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APRESENTAÇÃO
Face as indagações da tese, a realização de estudos de
caso com base na APO e a adoção de multi-métodos
configuraram-se como trabalho de campo adequado ao
esclarecimento da problemática, pois, partindo de um
conhecimento detalhado da realidade representada pelos
ambientes durante seu uso, poderia não apenas responder às
perguntas formuladas, mas fornecer outras indicações
importantes para a compreensão da relação criança-ambiente
escolar não inseridas nas questões iniciais.
Conforme explicitado na Parte 4, a definição dos
métodos e técnicas de pesquisa adotados partiu de uma vistoria
geral do universo em estudo, através de visitas a várias
instituições.
Esse segundo volume complementa o trabalho principal
(Volume 1), tendo como função apresentar em detalhes os
instrumentos de pesquisa utilizados e os resultados dos estudos
de caso.
Ele é composto por seis Apêndices: o primeiro dedicado
a relatar detalhes da metodologia, e os demais relativos aos
relatórios individuais de cada escola. Saliente-se que no
Apêndice serão retomados apenas métodos/técnicas que exijam
maiores esclarecimentos, sobretudo com relação à construção
de instrumentos e tratamento dos dados. Dessa forma, a
documentação gráfica e fotográfica efetuada, a apreensão de
traços comportamentais e as entrevistas (a maioria das quais
livres), já comentados no Volume 1, não serão rediscutidos.
Ainda cumpre explicitar que, embora os instrumentos
tenham sido confeccionados e utilizados/aplicados na posição
vertical (“retrato”) e em uma letra maior, nesse volume eles
foram adaptados ao formato horizontal (“paisagem”) a fim de
manter a unidade do conjunto, garantindo sua leitura, podendo
ser identificados pelo cabeçario e pelo uso de outro tipo de letra.
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SUMÁRIO
- VOLUME 1 -
Resumo
Abstract
Siglas
INTRODUÇÃO (p. 001)
.
PARTE 1
FALANDO EM CRIANÇA
Cap. 1- DESENVOLVIMENTO INFANTIL: PANORAMA GERAL,
009
Cap. 2- RELAÇÃO CRIANÇA-AMBIENTE: UM COMEÇO, 027
PARTE 2
O RECONHECIMENTO SOCIAL DA INFÂNCIA
Cap. 3- O PAPEL SOCIAL DA CRIANÇA: ASPECTOS GERAIS,
041
Cap. 4- BRASIL: LEGISLAÇÃO E AÇÃO NA ÁREA , 045
Cap. 5- A SITUAÇÃO NO RN E EM NATAL , 061
PARTE 3
COMPREENDENDO A ESCOLA
Cap. 6- PANORAMA HISTÓRICO-PEDAGÓGICO, 073
Cap. 7- EDUCANDO CRIANÇAS COM MENOS DE 7 ANOS, 095
Cap 8- A ARQUITETURA DA ESCOLA , 116
PARTE 4
PARA AVALIAR O AMBIENTE ESCOLAR
Cap. 9- APO: UM CAMINHO, 135
Cap. 10- MÉTODOS E TÉCNICAS NOS ESTUDOS DE CASO,
144
Cap. 11- ESTUDOS DE CASO REALIZADOS, 151
PARTE 5
PRINCIPAIS RESULTADOS
Cap. 12- O ESPAÇO FÍSICO, 171
Cap. 13- ANÁLISE DO USO, 200
Cap.14- AVALIAÇÃO PELOS USUÁRIOS, 211
Cap. 15- ENTRE O REAL E O IDEAL, 254
PARTE 6
PROPONDO AMBIENTES PARA EDUCAÇÃO INFANTIL
Cap. 16- DIRETRIZES PROJETUAIS, 273
CONCLUSÃO (OU RECOMEÇO?) - (p. 283)
BIBLIOGRAFIA, 291
Listas, 302
VOLUME 2
- APÊNDICES E ANEXOS -
APRESENTAÇÃO
APÊNDICE 1
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
1- VISTORIA TÉCNICA
1.1- Caracterização geral
1.2- Roteiro para a realização das APOs
1.3- Roteiro para vistoria técnica
2- BEHAVIOR SETTING E GENÓTIPO AMBIENTAL
2.1- Caracterização geral
2.2- Instrumento
2.3- Calculo da Interdependência entre Settings
2.4- Análise de Genótipo
3- MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL
3.1- Caracterização geral
3.2- Check-list
3.3- Ficha para o mapeamento comportamental
3.4- Tratamento e apresentação dos dados
4- QUESTIONÁRIOS
4.1- Caracterização geral
4.2- Instrumento
4.3- Tratamento e apresentação dos dados
5-
DESENHOS TEMÁTICOS
5.1- Caracterização geral
5.2- Ficha da criança
5.3- Roteiro pra orientação dos pesquisadores
APÊNDICE 2
ESTUDO DE CASO 1: ESCOLA ACALANTO
1- Caracterização (dados gerais)
2- Avaliação técnica
3- Análise do uso
4- Avaliação pelos usuários
5- Síntese Conclusiva do Caso
6- Tabelas referenciadas no texto
APÊNDICE 3
ESTUDO DE CASO 2: ESCOLA BAMBOLEIO
1- Caracterização (dados gerais)
2- Avaliação técnica
3- Análise do uso
4- Avaliação pelos usuários
5- Síntese Conclusiva do Caso
6- Tabelas referenciadas no texto
APÊNDICE 4
ESTUDO DE CASO 3: ESCOLA CIRANDA
1- Caracterização (dados gerais)
2- Avaliação técnica
3- Análise do uso
4- Avaliação pelos usuários
5- Síntese Conclusiva do Caso
6- Tabelas referenciadas no texto
APÊNDICE 5
ESTUDO DE CASO 4: ESCOLA FANDANGO
1- Caracterização (dados gerais)
2- Avaliação técnica
3- Análise do uso
4- Avaliação pelos usuários
5- Síntese Conclusiva do Caso
6- Tabelas referenciadas no texto
APÊNDICE 6
ESTUDO DE CASO 5: ESCOLA PASTORIL
1- Caracterização (dados gerais)
2- Avaliação técnica
3- Análise do uso
4- Avaliação pelos usuários
5- Síntese Conclusiva do Caso
6- Tabelas referenciadas no texto
APÊNDICE 7
TABELAS CONJUNTAS
(relativas aos gráficos do Volume 1)
APÊNDICE 1
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADAS
MÉTODOS E TÉCNICAS -
*9
MÉTODOS E TÉCNICAS
ROTEIRO BÁSICO
1- VISTORIA TÉCNICA
1.1- Caracterização geral
1.2- Roteiro para a realização das APOs
1.3- Roteiro para vistoria técnica
2- ANÁLISE DE BEHAVIOR SETTING E DE
GENÓTIPO AMBIENTAL
2.1- Caracterização geral
2.2- Instrumento
2.3- Calculo da Interdependência entre Settings
2.4- Análise do genótipo ambiental
3- MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL
3.1- Caracterização geral
3.2- Check-list
3.3- Ficha para o mapeamento comportamental
3.4- Tratamento dos dados
4- QUESTIONÁRIOS
4.1- Caracterização geral
4.2- Instrumento
4.3- Tratamento e apresentação dos dados
5- DESENHOS TEMÁTICOS
5.1- Caracterização geral
5.2- Ficha
5.3- Roteiro
2 - MÉTODOS E TÉCNICAS
1- VISTORIA TÉCNICA
1.1 – CARACTERIZAÇÃO GERAL
O contato inicial com o problema em estudo, envolvendo
41 escolas (ver Primeira Aproximação, Parte 4 - Volume 1),
ocorreu de modo informal, e possibilitou a definição de 16
empreendimentos a serem alvo de uma visita estruturada,
seguindo o Roteiro para Vistoria de Edificação
(a seguir).
A partir dessa atividade foram escolhidas as escolas
estudo de caso, nas quais aplicou-se um conjunto mais
sofisticado de métodos e técnicas de pesquisa. Estes foram
acompanhados por um Roteiro para APO
(a seguir), uma
espécie de check list cujo objetivo era garantir a uniformidade e
a completude das informações, como seja:
a- caracterização da instituição
b- ocupação do lote e sua inserção na malha urbana,
c- contato com os ocupantes,
d- satisfação/aspirações dos usuários-chave
e- proposta projetual
f- uso: (i) os fluxos de usuários, (ii) espaços sociofugidios e
sóciopetalados (Hall, 1979), (iii) áreas públicas e privadas
(Newman, 1973); (iv) diversidade de ocupação entre turnos.
g- cômodos-chave
h- análise comportamental
i - aspectos complementares como: (I) segurança, (II) condições
de acessibilidade para portadores de deficiência, (III) consumo
de energia.
j- documentação por imagens
A vistoria e os levantamentos foram realizados pela
pesquisadora e auxiliares. tendo compreendido:
atualização da planta baixa, com anotação das
alterações construtivas e de uso da edificação;
indicação do mobiliário existente, com anotação de
medidas de elementos diferenciados;
documentação fotográfica da escola.
Os instrumentos de campo foram simples, limitando-se à
papel, lápis, trena, máquina fotográfica e filme. A documentação
fotográfica só aconteceu após o término da pesquisa, que serviu
como ponto de partida na escolha dos elementos a documentar.
1.2- INSTRUMENTOS UTILIZADOS
MÉTODOS E TÉCNICAS - 3
UFRN – CT - DArq
Pesquisa: Avaliação de Pré-escolas
ROTEIRO PARA VISTORIA DE EDIFICAÇÃO
Escola: ........................................................ Data: ....../........./.........
CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO:
Área do lote: ..................................
Localização: .................................................... (croqui c/ vizinhos)
Topografia: ( ) nivelada ( )desnivelada
Projeto: autor: ........................................... / ano: ..........
Execução: ........................ / início: ................... término: ..................
Reformas: ..............................................................
Área construída (total): ...................................... m2
Área úteis dos setores (zoneamento em planta):
SETOR ÁREA (m2)
Administração
Serviços gerais
Pedagógica – alunos
Pedagógica – professores
Circulações
Área abertas cobertas (recreios,
áti )
Área descoberta (pátios, piscina,
)
Área com cobertura vegetal
Método de ensino adotado:
CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS:
manhã tarde noite
Professores
Funcionários
Crianças
Subdivisão das crianças em grupos - critério / quantidade:
Área útil por aluno: na sala de aula ................................................
na escola como um todo .................................
4 - MÉTODOS E TÉCNICAS
CARACTERIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO (geral e/ou por ambiente):
ÍTEM DESCRIÇÃO
MANUTENÇÃO
Estrutura
Vêdos (fechamentos)
Cobertura
Esquadria – portas
Esquadria – janelas
Forro
Revestimentos pisos
Revestimentos paredes
Mobiliário
Elementos decorativos
Cores
Instalações incêndio
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas
Instalações sanitárias
Águas pluviais
Drenagem
Acessibilidade
OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE O AMBIENTE ESCOLAR:
CONDIÇÕES DE CONFORTO (geral e/ou por ambiente):
ÍTEM DESCRIÇÃO / SITUAÇÃO
Ventilação
Iluminação Natural
Iluminação Artificial
Temperatura
Insolação
Acústica– ruído interno
Acústica– ruído externo
MÉTODOS E TÉCNICAS - 5
UFRN – CT – D.Arquitetura
Pesquisa: Avaliação de Pré-escolas
ROTEIRO PARA APO
1- Caracterização da instituição
Nome
Data de fundação
Projeto/execução
Localização na malha urbana
Número/tipo de usuários (ex.: numa escola, estudantes, professores,
funcionários, pais, pessoas da comunidade)
Horário/turnos de funcionamento
2- Ocupação do lote
Vizinhança
Acessos (vias e tipo de transporte)
Implantação (zoneamento, recuos, taxa de ocupação)
Massa construída/áreas livres/massa vegetal (tipo, manutenção)
3- Contato com os ocupantes
contatos informais/caminhadas para identificar percepção dos
diversos tipos de usuários a respeito de pontos positivos e negativos
da edificação
4- Usuários chave: satisfação/aspirações
aplicação do questionário com pais e professores
check list para as atividades/comportamentos das crianças
entrevista com pessoas-chave
5- Proposta projetual
Zoneamento básico
Partido arquitetônico
Modulação/racionalização (se houver)
Condições de conforto (iluminação,ventilação,temperatura –
medidas?)
Programa atual
Evolução/alterações do programa nos últimos 5 anos
Sistema construtivo / materiais (caracterização geral e patologias
evidentes)
6- Uso
(geral)
Áreas públicas, semi-públicas e privadas (individuais e/ou grupos)
Espaços sociofugidiose sócio petalados
Fluxos (por categorias de usuários ou tipo de atividade)
Diferenças de uso entre turnos
Usos compatíveis e incompatíveis / usos previstos e não previstos
7- Cômodos-chave
Dimensão/área
Número de ocupantes
Atividades realizadas (rotineiras/eventuais)
Relação com outros cômodos (funcionalidade), inclusive quanto a
interdependência de usuários
Diferentes behavior settings acomodados em um cômodo-chave
8- Técnicas específicas de análise comportamental
Traços de comportamento no lote e/ou edificações
Análise de um behavior setting (com /sem sinomorfia)
Mapeamento comportamental (básico) de área de pátio
9- Aspectos complementares
:
Condições de acessibilidade para portadores de deficiência
Segurança contra roubos e incêndio
10- Documentação gráfica e fotográfica do local
6 - MÉTODOS E TÉCNICAS
2- ANÁLISE DE BEHAVIOR SETTINGS E
GENÓTIPO AMBIENTAL
2.1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
Para a análise de behavior settings nas instituições
estudo de caso foi utilizado um Roteiro para Análise de
Behavior Settings (a seguir), adaptado a partir do roteiro
proposto por Wicker (1979), no qual são contemplados, entre
outros aspectos descrição dos componentes humanos e não
humanos, condições de sinomorfia, mecanismos de
manutenção, e verificação do ponto focal de comportamento.
Sendo este um instrumento consagrado pela literatura e
dominado pela pesquisadora, não foi necessário pré-teste.
Foram estudados behavior settings em área livre
(ocorridos durante o horário de recreio), e em sala de
aula/atividades, conforme o quadro a seguir (Quadro 1).
QUADRO 1:
Behavior settings analisados nas escolas
ESCOLA BEHAVIOR SETTINGS ANALISADOS
EM SALA DE AULA EM ÁREA LIVRE
ACALANTO Conversa em grupo na chegada Brincadeira no
Trabalho de colagem playground
Lanche Desfile de “top modas”
BAMBOLEIO Fazer e usar dominó Imitando animais
Vivo ou morto Trocando o lanche
CIRANDA Família RA-RE-RI-RO-RU Jogo de bafo
Lendo estorinha Futebol
FANDANGO Sessão de vídeo Esconde-esconde
Pedaço de bolo Pular elástico
PASTORIL Jogo de armar Estátua
Cores no transito Amarelinha
2.2- INSTRUMENTO UTILIZADO
MÉTODOS E TÉCNICAS - 7
UFRN – CT - DArq
Pesquisa: Avaliação de Pré-escolas
ROTEIRO PARA ANÁLISE
DE B
EHAVIOR SETTINGS
1
I- NOME do BS
II- LOCALIZAÇÃO
III- LIMITES:
a. horas e dias da semana em que o setting opera:
b. limites físicos do setting (croqui)
IV- COMPONENTES:
a. posições que as pessoas ocupam no BS
b. objetos físicos mais importantes no BS
V- PROGRAMA: (o programa é a essência de um behavior setting -
sua razão de ser.)
a. Resumo breve (em uma seqüência apropriada) das ações das
pessoas à medida que elas desempenham as atividades
essenciais do setting. Incluir nesse resumo como suas ações
envolvem os objetos físicos importantes no setting. Indicar os
deveres essenciais dos ocupantes.
1
Roteiro resumido baseado dos Exercícios 1.1, 1.2 e 1.4 da versão elaborada por José
Q. Pinheiro a partir da tradução e adaptação, exclusivamente para fins didáticos, de:
Wicker, A. W. (1979). An introduction to Ecological Psychology. Monterey, California:
Brooks/Cole (posteriormente publicado por Cambridge University Press) – Embora
não necessárias, resolveu-se manter algumas das definições e explicaçãoes originais a
fim de facilitar a compreensão do itenm.
VI- HIERARQUIA DE POSIÇÕES:
Posições assumidas pelos ocupantes do setting em termos de sua
influência e responsabilidade, começando com o de menos poder
e/ou responsabilidade. Usar a escala de Barker (1968:49-51):
- espectador
- convidado (ou audiência)
- membro ou cliente
- funcionário ativo (pessoas que têm atribuição de
responsabilidade)
- líderes conjuntos
- líder único
VII- POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DE PESSOAS:
posições nas quais as pessoas podem ser substituídas sem
alteração/prejuízo do funcionamento do BS
VIII- NÚMERO PESSOAS:
a. Número mínimo:
- menor número de pessoas necessário para desenvolver as
atividades essenciais ao setting
- o que cada pessoa faria se só o número mínimo de pessoas
estivesse presente.
b. Número máximo:
- maior número de pessoas em posições de responsabilidade que
o setting pode acomodar e ainda assim desenvolver seu programa
- quantas pessoas atuariam em cada posição no setting.
IX- SATISFAÇÕES PROPORCIONADAS PELO SETTING:
(Listar satisfações, benefícios ou recompensas que os ocupantes de
diferentes papéis teriam probabilidade de receber do setting.)
8 - MÉTODOS E TÉCNICAS
X- SISTEMAS AUTO-REGULADORES:
Descrição de ameaça/problema específico (que tenha sido
observado) e como foi contornada(o).
a. mecanismo sensor. (Quem, ou o que, primeiro percebeu o
problema)
b. mecanismo executor. (Quem, ou o que, lidou com o
problema)
c. mecanismos de manutenção.
- Mecanismo contra-desviante (A origem do problema foi
corrigida/modificada)
- Mecanismo de veto (A pessoa e/ou objeto responsável
pelo problema foi removido)
c. Quão efetiva foi a ação empreendida? Foi necessário alguma
ação adicional?
XI- SINOMORFIA:
exemplos de maneiras com que as ações das pessoas são
coordenadas com (ou se adequam a) características físicas do
setting ou objetos existentes nele.
XII- NÃO SINOMORFIA
a- Descrição da falta de sinomorfia.
resumo do programa do setting mostrando como a falta de
sinomorfia interfere com sua operação normal.
b. Impacto da falta de sinomorfia:
- ocupantes do setting (pessoas ocupando posições) mais
afetados e como o são
- ocupantes menos afetados
- ocupantes do setting que aparenta não estar ciente do
problema
c. Apontar soluções para a falta de sinomorfia.
d. Entrevista com um ocupante do setting.
- percepção da falta de sinomorfia pelo(s) usuário(s)
- Reações do entrevistado à sugestão de alternativas para
eliminar/reduzir o problema.
- Informações adicionais sobre o problema obtidas ao
conversar com o ocupante
XIII. PONTO FOCAL DE COMPORTAMENTO
(identificar o elemento do setting que mais influencia em seu
funcionamento, e em torno do qual a maioria das ações costuma
acontecer.)
MÉTODOS E TÉCNICAS - 9
2.3- INTERDEPENDÊNCIA ENTRE SETTINGS
Além de sua identificação, uma das preocupações na
avaliação de behavior settings, é o estudo dos sinomorfos
detectados a fim de examinar se os mesmos são realmente
diferenciados ou fazem parte de um único programa.
Sinomorfos que tenham atendido às propriedades estruturais
de um behavior setting e que pareçam muito intimamente
relacionados entre si devem ter sua interdependência
verificada. (Pinheiro, 1985: 158)
A fim de dar uma resposta adequada a esta questão e
necessário calcular o Coeficiente de Interdependência entre
Settings, também conhecido como K21 (Schoggen, 1989;
Pinheiro, 1985; Oliveria, 1979; Barker, 1968). Seguindo as
indicações dessa bibliografia, cada par de sinomorfos (A e B) é
analisado em função das sete escalas (apresentadas a seguir),
ao final do que os valores (K) obtidos em cada uma são
somados. Se o resultado final ficar entre 7 e 21, trata-se de um
único behavior setting; eles serão BS independentes caso a
soma esteja entre 22 e 49.
Escala 1 – Interdependência de comportamentos
Relaciona-se à quantidade comportamentos que tem
início em um setting e termina no outro, ou tem conseqüências
diretas nele (ver pontuação do índice K no Quadro 2).
QUADRO 2 -
Interdependência de comportamentos
Índice K
% de ações iniciadas em
A
e concluídas em B,
ou vice-versa
(considerar o maior percentual)
% de comportamentos
ocorridos em A com
consequências físicas diretas
em B
1
95 –100 95 –100
2
67 – 94 67 – 94
3
34 – 66 34 – 66
4
5 – 33 5 – 33
5
2 – 4 2 – 4
6
1 1
7
0 0
Escala 2– Interdependência de população
Avalia a sobreposição de componentes humanos
entre os settings em estudo (Quadro 3). Essa intersecção é
calculada pela fórmula:
O
nde:
(
2 P a b
)
Pa
número de
p
essoas
q
ue
p
artici
p
am em
A
(
Pa + Pb
)
Pb
número de pessoas que participam em B
Pab
n. de
p
essoas
q
ue
p
artici
p
am em ambos
10 - MÉTODOS E TÉCNICAS
QUADRO 3 - Interdependência de população
Índice K
% de intersecção de população
1
95 –100
2
67 – 94
3
34 – 66
4
5 – 33
5
2 – 4
6
1
7
0
Escala 3– Interdependência de líderes
Analisa o percentual de intersecção entre as pessoas
que assumem posições de responsabilidade e poder nos
settings. Usa o mesmo quadro anterior (Quadro 3)
Escala 4– Interdependência espacial
Estuda o percentual do uso de áreas comuns ou
próximas, de acordo com o Quadro 4.
Escala 5– Interdependência com base na contigüidade temporal
Avalia o quanto as atividade de A e B ocorrem ao
mesmo tempo ou em momentos próximos, Quadro 5.
QUADRO 4 -
Interdependência espacial
Índice K
MESMO ESPAÇO
% de espaço
compartilhado por A e B
ESPAÇOS PRÓXIMOS
1
95 –100
-
2
54 – 94
-
3
10 – 49
A e B usam diferentes partes de
um mesmo cômodo ou de área
pequena
4
5 – 9
A e B usam diferentes partes de
um mesmo prédio
5
2 – 4
A e B usam áreas da mesma parte
da cidade
6
1
A e B usam área da mesma cidade,
mas em partes diferentes
7
0
A e B referem-se à mesma cidade,
mas A está na cidade e B fora dela
QUADRO 5 -
Interdependência temporal
Percentual de contatos com menor proximidade temporal
Índice
K
Simulta-
neidade
Mesma
parte do
dia
Mesmo
dia
Mesma
semana
Mesmo
mês
Mesmo
ano
1
75 –100
2
50 – 74 75 –100
3
25 – 49 50 – 74 75 –100
4
5 – 24 25 – 49 50 – 74 75 –100
5
0 – 4 5 – 24 25 – 49 50 – 74 75 –100
6
0 – 4 5 – 24 25 – 49 50 – 74 50 –100
7
0 – 4 0 – 24 0 – 49 0 – 49
MÉTODOS E TÉCNICAS - 11
Escala 6– Interdependência de componentes não-humanos
Estuda o quanto em uma atividade realizada em A são
utilizados os mesmos objetos que são encontrados em B, ou
objetos muito semelhantes Quadro 6).
QUADRO 6 -
Interdependência de componentes não-humanos
Índice K
Objetos idênticos Objetos semelhantes
1
Objetos idênticos são usado
em A e B
-
2
Mais da metade dos objetos
são compartilhados por A e
B
Praticamente todos os objetos
de A e B são do mesmo tipo
3
Aproximadamente metade
dos objetos são
compartilhados por A e B
Mais da metade os objetos de A
e B são do mesmo tipo
4
Menos da metade dos
objetos são compartilhados
por A e B
Aproximadamente metade do
objetos de A e B são do mesmo
tipo
5
Poucos objetos são
compartilhados por A e B
Menos da metade dos objetos
de A e B são do mesmo tipo
6
Quase nenhum objeto é
compartilhado por A e B
Poucos objetos de A e B são do
mesmo tipo
7
Não há objetos em comum Praticamente não há
similaridade entre os objetos de
A e B
Escala 6– Interdependência em função da semelhança nos
mecanismos comportamentais
Analisa a semelhança dos mecanismos
comportamentais verificados em A e B (Quadro 7). Isso
acontece em função da presença de uma ou várias das doze
atividades a seguir:
- Ações motoras amplas - Escrever - Comer
- Comportamento emotivo - Observar - Ler
- Manipulações - Ouvir - Cantar
- Verbalizações - Pensar - Sensação tátil
QUADRO 7 -
Interdependência com base na semelhança
de mecanismos comportamentais
Índice K
Número de mecanismos presentes em A e
ausentes em B, ou vice versa
1
0 – 1
2
2 – 3
3
4 – 6
4
7 – 8
5
9 – 10
6
11
7
12
Com base nessas escalas foi calculada a interdependência entre
settings de uma mesma escola. Para exemplificar, entre os
settings observados em sala de aula na escola Fandango
(Sessão de vídeo e Pedaço de bolo) a pontuação final obtida foi
24 (ver Quadro 8), o que demonstram tratarem-se de dois
behaviors settings diferenciados.
12 - MÉTODOS E TÉCNICAS
QUADRO 8 – Interdependência entre 2 sinomorfos internos
observados na escola Fandango
CRITERIO PONTUAÇÃO
1 Interdependência de Comportamento 7
2 Interdependência de População 1
3
Interdependência de Líderes 1
4
Interdependência espacial 2
5 Contigüidade temporal 3
6
Interdep. de Componentes não-humanos 5
7 Semelhança de mecanismos 5
SOMA 24
De fato, excetuando o fato da população e da
liderança serem idênticas, e de ambos ocorrerem no mesmo
espaço físico, todos os demais critérios indicam situações
bastante diferenciadas.
Seguindo o mesmo procedimento foi verificada a
interdependência entre settings internos externos das demais
escolas, sendo obtidos as pontuações constantes no Quadro 9,
as quais reafirmam a não existência de interdependência entre
tais settings.
QUADRO 9 – Interdependência entre sinomorfos internos
e externos observados nas escolas estudo de caso
ÁREA ESCOLA SINOMORFOS
PONTUAÇÃO
FINAL
INTERNA
Acalanto
Trabalho de colagem
24
Lanche
Bamboleio
Fazer e usar dominó
27
Vivo ou morto
Ciranda
Família RA-RE-RI-RO-RU
23
Lendo estorinha
Fandango
Sessão de vídeo
24
Pedaço de bolo
Pastoril
Jogo de armar
26
Cores no transito
EXTERNA
Acalanto
Brincadeira no playground
35
Desfile de “top modas”
Bamboleio
Imitando animais
33
Trocando o lanche
Ciranda
Jogo de bafo
32
Futebol
Fandango
Esconde-esconde
37
Pular elástico
Pastoril
Estátua
34
Amarelinha
2.4- ANÁLISE DE GENÓTIPO AMBIENTAL
Ampliando-se a noção de sinomorfo, ela pode ser
aplicada a conjuntos ambientais maiores (que podem vir a ser
MÉTODOS E TÉCNICAS - 13
considerados “macro-sinomorfos”), nos quais verifica-se
semelhança entre características, ocupantes, comportamentos
e, sobretudo, programas, podendo vir a constituir-se o que
Barker (1968) denomina “Genótipo”, conforme explicitado no
Volume 1.
A partir dessa constatação, e repetindo procedimentos
semelhantes ao cálculo utilizado para o K21, o autor define um
quadro básico a partir do qual é possível avaliar a “variedade do
habitat”, que apóia-se em parâmetros que auxiliam a análise
inicial do fenômeno (Schoggen, 1989: 90-96):
- a comunidade utiliza um nome genérico para designar tais
tipos de settings, o qual não gera dúvidas a seu respeito (tais
como padaria, jogo do bicho, partida de futebol de várzea);
- os programas desses settings são bastante semelhantes
entre si, ou seja, se comparados item a item apresentarão
alto grau de equivalência, podendo ser transferíveis, na
maioria das situações (diferenças em termos de acréscimos
e decréscimos são mínimas ou muito pequenas);
- seus componentes humanos são intercambiáveis sem que
haja prejuízo no funcionamento do setting, inclusive aqueles
que assumem maior responsabilidade e posições de
liderança;
- caso seja necessário treinamento adicional para que o
participante em questão passe a atuar no novo setting, esse
não deverá exceder a 15% do tempo necessário para a
preparação de um leigo para a mesma função (exemplo: em
poucas semanas um gerente de hotel se insere
adequadamente em um novo estabelecimento; por outro
lado, para trabalhar como dentista um arquiteto precisará
freqüentar a universidade por 5 anos);
- os componentes não-humanos (equipamento e materiais) são
intercambiáveis, sobretudo os mais específicos (aqueles
que, se retirados ou modificados afetam o funcionamento do
setting, criando situações que se tornariam “inapropriadas, e
cujo resultado seria desastroso ou ridículo” (Schoggen,
1989:91), como seria se alguém tentasse praticar surf
usando uma raquete de tênis no lugar da prancha.
Com base nessas considerações, a comparação entre
macro-sinomorfos a fim de avaliar se estes configuram-se como
um genótipo ambiental envolve seis passos:
- identificação e comparação da estrutura dos programas;
- estimativa do tempo necessário à incorporação das
habilidades do programa A por pessoas que atuam em
função semelhante no programa B, e o percentual que esse
representa em função do tempo de treinamento necessário a
um novato (consta em manuais);
- identificação do percentual de itens transferíveis e não
transferíveis do programa;
14 - MÉTODOS E TÉCNICAS
- cálculo do tempo diário de funcionamento que é ocupado na
manutenção dos itens não transferíveis frente ao tempo
ocupado nas atividades comuns;
- calculo da média dos valores (percentuais) calculados nos
itens supracitados. Dois macro-sinomorfos só serão
considerados parte de um mesmo genótipo, se tal media for
inferior a 25%, e caso nenhum dos itens anteriores tiver
avaliação superior a esse número (25%).
Como o procedimento exige a comparação dos
macro-sinomorfos dois a dois, e sabendo, antecipadamente,
haver algumas diferenças entre as escolas estudo de caso em
função dos critérios inicialmente definidos para sua escolha
(Parte 4, Volume 1) optou-se por começar comparando as duas
escolas que oferecem apenas educação infantil para crianças
com idade entre 2 e 7 anos, como seja, Acalanto e Ciranda,
tendo-se obtido média 7,7% (Quadro 10).
Podendo-se concluir que as duas escolas analisadas
fazem parte de um mesmo genótipo, optou-se por comparar a
Acalanto, que ocupa uma posição intermediária no ranking das
escolas (conforme dados apresentados no Parte 5, Volume 1),
com os demais estabelecimentos de ensino.
QUADRO 10 – Comparação entre as escolas
Acalanto e Ciranda para verificação de genótipo
ITEM
PERCENTUAIS
OBTIDOS NA
COMPARAÇÃO
Diferença no programa
10
Tempo para treinamento de componente
humano
10
Itens do programa não transferíveis
6
Tempo usado na manutenção dos itens não
transferíveis
5
MÉDIA
Cerca de 7,7%
A partir dos critérios anteriores as médias de
comparação obtidas foram: 23,2% (relação Acalanto/Bamboleio),
20,50% (Acalanto/Fandango) e 16,7% (Acalanto/Pastoril). Se
considerarmos que tais estabelecimentos, além de ensino
infantil de 2 a 7 anos, oferecem outros serviços (a Bamboleio
também oferece berçário e semi-internato, a Pastoril inclui
primeira à quarta série do ensino fundamental e a Fandango
Pastoril tem primeira e segunda séries do ensino fundamental
menor), pode-se concluir que, em linhas gerais tais diferenças
não alteram de modo significativo os sinomorfos, de modo que
essas escolas fazem parte de um mesmo genótipo ambiental.
MÉTODOS E TÉCNICAS - 15
De modo geral essa constatação corrobora a
discussão inicial dessa tese, permitindo que fosse elaborada
essa tese, uma vez que, caso as escolas não se inserissem na
noção de genótipo ambiental seria impossível tanto compara-las
entre si, quanto, sobretudo, traçar diretrizes que viessem a
orientar novas propostas na área.
Apesar desse aspecto positivo, é importante ressaltar
que essa é uma conclusão pertinente apenas à situação em
estudo, e que os resultados obtidos talvez sejam diferentes em
outras realidades.
De fato, a própria situação de mudança metodológica
existente atualmente na área facilitou essa identificação, que
poderia ser diferente se os métodos de ensino fossem outros.
16 - MÉTODOS E TÉCNICAS
MÉTODOS E TÉCNICAS - 17
3- MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL
SIMPLIFICADO
3.1- DESCRIÇÃO GERAL
Para uma melhor compreensão da ocupação das
áreas livres, bastante utilizadas e valorizadas pelos usuários de
todas as idades, optou-se por utilizar o mapeamento
comportamental centrado no lugar (Sommer & Sommer, 1997),
que foi realizado de modo simplificado, adaptado à situação.
Essa técnica baseia-se na observação naturalista do
ambiente (Lee, 1977), e gera uma representação gráfica da
ocupação humana em uma área, relacionando espaço físico
(limitado e dividido em seções) e comportamento dos usuários
(classificado em categorias definidas em função do tema em
estudo). Ela exigiu a criação de uma ficha de observação (Anexo
4) contendo os setores específicos do espaço e as categorias
comportamentais em evidência, contemplando comportamentos
de convivência e não-convivência (isolamento e conflito), e
documentando o tipo de atividades (estáticas ou dinâmicas)
realizadas pelas crianças, bem como a presença de adultos.
Os dados foram coletados durante uma semana típica
(na qual não ocorreu qualquer evento excepcional) em seis (6)
horários, três(3) matutinos e três(3) vespertinos: entrada das
crianças, recreio e saída. A análise das informações foi realizada
de forma conjunta e em função daqueles horários. A coleta
ocorreu paralelamente à aplicação dos questionários e/ou a
realização das entrevistas. As anotações, em número de uma a
cada 5 minutos, não representaram instantes congelados de
tempo (como ocorre na adoção da técnica no modelo
tradicional). Como durante a observação informal notou-se que
grande parte das crianças costuma se envolver em atividades
estruturadas cuja duração é relativamente longa (cerca de 10
minutos), permanecendo, portanto, algum tempo no mesmo local
ou em espaços contíguos, optou-se por observar a ocupação de
uma área durante cinco minutos e, fazer uma anotação-resumo.
Tal procedimento mostrou-se adequado pois cada ficha de
observação configurou-se como uma síntese dos
acontecimentos durante aquele período.
Os dados receberam um tratamento estatístico
simples com comparações dos percentuais de ocupação em
função do seu tipo e do horário que ocorriam. Isso possibilitou a
construção de gráficos e plantas indicativas.
O mapeamento exigiu a criação de uma ficha de
observação contemplando a relação entre setores específicos
18 - MÉTODOS E TÉCNICAS
do espaço e categorias comportamentais em evidência,
envolvendo os tipos de atividades (estáticas, dinâmicas ou
intermediárias) realizadas pelas crianças, as condições de
convivência (ou não-convivência) e a presença de adultos,
termos conceituados da seguinte maneira:
atividades estáticas
: realizadas com pouca
movimentação e ocupando área restrita, nas quais os
participantes passam grande parte do tempo na mesma
posição (sentados, em pé ou até deitados no chão) como
conversar, ler, utilizar jogos de montar/encaixe/quebra-
cabeças, maquiar-se e similares.
atividades dinâmicas
: exigem movimento contínuo dos
participantes, ocupando um espaço relativamente
grande, como ocorre em jogos coletivos (futebol,
basquete, polícia-ladrão, esconde-esconde, pega-pega,
super-heróis), apostar corrida (ou correr sozinho),
trenzinho, etc..
atividades intermediárias
: situadas entre as duas
anteriores, exigem movimentação e esforço físico, mas
não representam grande ocupação de espaço, o que
ocorre com pular corda, pular elástico, desfilar, brincar de
amarelinha.
passagem
: a pessoa desloca-se pela área (andando ou
correndo) apenas como forma de atingir outros
ambientes.
comportamento de convivência
: envolve 2 tipos de
situação:
- Amistosa: interação de duas ou mais pessoas de
modo amistoso, em qualquer atividade (acima)
- Não-amistosa: comportamento agressivo,
envolvendo briga, chingamento e similares.
comportamento de não-convivência
: quando a pessoa não
interage com as demais, permanecendo isolada do grupo.
3.2- INSTRUMENTOS UTILIZADO
MÉTODOS E TÉCNICAS - 19
UFRN – CT - DArq
Pesquisa: Avaliação de Pré-escolas
CHECK LIST COMPORTAMENTAL - CRIANÇAS
ESCOLA: _______________________
LOCAL:_____________________
HORÁRIO: ________________________
DATA: ____________________
QUANTIDADE DE OCUPANTES (MÉDIA): _________
________- adultos / ______crianças
P – presente, verificado continuamente durante o período de observação
A – ausente, não verificado durante o período de observação
E – eventual, verificado poucas vezes durante o período de observação
COMPORTAMENTOS
P A E OBSERVAÇÕES
DE CONVIVÊNCIA
DE ISOLAMENTO
DE CONFLITO
20 - MÉTODOS E TÉCNICAS
UFRN – CT - DArq
Pesquisa: Avaliação de Pré-escolas
MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL – FICHA DE
OBSERVAÇÃO
ESCOLA: __________________________
ÁREA OBSERVADA:_____________________
HORÁRIO: __________ / _____________
DATA: ____________________
SISTEMA DE OBSERVAÇÃO: ________ / ________ minutos
OBSERVAÇOES GERAIS:
COMPTOS SETORES
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Vazio
Uma criança
Ativ. Estática
Ativ. Interm.
Ativ. Dinâmica
Duas crianças
Ativ. Estática
Ativ. Interm.
Ativ. Dinâmica
Grupo crianças
Ativ. Estática
Ativ. Interm.
Ativ. Dinâmica
Adulto presente
Interação crianças
Sem interação
SOMAS
MÉTODOS E TÉCNICAS - 21
3.2- TRATAMENTO DOS DADOS
O tratamento dos dados aconteceu mediante
estatística descritiva simples, gerando tabelas cujos
resultados podem ser re-interpretados/apresentados a
partir de três formas básicas de gráficos, exemplificados a
seguir.
Ressalte-se que estes recursos foram utilizados na
análise dos estudos de caso (Apêndices 2 a 6), tendo
como objetivo diminuir a leitura de grande quantidade de
tabelas numéricas, facilitando a compreensão das
informações a partir de uma rápida visualização da
representação gráfica.
a) CURVAS DE ACESSO NOS HORÁRIOS DE
ENTRADA/SAÍDA (Gráfico 1):
O eixo horizontal representa o horário, que foi
subdividido a cada 5 minutos; e o eixo vertical corresponde
à quantidade de pessoas que passa por um local
determinado (nesse caso, número de crianças que passou
pelo portão, entrando ou saindo da escola). No gráfico,
cada cor representa um dia da semana. Além dos valores
máximos e mínimos, também é interessante observar o
formato final da curva, e o tempo total da ocorrência.
LEGENDA
Segunda feira
Terça feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Gráfico 1 – Curva de acesso
22 - MÉTODOS E TÉCNICAS
b) CURVA DE OCUPAÇÃO TOTAL (Gráfico 2):
Considerando a máxima ocupação possível para o
estabelecimento de ensino (quantidade total de alunos
matriculados naquele semestre), este gráfico refere-se à
curva gerada pelo acúmulo de pessoas no local durante o
horário de atividades.
O gráfico, em cuja base encontra-se a evolução
horária, pode ser lido a partir de duas escalas. A da
esquerda refere-se à linha rosa, e diz respeito à quantidade
absoluta média de alunos (apresentada em detalhes no
gráfico anterior); e a da direita, em linha azul marinho, diz
respeito ao total acumulativo da ocupação, em temos de
valor percentual da ocupação prevista (ou seja, valia de
0%, quando a escola está totalmente vazia, a 100%,
quando todas as crianças encontram-se na escola).
LEGENDA
Quantidade média de alunos no horário
Total acumulado de ocupação (%)
Gráfico 2 – Curva de ocupação
c) GRÁFICO DO TIPO DE OCUPAÇÃO EM UM HORÁRIO
(Gráfico 3):
Em função das observações efetuadas, pode-se
calcular a fração (percentual) de vezes nas quais um
determinado tipo de comportamento aconteceu, frente ao
número total de eventos possíveis (se as anotações
MÉTODOS E TÉCNICAS - 23
acontecerem a cada 5 minutos, por exemplo, em 30
minutos terão sido feitas 7 anotações, assim, um
comportamento que tiver acontecido 2 vezes, foi observado
e cerca de 30% das ocasiões onde seria provável).
No trabalho realizado tais valores correspondem a
uma dupla representação gráfica, que reúne as chamadas
“pizzas duplas” a um gráfico de barras verticais (Gráfico 3).
As pizzas proporcionam dois tipos de informação:
o círculo menor diz respeito ao tipo geral de uso do
local : ocupação, não ocupação (vazio) e passagem;
o círculo maior é um detalhamento da ocupação,
definindo se a mesma é estática, dinâmica ou
intermediária (conforme definido no volume 1).
Por sua vez, as barras verticais representam os
setores nos quais foi subdivida a área observada,
mostrando os tipos de ocupação que neles acontece
(dinâmica, intermediária, estática, passagem e
vazio).
Gráfico 3 – Tipo de ocupação
24 - MÉTODOS E TÉCNICAS
A esse recurso gráfico soma-se a planta baixa do
ambiente em estudo, cujos setores (previamente definidos
para poderem ser observados) foram coloridos em função
do tipo de ocupação dominante (Figura 1).
LEGENDA:
VAZIO
ATIVIDADE ESTÁTICA
ATIVIDADE DINÂMICA
ATIVIDADE INTEMEDIÁRIA
DESLOCAMENNTO
Figura 1 –
Ocupação predominantes nos setores da área observada
MÉTODOS E TÉCNICAS - 25
4- QUESTIONÁRIOS
4.1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
Utilizado a fim de coletar dados objetivos sobre como o
usuário adulto percebe o ambiente pré-escolar e sua satisfação
com este, o questionário (Anexo 5) foi respondido na presença
do pesquisador mas não aplicado pelo mesmo, o que permitiu a
aplicação de vários ao mesmo tempo. Apenas no caso de
pessoas com problemas no entendimento da leitura (2
funcionários) o instrumento foi aplicado pelo pesquisador.
Além das características do respondente, buscou-se
sua opinião sobre a escola quanto às condições de conforto,
segurança e qualidade construtiva, bem como suas aspirações e
expectativas em termos ambientais. Na definição do instrumento
final foram realizados quatro pré-testes em escolas semelhantes,
cada uma das quais introduziu alterações específicas, sobretudo
na forma de elaboração e na linguagem utilizada.
Na instrumento final foram mescladas questões
abertas e fechadas. As últimas envolvendo perguntas com
múltiplas respostas e também escalas com quatro pontos
(MUITO SATISFEITO, SATISFEITO, INSATISFEITO, MUITO
INSATISFEITO). Assim, havendo apenas duas tendências
básicas, exigiu-se do respondente uma tomada de decisão que
impediu respostas ambíguas. Tais respostas, com base
qualitativa, foram depois transformadas em dados numéricos
(primeiro em base 4, correspondendo às 4 respostas
supracitadas, e depois repassadas para o sistema decimal). Os
resultados foram tratados com estatística descritiva (média,
moda e desvio padrão), sendo os resultados apresentados
através de gráficos de barras e diagramas de Paretto.
As demais questões fechadas foram tratadas por meio
de planilhas eletrônicas em termos de médias, modas e desvios
padrões, e lançadas em programa gráfico. Nas questões abertas
as respostas foram decodificadas a partir de palavras-chave
agrupadas em categorias, bem como tomadas na íntegra
quando da necessidade de sua citação no corpo do trabalho,
casos nos quais os respondentes não são identificados a fim de
manter-se sua privacidade.
A aplicação do questionário a uma amostra de
usuários-diretos adultos composta por pais/responsáveis,
professores/assistentes e funcionários, foi realizada em abril-
maio/2001, tendo duração média de 25 minutos/pessoa (ver
indicações de cada universo no item 3.1 – Caracterização do
objeto de estudo, volume 1).
4.2- INSTRUMENTOS UTILIZADOS
26 - MÉTODOS E TÉCNICAS
Esta pesquisa visa subsidiar novos projetos de arquitetura para pré-escolas em Natal.
Estamos interessados na sua opinião sobre o ambiente escolar de seu filho e em suas
sugestões para torná-lo cada vez melhor. Agradecemos sua colaboração.
(Prof. Responsável: Gleice Azambuja Elali – Depto. Arquitetura, UFRN)
Pesquisa: Avaliação de PRÉ-ESCOLAS
Escola: ________________________________
QUESTIONÁRIO PARA PAIS OU RESPONSÁVEIS
1- Sobre a relação com a escola:
- Vínculo com a escola: ( ) pai ( ) mãe ( ) responsável: ...........
- Número de filho(s) neste estabelecimento:
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) .................
- Horário da(s) criança(s) na escola: ( ) M ( ) T ( ) ambos
- Nível/turma da(s) criança(s): .......................................
2- Sobre o respondente:
- Idade: .................anos Gênero: ( )F ( )M
- Profissão: ..........................................................................
- Tempo que conhece a escola: ...................anos
- Bairro onde a família mora: ..................................................
- Tipo de moradia da família:
a- ( ) casa b- ( ) apartamento
- Tipo de transporte para vir até a escola:
( ) carro ( ) ônibus/alternativo/t.escolar ( ) motocicleta
( ) a pé ( )......................
3- Quais as 3 principais razões para a(s) criança(s) estarem nesta escola?
( ) amizade com a equipe da escola ( ) tradição familiar
( ) indicação de parentes/amigos ( ) espaço físico da escola
( ) preço (mensalidade) acessível ( ) proximidade residência
( ) método de ensino adotado ( ) conhecimento anterior
( ) proximidade do local de trabalho/estudo dos pais/responsáveis
( ) outros, indique:..........................
4- Com relação ao ambiente físico
da escola, de modo geral você está:
( ) Muito Satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Insatisfeito ( ) Muito Insatisfeito
5- Indique 3 aspectos físicos da escola atendem bem sua função.
6- Indique 3 aspectos físicos não atendem bem sua função.
Para as próximas questões utilize este critério:
MS= MuitoSatisfeito; Sat= Satisfeito;
Ins= Insatisfeito; MI= MuitoInsatisfeito; NS=NãoSei
MÉTODOS E TÉCNICAS - 27
7- Avalie a escola como um todo
em função dos itens a seguir:
ÍTEM MS Sat Ins MI NS
1. Localização da escola
2. Tamanho da escola
3. Segurança contra incêndio
4. Risco de acidentes
5. Aparência externa
6. Aparência interna
7. Uso de cores
8. Dimensão dos cômodos
9. Distância entre os cômodos
10. Condições gerais de conforto ambiental
(temperatura, ventos, luz, ruídos)
11. Materiais das paredes
12. Materiais do piso
13. Quantidade de área livre
14. Arborização da área livre
15. Localização do Playground
16. Brinquedos do Playground
17. Salas de aula/atividades
18. Banheiros
19. Estacionamento
Observações:
7- Usando estes os mesmos critérios, avalie a sala de aula de seu filho(a
) :
.Sala avaliada: ..........................................
(no caso de haver mais de uma criança, escolher uma das salas)
ÍTEM MS Sat Ins MI NS
20. Dimensão da sala de aula
21. Aparência geral da sala
22. Iluminação natural da sala
23. Iluminação artificial
24. Temperatura
25. Ventilação natural
26. Quantidade de janelas e aberturas
27. Altura das janelas
28. Mobiliário quantidade
29. Mobiliário - qualidade
30. Interferência Ruídos Externos à escola
31. Interferência Ruídos Internos escola
32. Interferência Ruídos Internos da sala
33. Materiais (piso e parede) utilizados
8- Há mais algum aspecto que deveria ser avaliado (tanto em relação à escola
como um todo quanto em relação à sala de aula)? Qual?
9- Dentre todos itens relacionados ao espaço físico avaliados nas questões 7 e
8 indique os 3 que você considera prioritários
(essenciais, indispensáveis)
para a boa definição de qualquer pré-escola.
(use os números dos itens) : ............ ............ ...........
10- O que deveria ser modificado nesta escola para torná-la mais adequada às
crianças?
11- Na sua opinião, em quais aspectos o ambiente físico da escola ajuda o
desenvolvimento do seu filho(a)? Porque?
Se desejar acrescentar alguma informação, use
este espaço ou o verso da folha.
28 - MÉTODOS E TÉCNICAS
Esta pesquisa visa subsidiar novos projetos de arquitetura para pré-escolas em Natal.
Estamos interessados na sua opinião sobre o ambiente escolar desse estabelecimento e
em sugestões para torná-lo cada vez melhor. Agradecemos sua colaboração.
(Prof. Responsável: Gleice Azambuja Elali – Depto. Arquitetura, UFRN)
Pesquisa: Avaliação de PRÉ-ESCOLAS
Escola: ____________________________________
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS
1- Sobre a relação com a escola:
- Vínculo: ( ) professor/ auxiliar ( ) funcionário,
ocupação:....................................
- Horário de trabalho na escola:
( ) manhã ( ) tarde ( ) ambos ( ).......................
- Se professor, nível/turma que ensina: .............................
- Tempo que trabalha nessa escola: ..................................
2- Sobre o respondente:
- Idade: .................anos Gênero: ( )F ( )M
- Profissão: ..........................................................................
- Bairro onde mora: ..................................................
- Tipo de transporte para vir até a escola:
( ) carro ( ) ônibus/alternativo ( ) motocicleta ( ) a pé ( )............
3- Com relação ao ambiente físico dessa escola, de modo geral você está:
( ) Muito Satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Insatisfeito ( ) Muito
Insatisfeito
4- Quais os 2 ambientes da escola que você mais utiliza e quanto tempo
(aproximadamente) você permanece por dia neles?
LOCAL TEMPO
5- Indique 3 aspectos físicos da escola atendem bem sua função.
6- Indique 3 aspectos físicos não atendem bem sua função.
Para as próximas questões utilize este critério:
MS= MuitoSatisfeito; Sat= Satisfeito;
Ins= Insatisfeito; MI= MuitoInsatisfeito; NS=NãoSei
MÉTODOS E TÉCNICAS - 29
7- Avalie a escola como um todo em função dos itens a seguir:
ÍTEM
MS Sat Ins MI NS OBSERV.
1- Localização da escola
2-Tamanho da escola
3- Segurança contra incêndio
4- Risco de acidentes
5- Aparência externa
6-Aparência interna
7- Uso de cores
8- Dimensão dos cômodos
9- Distância entre os cômodos
10- Condições gerais de conforto
ambiental (temperatura, ventos, luz,
ruídos)
11- Materiais das paredes
12- Materiais do piso
13- Quantidade de área livre
14- Arborização da área livre
15- Localização do Playground
16- Brinquedos do Playground
17- Salas de aula/atividades
18- Banheiros
19- Estacionamento
Observações:
8- Usando os mesmos critérios, avalie a sua sala de aula ou trabalho
Sala avaliada: ........................................................
(
para professores, sala de aula – para funcionários a sala que permanece mais
tempo; no caso de mais de um local, escolher um deles)
ÍTEM
MS Sat Ins MI NS OBSERV.
20- Dimensão da sala de aula
21- Aparência geral da sala
22- Iluminação natural da sala
23- Iluminação artificial
24- Temperatura
25- Ventilação natural
26- Quantidade de janelas e aberturas
27- Altura das janelas
28- Mobiliário – quantidade
29- Mobiliário - qualidade
30- Interferência Ruídos Externos à
escola
31- Interferência Ruídos Internos escola
32- Interferência Ruídos Internos da
sala
33- Materiais (piso e parede) utilizados
9- Há mais algum aspecto que deveria ser avaliado (tanto em relação à escola
como um todo quanto em relação à sala de aula)? Qual?
10- Dentre todos itens relacionados ao espaço físico avaliados nas questões 7
e 8 indique os 3 que considera prioritários
(essenciais, indispensáveis)
para a boa definição de qualquer pré-escola
.
(
use os números colocados antes de cada item) : ........ ......... ........
30 - MÉTODOS E TÉCNICAS
11- O que deveria ser modificado nesta escola para torná-la mais adequada às
crianças?
12- Na sua opinião, em quais aspectos o ambiente físico da escola ajuda o
desenvolvimento do seu filho(a)? Porque?
Se desejar acrescentar alguma informação, use este espaço ou o verso da
folha.
MÉTODOS E TÉCNICAS - 31
5.3-
TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados obtidos a partir da aplicação dos questionários
foram tratados com base em estatística descritiva, incluindo
médias modas e desvio padrão, conforme indicado
anteriormente (volume 1).
Informações relativas a aspectos como idade, dos
respondentes, tipo de moradia e gênero geraram tabelas
específicas, colocadas ao final de cada estudo de caso. Em
termos gráficos elas assumiram a forma de gráficos de diversos
tipos (bi ou tridimensionais), como os exemplificados a seguir.
Gráfico 4 – Barras verticais simples
Gráfico 5- Barras subdivididas
Gráfico 6 – Barras compartivas
32 - MÉTODOS E TÉCNICAS
Note-se que cada tipo de representação gráfica permite
um tipo de leitura específica:
- o Gráfico 4 é apenas descritivo, demonstrando o ranking de
um fator face aos demais;
- o Gráfico 5 permite uma melhor compreensão do significado
de um tipo de item frente ao outros componentes que
incidem sobre aquele aspecto estudado;
- o Gráfico 6 possibilita não apenas a comparação entre os
fatores que participam de uma reposta, mas que as
indicações de um grupo de pessoas possam ser comparadas
com as repostas de outro grupo.
Nas temáticas relacionadas a grande número de fatores,
como o estudo da satisfação, foram utilizados gráficos de barras
verticais semelhantes aos supracitados, acrescidos dos Gráficos
de Paretto (barras horizontais – gráfico 7), os quais permitem a
classificação crescente dos scores obtidos pela valoração dos
itens pelos usuários.
Gráfico 7 – Paretto
Em se tratando da comparação entre os dados obtidos
nas diversas escolas ou fornecidos pelas diversas categorias de
usuários, optou-se pela elaboração de gráficos de Paretto
coloridos. Nesse caso, como a cada cor corresponde um
MÉTODOS E TÉCNICAS - 33
aspecto estudado, torna-se mais simples comparar a posição no
ranking (geral ou específico) que um dado fator ocupa, bem
como inferir a maior ou menor valorização daquele item pelo
grupo, independentemente do número ao qual está associado.
Assim, um aspecto pode obter um score 6,8 em duas
escolas, mas em uma ter assumido a segunda posição mais
positiva, e na outra estar visivelmente entre os fatores negativos.
Tal colocação poderia, inclusive, ser um indicativo inicial de
maior ou menor grau de exigência daqueles usuários.
Observe-se, no exemplo a seguir, a grande alternância
da posição que os diversos fatores ocupam nos gráficos 8. A
localização (marrom), é a mais valorizada pelo primeiro grupo, e
ocupa apenas a quinta posição para o segundo grupo, enquanto
o playground (alaranjado claro) é muito valorizado pelo segundo
grupo (segunda posição) e, para o primeiro grupo obteve apenas
a nova colocação.
Gráficos 8 – Gráficos de Paretto coloridos
34 - MÉTODOS E TÉCNICAS
5- DESENHO-TEMÁTICO
ACOMPANHADO DE ENTREVISTA
O desenho-temático, ou desenho-estória-com-tema
(Trinca, 1976), foi desenvolvido visando a pesquisa na área de
eepresentações sociais, sendo compreendido como um modo
de manifestação simbólica da subjetividade grupal, e gerado um
material passível de ser analisado inclusive psicanaliticamente
(Aiello-Vaisberg, 1997).
Obviamente não é nesse último ponto que recai o
interesse desta pesquisa. De fato, a opção pela realização de
desenho-temático baseou-se na idéia de fazer uma pergunta de
modo lúdico, diferente do habitual, mas completamente
compreendido pela criança, e de uma maneira que ela se
sentisse estimulada à responder .
“ O pesquisador brinca ao perguntar, substituindo
questões conceituais por uma espécie de enigma
imaginário, ao qual o sujeito só pode responder
brincando.” (Aiello-Vaisberg, 1997: 267-268).
Para a aplicação da técnica foi necessária a elaboração
de uma ficha de “Avaliação do Ambiente Pré-Escolar pela
Criança” (Anexo 6-A) e de um roteiro para orientar os auxiliares
de pesquisa (Anexo 6-B). O material de campo consistia em um
estojo plástico contendo 2 lápis grafite, 1 borracha e 8 lápis de
cor (azul, amarelo, vermelho, rosa, marrom, verde, roxo e
preto), folhas de papel sulfite branco tamanho A4 e folhas de
papel vegetal.
O trabalho foi individual, realizado por uma dupla
pesquisador-criança, e teve duração de aproximadamente 30
minutos. O aluno era solicitado a fazer dois desenhos (um de
cada vez) em papel sulfite: sua sala de aula e sua escola. A
realização da tarefa era observada; ao ser terminado, o trabalho
era coberto com papel vegetal e o pesquisador anotava sobre o
desenho o que representavam os diversos elementos gráficos
presentes; seguia-se a entrevista, partindo das perguntas
contidas na ficha.
As questões foram tratadas a partir de palavras-chave, e
os desenhos foram trabalhados tanto em termos do conteúdo
manifesto (elementos gráficos relacionados ao ambiente natural,
ao ambiente construído e à pessoa humana), quanto das cores
utilizadas, modo de uso do papel, dificuldades, ordem de
representação dos elementos e tempo total de trabalho.
O material coletado apresentou-se muito interessante,
oferecendo contribuições significativas para a compreensão do
modo como a criança percebe a escola.
Além da aplicação, a dificuldade também disse respeito à
reprodução dos trabalhos das crianças, já que, quando copiados
MÉTODOS E TÉCNICAS - 35
(eletronicamente ou por xerox), a maior parte das informações
se perdeu, o que aconteceu sobretudo em função do tipo de
traço infantil (pouco definido).
5.2- INSTRUMENTOS UTILIZADOS
36 - MÉTODOS E TÉCNICAS
Pesquisa: Avaliação de PRÉ-ESCOLAS
Prof. Responsável: Gleice Azambuja Elali – IAPA / Depto. Arquitetura, UFRN
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE PRÉ-ESCOLAR PELAS
CRIANÇAS
Fase 1 – desenho
Trabalhos individuais com acompanhamento
FICHA BÁSICA
Escola: ___________ Data: ___/________ Entrevistador:
____________________
Criança: _____________________ Idade: _________ Nível:
__________________
DESENHO DA SALA DE AULA
Tempo de trabalho: ________________________
início __________ final _________
Iniciou o desenhou por:
___________________________________________________
Ordem de representação dos elementos :
Elementos com mais dificuldade (uso intenso de borracha /
hesitação / bloqueio ):
Comentários durante o trabalho:
O que acha mais legal na sala de aula:
Lugar da sala que mais gosta:
O que não gosta na sala:
Lugar especial (próprio) na sala:
Se pudesse mudar algo na sala de aula:
MÉTODOS E TÉCNICAS - 37
DESENHO DA ESCOLA
Tempo de trabalho: ________________________
início __________ final ___________
Iniciou o desenhou por:
___________________________________________________
Ordem de representação dos lugares :
Elementos com mais dificuldade (uso intenso de borracha /
hesitação / bloqueio):
Comentários durante o trabalho:
O que acha mais legal na escola:
Lugar que mais gosta:
Qual o lugar que menos gosta:
Lugar especial:
Se pudesse mudar algo na escola:
38 - MÉTODOS E TÉCNICAS
Pesquisa: Avaliação de PRÉ-ESCOLAS
Prof. Responsável: Gleice Azambuja Elali – Depto. Arquitetura, UFRN
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE PRÉ-ESCOLAR PELAS
CRIANÇAS
Fase 1 – desenho
Trabalhos individuais com acompanhamento
ROTEIRO BÁSICO
Apresentação:
- Eu sou........... e estou fazendo uma pesquisa sobre
crianças na escola. Você pode me ajudar?
(se a criança perguntar algo sobre você ou a pesquisa, explique de
modo resumido e claro)
- Como é o seu nome?
- Quantos anos você tem?
- ..............
(nome da criança) primeiro eu queria que você
desenhasse a sua sala de aula nessa folha.
Entregar uma folha de papel.
O kit já estará sobre a mesa
(caixa com 2 lápis preto, lápis de cor,
borracha, durex).
Anotar horário de início e final do desenho.
Acompanhar a elaboração do trabalho sem exagerar na
observação direta e contínua para não inibir. (Não é preciso se
sentar totalmente de frente para a criança nessa fase.)
Se a criança permanecer calada, respeite o silêncio.
Se a criança fizer comentários sobre o desenho, anote.
Se você notar que ela quer interagir, converse, mas deixe que
ela conduza. Não faça perguntas nem sugira motivos, locais,
cores ou correções. Anote os temas tratados (itens) para relatar
depois.
Se ela pedir sugestões (Que cor eu pinto? Como eu desenho tal
coisa? Onde fica isso?) Explique que é ela que está desenhando
e conhece a escola muito melhor que você, logo você não vai
poder dizer isso...
Se a criança borrar muito, rasgar sem querer, se chatear, pedir
outra folha pra fazer o mesmo desenho, tudo bem, dê outra, mas
fique com a estragada.
Enquanto ela trabalha observe e anote na ficha:
O que desenhou primeiro:
Ordem de representação dos elementos :
Tempo total de trabalho: início _______ final ________
Elementos com mais dificuldade (uso intenso de borracha
/ hesitação):
Quando a criança terminar o trabalho converse com ela.
- Terminou? Ok (tente não rotular, não precisa dizer se
está feio/bonito, bem/mal feito, certo/ errado, etc...)
Agora você vai me mostrar o que desenhou, porque eu
vou anotar bem direitinho pra não me esquecer depois,
certo? Vou usar essa folha transparente pra não estragar
seu desenho.
Coloque a folha transparente encima e anote nela, com lápis,
informações como locais, objetos, móveis, brinquedos, materiais,
MÉTODOS E TÉCNICAS - 39
o lugar que fulano caiu ontem, etc... Se a criança adiantar
alguma resposta às perguntas posteriores, anote na ficha.
Quando terminar de entender todo o desenho, continue a
entrevista, adaptando as perguntas à situação:
- O que você acha mais legal na sua sala de aula? (O que
e porque. Tudo o que ela disser é importante, mas
não precisa ser anotado “ao pé da letra”. Faça
tópicos. Se forem só informações pessoais,
subjetivas, direcione a resposta para o espaço, o
lugar, o que é significativo para ela... esse é o nosso
enfoque. Caso a criança diga algo muitíssimo
interessante, e você consiga copiar literalmente, use
“aspas”.)
- Qual é o lugar da sua sala que você mais gosta?
(Qual e porque. Se o local estiver representado no
desenho, anote na folha transparente)
- O que você não gosta na sua sala? (O que e porque)
- Você tem um lugar só seu na sala de aula? Onde é?
(Qual e porque.)
-
- Se você pudesse mudar alguma coisa nessa sala, o
que seria?
--------------------------------------------------------------------------------------
Agora que a criança já está familiarizada com você, entendeu
como você trabalha e o que quer, vamos para a segunda parte.
- ...... (nome da criança), eu preciso que você faça mais
um desenho. Nessa folha você vai desenhar a sua
escola.
Entregar uma folha de papel e repetir toda a operação
.
Se a criança pedir outras folhas para completar o desenho (já
que a escola é grande) entregue. Se ela quiser emendar várias
folhas (em qualquer momento) ajude-a com o durex.
Enquanto ela desenha observe-a e anote as informações
necessárias na Ficha.
Quando a criança terminar o trabalho retome a conversa.
- Ok... Agora, você vai me explicar tudo. Vou usar de novo
a folha transparente pra não estragar seu desenho.
(anote na folha transparente as informações: o
parque, a árvore, o brinquedo tal, a entrada, etc...)
- O que você acha mais legal na sua escola? (O que e
porque. Tudo o que for dito é importante, mas não
precisa ser anotado “ao pé da letra”. Se forem só
informações pessoais, subjetivas, direcione para o
espaço, o lugar... esse é o nosso enfoque)
40 - MÉTODOS E TÉCNICAS
- Qual é o lugar da escola você que mais gosta? (qual e
porque; se o local estiver no desenho, marque na folha
transparente)
- E qual o lugar que você menos gosta na escola? (qual e
porque; se der, marque)
- Você tem um lugar especial, só seu, na escola? Onde
fica? (idem)
- Se você pudesse mudar alguma coisa na escola, o
que seria? (idem)
Termine a entrevista, agradeça à criança e pergunte se ela quer
falar mais sobre a escola. Avise que talvez você precise voltar
para perguntar mais alguma coisa que esqueceu.
Verifique se as folhas usadas estão assinadas por ela e/ou
identificadas por você.
Quando ela sair, use o verso da ficha para anotar suas impressões
sobre a entrevista.
APÊNDICE 2
ESTUDO DE CASO N. 01
ESCOLA: ACALANTO
ACALANTO - 1
1- CARACTERIZAÇÃO
INSTITUIÇÃO:
Escola Acalanto
1
LOCALIZAÇÃO:
Localiza-se na área frontal do Campus Central da UFRN,
ligando-se diretamente à Via de Contorno no setor contíguo à
rótula que controla o tráfego proveniente da Av. Senador
Salgado Filho/BR-101 (Complexo Viário do 4
o
. Centenário), da
Av. Santos Dumont (bairro de Mirassol) e do interior do Campus.
FUNDAÇÃO:
maio/1979, sempre funcionando no mesmo local.
PEQUENA HISTÓRIA:
Oferecendo vagas para filhos de professores,
funcionários e estudantes da UFRN, a Escola Acalanto é uma
Unidade Suplementar da UFRN. Desde 1979 ocupa o prédio
atual, que pertencia ao antigo Escritório Técnico Administrativo
1
Esta é uma identificação provisória, visando manter a privacidade da instituição pela
não-repetição de sua razão social ou nome de fantasia. Todas as demais informações
são reais. Nesse sentido, no relato não serão utilizadas fotos de fachada, sendo as
mesmas discutidas em item específico do Volume 1, em conjunto com outras
instituições.
Todas as fotos não creditadas especificamente fazem parte do acervo da pesquisa.
Agradecimento especial a Daniel Dantas, Ana Angélica Guedes, Ana Angélica Leite,
Ramon Marinho, Flavio Freitas e Petterson, alunos do Curso de Graduação de
Arquitetura e Urbanismo da UFRN, que realizaram parte da coleta de dados que
originou este relato.
(ETA-UFRN), hoje SO-UFRN (Superintendência de Obras), e foi
adaptado para receber uma creche que nunca chegou a
funcionar. Como as várias reformas foram projetadas pelo ETA,
não há um só arquiteto especificamente responsável pelas
mesmas pois a responsabilidade-técnica é registrada em nome
da instituição. Embora vinculada a universidade federal, os pais
contribuem com uma mensalidade para a manutenção da escola
(em 2001, R$20,00), e assumem uma taxa de material dividida
em duas parcelas (em 2001, R$80,00).
SISTEMA/MÉTODO DE ENSINO ADOTADO:
Baseia-se nas idéias construtivistas e interacionaistas
de
Vigotski e Piaget, de modo que a função do professor é
coordenar as atividades e orientar o aluno no seu
desenvolvimento e interação com o meio físico e social.
QUADRO FUNCIONAL:
Seu funcionamento envolve: 1 diretora, 40 educadores
(sendo 3 coordenadoras, 14 professores e 23 assistentes, em
estágios de graduação para cursos da universidade) e 15
funcionários (dedicados a serviços administrativos e gerais), a
maioria dos quais trabalha em regime de 6 horas corridas.
CRIANÇAS ATENDIDAS:
Atualmente conta com 350 alunos, cujas idades variam
entre 1 ano e 8 meses e 7 anos, divididos em 2 turnos de quatro
2- ACALANTO
horas (matutino e vespertino, com cerca de 175 alunos cada).
Só são aceitas matrículas no primeiro nível, pois quase não há
desistências, de modo que os alunos só deixam a escola para
ingressarem no Ensino Fundamental. As normas internas da
UFRN dividem as vagas em função das categorias funcionais às
quais devem vincular-se os pais/responsáveis pelas crianças.
Assim, dos 50 alunos ingressantes a cada ano 16 estão ligadas
a professores, 16 a funcionários e 16 a estudantes; as outras 02
vagas são reservadas para crianças com necessidades
especiais, independente do tipo de ligação com a instituição.
CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DAS TURMAS:
Estão definidas turmas de cinco níveis (Quadro 1), sendo
a divisão das classes baseada na faixa etária das crianças. Mas
tal critério não é rígido, pois, dependendo do desempenho e
estágio de desenvolvimento do aluno, ele pode ser transferido
para uma turma na qual sua faixa etária não seja a
predominante.
Desde os primeiros níveis as classes tem 25 alunos,
sendo a relação alunos/professor compensada por um maior
número de adultos. Assim, nos níveis 1 e 2 (menores), há 1
professor e 2 assistentes; no nível 3 são 1 professor e 1
assistente; e nos níveis 4 e 5 não há assistentes, o que define
uma relação de 8 crianças/adulto nos níveis iniciais, 12
crianças/adulto no intermediário, e 25 crianças/adulto ao final.
QUADRO 1
Distribuição das Turmas de acordo com o Nível e o Turno
NÍVEL * IDADE TURNO
(das crianças) MANHÃ
Turmas
(crianças)
TARDE
Turmas
(crianças)
TOTAL
(de turmas)
1 (mat. 1) Menos de 3 1 (25) 1 (25)
2
2 (mat. 2) 3 a 4 anos 1 (25) 1 (25)
2
3 (jardim 1) 4 a 5 anos 1 (25) 2 (25)
3
4 (jardim 2) 5 a 6 anos 2 (25) 2 (25)
4
5 (alfabtzç) 6 e 7 anos 2 (25) 1 (25)
3
TOTAL 7 7 14
* Nessa escola as turmas são nomeadas exclusivamente em função
dos níveis (1 a 5), aos quais correspondem designações mais
comuns, entre parênteses. No texto serão usadas as duas
nomenclaturas.
2- AVALIAÇÃO TÉCNICA
2.1. IMPLANTAÇÃO / OCUPAÇÃO DO LOTE
- ÁREA DO LOTE: 2.250,00m2 (dois mil duzentos e cinqüenta
metros quadrados)
Diferindo da maioria das edificações na UFRN,
implantadas “soltas” no terreno, sem a presença de
cercamento de contenção, a área da Escola Acalanto é
ACALANTO - 3
delimitada por muro de alvenaria (altura de 1,60m), o que
permite o uso da noção de lote (a seguir).
- TOPOGRAFIA: lote quase totalmente plano
- VOLUME CONSTRUÍDO: cerca de 1.375,00m2.
- TAXA DE OCUPAÇÃO: 61% do lote
- ÁREA LIVRE: 49% do lote
- PERMEABILIZAÇÃO: 24% do terreno permanece
permeável.
- RECOBRIMENTO DA ÁREA PERMEÁVEL / VEGETAÇÃO:
quase totalmente coberta por areia branca “solta”. A
vegetação no terreno é constituída por muitas árvores em
vários estágios de desenvolvimento, existindo poucos
arbustos e plantas rasteiras, com exceção de alguns
canteiros no pátio de entrada.
- VIZINHANÇA:
A única edificação vizinha é a Escola de Música (EM) da
UFRN. A co-existência entre ambas é fácil, com exceção
dos dias de eventos na EM, quando a área fica
totalmente tomada por veículos, dificultando o acesso
das crianças à escola.
ÚLTIMA REFORMA: realizada em 1994
2.2- DENSIDADES:
Em termos de área per capta, verifica-se:
SALAS DE AULA: aproximadamente 1,45m2/criança
2
PÁTIOS COBERTOS: cerca de 1,04m2/criança
3
ÁREA LIVRE: 5,0m2/criança
4
(a metade dos quais em
área de playground).
2.3. CARACTERIZAÇÃO DO VOLUME EDIFICADO
2.3.1- Partido Arquitetônico
O partido adotado é simples e completamente integrado
à paisagem local, com pés direitos de 3 metros e cobertura de
telha cerâmica em duas águas
(Figuras 2 e 3).
O projeto arquitetônico apresenta a forma aproximada de
uma letra “F” invertida, em cuja linha vertical (maior),
francamente voltada para Sudeste, encontra-se a maior parte
das salas de aula, ocupadas pela turmas dos níveis 3, 4 e 5. As
classes dos primeiros níveis ficam na parte posterior do prédio,
fachada Noroeste, e foram acrescentadas à escola na última
reforma (1994).
2
As salas de aula tem uma média de 36 m2 e abrigam turmas com 25 crianças, cada.
3
Os pátios cobertos somam 182,00m2, precisando comportar simultaneamente as 175
crianças de um turno.
4
Considerou-se área-livre todo o espaço não-construído do terreno, somando setores
permeáveis e não-permeáveis, o que corresponde a aproximadamente 875,00m2,
divididos pelo número máximo de crianças em um turno(175).
4- ACALANTO
LEGENDA
1- Brinquedoteca
2- Sala de aula
3- Depósito
4- Circulação
5- Biblioteca
6- Banheiro adulto
7- Sala de víideo
8- Pátio descoberto
9- Cozinha
10- Atendimento
pedagógico
11- Almoxarifado
12- WC Infantil
13- Coordenação
pedagógica
14- Lavanderia
15- Recreação coberta
16- Sala de informática
17- Xerox
18- Coord. Administrativa
19- Sala de professores
20- recreação coberta
21- Direção
22- secretaria
23- Quadra pavimentada
(descoberta)
24- Palco
25- Quiosque
26- Pátio de entrada
(espera
)
FIGURA 1 – Escola Acalanto: Locação e Planta Baixa
ACALANTO - 5
FIGURA 2 – Escola Acalanto: Corte Esquemático
Na lateral Sudeste, que oferece maior recuo e volta-se
parcialmente para a rótula viária, encontra-se o playground
contendo brinquedos convencionais como balanço, trepa-trepa e
gangorras. Ele foi subdividido em três áreas, utilizadas em
função da idade das crianças, aproveitando a sombra das
árvores. No recuo Nordeste (fundos) há dois quiosques cobertos
com piaçava, usados em atividades múltiplas, sobretudo as que
envolvem água ou materiais que sujem/danifiquem a sala de
aulas/atividades.
2.3.2- Aspectos Construtivos
A edificação, totalmente térrea, utiliza materiais e sistema
construtivos comuns ao Campus da UFRN e à cidade.
Estrutura:
independente e em concreto apoiando lajes pré-
moldadas; modulação de 3,00m (três metros) em eixo.
Cobertura:
telha cerâmica tradicional em duas águas com inclinação
de 25%. Em locais onde há superposição de águas,
foram acrescentadas calhas em concreto.
Vedações:
alvenaria de tijolos cerâmicos (8 furos). Na xerox e lateral
da brinquedoteca, a vedação é em compensado pintado.
Revestimento das paredes internas:
- no setor pedagógico e circulações foi aplicado azulejo
15x15cm na parede inteira ou como barra (1,30m), nas
cores branca (copa e banheiro Maternal), azul clara
(salas de aula e banheiros entre classes) e rosa (sala de
vídeo);
- algumas paredes receberam barra em revestimento
melamínico texturizado (tipo fórmica) na cor bege;
- outras, ainda, são simplesmente rebocadas e pintadas
com esmalte na cor branca, azul ou bege.
Revestimento das paredes externas:
pintura PVA.
Piso interno:
6- ACALANTO
- a maior parte é em granilite cinza de alta resistência,
incluindo o setor pedagógico e as circulações, que em
alguns trechos, recebeu figuras coloridas pintadas à óleo.
- os banheiros e cozinha receberam cerâmica 20x20cm
cinza clara texturizada.
Piso externo:
verifica-se três tipos de tratamento:
- cimento queimado pintado, na mini-quadra de esportes;
- blocos de cimento 40x40cm com rejunte em cimento e
brita fina, no pátio de entrada e algumas das circulações
internas voltadas para os pátios;
- areia fina na área permeável.
Tratamento das aberturas:
- A maioria das portas são laminadas, pintadas com tinta
à óleo cor bege. Algumas portas são em madeira maciça,
almofadadas. Todas funcionam em caixas de madeira e
contém bandeiras em veneziana ou vidro (até a laje).
- As janelas são em madeira, pintadas com tinta à óleo
cor bege, tendo folhas e bandeiras em veneziana ou
vidro.
- Em parte do muro e no setor de serviços, o fechamento
é feito através de cobogós de cimento (vários padrões);
- Vários fechamentos internos utilizam grades de ferro
pintadas (grafite ou azul).
Instalações elétricas e hidráulicas
:
são embutidas nos locais de acesso direto das crianças.
A complementação da instalação elétrica para colocação
de ventiladores e computadores exigiu sua proteção com
canaletas plásticas aparentes.
Mobiliário:
confeccionado em madeira, com revestimento
melamínico. A mobília da área administrativa é
tradicional, industrializada. Nas salas de aula os móveis
são adequados à altura das crianças, aumentando de
tamanho em função da idade das mesmas.
Equipamento da área externa:
os parques infantis são tradicionais, industrializados,
confeccionados em madeira e pintados à óleo em cores
primárias. Na área livre existem muitos banquinhos de
praça, em madeira e ferro, pintados nas cores primárias
ou branco, localizados sob árvores.
Estado geral de conservação / manutenção:
o bom estado de conservação representa o esforço da
equipe para evitar depredações e manter a limpeza.
ACALANTO - 7
2.4- PROGRAMA BÁSICO / DIMENSIONAMENTO
SETORES:
O programa da escola (Quadro 2) está subdividido em 05
(cinco) setores básicos, interligados por circulações:
Administração, Pedagógico, Apoio Pedagógico, Serviços/Apoio
e Área externa/lazer (coberta e descoberta).
CÔMODOS SUB-DIMENSIONADOS:
Secretaria, sala de professores, salas de vídeo e
informática, e áreas de recreação cobertas.
CÔMODOS AUSENTES:
falta uma sala de reuniões que acomode um grupo
grande, e um espaço para o descanso dos funcionários
(que atualmente usam a lavanderia para esse fim).
CÔMODOS SUPER-DIMENSIONADOS: não verificou-se.
QUADRO 2
PROGRAMA E ÁREA POR SETORES
SETOR AMBIENTES QUANT.
ÁREA
(m2) aprox
ADMINISTRÇ.
Recepção
Diretoria
Secretaria com ante-sala
Arquivo/despejo
Xerox
Almoxarifado
Sala de professores
Banheiro professores
01
01
01
01
01
01
01
01
197,00
SERVIÇOS /
APOIO
Cozinha
Banheiro/vestiário
funcionários
Lavanderia
Enfermaria
WC visitantes
01
01
01
01
02
51,00
PEDAGÓGICO
Salas de Aula / Atividades
Banheiros infantis
07
04
258,00
APOIO
PEDAGÓGICO
Biblioteca
Brinquedoteca
Sala de vídeo
Sala de informática
Sala de aula para reforço
Coordenação Pedagógica
Atendimento Pedagógico
01
01
01
01
01
01
01
442,00
ÁREA EXTERNA
COBERTA
Pátio coberto
Quiosques
02
02
232,00
ÁREA EXTERNA
DESCOBERTA
Pátio descoberto
Mini quadra
Parque
02
01
03 setores
875,00
CIRCULAÇÕES COBERTAS
183,00
8- ACALANTO
2.4- FUNCIONALIDADE
ACESSO/ESTACIONAMENTO
O estacionamento é totalmente externo ao lote,
ocorrendo em área com cerca de 13,0m (treze metros) de
largura, entre a pré-escola e a EM, cujo lay-out apresenta
problemas, bem como a capacidade máxima, 25 carros,
pequena para a demanda da pré-escola.
A entrada principal da escola acontece pela lateral do
estacionamento, evitando a avenida principal e a rótula viária,
porém não tem qualquer marcação que a indique. Quem trafega
na Via de Contorno do Campus só encontra a Escola Acalanto
devido a existência do muro que a diferencia, e em função da
sua placa de identificação.
ZONEAMENTO (Figura 3):
Embora exista alguma separação funcional entre
administração, setor pedagógico e serviços, isso é mais evidente
na área próxima à entrada, onde a direção, por exemplo, é
facilmente identificável. No entanto existem elementos do setor
administrativo bastante dissociados da sua localização ideal,
como é o caso da coordenação administrativa e da xerox, cujo
acesso ocorre exclusivamente pelo setor pedagógico. Também o
setor de serviços apresenta problemas, uma vez que a cozinha
encontra-se praticamente no centro do lote, próxima à
coordenação pedagógica, e não liga-se diretamente à
lavanderia/área de serviços, o que dificulta atividades básicas,
como a retirada de lixo. O setor pedagógico está subdividido em
duas áreas espacialmente separadas, (inclusive com controle
através de grades): o maternal, que fica em salas voltadas para
o Noroeste, e o Jardim / Alfabetização, que está localizado nas
salas à Sudeste.
FIGURA 3 – Escola Acalanto: Zoneamento da área construída
LEGENDA
Pedagógico
Apoio Pedagógico
Circulação
Administração
Banheiros
Serviços
Lazer coberto
Lazer descoberto
ACALANTO - 9
Foto 1 – Sala de aula Maternal Foto 2- Sala de aula Jardim 1
Foto 3- Pias Externas Maternal Foto4- Bancada dos Banheiros do
Jardim/Alfabetização
Não há setorização das salas de apoio pedagógico, que
foram colocadas entre as demais. Assim, por exemplo, o acesso
à brinquedoteca ocorre através da área do maternal, de modo
que, para chegar à mesma, as crianças maiores precisam
atravessar esse setor. O mesmo, mas com sentido inverso no
fluxo de alunos, acontece com a sala de vídeo, embora de modo
menos conflitante.
ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO:
O mobiliário das classes é ergonomicamente adequado
às crianças (Fotos 1 e 2) , contendo:
o Maternal - mesas menores e quadradas (4 lugares).
o Jardim - mesinhas quadradas (lug.) e mais altas.
o Alfabetização - carteiras convencionais (retangulares) e
agrupáveis, ligeiramente mais baixas que o comum.
o Nas salas de Maternal e Jardim não foram encontradas
escrivaninhas e cadeiras adequadas aos adultos.
Os banheiros são adaptados para atender
separadamente às usuários, divididas em faixas etárias:
- Ala do Maternal (níveis 1 a 3), correspondente às
crianças menores: as peças sanitárias possuem
dimensões e alturas específicas, adaptadas às crianças
de 2 a 4 anos. Apesar de ergonomicamente correta,
existe um problema funcional nos mesmos, pois os
boxes individuais são pequenos, dificultando que as
professoras e auxiliares acompanhem a criança, que
nessa idade ainda precisa de ajuda nas atividades de
higiene. Para contornar tal problema foram colocadas
pias na área externa (Foto 3), o que diminuiu o número
de crianças dentro do cômodo.
- Ala do Jardim / Alfabetização: A colocação de banheiros
entre duas salas de aula (aberto para ambas) é
funcionalmente interessante, embora fosse mais útil no
10- ACALANTO
Maternal, cujas crianças deveriam ter acesso mais direto
às instalações sanitárias. O maior problema nesses
banheiros é a altura das bancadas, dotadas de cubas
inox (Foto 4), pois as mesmas, na adaptação à creche,
serviriam para o banho de bebês (altas).
ACIDENTES PESSOAIS:
Trata-se de uma questão delicada porque, embora haja
uma postura institucional no sentido de evitar que alguém,
especialmente criança, se machuque, os pequenos acidentes
são praticamente diários, o que reflete-se, inclusive, na
existência de uma pequena enfermaria. Os eventos mais
comuns são quedas e arranhões, sobretudo na área
pavimentada com blocos de cimento.
ACESSIBILIDADE À PORTADORES DE DEFICIÊNCIA:
Mesmo sendo térrea, a escola possui vários desníveis
internos com altura variando entre 7 e 10 cm (passagens entre
áreas não-pavimentadas e setores pavimentados, e diferenças
de cotas em áreas úmidas), o que inviabiliza seu uso por
portadores de deficiência motora mais grave. Uma grande
dificuldade é o acesso (único) à Brinquedoteca, que é feito
através de três degraus muito altos até para adultos (19cm), o
que não se justifica, já que o local é um corredor sem portas,
havendo espaço suficiente para a colocação de rampa (Fotos 7
e 8). Outra opção seria a criação de um acesso externo para a
mesma, o que também diminuiria o cruzamento de fluxos
existente. Nenhum dos banheiros é adaptado ao uso por
deficientes motores.
Fotos 7 e 8– Escada: acesso único à Brinquedoteca
Não há facilidades para locomoção de deficientes visuais
(sinalização, textura de piso, etc) embora o contraste cromático
entre bege (paredes) e azul forte (portas e alguns murais) seja
considerado facilitador de sua orientação. Assim, embora hoje
não haja aluno portador de deficiência grave matriculado na
escola, a inexistência de instalações adequadas é preocupante,
tanto devido à exigência legal, quanto em caso de alguma
criança ou adulto ficar temporariamente debilitado (acidentes) e,
ACALANTO - 11
sobretudo, face à própria exigência interna, pois o regimento da
escola reserva vagas para crianças em condições especiais.
2.5- CONDIÇÕES DE CONFORTO / USO DE ENERGIA
INSOLAÇÃO/VENTILAÇÃO: (Figura 2)
A implantação inicial da edificação garantiu a insolação
das salas do Jardim/Alfabetização no período matutino, e o
recebimento direto da ventilação dominante (Sudeste). No
entanto, as várias reformas/ ampliações não continuaram a
seguir tal critério, de modo que as salas do Maternal ficam
francamente voltadas para o poente, com o agravante da
ventilação ser barrada pelo avanço da brinquedoteca
Mesmo as classes privilegiadas utilizam constantemente
o ventilador, embora tenham sido planejadas para favorecer a
circulação de ar cruzada (pois as esquadrias são em venezianas
e do lado aposto à elas existem cobogós e/ou aberturas sem
esquadria que permitem a saída de ar). No entanto as
venezianas foram vedadas internamente com a colocação de
placas de acrílico transparentes, o que prejudica a ventilação.
Segundo uma entrevistada essa medida visou diminuir a entrada
de poeira nas salas de aula, e possibilitou a colocação de
aparelho de ar-condicionado na administração.
Em função desse diagnostico pode-se dizer que, na
Escola Acalanto, o conforto térmico natural é deficiente, pois,
nos ambientes pedagógicos e administrativos os ventiladores e
os aparelhos condicionadores de ar (respectivamente)
funcionam continuamente.
ILUMINAÇÃO NATURAL:
A iluminação natural é suficiente em alguns ambientes e
deficiente em outros. As salas de aula, por exemplo, mantém as
lâmpadas acesas todo o período pois, sendo largas (6,0m), os
alunos sentados longe da janela precisam de melhor
luminosidade. Quase toda a iluminação artificial acontece por
meio de lâmpadas fluorescentes.
CONSUMO ENERGÉTICO:
Obviamente, a utilização de equipamentos elétricos para
climatização (ventiladores e de ar condicionado) e a iluminação
deve implicar em grande consumo energético, embora não seja
possível falar-se em valores exatos pois na universidade foram
instalados medidores coletivos, por setor. Mesmo assim,
acatando a política adotada no Campus para contenção no
gasto de energia (exigência da crise energética que afeta o
país), a climatização artificial só é ligada após as 9:30horas.
RUÍDOS INTERNOS E EXTERNOS:
Com relação ao ruído, embora inicialmente a APO tenha
previsto a possibilidade do barulho proveniente da rua ser muito
12- ACALANTO
intenso, os pesquisadores não o perceberam dessa maneira,
pois o mesmo é muito pouco ouvido nas salas de aula,
provavelmente devido ao efeito de filtragem promovida pelas
árvores. No entanto, como internamente as paredes de salas de
aula e circulações são revestidas por azulejos (material que
reflete muito o som), e, além disso há aberturas generosas (e
sem esquadrias) entre ambos, qualquer conversa alta em uma
sala acaba tornando-se inconveniente para as classes ao lado.
Esse desconforto, não previsto no início, é mais evidente na ala
do Jardim/Alfabetização, por tratar-se de corredor fechado.
2.6- CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE
SEGURANÇA - INCÊNDIO:
Mostrou-se precária, pois os dois extintores existentes
estão guardados em uma das salas, não podendo ser utilizados
caso a mesma encontre-se fechada.
SEGURANÇA – ROUBOS:
A grande presença de grades por toda a escola é um
indicativo dessa preocupação. No entanto elas acabam sendo
prejudiciais pois, em caso de fogo, impediriam que as pessoas
usem as janelas para sair do local, o que é uma das vantagens
de estar em um edifício térreo.
3- ANÁLISE DO USO
3.1- TRAÇOS DE COMPORTAMENTO
Na área livre da Escola Acalanto, não se notam traços de
comportamento, o que indica a preocupação com a manutenção/
limpeza da equipe, o que difere dos outros prédios da UFRN,
nos quais tal serviço é precário (ou seja, lixo, paredes riscadas e
restos de móveis nos corredores são facilmente encontrados).
Além disso, como o lanche acontece nas salas de aula, a
quantidade de papéis nos pátios e área livre é mínimo, o que
facilita a limpeza.
Nos ambientes internos e externos cobertos, o traço mais
pronunciado é do tipo deposição, com a exposição de trabalhos
das crianças. No playground lateral, o grande uso de um
balanço de pneus é evidenciado pela erosão do solo sob o
mesmo. Isso se repete sob escorregos e gangorras. Após o
recreio, em alguns locais do piso cimentado e de granilite
observa-se riscos de giz, indicando brincadeiras como
amarelinha e desfile, mas um pouco de água logo os apaga. Na
parede externa dos banheiros de funcionários e visitantes, uma
mancha escura e problemas no reboco indicam um vazamento
ainda não resolvido.
ACALANTO - 13
3.2- PÚBLICO, SEMI-PÚBLICO E PRIVADO
A) Com base em um visitante ocasional:
Face a um visitante ocasional praticamente não existem
áreas públicas na escola, já que, durante as aulas o portão
permanece fechado com cadeado (controlado por porteiros e
coordenação). Mesmo nos horários de entrada e saída os
funcionários evitam o acesso de pessoas não-conhecidas ou
não-autorizadas. Nesse sentido, o pátio e a administração,
próximos à portaria, podem ser considerados semi-públicos, e o
resto das instalações seriam área privada, ficando os setores
abertos/livres sob o controle do grupo de usuários como um
todo, e as áreas fechadas sob o controle das turmas, com
direção/coordenação do professor (salas de aula/atividades) ou
do responsável pelo serviço (cozinha, almoxarifado, etc.) .
B) Com relação aos usuários diretos da instituição:
Nesse caso, serão considerados públicos o pátio,
corredores externos e a espera da administração. Os corredores
internos, pátios internos, playgrounds e banheiros (os dois
últimos setorizados por idade) serão semi-públicos. Apenas as
salas de aula e de trabalho seriam classificadas como área
privada.
3.3- ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS E SÓCIOFUGIDIOS
A) ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS:
Na escola como um todo: Entrada, Brinquedoteca e áreas
sombreadas sob árvores (variando pela manhã e à tarde).
Nas salas de aula: os cantinhos do “faz de conta” são os
locais mais atraentes.
B) ESPAÇOS SÓCIOFUGIDIOS:
São sociofugidios os corredores do primeiro bloco
(considerados escuros) e os locais com muito sol (sobretudo
em um dos pátios internos, no palco e na mini-quadra de
futebol, que são bastante quentes, sobretudo à tarde).
Além disso há espaços que atraem as crianças, embora
não promovam a convivência entre estes; nesse caso se
encaixam os bancos do pátio, bem distanciados entre si, e
alguns brinquedos do playground lateral, que apresentam
atrações individuais, como escorregadores e balanços. Tal
panorama geral altera-se um pouco se enfocarmos
exclusivamente os usuários adultos. Sob esse novo ponto de
vista, os banquinhos de praça localizados na entrada tornam-se
sociopetalados com relação às mães (embora várias delas os
ocupem de forma individualizada) enquanto as professoras e
14- ACALANTO
assistentes parecem ser mais atraídas pelos bancos do pátio
coberto (relacionados à convivência).
3.4- FLUXOS INTERNOS
Os usuários deslocam-se em fluxos distintos:
A) PAIS/RESPONSÁVEIS:
Estes adultos pouco transitam pela escola, se mantendo na
área de entrada e no estacionamento (nesse caso, sequer
entram). A maior exceção é constituída pelos os pais de alunos
do Maternal (os menores), a maioria dos quais deixa o filho na
sala de aula e volta para buscá-lo (ou ao material).
B) ALUNOS:
ocupam toda a escola, mas seu tráfego é limitado aos
setores determinados para seu nível; desta forma, é difícil ver
uma criança da Alfabetização na área do Maternal, exceto no
caso de familiares (irmãos, primos etc.).
C) FUNCIONÁRIOS DE MANUTENÇÃO E PROFESSORES:
transitam livremente, mas ficam próximos a seus locais de
trabalho. Funcionários de serviços burocráticos (administração e
portaria) parecem ser os que menos transitam pela escola.
3.5- COMPORTAMENTO NA ÁREA LIVRE
3.5.1- DELIMITAÇÃO DA ÁREA E HORÁRIOS
HORÁRIOS: 3 matutinos e 3 vespertinos, sendo
Entrada das crianças (entre 7:00 e 7:30hs e 13:00 às
13:30hs)
Recreio (9:40-10:15hs e 15:30-16:00)
Saída (11:30-12:00hs e 17:30-18:00hs).
DIVISÃO DA ÁREA LIVRE: Basicamente foram identificadas
quatro (4) sub-áreas:
1. Pátio de entrada (PE): área pavimentada
descoberta e playground frontal
2. Pátio interno (PI): envolve as duas áreas de
recreação cobertas, e o espaço descoberto onde
encontram-se a mini-quadra e o palco
3. playground lateral
4. playground fundos.
Como a ocupação das duas últimas sub-áreas é
exclusivas para crianças menores, inclusive com controle por
portões que são fechados nos horários de entrada/saída, foram
estudados apenas os dois primeiros setores (PE e PI).
SUBDIVISÃO EM ZONAS: Para a observação, o pátio
interno (PI) e o pátio de entrada (PE) foram subdivididos em
zonas (Figuras 8 e 9A-9B) da seguinte maneira:
- 10 zonas no primeiro setor (PI), as de números (1 a 10);
08 zonas no segundo setor (PE), letras (A a H).
ACALANTO - 15
Foto 10 – Playground Frontal Foto 11–Pavimentação entrada
Foto 12– Pátio e mini-quadra Foto 13 – Recreação coberta interna
FIGURA 8 – Área observada
FIGURA 9A – Planta Baixa do pátio interno, subdividida em setores
FIGURA 9B – Planta Baixa do pátio de entrada, subdividida em setores
16- ACALANTO
Ainda é preciso lembrar alguns aspectos gerais da
ocupação da área livre pelas crianças:
no horário do recreio apenas as turmas do Jardim e
Alfabetização (crianças com mais de 4 anos) usam o
espaço do PI e PE;
os alunos do Maternal (níveis 1 e 2) são direcionados
para o playground (pgd) dos fundos, onde também
existem dois quiosques em piaçava;
os alunos do Jardim I e II (nível 3) que quiserem brincar
em pgd devem usar o lateral, onde há brinquedos
menores; fora isso, elas podem participar livremente de
qualquer brincadeira nas áreas estudadas;
durante o recreio o pgd frontal é exclusivo às crianças
entre 5 e 7 anos.
3.5.2- PERFIL DA OCUPAÇÃO POR HORÁRIO
(Gráficos 1A e 1B, 2A e 2B, Figura 10).
Em função dos dados coletados durante uma semana
típica de aulas na escola, de modo geral observou-se haver
grande regularidade tanto na ocupação total (bastante próxima
aos 100% nos dois turnos) quanto ao horário de chegada e
saída das crianças.
LEGENDA Número de entradas/saídas
% de Ocupação da escola
GRÁFICO 1 A: Entrada/Saída de alunos – ocupação total da escola
LEGENDA Quarta-feira
Segunda-feira Quinta-feira
Terça-feira Sexta-feira
GRÁFICO 1 B: Entrada/Saída – fluxo diário (detalhe)
ACALANTO - 17
A ocupação durante os horários de entrada é menos
elástica no tempo. Seu pico máximo a chegada simultânea de
40 crianças em 5 minutos, que ocorreu próximo às 7:30hs. A
desocupação da escola após a aula acontece de modo mais
lento, sobretudo à tarde.Também é interessante verificar a
sobreposição entre os fluxos de entrada e saída de crianças no
horário entre 12:30 e 13:00hs, em função da maior demora dos
pais/responsáveis em buscá-las e/ou da necessidade destes
chegarem mais cedo à escola a fim de se adaptarem também às
necessidades e exigências do trabalho dos adultos.
A)- HORÁRIOS DE ENTRADA
a.1) Pátio de entrada
:
Área pavimentada
Algumas mães/professoras descansam ou conversam.
Poucas crianças se sentam. Ninguém sentou-se no chão.
No final do horário, algumas crianças começam uma
atividade dinâmica de curta duração (como pega-pega).
Não foram notados comportamentos pouco amistosos.
Playground
Poucas crianças maiores foram ao playground.
Alguma crianças pequena usa o brinquedo, com a ajuda
do pai ou outro adulto, mesmo não sendo adequado a
ela, mas normalmente demora pouco.
a.2) Pátio interno
Áreas de recreação cobertas
Algumas crianças que chegam cedo colocam bolsas na
área de recreação interna (perto das salas) e ficaram no
local, conversando (meninas) ou jogando “bafo” (mais
garotos), trocando figurinhas ou conferindo/completando
alguma atividade feita em casa (deveres).
Mini-Quadra e Palco
Pouco foram usados.
Crianças pequenas, ao passar para classe correm na
quadra, sendo reconduzidas ao trajeto previsto.
Quando uma criança maior (irmã, parente, amiga) é
encarregada de levar uma menor até a sala de aula, elas
param varias vezes no caminho a fim de conversar (entre
si ou com outros) e/ou brincar rapidamente.
Passarela na areia
Usada apenas como passagem.
B) HORÁRIOS DE SAÍDA
b.1) Pátio de entrada
Área pavimentada
Logo que o sinal (música) toca a área pavimentada fica
cheia de crianças e pilhas de material escolar pelo chão,
Excitadas, as crianças movimentam-se muito (ocupações
dinâmicas e intermediárias) mas quase não aconteçam
jogos estruturados de longa duração, como futebol.
Pela manhã as crianças parecem mais impacientes,
talvez devido ao almoço.
A presença de pais na área é uma constante à tarde.
Playground
O playground começa cheio mas seu uso diminui logo.
No início é mais ocupado por crianças grandes
(“território” delas); quando o número destas diminui, as
crianças menores ocupam o local de modo mais livre.
Crianças pequenas usam os brinquedos com a ajuda de
adultos ou crianças maiores.
18- ACALANTO
b.2) Pátio interno
Áreas de recreação cobertas
Nos dois horários, logo que o sinal toca a área fica cheia
de crianças e material escolar.
As crianças estão excitadas, e movimentam-se muito.
A maioria das atividades é intermediária (elástico, etc)
As crianças que permanecem aparentam saber que os
pais vão demorar, e mostram-se acomodadas.
Mini-Quadra
Meninos e/ou meninas que vão ficar mais tempo na
escola começam um jogo que, aos poucos, perde
participantes, até o setting tornar-se inviável.
A passagem de adultos e crianças interfere no jogo; a
bola incomoda os passantes.
Palco
Continua vazio, sendo utilizado para colocar material dos
jogadores da quadra.
Passarela na areia
Passagem contínua de adultos e crianças.
C) HORÁRIOS DE RECREIO
c.1) Pátio de entrada
:
Área pavimentada
As crianças com comportamento mais estático, a maioria
meninas, concentram-se nos bancos, sob as árvores,
conversando ou envolvidas em brincadeiras leves.
A maior parte dos meninos participa de atividades
dinâmicas, correndo por toda a área. A brincadeira mais
presente durante a observação foi “guerreiro”, evocando
heróis da TV e simulando lutas. Nela verifcou-se
acentuada presença de comportamentos não-amistosos
(discutir, brigar, xingar, perseguir, brigar) algumas vezes
em tom de brincadeira e, outras, de modo sério.
A maioria dos meninos prefere sentar-se chão (se é que
eles se sentam).
Pela manhã, na lateral mais externa da área
pavimentada, é comum um futebol improvisado, mas
também são comuns as quedas e arranhões. A maioria
dos participantes são meninos, embora algumas meninas
também se façam presentes.
Playground
(na hora do recreio, exclusivo para as crianças
maiores, já que as demais dispõem de locais específicos
para sua faixa etária)
Mesmo não sendo sofisticado, o brinquedo multi-uso
existente no playground possibilita inúmeros tipos de
atividades, sendo utilizado da forma tradicional, e como
suporte para jogos complexos, o que ocorre em função
das faixas etárias dos envolvidos.
Embora os jogos em grupo sejam maioria, algumas
crianças maiores brincam sós.
A área sombreada (árvore) também atrai alguma
atividade estática.
c. 2) Pátio interno
Áreas de recreação cobertas
Nelas se realizam grande parte das brincadeiras
estáticas ou intermediárias, principalmente pela manhã.
As meninas envolvem-se mais em pular elástico e
desfilar; os meninos jogam bafo e correm (mas nenhuma
dessas atividades seja exclusividade de um gênero.
No único momento de chuva observado durante a
semana, todas as crianças permaneceram nos espaços
de recreação cobertos, e as professoras e/ou assistentes
tomaram a iniciativa de começar um jogo estático
envolvendo grande número de participantes. Nesse caso,
a alta densidade (e a relativa dificuldade de controle)
ficou tão evidente que uma das professoras resolveu
voltar com sua turma para a classe.
ACALANTO - 19
Nos dois horários notou-se uma maior concentração de
adultos (professoras, auxiliares e funcionários) na área
coberta próxima à administração. Talvez por esse motivo
as crianças presentes no local estejam entre as menores
do grupo, de modo que as brincadeiras aí observadas
contam muito mais com a participação (ativa e contínua)
desses adultos do que as atividades que acontecem na
área de recreação perto das salas (onde quase não há
adultos presentes).
Mini-Quadra
Seu uso é contínuo, mas não diversificado. Depois que
um grupo de crianças “toma posse” costuma manter o
território durante todo o período.
Os usuários da quadra são, em sua maioria, meninos.
Muitos dos comportamentos não-amistosos observados
durante a semana ocorreram nesse local, não só no jogo
(a maior parte dos garotos parece entender e dominar
todas as regras), mas na disputa pela área.
Palco
Quase ninguém pisou no local durante as observações.
É pouquíssimo utilizado pela manhã, e nunca à tarde,
provavelmente por causa do sol.
O maior uso do palco é como banco (servindo para
alguém assistir o jogo na quadra) e como apoio para o
jogo de bafo e a troca de figurinhas (as crianças ficam
embaixo e usam o desnível como mesa).
Passarela na areia
Local de passagem, também usado para correr e jogar
futebol com poucos componentes (um contra um, ou em
duplas).
FIGURA 10A - Mapa da ocupação no horário de recreio – matutino
FIGURAS 10B - Mapa da ocupação no horário de recreio – vespertino
LEGENDA
Ocupação dinâmica
Ocupação estática / intermediária
20 - ACALANTO
Figura 2 A – Uso dos setores – matutino
Figura 2 B – Uso dos setores – vespertino
ACALANTO - 21
3.6- Behavior Settings
1
em Área Livre
A área livre estudada contém espaços cobertos e
descobertos. O setor coberto é constituído pela recreação 1
(perto das salas de aula) e 2 (próxima à entrada/administração).
A área descoberta contém o pátio interno (onde ficam a mini-
quadra e o palco), pátio frontal ou de espera (onde está a
entrada pavimentada com blocos de cimento e o playground das
crianças maiores), área lateral (na qual fica o playground para
crianças de 3 a 5 anos), e área dos fundos (acomoda dois
quiosques em piaçava e brinquedos dos menores).
Como serão apresentados behavior settings ocorridos na
área de recreação 1 (coberta) e pátio frontal (descoberto), que
são contíguos (Figuras 8 e 11), a caracterização das pessoas e
do ambiente, e a satisfação com o BS são definidos
conjuntamente. Note-se, ainda, que serão descritos apenas dois
dentre os vários BS observados no recreio, entrada e/ou saída
de crianças, (como Futebol, Jogo-de-bafo, Roda, Contar-
Estorinha, Brincando-de-mães-e-filhos, Esconde-esconde,
1
Como o termo Behavior Setting será muito repetido nessa parte do estudo,
eventualmente poderá ser substituído pelas iniciais BS, ou simplesmente pela palavra
setting.
Pique, Polícia-ladrão.) os quais não ocorrem, necessariamente,
em momentos sucessivos de tempo; ao contrário, podem
acontecer simultaneamente (mesmo dia e horário), repetindo-se
várias vezes na semana.
As pessoas
:
Durante o recreio a maioria dos alunos de um mesmo
turno, cerca de 175 crianças, pode usar a área livre da
escola, enquanto as professoras e auxiliares se revezam
para olhar e/ou assessorar as brincadeiras, interferindo o
mínimo nas mesmas (se possível). Entretanto a idade
das crianças nesse horário fica entre 4 e 7 anos, pois as
crianças menores preferem os playgrounds específicos
por idade. Nos casos observados (descritos a seguir),
todas as pessoas podem ser substituídas sem alteração
do funcionamento dos settings.
O ambiente
:
A recreação coberta tem piso em granilite cinza, com
alguns desenhos pintados à óleo. Em uma das laterais há
um mural onde são colocados trabalhos das crianças. Na
outra parede encontram-se 3 portas (das salas de
22 - ACALANTO
informática e coordenação pedagógica, e do acesso às
salas de aula). Entre elas foram encostados 2
banquinhos de praça (de madeira com estrutura em ferro)
pintados na cor branca. As paredes são pintadas na cor
bege, com detalhes em fórmica azul marinho. Segue-se a
esta, uma área descoberta pavimentada com blocos de
cimento, na qual há 04 árvores, alguns banquinhos de
praça, e canteiros junto ao muro. No recuo frontal do lote,
onde o piso é areia, há outra árvore, sob a qual encontra-
se o playground das crianças maiores, composto por um
grande brinquedo de uso múltiplo em madeira, pintado
nas cores primárias. A separação entre a área interna e
externa é feita pelo muro, parte em alvenaria e parte em
cobogós de cimento, pintado na cor bege.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: boas condições para seu desenvolvimento,
exercício do convívio social, aprendizagem de rotinas e
normas, trabalho de cognição, psicomotricidade,
afetividade, linguagem, hábitos de higiene, etc.
Pais: deixar os filhos numa escola confiável, perto do
trabalho e com preço adequado
Professoras: remuneração, bom ambiente de trabalho;
prazer de exercer sua profissão e trabalhar com crianças,
a oportunidade de realizar um trabalho mais leve e ao ar
livre, que pode ser um momento de descanso na
atividade diária.
Assistentes de ensino: remuneração (bolsa), prazer de
aprender a exercer sua profissão e ter contato com
crianças, oportunidade de realizar trabalho leve ao ar
livre.
Equipes administrativa, de apoio-pedagógica e
manutenção: remuneração, prazer de exercer a
profissão.
UFRN: prestar um serviço à comunidade universitária,
obedecer normas dos Ministérios da Educação e do
Trabalho; fornecer campo de estágio/pesquisa para
professores e estudantes.
Pesquisadora: observar o desenrolar do setting a fim de
obter material para o trabalho pretendido.
ACALANTO - 23
FIGURA 11 – Dois Behavior Settings em área livre
(i) Behavior Setting Externo 1:
BRINCADEIRA NO PLAYGROUND
(Figura 11)
Cena típica:
Meninos e meninas sobem, descem e escorregam no
brinquedo multi-uso.
Limite temporal:
Das 9:50 às 10:10 horas.
Limite espacial:
Área do brinquedo multi-uso do playground frontal, e
mais cerca de 1,50m ao redor, inclusive para cima
(galho).
Componentes humanos:
13 crianças (5 meninas e 8 meninos) com idade entre 6 e
7 anos, 1 assistente de ensino, (não muito próxima, mas
atenta às atividades), 1 professora (eventual)
Componentes não-humanos:
Playground, árvore, areia.
Programa básico (resumido):
As crianças brincam e a assistente as observa para evitar
imprevistos. Neste dia a brincadeira era um jogo
estruturado, organizado pelas crianças (provavelmente
inspirado em uma das aulas de trabalho corporal): as
crianças organizam-se em fila e, à um sinal do líder, a
criança1, da frente, sobe correndo no escorregador (no
sentido contrário do habitual). Em cima havia uma
criança-fiscal (funcionário ativo) que verificava se a
mesma atingiu o topo do brinquedo. No caso de
conseguir, a criança1 virava-se e descia escorregando.
Ao chegar embaixo passava a ser o líder, e o antigo líder
ia para o fim da fila. No caso de não conseguir, a criança
não podia virar-se, descia do brinquedo sem escorregar e
ia para o fim da fila. O mesmo líder daria, então, novo
sinal, para a criança2, que já estava na frente, tentar.
Enquanto isso, os alunos que estavam na fila e alguns
espectadores, gritavam estimulando os participantes:
palmas para quem conseguia realizar a tarefa e vaias os
que não conseguiam.
Hierarquia de posições:
As crianças foram participantes ativos, revezando-se na
função de líder e funcionário ativo (não havia norma para
assumir a posição de fiscal, às vezes a pessoa que
24 - ACALANTO
ocupava a função pedia, e uma das outras trocava de
lugar com ela.) A assistente de professora comportou-se
como espectadora, mas em um certo momento assumiu
o papel de funcionário ativo, não do jogo, mas com
relação à escola. O pesquisador foi apenas espectador
da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas, considerando essa
brincadeira, é 5, a assistente e 4 crianças (1 líder, 1
fiscal, 1 realizando a tarefa e 1 esperando). No caso de
um uso menos socializado, apenas uma criança já indica
funcionamento do setting.
Provavelmente, tal quantidade pode aumentar, por tratar-
se de um jogo livre. No entanto, um número muito grande
de crianças tornaria a atividade monótona (pois o tempo
de espera para participar seria muito longo).
Provavelmente a brincadeira é interessante com até 20
crianças (1 líder, 2 fiscais e 17 na fila), o que resultaria 21
pessoas no setting.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Para as crianças, acrescentar, o exercício de convívio
social, laser e atividade lúdica, enquanto é trabalhada a
motricidade ampla e o aprendizado de normas.
Sistemas auto-reguladores:
Durante a brincadeira 2 meninos, que não estavam
participando, subiram na árvore e jogaram areia em 2 dos
garotos que estava subindo (problema). O menino
reclamou (reação). Uma menina (mecanismo executor 1)
foi chamar a assistente de ensino, que se aproximava. A
assistente pediu que os meninos descessem (mecanismo
de manutenção, tipo contra-desviante)e parassem. Como
eles não desceram, outras 2 meninas foram chamar a
professora, que também estava perto. Ante a
aproximação da professora, os garotos desceram da
árvore e saíram correndo (mecanismo de manutenção,
tipo veto). O jogo continuou como se nada houvesse
acontecido.
Sinomorfia:
Houve sinomorfia entre as crianças e o brinquedo multi-
uso.
Ponto focal de comportamento:
O escorrego foi o ponto focal, para onde estava dirigida a
atenção de todos, e sem o qual a não haveria
brincadeira.
(ii)-Behavior Setting Externo 2:
DESFILE DE “TOP MODAS” (Figura 11)
Cena típica:
Algumas meninas desfilam enquanto outras assistem.
Limite temporal:
Ocorre quase diariamente, aproximadamente das 9:45 às
10:15 horas (mas é uma “moda sazonal”, em algumas
semanas acontece diariamente, depois passa um tempo
sem ocorrer, e acaba retornando).
Limite espacial:
Aproximadamente 40% da área da recreação coberta 1,
mais ou menos 2,0m para cada lado da passarela (traço
de giz), embora parte dos espectadores possam estar até
fora dessa área, ligando-se ao setting por contato visual.
Componentes humanos:
ACALANTO - 25
11 meninas, sendo 4 coordenadoras do desfile (com 6 e
7 anos), 9 modelos (entre 4 e 7 anos), e 1 assistente de
ensino. Platéia composta por várias crianças e adultos.
Componentes não-humanos:
Itens de maquiagem, escova, pente, giz, linha traçada no
piso.
Programa básico (resumido):
As coordenadoras organizam um desfile das demais,
conversam muito entre si e com a modelos (uma das
modelos pequenas contou para a pesquisadora que vai
ser “top moda” quando crescer, daí o nome do setting).
Uma delas demarca a passarela fazendo uma linha de
giz. Elas ensinam como cada uma vai desfilar. Ensaiam e
brigam com as modelos, principalmente quando as
mesmas não se mantém sobre a linha, que é refeita
várias vezes. Duas das outras meninas maiores usam
maquiagem para pintar as demais (principalmente
batons) e ajeitam os cabelos usando a escova e o pente.
No momento do desfile das maiores apresentam e as
modelos desfilam.
A assistente de ensino observa de perto e parece achar
tudo muito engraçado. Acaba se envolvendo e ajudando
a pentear os cabelos. Durante o desfile várias assistentes
e professoras e muitas meninas ficam na platéia.
Hierarquia de posições:
As meninas-coordenadoras comportaram-se como
líderes conjuntos, as modelos como
participantes ativos. A assistente foi espectadora no início
e funcionário ativo no final. A platéia e a pesquisadora
foram apenas espectadores da ação.
Possibilidade de substituição de pessoas:
Todas as pessoas poderiam ser substituídas.
Número de pessoas:
O número mínimo e máximo de pessoas é difícil de ser
calculado.
Se apenas 1 menina maior assumisse tudo (organização,
ensaio, maquiagem, cabelo, apresentação) não poderiam
haver mais do que 4 modelos (pois no prazo de 30
minutos não daria tempo para realizar todo o programa).
Nesse caso, seriam ao todo 6 pessoas (1 menina-
coordenadora, 4 modelos e 1 assistente de ensino)
Repetindo essa proporção, para as 4 coordenadoras que
participaram, talvez o número máximo de modelos seja
16 (4 para cada uma), o que definiria 21 participantes
diretos (4 coordenadoras, 16 modelos e 1 assistente de
ensino.
A platéia não pode ser calculada, mas o máximo seria
todos os presentes, ou seja, 155 crianças (excluídas as
20 participantes), 20 professoras e assistentes, 6
funcionários, um total de 181 pessoas. Mas,
provavelmente, não haveria visibilidade, nem interesse
de todos (segundo uma das meninas, “os meninos
odeiam desfile”).
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Além das costumeiras, para as meninas envolvidas há o
exercício de liderança, sensibilidade estética /
psicomotricidade fina (maquiagem) e postura corporal.
Sistemas auto-reguladores:
Após o desfile da quinta modelo, um menino (cerca de 6
anos) resolveu desfilar. Pisou na linha-passarela, se
esticou e começou a imitar a última menina (cerca de 4
anos) que era sua irmã (problema). Imediatamente as
coordenadoras (mecanismo sensor) o barraram
(mecanismo executor tipo contra-desviante), ele forçou a
passagem, elas pisaram no pé do menino (mecanismo
executor tipo veto). A irmã gritou ordenando ele saísse
26 - ACALANTO
(mecanismo executor tipo veto). Umas meninas da
platéia vaiaram. Tudo isso aconteceu ao mesmo tempo.
O menino saiu correndo.
Mas, pelo que contaram, o problema é recorrente, já que
essa não é a primeira vez que acontece (o que, aliás,
explica a rapidez do mecanismo executor).
Sinomorfia:
Como o desfile aconteceu no nível do piso, e as modelos
eram pequenas, qualquer pessoa em pé na platéia
dificultava a visão de quem estava atrás (por exemplo, a
pesquisadora), o que é um tipo de falta de sinomorfia. A
mais afetada é a platéia, sobretudo as crianças menores.
A melhor solução seria que o desfile acontecesse em um
plano mais elevado, como o palco. Sobre isso falou-se
com uma das meninas-coordenadoras. Ela não se
preocupou, dizendo que, as vezes, elas ensaiam ali e
fazem o desfile no palco, e as vezes não. Aliás, parece
que o BS não objetiva ser assistido, e sim o prazer de
realizar a atividade.
Ponto focal de comportamento:
O comportamento estava focado no grupo e na linha que
representava a passarela.
3.7- COMPORTAMENTO EM ÁREA INTERNA
Também nesse caso, como nos BS a seguir a localização
(sala de aula do Nível 2) e os elementos humanos e não-
humanos são os mesmos (ou muito semelhantes), inicialmente
serão descritos o ambiente, as pessoas e a satisfação
proporcionada pelos settings. Também é importante salientar
que, a título de exemplo, serão descritos apenas 3 entre os
muitos BS verificados em sala de aula. – (Figuras 12 a 15).
As pessoas
:
A turma do nível 2 da escola (Maternal 2 de outras
instituições) é composta por 25 crianças com idade
aproximada 3 anos, sendo 11 meninos e 14 meninas. A
professora conta com 2 auxiliares, alunas do curso de
Pedagogia. No dia da observação nenhuma criança havia
faltado (embora a falta seja um fato rotineiro). Quanto à
possibilidade de substituição das pessoas, nas situações
estudadas, a princípio todos podem ser substituídos,
embora para ocupar as funções da professora e das
assistentes seja necessário preparo profissional.
O ambiente
:
A sala de aula do nível 2 fica na fachada Noroeste, ao
fundo, lateralmente à Brinquedoteca. Ela mede 36,50m2,
tem duas portas, uma voltada para o corredor interno e
outra voltada para o playground, que estão posicionadas
frente à frente. Ao lado de cada porta há uma grande
ACALANTO - 27
janela (1,1 X 2,0m, com peitoril a 1,0m), com 4 folhas
fixas em venezianas largas (7cm) também fixas. Portas e
janelas são pintadas na cor bege (Figura 12).
O mobiliário é composto por quatro (4) mesinhas
quadradas (lado de 1.00 cm e altura de 40cm) com oito
cadeiras cada uma. Existem 03 armários em madeira,
sendo 1 para material didático (h=90cm, com 3
prateleiras), e 02 para brinquedos (h=65cm e h=90cm,
respectivamente com 2 e 3 prateleiras), esses últimos
ficam perto da janela dos fundos, definindo um pequeno
espaço de brinquedos, onde há um espelho (40x80cm)
pendurado na parede. Numa das paredes laterais fica um
quadro branco (medindo 1,0 x 1,5m). Há, ainda, uma
mesa quadrada pequena (l=50cm, h=60cm) colocada
junto à parede. Nos armários são vistos joguinhos em
madeira e E.V.A, brinquedos de encaixe em plástico (tipo
“Lego”), algumas bonecas e carrinhos. No armário para
material didático, há alguns depósitos com lápis
coloridos, cola, lápis de cera, tesoura sem ponta,
borrachas etc., além de papel tamanho A4, revistas
velhas. Na segunda prateleira (de baixo para cima)
encontram-se vários livros infantis, (uns bem simples,
outros mais complexos), alguns de plásticos. Uma
prateleira mais alta (h=1,40m) foi colocada em um lado, e
contém materiais da professora.
A parede lateral às duas portas recebeu uma barra em
revestimento melamínico (h= 1,30m) e as demais são
rebocadas e pintadas, na cor bege. Sobre a fórmica
estão fixados (fita adesiva) trabalhos das crianças: à
direita, os daquelas que estudam pela manhã, e à
esquerda, os daquelas que estudam à tarde. Ao centro
foram colocados 2 cartazes em cartolina, nos quais estão
escritos, com letra grande e legível, nível da turma, turno
e nomes das crianças tanto do direito quanto da
esquerda.
No teto existem 2 ventiladores e 8 luminárias com uma
lâmpada fluorescente cada. Na parede maior (frontal à
que recebeu revestimento melamínico), na altura de
2,10m foi colocado um terceiro ventilador, grande e
giratório.
No corredor, próximo à porta de entrada e logo abaixo da
janela, foi fixado um elemento de madeira com dezesseis
(16) ganchos metálicos para colocação das lancheiras.
28 - ACALANTO
FIGURA 12- Escola Acalanto:
Planta Baixa da sala de aula/atividades do Maternal 2
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: freqüentar uma escola que proporcione boas
condições para o seu desenvolvimento, exercitando o
convívio social e o aprendizado de rotinas e normas,
trabalhando aspectos de cognição, psicomotricidade,
afetividade, linguagem, hábitos de higiene, etc.
Pais: deixar seus filhos numa escola que confiam ser
adequada, próxima ao trabalho e com preço conveniente.
Professoras: remuneração, bom ambiente de trabalho;
prazer de exercer sua profissão e trabalhar com crianças.
Assistentes de ensino: remuneração (bolsa), prazer de
exercer sua profissão e ter contato com crianças.
Equipes administrativa, de apoio-pedagógica e
manutenção: remuneração, prazer de exercer a
profissão.
UFRN: prestar um serviço à comunidade universitária,
obedecer normas do Ministério do Trabalho; fornecer
campo de estágio/pesquisa para professores e
estudantes.
Pesquisadora: poder observar o desenrolar do setting a
fim de obter material para o trabalho pretendido.
(i)- Behavior Setting Interno :
CONVERSA EM GRUPO NA CHEGADA
(Figura 13)
Cena típica:
Sentados no chão formando um círculo, os componentes
humanos do setting conversam animadamente.
Limite temporal:
Ocorre diariamente, aproximadamente das 7:15 às 8:00
hs.
ACALANTO - 29
Componentes humanos:
1 professora (que dirige os eventos e o diálogo), 25
crianças (alunos), 2 assistentes (que não falam muito, e
as vezes saem), várias adultos (mães ou responsáveis).
Componentes não-humanos:
material das crianças, local para colocação do material
individual, toque da sineta (componente apenas auditivo).
Não há outros elementos continuamente importantes no
setting, embora possa acontecer de alguém levar um
objeto e o mesmo tornar-se importantíssimo naquele dia.
Exemplo: no dia da observação, foram acrescentados
aos componentes não-humanos do BS, um grilo morto e
um pedaço de papel usado.
Programa básico (resumido):
A professora e as assistentes recepcionam as crianças
que chegam, acompanhadas ou não de adultos. As
crianças colocam suas lancheiras nos ganchos e entram
na sala.
Quando o sinal toca, todos se sentam no chão e
conversam sobre o que fizeram na véspera e o que há
para aquele dia. Ao final ela explica o que farão a seguir
e todos levantam-se para realizar as tarefas.
Função pedagógica:
Favorecer a criação de uma rotina, facilitar a
compreensão das atividades diárias pela turma, permitir a
participação
das crianças no planejamento.
Hierarquia de posições:
A professora foi líder único e as assistentes e crianças
como participantes ativos. O pesquisador, no dia que
estava presente, foi apenas espectador da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas é 5 (professora e 4
alunos), pois se a quantidade de crianças for menor elas
serão acomodadas em outra sala. Nesse caso, as
assistentes seriam dispensadas e a professora assumiria
tudo.
Talvez o número atual seja o máximo que o local
comporta, embora as mesinhas existentes na sala (que
não participaram desse BS) indiquem, não-verbalmente,
a possibilidade de 32 cadeiras para alunos. Isso, porém,
exigiria mais uma assistente, a fim de manter a proporção
de 8 crianças/adulto sugerida pelo MEC. Nesse caso o
total seria 36 pessoas (32 crianças, 1 professora e 3
assistentes), um número extremo para a sala, pois
haveria apenas cerca de 1m2/criança.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Repetem-se as citadas no início, destacando-se, para as
crianças: desenvolver uma rotina, aprender normas e
exercitar o convívio social.
Sistemas auto-reguladores:
Durante a conversa em círculo, uma das meninas
(mecanismo sensor) viu um inseto (grilo) morto ao lado
dela (problema) e gritou (reação do mecanismo sensor).
Todos voltaram sua atenção para ela (reação do grupo).
A professora (mecanismo executor 1) lidou com o
problema, primeiro perguntando o que estava havendo e
depois pedindo à assistente que resolvesse, enquanto
conversava com o grupo. A assistente (mecanismo
executor 2) pegou um pedaço de papel e retirou o inseto
da sala (mecanismo de manutenção, tipo veto). O
problema se resolveu facilmente, e ainda serviu para que
a professora falasse um pouco sobre insetos e outros
animais.
Sinomorfia:
30 - ACALANTO
Como a maior parte do programa aconteceu com todos
sentados no chão, não foi possível avaliar condições de
sinomorfia. No entanto, verifica-se que a altura do local
para colocar lancheiras é adequada às crianças.
Ponto focal de comportamento:
O comportamento estava totalmente focado no próprio
grupo, especialmente na professora. No evento do grilo,
por alguns momentos ele foi o ponto focal.
(ii) Behavior Setting Interno:
TRABALHO DE COLAGEM (
Figura 14)
Cena típica:
As crianças olham revistas, rasgam e cortam figuras, e as
colam em folhas de papel sulfite, auxiliadas pelas
professora e assistentes.
Limites:
Acontece 3 vezes por semana (segunda, quarta e quinta-
feira), após o retorno do parque, entre 10:15 e 10:45
horas.
Componentes humanos:
1 professora, 25 crianças (alunos), 2 assistentes.
Componentes não-humanos:
04 mesinhas e 32 cadeiras baixas, papel sulfite branco,
revistas velhas e papel colorido, cola, tesoura, pincéis,
armário com material didático, coleções de lápis colorido.
Programa:
Após o parque, as crianças voltam à classe. O papel
sulfite, lápis, cola (tipo grude, em copos) e tesourinhas
sem ponta já estão sobre as mesinhas. A professora
explica que vão fazer uma colagem com figuras de
animais tiradas de revistas. Elas podem cortar com a
tesoura ou rasgar. Ela explica que o material está na
mesa e as revistas no armário, e autoriza uma criança
por mesa a ir busca-las. As crianças começam a folhear
as revistas, conversar e rasgar. Alguns voltam ao
armário. A professora e as auxiliares acompanham o
trabalho, ajudam a encontrar figuras, passar cola etc..
Quando os primeiros terminam a tarefa vão brincar com
brinquedos da sala, principalmente na “casinha” (cantinho
fechado por armário que fica sob a janela). A professora
chama a atenção de todo o grupo para, antes disso,
deixarem o material arrumado sobre a mesa. Quando
todos acabam, as auxiliares recolhem o material e
guardam no armário.
Função pedagógica:
Desenvolvimento da psicomotricidade fina, distinção e
seleção de imagens compatíveis com um tema geral.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder única, as
assistentes como funcionários ativos (pessoas que têm
atribuição de responsabilidade), e as crianças foram
participantes ativos. O pesquisador foi espectador da
ação.
Número de pessoas:
Do mesmo modo que para o BS1, o número mínimo de
pessoas seria 5 (a professora e 4 alunos), e o máximo 36
(32 crianças, 1 professora e 3 assistentes).
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Os mesmos citados no começo, ressaltando-se, para as
crianças, desenvolver habilidades relativas à identificação
e seleção de figuras e uso de cola e tesoura sem ponta.
Sistemas auto-reguladores:
ACALANTO - 31
Um menino (mecanismo sensor) reclamou que um dos
outros estava balançando a mesa (problema). A
professora (mecanismo executor) foi conversar com eles,
e notou que a mesa estava desequilibrada. Ela mostrou
para as crianças que um dos pés não estava bem fixo e
pediu às mesmas para se distribuírem pelas outras
mesas (mecanismo de manutenção tipo veto). Depois
que a mesa foi desocupada, uma assistente e um dos
meninos puxou-a para perto da parede. Ela colou um
pedaço de fita adesiva no local para marcar o pé que
estava com problema (mecanismo de manutenção
contra-desviante), avisou para ninguém se apoiar na
mesa e disse que pediria para alguém consertar depois.
Assim, o problema se resolveu por algum tempo, mas
exigiu uma ação adicional posterior para uma solução
definitiva (martelo e prego).
Sinomorfia:
Verifica-se total sinomorfia entre a estatura das crianças
e as mesinhas e cadeiras existentes. No entanto, a
professora e as assistentes precisaram se sentar nas
cadeirinhas que sobraram (32 para 25 alunos) para
ajudá-los na tarefa, mostrando-se nitidamente mal
acomodadas, não-sinomorfia (as pernas ficaram muito
dobradas e as costas curvadas, principalmente no caso
da assistente mais alta). Os ocupantes do setting mais
afetados por esse problema são justamente a professora
e as assistentes, e mesmo as crianças, que não são
afetadas, aparentam estar cientes da dificuldade. A única
solução possível é a colocação de mobília, ou pelo
menos cadeiras, para adultos. Sobre isso foi entrevistada
uma das assistentes (justamente a mais alta). Ela vê a
falta de sinomorfia como um problema, e concordou com
a necessidade de cadeiras para adultos, sugerindo que,
pelo menos, fossem colocados tamboretes. Ela informou
que, para descansar um pouco, é comum os adultos se
sentarem na mureta frontal à sala (no corredor) enquanto
as crianças realizam atividades que precisam de menos
atenção (o que ocorreu várias vezes).
Ponto focal de comportamento:
Já que muitas crianças resolveram se sentar no chão e
não usar as mesinhas e cadeiras, os pontos focais do BS
“Trabalho de Colagem” foram o armário com revistas e os
potes com cola. A maioria das crianças também não
utilizou as tesouras, preferindo rasgar os papéis e figuras.
(iii) Behavior Setting Interno:
LANCHE (Figura 15)
Cena típica:
As crianças estão sentadas nas mesinhas, lanchando,
enquanto são observadas pela professora e assistentes.
Limite temporal:
Acontece diariamente, aproximadamente de 9:15 à 9:45
hs.
Componentes humanos:
1 professora, 25 crianças e 2 assistentes, 1 faxineira.
Componentes não-humanos:
lancheiras das crianças e seu conteúdo, local de
colocação do material, mesinhas, cadeirinhas, lixeira,
toque da sineta (componente apenas auditivo).
Programa básico (resumido):
Ao tocar o sinal começa o lanche. As crianças fazem fila
perto da porta de entrada e as assistentes as levam para
lavarem as mãos (nas pias perto do banheiro). Ao
voltarem pegam as lancheiras, colocam sobre a mesa, na
32 - ACALANTO
sua frente, abrem e começam a alimentar-se. A
professora e as assistentes observam o grupo e ajudam
no que for preciso, principalmente se for necessária força
ou jeito (abrir garrafas, pacotes, etc.). Os lanches são
práticos, envolvendo sucos, biscoito e sanduíches. Quem
termina de lanchar arruma suas coisas e leva o lixo para
a lixeira. Depois a criança sai da sala levando seu
material de higiene. Uma das assistentes vai para o
banheiro para assessorar a escovação. Escovados os
dentes, a criança volta, guarda seus pertences e sai (pela
porta de trás) para brincar no pátio exclusivo para os
menores. Após todos saírem, uma assistente re-organiza
a sala. No recreio a faxineira retira o lixo.
Função pedagógica;
Criar uma rotina que facilite o desenvolvimento de
hábitos de alimentação e higiene, estimular a autonomia.
Hierarquia de posições: A professora é líder única; as
assistentes, funcionários ativos; e as crianças são
participantes ativos. O pesquisador foi espectador da
ação.
Número de pessoas:
Repetindo a explicação do exercício anterior (BS1), o
número mínimo de pessoas seria
5 (a professora e 4 alunos), com a professora fazendo,
inclusive, a retirada de algum lixo. O máximo passaria
para 37 (32 crianças, 1 professora, 3 assistentes e 1
faxineira).
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Repetem-se os benefícios citados inicialmente. Saliente-
se, para as crianças, desenvolver hábitos de higiene e
aprender a se alimentarem sozinhas. Quanto a faxineira,
sua recompensa seria a mesma que a das equipes
administrativa e pedagógica: remuneração (salário) e
prazer de um serviço bem feito.
Sistemas auto-reguladores:
Logo no início do lanche uma menina deixou o suco cair
na mesa, que escorreu para o chão (problema). Todas as
crianças da mesa (mecanismo sensor) começaram a
falar ao mesmo tempo (reação do grupo). As assistentes
(mecanismo executor) lidaram com o problema como uso
de 3 mecanismos de manutenção contra-desviantes: 1-
uma delas conversou com a menina e a ajudou a passar
suas coisas para outro lugar ; 2- depois colocou alguns
papéis sobre a área molhada e avisou que ninguém
pisasse ali; 3- a outra saiu para chamar a faxineira. Outra
menina da mesa dividiu seu suco com a primeira. O
problema da criança se resolveu rápido e a limpeza foi
feita no intervalo.
Sinomorfia:
Há sinomorfia entre a estatura das crianças e as
mesinhas e cadeiras existentes.
Ponto focal de comportamento:
Os lanches (conteúdo das lancheiras) foram o ponto focal
da ação.
ACALANTO - 33
FIGURA 13 – Behavior settingConversa em grupo na chegada
FIGURA 14 Behavior setting Trabalho de Colagem
FIGURA 15- Behavior setting “Lanche”
4- AVALIAÇÃO PELOS USUÁRIOS
Observação inicial: todos os gráficos apresentados nesse item
foram extraídos das tabelas referenciadas em suas bases que,
encontram-se no item 6 do relatório.
4.1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
Os questionários foram aplicado a 30 pais/responsáveis, 20
professores ou assistentes, e 10 funcionários, amostra
34 - ACALANTO
representativa em relação ao universo existente (40 educadoras,
15 funcionários e pais/responsáveis relativos a 300 alunos)
2
.
A maioria dos respondentes foi de mulheres (80%),
sendo predominante a faixa etária dos 31 aos 40 anos (50%)
dos respondentes, o que era previsível para a situação. A média
de idade foi 36 anos, numa variação de 23 a 67 anos,
ressaltando-se que os dois extremos da escala correspondem à
pais/ responsáveis (Gráfico 2).
GRÁFICO..... –
Idade dos Respondentes
GRÁFICO .....
Gênero dos respondentes
2
Dentre os 30, foram entrevistas 17 mães, 9 pais e 4 responsáveis, dos quais 2 avós, 1
Em termos de tempo de contato com a escola, cerca de
58% destes adultos a frequentam entre 3 a 6 anos (sendo 33%
entre 3 e 4 anos, e 25% entre 5 e 6) e apenas 11,7 a menos
tempo (Gráfico 3).
No que se refere ao local de moradia, foi feito um
levantamento dos bairros de procedência dos respondentes,
verificando-se que, em função de sua distância média à escola
(calculada geograficamente) os funcionários são os que moram
mais longe (70%), e a maioria dos professores encontra-se a
uma distância intermediária. Quanto aos pais (logo, as crianças),
aparentemente é estranho que estes se distribuam quase
eqüitativamente nas 3 categorias supracitadas, principalmente
não sendo cômodo deslocar uma criança pequena até uma
escola distante. No entanto, se lembrarmos as vagas dessa
escola são divididas entre filhos de professores, funcionários e
estudantes, a lógica do resultado obtido torna-se clara.
tia e 1 primo.
ACALANTO - 35
GRÁFICO 3: Tempo de contato com a escola por categoria de usuário
O meio de transporte casa-escola mais usado é o
automóvel, seguido por ônibus ou transporte alternativo (Gráfico
5). A maior parte dos funcionários utiliza a segunda opção
(ônibus, 70%), enquanto para professores e pais/responsáveis
esse número fica em torno de 40% (40% os primeiros e 43% os
segundos) em detrimento do automóvel (respectivamente 50% e
46%). Poucos usam motocicleta ou dispensam condução, estes
últimos apenas os que moram perto.
Um aspecto trabalhado exclusivamente com os
pais/responsáveis, foi o tipo da habitação, ou seja, casa ou
apartamento. Verificou-se, no geral, quase uma divisão
eqüitativa do grupo (43% e 56%, respectivamente) - (Gráfico 6).
Detalhando os dados a partir do vínculo da criança com a
instituição (em função da vinculação do pai/responsável) nota-se
que geralmente aquelas ligadas a pr-funcionários
3
moram em
casas (63%), enquanto a maioria das demais estão em
apartamentos (71% das ligadas a pr-professores e 60%, pr-
estudantes). Provavelmente esse é um reflexo da constatação
anterior, pois, em Natal, os bairros mais distantes são fruto de
urbanização gerada pela proliferação de conjuntos habitacionais,
onde predominam construções térreas, enquanto na faixa mais
próxima ao centro da cidade e à universidade federal, que até
fins dos anos 70 também era bastante horizontal, o processo de
verticalização está ocorrendo em ritmo acelerado.
3
Em questões que se referem ao vínculo dos pais/responsáveis com a UFRN, optou-se
por usar a terminologia pr/professor, pr/funcionário e pr/estudante, a fim de evitar
confundi-los com os professores e funcionários que trabalham na escola, que aparecem
continuamente nessa parte da pesquisa.
36 - ACALANTO
GRÁFICO 4: Distância casa – escola
GRÁFICO 6:
Meio de transporte casa-escola
GRÁFICO 5:
Tipo de moradia das crianças
GRÁFICO 7: Elementos que influenciaram a escolha da escola
Outra questão tratada só com os pais/responsáveis diz
respeito aos elementos que os influenciaram a colocar a criança
nessa escola em particular (Gráfico 7
4
) salientando-se como
respostas mais freqüentes aquelas relacionadas à comodidade
dos adultos: preço/ valor da mensalidade (63%), conhecimento
anterior / amizade com a equipe (60%) e proximidade da
residência / trabalho (53%). No entanto é preciso enfatizar que,
tentando pensar um pouco na criança, 33% dos respondentes
4
Como um respondente podia apontar vários motivos, os percentuais indicados
referem-se a quantas pessoas citaram tal aspecto, e não ao total de respostas.
ACALANTO - 37
referiram-se ao método de ensino adotado e 26% ao espaço
físico disponível, números também bastante significativos. Aliás,
considerando o contexto sócio-econômico em que vivemos, o
resultado anterior era perfeitamente previsível.
4.2- A OPINIÃO DOS ADULTOS
4.2.1. Como os adultos percebem o ambiente escolar
Sob o ponto de vista dos adultos (e mencionando os
elementos citados por mais de 20% das pessoas), o Playground
(36%), a Brinquedoteca (26%) e a Segurança (23%) são os
elementos que melhor atendem sua função (Gráfico 8). Também
nesse aspecto existe diferença de opinião entre os três grupos
de adultos: os pais enfatizam o Playground (43%) e as Salas de
aula (23%); os professores têm preferência pela Brinquedoteca
(45%), Segurança (30%) e Localização no Campus (25%); e o
funcionários citaram mais o Playground (30%).
GRÁFICO 8 : Elementos do espaço físico que atendem sua função
GRÁFICO 9: Elementos do espaço físico que não-atendem sua função
38 - ACALANTO
Já entre os elementos que não-atendem sua função,
destacam-se: a Entrada/portaria (44%), o Estacionamento (36%)
e as Salas de Aula (28%) - (Gráfico 9). Com relação aos
diversos usuários, nota-se que: os pais referem-se aos itens já
citados, (respectivamente 65%, 34% e 43%); os professores
enfatizam a estacionamento (35%), a sala de professores (35%)
e salas de aula, vídeo e reuniões (30% cada); e os funcionários
fazem alusão a banheiro/vestiário/descanso para si (71%),
entrada/portaria (57%) e estacionamento (43%).
Obviamente essas diferenças, além de significativas,
apresentam uma opinião auto-centrada do respondente,
denunciando suas dificuldades com o ambiente. Embora possa
ser observada ambivalência na opinião de pais/responsáveis
com relação à sala de aula (23% a indicaram como elemento
que atende bem a função, e 30% disseram o contrário), essa
aparente discordância está relacionada ao turno que a criança
freqüenta a escola e à maior ou menor insolação de sua classe.
4.2.2. Satisfação/Insatisfação (Gráficos 10 A, B, C, D)
Observação: conforme explicitado na metodologia, os diversos
itens foram avaliados pelos respondentes a partir de uma
escala qualitativa com quatro itens (MUITO SATISFATÓRIO,
SATISFATÓRIO, INSATISFATÓRIO, MUITO SATISFATÓRIO),
posteriormente transformada em escala numérica, valendo,
respectivamente, 1, 2, 3, e 4. A partir dessa última foram
calculados, para cada item, moda, desvios padrão e média. A
maioria das questões apresentou moda 3, e baixo desvio
padrão.
tornando-se clara a diferença entre as
opiniões/percepções de adultos que atuam na escola
(maior contato com o ambiente e suas nuances) e os que
não usam diretamente o local.
A fim de facilitar a
compreensão dos resultados por leigos, esse relato refere-se
às médias obtidas, que foram traduzidas para a base 10 a fim
de tornarem-se semelhantes a notas acadêmicas.
a- ESCOLA COMO UM TODO
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA SATISFAÇÃO DECLARADA
(questão específica): “7,71”, variando entre 7,5 (funcionários) e
7,83 (pais), considerados muito próximos.
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA AVALIAÇÃO DOS ITENS
PROPOSTOS (média dos valores atribuídos aos diversos itens):
“7,19”, sendo os professores mais rigorosos (6,86), e os pais
menos críticos (7,41).
AVALIAÇÃO DOS ITENS:
ACALANTO - 39
Os elementos melhor avaliados foram quantidade de
área livre (score 8,29), localização (8,0) e tamanho (7,9). As
piores avaliações relacionaram aos aspectos estacionamento
(5,75), condições de conforto (6,39) e materiais de piso (6,75).
Em função das opiniões dos usuários, pais/responsáveis
valorizaram a quantidade de área livre (8,58), localização (8,25),
tamanho da escola (8,17), aparência externa e interna (ambos
8,08); os professores indicaram a localização (8,0); e os
funcionários, a quantidade de área livre (8,75), tamanho (8,5), a
aparência externa, brinquedos do playground e cor (8,0).
Quanto aos aspectos de menor satisfação, os pais
indicam temperatura (5,2), estacionamento (5,33), material de
piso (6,42), condições de conforto (6,64), localização do
playground (6,38) e condições de conforto (6,64); para os
professores destacam-se estacionamento (5,33) e condições de
conforto (5,66); os funcionários citam, dimensões dos cômodos
(6,0) e distância entre estes (6,25).
b- SALA DE AULA
Com relação às salas de aula/atividades, a avaliação foi
mais severa, principalmente por parte dos professores. As
maiores médias foram obtidas elos itens quantidade de
mobiliário (8,05), aparência (7,6) e qualidade de mobiliário
(7,58), enquanto as piores avaliações relacionaram-se a
temperatura (5,29), ventilação natural (5,67) e ruído externo à
sala mas interno à escola (6,32).
Pais/responsáveis e professores foram os únicos a
indicar scores médios inferiores a 5,7, os quais foram aferidos,
pelos primeiros (pais) aos aspectos temperatura e ventilação
(respectivamente 5,25 e 5,67), e atribuídos pelos segundos aos
itens temperatura, ruídos externos à sala e ventilação (scores
4,63, 5,25 e 5,0).
40 - ACALANTO
GRÁFICO 11: Satisfação ESCOLA COMO UM TODO por itens
GRÁFICOS 10: Satisfação SALA DE AULA por itens
41 - ACALANTO
4.2.3- SUGESTÕES:
Entre as sugestões para modificar o espaço físico da escola
destacam-se: melhoria no conforto da sala de aula (43%),
estacionamento (31%) e pátio coberto (26%), entrada/portaria
(23%), gramar área livre (15%), escada da brinquedoteca (15%),
piso da entrada (13%) - (Gráfico 13: Sugestões de modificações
no espaço físico da escola). Como nos itens anteriores, as
diferenças de opinião entre os adultos ocorre no sentido de
aumentar o próprio conforto.
Chamaram especialmente a atenção, embora não sejam
sugestões majoritárias, as indicações “aumentar e articular os
pátios cobertos” (25% dos professores) e “aumentar o tamanho
do lote” (20% dos pais). A primeira ressalta-se em função da sua
coerência com a realidade observada, quanto à necessidade de
uma maior área coberta. Quanto à segunda, embora à primeira
vista seja estranha, torna-se viável (e até simples) pois, como a
área onde encontra-se a escola não é exatamente um lote
(tendo sido cercada apenas por questões de segurança e
conveniência), os espaços vazios adjacentes também pertencem
à instituição, de modo que uma ampliação de área não
envolvendo o sistema viário teria custo mínimo (apenas o da
demolição/reconstrução do muro e algum movimento de terra,
caso fosse necessário).
GRÁFICO 13: Sugestões de modificações no espaço físico da escola
42 - ACALANTO
4.3- O QUE DIZEM AS CRIANÇAS
APLICAÇÃO DA TÉCNICA: contou com a participação de 17
crianças do Nível 5 (turma de Alfabetização), havendo o
aproveitamento final de 15 trabalhos
5
, dos quais 7 elaborados
por meninos e 8 por meninas, todos se mostrando cooperativos.
FIGURA 18 – Dois desenhos da Sala de Aula
FIGURA 19: Dois desenhos da Escola
5
A retirada de duas crianças da amostra deveu-se ao fato delas terem executado apenas
um desenho, tendo saído da sala porque os pais chegaram e não poderiam esperar o
término do trabalho. Assim, como os mesmos ficaram incompletos, optou-se por não
incluí-los.
4.3.1- A sala de aula
ÍNÍCIO DA TAREFA: praticamente imediato à sua solicitação.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: variado
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: não houve
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: a maior parte
projeções bidimensionais (tipo corte); algumas tentativas de
tridimensionalidade.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES: representação do ambiente
interno da classe
- Mobiliário: representado com riqueza de detalhes,
principalmente prateleiras de armários e carteiras (com
livros, lápis e brinquedos sobrepostos). Carteiras de
alunos, cadeiras, armários e quadro-negro foram itens da
mobília presentes em quase todos os desenhos.
- Equipamentos: os mais evidentes foram os ventiladores,
(surpreendentemente detalhados, mostrando sua
importância para o grupo), Interruptores de luz e
lâmpadas (menos indicados que os primeiros).
ACALANTO - 43
- Natureza: presente em cerca de 50% dos desenhos
(vasos com flores sobre móveis, árvores desenhadas no
quadro-negro, janelas abertas com paisagem ao fundo).
- Elementos humanos: cerca de metade dos trabalhos
contiveram elementos humanos, alguns desenhados com
traços rápidos, e outros detalhados. Em vários casos o
caráter projetivo ficou bem evidente, tendo sido indicados
no desenho a professora, alunos (alguns nomeados) e
até o próprio desenhista (4 casos). A maioria das
pessoas foi representada na posição vertical, em pé.
- Cores: A maioria utilizou várias cores, sendo que o uso
de 4 cores o mais comum. Além disso, 3 alunos
utilizaram todas as cores disponíveis, e 2 usaram apenas
2. Mais usados: marrom, azul e verde; Uso mediano:
vermelho, rosa e amarelo, sobretudo em detalhes
(cabelos, roupas e flores); Pouco utilizados: roxo e preto.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência) carteiras,
ventilador e janelas.
- LOCAL MAIS APRECIADO: o armário de brinquedos é o
favorito, acompanhado do lugar-da-roda (parte do programa
diário, que serve para combinar as atividades que serão
realizadas), o lugar-no-chão-perto-do-armário, onde brincam, e
perto-da-porta (“porque tem um ventinho legal”). Entre os
brinquedos, o “Lego” é o predileto, sendo citado pela maioria.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: temperatura (identificada
como “calor” ou “quentura”, termo regional); piso úmido que não
permite se sentarem no chão (o que ocorre após a limpeza, pois
o piso de granilite, não sendo poroso, permanece úmido algum
tempo); o quadro-negro (velho e ruim de apagar).
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): Poucos identificaram um
lugar próprio na classe, e os que o fizeram falaram no local onde
guardam o material escolar. Como não existem carteiras fixas,
ao chegar cada criança usa a carteira que quiser. Aliás, crianças
e carteiras aparentam estar sempre em movimento pela sala a
fim de participar/promover trabalhos individuais e em grupos.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO NA CLASSE: os
comentários mais constantes referiram-se a aumentar o
tamanho da mesma, diminuir o “sol” (significando evitar
incidência solar direta, o que acontece até as 10:00 horas
6
) e
aumentar a quantidade de armários e brinquedos.
6
Na região Nordeste é indicado que sejam colocados elementos que façam a proteção
solar das aberturas a partir de 8:00 ou 8:30 horas, uma vez que as temperaturas nesse
horário já podem ser altas, principalmente no verão.
44 - ACALANTO
4.3.2- A escola
ÍNÍCIO DA TAREFA: Alguns alunos demoraram para começar.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: A maioria começou o desenho pelo muro frontal.
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: quase
sempre começando pelo muro.
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: difícil
compreensão do conjunto a ser representado com um todo
(apresentaram partes da escola)
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: vários apresentam
a escola vista de fora, em fachada, como numa foto.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES:
- Elementos arquitetônicos mais representados: (nessa
ordem) o muro, grades, portão de entrada e telhados
- Mobiliário e Equipamentos: praticamente não
mencionados. Apenas 1 criança desenhou banquinhos e
2 colocaram o playground (de modo esquemático)
- Natureza: assumiu o primeiro plano. Arvores, sol e
nuvens estão presentes em quase todos os trabalhos,
enquanto flores, frutos e pássaros são encontrados em
aproximadamente um terço (1/3) dos mesmos. Aliás, em
termos de detalhamento, árvores e flores são grandes
vedetes, só superadas pelo sol.
- Elementos humanos: a presença humana se restringiu a
4 desenhos, sendo representada através de traços
rápidos.
. Cores:. A grande maioria dos alunos utilizou entre 4 e 6
cores, preferindo, nessa ordem: verde, azul, amarelo,
vermelho, marrom, e rosa.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência)
playground e areia.
- LOCAL MAIS APRECIADO: o playground foi favorito,
acompanhado da brinquedoteca (sala de brinquedo), da mini-
quadra e das árvores.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: corredores (“porque é
escuro”), o piso da entrada (“porque machuca”) e o “cinema”
(sala de vídeo – “porque tem cheiro ruim”, uma provável alusão
ao cheiro de mofo).
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO: apesar das rotineiras “só
ter recreio o dia inteiro” e “trocar a professora”, as sugestões
ligadas ao ambiente giraram em torno de fazer outra quadra ou
um campo de futebol com grama, fazer um “teatrinho-de-
verdade”, tirar a areia (“porque ela enche o sapato e suja a
ACALANTO - 45
roupa”) e construir uma piscina. Além dessas, surgiram também
solicitações mais simples, como mudar o lugar de alguns dos
banquinhos para facilitar as brincadeiras, “deixar a gente pintar a
parede” (provável referência a uma comentada experiência
anterior de elaboração de painéis no muro), “tomar mais banho
de mangueira” (pratica comum na região após uma atividade na
qual as crianças se sujem, como pintura-à-dedo, ou fiquem
muito suadas) e “deixar subir nas árvores”.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de não ter sido projetado para a educação infantil, de
modo geral o conjunto ambiental da escola (edificação e espaço
livre) corresponde as necessidades da comunidade que a utiliza,
tendo sido bem avaliada pela pesquisa.
Principais pontos positivos:
- existência de grande quantidade de área livre e arborizada,
proporcionando contato criança/natureza;
- boa densidade física e social (crianças/adulto);
- existência de solário para o Maternal, com playground;
- uso de materiais de fácil limpeza/manutenção;
- preocupação com adaptar os m´veis às várias faixas etárias;
- salas de aula bem dimensionadas.
Principais problemas relativos à funcionalidade e ao conforto
que deveriam ser solucionados, a curto ou médio prazo:
- melhoria das condições de conforto térmico e acústico das
salas de aula/atividades (o que, aliás, se configura como
urgente);
- ajustes funcionais na entrada/portaria, inclusive sua
marcação visual;
- ampliação da sala de professores e/ou criação de sala de
reuniões;
- criação de local mais reservado para descanso/vestiário de
funcionários;
- melhor agenciamento e mais vagas no estacionamento;
- adaptação da edificação a deficientes físicos;
- colocação de escrivaninhas e cadeiras
adequadas aos adultos nas salas de aula;
- janelas mais baixas para permitir maior contato
dos alunos com o exterior e trazer a ventilação
mais para o nível da criança sentada;
- integração entre os pátios cobertos;
- ampliação do lote.
46 - ACALANTO
6- TABELAS RELATIVAS AOS GRÁFICOS
Abreviaturas usadas:
ALPq Área livre pequena
AltJ Altura de janelas e
aberturas
AmizEqp Amizade equipe
ApExt Aparência externa
ApInt Aparência interna
ArbAL Arborização da área
livre
Arbrz Arborização
ASevç Área de serviço
AtivDin Atividade dinâmica
AtivEst Atividade estática
AtivIntem Ativ. intermediária
AumSA Aumento sala de
aula
Banh Banheiros
BP Bairro próximo
BrPG Brinquedos do
layground
BVFunc Banheiro/vestir
funcionários
ConfSA Conforto na sala de
aula
DimC Dimensão cômodos
DistC Distância Cômodos
Estc Estacinamento
Esc Escola
IluA Iluminação artifical
IluN Iluminação natural
IluN Iluminação natural
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
Loc Localização
LocPG Localização
playground
Masc Masculino
MatPa Materiais paredes
MatPi Materiasi piso
Md Média
Med 10 Média base 10
Med 4 Média base 4
MetEns Método de ensino
Mod Moda
MoQl Qualidade móveis
MoQt Quantidade móveis
MsEspç Mais espaço
Nd Nada
Ocup Ocupação
Ocupç Ocupação
Organiz Organização
Out Outros
PatPq Pátio pequeno
PG Playground
Piscn Piscina
PreçoAcs Preço acessível
Projtda Projetada
ProxRes Proximidade
residência
ProxTrab Proximidade trabalho
QsTd Quase tudo
QtAL Quantidade área
livre
QtJa Quantidade de
janelas e aberturas
REExE Interferência de
ruídos externos à
escola
REExS Interferência de
ruídos externos à
sala
RImS Interferência de
ruídos internos à
sala
SAEsc Sala de aula escura
SAQte Sala de aula quente
Sd Saída
Sdecl Satisfação
declarada
Segç Segurança
SgInc Segurança incêndio
SgRA Segurança risco
acidentes
SlA/T Sala aula/atividades
SlDesc Sala desconfortável
SMd Satisfação média
SProf Sala professores
Tam Tamanho
Td Tudo
Temp Temperatura
ToldJan Toldos nas janelas
TqAreia Tanque de areia
Tt (TT) Total
VntN Ventilação natural
Vst Vestiário
APÊNDICE 3
ESTUDO DE CASO N. 02
ESCOLA: BAMBOLEIO
BAMBOLEIO - 1
1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
INSTITUIÇÃO:
Escola Bamboleio
1
LOCALIZAÇÃO:
Localiza-se à Av. Bernardo Vieira, Tirol, Natal, em área
de fácil acesso a partir de quase toda a cidade em função da
proximidade da confluência de tráfego existente nos
cruzamentos desta via com as avenidas Prudente de Morais e
Senador Salgado Filho, todas três consideradas importantes
eixos de circulação na malha urbana (Figura 1- Escola
Bamboleio- Situação).
FUNDAÇÃO:
Fundada em janeiro/1983, a escola mudou-se para o
prédio atual em setembro/1986.
PEQUENA HISTÓRIA:
1
Esta é uma identificação provisória, visando manter a privacidade da instituição pela
não-repetição de sua razão social ou nome de fantasia utilizado. Todas as demais
informações são reais. Nesse sentido, no relato não serão utilizadas fotos de fachada,
sendo as mesmas discutidas em item específico do Volume 1, em conjunto com outras
instituições.
Agradecimento especial a Danielle Dantas, Jennifer Borges, Lis Vilaça e Marília
Azevedo, alunas do Curso de Graduação de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, que
participaram da coleta de dados que deu origem a este relato.
Todas as fotos não creditadas especificamente fazem parte do acervo da pesquisa
.
A escola foi fundada em 1983, por iniciativa da
proprietária e diretora, fixando-se em outro endereço, num
bairro contíguo. Com o aumento da demanda mudou-se para a
atual localização pela aquisição de uma casa e aluguel da
vizinha. Com o tempo, esta última e uma terceira foram
compradas, e em 2000, foi alugado o quarto imóvel.
Todas as adaptações no espaço físico realizadas ao
longo do tempo aconteceram por iniciativa da diretora, e sob
sua supervisão; apenas a mais recente contou com a
participação de uma arquiteta.
SISTEMA/MÉTODO DE ENSINO ADOTADO:
Progressista, somando o método construtivista ao
silábico.
QUADRO FUNCIONAL:
Seu funcionamento envolve: 1 diretora, 42 educadores
(27 professores, 11 auxiliares e 04 professores envolvidos com
educação física e informática) e 13 funcionários (serviços
administrativo e gerais). Além desses, 01 nutricionista e 01
psicóloga atuam no local 2 a 3 vezes por semana.
CRIANÇAS ATENDIDAS:
2 - BAMBOLEIO
Atualmente, do berçario à alfabetização a escola conta
com 520 alunos, cujas idades variam entre 3 meses e 7 anos,
predominando a faixa entre 4 e 7 anos. Contabiliza-se 229
alunos no turno matutino e 291 no vespertino, salientando-se
que 12 dessas crianças estão em semi-internato, ou seja,
permanecem os dois turnos no local, lá almoçando.
QUADRO 1
Distribuição das Turmas de acordo com o Nível e o Turno
NÍVEL * IDADE TURNO TOTAL
(das crianças)
MANHÃ TARDE
(de
turmas)
Berçário
3 a 8 meses 1 1
2
Maternal baby
8 meses a 1
ano
1 1
2
Maternalzinho
1 a 2 anos 1 1
2
Maternal 1 2 a 3 anos 2 2
4
Maternal 2 3 a 4 anos 2 2
4
Jardim 1 4 a 5 anos 3 3
6
Jardim 2 5 a 6 anos 3 3
6
Alfabetização 6 e 7 anos 3 3
6
TOTAL 16 16 32
CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DAS TURMAS:
As turmas são divididas em função das características
das crianças e da capacidade das salas de aula (Quadro
1), ficando estabelecidas as relações (máximas) que
seguem:
- Berçario: 8 crianças/sala, tendo 2 adultos
responsáveis;
- Maternal baby: 10 crianças/sala e 2 adultos/turma;
- Maternalzinho: 16 crianças/sala, e 2 adultos;
- Maternal: 20 crianças/sala, e 2 adultos;
- Jardim: 25 crianças/sala, com 1 professor;
- Alfabetização: 20 crianças/sala, com 1 professor.
2- AVALIAÇÃO TÉCNICA DO ESPAÇO FÍSICO
2.1. IMPLANTAÇÃO / OCUPAÇÃO DO LOTE (Figura 2 )
- ÁREA DO LOTE: 1.220,00m2 (um mil duzentos e vinte
metros quadrados). Foi criado em função da junção de 4
terrenos de 12,5m x 26,5m. A área é delimitada por muro
alto em alvenaria, sendo a edificação parcialmente colada
ao muro.
- TOPOGRAFIA: há cerca de 1,0m de desnível entre os lotes
voltados para a Av. Bernardo Vieira (mais elevada) e os
voltados para a Rua Cel Juventino Cabral.
- VOLUME CONSTRUÍDO: cerca de 750,00m2.
BAMBOLEIO - 3
- TAXA DE OCUPAÇÃO: 57,5% do lote
- ÁREA LIVRE: 32,5% do lote
- PERMEABILIZAÇÃO: apenas 11% do lote é permeável.
- RECOBRIMENTO DA ÁREA PERMEÁVEL/ VEGETAÇÃO:
O playground (em areia) e os recuos frontais
correspondem à área permeável. Os recuos contém jardins,
com guarnição de grama e arbustos. Internamente ao lote a
vegetação resume-se a quatro árvores e poucos arbustos.
- VIZINHANÇA:
Área de uso misto, residencial, comercial e institucional
- ÚLTIMA REFORMA:
Realizada em 2000, com a anexação da última casa (a
quarta), reforma/ampliação das instalações existentes (as
outras 3 casas) e construção da quadra poli-esportiva.
2.2- DENSIDADES:
Em termos de área per capta, verifica-se:
SALAS DE AULA/ATIVIDADES: verifica-se uma média
de 1,18m2/criança
2
, sendo:
- Berçario: 2,7 m2/criança;
- Maternal baby: 1,7m2/criança;
- Maternalzinho: 1,5m2/criança;
- Maternal: 1,25m2/criança;
- Jardim: 0,9m2/criança;
- Alfabetização: 0,9m2/criança.
PÁTIOS COBERTOS: cerca de 0,3m2/criança
3
ÁREA LIVRE: 1,37m2/criança
4
(40% dos quais
ocupados por playground).
2
As salas de aula/atividades somam 345,30m2, abrigam um total de 291 crianças no
período vespertino.
3
Não havendo pátio coberto, utilizou-se para cálculo a área da quadra esportiva, onde
ocorre o lanche, ou seja, 87,00m2, face a necessidade de comportar as 291 crianças do
horário mais ocupado (tarde).
4
Considerou-se área-livre todo o espaço não-construído do terreno, somando setores
permeáveis e não-permeáveis e excluída a piscina (área gradeada cujo acesso é
controlado para a própria segurança das crianças) e rampa central, o que corresponde a
aproximadamente 400,00m2, divididos pelo número máximo de crianças em um
turno(291).
4 - BAMBOLEIO
LEGENDA
1- Recepção/espera
2- Diretoria
3- Secretaria
4- Tesouraria
5- Banheiro adultos
6- Copa
7- Despensa
8- Sala
Aula/atividades
9- Berçario
10- Banheiro infantil
11- Sala Informática
12- Quadra coberta
13- Lanchonete
14- Depósito
15- Pátio descoberto
16- Playground
17- Quadra
18- Mini-zoo
19- Piscina
20- Quarto descanso
21- Sala TV
22- Refeitório
23- Cozinha.
24- Circulação
coberta
25- Rampa
FIGURA 1 – Escola Bamboleio: Locação e Planta Baixa
BAMBOLEIO - 5
FIGURA 2 – Escola Bamboleio: Corte Esquemático
2.3. CARACTERIZAÇÃO DO VOLUME EDIFICADO
(Figuras 1e 2)
2.3.1- Partido Arquitetônico
O projeto arquitetônico é composto pelas quatro casas originais,
às quais foi acrescentada a quadra e um quinto (pequeno) bloco
de salas de aula (2 pavimentos). Com a retirada dos muros
laterais a área correspondente aos recuos originais passou a
caracterizar-se como área livre, atravessada pela rampa de
ligação. Logo, a massa construída concentra-se na periferia do
lote final, voltando-se para o centro do mesmo.
O partido adotado reflete a união das quatro casas com seus
volumes diferenciados. A unidade do conjunto é garantida pelo
revestimento cerâmico (10x10cm) em cor branca combinado
com pintura em tons pastéis. A aplicação de quatro elementos
geométricos (circulo, quadrado, triângulo e losango) nas
platibandas dá maior identidade ao conjunto.
A rampa central (em vermelho) garante a unidade física da
proposta, refletindo a diferença de nível entre as ruas (Foto 1).
2.3.2- Aspectos Construtivos
6 - BAMBOLEIO
A maior parte da edificação é térrea, havendo apenas duas
salas de aula em primeiro pavimento. Os materiais e o sistema
construtivos são simples.
Estrutura:
a maior parte da escola é em alvenaria
estrutural (as antigas casas). Na área ampliada, no
bloco de salas a estrutura é independente e em
concreto, respeitando uma modulação de 4,00m (quatro
metros) em eixo, e apoiando lajes pré-moldadas. A
quadra utiliza estrutura metálica.
Cobertura:
telha de cimento-amianto na maior parte da
edificação, e telha de alumínio na quadra.
Vedações:
alvenaria de tijolos cerâmico, com detalhes
em alvenaria, cobogós de cimento e lona (Foto 1).
Foto1 – Rampa central e painéis
em lona na Quadra
Foto 2 – Corredores e salas de
aula: barra em esmalte sintético
Revestimento das paredes internas:
no setor pedagógico e circulações as paredes são
emassadas e pintadas em cor clara. Para facilitar a
manutenção foi definida uma faixa com altura de 1,35m
pintada com esmalte sintético em cores claras,
principalmente azul bebê e rosa (Foto 2).
Revestimento das paredes externas:
cerâmica 10x10cm
branca e pintura PVA-latex em tons pastéis. Alguns
detalhes e o parapeito da rampa são vermelhos.
Piso interno:
O piso alterna granilite cinza (alta resistência), e
cerâmica 20x20cm ou 30x30cm em cor clara, colocado
em salas de aula e a área úmida.
Piso externo:
- Apenas parte dos recuos frontal e laterais é
permeável, com tratamento ajardinado (frontal)
ou revestido de areia (laterais e a parte do pátio
correspondente ao playground e caixa de areia).
- O restante (maior parte) recebeu piso não-
permeável (lajotão cerâmico) com rejunte largo
em cimento, inclusive o pátio descoberto
(central).
Tratamento das aberturas:
BAMBOLEIO - 7
- A maioria das portas é de madeira maciça com
pintura em esmalte sintético na cor bege, e
apresenta bandeira superior em veneziana.
- As janelas são de madeira pintada, com detalhes
em vidro. Em algumas salas de aula (mais
novas) as janelas têm bandeira inferior em
veneziana (fixa).
- Em vários fechamentos internos e externos há
grades de ferro pintadas.
Instalações elétricas e hidráulicas
: embutidas.
Mobiliário:
A mobília da área administrativa é tradicional,
industrializada. Nas salas de aula misturam-se mesas
em PVC, armários metálicos e em madeira maciça e em
compensado/MDF com revestimento melamínico.
Equipamento da área externa:
os parques infantis são
tradicionais, industrializados, confeccionados em
madeira e pintados à óleo em cores primárias. Sob as
árvores os banquinhos são em alvenaria.
Estado geral de conservação / manutenção:
excelente.
2.4- PROGRAMA BÁSICO / DIMENSIONAMENTO
SETORES:
O programa da escola (ver cômodos/dimensionamento
no Quadro 2) está subdividido em 04 (quatro) setores
interligados por circulações: Administração, Pedagógico, Área
externa/lazer (coberta e descoberta) e Semi-internato. Saliente-
se a inexistência dos setores de Apoio pedagógico e Serviços.
CÔMODOS SUB-DIMENSIONADOS:
Secretaria, sala de informática, algumas salas de aula.
CÔMODOS AUSENTES:
Pátio (sem função de quadra), setor de serviços, sala de
reuniões para grupos, espaço para o descanso/vestiário de
funcionários, salas de apoio pedagógico (biblioteca,
brinquedoteca, sala de vídeo, sala multi-uso e similares).
CÔMODOS SUPER-DIMENSIONADOS: não verificou-se.
8 - BAMBOLEIO
QUADRO 2
Comodos existentes agrupados em setores e área ocupada
SETOR AMBIENTES QUANT.
ÁREA
(m2) aprox.
ADMINISTRAÇÃO
Recepção / Espera
Diretoria
Secretaria
Tesouraria
Banheiro (adultos)
Copa c/ despensa
01
01
01
01
01
01
57,81
PEDAGÓGICO
Salas
Aula/Atividades
(incluindo berçário)
Banheiros infantis
Sala de informática
16
05
01
406,70
ÁREA LAZER
COBERTA
Quadra Coberta
Lanchonete
01
01
92,00
ÁREA LAZER
DESCOBERTA
Pátio descoberto c/
playground
Mini-zoo
02
01
01
120,00
SEMI-
INTERNATO
Quarto descanso
Sala de TV
Banheiro
Refeitório
Cozinha com
despensa
03
01
01
01
01
84,00
CIRCULAÇÕES Cobertas
Rampa descoberta
110,5
2.4- FUNCIONALIDADE
ACESSO/ESTACIONAMENTO
A entrada da escola acontece pelas duas ruas, não
havendo estacionamento na área do lote (apenas nas vias
frontais e adjacentes). Mesmo sendo um setor final da Av.
Bernardo Vieira, onde o trânsito é muito menor que em outros
segmentos, ainda verificam-se alguns problemas nos horários
de entrada e saída das crianças, tanto do turno matutino e
vespertino. Embora parte da solução fosse incentivar o acesso
pela rua posterior (Cel Juventino), como a mesma é
relativamente estreita não comportaria o grande número de
veículos que afluem à escola.
ZONEAMENTO
(Figura 3):
A separação funcional entre administração e o setor
pedagógico é evidente, e mesmo esse último apresenta uma
setorização bem definida (blocos do Maternal, Jardim e
Alfabetização). A exceção é o berçario, que fica dentro da área
administrativa, opção justificada pela direção como um modo de
“aumentar o controle sobre as crianças muito pequenas, o que
aumenta a confiança dos pais e facilitar a amamentação dos
bebês”. A localização da área de lazer (quadra, piscina e pátio)
praticamente no centro do lote, embora faça convergir para o
BAMBOLEIO - 9
local todo o fluxo de alunos, apresenta dificuldades, pois
desagrega o setor pedagógico e aumenta a disseminação dos
ruídos aí gerados.
LEGENDA
Pedagógico
Apoio Pedagógico
Circulação
Administração
Serviços
Semi-internato
Lazer coberto
Lazer descoberto
FIGURA 3 – Escola Bamboleio: Zoneamento da área construída
É interessante ressaltar a solução dada para a área do
semi-internato em termos de setorização, pois a edificação
destinada a esse fim é bastante isolada, com um único acesso
(pela frente), de modo as crianças parecem não sentir-se na
escola. Segundo a direção, “a criança que fica os dois horários
precisa de um tempo de pausa (...) assim ela sente que saiu da
escola, mesmo que depois volte.”
ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO:
O mobiliário das classes é adequado às crianças. De
modo geral verifica-se:
- Maternalzinho – tapetes em plástico expandido (tipo E.V.A.)
e tecido, almofadas, uma mesinha em PVC (Foto 2)
- Maternal e Jardim - mesas quadradas 4 lugares (Foto3)
- Alfabetização – carteiras retangulares, de modelo
convencional
Embora todos os blocos disponham de banheiros para
atender aos alunos que ali estudam, as peças não são
adaptadas em altura, embora os vasos sanitários disponham de
diversas tampas. No berçário o banheiro dispõe de local para
banho de bebês.
10 - BAMBOLEIO
Foto 2 – Sala do maternal baby Foto 3- Sala do Jardim 2
Foto 4 – Algumas salas tem janelas
com bandeiras inferiores em veneziana.
2.5- CONDIÇÕES DE CONFORTO / USO DE ENERGIA
INSOLAÇÃO/VENTILAÇÃO: (Figura 1)
Em termos de conforto ambiental, a implantação geral
define dois lotes mais privilegiados e dois menos. Assim, o
partido adotado, que define blocos com circulação central e
salas voltadas para duas faces do terreno, garante insolação e
ventilação favoráveis em parte das salas de aula (fachada
Sudeste) e, por outro lado, torna a outra metade dos cômodos
esteja em posição desfavorável (voltados para Noroeste).
Em algumas salas de aula (mais novas) as janelas
receberam bandeira inferior em veneziana fixa (Foto 4), o que
trouxe a entrada de ar mais para a altura das crianças
sentadas. Apesar desse detalhe, o desenho das janelas não
auxilia para a definição de condições de conforto adequadas,
pois a opção por folhas com madeira e vidro (em xadrez)
embora privilegie a iluminação, dificulta a ventilação. Aliás,
mesmo as salas que estão em posição privilegiadas utilizam
constantemente o ventilador, uma vez que, na maioria destas
não existem aberturas para saída de ar (o que impede sua
circulação). Todas as salas da administração e a sala de
informática dispõem de aparelhos de ar-condicionado.
Assim, é possível concluir-se que o conforto térmico
natural na Escola Bamboleio é deficiente, pois, muitos
ambientes voltam-se para fachadas com grande insolação
direta e não há ventilação cruzada nos cômodos, de modo que
os ambientes pedagógicos e administrativos precisam utilizar
continuamente equipamentos elétricos.
ILUMINAÇÃO NATURAL:
BAMBOLEIO - 11
A iluminação natural é suficiente na maioria dos
ambientes fechados (favorecida pelos vidros das janelas) e
mesmo nas circulações (com fechamento em grades).
Portanto, a iluminação artificial é pouco utilizada no
período diurno, com exceção dos banheiros.
CONSUMO ENERGÉTICO:
O maior consumo é derivado da utilização de
equipamentos elétricos para climatização (ventiladores e de ar
condicionado) que, acatando a política nacional para contenção
no gasto energético são mantidos desligados antes das
9:00horas e após as 17:00hs.
RUÍDOS INTERNOS E EXTERNOS:
Havia uma expectativa inicial quanto a interferência do
barulho proveniente da Av. Bernardo Vieira, entretanto os
pesquisadores não o perceberam dessa maneira, só
eventualmente detectando algum ruído nas salas do Maternal
(mais próximas). Aliás, no tocante a ruídos inconvenientes,
incomoda um pouco a interferência sonora entre salas de um
mesmo bloco, principalmente no bloco do Jardim, onde as
circulações, fechadas e relativamente estreitas (Foto 2),
propagam rapidamente o som.
No entanto, o maior problema nesse sentido diz respeito
ao desconforto que ocorre em dias chuvosos, quando a
cobertura em telhas de alumínio funciona como um amplificador
do barulho da chuva, que propaga-se pela área, sendo ouvido,
principalmente nas salas da alfabetização (as mais próximas).
2.6- CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE
SEGURANÇA - INCÊNDIO:
Em toda a escola só foi detectado um conjunto de
extintores (PQS e APQ), o que é insuficiente para uma
edificação de grande porte, que abriga simultaneamente 290
crianças, e está disposta em terreno com desnível.
SEGURANÇA – ROUBOS:
A existência de muros altos, portões constantemente
controlados por porteiros, e serviço privado de segurança
eletrônica (funcionando dia e noite) denuncia a preocupação da
administração com esse aspecto.
SEGURANÇA – ACIDENTES PESSOAIS:
Nesse sentido destacam-se:
o piso da rampa: não tem detalhes anti-derrapantes
(faixas adesivas, elementos apicoados, e similares);
12 - BAMBOLEIO
o parapeito da rampa em grade de ferro leve:
embora impeça a passagem (e queda) de crianças
pequenas, pode ser usada como “escada”, tornando
a queda ainda mais perigosa (Fotos 4 e 5);
o detalhe de cascata em pedra bruta existente na
piscina: pode machucar os nadadores ou quem
utiliza a escada,(Foto 6 e 7).
ACESSIBILIDADE À PORTADORES DE DEFICIÊNCIA:
Toda a edificação é interligada por rampas, com
exceção apenas para as duas salas de alfabetização que
encontram-se no primeiro pavimento. Apesar disso, a maioria
das salas de aula tem porta com largura de 70cm (inviabilizando
a passagem de uma cadeira de rodas convencional), e nenhum
dos banheiros é adaptado ao uso por deficientes motores.
Também não existem facilidades relacionadas ao uso do local
por deficientes visuais, embora o contraste do vermelho
(detalhes) com cores claras possa ser favorável à orientação
dos mesmos. Atualmente nenhuma criança portadora de
deficiência grave esta matriculada na escola, tendo sido
observados apenas alguns alunos que usam óculos (poucos) e
uma menina com deficiência motora moderada.
Fotos 4 e 5 – Detalhes do parapeito da rampa central
Foto 6- Inclinação da rampa, vista a
partir da piscina
Foto 7- Detalhe da cascata da
piscina, em pedra bruta
2.8- CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A OCUPAÇÃO
2.8.1- Traços de Comportamento
A constante atuação da equipe de limpeza impede que
se acumulem traços de comportamento, com exceção do
horário de lanche, quando a quantidade de papéis no pátio e na
quadra aumenta, embora estes sejam rapidamente retirados.
Nas salas de aula não há livre deposição dos trabalhos
das crianças, cuja colocação nas paredes é orientada para só
BAMBOLEIO - 13
acontecer em determinados locais. A decoração das salas é
dirigida para a elementos (painéis e figuras) confeccionados
pelos professores ou adquiridos em lojas especializadas.
2.8.2- Público, Semi-Público e Privado
A)
Com base em um visitante ocasional:
Frente a um visitante ocasional a escola é bastante
privada, já que, os porteiros controlam completamente o
acesso, e o portão voltada para a Rua Cel. Juventino só é
aberto nos horários de entrada e saída pré-estabelecidos.
Nesse sentido, apenas a entrada e a sala de espera da
administração são semi-públicos, e o resto das instalações
constituem área privada, sob o controle dos diversos grupos de
usuários diretos da escola.
B)
Com relação aos usuários diretos da instituição:
Com relação ao usuário habitual interno, passam a ser
públicos, além da espera da administração, toda a área livre
interna, incluindo pátio e quadra. Os corredores internos dos
blocos, são semi-públicos, controlados pelo grupo freqüentador.
Somente as salas de aula e de trabalho são classificadas como
área privada, bem como a casa do semi-internato, (privativa do
grupo de alunos que a utiliza, de qualquer idade ou turma).
2.8.3- Fluxos internos
A) PAIS/RESPONSÁVEIS:
Estes adultos se mantém na área de entrada; apenas
pais/responsáveis por alunos do berçário ao Maternal (os
menores) deixam e buscam as crianças na sala de aula.
B) ALUNOS:
Embora utilizem toda a área da escola, verifica-se que,
individualmente, seu tráfego limita-se aos blocos onde instala-
se sua turma e à área de lazer central. As crianças do semi-
internato usam também sua área específica.
C) FUNCIONÁRIOS E PROFESSORES:
Apesar de terem livre acesso a todas as instalações, os
funcionários mantém-se próximos aos seus postos de trabalho,
de modo que raramente pessoas da administração são vistas
em outros setores, ao contrário do pessoal da manutenção, que
pode ser encontrado em todos os locais.
14 - BAMBOLEIO
2.8.3- Espaços Sociopetalados e Sociofugidios
A) ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS:
A área de lazer é o local mais sociopetalado da escola,
tendo como pontos focais de comportamento a quadra, os
banquinhos sob as árvores (na sombra), os brinquedos do
playground e o mini-zoológico, este último especialmente
atrativo para as crianças menores.
B) ESPAÇOS SÓCIOFUGIDIOS:
Embora corredores e rampas aparentem ser
sociopetalados, os professores e funcionários atuam no sentido
de torná-los sociofugidios, pois evitam ao máximo que as
crianças permaneçam no local.
Se focarmos o estudo nos usuários adultos, apenas os
banquinhos de alvenaria sob as árvores serão sociopetalados.
As diferenças na ocupação entre os turnos vespertino e
matutino ocorreu em função das condições de insolação direta.
2.9- COMPORTAMENTO NA ÁREA LIVRE
2.9.1- Delimitação da Área e Horários Observados
- HORÁRIOS: 3 matutinos e 3 vespertinos, sendo:
Entrada das crianças (de 7:00-7:30hs e 13:00-13:30hs)
Recreio (9:40-10:15hs e 15:40-16:15)
Saída (11:30-12:00hs e 17:30-18:00hs).
- DIVISÃO DA ÁREA LIVRE: Foram identificadas seis (6) sub-
áreas livres passíveis de um estudo mais detalhado:
1. Pátio de entrada 1 (PE): área pavimentada
descoberta e recuo frontal relativo à Av. B. Vieira;
2. Pátio de entrada 2 (PE): área pavimentada
descoberta e recuo d a R. Cel. Juventino;
3. Pátio central (PC): envolve o espaço descoberto
onde encontra-se o mini-zoo, a lanchonete, a
rampa central, um playground e algumas árvores;
4. Playground 2 (PG): perto do bloco da
Alfabetização;
5. Setor da piscina (SP): cujo acesso é controlado
para evitar-se acidentes;
6. Quadra coberta.
Embora nos horários de entrada e saída as anotações
tenham se concentrados nos portões, no horário de recreio foi
definido um único local de trabalho. Em função da grande
quantidade potencial de comportamentos a serem verificados
durante a ocupação, optou-se por estudar o Pátio Central (PC).
BAMBOLEIO - 15
- SUBDIVISÃO EM ZONAS: Para a observação, a área do
PC foi subdividida em 10 zonas indicadas por números
(Figura 6)
FIGURA 6 – Área observada subdividida em setores
2.9.2- Perfil da Ocupação nos Horários Observados
(Gráfico 1, Figura 10)
Durante toda a semana verificaram-se diferenças sutis
nos perfis de entrada/saída de crianças na escola, sempre
acontecendo movimentação antes ou depois do horário
estabelecido pela instituição. Verificou-se uma média de
freqüência de 220,8 alunos/dia no horário matutino (229
matriculados) e 290 aluno/dia no turno vespertino (291
matriculados).
Não foram verificadas faltas de alunos do semi-internato.
Observa-se, ainda, que as curvas gerais de ocupação
são mais alongadas no período vespertino (representando um
maior tempo total para obter-se a completa
ocupação/desocupação do local), sobretudo no horário de
entrada das crianças, embora sua inclinação apresente
variações (momentos de maior ou menor fluxo médio). O maior
pico de entradas em 5 minutos, constituído por 46 crianças,
ocorreu à tarde. Segue-se um relato geral dos principais
comportamentos observados nos horários indicados.
16 - BAMBOLEIO
GRÁFICO 1: Fluxo diário de crianças na entrada e Saída
LEGENDA
Segunda feira
Terça feira
Quarta-feira
LEGENDA
Quinta-feira
Quantidade média de alunos no horário
Sexta-feira
Total acumulado de ocupação (%)
GRÁFICO 2: Esquema de Ocupação Média em uma semana
HORÁRIOS DE ENTRADA
a.1-a.2) Entradas 1 (BV) e 2 (CJ)
:
Algumas mães e crianças aglutinam-se na portaria, mas
por pouco tempo.
O porteiro tenta evitar maiores aglomerações e impele
as crianças a entrarem.
A maioria das crianças maiores vai sozinha para a sala
de aula; só os menores são levados pelos adultos.
Embora na entrada matutina estes espaços sejam
usados apenas como passagem, durante a entrada
vespertina observa-se alguma ocupação estática da
área, representada pelas crianças do turno matutino que
ainda continuam a esperar os pais, o que deixa de
acontecer no início da tarde.
O número de entradas pela Av. Bernardo Vieira (1) é
maior do que pela Rua Cel. Juventino, certamente
porque para os pais que de crianças maiores é
relativamente fácil parar na frente da escola e assistir ao
filho entrar, sem sair do carro.
a.3) Pátio Central
O gradativo crescimento da ocupação faz com que a
área do pátio central vá sendo usada pelas crianças,
sobretudo do Jardim (cuja porta encontra-se perto).
Algumas mães sentam-se nos banquinhos de alvenaria
para alguma conversa rápida, principalmente de tarde.
As crianças espalham-se pela área, realizando
sobretudo atividades estáticas ou intermediárias.
A atração do mini-zoo evidencia-se logo no início da
manhã.
O tráfego de crianças na rampa é intenso.
BAMBOLEIO - 17
HORÁRIOS DE SAÍDA
b.1-b2) Entradas 1 (BV) e 2 (CJ):
Logo que o sinal toca os recuos frontais e os acessos
ficam cheios de crianças e material escolar (colocado no
chão), à espera dos pais/responsáveis.
Embora algumas crianças mantenham comportamento
estático (paradas junto às grades), a maioria delas
movimenta-se muito (ocupação dinâmica/ intermediária).
Mesmo havendo serviço de microfone, parte dos adultos
que vem buscar as crianças entra na escola, talvez
devido à dificuldade em localiza-las enquanto brincam
(algumas até “brincam” de esconder-se dos pais).
A saída pela Av. Bernardo Vieira (1) é menor do que
pela R. Cel. Juventino. Provavelmente isso ocorre
porque na saída os pais precisam estacionar e descer
do carro, o que é mais fácil nas ruas internas, mesmo
em detrimento de um trajeto mais longo a pé.
b.3) Pátio Central
O playground fica cheio mas tal ocupação diminui logo.
Excitadas, as crianças movimentam-se muito em
atividades intermediárias e dinâmicas.
As crianças maiores que sabem precisar esperar mais
tempo pelos pais, organizam jogos os quais, aos
poucos, perdem participantes, até tornarem-se inviáveis.
Nos horários de saída, sobretudo no final da tarde, os
banquinhos sob árvores são bastante usados pelos pais.
No início do horário o tráfego de crianças na rampa é
contínuo, diminuindo gradativamente.
HORÁRIOS DE RECREIO
(Gráficos 3A e B; figuras 7A e B)
c.1-c2) Entradas 1 (BV) e 2 (CJ):
A instituição efetua um controle severo das áreas de
entrada/saída (recuos e portão), impedindo que as
crianças permaneçam nos mesmos; logo, estas áreas
praticamente não são ocupadas nesse período.
b. 2) Pátio central
Nos horários matutino e vespertino, embora a ocupação
seja igualmente alta (respectivamente 65,5% e 73,2%),
ela acontece de modo diferenciado, envolvendo mais
atividades dinâmicas no segundo período (65,7%, face a
57,5%). E interessante esclarecer que, como a quadra
poliesportiva tem livre uso nesse horário, ela atrai as
crianças maiores (principalmente os meninos), de modo
que o pátio é mais utilizado pelas meninas e pelas
crianças menores. A grande quantidade de atividades
estáticas observadas deve-se tanto ao controle da
instituição (“como o espaço é reduzido é melhor evitar
brincadeiras que possam machucar os pequenos”)
quanto ao lanche, que acontece nesse horário. No que
se refere aos sub-setores definidos anteriormente
(Gráficos 3A e 3B), verifica-se que:
Área do mini-zoo
Ocupada praticamente todo o tempo, principalmente por
atividade estática (observação dos animais).
Áreas de playground
(brinquedos e caixa de areia)
18 - BAMBOLEIO
São ocupadas praticamente todo o período de recreio,
tanto matutino quanto vespertino (mais de 60% do
tempo), sobretudo com atividades intermediárias.
Dependendo da idade das crianças envolvidas, as
atividades são individuais (uso isolado do brinquedo) ou
socialidas (jogos estruturados).
Quanto maior a criança, menos ela parece interessar-se
pela caixa de areia (até a evita), sobretudo as meninas.
Áreas próximas à lanchonete
Como a maioria das crianças leva lancheira e a compra
de lanches é mínima, tais locais servem para brincar.
Setores sob árvores
Tem uso contínuo e diversificado, prestando-se a
atividades estáticas e intermediárias.
Como atrai adultos (professoras e auxiliares), o controle
das atividades das crianças é maior.
Quando um grupo de crianças “toma posse” costuma
manter o território durante grande parte do recreio.
Entrada do bloco do Jardim
Embora tenha função de passagem (acesso ao bloco), é
muito usada para atividades estáticas e intermediárias,
principalmente pela manhã, quando é sombreada.
Rampa
Local de passagem.
Também é usada para atividades estáticas de curta
duração (combatidas pelos professores e funcionários
por impedir o fluxo no local).
BAMBOLEIO - 19
GRÁFICO 3A: Uso do Pátio Central no horário Matutino
GRÁFICO 3B: Uso do Pátio Central no horário Vespertino
20 - BAMBOLEIO
LEGENDA
Ocupação dinâmica
Ocupação intermediária
Ocupação estática
Vazio
FIGURAS 7A e 7B - Mapas da ocupação do pátio no horário de recreio
vespertino e matutino
BAMBOLEIO - 21
2.9.3- Behavior Settings
5
em Área Livre
A área livre estudada é um espaço descoberto existente no
centro do lote, constituído pelo mini-zoo, playground com alguns
brinquedos, caixa de areia, laterais da lanchonete, duas árvores
guarnecidas por banquinhos, além da rampa de ligação entre os
lotes, e a entrada do bloco do Jardim (ver Figura 8). Como
serão descritos BS verificados nesse local, a caracterização das
pessoas e do ambiente, e a satisfação (geral) obtida serão
apresentados antecipadamente. Serão descritos apenas dois
dentre vários BS que acontecem durante o período de uso, os
quais podem ocorrer tanto sucessiva quanto simultaneamente,
costumando repetir-se várias vezes por semana.
As pessoas
:
Durante o recreio todos os alunos de um turno podem
usar a área do pátio descoberto central, embora sua
ocupação esteja mais ligada a crianças entre 3 e 5 anos,
pois a maiores preferem a quadra (sobretudo os
meninos) Algumas auxiliares de ensino se revezam para
cuidar das crianças, interferindo pouco nas brincadeiras.
5
Devido à grande repetição do termo Behavior Setting nessa seção do estudo, ele
poderá ser substituído pelas iniciais BS, ou simplesmente pela palavra setting, sem
prejuízo do seu sentido original.
Nos casos descritos todas as pessoas envolvidas
(indireta ou diretamente) podem ser substituídas sem
que haja alteração do funcionamento dos settings.
O ambiente
:
O pátio descoberto tem piso em lajotões cerâmicos,
sendo delimitado por muros/paredes em três de suas
laterais. Definindo seu perímetro ficam o mini-zoológico,
a lanchonete, o play-ground (composto por brinquedos
industrializados simples) e a caixa de areia.
Na quarta lateral encontra-se a rampa de ligação entre
lotes (declive de aproximadamente 1,0m) com parapeito
em grade de ferro, cuja continuação constitui a
passagem de acesso ao bloco do Jardim. Essa rampa
também separa o pátio e a piscina (contígua).
Quase no centro da área descoberta encontram-se duas
árvores, guarnecidas por muretas baixas (círculos) que
são aproveitadas como banquinhos.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: boas condições para seu desenvolvimento,
exercício do convívio social, aprendizagem de rotinas e
normas, trabalho de cognição, linguagem, hábitos de
higiene, psicomotricidade, afetividade, etc.
Pais: deixar os filhos numa escola confiável.
Professoras e assistentes de ensino: remuneração; bom
ambiente de trabalho; prazer de exercer sua profissão e
trabalhar com crianças; oportunidade de realizar um
trabalho mais leve e ao ar livre, que pode ser um
momento de descanso na atividade diária..
Equipes administrativa, manutenção, apoio-pedagógico:
remuneração, prazer de exercer a profissão.
Pesquisadora: observar as crianças e o desenrolar dos
setting a fim de obter material para o trabalho.
22 - BAMBOLEIO
(i)Behavior Setting Externo 1: Imitando Animais
Cena típica:
Crianças observam e imitam os animais do mini-zoo.
Limite temporal:
Das 10:00 às 10:15 horas.
Limite espacial:
Todo o contorno do minizoo.
Componentes humanos:
05 crianças (2 meninas e 3 meninos) com idade entre 3
e 4 anos; 2 meninas maiores (6 ou 7 anos); 1 auxiliar de
ensino (não muito próxima, mas atenta às atividades)
* uma das meninas maiores é irmã e prima de 3 dos menores
Componentes não-humanos:
Mini-zoo e animais.
Programa básico (resumido):
As crianças circulam em torno do mini-zoo. As menores
observam os animais e são dirigidas pelas maiores, que
os “ensinam” a imitar os bichos. Neste dia foram
imitados (sons e postura física) não só os animais
observados (presentes) mas também vários outros,
como gorila, elefante e leão. A assistente as observa
para evitar algum imprevisto (como colocar o dedo na
tela e levar uma bicada de passarinho).
Hierarquia de posições:
As duas meninas maiores foram líderes conjuntos,
enquanto os demais foram participantes ativos. A auxiliar
de ensino e a pesquisadora foram espectadoras.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas, considerando essa
brincadeira, é 3 (1 criança grande, 1 pequena e a
auxiliar). Esse número pode crescer bastante, pois,
sendo uma brincadeira sem muitas regras, qualquer
pessoa próxima pode ser incorporada.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Para as crianças, acrescentar, o exercício de convívio
social, e de atividade lúdica, ao mesmo tempo que são
trabalhados o conhecimento sobre animais e a
motricidade.
Sistemas auto-reguladores:
Durante a atividade 1 dos meninos se chateou (não
queria ser um passarinho, queria ser um leão), sentou-
se no chão e recusou-se a continuar (problema). Todos
notaram o problema (mecanismo sensor) porque ele
ficou bem no meio da passagem e atrapalhava o grupo
de “passarinhos” que estava voando (mecanismo
sensor) Um das meninas maiores logo se sentou perto
dele para conversar (mecanismo executor, contra-
desviante). Como não conseguiu convencê-lo a mudar
de idéia, ela propôs que todos fossem leões. O jogo
continuou naturalmente.
Sinomorfia:
A sinomorfia foi completa.
Ponto focal de comportamento:
Num primeiro momento, os animais do mini-zoo, depois
a imaginação das líderes.
(ii) Behavior Setting Externo 2: Trocando o LANCHE
Cena típica:
Meninas lancham e conversam.
Limite temporal:
Segundo uma auxiliar de ensino, ocorre quase
diariamente, durante o começo do recreio vespertino.
Limite espacial:
Setor de um dos banquinhos de alvenaria sob árvores
(cerca de 1,5m).
Componentes humanos:
BAMBOLEIO - 23
3 meninas (1 das quais bem gordinha) com idade entre 5
e 6 anos
Componentes não-humanos:
Banquinhos, lancheiras e seus diversos conteúdos.
Programa básico (resumido):
As meninas saem o Bloco do Jardim e rapidamente vão
para o seu “lugar” sob a árvore mais distante. Abrem as
lancheiras, discutem seus conteúdos distribuindo-os
sobre o banquinho, trocam entre si os elementos que
não querem, lancham, guardam seus pertences, levam
os restos para o lixo, e depois vão brincar.
Hierarquia de posições:
Todas comportam-se como líderes conjuntos. A
pesquisadora e a assistente de ensino (que indicou a
existência do setting) foram apenas espectadores.
Possibilidade de substituição de pessoas:
Todos poderiam ser substituídos, embora numa situação
de amizade (como a que parece existir entre as
meninas) isso seja mais difícil.
Número de pessoas:
A atividade de troca só é possível a partir de duas
pessoas (número mínimo); por outro lado, o máximo de
envolvidos é difícil de ser calculado, embora não deva
ser muito grande, pois, embora a oferta de alimentos
fosse maior, o processo de seleção, escolha e
distribuição seria mais complexo. Nesses termos, talvez
um grupo com 5 a 6 crianças ainda fosse adequado.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Além das costumeiras, para as meninas envolvidas há a
possibilidade de escolher o alimento que preferem e
exercitar sua sociabilidade.
Sistemas auto-reguladores:
Já no final da divisão do lanche um biscoito de chocolate
recheado (com jeito de gostoso) caiu no chão
(problema). Todas notaram imediatamente (mecanismo
sensor) e uma dela baixou-se para pegar (mecanismo
executor tipo contra-desviante), colocando-o novamente
sobre o guardanapo que estava no banco (mecanismo
executor). Uma das demais reclamou imediatamente
dizendo que o biscoito estava sujo (problema 2,
mecanismo sensor) e deveria ser jogado fora. Ela o
levou para o lixo (mecanismo executor tipo veto). A
gordinha, então, identificou um novo problema, pois elas
eram 3, e agora só existiam 2 biscoitos de chocolate
(problema 3, mecanismo sensor). Elas conversaram por
alguns minutos, enquanto comiam e bebiam os
alimentos trocados (suco/refrigerante/leite;
sanduíche/biscoito-salgado/biscoito-doce-recheado). Ao
final, duas não quiseram mais comer o biscoito de
chocolate, e a gordinha acabou ficando com os dois.
Sinomorfia:
Sob o ponto de vista das crianças envolvidas houve total
sinomorfia no BS, já que todas atingiram seus objetivos
e ficaram satisfeitas. Além disso, a altura do banquinho
foi perfeita para a colocação dos lanches.
No entanto, se encararmos o BS sob o ponto de vista
dos pais, apesar da sociabilidade das garotas a
sinomorfia fica comprometida, pois as trocas efetuadas
impede que os mesmos tenham controle sobre a
alimentação dos filhos. A intenção de um regime, por
exemplo, ficaria totalmente impossibilitada. Sobre isso
falou-se com a auxiliar de ensino que havia indicado o
setting. Ela reconhece essa dificuldade, mas não a
encara como problema. Num segundo momento
conversou-se com a menina mais gordinha (ao mesmo a
24 - BAMBOLEIO
maior beneficiária e também a maior prejudicada), que
riu bem despreocupada e disse que sua mãe também já
havia dito isso (Como é bom ter seis anos!...)
Ponto focal de comportamento:
O conteúdo das lancheiras.
2.10- COMPORTAMENTO EM ÁREA INTERNA
Também nesse caso, como nos BS a seguir a localização (sala
de aula do Jardim 2) e os elementos humanos e não-humanos
são os mesmos (ou muito semelhantes), inicialmente serão
descritos o ambiente, as pessoas e a satisfação proporcionada
pelos settings. Também é importante salientar que, a título de
exemplo, serão descritos apenas 3 entre os muitos BS
verificados em sala de aula. – (Figuras 12 a 14).
As pessoas
:
A turma do Jardim 2 é composta por 24 crianças (11
meninos e 13 meninas) com idade entre 5 e 6 anos, sob
a responsabilidade de uma professora. No dia da
observação nenhuma criança havia faltado (embora
faltar seja rotineiro). Nas situações estudadas todos
podem ser substituídos, embora para ocupar a função
da professora seja necessário preparo profissional.
O ambiente:
A sala de aula do Jardim 2 (Figura 9) fica localizada no
bloco específico e volta-se para a fachada Sudeste,
sendo a sala central no corredor. Ela mede 22,00m2,
tem uma porta de acesso, e duas janelas (1,5 X 1,90m,
com peitoril a ,90m), com 4 folhas em madeira e vidro
pivotantes. Portas e janelas são pintadas na cor bege.
As paredes receberam faixa (altura 1,35cm) pintada em
esmalte sintético na cor verde água e arrematada com
faixa decorativa; o restante da parede e o teto são
pintados com tinta PVA lavável cor bege. No teto
existem 1 ventilador e 6 luminárias com uma lâmpada
fluorescente cada.
FIGURA 9- Escola Bamboleio: Planta Baixa da sala
de aula/atividades do Jardim 2
BAMBOLEIO - 25
O mobiliário é composto por seis (6) mesinhas
quadradas (lado de .80 cm e altura de 40cm) com tampo
em revestimento melamínico bege e 4 cadeiras cada
uma. Existem 01 armário (embutido) para material
didático e brinquedos entre as janelas. Numa das
paredes laterais fica um quadro negro (medindo ,90 x
1,70m) e uma escrivaninha para a professora. As
paredes suportam grande quantidade de elementos
decorativos e trabalhos das crianças.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: possibilidade de freqüentar uma escola que
proporcione boas condições para seu desenvolvimento,
exercitando o convívio social e o aprendizado de rotinas
e normas, trabalhando cognição, afetividade, linguagem,
psicomotricidade, hábitos de higiene, etc.
Pais: deixar seus filhos numa escola que confiam
Professora: remuneração, bom ambiente de trabalho;
prazer de exercer a profissão e trabalhar com crianças.
Equipes administrativa, de apoio e manutenção:
remuneração, prazer de exercer a profissão.
Pesquisadora: observar o comportamento das crianças
nos setting a fim de obter material para o trabalho.
(i)Behavior Setting Interno: FAZER E USAR UM DOMINÓ
(Figura 10)
Cena típica:
Em suas mesinhas as crianças confeccionam o material,
assessorados pela professora.
Limite temporal:
Aconteceu numa quarta-feira, entre 14:10 e 15:00 horas.
Componentes humanos:
1 professora (assessorando os trabalhos), 24 alunos
Componentes não-humanos:
Mesinhas e cadeiras, material previamente preparado,
tesourinhas sem ponta, lápis de cor, toque do sinal para
recreio musical (componente apenas auditivo).
Programa básico (resumido):
A professora distribui o material previamente preparado
(folhas de papel sulfite com o desenho de algumas
peças de dominó) e dá as instruções. As crianças pintam
as peças, usando uma cor (seu critério) para cada
número. Depois disso as recortam e, em duplas, brincam
com o material produzido (que será levado para casa). A
professora fiscaliza todo o processo e auxilia quem
precisar. Quando o sinal toca a atividade acaba e todos
saem correndo.
Função pedagógica:
Exercitar a discriminação de cores e números, a
psicomotricidade fina, a participação em jogos simples, e
a capacidade de realizar uma atividade complexa (3
etapas) e entender que pode confeccionar brinquedos.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder único, as crianças
como participantes ativos. O pesquisador foi espectador.
Número de pessoas:
Mínimo de 1 professora e 2 alunos (para que estes
possam jogar entre si em igualdade de condições);
nessa turma, o número máximo é o observado.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Repetem-se as citadas inicialmente, destacando-se,
para as crianças: desenvolver a capacidade de
discriminação, a psico-motricidade e a sociabilidade.
Sistemas auto-reguladores:
26 - BAMBOLEIO
Logo no início da atividade um dos meninos (mecanismo
sensor) percebeu que havia deixado sua tesourinha em
casa e, sem ela, não poderia fazer o trabalho
(problema). Ele comunicou isso à professora (reação do
mecanismo sensor), que procurou outra tesoura sem
ponta no armário e entregou-a ao menino (mecanismo
executor 1), solicitando que o mesmo a devolvesse ao
terminar o trabalho.
Sinomorfia:
Houve sinomorfia entre as crianças, suas mesinhas e
cadeiras, e o material didático, especialmente a tesoura
(própria para mãos infantis).
Ponto focal de comportamento:
A tarefa desenvolvida.
Figura 10 - BS: Fazer e usar um
dominó
Figura 11 - BS: Vivo ou morto
(ii) Behavior Setting Interno: VIVO OU MORTO (
Figura 11)
Cena típica:
Sentados em circulo no centro da sala, professora e
crianças brincam descontraídos.
Limites:
Acontece 1 ou 2 vezes por semana no fim da aula.
Componentes humanos:
1 professora, 24 crianças (alunos).
Componentes não-humanos:
Não necessários.
Programa:
Através de votação a turma decide que vão brincar de
vivo ou morto. Todos afastam as mesinhas e cadeiras
para perto das paredes, deixando o centro da sala livre.
Sentam-se em circulo. A professora deu as instruções:
iriam cantar juntos. Quando ela dissesse a palavra “vivo”
todos se levantavam, e permaneciam assim até ser dita
a palavra “morto”, quando se sentavam de novo, e assim
por diante. O último a atender ao comando saía do
circulo, sendo observador. Tal procedimento continuou
até que só restasse uma criança, que foi a vencedora.
Função pedagógica:
Desenvolver a psicomotricidade ampla e a atenção.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder única, as crianças
foram participantes ativos e a pesquisadora foi
espectadora da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas seria 3 (a professora e 2
alunos), o que acontece no final; Nessa turma o número
máximo é 25 (24 crianças, 1 professora), mas, em outras
situações a quantidade de crianças pode ser maior.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
BAMBOLEIO - 27
Além dos citados no começo, ressalte-se o
desenvolvimento de habilidades psicomotoras e de
atenção, além de constituir-se uma momento de
descontração relacionado ao final das atividades diárias.
Sistemas auto-reguladores:
Na metade do jogo, a menina “X” foi a última a sentar-se
frente ao comando “morto”, embora a professora tenha
se confundido e indicado a menina “Y” para sair
(problema). As crianças que já estavam fora
identificaram logo o engano (mecanismo sensor) e
começaram a apontá-lo, todos falando ao mesmo tempo
(mecanismo de manutenção contra-desviante). A
professora acatou os protestos e mudou sua decisão
(mecanismo executor) apontando a menina “X” para sair.
O jogo continuou até o final, com esse ocorrência
repetindo-se mais duas vezes.
Sinomorfia:
Para a realização da atividade em si não houve qualquer
problema de sinomorfia. Entretanto, como a brincadeira
gerou bastante descontração e participação, em certo
momento a professora de uma das salas em frente
entrou para pedir menos barulho (“Por favor, gritem mais
baixinho, ta?”) Ela foi atendida, mas por pouco tempo, já
que o comportamento anterior retornou logo.
Ponto focal de comportamento:
A brincadeira em si, e a professora, da qual emanavam
as “ordens” e que funcionava como principal sinalizador
na indicação de quem deveria sair.
3- AVALIAÇÃO PELOS USUÁRIOS
Observação inicial: os gráficos encontradas nesse item foram
extraídos das tabelas indicadas em suas bases (item 5 do
relatório).
3.1- CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS
Os questionários foram aplicados a 30 pais/
responsáveis
6
, 20 professores/assistentes e 10 funcionários,
número considerado representativo em relação ao universo
existente (42 educadoras, 13 funcionários e pais/responsáveis
relativos a 520 alunos). A maioria foi de mulheres (86,7%),
sendo predominante a faixa etária dos 31 aos 40 anos (50%)
dos respondentes, o que era previsível na situação. A média de
idade foi 36,3 anos, variando de 25 anos (uma professora) a 62
anos (responsável avô) - (Gráfico 2).
6
Dentre os 30, foram entrevistas 17 mães, 6 pais e 7 responsáveis, dos quais 4 avós e
3 tios.
28 - BAMBOLEIO
GRÁFICO 2:
Gênero dos respondentes
GRÁFICO 3:
faixas etárias
Em termos de tempo de contato com a escola, cerca de
61% dos adultos a frequentam entre 3 a 6 anos (31,7% entre 3
e 4 anos, e 30% entre 5 e 6) e apenas 11,7 a menos tempo
(Gráfico 3).
GRÁFICO 3: Tempo de contato com a escola,
por categoria de usuário
No que se refere ao local de moradia, o levantamento da
distância média entre os bairros onde residem os respondentes
e a escola mostra a predominância de bairros considerados “à
média distância” (41,7% do grupo). No entanto evidencia-se que
os funcionários moram mais distante (70%), enquanto a
maioria das crianças/pais encontra-se a uma distância
intermediária (53,3%). Os professores, por sua vez, distribuem-
se entre média e grande distância (40% cada).
BAMBOLEIO - 29
GRÁFICO 4: Distância casa escola
Entre casa e escola, o meio de transporte mais utilizado
é o automóvel (41%), seguido por transporte coletivo (36,7%) –
(Gráfico 5). Pais e professores são os que mais utilizam
automóvel (50% de cada grupo) enquanto a maioria dos
funcionários utiliza ônibus (80%). As crianças/pais são os que
mais dispensam condução (26,7%), grupo provavelmente
formado por aqueles que moram mais perto.
Quanto ao tipo da habitação da criança (única
pesquisada), 56,6% das mesmas mora em apartamentos e
43,3% em casas - (Gráfico 6), o que condiz com a realidade da
área entorno, bastante adensada verticalmente.
GRÁFICO 5:
Meios de transporte casa-escola
GRÁFICO 6:
Tipo de moradia da criança
Com relação aos elementos que os influenciaram a
escolher esta escola (Gráfico 7
7
), as respostas de
pais/responsáveis apontam como principais fatores: preço
7
Como um respondente podia apontar vários motivos, os percentuais indicados
referem-se a quantas pessoas citaram aquele aspecto, e não ao total de respostas.
30 - BAMBOLEIO
acessível (53%), proximidade do trabalho (46,7%) e da
residência (36,7%), espaço físico disponível (33,3%) e método
de ensino (30%).
GRÁFICO 7: Elementos que influenciaram a escolha da escola
3.2- A OPINIÃO DOS ADULTOS
3.2.1. Como os adultos percebem o ambiente escolar
Na opinião dos adultos que o frequentam (e
mencionando apenas os elementos citados por mais de 20%
das pessoas), na Escola Bamboleio os elementos que atendem
adequadamente sua função são o Playground (40%), a
Segurança (33,3%), a Localização (30%), a Limpeza (23,3%) e
a Sala de Aula (20%) (Gráfico 8). Tais categorias são
apontadas pelos três grupos de adultos, com pequenas
variações na ordem supracitada. Por sua vez, entre os fatores
que não-atendem bem sua função nesse contexto ressaltam-se:
o Estacionamento (indicado por 35% dos respondentes), as
Salas de aula, consideradas pequenas (18,3%) e o Pátio,
também definido como pequeno (18,3%) - (Gráfico 9).
Retomando os dados em função dos diversos usuários,
nota-se que: os pais dão ênfase aos dois aspectos citados
(respectivamente apontados por 30% e 26,7% destes), embora
20% destes não tenha respondido à questão (NSNR). Já os
professores demonstram preocupação também com a sala de
professores (45%), uma sala para reuniões (30%) e a acústica
(25%); e os funcionários indicam como preocupantes também o
banheiro/vestiário para sua categoria (50%), o piso (30%), a
piscina (20%) e a areia na área livre (20%).
BAMBOLEIO - 31
GRÁFICO 8: Elementos do espaço físico que atendem sua função
GRÁFICO 9: Elementos do espaço físico que não-atendem sua função
32 - BAMBOLEIO
3.2.2. Satisfação/Insatisfação (Gráficos 10 A, B, C, D)
a) A escola-como-um-todo
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA SATISFAÇÃO DECLARADA:
“7,75
”, variando entre 7,5 (funcionários) e 7,92 (pais).
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA AVALIAÇÃO DOS ITENS
PROPOSTOS (média dos itens): “6,80
”, sendo menor para os
professores (6,63), e maior para os funcionários (7,13).
AVALIAÇÃO DOS ITENS:
Analisados individualmente, em base 10 os itens
propostos obtiveram valores médios que variam entre 8,25 e
5,38
8
. De modo geral os elementos melhor avaliados (score
superior a 7,5) foram: a quantidade de área livre (escore 8,25),
a localização (8,13), a aparência externa (7,96) e interna (7,83),
o tamanho da escola (7,9), a quantidade de móveis (7,9) e os
brinquedos do playground (7,6). Por sua vez, as piores
avaliações (inferiores a 6,0) relacionaram a: temperatura (5,3),
estacionamento (5,5) e ventilação natural (5,6).
8
Em base 4, a maioria dos itens teve “moda” 3 e desvio padrão oscilando em
torno de 0,6.
Analisando a opinião de cada grupo de usuários adultos,
verifica-se que, além dos itens já citados, os pais/ responsáveis
valorizaram a iluminação artificial (8,17) e natural (7,75), a
qualidade do mobiliário (8,0), e a altura das janelas (7,59),
indicando como menos favoráveis também o material de piso
(5,8). Para os professores, a maior satisfação também
relaciona-se à quantidade de janelas (7,5), e a menor
satisfação inclui ruídos internos (5,0) e externos (5,8). No caso
dos funcionários, aos aspectos satisfatórios é acrescentado o
uso da cor (8,0) e o ruído em seu local de trabalho (8,0),
enquanto nenhum fator foi avaliado com score abaixo de 6,0.
Em alguns aspectos, existe nítida divergência entre a
opinião dos usuários consultados, um grupo avaliando o
aspecto como mais satisfatório e outro como insatisfatório. Este
é o caso da qualidade do mobiliário (R-8,0; P-7,0; F-6,75)
9
, da
altura das janelas (R-7,59; P-6,0; F-6,5) e da localização do
playground (R-6,75; P-6,38; F-7,75). Provavelmente tal variação
deve-se ao tipo de contato de cada um com o ambiente escolar,
do qual deriva a percepção do respondente. Enquanto para um
funcionário, por exemplo, a localização central do playground
9
Entre parênteses estão os valores atribuídos ao item por pais/responsáveis (R),
professores (P) e funcionários (F).
BAMBOLEIO - 33
pode significar maior facilidade na sua manutenção e/ou no
controle das crianças, para os pais pode ser um tempo adicional
na hora de buscar a criança, pois precisa deslocar-se até lá.
b) – Sala de aula
Quanto à sala de aula (Gráfico 12), de modo geral os
scores médios oscilaram entre 7,5 e 6,5. Desse universo
destacam-se, como mais satisfatórios a quantidade de
mobiliário (8,0) e a aparência interna (7,9), e como menos
satisfatórios a temperatura (5,1), a ventilação natural (5,45) e os
ruídos internos à escola (6,05).
Os professores mostraram ser os mais críticos, sendo os
únicos a indicar um score menor que 5,0 (4,6, para
temperatura), enquanto os pais foram os que apresentaram
maiores índices de satisfação em todos os itens relacionados à
sala de aula.
É importante ressaltar a acentuada diferença nas
avaliações da escola-como-um-todo e da sala de
aula/atividades, no que se refere à diminuição dos scores
obtidos pela segunda em relação à primeira, com especial
destaque para os fatores relacionados ao conforto ambiental
(ou seja, ruídos externos e internos à classe e ventilação e
temperatura).
SUGESTÕES:
Face à possibilidade de sugerir modificações no
espaço físico da escola, foram citados: melhoria no conforto
das salas (46,7%), estacionamento (30%) e piso (20%), criação
de brinquedoteca (20%) e construção de pátio coberto (18,3%) -
(Gráfico 13). As diferenças de opinião entre os adultos ficam
evidentes, várias vezes indicando um modo de aumentar seu
próprio conforto enquanto usuários do local. Assim, à listagem
supracitada os professores acrescentam, re-estruturação do
playground (35%) e do layout (25%) e criação de sala de
reuniões (20%); os funcionários referem-se ao layout (40%),
vestiário e banheiro de funcionários (60%) e gramar área livre
(20%); e os pais apontam gramar a área livre e necessidade de
biblioteca (20%).
34 - BAMBOLEIO
GRÁFICO 11: Satisfação ESCOLA COMO UM TODO - por itens
GRÁFICO 12: Satisfação SALA DE AULA – por itens
BAMBOLEIO - 35
GRÁFICO 13: Sugestões de modificações no espaço físico da escola
3.3- O QUE DIZEM AS CRIANÇAS
APLICAÇÃO DA TÉCNICA: participaram de 20 crianças (11
meninas e 9 meninos) de Alfabetização, que cooperaram
ativamente, havendo aproveitamento de todos os trabalhos.
3.3.1- A sala de aula (Figura 12: Desenhos da Sala de aula)
ÍNÍCIO DA TAREFA: imediato.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: variado, com ligeira predominância das carteiras
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: não houve
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: projeções
bidimensionais (tipo corte); algumas tentativas de perspectivas
(rudimentares).
36 - BAMBOLEIO
ELEMENTOS MAIS PRESENTES: ambiente interno da classe
- Mobiliário: enfatizado pela maioria das crianças, com
detalhes, elementos sobrepostos aos planos horizontais, e
conteúdo no quadro negro que, junto com as carteiras está
presente em quase todos os desenhos.
- Equipamentos: ventiladores e lâmpadas.
- Natureza: presente alguns trabalhos (vista pela janela,
em vasos, ou desenhada no quadro-negro), na forma de
vegetação, animais, sol e nuvens
- Elementos humanos: cerca de 1/3 dos trabalhos
contiveram elementos humanos com vários níveis de
detalhe. Em alguns casos o caráter projetivo ficou
evidente, sendo indicados a professora e colegas, alguns
representados em pé (principalmente a professora) e
outras sentadas (sobretudo as crianças).
- Cores: A maioria utilizou 5 cores, embora 4 crianças
tenha usados todas as 8 cores disponíveis, e 1 usou
apenas o preto. Mais usados: verde, rosa, azul, marrom e
amarelo; pouco utilizados: roxo e preto.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência) quadro
negro e ventilador.
- LOCAL MAIS APRECIADO: o quadro negro e o lugar-da-roda
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: temperatura (identificada
como “calor” ou “quentura”, termo regional); barulho das outras
salas (ninguém lembra que também faz barulho)
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): a carteira
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO NA CLASSE : colocação
de mais ventiladores, aumentar a quantidade de armários e
brinquedos e fazer um armário com chave para as lancheiras e
outros objetos pessoais.
FIGURA 12 – Desenhos da sala de aula elaborados pelas crianças
BAMBOLEIO - 37
FIGURA 19: Desenhos da Escola elaborados pelas crianças
3.3.2- A escola (Figura 13: Desenhos da Escola)
ÍNÍCIO DA TAREFA: A maioria das crianças não começou de
imediato, e fez várias perguntas para entender melhor a tarefa.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: Variado.
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: compreensão
do conjunto completo da escola.
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: bidimensional,
apresentando vistas externas e internas.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES:
- Elementos arquitetônicos mais representados: (nessa ordem) a
piscina, mini-zoo, a rampa, quadra, elementos geométricos da
fachada e portão de entrada
- Mobiliário e Equipamentos: presentes na forma de banquinhos
sob árvores, lixeiras e playground (de modo esquemático)
- Natureza: bastante representada, através de arvores, flores,
sol, nuvens e animais. Embora os primeiros elementos estejam
presente quase na totalidade dos desenhos, é surpreendente a
quantidade de animais (em cerca de 50% da produção) .
- Elementos humanos: pouca, se restringindo a 3 trabalhos,
embora um deles contenha um “time de futebol”.
. Cores: A maioria das crianças usou entre 6 cores, preferindo,
nessa ordem: azul, amarelo, vermelho, verde, rosa e marrom.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência) mini-zoo,
piscina, quadra, playground e “ladeira” (rampa).
- LOCAL MAIS APRECIADO: a piscina e o mini-zoo são
favoritos.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: corredores, não poder ficar
na ladeira (rampa), pedras da piscina .
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): não foram citados.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO: separar local de recreio
dos grandes e do pequenos, colocar mais quadra para jogos,
trazer mais animais para o mini-zoo (inclusive elefante e girafa),
construir uma piscina grande.
3.4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
38 - BAMBOLEIO
De modo geral, apesar de ser fruto de um processo de
adaptação de residências, o ambiente da escola (edificação e
espaço livre) atende as necessidades do ensino infantil, de
modo que, apesar dos problemas relativos ao programa e ao
conforto ambiental, foi bem avaliado pela pesquisa (melhor pelos
usuários do que a partir do parecer técnico).
Principais pontos positivos relacionados ao ambiente:
- bom posicionamento de algumas salas de aula (favorecidas
pela ventilação e iluminação);
- definição de rampa para vencer o desnível existente;
- adequado uso de cores;
- área para o semi-internato totalmente isolada do resto da
escola, permitindo à criança sentir-se em outro ambiente;
- ocupação da periferia do lote, definindo pátio centralizado, que
proporciona boa interação e convivência de alunos;
- existência de banheiros em todos os blocos;
- colocação de janelas com peitoril ventilado (em venezianas),
trazendo a ventilação para o nível das crianças;
- material de acabamento de piso e parede adequado em termos
de facilidade de limpeza e durabilidade, exceto alguns pisos, que
deveriam ser antiderrapantes;
- facilidade de adaptação da escola a deficientes físicos, que só
precisaria de pequenos ajustes.
- presença de mini-zoo.
Por outro lado, estão entre os principais problemas:
- grande densidade física e social, principalmente no Jardim;
- grande densidade na área livre (pouca área por aluno);
- programa incompleto, precisando de vários ambientes de apoio
pedagógico, como biblioteca e brinquedoteca, etc.;
- necessidade de definição de sala de professores adequada e
criação de local para descanso/vestiário de funcionários, além
de área de serviço isolada;
- condições inadequadas de conforto térmico de várias salas;
- esquadrias com grande área fechada em vidro, o que, apesar
de proporcionar boa luminosidade, dificulta a ventilação.
- problemas na acústica interna dos blocos;
- inexistência de estacionamento em uma avenida movimentada
o que dificultar o acesso das crianças;
BAMBOLEIO - 39
3.5- TABELAS REFERENCIADAS NO TEXTO
ALPq Área livre pequena
AltJ Altura de janelas e
aberturas
AmizEqp Amizade equipe
ApExt Aparência externa
ApInt Aparência interna
ArbAL Arborização da área
livre
Arbrz Arborização
ASevç Área de serviço
AtivDin Atividade dinâmica
AtivEst Atividade estática
AtivIntem Ativ. intermediária
AumSA Aumento sala de
aula
Banh Banheiros
BP Bairro próximo
BrPG Brinquedos do
layground
BVFunc Banheiro/vestir
funcionários
ConfSA Conforto na sala de
aula
DimC Dimensão cômodos
DistC Distância Cômodos
Estc Estacinamento
Esc Escola
IluA Iluminação artifical
IluN Iluminação natural
IluN Iluminação natural
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
Loc Localização
LocPG Localização
playground
Masc Masculino
MatPa Materiais paredes
MatPi Materiasi piso
Md Média
Med 10 Média base 10
Med 4 Média base 4
MetEns Método de ensino
Mod Moda
MoQl Qualidade móveis
MoQt Quantidade móveis
MsEspç Mais espaço
Nd Nada
Ocup Ocupação
Ocupç Ocupação
Organiz Organização
Out Outros
PatPq Pátio pequeno
PG Playground
Piscn Piscina
PreçoAcs Preço acessível
Projtda Projetada
ProxRes Proximidade
residência
ProxTrab Proximidade trabalho
QsTd Quase tudo
QtAL Quantidade área
livre
QtJa Quantidade de
janelas e aberturas
REExE Interferência de
ruídos externos à
escola
REExS Interferência de
ruídos externos à
sala
RImS Interferência de
ruídos internos à
sala
SAEsc Sala de aula escura
SAQte Sala de aula quente
Sd Saída
Sdecl Satisfação
declarada
Segç Segurança
SgInc Segurança incêndio
SgRA Segurança risco
acidentes
SlA/T Sala aula/atividades
SlDesc Sala desconfortável
SMd Satisfação média
SProf Sala professores
Tam Tamanho
Td Tudo
Temp Temperatura
ToldJan Toldos nas janelas
TqAreia Tanque de areia
Tt (TT) Total
VntN Ventilação natural
Vst Vestiário
APÊNDICE 4
ESTUDO DE CASO N. 03
ESCOLA: CIRANDA
1 - CIRANDA
1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
INSTITUIÇÃO:
Escola Ciranda
1
LOCALIZAÇÃO:
Localiza-se à Rua Ind. João Mota, em área tipicamente
residencial e bastante tranqüila do bairro de Capim
Macio.
FUNDAÇÃO:
1995, após a conclusão do prédio
PEQUENA HISTÓRIA:
Como a escola tem seis anos, não há muita história.
Após decidirem-se por construí-la, os proprietários
contrataram uma arquiteta, que elaborou o projeto entre
1993 e 1994, e em 1995 começou a funcionar.
1
Esta é uma identificação provisória, visando manter a privacidade da instituição pela
não-repetição de sua razão social ou nome de fantasia utilizado. Todas as demais
informações são reais. Pro este motivo também não será apresentada foto de fachada,
que será tratada apenas em item específico do volume principal, em conjunto com
outros estabelecimentos.
Agradecimento especial a Dorisbel Toscano, Marcelo Ferreira, Ulrike Dantas, Eric
Aranjo, Jorge Villalobos, Sandra Siqueira e Thatiana Canuto, alunos do Curso de
Graduação de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, que participaram da coleta de dados
que deu origem a este relato, e aos quais são creditadas as fotos.
SISTEMA/MÉTODO DE ENSINO ADOTADO:
Construtivista
QUADRO FUNCIONAL:
Envolve: 1 diretora, 11 educadores, e 15 funcionários (7
em cada turno e o vigia noturno) dedicados a serviços
administrativos e gerais, inclusive assessoria aos
professores das turmas menores.
CRIANÇAS ATENDIDAS:
Atualmente conta com 162 alunos, com idades entre 2 e
7 anos, divididos em 2 turnos de quatro horas (matutino e
vespertino, com respectivamente 83 e 79 alunos).
CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DAS TURMAS:
Estão definidas turmas de cinco níveis (Quadro 1), sendo
a divisão das classes baseada na faixa etária e no
desenvolvimento das crianças. Embora a maioria das
turmas não esteja atuando com capacidade máxima,
segundo a diretora, no Maternal as turmas deverão ter no
máximo 15 crianças, e há uma funcionária que auxilia ao
professor. As demais classes terão até 25 alunos, não
havendo auxiliar direto designado.
CIRANDA - 2
QUADRO 1
Distribuição das Turmas de acordo com o Nível e o Turno
TURNO
NÍVEL
IDADE
crianças
MANHÃ
Turmas
(n. alunos)
TARDE
Turmas
(n. alunos)
TOTAL
Maternal 1 Até 3 anos 1 (10) 1 (15)
2 (25)
Maternal 2 3 a 4 anos 1 (14) 1 (16)
2 (30)
Jardim 1 4 a 5 anos 1 (20) 1 (15)
2 (35)
Jardim 2 5 a 6 anos 1 (19) 1 (20)
2 (39)
Alfabetizç. 6 e 7 anos 1 (25) 1 (19)
2 (44)
TOTAL 5 (83) 5 (79) 10 (162)
2- AVALIAÇÃO TÉCNICA DO ESPAÇO FÍSICO
2.1. IMPLANTAÇÃO / OCUPAÇÃO DO LOTE (Figura 1)
- ÁREA DO LOTE: 1.547,00m2 (um mil quinhentos e quarenta
e sete metros quadrados) - A área é delimitada por muro de
alvenaria (h= 1,50m) nos fundos e nas laterais, e não há
fechamento frontal (as paredes do prédio fazem o
fechamento).
- TOPOGRAFIA: lote plano
- VOLUME CONSTRUÍDO: cerca de 1.140,00m2.
- TAXA DE OCUPAÇÃO: 73% do lote
- ÁREA LIVRE: 27% do lote
- PERMEABILIZAÇÃO: 23% do terreno permanece permeável
(recuos e pátio central).
- RECOBRIMENTO DA ÁREA PERMEÁVEL / VEGETAÇÃO:
O recuo frontal e o pátio central são gramados. Parte do
recuo lateral e da área do playground são cobertos por
areia branca. Não há arbustos na área interna, estes
existem apenas no recuo frontal (vegetação decorativa)
onde as crianças não permanecem (área externa). A
única árvore no local está na calçada frontal, ou seja, fora
do lote.
- VIZINHANÇA:
Residencial.
2.2- DENSIDADES:
Em termos de área per capita, verifica-se:
SALAS DE AULA:
2
- Maternal: aproximadamente 2,4m2/criança
2
Todas as salas de aula tem área de 36 m2 (excluído o banheiro contíguo), abrigando
turmas com 15 a 25 crianças.
CIRANDA - 3
- Outras turmas: variando de 1,4 a 1,8 m2/criança
PÁTIO COBERTO:
- cerca de 1,78m2/criança
3
ÁREA LIVRE:
- 3,80m2/criança
4
(incluindo playground). Se o recuo
frontal fosse realmente usado pelas crianças, a
quantidade de AL aumentaria para 6,4 m2/aluno.
2.3. CARACTERIZAÇÃO DO VOLUME EDIFICADO
(Figuras 1 e 2)
2.3.1- Partido Arquitetônico
O partido adotado promoveu o maior aproveitamento
possível do lote. Embora as técnicas construtivas sejam simples,
nota-se a procura por um certo ar de contemporaneidade, pelo
jogo de volumes e uso de cores.
3
O pátio coberto tem 148,00m2, precisando comportar simultaneamente as 83 crianças
do turno matutino.
4
Considerou-se área-livre todo o espaço não-construído do terreno, somando setores
permeáveis e não-permeáveis. Foram excluídas as áreas da piscina e o recuo frontal
(que não pode ser usado pelas crianças porque não é murado). Isso
representa
320,00m2, divididos pelo atual número máximo de crianças em um turno (83).
De modo geral o projeto arquitetônico tem forma
quadrangular e apresenta o pátio central descoberto, que integra
as demais áreas, propiciando circulação de ar e luminosidade ao
conjunto, além de facilitar o contínuo controle das crianças.
Aliás, a transição luz/sombra proporcionada pela área de
circulação em torno desse último é responsável pela criação
uma ambiência interna interessante.
A repetição de um octógono irregular, forma básica da
sala de aula, criou classes propicias à interação entre as
crianças, motivando/facilitando a formação de círculos, e
permitiu um certo dinamismo ao projeto. Em termos de conforto,
no entanto, a edificação tem áreas atingidas diretamente pelo
sol e alguns problemas de ventilação em salas de aula.
4 - CIRANDA
FIGURA 1 – Escola Ciranda: Locação e Planta Baixa
LEGENDA
1
- Recepção
2- Diretoria
3- Secretaria
4- Sala de professores
5- WC adultos
6- Arquivo
7- Depósito
8- Copa/cantina
9- Sala aula/Atividades
10- BWC infantil
11- Biblioteca /SalaArtes
12- Sala Balé / stimulação
13- Sala informática
14- Sala de repouso
15- Pátio coberto
16- Pátio descoberto
17- Playground
18- Piscina
19- Circulação coberta
20- Rampa
CIRANDA - 5
FIGURA 3 – Escola Ciranda: Corte Esquemático
2.3.2- Aspectos Construtivos
Edifício térreo, materiais/sistema construtivos simples.
Estrutura:
independente em concreto, apoiando lajes pré-
moldadas.
Cobertura:
em telha cerâmica tradicional apoiada sobre
estrutura em madeira, que fica aparente no pátio e
circulações. O telhado deságua diretamente no terreno.
Vedações:
paredes em alvenaria.
Revestimento das paredes internas:
- nas áreas úmidas, revestimento cerâmico
- em todo o restante da escola as paredes foram rebocadas
e caiadas (segundo a direção, para facilitar a manutenção).
Revestimento das paredes externas:
pintura PVA, nas cores primárias e branco. No pátio central
os pilares apresentam seção com 3 formas distintas (circulo,
quadrado e triangulo) e são pintadas com esmalte sintético
nas cores azul e amarela.
Piso interno:
- maior parte em cerâmica branca 30x30cm, e rejunte largo.
- cimento queimado em algumas salas.
Piso externo:
- pedra bruta na borda da piscina;
- blocos de cimento na entrada principal;
- grama no recuo frontal e pátio central;
- areia no playground e parte do recuo lateral.
Tratamento das aberturas:
- Todas as portas são em madeira maciça aparente e não
contém bandeiras. Algumas são fichadas e outras travejadas
(grandes vãos para a troca de ar);
- As janelas são em madeira aparente, com folhas de traves
fixas (Fotos 6 e 7) e sem bandeiras. O alisar das janelas
CIRANDA - 6
envolve duas folhas separadas e uma área de alvenaria
central, de modo que o conjunto é percebido como uma
janela grande, ao invés de duas menores.
- Em alguns setores o fechamento usa grade de ferro.
Instalações elétricas e hidráulicas
:
toda a instalação é embutida.
Mobiliário:
A mobília da área administrativa é tradicional,
industrializada, confeccionada em aglomerado e com
revestimento melamínico ou folheado de madeira. Nas salas
de aula os móveis e a louça sanitária dos banheiros são
adequados às crianças, em função da estatura das mesmas.
Equipamento da área externa:
o parque infantil é tradicional,
industrializados, (madeira pintada em cores primária). Pela
área livre não há bancos (ou outro tipo de assento).
Estado geral de conservação / manutenção:
ótimo.
ÚLTIMA REFORMA:
O prédio ainda não sofreu reforma, teve apenas algumas
acomodações no uso, como a transformação do refeitório
em sala de professores e de um banheiro em arquivo.
2.4- PROGRAMA BÁSICO / DIMENSIONAMENTO
SETORES: Os 04 setores (Administração, Pedagógico, Apoio
Pedagógico e Área lazer) nos quais se divide o programa
existente (Quadro 2) são interligados por circulações e abrem-se
para o pátio central. Não há um setor de Serviços definido.
QUADRO 2
ESCOLA CIRANDA : PROGRAMA AGRUPADO EM SETORES
SETOR AMBIENTES
QUANT.
ÁREA ÚTIL
(m2) aprox.
ADMINISTRAÇÃO
Recepção
Diretoria
Secretaria
WC p/ administração
Arquivo (ocupando um banheiro)
Sala p/professores
Depósitos
Copa/cantina
WC p/ funcionários e professores
01
01
01
01
01
01
02
01
01
154,70
PEDAGÓGICO Salas de Aula/Atividades c/ BWC 05 197,50
APOIO
PEDAGÓGICO
Biblioteca / Sala de Artes
Sala de balé / estimulação (c/
BWC)
Sala de informática
Sala de repouso c/ BWC
01
01
01
01
158,00
ÁREA LAZER
COBERTA
Pátio coberto
01
148,00
ÁREA LAZER
DESCOBERTA
Pátio descoberto (central)
Playground
Piscina
01
01
01
364,00
CIRCULAÇÕES COBERTAS 183,00
CIRANDA - 7
CÔMODOS SUB-DIMENSIONADOS:
Depósitos e copa/cantina.
CÔMODOS AUSENTES:
Algumas salas de atividades apresentam sobreposição
de funções (biblioteca/artes, balé/estimulação). Falta área
de serviços e local de descanso para os funcionários (até
seu banheiro é comum aos professores) e um banheiro
infantil no pátio (precisam voltar às salas de aula).
CÔMODOS SUPERDIMENSIONADOS: Não se verificou.
2.4- FUNCIONALIDADE
2.4.1- ZONEAMENTO (Figura 3):
Nota-se certa setorização funcional, embora todos os
ambientes estejam bastante próximos, integrados pelo pátio
central. A administração fica à frente, perto da entrada/recepção
(fachadas Sudoeste e Noroeste). As salas de aula se agrupam
na frente e na lateral do lote (fachadas Sudeste/Sudoeste, esta
última representando um obvio problema de conforto). O apoio
pedagógico concentra-se aos fundos (Nordeste e Noroeste).
Finalmente, o setor de serviços (francamente à Noroeste)
apresenta problemas, tanto devido a um programa deficiente,
quanto pela posição central da copa/cantina, cuja entrada ocorre
por dentro da sala de professores (antigo refeitório). Isso dificulta
a retirada do lixo (externamente também dificultada pela
localização da piscina, que fica no recuo lateral adjacente).
O pátio coberto (aberto para Sudeste/Nordeste) promove
grande captação de ar, que é ampliada pelo pátio central.
LEGENDA
Apoio Pedagógico
Administrração
Circulação
Pedagógio
Lazer coberto
Lazer descoberto
Serviços
FIGURA 3 – Escola Ciranda: Zoneamento da área construída
CIRANDA - 8
2.4.2- ACESSO/ESTACIONAMENTO
A única entrada da escola ocorre pela fachada principal,
e é marcada pELA cor e com o rebaixamento de telhado. O
recuo gramado garante imponência à edificação. Não há vagas
de estacionamento, o que apesar de atualmente acontecer na
própria rua, com o tempo poderá vir a constituir-se um problema.
2.5- CONDIÇÕES DE CONFORTO
Foto 1 - Maternal Foto 2 - Jardim
Foto3 - Alfabetização
Fotos 4 e 5 – Banheiros privativos das salas de aula
Fotos 6 e 7 – Detalhes de portas e janelas com traves fixas
Foto 8 – Circulação interna propicia propagação sonora
CIRANDA - 9
2.5.1- INSOLAÇÃO/VENTILAÇÃO: (Figura 1)
A adoção da forma quadrada e de recuos mínimos,
ocupando ao máximo o lote, impediu que a implantação da
edificação garantisse adequada ventilação/insolação de todas as
salas (recebimento direto da ventilação Sudeste, dominante, e
pouca incidência de sol à tarde), de modo que vários ambientes,
sobretudo os voltados para Oeste, são prejudicados. Aliás, como
a edificação construída no lote contíguo à Sudeste é mais alta
que a escola (o terreno foi nivelado cerca de 60cm acima da rua
frontal), a própria ventilação dominante foi diminuída.
Para o desconforto térmico contribui, também, a
inexistência de proteção das aberturas, uma vez que os beirais
externos são pequenos, não promovendo todo o sombreamento
necessário. Os volumes relativos aos banheiros das salas de
aula (valorizados esteticamente), em algumas ocasiões
favorecem o conforto, sombreando as janelas das salas, e em
outras barram a ventilação.
Apesar do pátio central facilitar a exaustão de ar quente,
e das folhas de portas e janelas serem travejadas (traves fixas e
distantes entre si, semelhantes à grades), tais recursos não
foram suficientes para garantir ventilação cruzada nas salas.
Aliás, embora inicialmente as janelas aparentem ser amplas, na
prática as mesmas são relativamente pequenas (duas aberturas
separadas, agrupadas pelo uso de alisar comum que incorpora a
alvenaria central), podendo, de acordo com sua colocação, não
propiciar a necessária saída de ar (Fotos 6 e 7). De modo geral,
as salas usam continuamente ventiladores de teto, indicando a
deficiência do conforto térmico natural é deficiente.
2.4.3- ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO:
O mobiliário é adaptado às crianças (Fotos 1, 2 e 3):
- Maternal - mesas pequenas plásticas (8 lugares)
- Jardim – mesas quadradas em madeira e fórmica (4
lugares), cuja altura foi diminuída pelo corte dos pés.
- Alfabetização - carteiras tradicionais (retangulares)
No Maternal não há escrivaninhas e cadeiras para
adultos.
Cada sala de aula tem banheiro privativo, com peças
sanitárias de altura adequada à faixa etária dos alunos, ou seja,
peças menores no Maternal (Fotos 4 e 5), medianas no Jardim,
e com tamanho normal na Alfabetização.
CIRANDA - 10
2.5.2- ILUMINAÇÃO NATURAL:
Apesar da grande luminosidade natural da cidade, na
escola a iluminação natural é escassa, provavelmente devido à
quantidade e ao tratamento das aberturas. Assim, nas salas de
atividades, a iluminação artificial (lâmpadas fluorescentes
“econômicas”) é utilizada durante todo o dia.
2.5.3- CONSUMO ENERGÉTICO:
O alto consumo energético deve-se ao uso contínuo de
climatização e iluminação artificial. Para conter o consumo, junto
às portas há avisos como “Apagar a luz” e “Desligar aparelhos”.
2.5.4- RUÍDOS INTERNOS E EXTERNOS:
Como a vizinhança é calma, poucos são os ruídos
provenientes da área externa, não influenciando nas atividades
realizadas. Internamente, porém, devido às esquadrias abertas e
posição contígua das salas de aula, os sons produzidos por uma
turma se propagam pela circulação (Foto 8), sendo facilmente
ouvidos pelas classes adjacentes.
2.6- CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE
2.6.1- SEGURANÇA - INCÊNDIO:
Vários conjuntos de extintores PQS e AQ visíveis.
2.6.2- SEGURANÇA – ROUBOS:
Embora a escola nunca tenha sido roubada, há grades
de ferro na sala de informática, e o design das esquadrias (com
folhas travejadas fixas) também é considerado eficiente.
2.6.3- SEGURANÇA – ACIDENTES PESSOAIS:
Apesar de acidentes não ser habitual, alguns locais,
como o corredor de acesso à piscina as circulações ao redor do
pátio central, deveriam ter piso mais antiderrapante.
2.6.4- ACESSIBILIDADE A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA:
A ausência de degraus internos, a existência de rampa
na entrada e a largura das portas, permitiriam a circulação de
cadeirantes pela escola, mas não há banheiros adaptados, e
algumas portas não abrem totalmente. Não foram observadas
facilidades para deficientes visuais.
2.7- CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A OCUPAÇÃO
2.7.1- Traços de Comportamento
CIRANDA - 11
Na área livre da Escola Ciranda, os traços de
comportamento observáveis são mínimos, indicando acentuada
preocupação com a limpeza. Apenas nas salas de aula
observou-se a exposição de trabalhos das crianças (deposição
intencional) e, no playground há poucas marcas do uso de
brinquedos. No pátio central (descoberto), o bom estado de
conservação do gramado é um forte indicativo do pequeno uso
que as crianças fazem do local, o que não seria esperado tendo
em vista a densidade existente.
2.7.2- Público, Semi-Público e Privado
A) Com base em um visitante ocasional:
Considerando-se um visitante ocasional, a única área pública
é o recuo frontal. A entrada/recepção, os corredores e pátio
podem ser considerados semipúblicos, e as salas de aulas e
atividades seriam área privada, sob o controle dos seus
usuários, ou seja, as turmas ou do responsável pelo serviço.
B)
Com relação aos usuários diretos da instituição:
Em função de seus usuários diretos (professores/
funcionários e crianças), o pátio, playground e corredores
passam a ser públicos, e as áreas de apoio pedagógico
serão semipúblicos, permanecendo as salas de aula e de
trabalho como área privada, respectivamente das turmas
(com a direção do professor) e dos funcionários/professores
(caso da administração e sala de professores).
Paradoxalmente, o recuo frontal, bastante generoso, é uma
área que, nesse caso, não é utilizada pelo grupo.
2.7.3- Fluxos internos
Na escola, pais, crianças e funcionários/professores
deslocam-se definindo fluxos distintos:
A) PAIS/RESPONSÁVEIS
Apenas os pais das crianças menores circulam pela
escola, para deixá-las nas salas de aula. Os demais se mantém
na área de entrada e/ou na frente da instituição (nos
automóveis).
B) ALUNOS:
Circulam quase livremente pela área interna, exceto a
administração e à piscina. Não se verificou setorização do
espaço em função da idade (apenas nas salas de aula). Muitas
das atividades que acontecem na área comum envolvem várias
turmas, permitindo grande integração das crianças.
CIRANDA - 12
C) FUNCIONÁRIOS DE MANUTENÇÃO E PROFESSORES:
Mantém-se perto de seus locais de trabalho, mas
percorrem todo o espaço (inclusive os da administração).
2.7.4- Espaços Sociopetalados e Sociofugidios
A) ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS:
O pátio coberto e as circulações internas mostraram-se
bastante atraentes, sobretudo nos horários sombreados (o que
justifica as nuances em sua ocupação matutina e vespertina).
O playground, que em outras situações é considerado um
local sociopetalado e/ou ponto focal de comportamento, na
Escola Ciranda não é muito atraente pela manhã (devido à
insolação direta), sendo mais freqüentado a tarde.
Não foram observados ambientes que atraiam os adultos.
B) ESPAÇOS SÓCIOFUGIDIOS:
Apesar da intenção projetual, a área central descoberta
permanece vazia por longos períodos, o que se deve tanto à
insolação do local, quanto ao severo controle exercido sobre o
mesmo pela administração. A hora do recreio é exceção a essa
regra, pois a alta densidade de crianças, a necessidade destas
por realizar atividades dinâmicas acaba fazendo com que o
gramado seja ocupado, normalmente por algum tipo de jogo
(notadamente o futebol). Também os recuos laterais são
sociofugidios.
2.8- COMPORTAMENTO NA ÁREA LIVRE
2.8.1- Delimitação da Área e Horários Observados
- HORÁRIOS: 3 matutinos e 3 vespertinos, sendo
. Entrada (entre 7:15 e 8:00horas e 13:15 e 13:45hs)
. Recreio (9:00-9:30hs e 15:00-15:30)
. Saída (11:15-11:45hs e 17:15-18:00hs).
Destaque-se que, devido à solicitação dos pais, o horário
de entrada não é rígido, sobretudo pela manhã. Devido a isso,
nesse horário o período de entrada (previsão de 45 min) é mais
elástico do que o de saída (30m). O contrário ocorre à tarde,
quando a saída é mais elástica.
- DIVISÃO DA ÁREA LIVRE:
Foram identificados 4 tipos de espaços livres (citados a
seguir), dentre os quais foram observados 3 (os primeiros):
CIRANDA - 13
1. Pátio principal (PP): área descoberta central (gramada) e
circulações laterais;
2. Pátio coberto (PC): área de recreação coberta;
3. Playground (PG): espaço no recuo lateral onde está
localizado o brinquedo multiuso
4. Piscina: localizada na lateral do lote, tem acesso
controlado pelos funcionários (setor não observado).
FIGURA 4 – Área observada (total)
- SUBDIVISÃO EM ZONAS:
Para a observação, as três sub-áreas (PP, PC, PG)
foram subdivididas em zonas (Figuras 4, 5 e 6; Fotos 9 a 14):
- 06 zonas no primeiro setor (PP) - números (1 a 6);
- 03 zonas no segundo setor (PC) - letras (A, B, C).
- 01 zona no playground (PG), designada pela letra D.
Foto 9 – Pátio Principal Foto 10 – Circulações laterais
Foto 11 – Pátio coberto Foto 12– Pátio coberto
Foto 13– Playground Foto 14 – Piscina
CIRANDA - 14
FIGURA 5 – Pátio principal subdividido em setores
FIGURA 6 – Pátio coberto e playground, subdivididos em setores
2.9.2- Perfil da Ocupação nos Horários Observados
(Gráficos 1 e 2, Figuras 7 e 8)
HORÁRIOS DE ENTRADA
a.1) Pátio principal
:
Área descoberta central
Poucas crianças correm atravessando o espaço.
Pela manhã, quando o número de crianças aumenta,
algumas delas envolvem-se em brincadeiras dinâmicas
rápidas (tipo pega-pega).
À tarde não se verificaram brincadeiras no local.
Circulações cobertas
Passagem contínua de adultos e crianças.
Muitas crianças se sentam na área frontal das salas para
conversar ou brincar de jogos estáticos (bafo e similares).
À tarde as circulações que recebem sol são evitadas.
As circulações próximas às salas de aulas/atividades são
mais ocupadas que as demais.
a.2) Pátio coberto
Algumas crianças maiores que chegam cedo ficam no
local conversando. Vários trocam figurinhas e usam os
bebedouros.
a.3)- Playground
Pouquíssimas crianças usam ao playground na hora da
entrada, sobretudo pela manhã.
HORÁRIOS DE RECREIO
b.1) Pátio principal
:
Área descoberta central
Nenhuma criança com comportamento estático ou
intermediário utilizou o local.
CIRANDA - 15
A área só foi ocupada por meninos jogando futebol,
principalmente pela manhã.
Circulações cobertas
Apresentam alto índice de ocupação, tanto dinâmica
quanto estática.
A maior parte das meninas senta-se no chão,
conversando ou em brincadeiras leves.
Os meninos se envolvem mais em atividades dinâmicas.
As crianças se concentram nos locais que não são
atingidos diretamente pelo sol.
b.2) Pátio coberto
Muito ocupado nos horários de recreio, principalmente de
tarde.
Nele acontece a maioria das brincadeiras estáticas ou
intermediárias (pular elástico, bafo, pequenos jogos
inventados no momento).
Alguns adultos (professoras ou a administração) olham
as crianças, sobretudo as menores, mas não se
envolvem muito nas brincadeiras.
Os bebedores são grande foco de atração,
permanecendo ocupados quase todo o recreio.
b.3)- Playground
Durante o recreio, o brinquedo multiuso é um grande
atrativo, sobretudo para os menores.
Quando o número de crianças pequenas aumenta, as
maiores procuram brincadeiras mais estimulantes.
Pela manhã o playground é menos utilizado do que
durante à tarde, provavelmente devido ao sol intenso.
HORÁRIOS DE SAÍDA
c.1) Pátio principal
:
Área descoberta central
Assim que toca a área próxima à entrada fica cheia de
crianças e material escolar, esperando os pais. A saída é
muito rápida, principalmente no final da manhã.
Ocupações de tipo intermediário são as mais evidentes.
Circulações cobertas
Passagem contínua de adultos e crianças.
Muitos ficam sentados no chão até os pais chegarem.
c.2) Pátio coberto
O local fica lotado tanto pela manhã como a tarde.
As crianças movimentam-se muito, sobretudo em
atividades intermediárias (elástico, jogos simples).
c.3)- Playground
No final da manhã o playground é pouco usado, mas no
fim da tarde fica cheio (a ocupação diminui rápido).
No início é mais ocupado por crianças pequenas; só
depois as maiores tornam-se maioria.
As crianças maiores aparentam preocupar-se com as
pequenas e procuram ajudá-las no uso dos brinquedos.
CIRANDA - 16
GRÁFICOS 1 e 2 : Uso do Pátio Principal, Pátio Coberto e Playground
LEGENDA
Ocupação dinâmica
Ocupação intermediária
Ocupação dinâmica / intermediária
Ocupação estática
FIGURAS 7 e 8 - Mapas da ocupação Manhã e Tarde
CIRANDA - 17
2.9.3- Behavior Settings em Área Livre
Em função do tamanho e do partido arquitetônico da
Escola Ciranda, a área livre estudada corresponde aos pátios
avaliados no item anterior. Assim, nos behavior settings
observados (Figura 4), a caracterização das pessoas e do
ambiente, e sua satisfação serão definidos antecipadamente. Os
2 BSs descritos podem acontecer simultaneamente, sendo
habitual repetirem-se (com poucas variações) durante a semana.
As pessoas
:
No horário de recreio, os alunos de um mesmo turno
(aproximadamente 90 crianças), podem usar a área livre
da escola, enquanto professoras e/ou funcionários
assistem suas atividades, só interferindo quando
necessário ou mediante solicitação das crianças.
Nos casos observados (descritos a seguir), todas as
pessoas podem ser substituídas sem alterar o programa.
O ambiente
:
A área contém ambientes cobertos (pátio e circulações) e
descobertos (pátio central e playground). Nos primeiros o
piso é revestido por cerâmica 30x30cm cor branca, as
paredes laterais ficam as portas das salas de aula e de
apoio-pedagógico, e a copa/cantina. Todas as paredes
são pintadas na cor branca, e os pilares (em formatos
diferenciados) nas cores azul e amarela. No pátio coberto
ficam os bebedouros. A área descoberta fica no centro do
conjunto e é gramada. Na areia do recuo lateral entre o
pátio coberto e o muro, fica o playground, constituído por
um brinquedo multi-uso em madeira, pintado nas cores
primárias. Todo o conjunto pode ser observado a partir
da administração (secretaria/diretoria), que se encontra
em local estratégico, tendo total controle do espaço.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: boas condições para seu desenvolvimento
(convívio social, aprendizagem de rotinas e normas,
trabalho de cognição, psicomotricidade, afetividade,
linguagem, hábitos de higiene, etc.)
Pais: deixar os filhos em escola confiável, perto de casa.
Professoras: remuneração, bom ambiente de trabalho;
prazer de exercer a profissão e trabalhar com crianças;
oportunidade de realizar trabalho leve e ao ar livre, que
pode ser um momento de descanso na atividade diária.
CIRANDA - 18
Funcionários: remuneração, prazer de exercer sua
profissão e ter contato com crianças, oportunidade de
realizar trabalho ao ar livre.
Equipes administrativa e de manutenção: remuneração,
prazer de exercer a profissão.
Pesquisadora: obter material para a tese.
(i) Behavior Setting Externo 1: JOGO DE BAFO
Cena típica:
Quatro crianças jogam, sentadas no chão.
Limite temporal:
Das 15:10 às 15:30 horas.
Limite espacial:
Área na circulação próxima às salas de aula, ocupando
cerca de 2,0x2,0m2
Componentes humanos:
Quatro crianças, entre 5 e 7 anos (3 meninos e 1 menina)
e observadores eventuais.
Componentes não-humanos:
Quatro maços de figurinhas autocolantes (álbum de
jogadores de futebol).
Programa básico (resumido):
Foram-se duas duplas. As duplas jogam, arrumando
maços de figurinhas (pertencentes aos dois) entre si. O
primeiro jogador as cobre rapidamente com as mãos, de
modo a virar algumas cartas, que passam a pertencer a
ele. Se conseguir virar, pode tentar novamente. Se não
conseguir, perde a vez para o próximo. Quando acaba
aquele monte as duplas mudam.
Hierarquia de posições:
Os jogadores são participantes ativos. Eventualmente
algumas crianças observaram o jogo, até falaram algo,
mas se retiraram. O pesquisador foi apenas espectador.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas, considerando essa
brincadeira, é de 2 jogadores
O número pode crescer muito, pois se trata de um jogo
livre, no entanto, uma quantidade muito grande de
crianças tornaria a atividade muito longa (tempo
necessário para que todos jogassem com todos) ou
exigiria a criação de outras regras. Acredita-se que a
brincadeira funcione com até 10 crianças.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Para as crianças, acrescentar, o exercício de convívio
social, aprendizagem de regras, e trabalho da
psicomotricidade fina (controle das mãos e movimentos).
Sistemas auto-reguladores:
Durante a brincadeira 1 dos meninos não conseguiu virar
as cartas e tentou fazê-lo rapidamente com uma das
mãos (problema). Os outros 3 reclamaram
imediatamente, travando-se uma discussão (mecanismo
de manutenção contra-desviante). O menino voltou atras,
devolveu a figurinha, e cedeu a vez. O jogo continuou.
Sinomorfia:
Total, inclusive entre as mãos das crianças e o tamanho
das figurinhas. O tipo de piso facilitou a atividade.
Ponto focal de comportamento:
O jogo, especialmente as figurinhas.
(ii) Behavior Setting Externo 2: FUTEBOL
Cena típica:
Algumas crianças correm atrás de uma bola, enquanto
CIRANDA - 19
outras crianças assistem.
Limite temporal:
Ocorre quase diariamente, nos horários de recreio nos
dois turnos - no caso observado, ocorreu de 9:10 as 9:30.
Limite espacial:
Área gramada do pátio de central, definida pelo piso das
laterais das circulações adjacentes.
Componentes humanos:
11 crianças entre 5 e 6 anos (sendo 9 meninos e 2
meninas), 3 meninas (platéia), 1 funcionária.
Componentes não-humanos:
1 bola, 8 sapatos
Programa básico (resumido):
As crianças jogam “mini-futebol” seguindo as regras que
conhecem. No início do jogo, como o número de
jogadores era ímpar, ficou definido que um dos garotos
maiores seria o juiz. Três meninas, sentadas na
circulação, assistem.
Hierarquia de posições:
O juiz atuou como líder. Os jogadores foram participantes
ativos. A secretária foi funcionária ativa. As crianças da
platéia e o pesquisador foram espectadores.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas é 6 alunos (sendo 3 em
cada time, um dos quais fazendo o papel de goleiro), pois
se a quantidade de crianças for menor a atividade não
iria se configurar como um jogo de futebol.
Provavelmente o máximo que o local comporta como
jogadores é cerca de 21 crianças (dois times de 10 e um
juiz). Não é possível dimensionar uma platéia máxima.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Acrescer o incentivo/incremento de habilidades
esportivas das crianças (sobretudo os meninos)
Sistemas auto-reguladores:
Durante o jogo um dos meninos chutou mais forte, e a
bola bateu na parede com força, perto da sala da
diretoria (problema). As crianças sabiam que haveria
alguma reação, pois ficaram inquietas, conversando entre
si. Quase imediatamente a secretária (mecanismo
sensor) abriu a porta e os repreendeu, perguntando
quem tinha chutado a bola. As crianças começaram a
falar todas ao mesmo tempo, inclusive as da platéia,
tentando explicar o que acontecera. A secretária disse
que, se aquilo acontecesse outra vez iria guardar a bola.
O juiz prontamente falou que se alguém chutasse para
aquele lado seria expulso. A secretária voltou para sua
sala. O jogo continuou normalmente.
Sinomorfia:
Embora o jogo tenha transcorrido como esperado pelo
grupo e o gramado seja ótimo para jogar, o episódio da
bola batendo na parede (e atrapalhando o serviço da
administração), foi um indicativo da falta de sinomorfia na
localização do setting (a bola poderia ter batido em
qualquer outra parede, ou até atingido alguma criança na
circulação). Uma solução para isso seria a definição de
outro local para os jogos (talvez na área frontal). Sobre
isso se conversou com uma das professoras, que
reconhece o problema, falando de vários episódios
semelhantes, mas não vê solução imediata, já que
aquela é a única área grande disponível para jogos.
Segundo a mesma, a dificuldade na realização de jogos
sem a ocorrência de problemas semelhantes é um dos
motivos para a pouca utilização da área descoberta
central da escola.
Ponto focal de comportamento:
A bola.
CIRANDA - 20
2.10- COMPORTAMENTO EM ÁREA INTERNA
Nos BS a seguir, a localização (sala de aula da
Alfabetização) e os elementos humanos e não-humanos são
praticamente os mesmos, de modo que, repetindo o
procedimento anterior, primeiro serão descritos o ambiente, as
pessoas e a satisfação proporcionada pelos settings. Saliente-se
que os 2 BSs descritos (Figuras 10 a 12) são apenas exemplos
retirados dentre vários BSs observados em classe.
As pessoas
:
A turma de Alfabetização Vespertina é constituída por 19
crianças com idade entre 6 e 8 anos, sendo 6 meninos e
13 meninas, e uma professora (cerca de 35 anos). No dia
da observação duas meninas haviam faltado (fato
comum). Quanto à possibilidade de substituição, nas
situações estudadas todos podem ser substituídos,
embora ocupar a função de professora exija preparo
profissional.
O ambiente
:
A sala de aula da alfabetização fica localizada na fachada
Sudoeste. Ela mede 36,00m2, tem banheiro privativo,
porta voltada para o corredor interno e 2 janelas (cada
uma com duas folhas travejadas fixas), uma aberta para
o recuo frontal e outra para o recuo frontal. Portas e
janelas são em ipê envernizado (Figura 10).
FIGURA 10- Escola Ciranda:
Planta Baixa da sala da Alfabetização
CIRANDA - 21
O mobiliário é contém 20 (vinte) mesinhas retangulares
(,40x,60cm) e 20 cadeiras, três das quais encostada na
parede do fundo (desocupadas), uma escrivaninha e uma
cadeira para a professora. Existem 02 armários em
madeira para material didático, jogos e livrinhos
paradidáticos. Numa das paredes há um quadro negro
(medindo ,90 x 1,80m), perto do qual fica a mesa da
professora. Nas paredes há trabalhos de crianças
colados, além de elementos decorativos confeccionados
pelos professores ou comprados prontos (um circo, por
exemplo). No teto existem 1 ventilador grande (central) e
6 luminárias com lâmpadas fluorescentes.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: freqüentar uma escola que ofereça boas
condições ao seu desenvolvimento (convívio social,
aprendizado de rotinas, trabalho com cognição,
linguagem, psicomotricidade, afetividade, hábitos de
higiene, etc.)
Pais: deixar os filhos numa escola que consideram
adequada e fica perto de casa.
Professoras: remuneração; bom ambiente de trabalho;
prazer de exercer sua profissão e trabalhar com crianças.
Pesquisadora: poder observar o setting para realizar o
trabalho pretendido.
FIGURA 11 – BS interno “Família RA-RE-RI-RO-RU”
FIGURA 12 – BS interno “Lendo estorinha
CIRANDA - 22
(i)Behavior Setting Interno: FAMÍLIA RA-RE-RI-RO-RU
(Figura 11)
Cena típica:
As carteiras estão arrumadas em 2 semicírculos
(concêntricos), a professora coloca-se ao centro, dialoga
com as crianças e usa o quadro.
Limite temporal:
Entre 14:00 e 14:30 horas.
Componentes humanos:
1 professora (dirige o trabalho e o diálogo), 17 crianças.
Componentes não-humanos:
material didático da professora, quadro, carteiras e
cadeiras das crianças, papel sulfite, lápis coloridos
Programa básico (resumido):
A professora explica algo e conversa com as crianças.
Mostra letras e sílabas escritas em cartões e fala várias
palavras que as contém. Escreve algumas sílabas (RA-
RE-RI-RO-RU) no quadro usando letra cursiva e solicita
que as crianças copiem nas folhas de papel sulfite.
Depois pede que as crianças lembrem-se de palavras
usando aquela família de sílabas.
Função pedagógica:
Repetindo um procedimento utilizado outras vezes e de
conhecimento das crianças, ensinar uma nova letra (o R)
e as sílabas derivadas pela adição das vogais. Estimular
a escrita. Desenvolver a psicomotricidade fina.
Hierarquia de posições:
A professora foi líder único, as crianças participantes
ativos, e o pesquisador espectador.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas é 10 (professora e 9
alunos), pois se a quantidade de crianças for menor a
professora não irá começar um novo assunto desse tipo.
Nesse caso o número o máximo é 26 (professora e 25
alunos) já que existem 25 carteiras.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Repetem-se as citadas no início, destacando-se, para as
crianças: desenvolver habilidades de leitura e escrita,
reconhecendo uma nova “família” vocal.
Sistemas auto-reguladores:
Durante o início da explicação 2 meninas começaram
uma conversa paralela. A professora notou (mecanismo
sensor) e chamou-lhes a atenção fazendo uma pergunta
direta sobre o tema (mecanismo executor - mecanismo
de manutenção contra-desviante), que não foi respondida
A professora continuou o diálogo com o grupo.
Sinomorfia:
A disposição das carteiras em semicírculo aumentou
a concentração da atenção na professora e o controle
desta sobre o grupo.
Ponto focal de comportamento:
O grupo estava totalmente focado na professora, no
material didático e quadro.
(ii) Behavior Setting Interno: LENDO ESTORINHA (
Figura 12)
Cena típica:
As crianças sentam-se ao redor da professora que lê.
Limites:
Acontece várias vezes por semana, após o recreio.
Componentes humanos:
1 professora, 17 crianças (alunos)
CIRANDA - 23
Componentes não-humanos:
Livro e almofadas
Programa:
Após o recreio a professora anuncia que irá ler uma
estorinha. Todos afastam as carteiras para perto das
paredes, abrem um espaço vazio próximo à estante e
sentam no chão, inclusive a professora. Alguns buscam
almofadas na sala de estimulação. A professora mostra
dois livros, lê seus títulos, e pergunta qual eles preferem.
As crianças votaram, levantando as mãos. A professora
lê, sendo interrompida por perguntas e comentários.
Função pedagógica:
Criar um momento de descanso, quebrando a atividade
dinâmica do recreio. Estimular imaginação e
concentração, seguir uma narrativa, compreender suas
partes (começo-meio-fim) e identificar personagens. No
final do mês uma das estorinhas contadas será encenada
pelas crianças.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder única, e as
crianças foram participantes ativos. O pesquisador foi
espectador.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas seria 2 (a professora e 1
aluno), e o máximo 26 (25 crianças e a 1 professora),
considerando o limite da turma. No entanto, ler/contar
estorinhas não é atividade restrita a uma turma, de modo
que, às vezes, uma professora pode responsabilizar-se
por duas turmas ou mais, embora seja mais difícil manter
a atenção das crianças.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Os mesmos citados no começo, ressaltando-se, para as
crianças, desenvolver a atenção concentrada, reconhecer
personagens, e o prazer de ouvir uma estória.
Sistemas auto-reguladores:
Quase no fim da estorinha, o barulho externo aumentou,
dificultando a compreensão (problema). Um dos meninos
(mecanismo sensor) reclamou que não estava ouvindo
nada. Os outros concordaram. A professora (mecanismo
executor 1) pediu que uma das meninas sentadas mais
atrás (mecanismo executor 2) fosse até a sala ao lado
para pedir silêncio (mecanismo de manutenção tipo veto).
O barulho logo diminuiu.
* A facilidade na compreensão da origem e
resolução do problema mostram sua freqüência.
Sinomorfia:
A não-sinomorfia relaciona-se à temperatura da sala,
muito quente. Nesse sentido, sentar-se no chão é
confortável (a cerâmica é fria), mas afasta ainda mais os
ocupantes dos ventiladores e das aberturas das janelas.
Todos os presentes são afetados pelo problema, e estão
cientes dele. Para resolvê-lo seria preciso aumentar e
proteger as aberturas e forçar o fluxo de ar para a altura
das pessoas (reforma na edificação). Sobre isso foi
entrevistada a professora, que aponta a colocação de
aparelho de ar condicionado como a única solução, mas
explica não ser desejado pelos pais, pois várias crianças
são alérgicas.
Ponto focal de comportamento:
O ponto focal do BS foi o livro e, especialmente, a
estorinha contada, ambos totalmente controlados
professora.
CIRANDA - 24
3- AVALIAÇÃO DOS AMBIENTES A PARTIR DA
PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
Observação: todos os gráficos apresentados nesse item foram
extraídos das tabelas que estão no item 6 deste relatório.
3.1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
Os questionários foram aplicados a 25 pais e/ou
responsáveis
5
, 10 professores e 10 funcionários (num universo
de 11 educadores, 15 funcionários e pais/responsáveis de 162
alunos). A maioria dos respondentes foi de mulheres (82,2%),
sendo predominante a faixa etária inferior a 40 anos (40% entre
30 e 40 anos, e 40% com menos de 30 anos) - (Gráficos 3 e 4).
A média de idade foi 37 anos, variando de 20 a 68 anos,
respectivamente uma funcionária e uma responsável (avó).
Em termos de tempo de contato com a escola, cerca de
66% destes adultos a freqüentam entre 3 e 4 anos. A maioria
dos pais encontra-se nessa faixa (80%), enquanto professores e
funcionários distribuem-se quase eqüitativamente entre as faixas
3 ou 4 anos e 2 anos ou menos (Gráfico 5).
5
Dentre os 25, foram entrevistados 12 mães, 5 pais e 8 responsáveis, dos quais 6 avós.
GRAFICO 3: Gênero dos Respondentes
GRÁFICO 4: Faixas Etárias por Categorias
CIRANDA - 25
GRÁFICO 5: Tempo de contato com a escola,
por categoria de usuário
O levantamento dos bairros onde os respondentes
moram mostrou a predominância da habitação em bairros
próximos à escola (53,3%), como Capim Macio e Ponta Negra.
Analisando-se as respostas em função das categorias de
usuários torna-se evidente que os pais/crianças moram muito
próximo (80%), enquanto os funcionários são os que moram
mais distante (70%), e os professores oscilam entre bairros à
média distância e próximos (ambos 40%) – (Gráfico 5).
No que se refere ao transporte casa-escola, o grupo se
divide em 3, citando automóvel, ônibus/alternativo e “a pé”
(respectivamente 35,6%, 31,1% e 28,9%) - (Gráfico 5). A maior
parte dos funcionários e professores utiliza o transporte público
ou equivalente (80% e 50% destes), enquanto pais/crianças
usam carro (52%) ou dispensam transporte (44%) devido à
proximidade da moradia.
GRÁFICO 5: Distância do bairro de moradia à escola
CIRANDA - 26
GRÁFICO 6:
Transporte casa-escola
GRÁFICO 7:
Tipo de moradia da criança
Em termos de habitação, 64% das crianças mora em
apartamento, o que condiz com a situação do bairro, que está
em fase de verticalização (Gráfico 6). Em função da conhecida
tendência à construção de imóveis verticais com área reduzida,
tal número pode representar a necessidade destas crianças
disporem de espaço para compensar a relativa exigüidade do
mesmo em seu local de morada. Tal preocupação, está
parcialmente refletida nos elementos que influenciaram a
escolha da Escola Ciranda em particular (Gráfico 7)
6
, pois o
espaço físico foi citado por 24% dos respondentes (1/4 da
amostra), embora se mostre apenas como o quarto fator mais
importante, sendo ultrapassado por proximidade da residência
(68%), valor da mensalidade (48%) e método de ensino (36%).
GRÁFICO 8: Elementos que influenciaram a escolha da escola
6
Como um respondente podia apontar três motivos, os percentuais indicados referem-se
ao número de pessoas que citaram aquele aspecto, e não ao total de respostas obtidas.
CIRANDA - 27
3.2- A OPINIÃO DOS ADULTOS
(pais, professores e funcionários)
3.2.1. Como os adultos percebem o ambiente escolar
Sob o ponto de vista dos adultos que o freqüentam (e
mencionando apenas os elementos citados por mais de 20%
das pessoas), a área de lazer e o tamanho das salas de
aula/atividades (ambos indicados por 24,4% dos respondentes)
são os elementos do espaço físico que melhor atendem sua
função (Gráfico 9).
Evidencia-se alguma diferença de opinião entre os três
grupos de adultos pois enquanto os pais enfatizam estes dois
aspectos (32% para cada), os professores referem-se mais
enfaticamente ao playground e à limpeza (ambos 30%). Essa
última também é salientada pelos funcionários (30%), parte
significativa dos quais optou por não se definir, afirmando que
“tudo” era adequado (30%).
Usando o mesmo critério (citações por mais de 20% da
amostra) para apresentar os elementos que não-atendem bem
sua função (Gráfico 10), observa-se especial destaque para o
aspecto sala de aula quente, apontado por 32,5% dos
respondentes, principalmente os professores (70% destes).
Nesses termos, os pais não acrescentaram nenhum novo
fator à discussão, embora os aspectos área de lazer pequena,
calor (generalizado), e falta de banquinhos na entrada e lazer
tenham sido bastante citados (18,2% cada).
Por sua vez, o grupo de professores foi bastante coeso
nas respostas, apontando, ainda, como elementos deficientes o
estacionamento (40%), sala de aula escura (30%) e piscina,
arborização, tanque de areia, barulho nas salas de aula e
banheiros dos professores (20% cada).
Já os funcionários, apontaram, ainda, a falta de área de
serviços e de local específico para descanso funcionários
(ambos 25%).
CIRANDA - 28
GRÁFICO 9: Elementos do espaço físico que atendem sua função
GRÁFICO 10: Elementos do espaço físico que não-atendem sua função
CIRANDA - 29
3.2.2. Satisfação/Insatisfação (Gráficos 11 e 12)
Observação: conforme explicitado na metodologia, os diversos
itens foram avaliados pelos respondentes a partir de uma
escala qualitativa com quatro itens (MUITO SATISFATÓRIO,
SATISFATÓRIO, INSATISFATÓRIO, MUITO SATISFATÓRIO),
posteriormente transformada em escala numérica, valendo,
respectivamente, 1, 2, 3, e 4. A partir dessa última foram
calculados, para cada item, moda, desvios padrão e média. A
maioria das questões apresentou moda 3, e baixo desvio
padrão.
tornando-se clara a diferença entre as
opiniões/percepções de adultos que atuam na escola
(maior contato com o ambiente e suas nuances) e os que
não usam diretamente o local.
A fim de facilitar a
compreensão dos resultados por leigos, esse relato refere-se
às médias obtidas, que foram traduzidas para a base 10 a fim
de tornarem-se semelhantes a notas acadêmicas
A- A ESCOLA-COMO-UM-TODO
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA SATISFAÇÃO DECLARADA
(questão específica): Numa escala de 0 a 10, a satisfação
declarada obteve médias “8,64", variando entre 8,5 (funcionários
e professores) e 8,75 (pais), valores bastante próximos.
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA AVALIAÇÃO DOS ITENS (média
dos valores atribuídos aos itens): Usando a mesma escala, a
média obtida foi “8,72”, sendo os professores os mais rigorosos
(8,58), e os funcionários os menos críticos (8,94).
AVALIAÇÃO DOS ITENS
A partir da avaliação individual dos itens (que gerou a
média supracitada) observa-se que, em função do grupo como
um todo, que 9 fatores foram avaliados com score super a 9,0:
materiais de piso, uso de cores, segurança incêndio e risco-
acidentes, uso de cor, aparência interna e externa, distância
entre cômodos, tamanho e localização da escola. Além disso,
nenhum fator foi avaliado como tendo desempenho inferior a
7,06 (estacionamento), o que justifica o alto índice de satisfação
geral obtido
7
.
7
Nesses casos, em base 4 a maioria das “modas” oscilou entre 3 e 4, e o
desvio-padrão em cada item foi baixo.
CIRANDA - 30
GRÁFICO 11: Satisfação com a ESCOLA–COMO-UM-TODO – itens por grupos de usuários
GRÁFICO 13: Sugestões de modificações no espaço da escola
CIRANDA - 31
Nesses termos, analisando-se separadamente as
respostas dos três grupos, embora os pais/responsáveis não se
mostrem insatisfeitos com nenhum aspecto (mantém-se as
avaliações acima de 7,4), evidencia-se alguma insatisfação
específica entre professores e funcionários, ambos indicando
haver problemas como banheiros (valores 6,5 e 6,75,
respectivamente) e estacionamento (6,0 e 6,5). Como a maioria
deles usa transporte público (gráfico 5) talvez a preocupação
com estacionamento represente um reflexo (e uma
supervalorização) de comentários dos pais com relação ao
mesmo (pais: score 7,7). Os professores são os que avaliam de
modo mais severo as condições de conforto (7,46).
B- SALA DE AULA (Gráfico 12)
No que ser refere à sala de aula, os fatores avaliados
foram mais específicos. De modo geral repetiu-se a grande
quantidade de scores médios acima de 7,5, com exceção
apenas da altura das janelas (7,27) e a qualidade do material
das paredes (8,68) . (8,4). Como reflexo de sua atividade diária
com as turmas, os professores são os demonstram maior
preocupação com relação ao espaço pedagógico em si,
sobretudo com relação à altura das janelas (5,75), ventilação
natural (5,5) e material de paredes (5,0 – o menor score obtido
pela escola).
Pais e funcionários indicaram altos índices de satisfação
em todos os itens. Apenas entre os pais verifica-se ocorrer
média 10 (ou seja, todos os indivíduos que opinaram deram
valor máximo ao item), o que aconteceu com relação à
quantidade e qualidade do mobiliário.
GRÁFICO 12 : Satisfação com a SALA DE AULA
32 - CIRANDA
ATIVIDADES – itens por grupos de usuários
SUGESTÕES (Gráfico 13)
Destacaram-se como principais reivindicações gerais:
arborização (apontada por 26,7% dos respondentes) e piscina
(17,8%). Os adultos concordam a respeito da necessidade de
arborização (apontada por 24% dos pais e 30% dos professores
e funcionários), mas também mostram diferenças de opinião.
Os pais referem-se à humanização (colocar banquinhos)
da entrada (20%) e piscina, e conforto da sala de aula (ambos
16%), estacionamento e construção de quadra-esportiva (12%
cada); acrescentando a solicitação de aumento no número de
ventiladores e/ou condicionadores de ar nas salas de aula (8%),
a preocupação com o conforto passa a representar 22% das
reivindicações dessa categoria. Quanto aos professores, as
solicitações giram em torno da ampliação da sala de aula (40%),
referindo-se, também a colocação de mais ventiladores/ar-
condicionado nas salas de aula (10%) e melhoria do banheiro
para professores (20%). Já os funcionários citam a necessidade
de banheiro/ vestiário próprio (30%) e da existência de área de
serviços, e a melhoria da piscina (20% cada).
3.3- O QUE DIZEM AS CRIANÇAS
APLICAÇÃO DA TÉCNICA: contou com a participação de 15
crianças da turma de Alfabetização, havendo o aproveitamento
final de todos os trabalhos, dos quais 9 elaborados por meninos
e 6 por meninas, que cooperaram adequadamente.
3.3.1- A sala de aula (Figuras 13)
ÍNÍCIO DA TAREFA: imediato
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: variado
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: não houve
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: o ambiente interno
da classe é representado através de projeções bidimensionais;
eventualmente alguns detalhes mostram uma intenção de
tridimensionalidade (avanço de paredes ou janelas angulosas)
ELEMENTOS PRESENTES:
- Mobiliário: Carteiras de alunos, cadeiras, armários e
quadro são encontrados em todos os desenhos, com
CIRANDA - 33
riqueza de detalhes e objetos sobrepostos a superfícies
horizontais.
- Equipamentos: os mais presentes foram os ventiladores
- Natureza: presente em aproximadamente 50% dos
desenhos de salas de aula (plantas vistas através de
janelas ou portas abertas ou colocadas em vasos).
- Elementos humanos: só 2 dos 15 trabalhos contiveram
elementos humanos desenhados na posição vertical
(figuras em pé). Em um caso seu caráter projetivo ficou
evidente, havendo indicação específica da professora, e
do nome de colegas.
- Cores: Em média foram utilizadas entre 5 e 6 cores,
sendo preferidas azul, amarelo, vermelho e verde.
Apenas 2 crianças utilizaram todas as cores disponíveis.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência) carteiras,
ventilador, exposição de trabalhos nas paredes e janelas.
- LOCAL MAIS APRECIADO: o armário de brinquedos, o canto-
da-estorinha (parte do programa semanal), perto-da-janela
(“porque tem vento”) e as exposições de trabalhinhos.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: temperatura; barulho das
outras salas; parede ruim de colar os trabalhos (como o reboco é
grosso e caiado, a aderência da fita adesiva é dificultada).
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): apenas as carteiras foram
citadas nesse item.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO NA CLASSE: os
comentários referem-se a diminuir o calor (alguns sugeriram
colocar ar-condicionado), aumentar a quantidade de brinquedos
(inclusive indicando os que deveriam ser adquiridos e até seu
preço) e usar uma fita adesiva melhor para colocar os trabalhos
nas paredes (nova indicação do problema do reboco).
FIGURA 13 – Desenhos da Sala de aula
FIGURA 14: Desenhos da Escola
CIRANDA - 34
3.3.2- A escola (Figura 19: Desenhos da Escola)
ÍNÍCIO DA TAREFA: Quase todos os alunos (13 dos 15)
pensaram um pouco antes de iniciar a tarefa.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: A maioria começou pelo pátio central.
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: difícil
compreensão do conjunto a ser representado com um todo (no
final apresentaram apenas partes da escola)
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: indicando a
dificuldade com a tridimensionalidade, vários desenhos são
bidimensionais, consistindo em fachadas (internas ou externas).
ELEMENTOS MAIS PRESENTES:
- Elementos arquitetônicos mais representados: (nessa
ordem) portão de entrada, telhados, portas e janelas, e
volumes coloridos
- Mobiliário e Equipamentos: pouco mencionados;
apenas em 3 desenhos foi colocado o playground.
- Natureza: assumiu o primeiro plano, principalmente o
verde da grama, sol, nuvens e flores (encontrados em
90% dos trabalhos). Quatro crianças colocaram árvores,
duas das quais explicando que elas ainda iam crescer.
Uma criança desenhou um cachorro chegando na escola.
- Elementos humanos: a presença humana se restringiu a
poucos desenhos.
- Cores: A grande maioria dos alunos utilizou entre 4 ou 5
cores, preferindo, nessa ordem: verde, amarelo, azul,
marrom e vermelho.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência) piscina,
bebedouro, areia, campo de futebol (pátio central), playground.
- LOCAL MAIS APRECIADO: o mais citado foi a piscina seguida
por pátio grande, gramado, playground, sala de informática e
sala de aula.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: os mais comentados foram
a proibição das brincadeiras, principalmente com bola, a não
existência de árvores e de zoológico.
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): Ninguém citou um “lugar
próprio” na escola.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO: As sugestões mais
freqüentes foram “aumentar a piscina”, “colocar mais brinquedos
no parquinho” (playground), “colocar bancos no pátio (coberto)”
e “fazer uma quadra de cimento prá futebol e basket”. Uma
criança citou “fazer um banho de bica”, uma referiu-se a “plantar
CIRANDA - 35
uma árvore bem grande” e outra, ainda, mencionou “trazer
animais para a escola, cachorros, gato, macacos e cobras”.
3.4- CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O
ESTUDO DE CASO
Sendo projetado para educação infantil, o conjunto
ambiental da escola (edificação e espaço livre) responde
parcialmente às necessidades dessa faixa etária, tendo sido
bem avaliada pela pesquisa, embora apresente alguns
problemas, principalmente em termos de conforto.
Principais pontos positivos relacionados ao ambiente:
o pátio central proporciona interação entre atividades e
convivência de alunos de diversas faixas etárias, bem como
grande controle de toda a escola por parte da administração;
os banheiros internos às salas facilitam o trabalho dos
professores, permitindo assistência contínua às crianças;
o formato octogonal das salas de aula facilita a interação
entre as crianças;
boa densidade física e social.
Alguns dos problemas relativos à funcionalidade e ao
conforto, indicados no texto, podem ser solucionados a curto ou
médio prazo, tais como:
maior aproximação com a natureza, principalmente pela
arborização da área livre;
humanização da entrada e pátios com a colocação de
banquinhos e mesas de apoio, a serem utilizados tanto pelas
crianças quanto pelos pais;
melhoria das condições de conforto térmico e lumínico das
salas de aula/atividades, provavelmente pela adequação das
aberturas (janelas) e ou sua proteção nas fachadas que
recebem mais sol;
ajuste na acústica interna;
eventual aumento na área livre disponível por aluno durante
o recreio, talvez pela incorporação do recuo frontal à área
utilizável pelas crianças (colocação de muro ou grade que
defina frontalmente o lote e contenha os alunos);
criação de vagas no estacionamento (talvez aproveitando
parte do recuo frontal), lembrando que o transito na rua
tende a aumentar no futuro;
realização de pequenos ajustes para adaptação da escola a
deficientes físicos.
CIRANDA - 36
3.5- TABELAS REFERENCIADAS NO TEXTO
Abreviaturas usadas nas tabelas:
ALPq Área livre pequena
AltJ Altura de janelas e
aberturas
AmizEqp Amizade equipe
ApExt Aparência externa
ApInt Aparência interna
ArbAL Arborização da área
livre
Arbrz Arborização
ASevç Área de serviço
AtivDin Atividade dinâmica
AtivEst Atividade estática
AtivIntem Ativ. intermediária
AumSA Aumento sala de
aula
Banh Banheiros
BP Bairro próximo
BrPG Brinquedos do
layground
BVFunc Banheiro/vestir
funcionários
ConfSA Conforto na sala de
aula
DimC Dimensão cômodos
DistC Distância Cômodos
Estc Estacinamento
Esc Escola
IluA Iluminação artifical
IluN Iluminação natural
IluN Iluminação natural
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
Loc Localização
LocPG Localização
playground
Masc Masculino
MatPa Materiais paredes
MatPi Materiasi piso
Md Média
Med 10 Média base 10
Med 4 Média base 4
MetEns Método de ensino
Mod Moda
MoQl Qualidade móveis
MoQt Quantidade móveis
MsEspç Mais espaço
Nd Nada
Ocup Ocupação
Ocupç Ocupação
Organiz Organização
Out Outros
PatPq Pátio pequeno
PG Playground
Piscn Piscina
PreçoAcs Preço acessível
Projtda Projetada
ProxRes Proximidade
residência
ProxTrab Proximidade trabalho
QsTd Quase tudo
QtAL Quantidade área
livre
QtJa Quantidade de
janelas e aberturas
REExE Interferência de
ruídos externos à
escola
REExS Interferência de
ruídos externos à
sala
RImS Interferência de
ruídos internos à
sala
SAEsc Sala de aula escura
SAQte Sala de aula quente
Sd Saída
Sdecl Satisfação
declarada
Segç Segurança
SgInc Segurança incêndio
SgRA Segurança risco
acidentes
SlA/T Sala aula/atividades
SlDesc Sala desconfortável
SMd Satisfação média
SProf Sala professores
Tam Tamanho
Td Tudo
Temp Temperatura
ToldJan Toldos nas janelas
TqAreia Tanque de areia
Tt (TT) Total
VntN Ventilação natural
Vst Vestiário
APÊNDICE 5
ESTUDO DE CASO N. 04
ESCOLA: FANDANGO
1- CARACTERIZAÇÃO
INSTITUIÇÃO:
Escola Fandango
1
LOCALIZAÇÃO:
Localiza-se na Rua Olinto Meira, em Barro Vermelho. Embora
trate-se de um bairro tipicamente residencial, a via em questão
apresenta bastante tráfego, pois liga dois bairros comerciais
(Cidade Alta e Alecrim).
FUNDAÇÃO:
março/1978; começou com uma casa (no local), e hoje são três.
ÚLTIMA REFORMA: realizada em 1997
PEQUENA HISTÓRIA:
A escola foi iniciativa da diretoria, que morava no bairro e tinha
filhos então em idade escolar. Ela começou de forma modesta,
com uma única casa, que foi adaptada para a nova função sem
1
Esta é uma identificação provisória, visando manter a privacidade da instituição pela
não-repetição de sua razão social ou nome de fantasia utilizado. Todas as demais
informações são reais. Nesse sentido, no relato não serão utilizadas fotos de fachada,
sendo as mesmas discutidas em item específico do Volume 1, em conjunto com outras
instituições.
Agradecimento especial a Erick Varela de Medeiros, Herika Valeska Dantas e Kátia
Simone Dias, alunos do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN,
que participaram da coleta de dados que deu origem a este relato, aos quais são
creditadas as fotos aqui apresentadas, que passaram a fazer parte do acervo da pesquisa.
muito custo inicial. Como o número de crianças foi aumentando,
a escola precisou incorporar a casa vizinha, e depois uma
terceira. Só na última reforma foi contratado um arquiteto.
SISTEMA/MÉTODO DE ENSINO ADOTADO:
Construtivismo
QUADRO FUNCIONAL:
No seu funcionamento estão envolvidos: 1 diretora, 25
professores (vários em regime integral, ou seja, com turmas pela
manhã e a tarde) e 10 funcionários.
CRIANÇAS ATENDIDAS:
Atende aproximadamente 450 alunos, com idades entre 2 e 9
anos, divididos em 2 turnos de quatro horas (matutino e
vespertino, o primeiro tendo 200 alunos e o segundo 250).
CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DAS TURMAS:
Embora ainda seja tratada como pré-escola, aos poucos a
Escola Fandango tem incorporado séries do Ensino
Fundamental, como forma de atender às crianças que terminam
um nível e querem permanecer no local, de modo que
atualmente existem turmas de sete níveis (Quadro 1). No ensino
infantil a divisão das classes se baseia na idade do aluno,
embora, de acordo com seu desempenho, ele possa ser
transferido para uma turma mais evoluída (o que raramente
acontece). Nas turmas de Ensino fundamental o critério é o
FANDANGO - 2
desempenho acadêmico. As classes de maternal tem em torno
de 15 alunos, enquanto as demais contam com 20 a 25 alunos.
QUADRO 1
Distribuição das Turmas da Escola Fandango de acordo com o Nível e o Turno
TURMA IDADE TURNO TOTAL
das crianças
MANHÃ TARDE
turmas
Maternal 1 Menos de 3
anos
1 1
2
Maternal 2 3 a 4 anos 1 1
2
Jardim 1 4 a 5 anos 1 2
3
Jardim 2 5 a 6 anos 1 2
3
Alfabetizaç 6 e 7 anos 2 2
4
1
a
. série EF 7 e 8 anos 2 2 4
2
a
. série EF 8 e 9 anos 1 1 2
TOTAL 9 11 20
2- AVALIAÇÃO TÉCNICA
2.1. IMPLANTAÇÃO / OCUPAÇÃO DO LOTE (Figura 1)
- ÁREA DO LOTE: cerca de 1.840,00m2 (um mil oitocentos e
quarenta metros quadrados). A área da Escola Fandango é
limitada através de muro de alvenaria com alturas variadas,
sendo parte da construção é colada na lateral (sem recuo).
- TOPOGRAFIA: lote plano
- VOLUME CONSTRUÍDO: 1.428,00m2.
- TAXA DE OCUPAÇÃO (projeção no solo): 72%do lote
- ÁREA LIVRE: 18% do lote
- PERMEABILIZAÇÃO:
apenas 4% do terreno permanece permeável.
- RECOBRIMENTO DA ÁREA PERMEÁVEL / VEGETAÇÃO:
O playground e um estreito recuo usado como mini-horta,
são as únicas áreas ainda permeáveis no lote. O primeiro é
coberto por areia branca e o segundo por barro. Além das
plantinhas da mini-horta, a vegetação no local se reduz a
uma árvore no pátio descoberto (pavimentado) e algumas
plantas em vasos.
- VIZINHANÇA: O bairro é residencial, embora essa rua
específica tenha uso misto, havendo outras escolas e algum
comercio de pequeno e médio portes.
FANDANGO - 3
LEGENDA
1- Recepção
2- Direção
3- Secretaria
4- Sala de professores 5-
BWC Prof/func
6- Depósito
7- Almoxarifado
8- Sala aula/atividades
9- Banheiro infantil
10- Refeitório (maternal)
11- Quarto repouso
(maternal)
12- Biblioteca
13- Brinquedoteca
14- Videoteca
15- Salão multi-uso
16- Cozinha
experimental
17- Sala informática
18- Cantina
19- Pátio coberto
20- Playground
21- Quadra
22- Pátio descoberto
23- Playground.
24- Mini-horta
25- Circulação coberta
26- Guarita
27- Entrada
28- Saída
29- Bebedouros
FIGURA 01 – Escola Fandango: Locação e Planta Baixa
FANDANGO - 4
FIGURA 3 – Escola Fandango: Corte Esquemático
2.2- DENSIDADES:
Considerando-se o turno vespertino, o mais concorrido
da escola (250 alunos), em termos de área per capta verifica-se:
SALAS DE AULA:
Maternal - aproximadamente 1,8m2/criança
Demais turmas – ,95m2 a 1,15m2/criança
2
PÁTIOS COBERTOS: cerca de 1,47m2/criança
3
ÁREA LIVRE: 1,25m2/criança
4
(20% no playground).
2
No Maternal as classes tem aproximadamente 28m2, e recebem até 15 crianças; as
demais salas média de 23 m2 e abrigam turmas com 20 a 25 crianças.
3
Como pátios cobertos foram considerados o pátio interno, o ginásio e o galpão, que
somam 368,00m2, devendo, caso necessário, comportar simultaneamente as 250
crianças de um turno.
4
Foi considerada área-livre todo o espaço não-construído do terreno, soma de setores
permeáveis e não-permeáveis, com exclusão da mini-horta (não ocupada em horários
sem aula específica), o que corresponde a 313,00m2, divididos pelo número máximo
de crianças em um turno(250).
2.3. CARACTERIZAÇÃO DO VOLUME EDIFICADO
(Figuras 1 e 2)
2.3.1- Partido Arquitetônico
Em função da processo de formação da escola, com a
anexação de residências vizinhas, o partido arquitetônico
existente não tem características definidas. Em termos de
fachada, as edificações originais foram totalmente
descaracterizadas, sendo a unidade do conjunto garantida pelo
revestimento cerâmico e pela colocação de uma platibanda em
estrutura metálica com fechamento em placas planas, que une
os volumes.
A implantação geral apresenta a forma aproximada de
uma letra “E”, no qual os três elementos frontais (casas
existentes) foram unidos pela construção do bloco posterior (nos
fundos, colado ao muro que fica a Noroeste e às laterais do
lote). A fachada que abre-se para a via de acesso (frente das
casas) encontra-se voltada para Sudeste. Existem salas de aula
e ambientes administrativos voltados em todas a direções.
O recuo frontal varia de 3 a 5 metros e, aproveitando o
recuo existente entre as antigas residências, a demolição dos
muros laterais permitiu a definição de pátios descobertos.
FANDANGO - 5
2.3.2- Aspectos Construtivos
A maior parte da edificação é térrea; há primeiro
pavimento apenas na área recente (fundos). Os materiais e
sistema construtivos são simples.
Estrutura:
- na área antiga, alvenaria autoportante;
- na área recente, parte estrutura é independente
(concreto apoiando lajes pré-moldadas) e parte metálica.
Cobertura:
- setor antigo, coberto com telha cerâmica (águas em
inclinações variadas);
- setor recente: telha de alumínio.
Vedações:
- alvenaria de tijolos cerâmicos, com exceção de algumas
divisórias internas industrializadas.
Revestimento das paredes internas:
- no setor pedagógico e circulações as paredes são
pintadas com tinta lavável em cores claras, e tem barra
protetora (h= 1,50m) em esmalte sintético;
- na administração as paredes são rebocadas e pintadas
com tinta lavável
- banheiros e cozinha receberam revestimento cerâmico.
Revestimento das paredes externas:
- Parte das paredes externas é pintada (tinta PVA e cal) e
parte recebeu revestimento cerâmico (10x10cm) nas
cores branca e vermelha. Várias paredes contém painéis
pintados com temas infantis.
Piso interno:
- a maior parte é em granilite cinza de alta resistência,
incluindo o setor pedagógico e as circulações, embora
algumas salas conservem a cerâmica original;
- os banheiros e cozinha receberam cerâmica 20x20cm
na cor branca, com rejunte largo.
Piso externo:
- cimentado pintado na cor verde;
- areia fina ou barro na área permeável.
Tratamento das aberturas:
- Mistura esquadrias de alumínio e vidro (área reformada)
com esquadrias tradicionais em madeira (setor antigo);
- A maioria das portas internas é laminada, pintadas com
tinta à óleo, embora também encontrem-se portas em
madeira maciça (almofadadas) e grades de ferro;
- Em alguns setores o fechamento é feito através de
cobogós de cimento (vários padrões).
Instalações elétricas e hidráulicas
:
- grande parte embutida, embora haja complementações
usando canaletas em PVC aparentes.
FANDANGO - 6
Equipamento da área externa:
- o parque infantil é tradicional, industrializado (madeira
com pintura à óleo em cores primárias).
Mobiliário:
- em materiais variáveis, de PVC à madeira maciça.
Estado geral de conservação / manutenção:
bom.
2.4- PROGRAMA BÁSICO / DIMENSIONAMENTO
SETORES:
O programa (Quadro 2), pode ser genericamente
subdividido em 04 (seis) setores básicos, interligados por
circulações cobertas ou descobertas: Administração,
Pedagógico (I:maternal, e II: demais turmas), Apoio
Pedagógico, e Área externa/lazer (coberta e descoberta).
Destaque-se não haver setor de Serviços bem definido.
QUADRO 2
PROGRAMA POR SETORES E ÁREA OCUPADA
SETOR AMBIENTES QUANT.
ÁREA (m2)
- aproximada -
ADMINIST.
Recepção
Diretoria
Secretaria
Sala de professores
Banheiro prof./func.
Depósito
Almoxarifado
02
01
01
01
01
02
01
180,00
PEDAGÓGICO
I
Salas de Atividades (maternal)
Banheiros infantis
Refeitório (maternal)
Quarto de repouso (maternal)
03
02
01
01
125,00
PEDAGÓGICO
II
Salas de Aula / Atividades
Banheiros infantis
09
04
265,00
APOIO
PEDAGÓGICO
Biblioteca
Brinquedoteca
Videoteca
Salão (multi-uso)
Cozinha experimental
Sala de informática
Cantina
01
01
01
01
01
01
01
295,00
ÁREA
EXTERNA
COBERTA
Pátio coberto
Galpão
Ginásio
01
01
01
378,00
ÁREA
EXTERNA
DESCOBERTA
Pátio descoberto
Playground
Mini-horta
01
01
01
330,00
CIRCULAÇÂO COBERTA
185,00
FANDANGO - 7
CÔMODOS SUB-DIMENSIONADOS:
Algumas salas de aula, cantina, secretaria, sala de
professores, áreas de recreação descobertas.
CÔMODOS AUSENTES:
Sala de reuniões para grupos grandes, coordenação
pedagógica, área-serviços, vestiários- esportes, estacionamento.
CÔMODOS SUPER-DIMENSIONADOS: não ocorreu.
2.4- FUNCIONALIDADE
ACESSO/ESTACIONAMENTO
A entrada principal da escola fica voltada para a rua
frontal, havendo controle dos fluxos de entrada e saída de
alunos, que acontecem por portões diferenciados. Uma
cobertura em balanço em cuja platibanda foi colocado o nome
da instituição, faz a marcação da entrada principal.
A escola não dispõe de vagas para estacionamento, o
que representa um problema, principalmente em horários de
maior movimento.
ZONEAMENTO (Figura 3: Zoneamento da área construída):
A separação funcional entre administração, setor
pedagógico e serviços não é rigorosa, de maneira que
internamente ocorrem diversos cruzamentos de fluxos,
envolvendo principalmente os setores pedagógico e de serviços,
o que é prejudicial a ambos.
LEGENDA
Pedagógico
Apoio Pedagógico
Circulação
Administração
Serviços
Lazer descoberto
Lazer descoberto (controlado)
Lazer coberto
FIGURA 3 – Escola Fandango: Zoneamento da área construída
FANDANGO - 8
De modo geral, no entanto, pode-se dizer que a área
central (primeira casa ocupada) é majoritariamente utilizada pela
administração. O setor pedagógico encontra-se dividido em duas
áreas: o maternal, que ocupa uma das três casas pré-existentes
(fachadas Nordeste/Sudeste), e fica totalmente separado do
resto da escola; e as demais classes, localizadas no novo bloco.
A maioria das salas de apoio pedagógico (Biblioteca,
Brinquedoteca, Cozinha experimental e Videoteca) encontra-se
na terceira casa (fachadas Sudeste/Sudoeste).
Foto 1: Sala de descanso Foto 2: Sala do Jardim
Foto 3: armários baixos Foto 4: banheiro
Foto 5: Recuos
Foto 7: Altura de extintores
ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO:
Em termos de dimensões o mobiliário das classes é
adequado às crianças, preocupação que também reflete-se no
uso das mesmas por turmas do mesmo nível nos períodos
matutino e vespertino.
- Maternal - mesas pequenas, baixas e quadradas com 4
lugares, e presença de almofadas e colchonetes. A sala de
descanso assemelha-se a um quarto infantil bem decorado
(Foto1).
- Jardim - mesas iguais as do Maternal, mas ligeiramente mais
altas (Foto 2).
- Alfabetização e outras classes – são utilizadas carteiras
convencionais retangulares e agrupáveis. Na alfabetização
estas móveis foram alteradas (corte de pés) para melhor
adequação às crianças.
FANDANGO - 9
- A maioria dos armários são abertos e acessíveis (Foto 3)
- Os banheiros foram adaptados para atender às crianças:
Maternal: os banheiros tem peças sanitárias com
dimensões reduzidas, adaptadas às crianças de 2 e 3
anos, e comportam adultos para acompanhá-las (Foto 4).
Demais níveis: peças sanitárias quase iguais às de
adulto.
Excetuando o setor do Maternal, a distribuição de banheiros na
área da escola é pouco adequada, pois os mesmos estão
relativamente distantes das salas de aula.
2.5- CONDIÇÕES DE CONFORTO / USO DE ENERGIA
INSOLAÇÃO/VENTILAÇÃO: (Figura 3: Planta Baixa)
As várias reformas realizadas não conseguiram garantir
condições naturais de conforto para o local, sobretudo as salas
de aula, muitas das quais francamente voltadas para o poente.
Assim, todas os ambientes pedagógicos contam com
ventiladores de teto, e os ambientes administrativos dispõem de
aparelhos condicionares de ar, ambos funcionando a maior parte
do dia. Logo, é fácil concluir que nessa Escola o conforto térmico
natural é deficiente.
ILUMINAÇÃO NATURAL:
Embora suficiente em alguns ambientes, a iluminação
natural é deficiente na maioria dos cômodos, o que acontece
devido a exigüidade de alguns recuos e a proximidade entre
coberturas contíguas (Fotos 5 e 6). Nas salas de aula a
iluminação artificial, utiliza lâmpadas fluorescentes e funciona
durante todo o dia.
CONSUMO ENERGÉTICO:
Constata-se um alto consumo energético pela Escola,
certamente devido à utilização dos equipamentos para
climatização e da iluminação artificial durante o dia. Para
contenção no gasto energético a climatização artificial da área
administrativa (ar condicionado) tem sido desligada antes das
9:00hs e após as 16:00hs. Nas salas de aula, iluminação e
ventiladores são desligados no recreio e sempre que a turma
não está presente (em aulas de educação física e sessões de
vídeo, por exemplo).
RUÍDOS INTERNOS E EXTERNOS:
Embora inicialmente se acreditasse que o transito da R.
Olinto Meira iria trazer muito barulho para as salas de
aula/atividades, isso só foi percebido na sala do Maternal que
fica voltada para a frente do lote, passando desapercebido em
FANDANGO - 10
outras salas, sobretudo nas adjacentes ao pátio interno. Nestas
últimas, entretanto, o ruído interno do pátio incomoda bastante,
principalmente quando uma turma permanece em aula enquanto
as demais já estão saindo.
2.6- CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE
SEGURANÇA - INCÊNDIO:
Várias duplas de extintores (PQS e AP) estão colocadas
em locais visíveis. Apesar de atender às normas, inclusive na
altura do equipamento, essa é uma das queixas, sobretudo dos
pais, pois é comum pequenos acidentes envolvendo as crianças
que, distraídas, batem a cabeça nos extintores (Foto 7).
SEGURANÇA – ROUBOS:
A preocupação é evidente, tanto pela presença de grades
quanto pela adoção de serviço de segurança eletrônica.
SEGURANÇA – ACIDENTES PESSOAIS:
Além da altura dos extintores (supra-citada), os degraus
internos (desníveis entre as diversas edificações) e o material do
piso do pátio (cimentado) são responsáveis por pequenos
acidentes diários, sobretudo com as crianças menores.
ACESSIBILIDADE À PORTADORES DE DEFICIÊNCIA:
Embora a escola seja quase totalmente térrea, não
verifica-se preocupação com o atendimento de necessidades de
portadores de deficiências físicas graves, uma vez que existem
muitos degraus internos, não há rampas, a maioria das portas
(mesmo de salas de aula) tem largura de 70cm e os banheiros
não são adaptados, o que impede a freqüência de cadeirantes.
Também para deficientes visuais não existem quaisquer
facilidades.
2.8- CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A OCUPAÇÃO
2.8.1- Traços de Comportamento
Na área livre da Escola Fandango, a contínua ação dos
funcionários de limpeza/manutenção praticamente eliminam a
possibilidade de se evidenciam traços de comportamento tipo
acúmulo de lixo, paredes riscadas, e similares. Nas salas de
aula/atividades e nas áreas próximas a elas, o traço mais
pronunciado é do tipo deposição, com a exposição de trabalhos
das crianças, e nos locais onde o piso é antigo pode-se inferir os
percursos mais utilizados em função do desgaste do material.
FANDANGO - 11
2.8.2- Público, Semi-Público e Privado
Sendo resultante da agregação de várias residências, o
lay out da escola não é totalmente setorizado, o que implica a
existência de áreas públicas, semi-públicas e privadas
relativamente dispersas, com a existência, por exemplo, de uma
sala de aula colocada no centro da área administrativa. De modo
geral, no entanto, verifica-se as situações a seguir.
A)
Com base em um visitante ocasional:
Com relação a estes quae não existem áreas públicas na
escola, pois durante o período de aulas o portão permanece
fechado com cadeado (controlado pelo porteiro/vigia),
impedindo o acesso de pessoas não-conhecidas ou não-
autorizadas e fazendo a pré-triagem dos interesses de quem
deseja entrar. Logo, a circulação próxima à entrada e a
recepção principal são semi-públicas, e as demais
instalações configuram-se como área privada, estando os
setores abertos/livres sob o controle do grupo de usuários
como um todo, e as áreas fechadas sob o controle das
turmas com a direção do professor (salas de aula) ou do
responsável pelo serviço (área administrativa, salas
específicas, etc.) .
B)
Com relação aos usuários diretos da instituição:
Sob esta ótica passam a ser considerados espaços públicos,
além dos locais supra-citados, os pátios, circulações,
playground e banheiros. Assim, serão semi-públicos: o
playgroud, o ginásio e as salas de atividades de apoio-
pedagógico (brinquedoteca, sala de vídeo, cozinha
experimental, etc), que são usados pelos vários grupos em
horários diferenciados. Apenas as salas de aula e de
trabalho seriam classificadas como área privada, bem como
todo o setor do maternal, cujo acesso só é permitido às
crianças menores e seus familiares.
2.8.3- Fluxos internos
Adultos e crianças deslocam-se pela escola definindo fluxos
distintos:
A) PAIS/RESPONSÁVEIS:
Embora tenham acesso à escola, pouco transitam pela
mesma, a maioria dos quais se mantendo na calçada ou
entrada. Os pais de alunos do Maternal (os menores) e
alguns do Jardim I são os que mais circulam, deixando os
filhos na sala de aula e voltando para buscá-lo.
B) ALUNOS:
Apesar de ocuparem toda a escola, seu tráfego é
intensificado nos locais próximos às suas salas de aula, de
maneira que, por exemplo, é pouco comum ver uma criança
da Alfabetização na área do Jardim. Isso é ainda mais
evidente no Maternal, cujo acesso é controlado.
FANDANGO - 12
C) FUNCIONÁRIOS MANUTENÇÃO E PROFESSORES:
Circulam livremente, apesar de manterem-se próximos aos
seus postos de trabalho. Os funcionários dos serviços
burocráticos (administração e portaria) pouco transitam pela
escola, ao contrário da manutenção/limpeza, que tem maior
facilidade para percorrer toda a área. Por sua vez, a diretora
parece estar sempre em todos os lugares.
2.8.3- Espaços Sóciopetalados e Sóciofugidios
A) ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS:
Na escola como um todo: Portão de Saída, Brinquedoteca,
Pátio Coberto, Ginásio, Banheiros e áreas sombreadas do
pátio (sob árvores). Além disso, o playground atrai as
acrianças mas não necessariamente promove a convivência
entre estas, sobretudo brinquedos de uso individual, como
escorregadores e balanços.
Considerando especificamente os usuários adultos, os
banquinhos sob a árvore e a sala de professores tornam-se
locais sociopetalados.
B) ESPAÇOS SÓCIOFUGIDIOS:
Portão de entrada, área da administração e locais com sol.
2.9- COMPORTAMENTO NA ÁREA LIVRE
2.9.1- Delimitação da Área e Horários Observados
- HORÁRIOS: 3 matutinos e 3 vespertinos, ou seja,
Entrada das crianças (entre 7:00 e 7:30horas e 13:00 -
13:30hs)
Recreio (9:20-10:00hs e 15:20-16:00)
Saída (11:30-12:00hs e 17:30-18:00hs).
- DIVISÃO DA ÁREA LIVRE: Foram identificadas 3 sub-áreas:
1. Playground: área permeável próxima ao maternal.
2. Pátio descoberto (PD): área pavimentada
descoberta
3. Pátio coberto (PC): área de recreação coberta
interligada ao pátio descoberto e contígua às
salas de aula.
Como o playground é mais utilizado pelas crianças do
maternal, e tem ocupação controlada, optou-se por observar
apenas os dois primeiros setores (PD e PC).
- SUBDIVISÃO EM ZONAS: Para a observação, o PD e o PC
foram subdivididos em zonas (Figuras 8 e 9: Planta baixa da
área observada e Planta dos pátios, subdividida em setores)
da seguinte maneira:
- 06 zonas no primeiro setor (PD), números 1 a 6;
04 zonas no segundo setor (PC), letras A a D.
FANDANGO - 13
Foto 10 –
Pátio coberto
Fotos 11 e 12 –
Detalhes do pátio descoberto
FIGURA 8 – Área observada
FIGURA 9 – Planta Baixa da área subdividida em setores
2.9.2- Perfil da Ocupação nos Horários Observados
(Uso do Pátios: Gráficos 1
A e B, Figura 10).
Considerando uma semana típica, geral verificou-se um
padrão de ocupação quase uniforme da escola. Em função da
relativa rigidez dos horários, poucos alunos costumam chegar
depois ou sair antes da hora pré-determinada (Gráfico 1 A e B).
Pela manhã o tempo total de entrada é menor do que o de
saída, enquanto à tarde esses tempos são quase equivalentes.
Isso provavelmente acontece devido aos horários dos
pais/responsáveis (trabalho), e a não existência de condições
para que a família permaneça no local após o término da aula.
FANDANGO - 14
Verificam-se pequenas variações no gráfico de
entrada/saída durante os dias de semana, embora seja possível
visualizar-se um padrão geral. Os maiores picos na quantidade
de crianças passando pelo portão, cerca de 50, aconteceram
nos horários de entrada, entre 5 e 10 minutos antes do momento
do portão fechar-se.
LEGENDA
Segunda feira
Terça feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
GRÁFICO 1
A: Entrada e saída de crianças durante uma semana
LEGENDA
Quantidade média de alunos no horário
Total acumulado de ocupação (%)
GRÁFICO 1B: Esquema de ocupação geral (média) da escola
Segue-se uma descrição sucinta do resultado da
observação comportamental nas diversas áreas durante os
períodos de entrada/saída e no recreio
HORÁRIOS DE ENTRADA
a.1) Área de entrada
:
O porteiro e algumas professoras/assistentes mantém-se
no local para receber as crianças.
As crianças dirigem-se às salas, a maioria sem os pais.
FANDANGO - 15
Pouquíssimas crianças permanecem no local.
Alguns pais conversam rapidamente com
professoras/assistentes. Poucos entram na escola (os
que entram são, em sua maioria, pais de alunos
pequenos)
a.2) Pátio de saída
Área de saída
- Não utilizada no horário matutino, e pouco usada no
vespertino.
Pátio descoberto
- Pouco usado pela manhã.
- No horário da tarde, algumas crianças brincam,
principalmente as que chegaram cedo.
a.3) Pátio coberto
- Intensamente usado, com brincadeiras estáticas e
intermediárias, servindo como local de espera para o
começo das atividades do dia.
a.4) Playground
Não está disponível nesse horário.
HORÁRIOS DE SAÍDA
b.1) Área de entrada
:
O portão é mantido fechado, de modo que a ocupação
acontece apenas por algumas crianças que o utilizam
para ficar observando a rua à espera dos pais.
b.2) Pátio de saída
Área de saída
- Intensamente utilizada por crianças e pais que passam e
crianças que permanecem esperando (em pé ou
sentadas no chão).
Pátio descoberto
- Bastante utilizado por crianças brincam enquanto
esperam os pais.
- Grande número de atividades dinâmicas.
- Muito material encostado nas paredes laterais.
b.3) Pátio coberto
- Usado principalmente como passagem, e para algumas
brincadeiras estáticas e intermediárias entre crianças que
já sabem que os pais irão demorar um pouco.
- Grande quantidade de material escolar espalhado.
b.4) Playground
Não está disponível nesse horário.
HORÁRIOS DE RECREIO
c.1) Área de entrada
:
Não usado nesse horário.
c.2) Pátio de saída
Área de saída
- Quase não usada.
- Algumas crianças permanecem no local em atividades
estáticas, e outras encostam-se ao portão olhando o
movimento da rua, o que é logo inibido pelo porteiro.
Pátio descoberto
- Bastante utilizado, misto de atividades estáticas,
dinâmicas e intermediárias.
- Tanto pela manhã quanto à tarde são evitadas as áreas
com sol.
c.3) Pátio coberto
- Bastante usado, com brincadeiras estáticas e
intermediárias.
c.4) Playground
Usado continuamente por crianças de diversas idades.
FANDANGO - 16
FIGURAS 10A e 10B –
Gráficos da Ocupação dos Pátios no recreio Matutino e Vespertinos
FANDANGO - 17
LEGENDA
Vazio
Ocupação intermediária
Ocupação estática
Ocupação dinâmica
FIGURAS 11 A e B – Mapas com a ocupação predominante nos
pátios no horário de recreio matutino e vespertino
FANDANGO - 18
2.9.3- Behavior Settings
5
em Área Livre
A área livre estudada corresponde ao pátios coberto e
descoberto (já descritos). Embora contíguas estes setores são
diferentes tanto física quanto comportamentalmente, apesar de
algumas ações que começam em um terem continuidade no
outro. Assim, como cada um dos 2 behavior settings aqui
apresentados ocorre em um desses locais, apenas a
caracterização geral das pessoas e da satisfação serão
definidos antecipadamente.
Ressalte-se que serão descritos apenas dois, entre vários BS
que acontecem durante o recreio, entrada e/ou saída de
crianças, os quais podem ocorrer simultaneamente (mesmo dia
e horário), costumando repetir-se, com leves variações, várias
vezes por semana.
As pessoas
:
Durante o recreio a maioria dos alunos de um mesmo
turno, pode usar a área livre da escola, com exceção dos
alunos do Maternal, mantidos em sua área exclusiva.
Nesses momentos eles brincam livremente, enquanto
5
Como o termo Behavior Setting será muito repetido nessa parte do estudo,
eventualmente poderá ser substituído pelas iniciais BS, ou simplesmente pela
palavra setting.
algumas auxiliares se revezam em olhá-los, pouco
interferindo nos brinquedos. Nos casos descritos a
seguir, todas as pessoas podem ser substituídas sem
alteração do funcionamento dos settings.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: boas condições para seu desenvolvimento,
exercício do convívio social, aprendizagem de rotinas e
normas, usufruto de um período de atividade-livre fora da
sala de aula e sem orientação de professores.
Pais: deixar os filhos em uma escola na qual confiam.
Professoras: nesse momento as professoras descansam
um pouco, raramente participando das atividades, e/ou
preparam o material para a continuidade do trabalho
após o recreio;
Auxiliares de ensino: remuneração, prazer de exercer
sua profissão e ter contato com crianças, oportunidade
de realizar trabalho leve e ao ar livre.
Equipes administrativa e manutenção: remuneração,
prazer de exercer a profissão.
FANDANGO - 19
Pesquisadora: poder observar o comportamento das
crianças e o desenrolar do setting a fim de obter material
para o trabalho pretendido.
(i) Behavior Setting Externo 1: ESCONDE-ESCONDE
Ambiente:
O pátio descoberto tem piso cimentado pintado na cor
verde, e é definido pelas paredes laterais das antigas
residências, o muro frontal e a porta do pátio coberto
(grade, aberta durante todo o período observado). Numa
das paredes há um mural pintado com motivos infantis, e
em outra existem portas e janelas. Aproximadamente no
centro existe uma árvore (a única da escola) guarnecida
por meio fio de alvenaria. Em um canto existem tambores
de lixo nas cores indicadas pela coleta seletiva, usados
modo de estimular as crianças a fazê-lo.
Cena típica:
Meninos e meninas correm e se escondem por toda a
área.
Limite temporal:
Das 9:50 às 10:10 horas.
Limite espacial:
Toda a área do pátio descoberto.
Componentes humanos:
11 crianças (7 meninas e 4 meninos) com idade entre 6 e
7 anos, 1 assistente de ensino (não próxima, mas atenta
às atividades)
Componentes não-humanos:
Árvore, tambores de lixo.
Programa básico (resumido):
As crianças brincam e a assistente as observa.
Inicialmente todos se reúnem e definem as regras: não é
permitido sair do pátio descoberto (indicam os limites);
enquanto os outros 10 se escondem, um deles conta de
0 até 30, de olhos fechados e rosto voltado para a árvore;
ao terminar de contar abre os olhos e procura, tendo que
afastar-se do tronco ao menos 2 metros (área indicada
no piso); quando vir alguém grita (“Achei!!!”); ambos
correm até a árvore; se a pessoa que estava escondida
chegar primeiro, ganha imunidade; se o pegador atingir
primeiro a árvore, aquela criança ficará no seu lugar na
próxima rodada (caso seja a primeira a não conseguir
faze-lo); crianças que tenham imunidade poderão ajudar
uma outra (também escondida), atingindo a árvore em
seu lugar, caso se toquem as mãos após a segunda ser
encontrada. A rodada termina quando o último escondido
for encontrado. Começa então nova rodada.
Hierarquia de posições:
As crianças foram participantes ativos, revezando-se na
função de líder (pegador) e funcionário ativo (quem se
escondia). A assistente comportou-se como espectadora,
embora em certo momento tenha assumido o papel de
funcionário ativo (não do jogo, mas da escola). O
pesquisador foi espectador da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas nessa brincadeira é 4, a
assistente e 3 crianças (1 pegador e 2 se escondendo,
para poder haver disputa), mas mesmo assim, o jogo não
seria tão interessante, por falta de competidores.
Provavelmente, o número máximo pode ser muito maior
que o observado, embora também possa significar muito
tumulto, devido ao excesso de crianças correndo e
gritando.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Para as crianças, acrescentar o exercício físico e
convívio social, (sobretudo o aprendizado de normas).
Sistemas auto-reguladores:
FANDANGO - 20
Durante a brincadeira 1 menino e 1 menina se
esconderam (juntos), atrás de um dos tambores de lixo
(não muito grande). Logo que a contagem acabou e o
pegador abriu os olhos, os viu e gritou. Ao correrem para
“salvar sua vida” eles derrubaram o tambor (problema).
Os 2 logo pararam (reação), enquanto o pegador
continuava a correr e bateu na árvore. A assistente ouviu
o barulho e dirigiu-se ao local (mecanismo sensor).
Notando que não havia problema, ajudou (mecanismo de
execução) a erguer o tambor para colocá-lo no lugar
(mecanismo de manutenção contra-desviante), voltando
para seu posto. Enquanto isso a brincadeira havia
continuado, algumas crianças conseguindo imunidade e
outras não. Em seguida a rodada acabou. O pegador
(líder) indicou o primeiro menino como novo pegador. Ele
contestou dizendo que não aceitava porque o tambor
havia caído e ele tinha precisado levantá-lo (problema 2).
Então o líder indicou a menina envolvida no caso como
nova pegadora (mecanismo de execução, contra
desviante) que repetiu o argumento (problema 3). Por fim
ele indicou outra menina, a primeira a não ter conseguido
“imunidade” após o incidente (mecanismo de execução,
contra desviante). Essa última também contestou a
decisão (problema 4). A discussão generalizou-se. Para
que a atividade continuasse o grupo resolveu fazer par-
ou-ímpar entre os 4 envolvidos, que ocorreu de dois a
dois. Os ganhadores foram excluídos e os perdedores
disputaram novamente entre si. O perdedor final tornou-
se o novo pegador. Como o grupo resolveu rapidamente
a questão, o incidente parece ser recorrente.
(Em tempo: o novo pegador foi a menina que derrubou o
tambor)
Sinomorfia:
Houve sinomorfia.
Ponto focal de comportamento:
A árvore (ao mesmo tempo local de contagem e de
regresso) e a figura do pegador (mesmo sendo rotativa).
(ii) Behavior Setting Externo 2: “PULAR ELÁSTICO”
Ambiente:
A recreação coberta tem piso em granilite cinza e
paredes caiadas. Há poucas aberturas no local que é
quente e um pouco escuro, exigindo iluminação
fluorescentes, mesmo durante o dia. Na parede de
fundos ficam as portas de várias salas de aula, e a
escada que leva ao pavimento superior. Em outra lateral
ficam os bebedouros. Não há qualquer mobília.
Cena típica:
Meninas brincam pulando elástico, enquanto outras
assistem.
Limite temporal:
Ocorre quase diariamente no horário de recreio.
Limite espacial:
Área de aproximadamente 1,5 x 3,5 m.
Componentes humanos:
13 meninas com idades entre 5 e 9 anos.
Componentes não-humanos:
Alguns metros de elástico.
Programa básico (resumido):
Duas meninas distantes cerca de 3m uma da outra,
prendem o elástico (no corpo), esticando-o. As demais,
em fila, pulam seguindo uma ordem pré-estabelecida de
movimentos (para frente, para trás, girando, etc)
conhecida por todas. Quem erra tem a oportunidade de
tentar mais uma vez. Se voltar a errar na mesma etapa,
sai da competição. Cada vez que o grupo consegue
terminar a sequência, o elástico sobe um pouco,
FANDANGO - 21
aumentando a dificuldade da tarefa, que re-inicia até só
restar uma vencedora.
Hierarquia de posições:
Todas as meninas são participantes ativos. A platéia e a
pesquisadora foram apenas espectadores da ação.
Possibilidade de substituição de pessoas:
Todas as pessoas poderiam ser substituídas.
Número de pessoas:
Para haver competição, o número mínimo de pessoas é
02, sendo o elástico “segurado” por dois objetos
idênticos, como cadeiras (no horário de saída o BS
repetiu-se, usando esse formato). No caso de uma
criança brincando sozinha, a competição não
aconteceria, podendo a situação configurar-se como um
treino.
O número máximo de participantes é difícil de ser
calculado.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Além das costumeiras, para as meninas envolvidas há a
possibilidade de exercitar sua coordenação motora
ampla, a convivência social e o aprendizado de regras
complexas.
Sistemas auto-reguladores:
Quando o elástico estava a meia altura, uma das
meninas (6 anos) tropeçou e caiu (problema). Várias das
participantes se aproximaram rapidamente (mecanismo
sensor). Uma das maiores ajudou-a a levantar-se
(mecanismo executor) e levou-a para passar água no
joelho que ficou arranhado. Todas continuaram a brincar.
Sinomorfia:
Como a altura de colocação do elástico vai mudando, o
desafio é, com certeza, mexer com a sinomorfia. No
início, praticamente todas as participantes estão a
vontade, de modo que o jogo acontece sem problemas.
Quanto mais o elástico sobe, mais difícil é participar, de
maneira que, ao final, só estão brincando as mais altas
ou as mais ágeis e flexíveis.
Ponto focal de comportamento:
O comportamento estava focado no próprio grupo, e no
elástico enquanto desafio a ser superado.
2.10- COMPORTAMENTO EM ÁREA INTERNA
Nesse caso, como nos BS apresentados a seguir a
localização (sala de aula) e os elementos humanos e não-
humanos são os mesmos (ou muito semelhantes), inicialmente
serão descritos o ambiente, as pessoas e a satisfação
proporcionada pelos settings. Também é importante salientar
que, a título de exemplo, serão descritos apenas 2 entre os
muitos BS observados (Figuras 12 a 14).
As pessoas
:
A turma do Jardim 1 da escola Fandango é composta por
21 crianças com idade entre 4 e 5 anos, sendo 13
meninas e 8 meninos, embora nesse dia fossem 19, pois
duas menina faltara à aula. A professora conta com uma
auxiliar, que atendem duas turmas vizinhas. Quanto à
possibilidade de substituição, nas situações estudadas
todas as pessoas podem ser substituídas, embora a
função de professora seja exigido preparo profissional.
FANDANGO - 22
O ambiente:
A sala de aula do Jardim 1 fica localizada quase ao
centro do lote, entre a sala de informática, o playground e
o refeitório. Ela mede 25,50m2, tem uma porta voltada
para o corredor interno e duas janelas (1,50 x 1,00m)
posicionadas em paredes ortogonais entre si. Portas e
janelas são pintadas na cor azul (Figura 12: Planta baixa
ambientada da sala do Jardim 1).
No local há seis (6) mesinhas quadradas (lado de .90 cm
e altura de 40cm) 3 24 cadeirinhas (quatro cada uma
mesa, já que no período vespertino há 24 alunos na
classe). Existem 02 armários em madeira com material
didático e jogos colocados ao fundo, e vários murais e
enfeites de papel nas paredes. Numa das paredes
maiores (sem janela) fica um quadro negro (medindo ,90
x 1,70m). Há, ainda, uma carteira tradicional em madeira
colocada junto à parede. A sala é pintada com tinta
lavável cor bege, e tem barra em esmalte sintético cor
amarela (clara) até a altura de a,5m. Sobre as paredes
são fixados alguns trabalhos das crianças. No teto
existem 2 ventiladores e 4 luminárias com uma lâmpada
fluorescente cada. Sob uma janela ficam ganchos em
madeira para pendurar as lancheiras e, abaixo delas são
colocados os outros pertences das crianças.
FIGURA 12- Planta Baixa da sala de aula/atividades do Jardim 1
.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: possibilidade de freqüentar uma escola que
proporcione boas condições para o seu desenvolvimento,
exercitando o convívio social, aprendizado de rotinas e
normas, e desenvolvendo cognição, psicomotricidade,
afetividade, hábitos de higiene, linguagem, etc.
Pais: deixar seus filhos numa escola na qual confiam.
Professoras: remuneração, bom ambiente de trabalho,
prazer de exercer sua profissão e trabalhar com crianças.
FANDANGO - 23
Equipes administrativa e de manutenção: remuneração,
prazer de exercer a profissão.
Pesquisadora: poder observar o desenrolar dos setting a
fim de obter material para o trabalho pretendido.
(i)Behavior Setting Interno: SESSÃO DE VÍDEO
(Figura 13)
observação inicial: como no dia da observação estava
havendo uma faxina na videoteca, o televisor (com vídeo
acoplado) foi deslocado para a sala de aula.
Cena típica:
Sentados no chão as crianças assistem a um filme,
enquanto a professora comenta detalhes e maneja o
equipamento.
Limite temporal:
Nesse dia, entre 10:45 e 11:15 horas.
Componentes humanos:
1 professora (que dirige os eventos), 21 crianças (alunos)
Componentes não-humanos:
Televisão, vídeo, fita de filme infantil (desenho animado),
controle remoto, colchonetes, almofadas, cadeira da
professora.
Programa básico (resumido):
A professora explica rapidamente o filme que as crianças
irão assistir, depois coloca a fita. As crianças assistem,
participando ativamente, sugerindo ações para os
personagens e manifestando-se face ao que acontece na
tela. Se há algum comentário especial, a professora
interrompe a projeção, conversa, volta as imagens e
recomeça a sessão. O filme será comentado/retomado
em várias ocasiões durante a semana
Função pedagógica:
Promover a atenção concentrada, incentivar as crianças
a contar uma estória com começo meio e fim, identificar
personagens e discutir o comportamento dos mesmos.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder único e crianças
como participantes ativos. O pesquisador foi espectador
da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas é 3 (a professora e 2
alunos, para que ocorra alguma conversa entre eles),
embora a atividade ficasse menos rica do que com um
grupo maior.
Sendo 24 alunos o máximo que a sala comporta
(indicado pelas as mesinhas e cadeiras, que não
participaram desse BS) o máximo de integrantes do BS
seriam 25 (os 24 e a professora), embora, a sala admita
mais crianças sentadas no chão.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Repetem-se as citadas no início, destacando-se, para as
crianças: a atividade lúdica de assistir a um desenho
animado com animais.
Sistemas auto-reguladores:
As crianças haviam terminado e recreio e estavam muito
animadas. Logo que o filme começou se empolgaram
muito, comentando as cenas e imitando os animais,
principalmente um galo, que cantou o filme inteiro. Cada
vez que ele aparecia elas aplaudiam e participavam.
Houve tanta interrupção que o tempo tornou-se reduzido
para que a fita acabasse normalmente (problema). A
professora notou, pois olhou várias vezes para o relógio
(mecanismo sensor). Para não interromper a atividade,
deixando o resto do filme para outro dia (ou, talvez,
devido à presença da pesquisadora), ela (mecanismo
executor) resolveu contar um pouco do que aconteceria e
adiantar a fita (mecanismo de manutenção, contra-
FANDANGO - 24
desviante). Com isso parece que as crianças gostaram
ainda mais da atividade, porque a imagem começou a
passar rápido, e o desenho ficou ainda mais engraçado.
Sinomorfia:
Como a televisão foi colocada sobre uma mesinha e as
crianças estavam sentadas no chão, notou-se que a
posição das cabeças não era a mais adequada, embora
ninguém tenha se queixado.
O tempo total para a atividade também não foi suficiente
(ver item anterior).
Ponto focal de comportamento:
O filme.
FIGURAS 13 e 14 –Sala de aula/atividades do Jardim 1 durante
os behavior settings “Sessão de vídeo” e “Pedaço de bolo”
(ii) Behavior Setting Interno: “PEDAÇO DE BOLO” (
Figura 14)
Cena típica:
As crianças trabalham com isopor, papel, tinta e
massinha, auxiliadas pela professora e pela assistente.
Limites:
Acontece ao algumas vezes no semestre, sempre antes
do recreio, entre 14:30 e 15:30 horas.
Componentes humanos:
1 professora, 21 crianças (alunos), 1 assistente.
Componentes não-humanos:
mesinhas e cadeiras das crianças, papel sulfite branco,
tinta guache, pincéis, massinha.
Programa:
As crianças estão sentadas nas mesinhas usando seus
aventais plásticos para proteger a roupa. A professora
mostra a elas figuras de fatias de bolo retiradas de revista
e as comenta. Depois ela e a assistente distribuem
pedaços de isopor previamente cortados no formato
triangular e enrolados com papel sulfite (re-utilizado). A
tinta, os pincéis e a massinha também são distribuídos
pela assistente e colocados sobre as mesinhas. A
professora explica que aqueles triângulos são “fatias de
bolo”, e cada criança irá fazer a sua, primeiro pintando o
papel com as cores que quiser e depois enfeitando o bolo
com a massinha. As crianças começam a trabalhar. A
professora e a auxiliar as acompanham. Os primeiros que
terminam a tarefa são liberados para o recreio. Quando
todos acabam, a auxiliar limpa a classe.
Função pedagógica:
Desenvolvimento da psicomotricidade fina, distinção e
seleção de cores compatíveis com o tema geral (nesse
dia foi o bolo, mas pode envolver frutas, flores,
brinquedos, etc)
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder única, a assistente
como funcionária ativa, e as crianças foram participantes
ativos. O pesquisador foi espectador.
Número de pessoas:
FANDANGO - 25
O número mínimo de pessoas seria 2 (a professora e 1
aluno, não sendo necessária auxiliar), e o máximo 26 (as
24 crianças que a classe comporta, 1 professora e 1
assistente).
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Os mesmos citados no começo, ressaltando-se, para as
crianças, desenvolver habilidades psicomotoras e
cognitivas, e exercitar o reconhecimento e representação
de uma realidade já conhecida (mesmo que de modo
lúdico).
Sistemas auto-reguladores:
Uma das meninas queria fazer uma bolo de chocolate
enfeitado com morangos para levar para a avó. Mas,
como demorou muito pintando o papel com tinta marrom,
a massinha vermelha que havia na mesa acabou
(problema), pois uma outra menina havia feito um bolo
branco cheio de morangos encima. As duas começaram
a discutir e a primeira começou a chorar (reação). A
professora (mecanismo sensor) logo aproximou-se para
entender o que estava havendo. Para contornar o
problema resolveu fazer uma espécie de mercado de
trocas (mecanismo executor). Perguntou que
cores/sabores de massinha/cobertura estavam sobrando
nas mesas e propôs que as crianças as trocassem entre
si (mecanismo de manutenção contra-desviante). A
menina acabou trocando uma porção de fio de ovos
(amarelo) por dois moranguinhos (um dos quais trocados
com a primeira colega), e colocando também um pouco
de marshmallow na cobertura.
Sinomorfia:
Houve sinomorfia entre a estatura das crianças e as
mesinhas e cadeiras existentes. A professora também
acomodou-se adequadamente, mas não há cadeira para
a auxiliar, que sentou-se em uma das cadeirinhas que
sobraram (24 para 21 alunos) para ajudá-los na tarefa,
mostrando-se muito mal acomodada, não-sinomorfia
(pernas muito dobradas e costas curvadas). Ela foi a
única afetada pelo problema e aparenta estar ciente da
dificuldade. A solução é a colocação de outra cadeira
para adultos no local, ou a existência de alguma em área
intermediária, que possa ser deslocada para a classe
quando necessária.
Ponto focal de comportamento:
O trabalho realizado (aliás, fuçou muito interessante,
embora tenham sido feitas muitas fatias de bolo além da
imaginação, diferentes daquela aqui descrita (bolo azul
decorado com amarelo e vermelho; bolo verde e preto,
decorado com branco; e similares, sendo todos os
ingredientes bem explicados pelos respectivos
“cozinheiros”).
3- AVALIAÇÃO DOS AMBIENTE A PARTIR DA
PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
Observação inicial: todos os gráficos apresentados nesse item foram
extraídos das tabelas que encontram-se no item 5 desse relatório.
3.1- CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS / RELAÇÃO
CASA-ESCOLA
Os questionários foram aplicado a 30 pais/responsáveis
6
,
15 professores/ assistentes e 10 funcionários, amostra
6
Dentre os 30 pais/responsáveis foram entrevistados: 18 mães, 9 pais e 3 responsáveis,
dos quais 2 avós e 1 tia. Todos moravam com as crianças.
FANDANGO - 26
considerada representativa em relação ao universo existente (25
educadores, 10 funcionários e pais/responsáveis relativos a 450
alunos). A maioria dos respondentes foi de mulheres (71,7%),
sendo predominantes as faixa etárias dos 31 aos 40 anos
(43,6%) e até 30 anos (30,9%). A média de idade foi 35,3 anos,
numa variação de 23 a 63 anos, sendo que os dois extremos da
escala correspondem à pais/responsáveis (Gráfico 2).
Quanto ao tempo de contato com a escola, cerca de 74%
desses adultos frequentam o local no máximo a 4 anos (sendo
43,6% entre 3 e 4 anos, e 30,9% menos de 2 anos) - (Gráfico 3).
No que se refere ao local de moradia, foi feito um
levantamento dos bairros de procedência dos respondentes,
verificando-se grande variedade, com predominância para áreas
definidas como mais distantes (41,8%) e próximas (40%) com
relação à escola (Gráfico 4). As residências dos pais/crianças
concentram-se em bairros mais próximos da instituição (66,7%)
enquanto professores e funcionários habitam bairros distantes
(respectivamente 73,3% e 80%).
Quanto, especificamente, às crianças, o tipo de habitação
predominante é a casa térrea (70%) em detrimento do
apartamento (30%) - (Gráfico 6), o que é condizente com a área
abrangida, tipicamente ocupada pela classe média.
GRÁFICO 2:
Gênero dos respondentes
GRÁFICO 3:
Faixa etária dos respondentes
GRÁFICO 4: Tempo de contato com a escola
FANDANGO - 27
O meio de transporte casa-escola mais utilizado é o
ônibus/alternativo (45,5%), seguido por automóvel (32,7%) -
(Gráfico 5). Detalhando-se esses índices a partir da categoria
dos respondentes, verifica-se que a maior parte das crianças
utiliza automóvel ou chega à escola à pé (53,3% e 36,7%
respectivamente), enquanto funcionários e professores utilizam
majoritariamente o ônibus/alternativo (80% e 100%).
GRÁFICO 4: Bairro de moradia – distância casa escola
GRÁFICO 5:
Meios de transporte casa-escola
GRÁFICO 6:
Moradia da criança
Uma questão tratada apenas com os pais/responsáveis
relacionou-se aos elementos que os influenciaram a escolher
essa escola em particular (Gráfico 7
7
) sendo as respostas mais
freqüentes: proximidade da residência (apontada por 63,3% dos
respondentes), método de ensino e preço/valor da mensalidade
(ambos 30%). O espaço físico disponível foi citado por apenas
10% dos adultos, configurando-se como um aspecto menos
importante para esse grupo.
7
Como um respondente podia apontar vários motivos, os percentuais indicados
referem-se a quantas pessoas citaram aquele aspecto, e não ao total de respostas obtidas.
FANDANGO - 28
GRÁFICO 7: Elementos que influenciaram a escolha da escola
3.2- A OPINIÃO DOS ADULTOS
(pais, professores e funcionários)
3.2.1. Como os adultos percebem o ambiente escolar
Mencionando-se apenas os elementos citados por mais
de 20% dos adultos respondentes, a Limpeza (31,7%), a Quadra
(23,3%) e a Organização (21,7%) são os elementos apontados
como atendendo sua função (Gráfico 8). No detalhe, verifica-se
alguma diferença de opinião entre os 3 grupos de adultos, pois
enquanto os professores valorizam os itens supracitados, os
funcionários acrescentam como ponto positivo a localização
(30%) e os pais ressaltam a importância do Maternal ficar em
prédio isolado (20%). Saliente-se, ainda, que 18,3% das
respostas foram “tudo”.
Com relação aos elementos que não-atendem bem sua
função, tal otimismo diminuiu para a metade (apenas 10,9% de
respostas “nada”), sendo apontados como deficientes: a
temperatura (25,5%), o lay out (21,8%), o piso (20%), a
existência de muitos degraus internos (20%), e, ainda, o
tamanho das Salas de Aula (18,2% as considera pequenas) -
(Gráfico 9). Quanto à opinião dos grupos de usuários, nota-se
que, além destes itens majoritários os pais referem-se à
dificuldade de estacionamento (26,7%), os professores
enfatizam a área verde (25%) e a sala de professores (35%), e
os funcionários explicitam a inexistência de um espaço
específico para seu descanso (55,5%).
Observa-se, ainda, uma preocupação generalizada com
o tamanho dos cômodos, pois, se forem somados todos os itens
relativos ao dimensionamento das áreas internas (Sala de aula
pequena, cômodos pequenos, cozinha pequena, playground
pequeno), o percentual de ocorrência atinge 30%.
GRÁFICO 8: Elementos do espaço físico que atendem sua função
GRÁFICO 9: elementos do espaço físico que não-atendem sua função
FANDANGO - 30
Também a temperatura interna é discutível, pois a soma
dos diversos itens envolvidos (calor, ventilação, sala de aula
quente) representa um índice maior que 35%, indicando a
necessidade de uma atuação mais efetiva no sentido de
amenizar as condições existentes.
3.2.2. Satisfação/Insatisfação
(Gráficos 10)
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA SATISFAÇÃO DECLARADA
(questão específica): “8,55”, variando entre 8,42 (pais) e 8,83
(professores), indicando uma pequena variação de opiniões
entre os grupos, uma vez que o desvio padrão é pequeno (0,50).
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA AVALIAÇÃO DOS ITENS
PROPOSTOS (média dos valores atribuídos aos diversos itens):
“7,68”, sendo os pais os mais rigorosos (7,0) e os funcionários
os menos críticos (8,20). Saliente-se que, embora a maioria das
“modas”, em base 4, seja igual a 3, as diferentes médias
justificam-se em função da diversidade do desvio-padrão em
cada item.
a) – Escola como um todo
AVALIAÇÃO DOS ITENS
(Gráficos 10 )
No conjunto, verifica-se a grande variação na valoração
dos itens, cuja média geral oscila entre 9,3 (material de piso) e
3,7 (arborização/vegetação) - (Gráfico 10).
De modo geral alguns elementos foram avaliados como
excelentes (score médio superior a 8,5), como seja, além do
supra citado, material de paredes (9,0), segurança incêndio, uso
de cores e localização (todos 8,8). Por outro lado, o item
arborização/vegetação foi o que obteve menor avaliação (3,7 –
aliás, o menor score médio de toda a pesquisa) .
Analisando as opiniões dos grupos de usuários vários
dos números e posições de ranking da análise geral repetem-se,
embora verifiquem-se consideráveis variações de opinião em
alguns aspectos.
Em termos de maiores satisfações, além dos itens melhor
avaliados em termos gerais, pais/ responsáveis valorizaram,
ainda, a aparência interna (9,0 ); os professores acrescentaram
a Qualidade dos brinquedos do playground (8,8); e os
funcionários indicaram banheiros para alunos e estacionamento
(ambos 9,3), esse último paradoxalmente em desacordo com
sua opinião anterior quanto aos aspectos que menos atendem
às necessidades dos usuários.
FANDANGO - 31
Por sua vez, além da arborização/vegetação (3,7), os
aspectos pior avaliados pelo grupo como um todo foram a
quantidade de área Livre e a Dimensão dos Cômodos como um
todo (ambos 6,4) e a Localização do Playground (6,6).
Complementando essa lista, os pais salientam, ainda, o item
Condições de Conforto (5,2).
b) – Sala de aula (Gráfico 11)
No que se refere à sala de aula a situação da escola
Fandango mostra-se muito mais complexa, uma vez que, apesar
do score médio ser 6,5, as média individualizadas dos itens
oscila entre 8,3 e 4,3, e várias dos scores por categoria de
usuários atingiram faixas mínimas.
Assim, os aspectos melhor avaliados pelo grupo foram
material de piso (8,3) e aparência (8,1), enquanto os pior
avaliados foram ventilação (4,3), interferência dos ruídos
externos á sla mais internos à escola (4,6), temperatura (5,3) e
dimensão da sala de aula (5,8).
Observando-se o conjunto dos dados em função do
vínculo dos respondentes verifica-se que, embora bastante
rigorosos com a escola como um todo, os pais foram os menos
exigentes com relação à sala de aula (nenhum score inferior a
6,0). Por sua vez os professores, provavelmente em função da
sua vivência diária no local, foram os mais críticos, avaliando
vários aspectos como deficientes (avaliação inferior a 5,0):
ruídos externos à sala (2,8), ventilação (3,0), dimensão da sala
(4,2) e quantidade de móveis (4,8).
SUGESTÕES:
Entre as sugestões para modificar o espaço físico da
escola destacam-se: ampliar as salas de aula e melhorar o
conforto na mesma (16,7% e 15%, respectivamente), aumentar
os cômodos de uma maneira geral (15%), melhorar a sala de
professores (13,3%) e fazer ajustes no lay out / funcionalidade
(11,7%) - (Gráfico 13).
Como nos itens anteriores, existem diferenças de opinião
entre os grupos de respondentes, embora, nesse caso, as
mesmas sejam relativamente pequenas. Verifique-se que
apenas 5% dos entrevistados não tiveram qualquer sugestão, e
1,7% não responderam.
FANDANGO - 32
GRÁFICO 10: Satisfação ESCOLA COMO UM TODO - por itens
GRÁFICO 11: Satisfação SALA DE AULA - por itens
FANDANGO - 33
GRÁFICO 12: Sugestões de modificações no espaço físico da escola
3.3- O QUE DIZEM AS CRIANÇAS
APLICAÇÃO DA TÉCNICA: contou com a participação de 16
crianças da turma de Alfabetização, havendo o aproveitamento
final de 13 trabalhos
8
, 6 de meninos e 7 meninas.
3.3.1- A sala de aula (Figuras 18)
ÍNÍCIO DA TAREFA: praticamente imediato à sua solicitação.
8
Uma criança amostra precisou sair antes de haver terminado o trabalho, e 2 se
recusaram a desenhar a escola.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: variado, predominando o quadro e as carteiras
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: não houve
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: projeções
bidimensionais (tipo corte); algumas tentativas de
tridimensionalidade.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES: ambiente interno da classe
- Mobiliário: representado com muitos detalhes,
principalmente prateleiras de armários e carteiras (com
elementos sobrepostos). Carteiras de alunos, cadeiras,
FANDANGO - 34
armários e quadro-negro foram itens da mobília
presentes em praticamente todos os desenhos.
- Equipamentos: os mais evidenciados foram os
ventiladores, bastante detalhados (vários em
movimento), demonstrando sua importância para o
grupo. Algumas lâmpadas também foram indicadas.
- Natureza: presente em cerca de 50% dos desenhos de
salas de aula (vasos com flores sobre móveis, árvores
desenhadas no quadro-negro, ou janelas abertas tendo
ao fundo uma paisagem).
- Elementos humanos: cerca de metade dos trabalhos
contiveram elementos humanos, alguns desenhados com
traços rápidos, e outros detalhados. Em vários casos o
caráter projetivo ficou bem evidente, tendo sido indicados
no desenho a professora, alunos (alguns nomeados) e
até o próprio desenhista (4 casos). A maioria das
pessoas foi representada na posição vertical, em pé.
- Cores: A maioria utilizou várias cores, sendo mais
comum o uso de 4 cores. Além disso, 3 alunos utilizaram
todas as cores disponíveis, e 2 usaram apenas duas.
Mais usados: marrom, azul e vermelho;
Pouco utilizado: roxo.
ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência) carteiras,
ventiladores, janelas, quadro e armários.
LOCAL MAIS APRECIADO: supreendentemente a porta é a
favorita, acompanhado das carteiras e do lugar-da-estorinha.
ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: temperatura (chamada “calor”
ou “quentura”, termo regional); o barulho dos ventiladores (que
atrapalha)
“LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): Os que responderam falaram
nas carteiras e no local que colocam as lancheiras.
SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO NA CLASSE: os
comentários giraram em torno de aumentar o tamanho da
mesma, diminuir o “calor”, colocar ar condicionado, colocar
armários individuais para o material e aumentar os brinquedos.
3.3.2- A escola (Figuras19)
ÍNÍCIO DA TAREFA: Vários demoraram a iniciar a tarefa.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: A maioria começou pelo muro frontal.
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: muro,
playground, árvore, telhado
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: difícil
compreensão do conjunto
FANDANGO - 35
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: vários
representaram a escola em fachada, como uma foto.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES:
- Elementos arquitetônicos mais representados: (nessa
ordem) o muro, grades, portão de entrada e telhados
- Mobiliário e Equipamentos: quase não mencionados.
Apenas 2 crianças colocaram o playground.
- Natureza: Arvores, sol e nuvens estão presentes em
60% dos trabalhos, enquanto flores, frutos e pássaros
são encontrados em cerca de 30% dos mesmos.
- Elementos humanos: a presença humana se restringiu a
2 desenhos, representada através de traços rápidos.
- Cores: A maioria usou entre 4 e 6 cores, preferindo, em
ordem: verde, azul, amarelo, vermelho, marrom e rosa.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência)
brinquedoteca, árvore, sala de vídeo.
- LOCAL MAIS APRECIADO: a quadra de esportes foi o favorito,
acompanhado da brinquedoteca e da sala de informática.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: cozinha experimental,
corredores, degraus e cimento verde (piso do pátio descoberto).
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): Não citado.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO: as sugestões ligadas
ao ambiente referiram-se a fazer uma quadra descoberta
com grama ou areia, fazer um jardim, construir uma piscina,
colocar banquinhos para facilitar as brincadeiras, usar mais
cores, e “fazer uma parede só para todo mundo riscar e
deixar um recado para os amigos”.
FIGURA 18 – Quatro desenhos da sala de aula elaborados pelas crianças
FIGURA 19: Desenhos da Escola elaborados pelas crianças
FANDANGO - 36
3.4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como não foi originalmente projetado para escola, de modo
geral o conjunto edificado e seu espaço livre apresenta
problemas, que ocorreram, principalmente, em função do
atendimento ao crescente aumento da demanda. Apesar de ter
sido bem avaliada pelos usuários contatados, e dos pontos
positivos representados por um programa que contempla grande
número de ambientes de apoio-pedagógico, preocupação com
coleta seletiva de lixo, e materiais de acabametno de fácil
manutenção, a avaliação técnica do conjunto não é totalmente
favorável, e vários aspectos relacionados à funcionalidade e ao
conforto precisam ser resolvidos com urgência:
- diminuição da densidade de ocupação das salas
de aula e pátios (por aumento de área ou por
diminuição na quantidade de alunos);
- melhoria das condições de conforto térmico tanto
nas salas de aula quanto nas salas de apoio
pedagógico e nos pátios cobertos;
- ampliação da sala de professores e do local para
descanso/vestiário de funcionários;
- adaptação da edificação a deficientes físicos;
- janelas mais baixas permitiriam maior contato dos
alunos com o exterior e que a ventilação
ocorresse ao nível da criança sentada;
- maior presença da natureza no ambiente escolar.
3.5- TABELAS REFERENCIADAS NO TEXTO
FANDANGO - 37
Abreviaturas utilizadas:
ALPq Área livre pequena Esc Escola
AltJ Altura de janelas e
aberturas
IluA Iluminação
artifical
AmizEqp Amizade equipe IluN Iluminação
natural
ApExt Aparência externa IluN Iluminação
natural
ApInt Aparência interna IndPAm Indicação de
parentes ou
amigos
ArbAL Arborização da área
livre
IndPAm Indicação de
parentes ou
amigos
Arbrz Arborização Loc Localização
ASevç Área de serviço LocPG Localização
playground
AtivDin Atividade dinâmica Masc Masculino
AtivEst Atividade estática MatPa Materiais
paredes
AtivIntem Ativ. intermediária MatPi Materiasi piso
AumSA Aumento sala de
aula
Md Média
Banh Banheiros Med 10 Média base 10
BP Bairro próximo Med 4 Média base 4
BrPG Brinquedos do
layground
MetEns Método de
ensino
BVFunc Banheiro/vestir
funcionários
Mod Moda
ConfSA Conforto na sala de
aula
MoQl Qualidade
móveis
DimC Dimensão cômodos MoQt Quantidade
móveis
DistC Distância Cômodos MsEspç Mais espaço
Estc Estacinamento Nd Nada
Ocup Ocupação SAQte Sala de aula
quente
Ocupç Ocupação Sd Saída
Organiz Organização Sdecl Satisfação
declarada
Out Outros Segç Segurança
PatPq Pátio pequeno SgInc Segurança
incêndio
PG Playground SgRA Segurança risco
acidentes
Piscn Piscina SlA/T Sala
aula/atividades
PreçoAcs Preço acessível SlDesc Sala
desconfortável
Projtda Projetada SMd Satisfação
média
ProxRes Proximidade
residência
SProf Sala
professores
ProxTrab Proximidade
trabalho
Tam Tamanho
QsTd Quase tudo Td Tudo
QtAL Quantidade área
livre
Temp Temperatura
QtJa Quantidade de
janelas e aberturas
ToldJan Toldos nas
janelas
REExE Interferência de
ruídos externos à
escola
TqAreia Tanque de
areia
REExS Interferência de
ruídos externos à
sala
Tt (TT) Total
RImS Interferência de
ruídos internos à
sala
VntN Ventilação
natural
SAEsc Sala de aula escura Vst Vestiário
APÊNDICE 6
ESTUDO DE CASO N. 05
ESCOLA: PASTORIL
PASTORIL 1
1- CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
INSTITUIÇÃO:
Escola Pastoril
1
LOCALIZAÇÃO:
Localiza-se na Rua Padre Raimundo Brasil, bairro de
Nova Descoberta, em área predominantemente residencial, mas
que tem algum comércio e serviços de pequeno porte.
FUNDAÇÃO:
Fundada em 1980, a Escola já funcionou em 3
edificações distintas, mas sempre no mesmo bairro, estando
nesta última desde 1987.
PEQUENA HISTÓRIA:
Segundo a diretora e proprietária, a escola começou
como Jardim de Infância recebendo crianças de 4 a 6 anos. O
1
Esta é uma identificação provisória, visando manter a privacidade da instituição pela
não-repetição de sua razão social ou nome de fantasia. Todas as demais informações
são reais. Por este motivo também não será apresentada foto de fachada, que será
tratada apenas em item específico do volume principal, em conjunto com outros
estabelecimentos.
Agradecimento especial a Ana Luiza Maia, Dennise Tatina, Jamile Moura e Marla
França, alunas do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN, que
participaram da coleta de dados que deu origem a este relato, e às quais são creditadas
as fotos aqui apresentadas, as quais passaram a fazer parte do acervo dessa pesquisa.
passo seguinte foi o atendimento a crianças menores
(Maternais), devido a solicitação dos pais. Apenas nos últimos
cinco anos, essa mesma pressão, gerou o Ensino Fundamental,
iniciando pela primeira série (“Resolvemos ir acompanhando
uma turma e a escola está crescendo junto com eles”, comentou
a direção).
SISTEMA/MÉTODO DE ENSINO ADOTADO:
Progressista, com base construtivista e respeito ao
aluno, seu potencial, ritmo e disponibilidade para aprender.
(diretora)
QUADRO FUNCIONAL:
No seu funcionamento envolve: 22 educadores (04 dos
quais em sistema de 2 turnos; e incluindo 1 prof. de informática e
3 de esportes/educação física) e 9 funcionários (a diretora, 4
pessoas na secretaria, 3 em serviços gerais e 1 vigia).
CRIANÇAS ATENDIDAS:
Atualmente conta com 180 alunos, cujas idades variam
entre 2 e 10 anos, divididos em 2 turnos de quatro horas
(matutino e vespertino, com respectivamente 83 e 97 alunos).
CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DAS TURMAS:
Estão definidas cinco níveis de turmas de pré-escola
(Quadro 1) e 4 de Ensino Fundamental. A divisão das classes é
PASTORIL - 2
baseada na faixa etária das crianças e no seu desenvolvimento,
como seja: Maternal I e II, sensório-motor; Níveis I e II (Jardim),
pré-silábico; Alfabetização, silábico; Escolar, a partir do 1a. série.
QUADRO 1
DISTRIBUIÇÃO DAS TURMAS,
DE ACORDO COM O NÍVEL E O TURNO
NÍVEL * IDADE TURMAS POR TURNO TOTAL
das
crianças
MANHÃ
turmas
(alunos)
TARDE
turmas
(alunos)
(turmas)
Maternal 1
Menos de
3 anos
1 (8) 1 (8)
2
Maternal 2
3 anos 1 (12) 1 (11)
2
Nível 1
4 anos 1 (12) 1 (11)
2
Nível 2
5 anos 1 (11) 1 (14)
2
Alfabetização
6 anos 1 (13) 1 (10)
2
1a. série
7 anos 1 (15) 1 (11)
2
2a. série
8 anos 1 (12) 1 (10)
2
3a. série
9 anos - 1 (10)
1
4a. série
10 anos - 1 (12)
1
TOTAL 7 (83) 9 (97) 16
A quantidade de crianças em uma turma é definida
segundo um critério de densidade que envolve número de
crianças e adultos (professora/auxiliar):
- Maternal: classes com 8 a 12 alunos, com uma funcionária
para auxiliar 2 professoras.
- Níveis 1 e 2: 12 a 14 alunos, com 1 auxiliar para duas turmas.
- Demais turmas: máximo de 20 alunos para 1 professor, e não
há auxiliares diretas.
2- AVALIAÇÃO TÉCNICA DO ESPAÇO FÍSICO
2.1. IMPLANTAÇÃO / OCUPAÇÃO DO LOTE (Figura 1)
ÁREA DO LOTE: 1.520,00m2 (mil quinhentos e vinte metros
quadrados), delimitada por muro de alvenaria com alturas
variadas e grade de ferro (frontal); em alguns trechos a
edificação é colada ao muro (sem recuos).
TOPOGRAFIA: lote plano
VOLUME CONSTRUÍDO: cerca de 860,00m2.
TAXA DE OCUPAÇÃO: 56,5% do lote
ÁREA LIVRE: 34,5% do lote
PERMEABILIZAÇÃO: 17,6% da área permanece permeável.
RECOBRIMENTO DA ÁREA PERMEÁVEL / VEGETAÇÃO:
areia branca “solta” e alguma vegetação rasteira (esparsa). A
PASTORIL - 3
vegetação de maior porte (árvores em vários estágios de
desenvolvimento) está concentrada no playground.
VIZINHANÇA:
Residências e pequeno comércio/serviços composto por
padaria, farmácia, academia de ginástica e salão de beleza. É
nessa vizinhança que habita a maior parte dos alunos.
2.2- DENSIDADES:
Em termos de área per capta, verifica-se:
- SALAS DE AULA: cerca de 1,0m2/criança
2
, sendo:
o Maternal: aproximadamente 2,2m2/criança
3
o Jardim: cerca de 1,2m2/criança
4
o Alfabetização e demais: aprox. 0,9m2/criança
5
- PÁTIOS COBERTOS: cerca de 0,56m2/criança
6
- ÁREA LIVRE: 4,3m2/criança
7
(a maior parte em playground).
2
Soma de todas as áreas de sala de aula/atividades dividida pelo número de alunos em
um turno (97).
3
Salas com área aproximada de 22 m2, comportando até 10 crianças.
4
Salas com área aproximada de 18m2, comportando cerca de 15 crianças.
5
Salas com 18,5m2, comportando 20 crianças.
6
Os pátios cobertos (pátio e 2 esperas) somam 85,00m2, precisando, caso necessário,
comportar simultaneamente as 97 crianças do turno mais ocupado.
7
Considerou-se área-livre todo o espaço não-construído do terreno, somando setores
permeáveis e não-permeáveis, e excluída a área da piscina, o que corresponde a
aproximadamente 425,00m2, divididos pelo número máximo de crianças em um turno
(97).
2.3. CARACTERIZAÇÃO DO VOLUME EDIFICADO
(Figuras 1 e 2)
2.3.1- Partido Arquitetônico
O partido adotado reflete a antiga residência (em estilo
modernista), com platibanda reta e pé direito reduzido (2,6m na
área antiga).
O projeto arquitetônico apresenta a forma aproximada de
uma letra “E” invertida, definindo dois pátios entre a área
construída, o primeiro dos quais ocupado pela piscina. A linha
vertical (maior) volta-se para oeste, em lateral com pequeno
recuo. A outra lateral do lote é constituída por área livre
arborizada ocupada pelo playground, definindo um grande recuo
que facilita a penetração dos ventos Sudeste. Apesar disso há
salas com problemas de conforto, sobretudo as localizadas na
área íntima da antiga residência (quartos e banheiros).
A última reforma/ampliação acrescentou a ela um
pavilhão colado ao muro frontal (destinado ao apoio da piscina e
a um local coberto de espera), e um bloco com 6 salas, a quadra
de esportes e o pátio coberto, sem recuo com relação ao muro
de fundos. A preocupação com a estética é evidente, tanto pelo
uso das cores quanto pela comunicação visual e os elementos
decorativos presentes por toda a escola.
PASTORIL 4
LEGENDA
1- Espera
2- Direção
3- Secretaria
4- Sala de professores
5- BWC Prof/func
6- Depósito
7- Área de serviços
8- Almoxarifado
9- Sala aula/atividades
10- Banheiro infantil
11- Depósito brinquedos
12- Biblioteca
13- Sala aniversários
14- Sala lanches
15- Sala informática
16- Sala de artes
17- Sala ciências /
coord. pedagógica
18- Cantina
19- Pátio coberto
20- Quadra
21- Playground.
22- Pátio descoberto
23- Piscina
24- Terraço
25- Circulação coberta
FIGURA 1 – Escola Pastoril: Locação e Planta Baixa
PASTORIL 5
FIGURA 2 – Escola Pastoril : Corte Esquemático
2.3.2- Aspectos Construtivos
A edificação é térrea e utiliza grande variedade de materiais e
sistemas construtivos, embora todos sejam simples.
Estrutura:
convivem no local estrutura em concreto apoiando
lajes pré-moldadas (maior parte da área construída),
estrutura em madeira aparente (quadra e pátio coberto) e
estrutura metálica (alguns detalhes).
Cobertura:
alia telha cerâmica tradicional (telhados em 2
águas com inclinação de 25%), telhas de cimento amianto e
telhas de alumínio.
Vedações:
alvenaria de tijolos cerâmicos e elementos
vazados (cobogos).
Revestimento das paredes internas:
- Banheiros, cozinha e cantina contam com revestimento em
azulejo 15x15cm em cores claras;
- paredes internas pintadas, a metade superior com tinta
lavável branca, e a inferior com esmalte sintético azul claro;
- no quarto de descanso e Maternal é utilizada faixa com
motivos infantis, em papel de parede impermeabilizado;
- nas salas da administração as paredes são simplesmente
pintadas com tinta lavável branca.
Revestimento das paredes externas:
- pintura PVA-latex nas cores azul e branca.
Piso interno:
- Em função do re-aproveitamento da antiga residência,
verifica-se grande variedade de materiais de piso,
envolvendo granilite de alta resistência (quadra e pátio
coberto), cerâmica (área úmida e a maior parte das salas de
aula e circulações) e carpete (sala de vídeo, descanso).
Piso externo:
Observa-se quatro tipos de tratamento: cimento queimado,
pedra lixada (piscina), areia e grama (área permeável).
Tratamento das aberturas:
- Portas e janelas são de madeira (pintada) ou alumínio
(natural) e fechamento em vidro ou venezianas fixas;
PASTORIL - 6
- Em vários setores o fechamento é feito através de cobogós
de cimento (vários padrões) pintados;
- Algumas das esquadrias são guarnecidas por grades de
ferro pintadas (grafite ou azul).
Instalações elétricas e hidráulicas
: totalmente embutidas
Mobiliário:
confeccionado em materiais variados, desde
madeira maciça, até compensado com aplicação de
revestimento melamínico, elementos metálicos e em PVC.
Equipamento da área externa:
o mobiliário dos parques
infantis é tradicional, industrializado, confeccionado em
madeira e pintados à óleo em cores primárias. Também há
muitos banquinhos de madeira tipo praça, e mesinhas e
cadeiras em PVC,
Estado geral de conservação / manutenção:
excelente.
ÚLTIMA REFORMA: 1995
2.4- PROGRAMA BÁSICO / DIMENSIONAMENTO
SETORES:
O programa da escola (ver cômodos/dimensionamento no
Quadro 2) está subdividido em 05 (cinco) setores básicos,
interligados por circulações: Administração, Pedagógico, Apoio
Pedagógico, Serviços e Área externa/lazer (coberta e
descoberta).
CÔMODOS SUB-DIMENSIONADOS:
Circulação do bloco de entrada (estreita), sala de
professores, biblioteca, cantina, algumas salas de aula
(pequenas para a quantidade de alunos).
CÔMODOS AUSENTES:
Falta uma sala de reuniões que acomode um grupo
grande, e um espaço para o descanso dos funcionários.
CÔMODOS SUPER-DIMENSIONADOS: não verificou-se.
PASTORIL - 7
QUADRO 2
PROGRAMA AGRUPADO EM SETORES E ÁREA OCUPADA
SETOR AMBIENTES QUANT ÁREA
(m2) aprox
ADMINISTRÇ.
Espera
Diretoria
Secretaria
Sala de professores
Banheiro prof. e func.
02
01
01
01
01
113,00
SERVIÇOS
Depósito
Área de serviços
Almoxarifado
02
01
01
30,00
PEDAGÓGICO Salas Aula/Atividades
Banheiros infantis
09
08
210,00
APOIO
PEDAGÓGICO
Biblioteca
Sala de aniversário
Sala lanche (maternal)
Sala de informática
Sala de Artes
Cantina
SalaCiências/CoordPed.
01
01
01
01
01
01
01
190,00
ÁREA EXTERNA
COBERTA
Pátio coberto (galpão)
Quadra
01
01
157,00
ÁREA EXTERNA
DESCOBERTA
Playground
Pátio descob. (central)
Piscina
01
01
01
525,00
CIRCULAÇÕES COBERTAS
160,00
2.4- FUNCIONALIDADE
2.4.1- ACESSO/ESTACIONAMENTO
A entrada principal da escola acontece pela Rua Pe.
Raimundo Brasil, condicionando um fluxo de alunos (e,
eventualmente, pais) que cruza praticamente toda a edificação
antes de atingir as salas de aula ou a área livre interna. A
identidade da instituição é garantida pela cor forte aplicada na
fachada, que contrasta com a vizinhança (tons pastéis). A escola
não dispõem de vagas de estacionamento.
2.4.2- ZONEAMENTO (Figura 3):
O setor administrativo ocupa a entrada da escola,
exercendo a dupla função de cuidar de suas tarefas específicas
e fiscalizar a entrada/saída de crianças, de modo que a
permanência na área do recuo frontal, incluído as salas de
espera é proibida durante o horário de aulas, só podendo
ocorrer no início ou final das atividades.
O setor pedagógico ocupa todo o restante do bloco, no
qual misturam-se também o apoio pedagógico e os serviços. O
espaço de lazer/esportes, por sua vez, encontra-se totalmente
concentrado na lateral Sudeste.
PASTORIL - 8
LEGENDA
Pedagógico
Apoio Pedagógico
Circulação
Administração
Serviços
Lazer descoberto (área permeável)
Lazer descoberto (controlado)
Lazer coberto
FIGURA 3 – Escola Pastoril : Zoneamento da área construída
Apesar da setorização há problemas na funcionalidade,
sobretudo pelo cruzamento de fluxos. A centralidade da cantina
aparenta ser um dos maiores problemas pois a mesma está no
centro do complexo e abre-se para o estreito corredor interno,
modo que quando a quantidade de crianças aumenta, a
circulação no entorno torna-se extremamente difícil.
2.4.3- CIRCULAÇÕES
Um ponto preocupante são os corredores da antiga
residência que são estreitos, tortuosos, escuros e com degraus,
sobretudo em se considerando que compõem a entrada principal
da escola, sendo usados por todos os alunos. Para facilitar a
orientação interna, que ocorre a partir dessa circulação
deficiente, foi implantada uma comunicação visual atraente, que
ameniza a situação pelo uso de cores. Por sua vez, a circulação
aberta da nova ala pedagógica são largas e confortáveis
2.4.4- ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO:
O mobiliário das classes é variado:
- Maternal I – colchonetes e almofadas (Foto 1);
- Maternal II e Jardim - mesinhas quadradas, (Foto 2);
- Alfabetização - carteiras convencionais (Fotos 3 e 4);
- demais classes – cadeiras com mesinha acoplada.
Nenhum dos banheiros é adaptado às crianças:
- Maternal e Jardim - o re-aproveitamento dos banheiros das
antigas suítes impôs dificuldades quanto à altura das peças
PASTORIL - 9
sanitárias (inadequada para crianças) quanto ao
dimensionamento do cômodo (projetado para uso individual,
mas utilizado por várias pessoas ao mesmo tempo);
- Nova ala - banheiros idênticos aos de adultos, pois são
usados por crianças maiores.
Foto 1 – Maternal I Foto 2 - Alfabetização
Fotos 3 e 4 – Sala do Jardim
Foto 5 – Sala de informática Foto 6 - Biblioteca
Na sala de informática os computadores são colocados
em bancada (tipo “pranchão”) cuja altura é própria para adultos.
Além disso, as cadeiras de PVC não são nem ergonomica nem
climáticamente adequadas à atividade (Foto 5). O mesmo pode
ser dito com relação às mesas de estudo da Biblioteca (Foto 6).
Foto 7 - Sala com muitos cogobós
2.5- CONDIÇÕES DE CONFORTO / USO DE ENERGIA
2.5.1- INSOLAÇÃO/VENTILAÇÃO: (Figura 1)
PASTORIL - 10
Apesar da implantação da edificação garantir que a
maioria dos cômodos não receba insolação direta no período
vespertino, a temperatura interna dos cômodos é alta, o que
provavelmente deve-se às dimensões reduzidas dos mesmos, e
à falta de previsão de ventilação cruzada, com aberturas para
entrada e saída de ar. Além disso, muitas aberturas estão
voltadas para ventilação dominante (Sudeste) mas as
esquadrias são pequenas ou tem grande quantidade de vidro.
Embora a sala de artes/aniversários seja bastante
agradável (fechamentos em cobogós, Foto 7), seu
posicionamento impede a ventilação do pátio posterior. Já que
todas as salas de aula/ atividades dispõem de ventiladores, e as
salas da administração tem ar-condicionado, é evidente que o
conforto térmico natural na Escola Pastoril não é adequado.
2.5.2- ILUMINAÇÃO NATURAL:
A iluminação natural é adequada em uns ambientes mas
deficiente noutros, exigindo iluminação artificial (fluorescente).
Na ala nova as salas são escuras pois, apesar de abertas para
pergolado, ele é chapiscado (cimento natural) e o forro das salas
é em madeira aparente (“ripão baiano”). Na área antiga as
esquadrias tem grandes panos de vidro que, embora iluminem,
dificultam a ventilação e é preciso colocar cortinas para controle
da incidência solar direta.
2.5.3- CONSUMO ENERGÉTICO:
Os ventiladores e aparelhos de ar-condicionado da
climatização, a iluminação artificial de alguns setores, a bomba
d´água e o filtro da piscina, induzem alto consumo energético.
2.5.4- RUÍDOS INTERNOS E EXTERNOS:
A escola possui boas condições acústicas, quase não
enfrentando problemas com relação à propagação de ruídos, a
não ser na área da antiga residência, em função da circulação
estreita.
2.6- CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE
2.6.1- SEGURANÇA - INCÊNDIO:
Foram detectados apenas dois conjuntos PQS/APQ,
colocados na espera externa (antiga garagem) e no corredor
interno (aliás, atrapalhando a circulação).
PASTORIL - 11
2.6.2- SEGURANÇA – ROUBOS:
Embora as grades externas e o pergolado indiquem
alguma preocupação na área, não há segurança eletrônica 24
horas, e apenas um vigia trabalha durante a noite.
2.6.3- SEGURANÇA – ACIDENTES PESSOAIS:
Apesar da preocupação da equipe em evitar acidentes, a
grande quantidade de degraus e o material liso do piso são
fontes de pequenos inconvenientes diários. Além disso a altura
de colocação dos extintores (correta pelas normas) é um
problema, pois as crianças menores batem a cabeça neles..
2.6.4- ACESSIBILIDADE À PORTADORES DE DEFICIÊNCIA:
A grande quantidade de degraus internos (sempre 3 ou 4
seguidos), a largura reduzida de circulações e portas, e a
inexistência de banheiros adaptados impede o acesso de
deficientes motores à escola. Também não há facilidades
ligadas a garantia de uso por deficientes visuais.
3- ANÁLISE DO USO
3.1- TRAÇOS DE COMPORTAMENTO
A quase ausência de traços comportamentais na área da
Escola Pastoril são um indicativo da acentuada preocupação
com a manutenção/ limpeza. Apenas na quadra podem ser
observadas marcas de bola nas paredes, e no playground, as
áreas mais ocupadas no horário tornam-se evidentes em função
da areia revolvida. Além disso, nos horários de compra de
lanche, observa-se algum (pouco) acúmulo de papel no local da
cantina e no pátio descoberto próximo a esta, mas que logo são
removidos, bem como a preocupação em alertar continuamente
as crianças para que não joguem papel no chão, e várias
lixeiras espalhadas pela escola.
No conjunto quadra-pátio coberto, a posição das cadeiras
(voltadas para a quadra ou para o playground) mostra
claramente o maior ou menor interesse de um determinado
grupo pelas atividades que lá ocorrem.
Por fim, a decoração, com maior quantidade de painéis
em papel e E.V.A, (plástico expandido) do que trabalhos das
crianças, demonstra a preocupação institucional com estética,
embora em alguns setores aparente tolher a iniciativa infantil de
manifestar-se.
PASTORIL - 12
3.2- PÚBLICO, SEMI-PÚBLICO E PRIVADO
A)
Com base em um visitante ocasional:
Sob esta condição, a área pública da escola se restringe
à área de espera e à secretaria, cujo acesso, mesmo assim, é
mediado pela portaria. Os corredores e áreas abertas (pátios)
podem ser considerados semi-públicos, e o resto das
instalações comporiam a área privada, sob o controle de grupos
de usuários (salas de aula/atividades) ou do responsável pelo
serviço (diretoria, coordenação, cantina).
B)
Com relação aos usuários diretos da instituição:
No caso do uso por crianças, professores e funcionários
passam a ser considerados públicos as circulações, pátios,
esperas e banheiros da ala nova. A quadra, piscina, banheiros
do Jardim, salas de apoio pedagógico e de professores, e
secretaria serão semi-públicos. Apenas as salas de aula e de
trabalho, e o banheiro do Maternal e de professores seriam
classificados como área privada.
3.3- FLUXOS INTERNOS
Adultos e crianças deslocam-se em fluxos distintos:
A) PAIS/RESPONSÁVEIS:
Os pais/responsáveis pelas crianças menores (Maternal)
são os que mais costumam penetrar na escola no horário de
entrada para leva-las até a sala de aula; a maioria dos demais
deixa o(s) filho(s) na portaria, ou mesmo na calçada (só abrindo
a porta do carro). Isso se aplica até àqueles que chegam a pé.
Na saída o uso do espaço pelos adultos aumenta, embora não
extrapole a ida até o local onde a criança se encontra.
B) ALUNOS:
O grande controle institucional faz com que as crianças,
apesar de circularem bastante, se limitem à área comum ou à
proximidade de sua sala.
C) FUNCIONÁRIOS DE MANUTENÇÃO E PROFESSORES:
Transitam livremente, sobretudo os da limpeza.
3.4- ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS E SÓCIOFUGIDIOS
A) ESPAÇOS SÓCIOPETALADOS:
O playground, a quadra e as salas de espera são
bastante atraentes para quase todos.
PASTORIL - 13
B) ESPAÇOS SÓCIOFUGIDIOS:
Praticamente não foi constatada a presença de espaços
sociofugidios, pois a relativamente pequena ocupação dos
corredores do primeiro bloco (estreitos e escuros) justifica-se em
função do controle institucional, que evita ao máximo a presença
de crianças paradas nos mesmos. Do mesmo modo, o pouco
uso da biblioteca é explicado tanto pelas condições físicas do
espaço quanto pelo fato das crianças só o freqüentarem com a
presença das professoras.
3.5- COMPORTAMENTO NA ÁREA LIVRE
3.5.1- DELIMITAÇÃO DA ÁREA E HORÁRIOS OBSERVADOS
(Figuras 4 e 5, e Fotos 8 a 13 )
- HORÁRIOS: 3 matutinos e 3 vespertinos, sendo
. Entrada das crianças (das 7:00 às 7:30horas e das
13:00 às 13:30hs)
. Recreio (9:00-10:30hs e 15:00-16:30) – subdivididos em
3 horários, 2 de 20 minutos e um de 30 minutos, em
função dos níveis (primeiro os maiores, depois o Jardim,
e por último o Maternal, com mais tempo).
. Saída (11:30-12:00hs e 17:30-18:00hs).
- DIVISÃO DA ÁREA LIVRE: Basicamente foram identificadas
cinco (5) sub-áreas que poderiam ser estudadas:
1. Área de entrada : espaço coberto e descoberto
frontal;
2. Pátio interno: envolve a área descoberta central e
a circulação aberta adjacente;
3. Piscina: setor próximo à saída.
4. Espaço coberto (EC): correspondente à quadra e
ao pátio coberto (fundos)
5. Playground (PG): área dos brinquedos.
Para efeito desse trabalho foram estudados apenas os
dois últimos setores (PG e EC), pois o fato de serem
contíguos favorece a observação comportamental.
- SUBDIVISÃO EM ZONAS:
Para a observação, o playground (PG) e o espaço
coberto (EC) foram subdivididos em zonas (Figuras 5 e 6) da
seguinte maneira:
. 08 zonas no primeiro setor (PG), indicadas por números
arábicos (1 a 8);
. 02 zonas no segundo setor (EC), diferenciadas por
números romanos (I a II).
PASTORIL - 14
FIGURA 4 – Área observada FIGURA 5 Área observada
subdividida em setores
Fotos 8 – Área da piscina
Foto 9 - Quadra e pátio coberto,
divididos pelos pilares
Foto 10– Quadra Foto 11 – Playground visto a partir do
pátio coberto
Fotos 12 e 13 – duas vistas do playground
PASTORIL - 15
2.9.2- PERFIL DA OCUPAÇÃO POR HORÁRIO
(Gráficos 1, 2, 3 A,B,C,D, e Figuras 6, 7, 8).
Apesar de pequenas variações diárias, de modo geral o
movimento de chegada e saída de crianças na escola segue um
certo padrão durante a semana, evidenciando-se maior lentidão
nas entradas, embora seja nesses horários que ocorram os
maiores picos de passagem de crianças no portão durante 5
minutos (28 crianças, no período vespertino). Ressalte-se que,
em parte, as variações mais acentuadas nos gráficos
correspondem à chegada de transporte escolar (ônibus ou
utilitário pequeno), representando o acesso simultâneo de
grande número de crianças ao local.
Quanto aos horários de saída observa-se, tanto pela
manhã quanto à tarde, que 20 minutos após o término das
atividades a maior parte das crianças já deixou a escola (curva
com inclinação acentuada no início do período) embora a
desocupação da área ainda se estenda algum tempo,
principalmente no período vespertino.
Também evidencia-se a diferença entre a ocupação
matutina e vespertina, sendo a segunda bem maior que a
primeira (Gráficos 1 e 2).
GRÁFICO 1: Fluxo de entradas e saídas diárias durante uma semana
LEGENDA
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
LEGENDA
Quinta-feira
Quantidade média de alunos no horário
Sexta-feira
Total acumulado de ocupação (%)
GRÁFICO 2: Ocupação em um dia típico
PASTORIL - 16
HORÁRIOS DE ENTRADA
Como a entrada ocorre pela portaria principal, e o fluxo
de alunos atravessa (necessariamente) a área antiga indo até as
classes, os setores observados (pátio coberto e quadra) não são
ocupados nesse horário, sendo o acesso aos mesmos
controlado pela instituição.
HORÁRIOS DE SAÍDA
Pátio coberto e quadra
Diferentemente da entrada, na saída a ocupação da área
de lazer é muito maior, sobretudo na saída vespertina. De fato, a
saída matutina, por acontecer próxima ao almoço e em horário
de muito calor, não permite uma ocupação muito duradoura da
área, o que acontece de modo mais fácil no fim da tarde. Assim
o pátio coberto e a quadra são logo desocupados,
provavelmente por ficarem mais longe do portão, e por existirem
dois espaços cobertos de espera perto do mesmo, para onde as
crianças levam seu material, e nos quais costumam ficar.
Permanecem nesse setor apenas aquelas crianças que
sabem que os pais costumam demorar-se mais, geralmente
dedicando-se a alguma atividade intermediária (como pular
elástico) ou estática.
Playground
Sendo mais perto da espera, o playground permanece
ocupado por bastante tempo, sendo usado principalmente por
crianças entre 3 e 5 anos. Essa ocupação diminui com o tempo,
sendo mais lenta à tarde, quando alguns pais permanecem no
local enquanto os filhos ainda brincam.
As crianças muito pequenas usam os brinquedos com a
ajuda de adultos ou crianças maiores.
HORÁRIOS DE RECREIO
Na Escola Pastoril, o tipo de escalonamento do horário
de recreio, subdividido de acordo com as turmas, permitiu uma
certa clareza na análise da ocupação das áreas observadas,
desta vez feita em função da idade das crianças.
De fato, verificou-se mais semelhança no comportamento
das crianças em função da idade, do que em função do turno de
observação, ou seja, pela manhã e a tarde os comportamentos
observados nos diferentes grupos foram praticamente os
mesmos. Isso também pode ter ocorrido porque, diferentemente
de outras escolas avaliadas, as condições de conforto na área
são muito parecidas nos dois turnos.
PASTORIL - 17
Assim, mudando o tipo de apresentação, os dados
obtidos serão discutidos a partir dos grupos.
Observando-se os gráficos 3
(A, B, C) torna-se evidente
que a área é bastante ocupada, com predominância de
atividades intermediárias e estáticas, embora também verifique-
se alguma ocupação dinâmica, representada pelos jogos
estruturados e brincadeiras-de-correr características da idade.
A diferença mais gritante diz respeito à ocupação da
quadra (setor I), totalmente vazia durante o uso do Maternal, e
completamente ocupada de modo dinâmico pelas crianças
maiores. De fato, estas últimas envolvem-se continuamente em
jogos estruturados, como futebol, permanecendo no local
durante todo o recreio (principalmente os meninos, embora
algumas meninas também participem). Por sua vez, as crianças
menores, além de não serem muito atraídas pela quadra,
preferindo os brinquedos do playground e a caixa de areia,
também são incentivados pelas professoras e assistentes para
brincarem ao ar livre, já que até o horário do recreio
permanecem nas classes. Cumpre salientar que as observações
aconteceram numa semana não chuvosa (típica da cidade), e
que, quando há chuva as professoras e auxiliares se
encarregam de organizar brincadeiras na quadra, atraindo as
crianças para o local.
Além disso, a quantidade de pessoas em deslocamento
nos 3 gráficos é reflexo tanto do local e suas passarelas, quanto
do próprio comportamento exploratório infantil nessa faixa etária.
Em termos comportamentais observa-se ainda que:
Crianças maiores
(alfabetização e outras):
Envolveram-se em muitas atividades dinâmicas
competitivas, utilizando toda a área (coberta e descoberta).
Interessaram-se menos pelos brinquedos do playground,
embora alguns os tenham usado.
Organizaram vários jogos estruturados intermediários,
envolvendo 10 ou mais participantes
As meninas se envolveram mais em atividades estáticas,
como conversas, do que os meninos
A maioria dos grupos se dividiram por gênero.
As únicas atitudes não amistosas ocorreram entre
meninos e na quadra (discussões acaloradas relativas a jogos).
As professoras e auxiliares foram pouco contatadas pelas
crianças como um todo, sendo alvo apenas das conversas de
algumas das meninas.
PASTORIL - 18
Turmas do Jardim
Concentraram-se no playground e no pátio coberto.
Alguns se interessaram pela quadra, mais não tão
intensamente quanto os maiores. Embora várias crianças
tenham começado a participar de algum jogo, elas logo se
desinteressaram, atraídas pelos brinquedos. Talvez isso ocorra
porque elas ainda não compreendem todas as regras, ou não
consigam manter a atenção concentrada nesse tipo de atividade
por muito tampo.
Os brinquedos do playground e os pneus foram
priorizados, sendo usados continuamente, e verificando-se
algum comportamento não-amistoso na disputa pelos mesmos.
Todos os brinquedos existente no playground foram utilizados
quase constantemente.
A maioria das crianças dessa faixa etária dividiu-se em
pequenos grupos (3 ou 4 pessoas), as vezes só para correr ou
passear pelo local.
Algumas crianças permaneceram isoladas das demais
grande parte do tempo, geralmente distraindo-se na caixa de
areia, ou utilizando brinquedos individuais, como os balanços ou
as barras para pendurar-se.
Poucos ficaram sempre junto às professoras/auxiliares.
Crianças menores
(Maternal)
Concentraram-se nas áreas sombreadas do playground,
embora também tenham utilizado o pátio coberto. Quase não se
interessaram pela quadra (como comentado).
Muitos dos brinquedos do playground não foram
utilizados nesse horário POR serem inadequados a essa faixa
etária, implicando o acompanhamento contínuo de um adulto (o
que, segundo uma auxiliar, é praticamente impossível, pois “dar
assistência a tantas crianças ao mesmo tempo enquanto elas
sobem e descem ou se penduram em locais altos, deixa
qualquer um exausto e aumenta o risco de se machucarem...”).
Mesmo sem usar alguns brinquedos as crianças permaneceram
entre estes, que serviram de apoio a outras atividades, como
correr entre as peças. Por sua vez, os brinquedos adequados à
idade/estatura do grupo foram usados continuamente.
Os comportamentos de convivência entre crianças
tiveram curta duração, de modo que a maioria delas teve maior
contato com os adultos presentes do que com as outras
crianças. De fato, como essa faixa etária mostra-se bastante
dependente de professoras e auxiliares, a maioria das
brincadeiras giravam ao redor destas, mesmo quando não
estavam participando diretamente.
PASTORIL - 19
GRÁFICO 3A:
Uso da Área de Lazer no horário de Recreio pelas
crianças do Maternal
GRÁFICO 3B:
Uso da Área de Lazer no horário de Recreio pelas
crianças do Jardim
GRÁFICO 3C:
Uso da Área de Lazer no horário de Recreio pelas
crianças maiores
PASTORIL 20
LEGENDA
Ocupação dinâmica
Ocupação intermediária
Deslocamento
Ocupação estática
FIGURAS 6, 7, 8 - Mapas da ocupação predominante dos setores, em função da faixa etária
PASTORIL - 21
3.5- BEHAVIOR SETTINGS
8
EM ÁREA LIVRE
A área livre estudada é composta pelos espaços cobertos
e descobertos do setor de lazer. A área coberta é constituída
pela quadra e pátio coberto (contíguos), e a área descoberta
corresponde ao playground e caixa de areia. Como serão
apresentados 2 entre os muitos behavior settings que ocorrem
nesse local (Figuras 5 e 9), a caracterização das pessoas e do
ambiente, e a satisfação do usuários serão definidos a priori.
As pessoas
:
Como mostrado anteriormente na Escola Pastoril o
recreio dos alunos de um mesmo turno é dividido por
níveis, de modo que em cada horário crianças com
idades semelhantes usam a área livre da escola,
enquanto professoras e auxiliares se revezam em
observa-las, interferindo nas brincadeiras em função da
solicitação do grupo. Nos 2 casos descritos a seguir
todas as pessoas podem ser substituídas sem alteração
do funcionamento dos settings.
8
Como o termo Behavior Setting será muito repetido nesse estudo, eventualmente será
substituído pelas iniciais BS, ou simplesmente pela palavra setting.
O ambiente:
O pátio coberto e a quadra possuem piso em granilite
cinza, e cobertura com tenha cerâmica aparente,
deixando visíveis grandes tesouras em madeira. Uma
das paredes laterais contém pintura mural e o logotipo da
escola, a outras são apenas caiadas. A quadra dispõem
de traves de mini-futebol e cesta de basquete. No pátio
há vários banquinhos de jardim (ferro e madeira pintados
na cor branca) e bebedouro, e ambos são divididos a
partir de uma linha de pilares central. Segue-se ao pátio
uma área descoberta revestida com areia e delimitada
pelo muro, pelas paredes da edificação e pela grade que
define o espaço da piscina, onde, sob a sombra de
muitas árvores estão distribuídos os brinquedos do
playground e a caixa de areia. Grande parte da
circulação de alunos nos horários de saída atravessa
esse local, ocorrendo a partir de uma passarela lateral
cimentada.
Satisfações proporcionadas
:
Crianças: boas condições para seu desenvolvimento,
exercício do convívio social, aprendizagem de rotinas e
PASTORIL - 22
normas, trabalhos de cognição, psicomotricidade,
afetividade, linguagem, hábitos de higiene, etc.
Pais: deixar os filhos numa escola confiável.
Professoras: remuneração, bom ambiente de trabalho;
prazer de exercer a profissão e trabalhar com crianças;
oportunidade de realizar um trabalho leve e ao ar livre,
como um momento de descanso na atividade diária.
Assistentes de ensino: remuneração; prazer de exercer
sua profissão e ter contato com crianças; oportunidade
de realizar trabalho leve e ao ar livre.
Equipes administrativa, apoio-pedagógico e manutenção:
remuneração, prazer de exercer a profissão.
Pesquisadora: observar as crianças e o desenrolar dos
settings a fim de obter material para esse trabalho.
(i) Behavior Setting Externo 1: ESTÁTUA (Figura 9)
Cena típica:
Meninos e meninas correm e ficam parados (sem se
mexer) mediante ordem.
Limite temporal:
Das 16:05 às 16:25 horas.
Limite espacial:
Cerca de 25% do pátio coberto.
Componentes humanos:
17 crianças (11 meninas e 5 meninos) com idade entre 6
e 9 anos
Componentes não-humanos:
Parede.
Programa básico (resumido):
Uma das crianças encosta-se na parede, ficando de
costas para o restante do grupo, que distancia-se dela
cerca de 8 metros. Nessa posição ela conta até cinco,
grita “Estátua” e se vira rapidamente. Enquanto conta, a
outras crianças se movimentam em sua direção. Ao
gritar, todos param na posição em que se encontram. Se
a primeira criança vir alguém se mexendo (pode ser até
um piscar de olhos) essa pessoa sai do jogo. A rodada
recomeça. O primeiro a atingir a parede será o novo líder.
Hierarquia de posições:
A criança à frente é o líder. As demais são participantes
ativos, revezando-se na função de líder. O pesquisador
foi apenas espectador da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas nessa brincadeira é 3
crianças (1 líder, 2 participantes), como acontece no final
das rodadas. Esse número pode crescer quase
indefinidamente, embora com um grupo muito grande
seja difícil controlar todos os movimentos.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Para as crianças, acrescentar, o exercício de convívio
social, e o auto-controle.
Sistemas auto-reguladores:
Em uma determinada rodada, quando cerca de metade
das crianças já havia saído, um menino que não estava
participando antes resolveu entrar no jogo e,
simplesmente misturou-se entre seus membros em um
momento de movimento (problema). Ao ficarem parados
PASTORIL - 23
dois dos outros meninos notaram e reclamaram
imediatamente (mecanismo sensor). Todo o grupo ficou
contra ele (mecanismo executor 1) e pediu que saísse
(mecanismo de manutenção, tipo veto). A líder do
momento disse que ele participaria da nova rodada
(mecanismo de execução). O jogo continuou
normalmente.
Sinomorfia:
Ñenhum problema nesse sentido.
Ponto focal de comportamento:
O próprio grupo, e a voz do líder.
(ii) Behavior Setting Externo 2: AMARELINHA (Figura 9)
Cena típica:
Meninas brincam jogando pedrinhas e pulando sobre um
desenho feito no piso.
Limite temporal:
Ocorre quase diariamente, aproximadamente das 16:00
às 16:30 horas (mas é uma “moda sazonal”, em algumas
semanas acontece diariamente, depois passa um tempo
sem ocorrer, e acaba retornando).
Limite espacial:
Area cimentada descoberta próxima à caixa de areia.
Componentes humanos:
7 meninas com idades entre 6 e 9 anos.
Componentes não-humanos:
Giz, desenho traçado no piso e 7 pedrinhas,
representando cada menina.
Programa básico (resumido):
Logo que chegam as meninas traçam com giz a
“amarelinha” no piso e numeram as casas. Depois fazem
“zero ou um” para ir definindo a ordem de participação. A
primeira menina joga a sua pedrinha na primeira casa,
faz o percurso de ida completo, pisando com um ou dois
pés no desenho, mas pulando o local onde está sua
pedra. No retorno, para na casa anterior, pega a pedrinha
e sai. Se conseguir ir e voltar sem perder o equilíbrio,
joga novamente, até que não consegui-lo. Quando
precisar parar, a pedrinha permanecerá marcando o
ponto em que ficou. A segunda menina faz sua tentativa,
e assim por diante, até que a primeira complete o jogo.
Hierarquia de posições:
Todas são participantes ativas. A pesquisadora foi
apenas espectadora da ação.
Possibilidade de substituição de pessoas:
Todas as pessoas poderiam ser substituídas.
Número de pessoas:
O número mínimo de participantes é 2, para que haja
alguma competição. Não há número máximo, embora
com muitas crianças o tempo de espera para fazer o
percurso seja muito longo.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Além das costumeiras, para as meninas envolvidas o
aprendizado de regras complexas e o controle corporal,
especialmente de equilíbrio.
Sistemas auto-reguladores:
Ao lançar sua pedrinha, a participante X deslocou a de
outra (participante Y), mudando-a de casa, e fazendo-a
avançar dois números, de modo que ultrapassou a
posição da líder, participante Z (problema). A menina Z
imediatamente notou (mecanismo sensor) e manifestou-
se (mecanismo executor). Por sua vez, Y revidou,
dizendo que ela não havia feito nada, e se sua marca
estava naquele local, deveria ficar ali (reação). Todas as
PASTORIL - 24
meninas envolveram-se na discussão, e votaram para
resolver a situação. Como decisão final, X perdeu a vez
(mecanismo de manutenção tipo veto), e ainda teve que
fazer o percurso a fim de retornar a sua pedra e a de Y
aos locais que estavam antes (mecanismo de
manutenção contra-desviante). A rodada re-iniciou.
Sinomorfia:
O desenho em si não é muito sinomórfico, já que as
vezes exige movimentos relativamente difíceis. No caso
específico em questão, as meninas que desenharam a
marelinha exageraram um pouco no tamanho de algumas
células, de modo que (propositalmente?) dificultaram
bastante a participação das menores.
Ponto focal de comportamento:
O desenho da amarelinha e o comportamento de cada
menina enquanto realizava o percurso.
3.6- COMPORTAMENTO EM SALA DE AULA/ATIVIDADE
Como serão descritos 2 BS entre os muitos observados
na sala do Maternal I, cujos elementos humanos e não-humanos
são os mesmos (ou muito semelhantes), inicialmente serão
descritos o ambiente, as pessoas e a satisfação proporcionada
pelos settings – (Figuras 10 a12).
As pessoas
:
A turma do Maternal 1 é composta por 10 crianças com
idade em torno de 2 anos e 6 meses, dos quais 6 são
meninas e 4 meninos. A professora conta com 1 auxiliar.
No dia da observação nenhuma criança havia faltado.
Nas situações estudadas, todas as pessoas podem ser
substituídas, embora para ocupar as funções da
professora seja necessário preparo profissional.
O ambiente
:
A sala de aula do Maternal 1 (Foto 3) difere completamente do
restante das salas de aula/atividades. Ela tem
aproximadamente 27,0m2 e fica localizada na área mais
antiga, ocupando o espaço de uma sala íntima voltada para a
fachada Oeste. Conta com banheiro exclusivo, e há uma
divisória de armário onde são colocados os brinquedos e o
material das crianças. Não há mobília, mas apenas
colchonetes colocados sobre um tablado de madeira e muitas
almofadas (Figura 12: Planta baixa ambientada da sala do
maternal 2). As paredes são pintadas em azul claro, há uma
faixa inferior (H=1,2m) de papel de parede com motivo infantil
fazendo o arremate, painéis e quadros coloridos, além de
cortinas “romanticas” nas janelas. Porta e janelas (altas) são
em madeira, pintadas na cor branca. No teto existe 1
ventilador e 4 luminárias com uma lâmpada fluorescente cada.
Satisfações proporcionadas:
Crianças: possibilidade de freqüentar uma escola que
proporcione boas condições para seu desenvolvimento,
exercitando a sociabilidade, o aprendizado de rotinas e
normas, e trabalhando cognição, psicomotricidade,
afetividade, linguagem, hábitos de higiene, etc.
Pais: deixar seus filhos numa escola que confiam.
Professora e auxiliar: remuneração, bom ambiente de
trabalho; prazer de exercer sua profissão.
Equipes administrativa, apoio-pedagógico e manutenção:
remuneração, prazer de exercer a profissão.
Pesquisadora: observar e o desenrolar de settings a fim
de obter material para o trabalho pretendido.
PASTORIL - 25
FIGURA 10- Escola Pastoril:
Planta Baixa da sala de aula/atividades do Maternal 1
FIGURA 11 - Behavior setting “Jogo de armar
FIGURA 12 - Behavior setting “Cores do transito”
PASTORIL - 26
(i)Behavior Setting Interno: JOGO DE ARMAR (Figura 11)
Cena típica:
Sentados no chão as crianças e a professora brincam
com blocos de armar.
Limite temporal:
Ocorre quase diariamente, no início da tarde.
Componentes humanos:
1 professora (que dirige os eventos e o diálogo), 10
crianças (alunos), 1 auxiliar.
Componentes não-humanos:
Blocos de armar, armário.
Programa básico (resumido):
A professora explica às crianças que vão brincar com os
bloquinhos e elas podem ir busca-los no armário com a
auxiliar. Algumas vão (4), outras não. Elas espalham os
blocos no chão e sentam-se para brincar individualmente,
com pouco contato social entre si. A professora conversa
quase continuamente. As duas adultas tentam estimular
as crianças que mantém-se totalmente alheias à
atividade (3) para se aproximarem. A atividade mantém-
se por cerca de 30 minutos, depois a professora e a
auxiliar incentivam os participantes a guardarem o
material onde estava antes.
Função pedagógica:
Reconhecer formas e cores, o equilíbrio de peças, a
composição de figuras, e a concentração.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder, a auxiliar como
funcionário ativo, e crianças dividiram-se como
participantes ativos, espectadores e não participantes. A
pesquisadora, foi apenas espectador da ação.
Número de pessoas:
Como as crianças participam individualmente, o número
mínimo de pessoas é 2 (professora e 1 aluno). O número
máximo corresponde à professora, auxiliar e a maior
quantidade de crianças numa turma de maternal nessa
escola, 12, o que resulta em 14 pessoas envolvidas.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Repetem-se as já citadas, destacando-se: desenvolver o
raciocínio espacial, a percepção/ discriminação de formas
e cores, e a psicomotricidade fina.
Sistemas auto-reguladores:
Em certo momento duas crianças começaram a brigar
por causa de um bloco (problema). A professora notou
(mecanismo sensor), aproximou-se e começou a falar
calmamente com ambas (mecanismo executor),
explicando que havia muitos brinquedos e elas não
precisavam brigar. Reuniu alguns bloquinhos próximos e
começou a dividi-los em duas partes (mecanismo de
manutenção contra-desviante). Uma das crianças logo
interessou-se pela divisão e ficou atenta à professora,
esquecendo o incidente.
Sinomorfia:
Há sinomorfia entre o tamanho dos blocos e as mãos das
crianças.
Ponto focal de comportamento:
O comportamento das crianças que participaram estava
totalmente focado nos blocos de armar.
(ii) Behavior Setting Interno: CORES DO TRANSITO
(
Figura 12)
Cena típica:
As crianças andam pela sala guiadas pela auxiliar,
enquanto a professora faz o papel de semáforo.
PASTORIL - 27
Limites:
Acontece algumas vezes na semana, antes do lanche,
durando entre 15 e 20 minutos, e usando toda a sala.
Componentes humanos:
1 professora, 10 crianças (alunos), 1 auxiliar.
Componentes não-humanos:
Placas em três cores (verde, vermelha, amarela), tablado
de madeira, almofadas.
Programa:
Antes do lanche, a professora chamou para brincar de
sinal de transito. Todos ficaram animados. A professora
pegou 3 placas (cabo de vassoura com circulo de isopor
colado numa ponta e recoberto com papel nas 3 cores
dos sinais (vermelho, amarelo e verde). No centro da
sala, ela levantava alternadamente as placas. A auxiliar
colocou-se a frente, e o grupo fez um trenzinho atrás
dela. Eles movimentaram-se subindo e descendo do
tablado e circulando as almofadas, sempre obedecendo à
sinalização (seguir em frente, parar, andar devagar com
atenção). Cada vez que a placa mudava todos repetiam o
nome da cor, sendo alertados para obedecerem aos
sinais para não serem multados.
Função pedagógica:
Desenvolvimento da coordenação motora, aprendizado
de regras, distinção de cores.
Hierarquia de posições:
A professora comportou-se como líder única, a auxiliar
como funcionária ativa, e as crianças foram participantes
ativos. O pesquisador foi espectador da ação.
Número de pessoas:
O número mínimo de pessoas seria 5 (a professora, a
auxiliar e 3 alunos); não é possível definir o máximo.
Satisfações proporcionadas pelo setting:
Os mesmos citados no começo, ressaltando-se, para as
crianças, desenvolver habilidades motoras e cognitivas.
Sistemas auto-reguladores:
Algumas crianças não queriam ser “trenzinho” e sim
“carros” (problema). Logo no começo, após poucas
mudanças de sinal, um deles (mecanismo sensor) se
manifestou verbalmente. A professora (mecanismo
executor) disse que não havia problema e, quem
quisesse poderia ser carro, mas teria que respeitar os
sinais de transito (mecanismo de manutenção contra-
desviante). Apenas 4 crianças continuaram no trenzinho.
A brincadeira ficou muito mais divertida (inclusive porque
as crianças simularam vários acidentes de tráfego, as
vezes até culpando o sinal pelos inconvenientes).
Sinomorfia:
Houve sinomorfia durante todo o jogo.
Ponto focal de comportamento:
Durante o jogo o ponto focal foi as placas. Entretanto, o
grupo que participou do trenzinho teve na auxiliar um
segundo ponto focal, já que ela os guiava pela sala.
4- AVALIAÇÃO PELOS USUÁRIOS
Observação inicial: todos os gráficos apresentados nesse item
foram extraídos das tabelas referenciadas em suas bases, que
encontram-se no item 6 do relatório.
4.1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
PASTORIL - 28
Responderam aos questionários 20 professores/
assistentes, 9 funcionários e 30 pais/responsáveis
9
, amostra
representativa do universo em questão (22 educadores, 9
funcionários e pais/responsáveis relativos a 180 crianças). A
maioria dos respondentes é do gênero feminino (77,6%), sendo
predominante a faixa etária dos 31 aos 40 anos (46,9%). A
média de idade foi 35,6 anos, variando de 21 a 62 anos,
respectivamente uma funcionária e uma avó (Gráfico 4 e 5).
GRÁFICO 4:
Gênero dos adultos respondentes
GRÁFICO 5:
Faixas etárias por categorias
9
Dentre os 30, foram entrevistados 14 mães, 7 pais e 9 responsáveis, dos quais 7 avós
e 2 tios.
Em termos de tempo de contato com a escola, cerca de
45% destes adultos a frequentam entre 3 e 4 anos (em sua
maioria pais, 53% destes e funcionários, 44% dos mesmos),
embora 20% tenha esse conhecimento a 7 ou 8 anos (50% dos
professores) - (Gráfico 6).
GRÁFICO 6:
Tempo de contato com a escola, por categoria de usuário
Quanto à distância entre o local de moradia e a escola,
mostra que a maioria dos respondentes mora perto da mesma
PASTORIL - 29
(53,1%), sobretudo a distância da moradia das crianças/pais,
66,7% dos quais encontra-se no mesmo bairro ou em bairro
contíguo. Os funcionários são os que habitam nos locais mais
distantes (77,8% destes), a maioria na Zona Norte da cidade,
enquanto os professores praticamente dividem-se entre grande
distância (50%) e proximidade (40%) – (Gráfico 7) .
GRÁFICO 7:
Distância casa escola
GRÁFICO 8:
Tipo de moradia
Refletindo a distancia casa-escola, muitos respondentes
não precisam de condução para fazer tal percurso (45% do total
e, evidentemente, 60% dos pais). O transporte coletivo (ônibus
ou alternativo) foi o mais citado por professores e funcionários
(respectivamente 60% e 66,7%) - (Gráfico 9). Por sua vez, o tipo
da habitação da família (casa ou apartamento), aspecto
trabalhado apenas com os pais/responsáveis, indica que a
maioria das crianças mora em apartamentos, um reflexo do tipo
de ocupação de um bairro que está se verticalizando (Gráfico 8).
GRÁFICO 9: Meios de transporte casa-escola
PASTORIL - 30
Uma questão tratada só com pais/responsáveis foi o que
os influenciou a escolher a Pastoril (Gráfico 10)
10
. Diferindo
deoutros grupos, estes foram os pais apontaram maior número
de fatores, com destaque para: conhecimento anterior (40%),
método de ensino adotado (36,6%), proximidade da residência
(30%) e amizade com a equipe (26,6%). O espaço físico foi o
menos indicado (13,3%) –
GRÁFICO 10: Elementos que influenciaram a escolha da escola
10
Como uma pessoa podia apontar vários motivos, os percentuais indicados referem-se
a quantas pessoas citaram aquele aspecto, e não ao total de respostas obtidas.
4.2- A OPINIÃO DOS ADULTOS
4.2.1. Percepção do ambiente escolar
Os três grupos de adultos que freqüentam a Escola
Pastoril indicam como elementos do ambiente que melhor
atendem sua função (menciona-se apenas os elementos citados
por mais de 20% dos respondentes): as Salas de Aula (24,4%
do total de respondentes) e o Playground (22,2%) - (Gráfico 11).
Observa-se, no entanto, que pais, professores e funcionários
não tem as mesmas opiniões. Enquanto os primeiros valorizam
especialmente o primeiro aspecto supracitado (sala de aula,
23,3%), os professores acrescentam aos dois indicados a
organização da classe (20%) e apontam “todos” (20%) como ma
forma de dizerem que a escola estaria totalmente adequada em
termos ambientais. Os funcionários, por sua vez, não fazem
qualquer referência à sala de aula (0%), mas destacam à
aparência (33,3%), limpeza, organização, playground e piscina
(22% cada), também citando a categorias “todos” (22%).
Essa visão otimista repete-se quando se referem aos
elementos do espaço físico que não-atendem bem sua função,
quando 24,4% dos respondentes (o maior percentual obtido para
a questão) indica “nada” (principalmente professores, 50%, e
pais 16,7%) e 17,8% não responderam ou não souberam.
PASTORIL 31
GRÁFICO 11: Elementos do espaço físico que atendem sua função
GRÁFICO 12: Elementos do espaço físico que não-atendem sua função
PASTORIL - 32
4.2.2. Satisfação/Insatisfação (Gráficos 13 e 14)
Observação: conforme explicitado na metodologia, os diversos
itens foram avaliados pelos respondentes a partir de uma
escala qualitativa com quatro itens (MUITO SATISFATÓRIO,
SATISFATÓRIO, INSATISFATÓRIO, MUITO SATISFATÓRIO),
posteriormente transformada em escala numérica, valendo,
respectivamente, 1, 2, 3, e 4. A partir dessa última foram
calculados, para cada item, moda, desvios padrão e média. A
maioria das questões apresentou moda 3, e baixo desvio
padrão.
tornando-se clara a diferença entre as
opiniões/percepções de adultos que atuam na escola
(maior contato com o ambiente e suas nuances) e os que
não usam diretamente o local.
A fim de facilitar a
compreensão dos resultados por leigos, esse relato refere-se
às médias obtidas, que foram traduzidas para a base 10 a fim
de tornarem-se semelhantes a notas acadêmicas
a- ESCOLA COMO UM TODO (Gráfico 13)
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA SATISFAÇÃO DECLARADA:
“7,97”, variando entre 7,75 (professores) e 8,61 (funcionários).
MÉDIA OBTIDA A PARTIR DA AVALIAÇÃO DOS ITENS
PROPOSTOS (média dos valores atribuídos aos itens): “7,70”,
sendo os professores mais rigorosos (7,54), e os funcionários
menos críticos (8,13).
AVALIAÇÃO DOS ITENS:
Os elementos melhor avaliados foram localização (8,47),
segurança-incêndio (8,15) e aparência interna (8,05). Apenas 05
itens obtiveram scores inferiores a 7,5, a pior dos quais
relacionada ao tamanho da escola (7,16). Os funcionários não
avaliaram negativamente nenhum aspecto (score inferior a 7,5),
apesar de terem sido os mais rigorosos ao apontar aspectos que
não atendem sua função (item anterior). Os pais citaram como
menos satisfatórios: segurança-acidentes-pessoais (6,98),
arborização, dimensão dos cômodos e tamanho (todos 7,0). Os
professores citaram: tamanho, materiais de parede e piso (7,0).
b- SALA DE AULA (Gráfico 14)
Com relação à sala de aula verifica-se bastante otimismo,
embora dois aspectos tenham recebido scores médios inferiores
a 7,0: ventilação natural (6,91) e temperatura (6,65). Também
nesse caso os professores foram os mais severos (avaliações
entre 7,88 e 6,0), enquanto os funcionários foram os menos
críticos (valores entre 8,33 e 9,4).
Os pais/responsáveis também mostram preocupar-se
com a interferência dos ruídos-externos-à-sala mas interiores-à-
escola (6,58), e iluminação natural e artificial (ambos 6,67).
PASTORIL - 33
GRÁFICO 13: Satisfação geral por itens e grupos de usuários
GRÁFICO 14: Satisfação SALA DE AULA - por itens e por categoria de usuários
PASTORIL - 34
Por sua vez, entre os fatores apontados como não
adequados os dois mais presentes foram: a temperatura interna
(17,8%) e sala de aula (15,6%)- (Gráfico 12). Retomando-se as
especificidades dos grupos de usuários, nota-se que: os pais
citam como inadequados os dois fatores supracitados
(respectivamente 26,7%, 23,3%); os professores referem-se à
cantina (30%); e os funcionários, grupo que foi menos favorável
(apenas 11% respondeu nenhum ou não sei) ressaltaram a falta
de um local para eles próprios (44,4%), localização de extintores
de incêndio e cantina (ambos 22,2%).
Observa-se facilmente a ambivalência existente em
relação a itens como sala de aula e playground, que surgem
tanto como aspectos positivos quanto negativos, especialmente
por parte dos pais/responsáveis. Tal resultado pode refletir tanto
um desconhecimento do ambiente escolar e/ou a sua
idealização por uma parte da amostra, quanto a possibilidade
destas pessoas estarem se referindo a diferentes locais ou
horários (ou seja, duas salas, ou a mesma sala pela manhã e a
tarde). No que se relaciona ao playground, talvez as várias
respostas tenham origem na idade das crianças.
4.2.3- SUGESTÕES (Gráfico 15:)
Mesmo frente a um quadro geral tão otimista como o
descrito até aqui, alguns respondentes sugerem modificações no
espaço físico da Escola Pastoril (Gráfico 16:), destacando-se:
- ampliar alguns cômodos (16,9%),
- ajustes nas condições de conforto da sala de aula (15,3%),
- aumentar espaço das salas de aula, e
- criação de um local específico para funcionários (13,6%).
GRÁFICO 15: Sugestões de modificações no espaço físico da escola
PASTORIL - 35
Se somarmos a primeira e a terceira sugestões
supracitadas (uma de cunho geral e outra dirigida), a
necessidade de ampliar os ambientes internos (construídos)
torna-se bastante evidente, uma vez que terá sido
detectada/percebida por 30,5% dos respondentes.
Como ocorreu em itens anteriores, algumas diferenças
de opinião entre os adultos ocorre no sentido de aumentar o
próprio conforto, o que é ressaltado no que se refere às
sugestões melhorar sala de professores (apontada por 70%
destes) e criar local exclusivo para funcionários (citado por 44%
destes e 40% dos professores).
4.3- O QUE DIZEM AS CRIANÇAS
A avaliação da escola pelas crianças ocorreu através da
técnica do Desenho-Temático acompanhado por entrevista.
APLICAÇÃO DA TÉCNICA: contou com a participação de 15
crianças da turma de Alfabetização, dos quais 8 meninos e 7
meninas, que se mostraram excepcionalmente cooperativos.
4.3.1- A sala de aula (Figuras 13)
ÍNÍCIO DA TAREFA: imediato
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: carteiras e pergolado
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: não houve
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: projeções
bidimensionais (tipo corte); não houve tentativa de elaborar
representação tridimensional.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES:
No ambiente interno da classe, os principais elementos foram:
- Mobiliário: constituído por carteiras (muitas vezes
havendo livros, lápis e brinquedos sobrepostos),
cadeiras, armários e quadro-negro.
- Equipamentos: os ventiladores e lâmpadas bem
detalhados estão presentes em muitos dos desenhos.
- Natureza: presente em todos os desenhos
(principalmente através de plantas vistas através da
janela, vasos sobre móveis e alguns elementos
desenhadas no quadro-negro, (flores, sol, árvores).
PASTORIL - 36
- Elementos humanos: apenas 2 trabalhos contiveram
elementos humanos, sendo o caráter projetivo bem
evidente (a professora e alguns coleguinhas foram
nomeados pelos desenhistas). As pessoas foram
representadas sentadas e em pé.
- Cores: A maioria usou 6 cores; 2 usaram todas as cores
disponíveis, e 1 apenas o marrom. Mais usadas: azul,
verde, amarelo e rosa; Pouco utilizado: preto.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem) carteiras, quadro,
armário com livrinhos e “janelona” (janela de vidro aberta
para o pergolado).
- LOCAL MAIS APRECIADO: armário de brinquedos e
carteira
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: calor (temperatura),
escuro (quando a luz não está acesa), falta de vento e
sujeira do telhado (problemas com o fôrro em madeira).
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): carteira.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO NA CLASSE: as
crianças fizeram referência a aumentar o tamanho da sala,
diminuir o “calor”, usar mais o chão para brincar e escrever,
e colocar passarinhos no pergolado.
FIGURA 13 –Desenhos da sala de aula
FIGURA 14: Desenhos da Escola
4.3.2- A escola (Figura 14)
ÍNÍCIO DA TAREFA: Hesitação inicial.
ELEMENTO PELO QUAL AS CRIANÇAS INICIARAM O
DESENHO: telhado e paredes.
ORDEM DE REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS: variada
PASTORIL - 37
PADRÃO DE DIFICULDADE COMUM À TURMA: difícil
compreensão do conjunto
TIPO DE REPRESENTAÇÃO ELABORADA: desenho bastante
estereotipado, semelhante a uma casa, as vezes com
tridimensionalidade; sobreposição de figuras.
ELEMENTOS MAIS PRESENTES:
- Elementos arquitetônicos mais representados: (nessa
ordem) piscina, playground, quadra, telhados
- Mobiliário e Equipamentos: playground esquemático,
centrado em um brinquedo específico
- Natureza: embora em quase todos os desenhos haja a
presença da natureza através do uso do verde indicando
grama e vegetação rasteira, há pequena quantidade de
árvores inteiras (surpreendentemente) e sol.
- Elementos humanos: ausentes
. Cores: A maioria das crianças usou 5 cores, preferindo,
nessa ordem: azul, rosa, verde, amarelo e marrom.
- ELEMENTOS “LEGAIS” : (em ordem de preferência)
playground, quadra, piscina e árvores
- LOCAL MAIS APRECIADO: quadra, sala de artes, sala de
aniversário e árvores.
- ASPECTOS QUE NÃO-GOSTAM: corredor escuro, sala
quente, biblioteca
- “LUGAR ESPECIAL” (PRÓPRIO): apenar da maioria não
responder, os que indicaram ter um “lugar especial” na escola,
referiram-se à quadra e ao playground.
- SUGESTÕES PARA MUDAR ALGO: após as sugestões “ficar
o tempo todo na quadra” e “ter piscina todo dia”, e similares, as
crianças apontaram aspectos ligados a fazer uma quadra
pavimentada descoberta, trazer animais para a escola, fazer
salas de aula maiores, construir um banheiro dentro da quadra,
colocar mais banquinhos embaixo das árvores e “deixar brincar
de subir nas árvores”.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se tratando de uma edificação construída para ser
utilizada pelo ensino infantil, e ampliada ao longo do tempo, é
fácil verificar-se que a Escola Pastoril tem problemas advindos
da sua própria origem e de reformas nas quais provavelmente o
fator econômico teve grande influência na tomada de decisões.
PASTORIL - 38
Face a isso sua avaliação técnica é apenas regular, embora ela
conte com alto índice de satisfação dos usuários.
Como pontos bastante positivos nas avaliações estão:
- Existência de grande espaço de lazer coberto e descoberto,
bastante arborizado e agradável;
- Excelentes condições de manutenção/limpeza;
- Adequado posicionamento da edificação com relação à
insolação e aos ventos dominantes;
- Preocupação com a comunicação visual;
- Definição de locais cobertos próximo aos portões para que
as crianças esperem os pais;
- Piscina bem cuidada e localizada, com bom tamanho.
Por sua vez, os principais problemas observados dizem
respeito à funcionalidade, ao dimensionamento de algumas
salas e ao conforto térmico. Estes deveriam ser solucionados a
curto ou médio prazo a fim de garantir a boa continuidade do
empreendimento, tais como:
Alta densidade em algumas salas de aula;
Concentração da entrada de alunos pelo prédio antigo, o
que, embora permita um controle máximo, exige grande
intensa utilização do estreito corredor da antiga
residência para a distribuição dos fluxos internos;
Cantina colocada em ponto muito central e voltada para
aquela mesma circulação, o que, nos horários de lanche,
interrompe todo o fluxo de pessoas na área;
Inexistência de ventilação cruzada nas salas de aula;
Em muitas salas as aberturas são pequenas ou tem
vidro;
Sala de professores pequena e mal localizada;
Falta de local para descanso/vestiário de funcionários;
Inexistência de vagas no estacionamento;
Impossibilidade de acesso para deficientes físicos;
Inadequação dos banheiros às crianças menores;
Inadequação de alguns móveis à estatura das crianças,
especialmente na sala de informática.
Alguns desses aspectos negativos tem sido driblados
pela diretoria através de um controle mais rígido da ocupação
dos setores problemáticos, e do escalonamento de horários, de
modo que os pais sequer aparentam conhece-los. No entanto,
face à grande eficiência conseguida em outros itens, o
investimento em alguns desses elementos poderia representar a
criação de uma escola muito melhor para os seus usuários.
PASTORIL - 39
6- TABELAS REFERENCIADAS NO TEXTO
Abreviaturas usadas:
ALPq Área livre pequena
AltJ Altura de janelas e
aberturas
AmizEqp Amizade equipe
ApExt Aparência externa
ApInt Aparência interna
ArbAL Arborização da área
livre
Arbrz Arborização
ASevç Área de serviço
AtivDin Atividade dinâmica
AtivEst Atividade estática
AtivIntem Ativ. intermediária
AumSA Aumento sala de
aula
Banh Banheiros
BP Bairro próximo
BrPG Brinquedos do
layground
BVFunc Banheiro/vestir
funcionários
ConfSA Conforto na sala de
aula
DimC Dimensão cômodos
DistC Distância Cômodos
Estc Estacinamento
Esc Escola
IluA Iluminação artifical
IluN Iluminação natural
IluN Iluminação natural
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
IndPAm Indicação de
parentes ou amigos
Loc Localização
LocPG Localização
playground
Masc Masculino
MatPa Materiais paredes
MatPi Materiasi piso
Md Média
Med 10 Média base 10
Med 4 Média base 4
MetEns Método de ensino
Mod Moda
MoQl Qualidade móveis
MoQt Quantidade móveis
MsEspç Mais espaço
Nd Nada
Ocup Ocupação
Ocupç Ocupação
Organiz Organização
Out Outros
PatPq Pátio pequeno
PG Playground
Piscn Piscina
PreçoAcs Preço acessível
Projtda Projetada
ProxRes Proximidade
residência
ProxTrab Proximidade trabalho
QsTd Quase tudo
QtAL Quantidade área
livre
QtJa Quantidade de
janelas e aberturas
REExE Interferência de
ruídos externos à
escola
REExS Interferência de
ruídos externos à
sala
RImS Interferência de
ruídos internos à
sala
SAEsc Sala de aula escura
SAQte Sala de aula quente
Sd Saída
Sdecl Satisfação
declarada
Segç Segurança
SgInc Segurança incêndio
SgRA Segurança risco
acidentes
SlA/T Sala aula/atividades
SlDesc Sala desconfortável
SMd Satisfação média
SProf Sala professores
Tam Tamanho
Td Tudo
Temp Temperatura
ToldJan Toldos nas janelas
TqAreia Tanque de areia
Tt (TT) Total
VntN Ventilação natural
Vst Vestiário
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