matriculados nos cursos
Quantidade de Alunos Matriculados - 2007/2
102
295
178
0 50 100 150 200 250 300 350
Curso 1
Curso 2
Curso 3
Quantidade de Alunos Matriculados - 2008/1
118
304
183
0 50 100 150 200 250 300 350
Curso 1
Curso 2
Curso 3
O gráfico 1 mostra que a média de alunos matriculados no curso diurno
foi de 110 e nos cursos noturnos foi de 300 e 180, totalizando 590 alunos. O curso
diurno é o que tem a menor quantidade de alunos cadastrados em relação aos
cursos noturnos. Isso se deve ao fato de que a maioria dos alunos do curso superior
da faculdade pesquisada estuda à noite para poder trabalhar durante o dia, uma
realidade cada vez mais frequente no Brasil.
Os cursos diurnos hoje são considerados um luxo acessível apenas às
classes mais altas da sociedade. Indivíduos das classes menos favorecidas
67
trabalham muito e a cada dia mais pessoas trabalham, passam cada vez mais horas
no trânsito e o tempo está cada dia mais escasso. Por isso as escolas devem
aumentar a carga de conteúdos midiáticos via internet.
Citelli (2004) vislumbrava um maior envolvimento de todos nos
processos comunicativos:
Os reajustes pelos quais as instituições educativas terão de passar não
poderão prescindir de uma análise sobre os envolvimentos dos sistemas e
processos comunicativos na vida dos alunos, professores, diretores e
assistentes pedagógicos, educacionais, etc. A escola continuará, para se
fazer uso de uma redundância formal, mas com carga ampliadora, sendo
escola, portanto, lócus de sistematização e, sobretudo, produção de saber.
GRÁFICO 2 – Quantidade de professores lecionando nos cursos
Quantidade de Professores - 2007/2
27
40
33
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Curso 1
Curso 2
Curso 3
68
Quantidade de Professores - 2008/1
28
43
32
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Curso 1
Curso 2
Curso 3
Nota-se no gráfico acima que os professores do curso diurno são os
que têm mais disciplinas cadastradas no Aprender, são 63 disciplinas para apenas
28 professores, 2,25 disciplinas para cada professor. Nos cursos noturnos 81
disciplinas para 75 professores, 1,08 disciplinas para cada professor.
Encontramos no discurso de Moran (2000) o seguinte pensamento:
O conceito de curso, de aula também muda. Hoje entendemos por aula um
espaço e tempo determinados. Esse tempo e espaço cada vez serão mais
flexíveis. O professor continua "dando aula" quando está disponível para
receber e responder mensagens dos alunos, quando cria uma lista de
discussão e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas da
Internet, fora do horário específico da sua aula. uma possibilidade cada
vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e
espaços diferentes, quando tanto professores quanto os alunos estão
motivados e entendem a aula como pesquisa e intercâmbio,
supervisionados, animados, incentivados pelo professor.
Porém, esta pode ser a realidade de faculdades blicas que exigem
do seu corpo docente dedicação exclusiva em tempo integral. Em faculdades
privadas encontramos uma esmagadora maioria de professores que trabalham o dia
todo em suas “verdadeiras” profissões, investindo no terceiro turno noturno como
professores apenas para complementar a renda familiar. Esse tipo de profissional
não tem tempo, disponibilidade e nem energia para ficar online fora do seu horário
de aula interagindo com os alunos ou dedicar tempo extra na elaboração e
69
alimentação de conteúdos. Talvez isso justifique que o índice de 1,08 disciplinas
cadastradas por professor dos cursos noturnos seja menos da metade dos 2,25 dos
professores do curso diurno.
GRÁFICO 3
GRÁFICO 3GRÁFICO 3
GRÁFICO 3
Relação de alunos por
Relação de alunos porRelação de alunos por
Relação de alunos por
disciplinas cadastradas no Aprender
disciplinas cadastradas no Aprenderdisciplinas cadastradas no Aprender
disciplinas cadastradas no Aprender
Comparão - Matrículas X Disciplinas Cadastradas
19,5%
50,2%
30,2%
43,8%
36,1%
20,1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Curso 1 Curso 2 Curso 3
Alunos Matriculados Disciplinas Cadastradas
Relacionando-se as informações do gráfico 3, comparou-se entre os
três cursos, qual a quantidade de alunos para cada disciplina. Uma análise empírica
desses dados permite-se perceber um melhor aproveitamento no Curso 1 (diurno),
que obteve uma relação de 110 alunos e 63 disciplinas ou 1,7 aluno para cada
disciplina cadastrada no Aprender, enquanto que o Curso 2 (noturno) obteve a
relação de 300 alunos e 52 disciplinas ou 5,8 alunos por disciplina e o Curso 3
(noturno) obteve a relação de 180 alunos e 29 disciplinas ou 6,2 alunos por
disciplina.
70
QUADRO 2 – Tipos de atividades desenvolvidas
Tipos de Atividades Des
envolvidas
Quantidade
Chats 29
Conversações 222
Fóruns 916
Conversações 1555
Glossários 4
Participações 0
Pesquisas de Opinião 6
Respostas 236
Agendamentos no Calendário 2534
Mensagens dos Usuários 42026
Mensagens Enviadas 2244
Mensagens Recebidas 2302
Questões 826
Questionários 73
Respostas por usuário 642
Documentos Disponibilizados 1770
Wiki 5
Páginas de Wiki 29
Total
55419
A análise do quadro 2 mostra 18 itens listados pelo Aprender que foram
utilizados durante o período de um ano analisado. Desses 18 itens listados apenas 9
são considerados recursos, os demais itens são decorrentes desses recursos. Por
exemplo: os dois primeiros recursos do quadro acima, chats e conversações, “chats”
é um recurso e “conversações” é um recurso recorrente de “chats”.
Então, seguem os 9 recursos acompanhados de seus recorrentes:
chats/conversações, fóruns/conversações, glossários/participações, pesquisas de
opinião/respostas, mensagens dos usuários/enviadas/recebidas, agendamento no
71
calendário, questionários/questões/respostas, documentos disponibilizados e
wiki/páginas de wiki.
Para facilitar a leitura desse quadro, os dados foram separados em
dois quadros que seguem abaixo. No quadro 3 encontram-se os recursos que são
postados somente pelos professores e no quadro 4 estão os recursos recorrentes
que são utilizados pelos alunos.
QUADRO 3 – Atividades postadas por Professores
Tipos de Atividades Desenvolvidas
Quantidade
Chats 29
Fóruns 916
Glossários 4
Pesquisas de Opinião 6
Agendamentos no Calendário 2534
Questões 826
Questionários 73
Documentos Disponibilizados 1770
Wiki 5
Páginas de Wiki 29
Total
6192
QUADRO 4 – Atividades desenvolvidas por Alunos
Tipos de Atividades Desenvolvidas
Quantidade
Conversações em Chat 222
Conversações em Fóruns 1555
Participações em Glossários 0
Respostas de Pesquisa de Opinião 236
Respostas por usuário a Questionários 642
Total 2655
72
Foram abertas 29 salas de chat pelos professores com 222
participações dos alunos. Considerou-se a quantidade de salas de chats abertas no
período pesquisado como muito baixa e amesmo insignificante em relação ao
número de alunos e disciplinas cadastradas. As salas de chats poderiam ser
utilizadas para que os alunos discutissem online algum assunto de sala de aula
proposto pelo professor. Para isso, seria necessária uma renovação da prática
escolar, já sugerida por Moran (2003):
A educação online está em seus primórdios e sua interferência se fará
notar cada vez mais em todas as dimensões e veis de ensino. Com o
avanço da telemática, a rapidez da comunicação por redes e a facilidade
próxima de ver-nos interagir a distancia, a educação online ocupará um
espaço central na pedagogia dos próximos anos.
os Fóruns, apresentam um número bem maior, 916 postagens com
1555 participações de alunos e, por esse motivo, despertaram-nos a curiosidade de
um aprofundamento da investigação. Assim, em uma conversa informal com o
gerenciador do Aprender, da faculdade estudada, descobriu-se que os Fóruns são
utilizados por muitos professores, em diversos casos, como um painel de recados,
pelo fato deste recurso tem um caminho mais rápido e prático para ser acessado,
facilitando assim a navegação pelo professor. Essa informação não pode ser
quantificada, mesmo assim, derruba a ideia proposta por esta pesquisa de que os
Fóruns, que são espaços abertos para se discutir temas específicos das disciplinas,
apresentavam um número relevante de utilização. não podemos afirmar isso,
caso fosse verdade, poderíamos pensar que a relação ensino-aprendizagem e a
interação entre professores-alunos e alunos-alunos estavam começando a
acontecer, o que não é verdade.
Os Glossários não tiveram uma participação, embora 4 tenham sido
criados. Essa é uma ferramenta muito interessante para começar a despertar nos
alunos a noção de organização e construção de conteúdos.
A Pesquisa de Opinião é um recurso previamente formatado pelo
Aprender, e oferece ao professor questionários prontos para serem aplicados offline
e avaliar as experiências dos alunos em relação aos professores, disciplinas e ao
curso. A Pesquisa de Opinião foi pouco utilizada em relação aos outros recursos do
Aprender.
73
O Agendamento no Calendário foi bastante utilizado pelos professores,
pois se trata de um recurso eletrônico que substitui o velho Calendário Escolar
impresso. Nele constam todas as datas de atividades, eventos, provas, etc. Esse
calendário é utilizado como substituto do cronograma de atividades que é fornecido
ao aluno em formato impresso todo início de semestre. O alto número de postagens
(2534), pelo menos em relação aos outros recursos, é o primeiro indício de que a
informática e o Aprender estão sendo utilizados apenas como substitutos eletrônicos
para a realização das mesmas tarefas.
Mensagens enviadas e recebidas é um tipo de troca de recados offline.
Seu alto número de acessos (42026), também não se configura como garantia real
de interação, pois não como saber o conteúdo dessas mensagens e acredita-se
que seja uma simples troca de recados, como um Messenger.
O recurso Questões serve para o professor cadastrar questões que
podem ser aproveitadas em outros questionários. Já os Questionários são grupos de
questões que podem ser aplicados aos alunos, portanto, questões e questionários
podem ficar reunidos num mesmo grupo de recursos. Foram cadastradas 826
questões para alimentar 73 questionários com 642 participações.
A Disponibilização de Documentos teve 1770 postagens ocupando a
terceira posição no ranking dos recursos mais utilizados. Assim como o
Agendamento no Calendário, esse é um recurso que ajuda o professor a tornar
eletrônica uma tarefa manual. O recurso de Disponibilização de Documentos evita as
fotocópias, facilita o manuseio do material didático tanto para o professor quanto
para o aluno. Fica muito mais fácil para o professor inserir um conteúdo didático no
Aprender do que imprimir uma matriz do material e deixá-la no centro de cópias. No
entanto, esse recurso atua tão somente como auxílio para tarefas administrativas do
professor e não promove interação.
Foram criados 5 Wikis com 29 páginas. Wikis são bons indícios de que
algo a respeito de construção está sendo feito. Este assunto será tratado mais
adiante.
74
GRÁFICO 4 – Quantidade de tipos de acessos por disciplina
Tipo de Interação - Quantidade Média por Disciplina
0,028
0,035
0,042
0,201
0,201
0,507
5,736
6,361
12,292
17,597
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Glossários
Wiki
Pesquisas de Opinião
Chats
Páginas de Wiki
Questionários
Questões
Fóruns
Documentos Disponibilizados
Agendamentos no Calendário
As quantidades de acessos ao Aprender por tipo de interação, que
constam no gráfico 4, mostram números médios de acessos por professor/disciplina
no período analisado. O três recursos mais utilizados pelos professores comprovam
a utilização do Aprender apenas para se fazer a distância, as mesmas tarefas que
antes se fazia pessoalmente e manualmente, tais como agendamento no calendário,
disponibilização de documentos e deixar recados aos alunos por meio dos fóruns, o
que distorce a verdadeira função do recurso.
75
GRÁFICO 5 – Média mensal de interação por recurso por aluno
Tipo de Interação - Quantidade Média por Aluno
0,000
0,376
0,400
1,088
2,636
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Participações em Glossários
Conversações em Chat
Respostas de Pesquisa de Opinião
Respostas por usuário a
Questionários
Conversações em Fóruns
Analisando o gráfico 5, tem-se uma falsa noção de interatividade entre
os alunos, pois nota-se que as conversações em fóruns lideram a estatística de
acessos. Na verdade esses acessos ocorreram apenas com a intenção de ler
recados dos professores como já tratamos anteriormente. Respostas a questionários
e pesquisas de opinião também são recursos que não promovem interação nem
construção.
Marqués e Sancho (1987 apud CANO, 1998, p. 163) atribuem ao
computador na escola os seguintes usos: quadro interativo, máquina de programar
(Logo, Basic, Simple, programas abertos, linguagens de autor, programas
construtivos), gerador de meios que facilitem certas aprendizagens (programas de
exercício, programas de monitoramento, simulações, demonstrações) programas de
construção e ferramentas de uso polivalente (editor de textos, base de dados, redes
de informação).
76
GRÁFICO 6 – Média mensal de interação por recurso por disciplina
Tipo de Interação - Quantidade Média por Disciplina
17,5972
15,7847
12,2917
10,7986
5,7361
4,4583
1,6389
1,5417
Agendamentos no calendário
Mensagens enviadas/recebidas
(média)
Disponibilização de documentos
Conversações em Fóruns
Questões
Respostas a questionários
Respostas em Pesquisas de
Opinião
Conversações em Chats
O Aprender também o oferece, estatisticamente, a possibilidade de
se saber quais disciplinas, ou professores utilizaram tais recursos. Então, foi
necessário obter os números médios de acesso aos recursos por disciplinas. As
quantidades são muito baixas, considerando ainda que foi avaliada uma faculdade
de informática onde os professores possuem uma maior facilidade de utilizar o
computador e suas ferramentas e os alunos têm o computador como seu principal
instrumento de estudo.
77
GRÁFICO 7 – Distribuição dos acessos por tipos de dias
Descrição do Dia
128
58
42
21
16
12
8
6
Aulas Normais
Final de Semana normal
Dia de Prova
Aulas normais ate 1 semana antes das
provas
Aulas normais ate 1 semana apos as
provas
Final de semana com prova
Final de semana ate 1 semana antes
das provas
Final de semana ate 1 semana apos
as provas
O total de dias avaliados por essa pesquisa (364), foi tabulado e
separado por “tipos de dias” para que se pudesse fazer uma melhor leitura do perfil
de utilização do Aprender pelos alunos. Foram selecionados 8 diferentes “tipos de
dias”: dias de semana de aula normal, dias de final de semana de aula normal, dias
de provas, dias de semana que antecedem as provas, dias de semana que sucedem
as provas, finais de semana com provas, finais de semana que antecedem as provas
e finais de semana que sucedem as provas. No gráfico 7 constam as quantidades de
dias no período (291) que cada um dos “tipos de dias” representa em relação ao
total de dias tabulados (364) descontados os dias de férias (73).
Dos oito tipos de dias tabulados, os dias de aula normal foram os dias
que apresentaram o maior percentual em relação aos demais tipos de dias (44%).
Os dias de final de semana após as provas foram os dias de menor índice
percentual em relação aos outros tipos de dias (2,1%). Essa relação foi estabelecida
com a intenção de se criar um índice de proporcionalidade para os acessos,
evitando-se assim, distorções nos números de acessos. Destaca-se que, se essa
relação não tivesse sido ativada, haveria a falsa ideia de que os dias de aulas
78
normais seriam os dias de maior acesso, pois em números reais realmente são.
Porém, considerando-se a proporcionalidade de 44% do total dos dias avaliados
esse índice cai para o terceiro lugar no ranque dos acessos.
GRÁFICO 8 – Quantidade de acessos por tipos de dias
Quantidade Média de Acessos
7709.19
7625.31
5783.81
4738.50
4349.36
4056.00
3333.33
8489.29
Aulas normais ate 1 semana antes
das provas
Dia de Prova
Aulas Normais
Aulas normais ate 1 semana apos
as provas
Final de semana ate 1 semana antes
das provas
Final de Semana normal
Final de semana com prova
Final de semana ate 1 semana apos
as provas
No gráfico 8 verificou-se que os dias “Aulas Normais até uma Semana
Antes das Provas” e “Dias de Provas” foram os dias de maior acesso ao Aprender, e
os “Dias de Aulas Normais” ocuparam o terceiro lugar. Esses dados mostram que as
preocupações dos alunos ainda estão centradas nas provas bimestrais escolares.
Embora apenas 22% dos dias avaliados sejam “dias de provas” e “dias de aula uma
semana antes das provas”, esses dias representam 35% dos acessos. São nesses
dias que os alunos mais acessam o Aprender para baixar material de estudo, para
ver se encontram recados dos professores e para se manterem informados.
79
GRÁFICO 9 – Quantidade de acessos por dias da semana
Quantidade de Acessos por dia da semana
4097.95
8041.93
8412.73
7736.24
7299.98
6463.67
4445.93
Domingo
Segunda-feira
Terca-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sabado
A estatística obtida no gráfico 9 mostra o perfil de utilização do
Aprender durante os sete dias da semana. A curva é simétrica, atinge seu ponto
mínimo no domingo (3.592 acessos), sobe 89% na segunda-feira (6.782 acessos),
atinge seu ápice na terça-feira (6.950 acessos) e segue em declínio, gradativamente,
durante os outros dias da semana; quarta-feira (6.436 acessos), quinta-feira (6.150
acessos), sexta-feira (5.580 acessos), até chegar ao sábado (3.883 acessos) no
nível bem próximo do domingo.
Considerando que o objeto desta pesquisa seja o público jovem
universitário, em sua maioria inserida no mercado de trabalho, acredita-se que o
acesso nos finais de semana na ordem de 58,5% em relação aos acessos de dias
de semana –, seja um número relativamente alto, revelando que os finais de semana
não são utilizados apenas para o descanso, mas também para a realização de
trabalhos escolares.
80
GRÁFICO 10 – Quantidade de acessos segundo a proximidade do período de
provas
Distribuição dos Acessos em dias de semana segundo a proximidade do período de
provas
7625.31
8489.29
7709.19
5783.81
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
Aulas Normais Aulas normais até 1 semana antes
das provas
Dia de Prova Aulas normais até 1 semana após
as provas
O gráfico 10 indica os acessos nos dias de aula normal em uma média,
e na semana que antecedem as provas, os acessos aumentam 11%, se mantêm
quase iguais nos dias de prova e despencam 32% em relação às aulas normais uma
semana após as provas, mostrando assim uma “ressaca” das provas.
81
GRÁFICO 11 – Quantidade de acessos apenas para fins de semana
Distribuição dos Acessos aos finais de semana segundo a proximidade do período
de provas
4349.36
4738.50
4056.00
3333.33
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Final de Semana normal Final de semana até 1 semana
antes das provas
Final de semana com prova Final de semana até 1 semana
após as provas
Verificando-se apenas os finais de semana, o resultado foi idêntico ao
da avaliação dos dias de semana com os acessos aumentando no final de semana
anterior à prova, em comparação ao final de semana normal, caindo um pouco no
fim de semana de prova e despencando no fim de semana após as provas,
corroborando a conclusão do gráfico anterior.
Como se pode notar, com base nas respostas da estatística acima, o
modelo pedagógico brasileiro e, consequentemente, da universidade pesquisada
ainda está muito centrado nas provas bimestrais. Isso fica bem claro quando se
analisa estes gráficos nos quais constata-se um significativo aumento dos acessos à
plataforma Aprender nas semanas que antecedem as provas e nas semanas de
provas. São nessas semanas que os alunos despendem mais tempo e concentram
seus maiores esforços. As semanas de acessos médios, dentre todas as semanas
analisadas, são as semanas de aulas normais e as semanas de menores acessos,
são as semanas de aulas normais após as provas. Acredita-se que isso reflita uma
“ressaca” das semanas de provas. No gráfico 11, que analisa separadamente
somente os finais de semana, a estatística registrada é idêntica à do gráfico 10, que
82
analisa apenas os dias de semana e repete a ideia de pico de acesso uma semana
antes das provas e “ressaca” uma semana após as provas.
A partir do momento em que o projeto pedagógico universitário passar
a oferecer um peso maior para os trabalhos ou projetos realizados durante todo o
ano, acredita-se que aumentará, também, o interesse dos alunos pela pesquisa, e
consequentemente, os acessos aos recursos ganharão uma linearidade maior.
Como disse Moran (2000): [...] “A escola precisa exercitar as novas linguagens que
sensibilizam e motivam os alunos, e também combinar pesquisas escritas com
trabalhos de dramatização, de entrevista gravada, propondo formatos atuais como
um programa de rádio uma reportagem para um jornal, um vídeo, onde for possível”.
Propõe-se, agora, um aprofundamento na análise dessa ferramenta de
auxílio pedagógico chamada Aprender, na tentativa de fazer uma leitura menos
técnica dos seus recursos e voltando os olhos para aspectos mais amplos da
relação escola-alunos-meios de comunicação ou educomunicação.
O Aprender disponibiliza na WEB inúmeras ferramentas que auxiliam
professores a montar e organizar suas disciplinas e cursos. Nem todas as
ferramentas servem para todos os tipos de cursos, e por isso, cada professor faz uso
daquelas que melhor se adequem às suas necessidades pedagógicas. Outras
ferramentas têm a função de estruturar e gerenciar os cursos, elas são básicas e
servem para qualquer tipo de curso. Vários recursos que estão listados nos três
quadros abaixo não tiveram nenhum acesso, portanto não foram analisados pelo
pesquisador nos quadros e gráficos anteriores.
Essas inúmeras ferramentas ou recursos têm diferentes perfis e foram
separadas em três grandes categorias, para que os dados coletados pudessem ser
analisados. Esse método foi criado especialmente para este estudo. A divisão dos
recursos do Aprender por categorias permitiu ter uma visão mais ampla e extrair com
maior facilidade os dados coletados e compilados nos três gráficos que seguem
abaixo.
83
QUADRO 5 – Recursos da Categoria Gerenciamento
Recursos Quantidades Acessos
Atividades 0
0
Busca nos fóruns 0
0
Participantes 0
0
Últimas Notícias 0
0
Calendário 2534
0
Documentos Disponibilizados 1770
0
Pesquisa de avaliação 6
236
Presença 0
0
Questões 826
0
Questionário 73
642
Scorm 0
0
Tarefa 0
0
Test of Unconscious Identification 0
0
Ao primeiro grupo de recursos do Aprender foi dado o nome de
“Categoria Gerenciamento”. Esta categoria contém recursos administrativos que são
ferramentas essenciais para que o professor crie, organize e estruture o curso
proposto, como cadastramento do curso, tutores, alunos e grupos, publicação de
avisos, construção do calendário do curso e inserção de materiais. Outras
ferramentas, de utilização exclusiva do professor, são as de gerenciamento, as quais
possibilitam que ele administre a vivência virtual do aluno, podendo obter dados de
frequência, acessos, notas e outras funções. Todos estes recursos possibilitam que
o professor gerencie totalmente o seu curso com ferramentas de trabalho e controle.
A vantagem da informática é que as opções de administração e controle são
maiores, mais eficazes e podem ser realizadas numa velocidade maior do que as de
trabalho manual.
84
Na Categoria Gerenciamento foram acessados três tipos de
recursos: Calendário, Pesquisa de Avaliação e Questões e Questionários. O
Calendário é um recurso que substitui eletronicamente, ou simplesmente
complementa as agendas impressas, quadros de avisos e murais, que são recursos
físicos utilizados para avisar os alunos a respeito de datas de provas e eventos.
A Pesquisa de Avaliação é um recurso pronto disponibilizado pelo
Aprender e fácil de ser aplicado pelo professor para se conseguir um feed-back do
que pensam os alunos a respeito do curso, da disciplina ou do professor, ou seja,
uma ferramenta exclusivamente gerencial.
Questões e Questionários pode ser uma maneira de se realizar uma
prova com os alunos, o que não deixa de ser também uma substituição da tarefa
manual pela mesma tarefa que eletronicamente. Por outro lado esse recurso
começa a promover alguma interação expandindo a sala de aula.
85
QUADRO 6 – Recursos da Categoria Interação
Recursos Quantidades Acessos
Atividades de Agenda de Atendimento
0
0
Hot Potatoes 0
0
Aviso 0
0
Chat 29
222
Compromisso 0
0
Diálogo 0
0
Diário 0
0
Escolha 0
0
Exercício 0
0
Fórum 916
0
Livro 0
0
Lição 0
0
Workshop 0
0
Videoconferência 0
0
A segunda categoria foi denominada “Categoria Interação”. Esta
categoria contém recursos que permitem que se desenvolva a relação entre
professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor, bem como a relação professor-
professor. São recursos como agenda, chats, fóruns, exercícios, lições e tantas
outras atividades que possibilitam ao aluno e ao professor a troca de informações e
a interação online ou offline, podendo realizar as atividades com flexibilidade de
tempo, de diferentes maneiras e cada um ao seu modo. Essa nova maneira de se
lidar com o ensino tem mudado a dinâmica de realização de tarefas, deixando os
alunos mais livres para decidirem quando, onde e de que forma eles querem
trabalhar. Portanto, as questões tempo, espaço e material perdem os limites até
então impostos pelo sistema tradicional de ensino. Nessa análise qualitativa busca-
86
se avaliar até que ponto as questões relativas à interatividade estão sendo
modificadas.
Na Categoria Interação houve participação em salas de chats e
fóruns, dois dos 14 recursos disponíveis. Foram abertas 29 salas de chat,
totalizando 222 participações. Considerando o número de 590 alunos e 45
professores, chega-se à conclusão de que menos da metade, ou 0,350, participaram
de apenas um chat no período de um ano. Sabendo-se que faz parte da cultura
dos alunos as conversas online em programas como o MSN, pode-se afirmar que
não houve participação satisfatória em salas de discussão e que essa ainda não foi
uma cultura desenvolvida em um curso superior de informática do interior do estado
de São Paulo. Os fóruns, como já foi dito na página 74, tiveram sua utilização
distorcida pelos professores, que os utilizaram para postar avisos ou recados,
deixando assim de ser um número confiável para análise.
Segundo José Manuel Moran (2007) escreveu num de seus diversos
artigos sobre educomunicação:
Não se trata de opor os meios de comunicação às técnicas convencionais
de educação, mas de integrá-los, de aproximá-los para que a educação
seja um processo completo, rico, estimulante. A escola precisa observar o
que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de
aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os
aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto.
O que acontece realmente, é que os alunos m uma “vida virtual” no
seu dia-a-dia, mas na faculdade eles têm uma “vida paralela” que não se mistura
com a virtual.
87
QUADRO 7 – Recursos da Categoria Construção
Recursos da Categoria Construção Quantidades Acessos
Glossário do Curso 4
0
Página de texto simples Página Web 0
0
Plugins – Multimídia 0
0
Portfólio 0
0
Wiki 5
29
A terceira categoria, objeto que despertou a problematização dessa
pesquisa, foi nomeada “Categoria Construção”. Essa categoria contém recursos
oferecidos pela plataforma Aprender que permitem criação, produção e divulgação
de seus projetos. Os alunos podem construir colaborativamente um dicionário com
os termos técnicos do curso, chamado Glossário. Há também o recurso Portfólio que
consiste num ambiente para postagem de todos os conteúdos utilizados por cada
aluno ou por todos os alunos do curso. Outro recurso interessante é o Workshop,
que é um sistema de avaliação com comentários dos participantes para as
atividades dos demais integrantes do curso. A construção de Blogs ou Home Pages
da turma ou do curso e os Wikis são os melhores indicadores de que um grupo de
alunos está buscando, por seus próprios caminhos, construir seu aprendizado.
De todos os recursos citados acima, na categoria Construção, foram
desenvolvidos apenas quatro Glossários sem nenhuma participação e criados cinco
Wikis com 29 páginas construídas. Como o curso conta com 144 disciplinas nos três
cursos, apenas 3,5% das disciplinas tiveram a iniciativa de incentivar seus alunos a
desenvolver um Wiki.
A utilização do Aprender pelos alunos e professores mostrou-se
insignificante em relação às possibilidades que ele apresenta. Os números indicados
são irrelevantes, o que torna dispensável a análise comparativa dos acessos entre
os recursos. O que se conseguiu comparar foi uma diferença de acessos entre as
três categorias, predominando a Categoria Gerenciamento como a mais utilizada.
Mas não foi possível a comparação das diferenças de acessos entre as três
categorias.
88
Com base nesses baixos resultados apurados nos relatórios de
acessos aos recursos do Aprender chega-se à conclusão de queum vácuo muito
grande a ser explorado pelas faculdades no que diz respeito à internet e aos infinitos
recursos por ela oferecidos. Pois, de acordo com Primo (2007):
Com as novas práticas de produção de conhecimento, ditadas pelos meios
de comunicação, que inovadores desmontam os procedimentos atuais,
notamos que os sistemas educacionais podem ser remodelados, num
processo em que o professor perde seu papel de detentor absoluto da
informação. As atividades de aprendizagem podem, com base nas novas
tecnologias e posturas dos 'atores', modificar sua abordagem, passando de
um sistema de doutrinação para um sistema de construção coletiva de
conhecimento.
Se os professores não exigirem atividades, a iniciativa jamais irá partir
dos alunos, os quais passam horas por dia em vários outros sites como You Tube
(vídeos), Orkut (de relacionamento), MSN (conversa instantânea) entre outros, por
outro lado, se utilizam do Aprender para pesquisar materiais disponibilizados,
verificar agenda ou fazer algo obrigatório como pesquisa de opinião.
Deve partir do professor a iniciativa de se utilizar das ferramentas do
Aprender, incentivando a participação de todos os alunos em chats e fóruns para
discutir temas abertos e fechados, conteúdos de sala de aula, conhecimentos gerais
e atualidades. Caso contrário, os alunos continuarão utilizando o seu precioso tempo
na internet em bate papos e relacionamentos pessoais com amigos. Pois, segundo
Freire (2001): [...] “A tarefa do educador, então, é a de problematizar aos educandos
o conteúdo que os mediatiza, e não a de dissertar sobre ele, de dá-lo, de estendê-lo,
de entregá-lo, como se tratasse de algo já feito, elaborado, acabado, terminado.”
Se o professor não ensinar e propuser para a turma a construção dos
riquíssimos recursos, portfólios e wikis, dificilmente a iniciativa partirá dos alunos.
Enquanto o professor usar a plataforma somente para enviar recados, para postar
agendamentos e calendário, é isso que ele irá receber dos alunos. Segundo
Cano (apud SANCHO, 1998, p. 158):
[...] “Muitas universidades e centros de pesquisa contam com um crescente
e potente sistema de informática e de redes de informação que contribui
para o enriquecimento da vida acadêmica e para a diminuição das
distâncias intelectuais e físicas da comunidade científica e acadêmica
mundial (teleconferências, teledebates...)”.
89
Nesse sentido, acredita-se que deva partir da Coordenadoria
Pedagógica a iniciativa de incentivo à utilização do Aprender pelos professores.
Juntos eles podem trabalhar para desenvolver um projeto pedagógico que insira
essas novas tecnologias, disponíveis e tão utilizadas pelos alunos, na grade
curricular de seus cursos. Assim a educação pode contribuir para que o aluno
melhor utilize seu tempo gasto na internet, deixando de lado sites e programas de
conteúdo não didático e passando a utilizar a internet como ferramenta para
construir seu conhecimento. Em Moran (2003) considera que:
[...] Algumas universidades integram aulas presenciais com aulas e
atividades virtuais, flexibilizando tempos e espaços e ampliando os
espaços de ensino-aprendizagem, até agora praticamente confinados à
sala de aula. O currículo pode ser flexibilizado, segundo a portaria 2.253 do
MEC, em 20% da carga total. Algumas disciplinas estão sendo oferecidas
total ou parcialmente a distância. Os 20% são uma etapa inicial de criação
da cultura online. Mais tarde, cada universidade irá definir qual é o ponto de
equilíbrio entre o presencial e o virtual em cada área do conhecimento.
Muitos professores têm outras profissões e não dispõem de tempo para
desenvolverem atividade extraclasse. Se eles tiverem esse tempo, não se dedicarão
às atividades extracurriculares sem que haja uma remuneração para isso. Se a
faculdade dispuser de um projeto pedagógico específico para melhorar o ensino
virtual, se os professores tiverem tempo para se dedicarem extraclasse, se eles
forem remunerados, motivados e/ou exigidos para realizarem essa função, ainda vai
faltar um ingrediente: o treinamento desse corpo docente.
Os professores deverão aprender tecnicamente não todos os recursos,
mas os mais convenientes e que façam sentido com seus cursos e disciplinas. Por
exemplo, num curso de matemática, dificilmente o professor irá se interessar pela
postagem de vídeos e exigirá dos alunos a criação de algum tipo de animação. Em
grandes projetos, os professores devem trabalhar multidisciplinarmente cada um
supervisionando sua parte e integrando todos os alunos.
Diariamente meios de comunicação como televisão, cinema, jogos
eletrônicos e a própria internet, dentre tantos outros, estão educando os alunos,
direta ou indiretamente. Esses meios de comunicação se utilizam de imagens, cores,
sons, textos escritos e falados e muita velocidade. São extremamente atraentes,
envolvem os indivíduos diariamente por muitas horas e, bem ou mal, acabam por
educar-lhes, transmitindo continuamente modelos de comportamento, valores,
90
moda, linguagem e consumo. Na internet, todas essas mídias estão integradas e ao
alcance de todos em um contexto atraente e sedutor.
De acordo com Alegria (2008): [...] “os vários estímulos midiáticos do
mundo contemporâneo estão formando crianças diferentes das de outras épocas” e
Ferrés (1996) foi mais longe ao afirmar: [...] “os meios não modificam somente uma
faculdade. Ao modificar essa faculdade, por intermédio da massagem a que a
submetem, acabam modificando todo o complexo físico e psíquico da pessoa:
modificam a sua forma de pensar, de perceber o mundo e de agir“.
Essa realidade atinge esses alunos pesquisados, pois eles não
encontram no Aprender um ambiente atraente. Em sua página inicial, o Aprender
tem o fundo branco e texto, além de estar carregado de informações.
Para que um site ou programa desperte interesse o primeiro critério é a
simplicidade da página inicial, na qual o internauta encontra um menu contendo
poucos setores, departamentos ou tópicos de maior abrangência que resumem tudo
o que pode ser encontrado naquele site. Dentro de cada setor serão encontrados
setores secundários, e dentro desses, setores terciários e assim por diante, para que
se possa navegar por todo o site. Assim, rapidamente e por intuição, o internauta
entra no setor que procura, seleciona o setor secundário e vai navegando por todo o
site. Se o caminho está errado ele volta para o setor anterior ou vai diretamente para
outro setor primário. Isso se chama navegabilidade. É como se a pessoa estivesse
entrando em uma universidade e precisasse falar com o Presidente do D.A. do
Curso de Finanças da Faculdade de Administração. Primeiro ele vai até a
universidade, pergunta na recepção onde fica o prédio da Faculdade de
Administração vai até a secretaria da mesma e pergunta onde fica a sala que
funciona o D.A. e encontra o que estava procurando. No ambiente do Aprender é
como se não houvesse uma recepção e nem secretarias, e a pessoa chega num
grande pátio que dá acesso a todas as portas de todos os departamentos. Então, ela
fica parada um tempão olhando para todas as portas, e resolve entrar de sala em
sala até encontrar o que procura.
Outro fator importante para despertar o interesse por algum endereço
eletrônico é a beleza da página. Ela deve ser atraente contendo imagens, cores,
animações, promover interação. Profissionais de design gráfico eletrônico são
incumbidos da tarefa de colocar cores e formas atrativas e tornar o ambiente virtual
91
agradável, leve e sedutor. A “cara” do Aprender é de um manual de instruções, um
livro ou uma apostila fotocopiada.
Considera-se, contudo, que esse não seja o principal motivo do baixo
índice de acessos ao Aprender pelos alunos, entretanto, deve-se ponderar que
dentre jogos eletrônicos, vídeos, sites de bate papo e relacionamentos e o Aprender,
os alunos certamente deixarão o Aprender como última opção.
92
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve por objeto de estudo a utilização da plataforma
Aprender, em uma IES privada. A investigação procurou verificar a condução do
processo com a utilização do ambiente virtual. Desse modo, a pergunta central foi: O
ambiente virtual está tendo seus recursos explorados de maneira satisfatória,
gerando interação colaborativa?
Com os olhos voltados para aspectos mais amplos da relação escola-
alunos-meios de comunicação, ou educomunicação nesta dissertação, ao avaliar o
ambiente virtual de auxílio pedagógico Aprender, optou-se por agrupar os seus
diversos recursos em três grandes categorias para fazer as análises: Categoria
Gerenciamento, Categoria Interação e Categoria Construção.
A utilização do Aprender pelos alunos e professores mostrou-se pouco
significativa em relação às possibilidades que ele apresenta. O que se verificou foi
uma diferença de acessos entre as três categorias, predominando a Categoria
Gerenciamento como a mais utilizada. Agendamento no calendário, disponibilização
de documentos e deixar recados aos alunos por meio dos runs foram os recursos
mais utilizados pelos professores. Isso indica que a utilização do Aprender pelos
professores está sendo feita mais para a realização das mesmas tarefas manuais
exigidas pelo sistema tradicional de ensino, que agora com o auxilio da
informática.
Sabendo-se que fazem parte da cultura dos alunos as conversas
online em programas como o MSN, pode-se afirmar que o houve participação
satisfatória em salas de discussão online e offline. Valendo-se do constatado, é
possível afirmar que ações relativas à interatividade ainda não foram priorizadas nos
cursos analisados. Parece que os alunos desenvolvem uma “vida virtual” no seu dia-
a-dia e uma “vida paralela” no que diz respeito aos assuntos da faculdade.
Entende-se, pela frequência do uso do Aprender, que as preocupações
dos alunos ainda estão muito centradas nas provas bimestrais. Isso fica bem claro
ao comprovar que 35% de todos os acessos acontecem em dias de aulas normais
até uma semana antes das provas e em dias de provas. São nesses dias que os
alunos mais acessam o Aprender para baixar material de estudo, para ver se
encontram recados dos professores e para se manterem informados. Uma semana
93
após as provas, foi a semana que apresentou o menor índice de acessos, o que
revela um relaxamento, ou uma “ressaca” após a pressão dos dias de provas.
Outro dado interessante advém da constatação de um acesso, nos dias
de final de semana, na ordem de 58,5% do número de acessos de dias de semana,
mostrando que os finais de semana não são utilizados apenas para o descanso,
mas também para acessar o Aprender.
Na Categoria Construção apenas 3,5% das disciplinas tiveram a
iniciativa de incentivar seus alunos a desenvolver um Wiki, que é um recurso que
permite a criação, a produção e até mesmo a divulgação dos projetos desenvolvidos
coletivamente.
um grande vácuo a ser explorado pelas faculdades no que diz
respeito à internet e aos recursos por ela oferecidos. Vive-se a oportunidade de se
renovar a prática escolar, transferindo-a, pouco a pouco, de um sistema de
transmissão de informações para um sistema de construção coletiva de
conhecimento.
Neste contexto entende-se por aula um espaço e um tempo
determinados, e sse tempo e espaço serão cada vez mais flexíveis. Essa realidade
estática do sistema de ensino atual tende a mudar; do limitado espaço físico das
salas de aula para os infinitos espaços abertos pela internet, do tempo fixo de
algumas determinadas horas diárias para a quantidade de horas que o aluno quiser
ou dispuser. existem todos os meios necessários para que o ensino universitário
assuma essa nova realidade. Computadores, internet, sistemas de comunicação
online e offline, programas específicos, infinitas fontes de informações e,
principalmente, o envolvimento diário dos alunos com a informática.
Inovações pedagógicas podem explorar as amplas possibilidades de
interação facilitadas pela internet. Isso poderia contribuir para que os alunos
utilizassem melhor o tempo gasto na internet, passando a explorar a internet como
ferramenta para construir conhecimentos em ambientes colaborativos. Quando isso
começar a acontecer, sim poderemos dizer que o primeiro passo foi dado para
uma mudança sem precedentes da educação para o futuro.
Como vislumbrou José Manuel Moran (2000), uma educação que irá
realmente ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho
pessoal e profissional, seu projeto de vida, no desenvolvimento de suas habilidades
de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus
94
espaços pessoais, sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos realizados e
produtivos.
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