Download PDF
ads:
AMBIENTES INFORMATIZADOS DE ENSINO:
QUESTÕES EM ABERTO
JAQSON DALBOSCO
Passo Fundo
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Jaqson Dalbosco
AMBIENTES INFORMATIZADOS DE ENSINO:
QUESTÕES EM ABERTO
Dissertação apresentada ao curso de pós-
graduação em Educação, da Faculdade de
Educação, da Universidade de Passo Fundo,
como requisito parcial e final para a obtenção do
grau de Mestre em Educação, tendo como
orientador o professor Dr. Edemilson Jorge
Ramos Brandão.
Passo Fundo
2006
ads:
__________________________________________________________
D137a Dalbosco, Jaqson
Ambientes informatizados de ensino : questões em
aberto / Jaqson Dalbosco. 2006.
123 f. : il. ; 29 cm.
Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade
de Passo Fundo, 2006.
Orientação: Dr. Edemilson Jorge Ramos Brandão.
1. Uso do computador na educação. 2. Tecnologia
educacional. 3. Estratégias didáticas. I. Brandão, Edemilson Jorge
Ramos,Jorge Ramos, orientador. II. Título.
CDU: 37:004
__________________________________________________________
Catalogação: bibliotecário Alexandre Chow CRB 10/1681
Dedico este trabalho à minha esposa Lilian,
companheira para todas as horas, sempre
compreensiva ao abdicar de momentos em que
poderíamos estar juntos para dedicar-me ao
desenvolvimento deste trabalho e que sempre me
incentivou para que eu pudesse continuar.
Não poderia ter realizado este trabalho sem o
apoio e incentivo recebido de diversas pessoas,
das quais não poderia deixar de lembrar nesse
momento. Gostaria de iniciar manifestando meu
agradecimento em especial à minha esposa Lilian
e à minha família, sobretudo aos meus pais Ivo
Dalbosco e Maria Marlene Dalbosco, que
sempre me incentivaram a estudar,
oportunizando que chegasse até aqui. Estendo os
agradecimentos aos professores do curso do
mestrado em Educação da Universidade de
Passo Fundo, pelo aprendizado que foi
oportunizado, e, em especial, ao professor Dr.
Edemilson Jorge Ramos Brandão, meu
orientador, pelo apoio, compreensão e incentivo
durante o desenvolvimento deste trabalho. Não
citarei nomes por receio de esquecer de alguém,
mas agrado aos amigos, colegas e a todos
aqueles que de alguma forma me auxiliaram
nesta trajetória e também a Deus, que sempre
esteve olhando por mim nesta caminhada.
RESUMO
Este trabalho aborda questões relacionadas ao uso da informática na educação,
buscando conhecer que possibilidades educacionais estão sendo proporcionadas pelos
recentes avanços tecnológicos que configuram os ambientes informatizados de ensino.
Busca-se a compreensão dos elementos envolvidos na apropriação desses recursos pelos
professores e como essa apropriação contribui para que os alunos construam seus percursos
de aprendizagem de forma crítica, criativa e interativa. Evidenciam-se algumas das
principais concepções pedagógicas associadas à prática docente, buscando identificar no
contexto tecnológico atual quais são as possíveis formas de uso da informática no ambiente
escolar que permitam aos professores se apropriar dessas tecnologias educacionais como
aliadas no processo de ensino-aprendizagem de acordo com a sua concepção pedagógica.
A metodologia utilizada compreende uma investigação bibliográfica, uma análise analítica
exploratória e uma reflexão buscando compreender, junto a professores que atuam em
ambientes informatizados de ensino nas escolas da região de Passo Fundo, como estão se
apropriando desses recursos tecnológicos em suas atividades diárias e que estratégias
didáticas estão sendo utilizadas na transposição e construção do saber escolar com o uso
das novas tecnologias. A pesquisa aponta para a importância da preparação dos professores
na definição de estratégias didáticas adequadas às tecnologias utilizadas, permitindo que os
conteúdos curriculares sejam transpostos para os ambientes informatizados de forma a
potencializar e qualificar o ensino.
Palavras-chave: informática na educação; ambientes informatizados de ensino;
tecnologias educacionais; estratégias didáticas.
ABSTRACT
This work approaches questions related to the use of computer science in the
education, searching to know that educational possibilities are being proportionate for the
recent technological advances that configure education environments with the use of
computers. It searches understand the involved elements in the appropriation of these
resources for the professors and as this appropriation contributes so that students construct
its passages of learning of critical, creative and interactive form. Some of the main
pedagogical conceptions are proven associated to the professor practical, searching to
identify in the current technological context which are the possible forms of computer use
in the school environment that permit to professors appropriate these educational
technologies as allied in the teach-learning process in accordance with its pedagogical
conception. The methodology used understands a bibliographical inquiry, an analytical
exploratory analysis and a reflection searching to understand, together the professors who
acts in computerized education environments in the schools of Passo Fundo region, as they
are appropriating of these technological resources in its daily activities and that didactic
strategies are being used in the transposition and construction of scholar knowing with the
use of the new technologies. The research points to the importance of professors
preparation in the definition of adjusted didactic strategies to the used technologies,
allowing that the curricular contents are transposed for computerized environments of form
to increase the potential and quality the education.
Keywords: computer science in the education; computerized environments of
learning; educational technologies; didactic strategies.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Relação triádica..............................................................................................33
Figura 2 - Software simulador de motor elétrico..............................................................54
Figura 3 - Jogos Educacionais.........................................................................................56
Figura 4 - Comunicação Síncrona....................................................................................67
Figura 5 - Chat................................................................................................................68
Figura 6 - Software ICQ..................................................................................................68
Figura 7 - Comunicação Assíncrona................................................................................69
Figura 8 - Comunicação entre grupos de usuários............................................................70
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAI: Instrução Assistida por Computador
CD-ROM: Disco ótico que armazena informões
CMC: Comunicação Mediada por Computador
CPM: Círculo de Pais e Mestres
DVD-ROM: Disco ótico com grande capacidade de armazenamento de informões
EAD: Educação a Distância
EJA: Educação de Jovens e Adultos
GESAC: Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão
HTML: Linguagem de Marcação de Texto
IA: Inteligência Artificial
ICAI: Instrução Inteligente Assistida por Computador
ITS: Sistemas Tutores Inteligentes
LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC: Ministério da Educação
NTE: Núcleo de Tecnologia Educacional
NTIC: Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
RV: Realidade Virtual
STI: Sistemas Tutores Inteligentes
TE: Tecnologia Educacional
TI: Tutores Inteligentes
TIC: Tecnologias da Informação e Comunicação
WWW: World Wide Web
ZPD: Zona de Desenvolvimento Proximal
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................11
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................16
1.1 O behaviorismo de Skinner.....................................................................................16
1.2 A abordagem construtivista de Piaget.....................................................................20
1.3 A abordagem socioconstrutivista de Vygotsky........................................................23
1.4 Outras teorias relacionadas.....................................................................................31
2 AMBIENTES INFORMATIZADOS DE ENSINO..................................................37
2.1 O professor e a informática no contexto escolar......................................................41
2.2 O uso pedagógico do computador...........................................................................43
2.2.1 Instrução assistida por computador...............................................................46
2.2.2 STI - Sistemas Tutores Inteligentes...............................................................48
2.2.3 Software educacional....................................................................................50
2.2.4 Simulões...................................................................................................53
2.2.5 Jogos educacionais........................................................................................55
2.2.6 Comunicação em ambientes virtuais.............................................................57
2.3 Internet e suas potencialidades didático-pedagicas..............................................58
2.3.1 Navegar na internet.......................................................................................63
2.3.2 Pesquisa na internet......................................................................................64
2.3.3 Comunicação na internet...............................................................................67
2.3.4 Novas possibilidades da internet para a educação..........................................71
2.4 Educação a distância...............................................................................................74
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................................78
3.1 Coleta de dados......................................................................................................79
3.1.1 Entrevista......................................................................................................80
10
3.1.2 Observação participante................................................................................82
3.2 Apresentação e análise dos dados............................................................................83
3.2.1 A instrumentalização das escolas..................................................................84
3.2.2 A apropriação dos recursos tecnológicos pelos professores...........................89
3.2.3 O uso de software educacional......................................................................97
3.2.4 O uso da internet..........................................................................................103
3.2.5 A atuação do professor.................................................................................106
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................116
REFERÊNCIAS...........................................................................................................119
INTRODUÇÃO
Quando se reflete sobre os rumos da educação nos dias de hoje e se analisa o
contexto tecnológico onde as pessoas estão inseridas, contexto esse que começa a dar
forma a chamada sociedade da informação, facilmente se percebe que se vivencia um
período histórico caracterizado pela profunda valorização da informação e pela constante
oferta de soluções tecnológicas como base para o desenvolvimento humano nas mais
variadas áreas do conhecimento.
O avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos proporciona uma realidade em que
a apropriação das tecnologias
1
é imprescindível para qualquer atividade. Assim, o que se
percebe no contexto atual é uma crescente necessidade de mudança e de atualização
profissional, levando a que as pessoas optem por usufruir cada vez mais das facilidades
oferecidas pela tecnologia em seus afazeres.
Ao pensar a educação nesse contexto, é evidente a necessidade de que as atividades
ligadas ao processo de ensino-aprendizagem acompanhem tais mudanças. Atualmente, é
importante que as escolas não excluam a tecnologia de seu ambiente, e, sim, busquem
nelas elementos que contribuam para melhorar a qualidade da educação, através de uma
apropriação pedagógica desses recursos. Nesse sentido, é fundamental que o sistema
educacional como um todo leve em consideração em suas práticas diárias as possibilidades
de mediação
2
oferecidas pela tecnologia, que, se devidamente apropriada pela escola, pode
oportunizar experiências significativas tanto para os professores quanto para os alunos.
Para muitos estudiosos, os avanços ocorridos com as tecnologias de informação e
1
Conjunto de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo
de atividade. É tudo o que, não lhe sendo natural, o ser humano inventa para aumentar sua força física;
estender seus poderes de locomoção; ampliar sua capacidade sensorial; facilitar seu trabalho; simplificar sua
vida, ou simplesmente, obter prazer.
2
Mediação, em termos genéricos, é o processo de intervenção de um elemento intermedrio numa relação; a
relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento (OLIVEIRA, 1997, p.25).
12
comunicação
3
estão oportunizando a configuração de verdadeiros ambientes
informatizados de ensino
4
nas escolas. Tais ambientes facilitam processos e geram uma
enorme gama de possibilidades no âmbito educacional, que vão muito além de uma
simples ferramenta auxiliar do professor na busca de soluções para problemas do seu dia-a-
dia, na medida em que oferecem alto grau de interatividade e de comunicação entre as
pessoas.
Diante de todos os avanços oferecidos pelas tecnologias atuais encontra-se o
professor, que precisa conviver com essas inovões, porém muitas vezes não foi
devidamente preparado para enfrentar a complexa utilização desses recursos no ambiente
escolar, pela diversidade de ferramentas disponíveis e pela falta de orientação sobre como
se apropriar dessa tecnologia em prol das suas atividades. É facilmente percebível na
literatura que a utilização do computador, aliado ao uso desses ambientes, oferece ao
professor um recurso didático-pedagógico com fortes características inovadoras. Todavia,
é importante refletir sobre até que ponto a utilização dessa tecnologia está sendo feita de
forma a contribuir significativamente para a realização de objetivos educacionais.
Apesar de toda a potencialidade oferecida pelas novas tecnologias, ainda é comum
encontrar resistência quanto à aplicação dessas tecnologias no âmbito educacional por
parte de muitos docentes, até mesmo em nível universitário. Para outros professores, o que
se espera de todos esses recursos que atualmente invadem as escolas é que se adaptem as
suas propostas de ensino. No entanto, existem professores que se empenham em criar
estratégias para uso dos recursos que dispõem em suas práticas, sendo criativos ao
apropriarem-se das tecnologias para o uso em suas práticas, proporcionando ambientes
informatizados de ensino mais colaborativos, com características tais que estimulem no
aluno o desafio, a curiosidade, a resolução de problemas e a interatividade.
É importante levar em consideração que estamos vivenciando uma época em que,
apesar do alto nível de exclusão social e digital, o computador ocupa cada vez mais
espos nas residências, proporcionando diferenciais em relação a outras tecnologias,
como o rádio e a televisão, por apresentar grande capacidade de interagir diretamente com
o usuário. Jogos eletrônicos, por exemplo, utilizam gráficos em terceira dimensão, sons
digitais e recursos de inteligência artificial, os quais, combinados, criam ambientes virtuais
3
Tecnologias associadas ao uso do computador e suas aplicações, da internet e da telemática. Tecnologias
utilizadas para tratamento, organização e disseminação de informações. Pode-se utilizar a abreviação TIC.
4
Entende-se como ambientes informatizados de ensino todo espaço no interior da escola provido de recursos
que favoram os processos didático-pedagógicos, que podem ser construídos através de vários elementos
(hardware e software), que vão desde equipamentos de multidia, internet a softwares educacionais,
recursos de realidade virtual e sistemas tutores inteligentes.
13
que simulam a realidade, criam novos espos de aprendizagem e permitem alto grau de
interação entre homem-máquina.
Tendo em vista os inúmeros recursos atualmente oferecidos pelas novas
tecnologias, que envolvem desde softwares educacionais, ferramentas de acesso, pesquisa
e comunicação via internet até hardwares específicos para o ensino, os ambientes
educacionais tornam-se cada vez mais informatizados, conduzindo a que os professores se
sintam quase que obrigados a se apropriar desses recursos, de forma a atender aos seus
interesses e aos de seus alunos. No entanto, é preciso ressaltar que esses recursos só têm
sentido para a educação quando inseridos num contexto pedagógico com objetivos e
estratégias didáticas bem elaboradas.
Percebemos que nem sempre o professor encontra uma aplicação que se adapte aos
seus interesses e, tampouco, aos dos seus alunos. Muitos sentem, inclusive, a necessidade
de desenvolver seus próprios ambientes, construindo home-pages e elaborando softwares
educacionais multimídia com os recursos de que dispõem, o que torna a tarefa ainda mais
difícil, pois nem sempre possuem um nível de conhecimento na área, que facilite o
manuseio de ferramentas de desenvolvimento e o donio de técnicas avançadas de
programação
5
.
A necessidade de produzir ambientes de ensino informatizados e tecnicamente bem
qualificados torna imprescindível o donio de técnicas sofisticadas de desenvolvimento
de software, o que para a maioria dos professores representa um desgaste desnecessário,
uma vez que o seu objetivo não é dominar todas as complexas técnicas de programação, e,
sim, apropriar-se dos recursos presentes nesses ambientes tecnológicos para qualificar suas
atividades, sem deixar de lado a qualidade do ensino
6
.
Os problemas enfrentados pelos professores no processo de desenvolvimento e
autoria de softwares educacionais ou aplicações para a web iniciam pela capacitação
tecnológica, pois muitos, por não terem um conhecimento aprofundado na área de
informática e por não dominarem os programas e as ferramentas necessárias para a
construção de softwares e aplicações para Internet, sentem-se impedidos de poderem
produzir materiais próprios, de acordo com as necessidades específicas para a sua atividade
5
A maioria das linguagens e ambientes de programação disponíveis no mercado atualmente não é
direcionada aos professores, mas, sim, a programadores experientes, levando o professor a criar aplicações
limitadas ou utilizar outras ferramentas que apresentem uma interface mais amigável e muitas vezes limitada
em relação ao uso de recursos computacionais mais avançados
6
Se tomarmos como exemplo a construção de ambientes computacionais que contemplem o aprendizado
cooperativo, é indispensável a utilização de diferentes mídias e ambientes de programação e sistemas
multiusuários e todos os recursos de rede para permitir o intercâmbio assíncrono e síncrono das informações
entre o grupo. Esses recursos exigem um grande conhecimento específico de ferramentas, linguagem de
programação, redes e protocolos de comunicação.
14
docente
7
. Devido às complexidades envolvidas na autoria de softwares para o uso
educacional, normalmente essa atividade é atribuída a programadores e especialistas em
computação, no entanto, deixar essa tarefa somente sob a responsabilidade desses
profissionais, sem o envolvimento de profissionais da área da educação para apoiar com o
conhecimento pedagógico e na definição de estratégias didáticas adequadas ao conteúdo a
ser trabalhado, pode conduzir ao uso bastante reduzido do potencial pedagógico dos
recursos computacionais.
Outros fatores a serem considerados são: como o professor pode transpor os
conteúdos para um ambiente educacional informatizado? O professor está preparado para
criar seus próprios ambientes informatizados de ensino com as funcionalidades oferecidas
pela tecnologia? Quais as estratégias didáticas que o professor utiliza para se apropriar
desses recursos em suas atividades didáticas? Como equacionar questões relacionadas aos
custos e à disponibilidade de tempo para o planejamento e a implementação de projetos ad-
hoc?
Este trabalho pretende discutir questões relacionadas ao uso da informática na
educação, procurando identificar como a tecnologia, que já vem beneficiando setores
importantes da atividade humana, está sendo aplicada no âmbito educacional. Busca-se a
compreensão dos elementos envolvidos na apropriação desses recursos pelos professores e
como essa apropriação contribui para que os alunos construam seus percursos de
aprendizagem de forma crítica, criativa e interativa, procurando-se observar na ação
docente, as teorias de aprendizagem que alicerçam essas práticas e que estratégias didáticas
estão sendo utilizadas pelos professores na transposição e construção do saber escolar em
ambientes informatizados de ensino.
Apresenta como objetivos específicos: a) identificar de que forma as novas
tecnologias estão sendo apropriadas pelos professores em suas práticas pedagógicas e que
recursos estão sendo disponibilizados nas escolas para que estes docentes possam
desenvolver atividades em ambientes informatizados de ensino; b) analisar, a partir de
depoimentos e falas de professores, a operacionalidade dos ambientes informatizados de
ensino presentes nas escolas da região de Passo Fundo, buscando identificar elementos que
os tornem mais adequados às atividades conduzidas por esses professores; c) investigar
sobre as principais necessidades e dificuldades que os professores encontram ao fazer uso
de recursos informatizados em suas atividades diárias; d) identificar as principais
7
Estudar e dominar princípios de engenharia e qualidade de software, banco de dados, lógica de
programação, redes de computadores, sistemas operacionais, entre outros necessários para se desenvolver
ambientes informatizados de ensino, realmente não é uma tarefa fácil.
15
estratégias didáticas utilizadas pelos professores nestes ambientes com vistas à
transposição de conteúdos curriculares.
O texto final desta dissertação está estruturado em quatro capítulos. O primeiro
capítulo sintetiza os fundamentos teóricos relacionados à utilização de tecnologias da
informação e da comunicação no processo ensino-aprendizagem, com destaque para o
behaviorismo de Skinner, a abordagem construtivista de Piaget e a socioconstrutivista de
Vygotsky. Também apresenta outras teorias, como a teoria das inteligências múltiplas de
Gardner e a semiótica de Pierce, tendo em vista a sua contribuição para a construção e uso
de ambientes informatizados de ensino nas escolas.
O segundo capítulo contempla a análise dos principais recursos tecnológicos e
ferramentas que atualmente são utilizados em ambientes informatizados de ensino, a fim
de identificar formas de utilização desses recursos pelas escolas e possíveis estratégias que
podem ser adotadas pelos professores na transposição e construção dos conteúdos
curriculares.
No terceiro capítulo apresenta-se o caminho metodológico adotado na condução
desta pesquisa, destacando os principais elementos que a caracterizam como uma pesquisa
de tipo exploratória e analisando a presença das variáveis estabelecidas e da sua
caracterização qualitativa, conforme sugere Köche (1997, p. 126). Por fim, no quarto
capítulo são expostos os resultados da pesquisa e as considerões finais obtidas ao longo
de todo o processo investigativo.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com a evolução e inserção das tecnologias de informação e comunicação nos mais
diversos segmentos da sociedade, inclusive nas escolas, as contribuições desses recursos ao
processo de ensino-aprendizado estão diretamente relacionadas às propostas didático-
pedagógicas de quem os utiliza para fins educacionais. Assim, é de grande importância a
compreensão das teorias de aprendizagem que embasam o uso e a implementação de
ambientes informatizados na escola, por permitirem detectar elementos fundamentais que
levam a identificar e avaliar as estratégias que fundamentam a ação pedagógica nesses
espos.
Este capítulo pretende apresentar as principais teorias educacionais pertinentes à
discussão em torno da introdução de tecnologias em educação, visando levantar subsídios
que fundamentem o uso de uma ampla gama de recursos tecnológicos presentes nas
escolas, que configuram verdadeiros ambientes informatizados de ensino nas múltiplas
formas de transpor e gerar conhecimentos.
1.1 O behaviorismo de Skinner
Busca-se através do estudo sobre o behaviorismo encontrar algumas explicões
sobre aspectos do comportamento humano e, especialmente, sobre como esse
comportamento é influenciado pelo uso de tecnologias e ambientes informatizados de
ensino.
No início do século XX, o psicólogo americano John B. Watson fundou o
behaviorismo, um ramo objetivo e experimental das ciências naturais voltado ao estudo do
17
comportamento. Na perspectiva de Watson, comportamento é sempre uma resposta do
organismo humano ou animal a um estímulo presente no meio ambiente (OLIVEIRA,
2001, p.18-19). Para esse pesquisador, o comportamento deveria ser estudado em função
de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas
respostas, o que ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de
equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. (BOCK, 1999, p.45).
Após Watson, o mais importante psicólogo da corrente behaviorista foi B.F.
Skinner (1904-1990), cujas idéias têm influenciado muitos psicólogos americanos e de
vários países onde a psicologia americana tem grande penetração, como o Brasil. O
behaviorismo de Skinner ficou conhecido como behaviorismo radical, termo cunhado
pelo próprio Skinner em 1945 para designar uma filosofia da ciência do comportamento
(que ele se propôs a defender) por meio da análise experimental do comportamento.
Segundo Skinner (1999, p. 16-20), o behaviorismo metódico, como foi proposto
inicialmente por Watson, privilegia o ambiente perante o desenvolvimento biológico;
enquanto ciência do comportamento, visa medir, comparar, testar, experimentar, prever e
controlar os comportamentos; busca explicar os comportamentos observáveis do sujeito,
desprezando os aspectos afetivos e emocionais (desejo, fantasia, etc.). Já o behaviorismo
radical adota uma linha diferente: não nega a possibilidade de auto-observação ou do
auto-conhecimento ou sua possível utilidade, mas questiona a natureza daquilo que é
sentido ou observado e, portanto, conhecido. A base da corrente skinneriana está na
formulação do comportamento operante.
O behaviorismo de Skinner procurou estudar o comportamento, razão por que foi
denominado análise experimental do comportamento, cuja base essencial foi a utilização
de reforços como condição para controle do comportamento humano, através de prêmios,
abonos e outros mecanismos. Adotado nas escolas, notas, diplomas, elogios, prêmios,
castigos, entre outros, assumiram a função de regular o comportamento do aluno como
condição para a aprendizagem (OLIVEIRA, 2001, p. 19). Segundo o autor,
[...] ressalta-se na perspectiva behaviorista a redução do comportamento aos seus
aspectos observáveis, descartando-se toda a atividade mental que não seja
decorrente de sensações e percepções extraídas do meio. Ficam de fora
conseentemente as funções psicológicas superiores, ou seja, aquelas que
envolvem as ações volunrias provenientes da consciência, como a capacidade
de planejar, a visão retrospectiva, prospectiva e antecipadora de dados, entre
outras. (OLIVEIRA, 2001, p. 21).
18
Ao pensar sobre o uso de tecnologias educacionais baseadas na teoria behaviorista,
é possível identificar que, antes mesmo do uso das tecnologias computacionais no ensino,
já eram utilizadas no meio educacional como uma tecnologia decorrente do paradigma
psicológico behaviorista, o que foi definido por Skinner como máquinas de ensinar.
Essas máquinas permitiam à criança responder a uma questão movendo um ou mais
cursores, pressionando ou girando botões. Se a resposta estivesse certa, o botão giraria com
facilidade, ou poderia fazer piscar uma luz, ou fazer funcionar algum outro reforçador
condicionado; se a resposta estivesse errada, poderia ativar outro dispositivo sem dar a
resposta certa. Ao escolher uma resposta correta, o aluno era encaminhado para outra
questão, produzindo seências de simples transões de ensino. Cada interação era
iniciada pela máquina, disparando questões geralmente do tipo múltipla escolha
(SKINNER, 1972, p. 21).
Ao utilizar essas ferramentas, o aluno poderia aprender pouco a pouco, encontrando
as respostas corretas, que davam um prêmio imediato e encaminhavam para a interação
seguinte, seguindo uma seência linear para o donio do conhecimento. Esse tipo de
solução está presente atualmente em muitos ambientes informatizados de ensino
construídos aplicando o paradigma baseado em esmulo-resposta.
As mais conhecidas aplicões educacionais do trabalho de Skinner são, sem
dúvida, as máquinas de ensinar, construídas com base na instrução programada
1
. Existem
várias espécies de máquinas de ensinar, no entanto, embora seu custo e sua complexidade
variem consideravelmente, a maioria das máquinas executa funções semelhantes. Para
Skinner (1972, p. 22-23), as máquinas de ensinar apresentam várias vantagens em
comparação a outros métodos:
[...] o professor pode facilmente supervisionar toda uma classe trabalhando com
estes aparelhos ao mesmo tempo e, no entanto, cada criança progride no seu
próprio ritmo, completando tantos problemas quantos lhe for possível durante a
hora de aula. Se a criança tiver de, por qualquer razão, abandonar a sala, pode, ao
voltar, continuar de onde parou. [...] o aparelho permite a apresentação de um
material cuidadosamente planejado, no qual cada problema dependerá da
resposta ao anterior e onde, por isso, é possível fazer progresso contínuo até a
aquisição de um repertório complexo. (SKINNER, 1972, p. 23).
1
A instrução programada consiste em dividir o material a ser ensinado em pequenas partes logicamente
encadeadas, denominados módulos. Cada conceito é apresentado em módulos seenciais; cada módulo,
por sua vez, termina com uma queso que o aluno deve responder preenchendo os espos em branco ou
escolhendo a resposta entre diversas alternativas apresentadas.
19
Skinner (1972, p. 27-28) ainda chama a atenção para o uso de recursos
audiovisuais
2
, que suplementam e podem, mesmo, suplantar aulas, demonstrões e livros
didáticos. Em muitos aspectos, diz Skinner, é como um professor particular, no sentido de
haver constante intercâmbio entre o programa e o estudante, porém chama a atenção
quanto a um real perigo de que fique totalmente negligenciado se o uso do equipamento
destinado a simplesmente apresentar as matérias se tornar generalizado, tratando o aluno
como um receptor passivo de informação. Nesse sentido, o equipamento deve encorajar a
participação ativa do estudante no processo educacional.
Outro fator importante é apontado por Skinner (1972, p. 31). Se o que se sabe sobre
a aquisição e a manutenção do comportamento verbal tiver de ser aplicado, uma máquina
de ensinar apropriada deverá ter características importantes, de modo que o aluno possa
compor respostas em vez de escolher entre alternativas.
Segundo Palangana (1998, p. 17), o behaviorismo negligencia a capacidade de
simbolização humana, tal como esta se manifesta no comportamento intelectual,
emocional, lingüístico, etc., pois privilegia as condições exógenas, acreditando que o
conhecimento é o resultado direto da experiência. Os psicólogos behavioristas centraram
suas pesquisas no produto da aprendizagem, buscando leis gerais que servissem para
descrever, mensurar e controlar o comportamento.
Apesar das limitões apresentadas pelo behaviorismo, ao pensar em sua aplicação
em ambientes informatizados de ensino, não se pode negar o seu valor histórico,
principalmente pela inserção da tecnologia nos processos de ensino, com o uso das
máquinas de ensinar propostas por Skinner. Todavia, com a evolução tecnológica ocorrida
nos últimos anos, nota-se que a potencialidade de aplicação de estratégias didáticas e
interões em ambientes de aprendizagem vai além do que é proposto pelas teorias
behavioristas, proporcionando ambientes informatizados de ensino mais adequados ao
contexto atual.
No entanto, o que se percebe é que o potencial que as novas tecnologias oferecem
nem sempre é aplicado de forma adequada, o que é reforçado por Rabello quando pondera
que,
2
Associa som e imagem no processo de comunicação ou de ensino;
20
[...] embasado em leituras de diferentes autores, percebi o quanto os recursos
tecnológicos eso sendo subutilizados em educação, como um todo, e, de modo
especial, na educação infantil; Isso ocorre porque não se incorporam na maioria
dos projetos de softwares utilizados no ambiente escolar tecnologias que geram
uma nova dinâmica ao processo didático-pedagógico, como, por exemplo, a
realidade virtual e a própria inteligência artificial, que ao longo de vários anos
vem tendo grande aceitação em outras áreas de atuação onde a presença de um
blico infantil também é muito grande, como a do entretenimento (RABELLO,
2004).
Como se pode perceber na literatura, muito antes de os recursos computacionais
serem aplicados à educação, a tecnologia já estava sendo utilizada para auxílio nos
processos de ensino e aprendizagem, isso com base em princípios pedagógicos e
tecnologias de cada época. Apesar de as tecnologias terem evoluído muito, atualmente
ainda se percebe a presença desses princípios em diversos ambientes informatizados de
ensino, que são desenvolvidos seguindo a mesma concepção metodológica behaviorista
utilizada nas máquinas de ensinar, cuja principal característica é conduzir o aprendiz a um
objetivo determinado dentro de uma lógica linear, seencial e com baixo nível de
interatividade, no caso dos programas de informação, tutoriais e de exercício e prática.
1.2 A abordagem construtivista de Piaget
Na teoria construtivista, as estruturas do pensamento, do julgamento e da
argumentação dos sujeitos não são impostas às crianças de fora, como acontece no
behaviorismo, nem são consideradas inatas, como se fossem uma dádiva da natureza.
Piaget defende a concepção de que tais estruturas do pensamento, julgamento e da
argumentação são o resultado de uma construção realizada por parte da criança em longas
etapas de reflexão, de remanejamento (GROSSI, 1999, p. 27).
Nesta teoria, pode-se dizer que o conhecimento não pode ser concebido como algo
predeterminado desde o nascimento, nem como o resultado do simples registro de
percepções e informões, mas como resultado das ões e interões do sujeito com o
ambiente onde vive, enfatizando a idéia de que a aprendizagem é uma construção que vai
sendo elaborada desde a infância, através de interões do sujeito com os objetos que
procura conhecer. Nas palavras de Piaget, na obra o Nascimento da inteligência na criança
(1987, p. 386),
21
[...] as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de
modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pela
atividade do sujeito, mas por um estado indiferenciado; e é desse estado que
derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao
sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas.
Conforme Palangana (1998, p. 23), Piaget especifica quatro fatores como sendo
responsáveis pela psicogênese do intelecto infantil: o fator biológico, particularmente o
crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso; o exercício e a experiência física,
adquiridos na ação empreendida sobre os objetos; as interões e transmissões sociais, que
se dão basicamente através da linguagem e da educação, e o fator de equilibração das
ões, que desempenha um papel extremamente importante no processo de
desenvolvimento. Piaget explica que o desenvolvimento individual se dá em razão de
atividades múltiplas em seus aspectos de exercício, de experiência e de ação, dentre outros,
e que a coordenação dessas ões pressupõe um sistema de auto-regulação ou equilibração
que dependerá das circunstâncias tanto quanto das potencialidades epigenéticas
3
.
Na medida em que as estruturas intelectuais disponíveis apresentam-se
insuficientes, ocorrem contradições ou discrepâncias em seu conhecimento atual, o
desequibrio, levando essas estruturas a se adaptar às novas circunstâncias, indo em
direção a um estado superior e mais complexo de equibrio, o que Piaget denomina de
equilibração majorante”. É por meio desse processo interminável de desequilíbrios e
novas equilibrões superiores que, no entender de Piaget, ocorrem a construção e
progressão do conhecimento.
De acordo com a concepção piagetiana, o desenvolvimento cognitivo compreende
quatro estágios ou períodos, cada um definindo um momento do desenvolvimento como
um todo, ao longo do qual a criança constrói determinadas estruturas cognitivas. Vejam-se
os quatro períodos (NEVES, 2000, p. 26; PALANGANA, 1998, p. 24-29):
Sensório-motor: do nascimento aos dois anos. Neste estágio, a criança representa o
mundo em termos de ões (sugar, olhar, deixar cair, etc.);
Pré-operacional: dos dois aos sete anos, a criança lida com imagens concretas e é
limitada por problemas de concretude, irreversibilidade, egocentrismo e centralização;
Operações concretas: dos sete aos doze anos, a criança tem a capacidade recém
adquirida de operar mentalmente, ou de mudar uma situação concreta, e de realizar
operações lógicas sem apresentar os problemas do estágio anterior;
3
Teoria segundo a qual a constituição dos seres se inicia a partir da lula sem estrutura e se faz mediante
sucessiva formação e adição de novas partes que previamente não existiam.
22
Operações formais: dos doze anos em diante, inicia-se uma progressiva
capacidade mais refinada para executar operações mentais, não apenas com objetos
concretos, mas também com símbolos. A criança desenvolve a capacidade de pensar em
termos de hiteses e possibilidades, comando a aparecer o raciocínio científico em sua
forma sistemática.
Segundo Neves, a implantação da abordagem construtivista nas escolas deu-se na
década de 1980. Nesse contexto, o pólo decisório dos processos de aprendizagem, estava
na criança, não no professor, sendo o objetivo do professor favorecer a descoberta
individual, não mais determinar a velocidade e a forma de construção do conhecimento
para o estudante, pois, segundo o construtivismo, as estruturas de pensar, julgar e
argumentar resultam de um trabalho permanente de reflexão e remontagem das percepções
que a criança tem, agindo sobre o mundo físico e interagindo com outras pessoas no
mundo social.
Segundo Grossi, para trabalhar numa linha construtivista, não se pode abrir mão do
seguinte fundamento:
O pressuposto que Piaget e muitos psicólogos dessa tradição construtivista fazem
é que o ser humano tem uma pré-disponibilidade para pensar, para julgar, com
bases racionais, ou seja, o ser humano é dotado de uma faculdade da mente que
se desenvolve nos mais diferentes contextos, mas se calca essencialmente na
razão. O homem é um ser com pré-disponibilidade para o emocional, mas é um
ser racional. (GROSSI, 1999, p. 27)
Seguir uma linha construtivista corresponde a desenvolver o potencial da criança,
através de uma construção que vise levar essa competência a patamares mais elevados,
como o pensar logicamente, julgar o certo e o errado, argumentar com outros, num esforço
de reciprocidade, de transmissão de idéias e de compreensão do que o outro diz. Portanto,
ambientes informatizados de ensino que sigam uma teoria construtivista do conhecimento
devem permitir ao aluno um alto grau de interatividade, propiciando interfaces que
permitam a criação de representões virtuais, de modo que o estudante possa não apenas
tomar decisões, mas, também, manipular, vivenciar, participar, experimentar.
Para Azenha (1995, p. 23), a construção gradativa do conhecimento ou do conjunto
de significados que constituem a entidade psicológica é resultante do ativo esforço do
homem para atribuir significados na sua interação com o mundo e compreender os objetos
que constituem o contexto para a interação humana, entendendo-se como objeto de
23
conhecimento tudo o que possa ser alvo da atenção humana. Essa interação com os objetos
de conhecimento através de ambientes informatizados está cada vez mais atrativa e
dinâmica, em virtude do grande avanço nas tecnologias de computação e comunicação; do
desenvolvimento de interfaces cada vez mais poderosas, permitindo a construção de
ambientes informatizados nos quais os alunos podem imergir em sistemas altamente
atrativos e interativos, possibilitando a colaborão e o aprender-fazendo.
O construtivismo na educação é uma forma teórica que reúne as várias tendências
atuais do pensamento educacional, principalmente ao considerar a introdução das
tecnologias e a criação de ambientes de educação informatizados e a distância, concebendo
que a educação deve ser um processo de construção de conhecimento. Entretanto, ainda há
autores que propõem a união da teoria construtivista e comportamentalista na elaboração
de ambientes informatizados de ensino, justificando que os alunos podem aprender um
conjunto de termos e informões muito bem estruturadas através do comportamentalismo,
ao passo que recursos construtivistas ajudam-nos a lidar com problemas reais por caminhos
que os habilitem resolver problemas.
Nesse sentido, projetos de softwares tutoriais, inerentemente comportamentalistas,
podem agregar aspectos construtivistas, tais como permitir que o aluno decida por qual
caminho seguir, favorecer experiências e conhecimento, dando-lhe chance de ver exemplos
ou trazer problemas do mundo real para serem resolvidos.
Ainda, outras tecnologias computacionais não lineares, como a multimídia,
realidade virtual, inteligência artificial e hipertextos, podem ser utilizadas na criação de
ambientes informatizados para ensino e aprendizado seguindo uma linha construtivista,
permitindo aos estudantes escolher a velocidade com que constroem o seu conhecimento e
também como querem explorar as informões fornecidas pelo ambiente, de acordo com o
seu interesse.
1.3 A abordagem socioconstrutivista de Vygotsky
Ao analisar a abordagem socioconstrutivista proposta por Vygotwky, busca-se
identificar informões relevantes que permitam avaliar o uso da informática no processo
de ensino-aprendizado e no desenvolvimento do indivíduo e as contribuições que essas
tecnologias oferecem ao processo educacional como um todo nos legados de Vygotsky,
mais especificamente, os que se referem às relões entre aprendizado e desenvolvimento.
24
Vygotsky, mesmo tendo vivido somente até os 37 anos, deixou um grande número
de estudos, cujo foco de análise é o desenvolvimento do indivíduo e da espécie humana
como resultado de um processo sócio-histórico
4
. Vygotsky defende que as características
tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são meros
resultados das pressões do meio externo, mas resultam da interação dialética do homem e o
seu meio social. Para ele, quando o homem modifica o ambiente através de seu próprio
comportamento, essa modificação vai influenciar no seu comportamento futuro, da mesma
forma como as funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do
indivíduo e seus contextos cultural e social.
Tanto para Piaget como para Vygotsky, o desenvolvimento do indivíduo não
implica somente mudanças quantitativas, mas, também, transformões qualitativas do
pensamento. Ambos reconhecem o papel da relão ente o indivíduo e a sociedade, porém
em Vygotsky é essa relação que determina o desenvolvimento do indivíduo. Assim,
segundo as idéias vygotskyanas, o desenvolvimento humano é produto das interões
entre o indivíduo que aprende e os agentes interlocutores da cultura, que, entre outros,
podem ser a falia e, no âmbito escolar, o professor.
Nesse contexto, pode-se introduzir a utilização de ambientes informatizados como
aliados no desenvolvimento humano através da interação das crianças com poderosos
mediadores simbólicos, que podem representar a própria relação social, fazendo o papel
dos membros mais experientes da cultura. Assim, tais recursos educativos devem ser
ajustados à linguagem dos alunos, o que determina a necessidade de serem avaliados
segundo padrões vistos não somente do ponto de vista do nível de cognição e do valor do
feedback, mas segundo seus padrões culturais; podem assumir uma participação como
tutor, para desenvolver os conhecimentos e as habilidades do aprendiz, entregando-lhe,
cada vez mais o controle das operões à medida que ele assume maior responsabilidade
cognitiva sobre a gestão da atividade, propiciando a interiorização gradual dos
procedimentos e do conhecimento envolvido no seu processo de desenvolvimento.
Segundo Vygotsky, no processo de desenvolvimento, a criança começa utilizando
as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente utilizaram com ela,
porque, desde os primeiros dias de vida, as atividades da criança adquirem um significado
próprio num sistema de comportamento social, retratadas através de seu ambiente humano,
que a auxilia a atender aos seus objetivos. Esse processo vai envolver comunicação, ou
seja, fala.
4
Das linhas de estudo tratadas por Vygotsky, esta são dará ênfase, apenas, às funções psicológicas
superiores e às relações entre o desenvolvimento e a aprendizagem.
25
Vygotsky trata da ligação entre percepção e atenção à fala e o uso de instrumentos,
declarando que a fala introduz mudanças qualitativas na percepção e na atenção.
Segundo ele, a relação entre o uso de instrumentos e a fala afeta várias funções
psicológicas, em particular a percepção, as operações sensório-motoras e a atenção, cada
uma das quais é parte de um sistema dinâmico de comportamento.
Para Vygotsky o papel da linguagem na percepção é surpreendente e, mesmo nos
estágios mais precoces do desenvolvimento, linguagem e percepção estão ligadas. Um
aspecto especial da percepção humana é a percepção de objetos reais, entendendo que o
mundo não é visto simplesmente em cor e forma, mas também como um mundo com
sentido e significado, no qual um objeto qualquer não é visto pela sua forma e aparência,
mas pelo seu significado. A percepção é parte de um sistema dinâmico de comportamento;
por isso, as relões entre as transformações dos processos perceptivos e as transformões
em outras atividades intelectuais são de fundamental importância.
Ao abordar a questão da fala no processo de desenvolvimento associado ao uso de
ambientes informatizados de ensino, pode-se identificar a importância do uso da
multimídia para a concepção de uma ferramenta educativa. Se forem inclusos os recursos
de som, imagens e vídeo, aliados aos recursos de transmissão e de rede, é possível criar
estratégias de alta interatividade utilizando a fala como meio de comunicação entre os
alunos e professores, propiciando ambientes com alto grau de cooperão, permitindo
conversas simultâneas, além da visualização de imagens e de vídeo em tempo real,
incentivando o uso da linguagem e despertando as características de percepção no aluno.
Ao utilizar recursos como inteligência artificial e algoritmos de simulação num
ambiente informatizado, é possível reproduzir ambientes imaginários ou micromundos,
propiciando aos alunos a representação mental com modelos conceituais como metáforas e
mapas, permitindo o uso da similaridade de um processo conhecido para ensinar um
processo desconhecido.
Essa forma de aplicação dos recursos computacionais contribui para a criação de
um sistema de signos, o que, para Vygotsky, é base para a reestruturão do processo
psicológico, rompendo com a barreira entre o campo sensorial e o sistema motor, tornando
possível novos tipos de comportamento. Esses se deslocam da percepção direta para o
controle das funções simbólicas, causando uma ruptura entre o comportamento primitivo
dos animais e para as atividades intelectuais superiores dos seres humanos, despertando
uma das grandes funções da estrutura psicológica, a atenção, que, segundo Vygotsky,
embasa o uso de instrumentos.
26
A capacidade de obter sucesso ou não sobre qualquer operão prática depende da
atenção. Nesse sentido, uma boa interface num ambiente educacional informatizado pode
ser decisiva no que se refere a manter a atenção do usuário dentro do contexto estudado. A
criação de uma interface que implemente recursos como reconhecimento de voz permite
uma interação homem-máquina na qual, com o auxílio da função indicativa das palavras, o
aluno pode interagir com o ambiente e começar a dominar sua atenção, criando centros
estruturais novos dentro da situação percebida.
Segundo Vygotsky, a criança, por meio da fala, pode, além de reorganizar o campo
visual-espacial, criar um campo temporal que pode ser tão perceptivo e real quanto o
visual. Dessa forma, a criança que fala tem a capacidade de dirigir sua atenção de uma
maneira dinâmica, podendo mudar sua situação imediata baseada em experiência passadas
e nas perspectivas de futuro. O campo de atenção da criança engloba não uma, mas a
totalidade das séries de campos perceptivos potenciais que formam estruturas dinâmicas e
sucessivas ao longo do tempo.
A utilização de recursos de banco de dados aliados à capacidade de processamento
de informões permite que esses ambientes informatizados armazenem informões, sons,
vídeos e imagens que possam ser relevantes para o desenvolvimento do aluno. Isso pode
ser associado a outra idéia de Vygotsky, que é a possibilidade de combinar elementos dos
campos visuais presente e passado num único campo de atenção, o que leva à reconstrução
básica de uma outra função fundamental, a memória.
A memória da criança não somente torna disponíveis fragmentos do passado como
se transforma num novo método de unir elementos da experiência passada com o presente.
O estudo comparativo da memória humana revela que, mesmo nos estágios mais
primitivos do desenvolvimento social, existem dois tipos fundamentalmente diferentes de
memória. Uma delas, dominante no comportamento de povos iletrados, caracteriza-se pela
impressão não mediada de materiais, pela retenção das experiências reais como a base dos
traços mnemônicos (de memória), conhecida como memória natural. (VIGOTSKY,
1998, p.52). No entanto, a memória natural não é o único tipo encontrado, pois coexistem
com ela outros tipos de memória, pertencentes a linhas de desenvolvimento completamente
diferentes.
O uso de estímulos artificiais, ou signos, como formas de memória, o que
atualmente pode ser facilitado com o uso dos recursos computacionais, leva o ser humano
para além dos limites das funções psicológicas impostas pela natureza, através de
atividades que permitam modificar a estrutura psicológica de processo de memória,
27
estendendo as operações de memória para além das dimensões biológicas do sistema
nervoso humano e evidenciando, assim, um comportamento inteiramente novo.
Vygotsky defende também a idéia de que a característica de mediação se faz
presente em toda a atividade humana e que os instrumentos técnicos e os signos,
construídos historicamente, são os responsáveis pela mediação dos seres humanos entre si
e deles com o mundo, dando um destaque especial à linguagem, por ser um signo mediador
por excelência.
Baseado nas contribuições obtidas de Vygotsky, atualmente pode-se considerar os
ambientes informatizados como mediadores no processo de ensino-aprendizado, podendo
serem adotados como uma forma contemporânea de se aplicar os conceitos defendidos por
Vygotsky no que diz respeito às funções psicológicas superiores no processo de
desenvolvimento das crianças, contribuindo, assim, para a criação de ambientes de ensino-
aprendizado inovadores, que permitam a cada indivíduo poder se desenvolver de acordo
com suas capacidades.
Vygostsky, em seu livro A formação social da mente, chama nossa atenção para um
fato empiricamente estabelecido e bem conhecido: a questão de que o aprendizado deve ser
combinado de algum modo com o nível de desenvolvimento da criança, isto é, não
acontecerá a aprendizagem se a criança não estiver num estágio de desenvolvimento em
que isso possa ocorrer. Diz também que não podemos nos limitar meramente à
determinação de níveis de desenvolvimento se o que pretendemos é descobrir as relões
reais entre o processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado. Assim,
Vygotsky procura determinar pelo menos dois níveis de desenvolvimento, conforme
apresentado a seguir.
Nível de desenvolvimento real: Referente às conquistas que já estão consolidadas
na criança, que ela já aprendeu e domina; indica os processos mentais da criança que já se
estabeleceram, as funções já amadurecidas. Ao determinar o nível de desenvolvimento
mental de uma criança usando testes, estamos quase sempre tratando do nível de
desenvolvimento real, considerando que nos estudos sobre o desenvolvimento mental das
crianças admite-se que só é indicativo de capacidade mental aquilo que elas conseguem
fazer por si mesmas. Isso significa que são capazes de lidar, de forma independente, com
as tarefas até o grau de dificuldade que foi padronizado para a sua idade.
Nível de desenvolvimento potencial: Referente àquilo que a criança só é capaz de
fazer mediante a ajuda de outra pessoa (adulto ou outra criança). Segundo Vygotsky, ao
estudar o nível de desenvolvimento potencial, constatou-se que a capacidade de crianças
28
com o mesmo nível de desenvolvimento mental, aprendendo sob a orientação de um
professor, variava enormemente, o que tornou evidente que não tinham o mesmo nível de
desenvolvimento mental e que o curso subseente de seu aprendizado seria obviamente
diferente. Essa diferença foi batizada por Vygotsky de zona de desenvolvimento
proximal (ZDP).
ZDP: A constatão de um segundo nível de desenvolvimento possibilitou a
Vygotsky cunhar o conceito de ZDP, decorrente da percepção de diferenças na resolução
de problemas entre crianças que, aparentemente, apresentavam os mesmos níveis de
desenvolvimento. A ZDP localiza-se entre o primeiro e o segundo nível. Segundo
Vygotsky,
[...] é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a
orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
Define aquelas funções que eso em processo de maturação, funções que
amadurecerão, mas que estão em estado embrionário (1998, p. 112).
Vygotsky afirma ainda que o estado de desenvolvimento mental de uma criança só
pode ser determinado se forem revelados os seus dois níveis - o nível de desenvolvimento
real e a zona de desenvolvimento proximal - e que aquilo que é zona de desenvolvimento
proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã.
Nos últimos quinze meses de sua vida, Vygotsky utilizou o conceito de ZDP em
diferentes contextos, sendo um deles, que se faz relevante para este estudo, a criação da
ZDP através do jogo. Nesse sentido, jogar assume o mesmo status que o processo
ensino/aprendizagem na interdependência com o desenvolvimento humano, uma vez que a
criança vivencia papéis sociais que se encontram muito além de suas possibilidades.
Outro fator importante a destacar é a capacidade de imitação, que constitui o
principal mecanismo do desenvolvimento. Quando a criança imita alguém, ela está agindo
de forma superior às suas condições reais de atuação, fato que remete imediatamente à
noção de ZDP.
Com base nos estudos de Vygotsky, pode-se perceber que, ao utilizar recursos
tecnológicos num ambiente educacional, é necessário considerar a maneira como isso está
sendo feito na condução do aprendizado, considerando os níveis de desenvolvimento das
crianças que farão uso desses ambientes. Outro aspecto importante que deve ser levado em
29
consideração é saber se esses ambientes informatizados serão usados apenas para reforçar
estágios de desenvolvimento já superados ou para instigar a criança a alcançar um novo
estágio no seu desenvolvimento. Também é importante ressaltar, quanto à maneira como
esses recursos instigam a criança a desenvolver seu potencial, se respeitam as diferenças de
aprendizado, se estimulam as habilidades da criança e, acima de tudo, se oferecem
situões para que ela possa utilizar seus conhecimentos já estabelecidos para a solução de
problemas, ajudando-a a atingir um novo estágio de seu desenvolvimento.
Ao analisar o processo de aprendizagem e desenvolvimento a partir do uso de
ambientes informatizados nos processos pedagógicos, destaca-se uma concepção
importante da teoria de Vygotsky, que é o conceito de ZDP. A intervenção constante nessa
zona por indivíduos mais experientes contribui para o desenvolvimento dos indivíduos
ainda imaturos. Podemos associar a esse processo o uso de recursos computacionais,
permitindo a apropriação de novas formas de mediação e novos signos. Nesse sentido, os
ambientes informatizados podem dispor de softwares que proporcionem situões
imaginárias, com regras implícitas, fazendo, a partir de sua interface, o papel de mediador,
oferecendo situões nas quais experiências podem ser passadas de forma lúdica e atraente,
o que auxilia no desenvolvimento do indivíduo pelo fato de atuar diretamente na ZDP.
Portanto, percebe-se que na perspectiva de Vygotsky, para um software atuar na
ZDP, é preciso assistir o aluno proporcionando-lhe apoio e recursos, de modo que ele seja
capaz de aplicar um nível de conhecimento mais elevado do que lhe seria possível sem
ajuda. Com base nas teorias de Vygotsky, pode-se perceber que, ao utilizar um ambiente
informatizado de ensino, é necessário considerar a maneira como os programas estão sendo
utilizados para conduzir o aprendizado, considerando os níveis de desenvolvimento das
crianças que deles farão uso.
Vygotsky afirma que são ineficazes, em termos de desenvolvimento, as
aprendizagens orientadas para níveis que já foram atingidos, porque não apontam para um
novo estágio no processo de desenvolvimento. Portanto, o uso eficiente desses ambientes
informatizados não se dá no sentido de reforçar estágios de desenvolvimento já superados,
que foi chamado por Vygotsky como nível de desenvolvimento real, mas, sim, no nível
de desenvolvimento potencial, visando instigar o aluno a alcançar um novo estágio no seu
desenvolvimento.
Entretanto, a maneira como esses softwares levam a criança a desenvolver seu
potencial também é um fator importante a ser considerado, como: se respeitam as
diferentes maneiras de aprendizado, se estimulam as habilidades da criança e, acima de
30
tudo, se oferecem situões para que possam utilizar seus novos conhecimentos para a
solução de novos problemas.
Ao relacionar as idéias de Vygotsky com o uso de ambientes informatizados de
ensino, pode-se salientar a necessidade de possuírem elementos para auxiliar os estudantes
a partir do nível de conhecimento real e que, pela interação com o software ou com outras
pessoas, levem o aluno à superação desse nível, chegando à ZDP. Esta representa a
diferença entre o que o aprendiz pode fazer individualmente e aquilo que só é capaz de
atingir com a ajuda de pessoas mais experientes, como o professor, ou em colaboração com
outros aprendizes mais aptos na matéria, ou também, a um software.
Percebe-se que as teorias de Vygotsky sobre a relação
aprendizado/desenvolvimento apresentam uma relação muito íntima com a utilização de
ambientes informatizados de ensino. Dessa forma, com base nelas é possível estabelecer
critérios para a produção e utilização de ambientes informatizados que venham a auxiliar
no processo de ensino-aprendizagem, desde que aplicados dentro de um contexto que
desfrute de estratégias didáticas adequadas, visando instigar a atenção, a percepção e a
memória, auxiliando no desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos alunos.
Quanto ao aprendizado e desenvolvimento com o uso de ambientes informatizados de
ensino, observou-se que, ao aplicá-los considerando o conceito da ZDP, é possível
estimular o desenvolvimento cognitivo, permitindo a manipulação através de programas
computacionais de um conhecimento mais elevado do que aquele que cada aprendiz
poderia manipular sem o auxílio deste recurso.
Fica claro, com base nas teorias vygotskyanas, que é válida a utilização dos
ambientes informatizados, desde que estes proporcionem aos aprendizes acesso a uma
exploração dinâmica, permitindo-lhes assumir o controle sobre os acontecimentos e
escolher a seência das operões envolvidas; que instiguem a iniciativa do aprendiz,
sempre oferecendo recursos que lhe permitam desenvolver sua capacidade de invenção e
resolução de problemas, auxiliando-o no desenvolvimento cognitivo do aluno. Verifica-se,
então, que as teorias de Vygotsky sobre a relação aprendizado/desenvolvimento
apresentam grande contribuição para a reflexão sobre a utilização dos recursos
computacionais no ambiente educacional, embora tenham sido ponderadas num período
em que a informática ainda não se fazia presente.
Vale ressaltar que é de responsabilidade do professor a adequada utilização das
novas tecnologias como instrumentos mediadores, buscando despertar no aluno a reflexão
e auxiliando-o no estabelecimento de relações; proporcionando ambientes informatizados
31
de ensino flexíveis, que respeitem o nível de desenvolvimento individual de cada aluno,
permitindo que o aprendizado e o desenvolvimento aconteçam dentro do que foi definido
por Vygotsky como ZDP.
1.4 Outras teorias relacionadas
Ao buscar obter um embasamento teórico para este trabalho, que permita
estabelecer uma relação entre as práticas pedagógicas dos professores e a criação e uso dos
ambientes informatizados de ensino, outras teorias apresentaram-se pertinentes ao processo
de apropriação da tecnologia para o uso educacional.
É o caso da teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner, que caracteriza
o ser humano como possuidor de múltiplas inteligências, ou um espectro de competências
manifestadas pela inteligência, e muito tem contribuído para o processo educacional.
Defende Gardner que essas competências estão presentes no indivíduo e se manifestam
com maior ou menor intensidade, tornando-o mais ou menos competente dentro de uma ou
várias dessas competências.
Gardner, em sua teoria, defende que os indivíduos aprendem de maneiras diferentes
e apresentam diferentes configurões e inclinões intelectuais. Destaca, ainda, o papel da
educação no desenvolvimento global e aplicação das inteligências. O conhecimento
precisa da ação coordenada de todos os sentidos tato, movimento, audição, visão, fala.
Afirma que conhecemos através de um sistema de "inteligências" ou habilidades
interconectadas e, em parte, independentes, localizadas em diferentes regiões do rebro,
com pesos diferentes para cada indivíduo e para cada cultura. As inteligências múltiplas
5
a
que se refere são a lógico-matemática, a lingüística, a espacial, a musical, a corporal-
sinestésica, a interpessoal e a intrapessoal.
5
Lógico-matemática: trata do raciocínio dedutivo e indutivo, número e relacionamento, envolvendo a
habilidade de reconhecer padrões, de trabalhar com formas geométricas e fazer relacionamentos entre
segmentos de informação;
Linguística: relaciona-se com as palavras e a linguagem. Usamos esta inteligência para ouvir, falar, ler e
escrever;
Espacial: está relacionada com a capacidade de visualizar um objeto e criar imagens mentais;
Musical: habilidade de reconhecer padrões sonoros, tons, ritmos. Inclui sensibilidade a sons ambientais,
vozes humanas e instrumentos musicais;
Corporal-cinestésica: relacionada com o movimento físico, o conhecimento do corpo e seu funcionamento,
inclui a habilidade de usar o corpo para expressar emoções, jogar, interpretar e usar linguagem corporal;
Interpessoal: usada nos relacionamentos pessoa a pessoa, inclui a habilidade de comunicar-se com os outros e
ter empatia por seus sentimentos e conviões;
Intrapessoal: baseda no conhecimento de si mesmo, inclui metacognição (pensar sobre o pensar), respostas
emocionais, auto-reflexão e consciência de conceitos metafísicos.
32
A teoria das inteligências múltiplas constitui um grande contraste com os sistemas
tradicionais de educação, que tipicamente colocam uma grande ênfase no desenvolvimento
e uso das inteligências lingüística e matemática. A teoria propõe que os educadores
estruturem a apresentação do material numa forma/estilo que envolva a maioria ou todas as
inteligências. Nesse aspecto, os ambientes informatizados de ensino podem favorecer o
desenvolvimento dessas inteligências, principalmente pelo uso de recursos como
multimídia e realidade virtual.
Com a evolução dos sistemas computacionais, principalmente pelo enriquecimento
de recursos visuais oferecidos pelas ferramentas atuais, novas aplicações estão surgindo,
baseadas em interfaces que interagem com o usuário de uma forma lúdica e interativa.
Nesse sentido, outra teoria que pode oferecer grandes contribuições ao desenvolvimento de
ferramentas e softwares para ambientes informatizados de ensino, sobretudo no que se
refere à interatividade oferecida pelas interfaces desses sistemas, é a semiótica
6
, que,
apesar de ser uma disciplina conhecida há muito tempo, apresenta-se, na forma como
entendemos hoje, a partir dos trabalhos do filósofo norte-americano Charles Sandres Peirce
(1839-1914) e do lingüista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1915) (OLIVEIRA, 2005, p.
3).
Para Pierce, a semiótica é a doutrina formal dos signos, e signo (ou representamen)
é aquilo que, sob certo aspecto, representa alguma coisa para alguém. Já na semiótica de
Saussure, que muitos autores preferem denominar de semiologia, é a ciência que estuda
a função dos signos como parte da vida social. Assim, a semiótica pode ser entendida
como uma disciplina que tem como objeto de estudo os signos e os sistemas de signos.
Segundo Oliveira (2005, p. 4), a semiótica não se refere somente à ngua verbal
falada ou escrita, mas a todas as linguagens possíveis, ou seja, a investigação de qualquer
fenômeno como fenômeno de produção de significação e sentido, tendo servido como
referencial para as mais diversas áreas: filosofia, antropologia, lingüística, ciência
cognitiva, neurologia, arte visual, música, dança, educação, entre outras.
Um dos conceitos centrais da semiótica é o signo, definido por Melo (2003, p. 21)
como uma representação incompleta do objeto. O signo representa algo o objeto
através da criação de um interpretante processo mental para algum aspecto do objeto,
podendo ser visto como uma relação triádica entre os elementos: o representamen, o objeto
e o interpretante.
6
A semiótica objetiva estudar os signos e sistemas de signos. Segundo uma definição de Peirce, um signo é
qualquer coisa que es no lugar de outra coisa para alguém sob determinados aspectos ou capacidades.
(OLIVEIRA, 2005, p. 3)
33
Figura 1 - Relação trdica
Segundo Oliveira (2005, p. 13), o signo (ou representante) coloca-se numa relação
triádica genuína
7
com um segundo, seu objeto, de modo a ser capaz de determinar que um
terceiro, seu interpretante, assuma a mesma relação triádica com seu objeto, na qual ele
próprio está em relação com o mesmo objeto. Melo (2003, p. 21) reforça que
[...] apenas alguns aspectos do objeto são representados, contribuindo para
definir o interpretante. Signos diferentes podem representar diferentes aspectos
de um mesmo objeto, produzindo interpretantes diferentes. Os signos podem
representar seu objeto como ícone, índice ou símbolo.
O signo é classificado como ícone quando imita características do objeto que
representa; assim, a imagem de uma impressora na interface de um editor de texto é
considerado um ícone, pois remete diretamente às características desse dispositivo. É
denominado índice quando há uma relação de causa e efeito entre o signo e o objeto, por
exemplo, o tempo transcorrido para a instalação de um programa, que é indicado pela
coloração gradual de uma faixa indicando o andamento da instalação. Já a denominação de
símbolo é atribuída ao signo quando a relação entre o signo e o objeto acontece por uma lei
de convenção. Exemplo da relação simbólica entre um signo e seu objeto é a linguagem.
Melo explica:
[...] a experiência do mundo é mediada por signos. À medida que o ser humano
interage com objetos, cria seu mundo de experiências pela criação de signos.
Aliado a isto, a flexibilidade de estabelecer relações arbitrárias entre signos e
objetos confere ao homem a possibilidade de construir mundos totalmente
diferentes daquele experimentado diretamente. Um propósito básico para a
criação e uso dos signos é a comunicação.
7
A relação triádica é genuína por seus três membros estarem por ela ligados de um modo tal que não consiste
em nenhum complexo de relações ddicas.
34
Dessa forma, os signos também apresentam uma forte relação com um ponto central
da teoria formulada por Vygotsky, quando afirma que as funções psicológicas superiores
são de origem sociocultural e emergem de processos psicológicos elementares, de origem
biológica, através da interação da criança com membros mais experientes da cultura a qual
propicia a internalização dos mediadores simbólicos e da própria relação social.
Vygotsky trata da ligação entre percepção e atenção à fala e ao uso de instrumentos
e se declara certo de que a fala introduz mudanças qualitativas na percepção e na
atenção. Segundo ele, a relação entre o uso de instrumentos e a fala afeta várias funções
psicológicas, em particular a percepção, as operações sensório-motoras e a atenção, cada
uma das quais é parte de um sistema dinâmico de comportamento. A partir da fala, é
introduzida a atividade de rotulação, que, segundo estudos realizados, é uma função
primária da fala das crianças pequenas que lhes possibilita escolherem um objeto
específico, isolá-lo de uma situação global por ela percebida simultaneamente, superando,
assim, a estrutura natural do campo sensorial e formando novos centros estruturais; permite
à criança a percepção do mundo não só através dos olhos, mas também através da fala, da
percepção verbalizada, superando o imediatismo da percepção natural por meio de um
processo complexo de mediação e tornando a fala parte essencial de desenvolvimento
cognitivo da criança.
Para Vygotsky (1998) o papel da linguagem na percepção é surpreendente, visto
que mesmo nos estágios mais precoces do desenvolvimento linguagem e percepção estão
ligadas. Um aspecto especial da percepção humana é a percepção de objetos reais,
entendendo o autor que o mundo não é visto simplesmente em cor e forma, mas também
como um mundo com sentido e significado, na qual um objeto qualquer não é visto pela
sua forma e aparência, mas pelo seu significado. A percepção é parte de um sistema
dinâmico de comportamento; por isso, as relões entre as transformões dos processos
perceptivos e as transformões em outras atividades intelectuais são de fundamental
importância.
Segundo Vygotsky, o processo psicológico é reestruturado a partir de um sistema de
signos que rompem com a barreira entre o campo sensorial e o sistema motor, tornando
possíveis novos tipos de comportamento, que se deslocam da percepção direta para o
controle das funções simbólicas. Esses conceitos baseados em Vygotsky apresentam uma
forte relação com o que Pierce denominou de semiosis, que é
35
[...] o processo de construção de estruturas e experiências através dos signos.
Essas estruturas determinam como o ser humano compreende o mundo (o que
ele percebe e o que ele ignora, o que é importante e o que não é importante, o
que faz sentido e o que não faz sentido) (MELO, 2005, p. 22).
Ainda Melo enfatiza que, com a intervenção da linguagem, o homem pode realizar
uma semiosis única, podendo criar signos através de palavras, imagens, movimentos
corporais e pensar sobre as coisas sem necessariamente experimentá-las; assim, a semiosis
possibilita que qualquer coisa não presente seja identifivel.
Com base nessas teorias, é possível identificar uma grande relação com os atuais
ambientes informatizados. Atualmente são muitas as informões que chegam aos usuários
pela tela do computador, além da possibilidade de comunicação e interação com outras
pessoas. Essas interões entre os usuários são mediadas por interfaces de software, que
fazem a interação homem/máquina, e, por sua vez, a máquina permite a interação entre as
pessoas. Assim, um ambiente computacional interativo é composto por signos, que
compreendem o uso de ícones, palavras, janelas, caixas de diálogo, sons e qualquer outro
dispositivo de interface utilizado para veicular mensagens. O importante é que precisam
fazer sentido para os usuários.
Dessa forma, uma análise semiótica nos ambientes informatizados de ensino pode
auxiliar na melhora da interatividade entre os usuários desses sistemas, visto que, com o
avanço da tecnologia, atualmente são muitas as atividades de ensino que podem ser
realizadas com a mediação dos recursos computacionais. Esses permitem a professores e
alunos interagir com o computador de várias formas, através da visão, escrita, leitura, fala,
audição, musicalidade, criação de metáforas visuais, experiências em 3D, histórias;
resolver problemas, geometria, jogos de lógica, estudo individual, escolhas pessoais,
aprendizagem cooperativa, trabalhos em grupo; ensinar para outras faixa etárias, clubes e
uma infinidade de outras opções, representando um ambiente muito rico, em que os
sistemas de signos podem ser amplamente explorados.
Neste capítulo foram estudadas algumas teorias educacionais que, de alguma forma,
apresentam relação com o uso de ambientes informatizados de ensino, buscando identificar
nas contribuições deixadas por autores da área, conceitos que possam ser aplicados no
âmbito educacional com o uso das tecnologias atuais. Nesse sentido, destacaram-se,
principalmente, o behaviorismo de Skinner, a abordagem construtivista de Piaget e a
socioconstrutivista de Vygotsky.
36
O próximo capítulo contempla uma análise dos principais recursos tecnológicos que
atualmente podem ser utilizados em ambientes informatizados de ensino, buscando
identificar as potencialidades e estratégias que podem ser adotadas para que esses recursos
possam ser apropriados pelos professores nas suas práticas.
2 AMBIENTES INFORMATIZADOS DE ENSINO
A tecnologia computacional tem mudado a prática de quase todas as atividades,
das científicas às de negócio até às empresariais. E o conteúdo e prática educacionais
também seguem essa tendência”. (VALENTE, 1999, p. 49). Ao considerar a afirmação de
Valente, nota-se que o desenvolvimento da educação na atualidade está diretamente
relacionado com as transformões sociais, econômicas e tecnológicas.
As tecnologias de informação estão cada vez mais inseridas no cotidiano das
pessoas, não sendo diferente no processo educacional. Portanto, não se trata mais de se
perguntar se se deve ou não introduzir as novas tecnologias da informação e da
comunicação no processo educativo. As evoluções tecnológicas, a agilidade e
dinamicidade do mundo moderno impõem novas formas de ensinar e de aprender, levando
à inclusão dessas novas tecnologias como ferramentas mediadoras no processo de ensino-
aprendizagem.
Não há quem negue a imensa imporncia que a tecnologia assume junto a todos
os seres humanos, mas parece que um dos caminhos que ainda precisamos
percorrer e revisar é o do nosso entendimento acerca do papel das mídias no
ambiente educacional (MAGDALENA, 2003, p. 106).
Nota-se que a inclusão das novas tecnologias no processo educacional é um
caminho sem volta, no entanto é preciso ter cautela ao apropriar-se dessas tecnologias para
que sejam adequadamente aplicadas nas atividades pedagógicas. A utilização das
tecnologias por si só não traz grandes contribuições à área educacional, principalmente se
usadas como o ingrediente mais importante do processo educativo, ou sem a reflexão
humana.
38
Na utilização de qualquer tecnologia educacional, o primeiro e mais importante
item a ser analisado é o critério didático-pedagico a que essa tecnologia atende, pois,
segundo Schlemmer (2005, p. 34), todo e qualquer desenvolvimento de um produto para
educação é permeado por uma concepção epistemológica sobre como se dá a aquisição do
conhecimento e como o sujeito aprende. Nesse sentido, a tecnologia educacional deve
adequar-se às necessidades de determinado projeto político-pedagógico, colocando-se a
serviço de seus objetivos, nunca os determinando.
Na prática escolar, o trabalho docente está pautado em teorias que determinam as
tendências pedagógicas aplicadas nos ambientes de ensino e aprendizagem. Essa prática
possui condicionantes psicológicos, sociais e políticos que configuram concepções de
inteligência e conhecimento, de homem e de sociedade. Os ambientes informatizados de
ensino dos diversos tipos, da mesma forma, apresentam, implícita ou explicitamente, os
pressupostos teórico-metodológicos desses condicionantes. Sobre essa relação entre
tecnologia e o processo educativo, busca-se entender como pode se dar a apropriação
crítica e criativa das novas tecnologias e, principalmente, da informática no processo de
ensino-aprendizagem, analisando como vêm sendo utilizadas e como podem interferir no
processo.
O livro foi um dos primeiros instrumentos tecnológicos inclusos no processo de
ensino-aprendizagem, o que, na época do seu surgimento, causou muitas alterões
educacionais. Hoje essa tecnologia já está tão incorporada no processo educacional que
nem nos damos conta de que é um instrumento tecnológico. Atualmente, a tecnologia
educacional (TE) está relacionada à prática do ensino baseada nas teorias das
comunicações e dos novos aprimoramentos tecnológicos (informática, TV, rádio, vídeo,
áudio, impressos, etc.) (TAJRA, 2000, p. 28-29). Essas tecnologias permitem ao homem
desfrutar de grandes avanços nas mais diversas áreas, transformando os meios de se fazer
negócios e o modo das pessoas trabalhar. Na educação não podia ser diferente, de modo
que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) vêm sendo incorporadas ao
processo de ensino-aprendizagem como ferramentas de mediação entre as pessoas e o
conhecimento, contribuindo para a transformação do aprendizado através de novas
alternativas de ensino.
As novas tecnologias de informação e comunicão (NTICs
1
), das quais se podem
destacar o computador e a internet, estão proporcionando o desenvolvimento de ambientes
informatizados de ensino com recursos inovadores, trazendo grandes benefícios para
1
Atualmente são entendidas como NTICs rádio, telefone, televisão, videoconferência, teleconferência,
transmissão de dados via rede ou linhas dedicadas, intranet e internet.
39
aplicações como educação a distância (EAD), software educacional, entre outras que vêm
sendo desenvolvidas e apropriadas por diferentes instituições de ensino. Apesar de alguns
educadores ainda manifestarem resistência ao uso das tecnologias em suas práticas, é
importante salientar que, queiramos ou não, a presença do computador, bem como de
sofisticados sistemas de informação e comunicação, já faz parte da realidade em muitas
instituições de ensino. No entanto, ainda se percebe uma dificuldade quanto a fazer uso
adequado desses recursos no processo educacional.
O uso das NTICs na educação abre diversas questões para discussão: por um lado,
encontram-se as instituições de ensino que precisam incorporar essas tecnologias para
poderem acompanhar os avanços presentes na sociedade atual; por outro, percebe-se que as
NTICs não podem ser integradas ao processo ensino-aprendizagem nos moldes da
educação tradicional. Conforme Tajra (2000, p. 29), o início do uso das tecnologias
educacionais teve um enfoque bastante tecnicista, prevalecendo sempre como mais
importante a utilização em específico do instrumento sem a real avaliação do seu impacto
no meio cognitivo e social. É preciso ressaltar que promover a aprendizagem no aluno é o
objetivo principal do professor; por isso, não basta simplesmente usar novas tecnologias se
não há modificação e adequação das práticas tradicionais.
O professor terá de além de conhecer as tecnologias existentes, ter conhecimento
sobre o modo de utili-las da forma mais proveitosa e educativa possível, de acordo com
as concepções teóricas que fundamentam a sua prática. É preciso que ele utilize tais
recursos para promover a aprendizagem não somente através da transferência de
conhecimento, mas com a criação de um processo de construção do conhecimento pelo
aluno. Nesse sentido, Magdalena afirma:
[...] é necessário assumir/entender nosso papel de educadores nessa sociedade em
transformação, compreender as implicações das TIC em várias dimensões: na
construção de significados, nas novas formas de expressão de conhecimento e da
arte, na representação da realidade, nas relações e interações a distância.
Assim, percebe-se a necessidade de construir caminhos para que os professores se
apropriem das novas tecnologias de forma criativa e crítica e entendam que qualquer
mudança dependerá em grande parte da sua capacidade de analisar e adotar princípios,
estratégias e técnicas mais adequadas às condições da realidade educacional numa
sociedade cada vez mais informatizada.
40
Nesse sentido, estão sendo introduzidos no contexto escolar os denominados
ambientes informatizados de ensino que, a partir do uso de diversos recursos
informatizados, podem ser relacionados à programação de condições de aprendizagem
enriquecidas com recursos da informática para estimular a aprendizagem por meio da
construção de conceitos e da interação do aluno com o professor, com os colegas, com os
recursos utilizados e com o conhecimento que está sendo estudado. Assim, propiciam-se a
interação e a cooperão, possibilitando que o aluno tome decisões, "faça funcionar",
analise, interprete, observe, teste hiteses, elabore, ou seja, construa relões que
constituem a aprendizagem. O foco desses ambientes é a aprendizagem, que é
proporcionada através da programação de interões, reflexões e estabelecimento de
relões que conduzam à reconstrução de conceitos (ALMEIDA; VIEIRA; LUCIANO,
2001).
Santos (2004, p. 4) aponta alguns fatores tecnológicos como propulsores para o
desenvolvimento de ambientes informatizados de ensino cada vez mais atrativos e
adequados a aplicação pedagógica, como a mudança na velocidade de equipamentos e de
redes de comunicações, as novas formas de input (fala, escrita manual, linguagem natural)
e a incorporação das interfaces das tecnologias de 3D e de realidade virtual, que levam à
criação de novos ambientes interativos e flexíveis, permitindo interfaces tridimensionais,
com recursos de sons e imagens. Esses recursos agregam funcionalidades importantes para
favorecer o aprendizado individual e a colaboração entre os estudantes, além de aproximar
os alunos das inovações tecnológicas que, inevitavelmente, estão cada vez mais presentes
no dia-a-dia das pessoas, impondo uma formação de crianças e jovens criativos e com
capacidade de geração de novas idéias.
Entretanto, segundo Silva (1998), apesar de a pesquisa na área de informática na
educação ter evoluído nos últimos anos, a utilização de ambientes informatizados de
ensino é freentemente mal concebida nos aspectos pedagógicos. Portanto, uma nova
prática, necessita ser construída para que a educação acompanhe o desenvolvimento
tecnológico e científico e forme indivíduos preparados para a nova sociedade. Contudo, o
que se vê por parte de muitos professores é uma dificuldade em trabalhar com essa nova
realidade, com essa nova cultura.
A apropriação adequada de ambientes informatizados de ensino que criem
condições para a interação entre os sujeitos, proporcionando um aprendizado mais efetivo
por parte dos alunos, torna-se um grande desafio na medida em que deve compatibilizar
um processo ensino-aprendizagem que favoreça o desenvolvimento das estruturas
41
cognitivas, o conhecimento de grupos e a tecnologia, determinando quais são os recursos
computacionais mais adequados para suportar a formação de grupos dentro de um contexto
de ensino e aprendizagem.
Baseado nas constatações dos diferentes autores arrolados neste capítulo, compete à
escola e aos professores desenvolver essa habilidade, encontrando estratégias que
favoram o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos. Assim, neste capítulo
identificam-se algumas das principais aplicões da informática na educação,
relacionando-as com as bases pedagógicas em que estão alicerçadas, evidenciando o papel
do professor no contexto escolar.
2.1 O professor e a informática no contexto escolar
O atual contexto de uma sociedade da informão aponta para uma nova missão
para a escola, que deve proporcionar aos alunos um modo criativo, crítico e interveniente
de construir o conhecimento, numa formação que prepare as pessoas para conviver numa
sociedade cada vez mais inserida tecnologicamente.
Atualmente, a presença da informática nas mais diferentes áreas de nossas vidas é
incontestável. Na medicina, na educação, no lazer, nas atividades da vida diária, no
trabalho, em casa, os computadores estão presentes, possuindo inúmeras funções e
exercendo influências diversas, transformando o modo como percebemos e construímos a
realidade. Diante dessa crescente inclusão de recursos informatizados em todos os âmbitos
da sociedade, é preciso que os professores saibam como utilizar essa moderna tecnologia
para criar oportunidades de desenvolver uma educação conectada com a realidade dos
alunos, que precisam estar inseridos nesse contexto de sociedade.
Inúmeras pesquisas indicam que o computador pode ser um grande aliado no
processo de ensino-aprendizado, porém esse potencial ainda não tem sido devidamente
explorado e integrado as práticas pedagógicas de muitos professores. Ainda é comum que,
para alguns professores, o computador continue sendo um “estranho e que, em alguns
casos, provoca receio quanto ao seu uso. Belloni (2001) enfatiza a realidade de
perplexidade e de despreparo dos professores na escola perante as mudanças trazidas pelas
tecnologias da informação e comunicação. Como reflexo disso é comum que as escolas
invistam na compra de equipamentos, instrumentalizando-se com a criação de laboratórios,
que, em muitos casos, acabam por ficar subutilizados.
42
DallAsta (2004, p. 43) reforça sobre a necessidade de uma atualização tecnológica
dos professores ao afirmar:
[...] a introdução da informática na educação exige uma formação diferenciada
do professor. Os cursos de formação de professores devem auxil-lo a
desenvolver conhecimento sobre o próprio conteúdo e sobre o modo como o
computador pode ser integrado no desenvolvimento desse conteúdo.
Além da apropriação de tecnologias, é preciso que o professor assuma uma postura
fundamentada numa teoria educacional adequada, que lhe permita compreender os
processos mentais, os conceitos e as estratégias de aprendizado, para que, com esse
conhecimento, possa mediar e contribuir de maneira mais efetiva no processo de
construção do conhecimento em ambientes informatizados.
Também é importante considerar que poucas mudanças são percebidas na prática
docente ao longo do tempo, ao passo que os alunos estão cada vez mais inseridos
tecnologicamente. Assim, impõe-se aos professores uma nova postura diante do contexto
da sociedade atual, na qual o uso das tecnologias da informação assume um papel
fundamental na formação dos indivíduos. Fica, pois, visível que os recursos informatizados
podem se constituir numa ferramenta fundamental, senão indispensável, para auxiliar o
trabalho pedagógico na sociedade atual. Para isso, é preciso levar em conta os seguintes
questionamentos:
A escola está preparada tecnologicamente?
E o professor, tem o conhecimento sobre como se apropriar da tecnologia de forma
adequada a sua concepção pedagógica?
Os softwares e ambientes informatizados de ensino são adequados às necessidades
dos professores?
Estão esses agentes acompanhando tal evolução?
Está o professor preparado e atualizado para utilizar todo o potencial dos ambientes
informatizados de ensino com seus alunos?
Que estratégias didáticas estão sendo utilizadas no uso dessas tecnologias?
43
2.2 O uso pedagógico do computador
Os grandes avanços das aplicões dos instrumentos informatizados em todas as
áreas do conhecimento humano têm inspirado o uso de tecnologias de informação e
comunicação também em ambientes educacionais. Conforme Brandão (1995, p. 9),
[...] em meio a um cenário promissor, que vem se configurando a partir dos
sucessos obtidos com a introdução de computadores em outras áreas, a escola se
apressa em verificar se essa nova presença pode ser útil em suas atividades
diárias, seja como instrumento de comunicação didática, como gerador de novos
conhecimentos e metodologias, como elemento auxiliar nas atividades docentes
e administrativas ou, simplesmente, como mais uma esperança na tentativa de
solucionar velhas mazelas.
Tradicionalmente, as aulas eram conduzidas com o auxílio de livros;
posteriormente, vieram as transparências manuscritas e, com o avanço da tecnologia, veio
o computador e, conseentemente, as transparências evoluíram para ferramentas
fantásticas de aprendizado mediado por esse recurso, tornando as aulas mais atrativas e
criativas.
A instrução mediada pelo computador
2
(CAI Computer Assisted Instruction) foi a
primeira e a mais difundida maneira de utilizar o computador com fins educacionais. É
também conhecida como instrução programada, a qual é composta, brevemente, de
exercícios de repetição para fixar, tutoriais e demonstrões. Os mais utilizados foram
programas de repetição, que levam o aluno a responder a uma seência de exercícios
organizados por nível de dificuldade (PESSOA, 2002).
Segundo Oliveira (2001, p. 75), historicamente, o CAI foi o primeiro tipo de
aplicação desenvolvida para a utilização do computador em educação. As primeiras
aplicações para o seu uso no ensino eram bastante restritas. As tecnologias da época
permitiam que o uso do computador ficasse limitado a execuções de tarefas, como
execução de cálculos aritméticos e processamento de dados. Com o avanço das
tecnologias, nos dias de hoje, esse recurso oferece várias ferramentas que podem ser
utilizadas positivamente para auxiliar professores e alunos. São várias as experiências
2
Instrução Mediada por Computador: Instrução/tutoria assistida ou apoiada por computador. Uso do
computador como "quina de ensino" para apresentar informações e exercícios de forma dirigida e
controlada. Contrastar com outras formas de uso do computador na educação: simulação por computador
(computer simulation); tele-conferências (computer conferencing); outras formas de trabalho de grupos
virtuais (computer mediated communication - CMC); micro mundos (microworlds); etc.
44
realizadas integrando as ferramentas computacionais ao ensino presencial e a distância, o
que tem mostrado que o computador é um grande aliado e que possui um enorme
potencial, podendo ser aplicado em diversas situações de ensino-aprendizado.
Cox enfatiza a respeito:
[...] contando com a plasticidade singular própria das quinas de
processamento e considerando que tal característica tem sua justificativa no fato
de os computadores constituírem-se em máquinas programáveis e portanto
sujeitas às instruções propostas pelo ser humano, pode-se afirmar que o número
de formas de uso dos computadores tem seu limite nas fronteiras da capacidade
criadora do homem (Cox, 2003, p. 35)
Tajra (2000, p. 38) alerta que é preciso ter cuidado, pois o simples fato de um
professor estar utilizando o computador numa aula não significa que esteja aplicando uma
proposta inovadora. Muitas vezes essa aula é tão tradicional quanto uma aula expositiva
com a utilização do giz”.
Paulo Freire (1996, p. 47), ao criticar a educação tradicional, a qual chama de
banria”
3
, aponta a necessidade de uma formação docente numa perspectiva
progressista: Saber ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção ou a sua construção. Enfatiza que o professor deve ser
aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico
e inquiridor.
Ao educar com o uso das tecnologias, assume-se o mesmo risco de repetir a
educação banria. A educação mediada por equipamentos representa um grande desafio,
visto que o professor assume um papel fundamental, colocando em questão a interatividade
existente nesses ambientes informatizados e a forma como esses recursos podem ser
utilizados didaticamente para o ensino e a aprendizagem.
Para Valente (1999, p. 2), o uso apropriado da informática na educação é enfatizado
pelo fato de o professor ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador
e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e
atividades que envolvem o computador, o que é reforçado pela afirmação de Tajra;
3
Educação banria educação em que o educador é o sujeito ativo, que educa, que pensa, que sabe e que
atua; por sua vez, o aluno é visto como platéia e o ensino, como reprodução de conhecimento
45
[..] um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da
informática na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade
educacional. O professor deverá estar capacitado de tal forma que perceba como
deve efetuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. Cabe a
cada professor descobrir a sua própria forma de utili-la conforme o seu
interesse educacional, pois, como já sabemos, não existe uma forma universal
para a utilização dos computadores na sala de aula. (TAJRA, 2000, p. 88).
Assim, percebe-se que utilizar a informática na área educacional é bem mais
complexo que utilizar qualquer outro recurso didático até então conhecido, em razão da
diversidade de recursos disponíveis, que precisam ser dominados antes de ser aplicados no
âmbito educacional. Brandão (1995, p. 10) enfatiza que “a introdução de computadores nas
escolas, antes mesmo de apresentar os primeiros resultados desejados, coloca em evidência
a necessidade de se refletir sobre uma série de problemas, que vão desde a preparação dos
professores até a falta de recursos para a compra de equipamentos.
O aproveitamento do potencial oferecido pelas tecnologias para o trabalho em
atividades educacionais visa, principalmente, propiciar cada vez maiores recursos de
pesquisa e aprendizado aos alunos. Por isso, o professor não precisa ensinar informática no
laboratório, e, sim, propiciar um recurso educacional inovador e atrativo no aprendizado
dos conteúdos disciplinares. Nesse contexto, utiliza os programas educacionais existentes à
medida que vai ministrando a matéria, levando os alunos para o laboratório para que eles
experimentem o aprendizado de sala de aula (PESSOA, 2005).
Existem várias possibilidades de aplicação e uso da informática na área educacional
e são inúmeras as atividades que podem ser realizadas em laboratório, cada uma com
objetivos específicos a serem atingidos ao serem usadas em determinadas situações de
ensino-aprendizagem. Cabe ao professor definir a atividade e o tipo de recurso de que fará
uso em cada momento, o que exige o conhecimento das possibilidades de uso do
computador e de estratégias de uso desses recursos nas atividades didático-pedagógicas.
Para Brandão (1995, p. 29), é fundamental a preparação dos recursos humanos
envolvidos nesse processo, a utilização de material didático adequado e a integração
natural ao currículo escolar; sem isso, corre-se o risco de que todos os recursos
tecnológicos disponíveis sejam subutilizados. O autor (1993), em sua tese, destaca ainda
que um drama que aflige grande parte dos novos usuários do computador para uso
educacional, é saber que tipo de questões lhe endereçar e por meio de quais procedimentos
é possível equacionar tais questões. Ressalta ainda que essa é a fonte principal das
desilusões de alguns professores, que, quando do seu primeiro contato com o computador,
46
tomam consciência de que é necessário algo mais do que o equipamento para que tudo
funcione.
Nota-se que as novas tecnologias proporcionam novas relões culturais e desafiam
antigos e modernos educadores; portanto, não basta que as escolas sejam
instrumentalizadas com computadores e equipamentos de última geração para que se
mudem os paradigmas e as concepções de ensino. É preciso uma mudança de postura por
parte do professor, que deve estar preparado para saber como atuar nesse novo ambiente,
que, ao mesmo tempo, é desafiador e apresenta um grande potencial para o ensino.
Com a introdução dos computadores nas escolas, surgiram inúmeros programas
voltados a auxiliar no processo educacional, como jogos, sites e softwares educacionais.
Nesse sentido, apresentam-se algumas possibilidades de uso do computador em atividades
pedagógicas e, as maneiras como pode ser utilizado em ambiente escolar. Certamente, não
se esgotarão as aplicações dadas nas sões a seguir, mas o que se busca é apresentar
formas de trabalho que podem ser adotadas com o uso das tecnologias computacionais e de
comunicação para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, o que vem
possibilitando novas formas de construir o conhecimento a partir de ambientes
informatizados de ensino.
2.2.1 Instrução assistida por computador
O ensino assistido ou auxiliado por computador considera a informação como
unidade fundamental no ensino, dando maior ênfase nos processos de como adquirir,
armazenar, representar e, sobretudo, transmitir informação. Nesse sentido, o computador é
visto como uma ferramenta poderosa de armazenamento, representação e transmissão de
informação. (VALENTE, 1999, p. 52).
Os primeiros sistemas computacionais para uso no ensino surgiram ainda na década
de 1960 eram os sistemas CAI, inspirados no método de instrução programada. A instrução
programada, método surgido na década de 1950, segundo Pocho (2003, p. 36), foi utilizada
inicialmente a partir de material impresso, que poderia ser utilizado individualmente pelo
aluno quando o objetivo fosse a aprendizagem de conceitos, regras, procedimentos ou
princípios de determinada unidade de ensino.
Consiste em dividir o material a ser ensinado em pequenos segmentos logicamente
encadeados e denominados módulos. Cada fato ou conceito é apresentado em módulos
seenciais; cada módulo termina com uma questão a que o aluno deve responder
47
preenchendo espos em branco ou escolhendo a resposta certa entre diversas alternativas
apresentadas. O estudante deve ler o fato ou conceito e é imediatamente questionado: se a
resposta está correta, ele pode passar para o próximo módulo; se está errada, a resposta
certa pode ser fornecida pelo programa, ou o aluno é convidado a rever módulos anteriores,
ou, ainda, a realizar outros módulos, cujo objetivo é remediar o processo de ensino. Dessa
maneira, o estudante pode seguir seu próprio ritmo, retornando a módulos anteriores
quando sente necessidade, ou espiando o conteúdo de módulos futuros (VALENTE,
1999, p. 52).
Nesse contexto, o computador é inserido no processo de ensino, emergindo como
contribuição de grande valor, uma vez que não se cansa de repetir a mesma prática até que
o aluno acerte a resposta. O ensino através da informática tem suas raízes no ensino através
das máquinas. B.F. Skinner, no início de 1950, como professor de Harvard, apresentou o
conceito da máquina de ensinar, em que o computador, encarregado de prover o aprendiz
com instrução e prática, substituiria, ao menos em parte, o professor. De acordo com essa
concepção, a utilização do computador é feita segundo uma concepção behaviorista de
conhecimento, em que assume o papel de tutor.
O conceito de máquina de ensinar baseia-se no conceito de instrução programada,
na qual o material instrucional poderia ser apresentado pelo computador com grande
flexibilidade. Assim, no início da década de 1960 diversos programas de instrução
programada foram implementados no computador. Era o início da utilização da instrução
auxiliada por computador ou computer assisted instruction, também conhecida como CAI.
(VALENTE, 1999, p. 52). Nesta forma de utilização do computador, também denominada
exercício e prática, o recurso cumpre o papel de ensinar o aluno. Segundo Oliveira
(1997, p. 118), é possível o atendimento individualizado com o uso de programas que
acompanhem o desenvolvimento do aluno, avançando de acordo com o seu desempenho.
Esses softwares permitem que sejam realizadas atividades de perguntas e respostas;
geralmente, as perguntas são de múltipla escolha, permitindo ao software avaliar as
respostas do aluno e, dependendo da avalião, o aluno recebe um elogio ou uma
mensagem informando que está errado; então lhe é permitindo tentar novamente, até que
descubra a opção correta. No final, é possível ainda exibir ao aluno um quadro de
avaliação do seu desempenho, com informões que sejam relevantes ao processo de
avaliação das atividades.
Oliveira (1997, p. 119) ressalta ainda a existência dos softwares tutoriais, que são
uma variação mais sofisticada da instrução programada, indo um pouco além da execução
48
de exercícios repetitivos. Nesses, o computador instrui o aluno como se fosse um tutor em
contato individualizado com o aprendiz, apresentando também conteúdos que podem ser
explorados por este, para, então, responder às questões propostas pelo software. Todavia,
Oliveira chama a atenção que,
[...] embora esta variação da instrução programada seja mais avançada e possa
produzir melhores resultados que as atividades convencionais caracterizadas por
exercícios repetitivos, exigem uma atividade maior de programação, sendo desta
forma sua elaboração de difícil realização por parte dos professores.
Tais aplicões, concebidas na década de 1950, apresentam uma relação intrínseca
com a concepção behaviorista do conhecimento, uma das primeiras abordagens teóricas na
busca de uma explicação do modo como as pessoas aprendem. Nesse o aluno é uma figura
passiva, que deve compreender os conteúdos passados para, num segundo momento,
responder às questões relacionadas ao conteúdo visto. Ainda hoje existem muitas
aplicações e estratégias de ensino-aprendizagem, desenvolvidas para uso em ambientes
informatizados que seguem essa mesma concepção, mesmo com todas as possibilidades
que as novas tecnologias oferecem.
Conforme observa Rabello, em sua dissertação O desenvolvimento do software
educacional segundo um enfoque construtivista, o problema hoje não está nas tecnologias
disponíveis para a criação de estratégias didáticas mais interativas, mas, sim, na forma
como o professor se apropria dessas tecnologias para uso nas suas atividades do dia-a-dia,
mesmo das tecnologias que no passado apresentaram grandes problemas de apropriação
pelos especialistas na área de informática, como é o caso dos sistemas tutores inteligentes
(STI), da realidade virtual (RV), simulões, jogos educacionais, entre outras.
2.2.2 STI - Sistemas Tutores Inteligentes
Para que os sistemas pudessem se adaptar às características do aluno, não o
contrário, como acontece nos sistemas CAI, notou-se a necessidade de inserir
inteligência nos softwares. Assim, técnicas de inteligência artificial (IA) começaram a
ser aplicadas nos sistemas informatizados de ensino.
Impulsionado pelas necessidades de ambientes mais dinâmicos e viabilizado pelo
avanço das tecnologias, os sistemas CAI evoluíram para sistemas ICAI (intelligent
49
computer assisted learning), que inovaram ao utilizar técnicas e métodos de IA
4
para
representar o conhecimento e para conduzir a interação com o estudante. Segundo Valente
(1999, p. 53), esses sistemas podem tomar decisões sobre o que ensinar, a quem ensinar e
como fa-lo.
À medida que novas tecnologias e novas técnicas de IA foram surgindo, os sistemas
de ICAI desenvolveram sua evolução. Atualmente, levam o nome de ITS (intelligent
tutoring systems) ou TI (tutores inteligentes). Muita pesquisa acadêmica e
desenvolvimento continuaram a acontecer nessa classe de sistemas, de tal modo que hoje
se implementam técnicas de IA aliadas a estratégias pedagógicas, proporcionando
ambientes de ensino que permitem uma abordagem cooperativa. Esses sistemas são
normalmente utilizados com a finalidade de oferecer uma alternativa ao tutor humano a
partir de uma interação homem-máquina que dá a idéia de que o computador pode pensar.
Esses sistemas têm sido desenvolvidos com base em métodos tradicionais de
ensino, no entanto permitem que a instrução seja personalizada, de acordo com o nível de
conhecimento do estudante e com o seu modo de aprendizagem.
O STI modela o entendimento do aluno sobre um tópico e à medida que ele
realiza determinadas tarefas no sistema (ou seja, ele interage com o sistema
realizando tarefas colocadas por este), compara o conhecimento do aluno com o
modelo que ele tem de um especialista naquele donio. (Rosatelli, 2000,
p.183).
Com o uso desses sistemas, é possível que o aluno aprenda com os erros cometidos,
pois podem detectar se os conhecimentos do aluno não coincidem com o modelo de
especialista que possuem de um determinado domínio e exibir uma explicação para que ele
possa compreender os erros cometidos. No entanto, Giraffa (1999, p. 17) alerta que
[...] acrescentar um I à sigla CAI não significa apenas agregar técnicas de IA
para a construção de sistemas tutores, mas inclui trabalhar de forma
interdisciplinar com as conquistas que outras áreas de pesquisa obtiveram em
relação ao conhecimento da comunicação inteligente, tais como os avanços da
psicologia e da pedagogia.
4
A inteligência artificial (IA) tem como objetivo utilizar a inteligência, ou seja, as faculdades de pensar,
raciocinar e compreender para auxiliar na tomada de decisões num software.
50
A interdisciplinaridade, atualmente, vem sendo empregada nos STI, proporcionando
a criação de sistemas que se baseiam na aprendizagem interativa, nos quais o aluno passa a
ser o centro do processo de ensino-aprendizagem, deixando de ser passivo e tornando-se
um ser ativo no processo, além de tornar relevante o conhecimento atual do aluno e as suas
características de aprendizagem.
2.2.3 Software educacional
Segundo Lucena (1992), software educacional é todo aquele programa que possa
ser usado para algum objetivo educacional, pedagogicamente defensável, por professores e
alunos, qualquer que seja a natureza ou finalidade para a qual tenha sido criado. No
entanto, para trabalhar com software educacional é preciso entender como as pessoas
aprendem e se desenvolvem, a fim de transpor esse entendimento para o software.
É indiscutível o poder de fascinação que as novas tecnologias exercem sobre as
pessoas, porém, no âmbito educacional, só trarão benefícios se aplicadas segundo
estratégias que estejam relacionadas a uma proposta pedagógica, garantindo a qualidade
dos trabalhos realizados. Os recursos multidia oferecidos pela informática, quando
utilizados no processo educacional, colocam as crianças num mundo repleto de estímulos
visuais e auditivos, aproximando-as do que estão acostumadas a ter com programas de
televisão, videogames e filmes. Nesse contexto se insere o software educacional.
Conforme Oliveira (2001, p. 73), o que caracteriza um software como educacional é
sua inserção em contextos de ensino-aprendizagem. Desse modo, determinado programa
de computador pode ser considerado um produto educacional se adequadamente utilizado
pela escola, mesmo que não tenha sido produzido com a finalidade de uso no sistema
escolar. Portanto, programas utilizados em processos administrativos escolares ou em
contextos pedagógicos são considerados softwares educacionais.
O software educacional pode ser um grande aliado no processo de ensino-
aprendizagem, porém o software em si não implica nenhuma mudança se não apresentar
um certo nível de qualidade ou não for aplicado dentro de uma concepção pedagógica
adequada, como observa Bork em sua obra Personal computers for education. "Parece
quase certo que o computador será utilizado amplamente na educação ... mas não está claro
se isto conduzirá a um sistema educacional pior ou melhor do que temos hoje" (BORK,
1984).
51
Atualmente, podem-se encontrar milhares de softwares prontos destinados ao uso
educacional, porém nem sempre o professor encontra um software que apresente qualidade
e que se adapte a sua proposta pedagógica. Daí a necessidade de desenvolver os seus
próprios softwares, o que leva as práticas pedagógicas predominantes na atualidade a
utilizarem pouco os softwares educacionais, ou, então, usá-los somente em momentos
especiais ou como reforço de conteúdo. Isso se deve às dificuldades que se apresentam no
desenvolvimento de um software educacional nos moldes de suas necessidades e das dos
alunos.
A ausência de "filtros" que possam assegurar um maior controle da qualidade do
software didático e, ao mesmo tempo, orientar pais e professores na escolha
responsável do software a ser utilizado com objetivo didático-pedagógico, entre
outras razões, favorece a proliferação no mercado de produtos cujo potencial
educativo sucinta uma grande interrogação (BRANDÃO, 2005).
Organizar e sistematizar o desenvolvimento de um software com fins educacionais
implica estruturar estratégias didáticas apropriadas para cada situação, objetivando
favorecer o processo de ensino e aprendizagem, melhorando os meios de transmissão e
construção do conhecimento a ser veiculado. Isso envolve conhecimentos
multidisciplinares de informática, pela necessidade de donio de tecnologias, linguagens
de programação, conhecimentos no âmbito da educação e pela necessidade de transpor as
teorias da aprendizagem para o software.
Conforme Cristóvão (1996), Teixeira (2002) e Tajra (2000), existem diversos tipos
de software educacional, cada um com suas próprias características e um determinado
enfoque educacional, ou seja, são categorizados de acordo com seus objetivos
pedagógicos.
Com todos os recursos tecnológicos disponíveis atualmente no campo da produção
de software educacional, fica difícil estabelecer classificões rígidas, embora os autores
procurem enquadrar determinados softwares em categorias
5
. O que se percebe atualmente,
5
Tutoriais: caracterizam-se por transmitir informações pedagogicamente organizadas, como se fosse um
livro animado, um vídeo interativo ou um professor eletrônico.
Software de exercício-e-prática: enfatizam o processo de ensino baseado na realização de exercício com grau
de dificuldade variado.
Simulação e modelagem: simulam o mundo real de forma mais simples. Este tipo de software permite que o
aprendiz seja inserido num espaço, onde ele pode explorar e aprender vários prinpios.
Jogos Educativos: é um jogo que se proe a ensinar algum conteúdo ao aprendiz, ou até, somente
desenvolver capacidades intelectuais do jogador.
52
em razão da grande evolução tecnológica, é que os softwares nem sempre se enquadram
numa só classificação, apresentando características que perpassam por mais de uma
classificação.
Embora a avaliação do software didático seja, na prática do dia-a-dia das escolas,
uma atividade subjetiva de total aceitação ou rejeição, romper essa prática oferecendo
bases para um possível modelo de avaliação dos softwares educacionais é de fundamental
importância para o êxito da relação entre informática e educação. Gilda Campos (2005)
chama a atenção para aspectos que permitam identificar a qualidade de softwares
educacionais em circulação no mercado:
ambiente educacional: deve permitir a identificação do ambiente educacional e do
modelo de aprendizagem que ele privilegia;
pertinência em relação ao programa curricular: deve ser adequado e pertinente ao
contexto educacional ou a uma disciplina específica;
aspectos didáticos: deve contribuir para que o aluno alcance o objetivo
educacional; para isso, deve ser amigável e de fácil utilização, possuindo aspectos
motivacionais e respeitar individualidades. É importante que inclua atributos como clareza
e corrão dos conteúdos, recursos motivacionais, carga informacional e tratamento de
erros.
É importante considerar que o software educacional é uma ótima ferramenta para a
educação, desde que tenha sido bem projetado, de acordo com o objetivo a que se propõe.
Contudo, construir um software educacional de qualidade é uma tarefa que atualmente
envolve, além do conhecimento pedagógico, o conhecimento técnico de informática.
Segundo Mercado (2002, p.74), sem o conhecimento técnico será impossível implantar
soluções pedagógicas inovadoras e, sem o pedagógico, os recursos técnicos disponíveis
tendem a ser subutilizados.
Para o professor, o problema está em conquistar esse conhecimento técnico de
informática, pois é freente o surgimento de ferramentas computacionais cada vez mais
evoluídas, as quais oferecem recursos que, se forem bem aproveitados, favorecem o
Software de apresentação: este tipo de software funciona como um "livro-eletrônico", apresentando ao
aprendiz o conteúdo a ser ministrado.
Sistemas tutores inteligentes: utilizam técnicas de inteligência artificial e teorias pedagógicas para conduzir o
aprendiz.
Aplicativos: são softwares voltados para aplicações espeficas, como processadores de texto, planilhas
eletrônicas e gerenciadores de banco de dados.
Programação: estes softwares permitem que pessoas, professores ou alunos criem seus próprios protótipos de
programas, sem que tenham conhecimentos avançados de programação.
Multimídia e internet: o uso de multidia é semelhante ao tutorial, agregando outros recursos, como
combinações com textos, imagens e sons.
53
desenvolvimento de software educacional. Entretanto, a utilização desses recursos requer
que o professor se atualize rapidamente e mantenha uma aprendizagem permanente, o que
é uma exigência difícil de ser cumprida por professores que não são da área de informática
e que não dispõem de tempo, recursos e, em alguns casos, motivação para tal.
2.2.4 Simulações
Os atuais recursos computacionais permitem que fenômenos possam ser simulados
a partir da implementação de um modelo representado através de um software. Esse tipo de
software propicia que situões de realidades difíceis possam ser observadas pelos
usuários, cabendo a estes a alteração de certos parâmetros e a observação do
comportamento do fenômeno de acordo com os valores atribuídos (VALENTE, 1999, p.
102). Conforme Oliveira (1997, p. 120),
[...] a simulação é uma atividade que coloca o aluno diante do computador como
manipulador de situações ali desenvolvidas, que imitam ou se aproximam de um
sistema real ou imaginário. Embora estas simulações não sejam dependentes da
existência do computador, é nesse ambiente que se permite ao aluno manipular
variáveis e observar resultados imediatos, decorrentes da modificação de
situações e condições.
Com o uso desse tipo de software, o aluno pode, além de construir uma visão
teórica que explique o fenômeno, vivenciar uma interação real com o objeto do
conhecimento na perspectiva do aprender fazendo. Segundo Valente (1999, p. 102 - 103),
existem dois tipos de software de simulação:
Simulação aberta: as situões são previamente definidas, encorajam o aluno a
descrever ou implementar alguns aspectos do fenômeno, a elaborar suas hipóteses e fazer
alterões no modelo. Isso requer um envolvimento maior com o fenômeno, validando
suas hiteses por intermédio do processo de simulação no computador. Neste caso, o
computador permite a compreensão por meio do ciclo descrição-execução-reflexão-
depuração-descrição, possibilitando uma série de aberturas para o aprendiz definir e
descrever o fenômeno em estudo.
Simulação fechada: o fenômeno é previamente implementado no computador e os
valores de alguns parâmetros são passíveis de serem alterados pelo aprendiz, que pode
assistir na tela do computador ao desenrolar desse fenômeno. Nesse segundo caso, a
54
simulação aproxima-se do modelo tutorial, visto que o aprendiz não elabora hipóteses nem
realiza alterões no modelo.
Na Figura 2 é apresentado um exemplo de software para simulação do
funcionamento de um motor elétrico, o qual permite que o utilizador fa alterões no
funcionamento do motor, como retirar o campo magnético. Ao realizar a alteração, o
software simula o funcionamento do motor sem o campo magnético, permitindo ao aluno
interagir em todas as etapas do experimento realizado, assim como visualizar as
conseências das alterões realizadas sobre o objeto em questão, em tempo real.
Figura 2 - Software simulador de motor elétrico
Para Tajra (2000, p. 52), os softwares simuladores apresentam recursos
significativos para o aprendizado e atrativos para os alunos e professores. No entanto, Cox
(2003, p. 37) chama a atenção de que as simulões não devem ser aplicadas sem critérios.
Os professores devem realizar uma análise prévia no software a ser utilizado, buscando
verificar se este é adequado aos objetivos de seu plano de aula.
É preciso considerar também que, para esse tipo de atividade, o professor não pode
tentar acelerar o processo, executando o experimento e deixando os alunos na condição de
meros espectadores. Com isso, a atividade torna-se mecanicista, diminuindo as chances de
os alunos aprenderem (OLIVEIRA, 2001, p. 80). Além disso, Cox enfatiza que
[...] é preciso considerar que as simulações não podem substituir as atividades
concretas, tendo em vista que, por mais elaborado que seja o software em uso, as
variáveis envolvidas no fenômeno real são sempre quantitativamente maiores, o
que provoca relevantes variações nas respostas do meio em estudo.
55
Nesse sentido, o professor precisa assumir uma postura crítica e criativa em relação
ao uso do computador, tendo consciência de que a simulação é uma alternativa que pode
ser motivadora, instigante e pertinente para auxiliar nos estudos científicos, com a qual é
possível ao aluno obter uma resposta imediata, com alto grau de interatividade.
2.2.5 Jogos educacionais
Os videogames atuais e os games na tela do computador são, atualmente, mais
utilizados para fins de lazer e diversão. Esses jogos caracterizam ambientes fascinantes e
atrativos, que propiciam alto grau de interatividade. Os jogos são softwares que fazem uso
dos recursos computacionais mais modernos disponíveis, nos quais cores, sons, animões
e imagens desfilam nas telas das máquinas propondo os mais sedutores desafios aos
usuários.
Os softwares para jogos são excelentes recursos computacionais, porém, segundo
Tajra (2000, p. 52), sofrem grande preconceito na área educacional, pela sua característica
de entretenimento e diversão. Atualmente, existem inúmeros jogos para computador
altamente atrativos, que facilmente adquirem a preferência dos usuários pelos recursos
aplicados e capacidade de interação. Contudo, é preciso refletir sobre o conteúdo destes
softwares, visto que muitos deles não foram desenvolvidos com finalidade educacional,
distanciando-se completamente dos propósitos almejados pela educação, logo,
irremediavelmente censurados pela escola.
Por outro lado, há também os que podem ser utilizados para finalidades educativas,
propiciando ambientes educacionais de próspera e prazerosa aliança entre diversão e
aprendizado. Hoje, pode-se encontrar uma verdadeira infinidade de jogos implementados
com o uso da informática (Cox, 2003, p. 38).
Na Figura 3 é apresentado um exemplo de jogo educacional em que são propostas
diversas atividades lúdicas, ricas em imagens, sons e animações, possibilitando alto grau
de interatividade com o usuário e lançando desafios para que este se sinta atraído a realizar
as tarefas propostas. Ressalta-se que, apesar de as tarefas serem desenvolvidas como uma
brincadeira, o conteúdo disponibilizado pelo jogo deve ter uma finalidade pedagógica.
56
Figura 3 - Jogos Educacionais
De acordo com Oliveira (2001, p. 81), os jogos educacionais
[...] podem apresentar situações que contenham simulações, tutoriais ou sistemas
inteligentes, mas o que evidencia esse tipo de software é o seu caráter de
divertimento, de prazer. Uma situação de jogo oferece aos usuários intensa
interatividade, permitindo ampliar as relações sociais no ambiente de ensino,
cativando o interesse dos alunos em relação a temas muitas vezes difíceis de ser
apresentados por outras abordagens. A essência do jogo educacional é a
aprendizagem com prazer e a criatividade com diversão.
Portanto, é importante considerar a possibilidade de juntar os elementos
educacionais e de entretenimento, buscando explorar o aspecto motivacional através de um
ambiente divertido e atrativo, no qual o aprendiz interage a partir do ambiente com o
software ou até mesmo com os colegas, quando jogado em rede. Nesse sentido,
Valente(1999, p. 104) afirma que os jogos educacionais implementados no computador
também podem ser analisados em termos de ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-
descrição. Afirma ainda que os jogos podem apresentar características de tutoriais ou de
simulação, dependendo do quanto o aprendiz pode descrever suas idéias para o
computador.
Portanto, percebe-se que o jogo educacional combina outras estratégias de uso do
computador, adicionando-lhes o desafio e a competição, com a máquina ou com colegas, o
que conduz a que o aluno aprenda brincando.
Valente chama a atenção para dificuldades decorrentes desse tipo de aprendizado e
alerta para o fato de que o aprendiz pode não estar ciente de que está usando conceitos e
estratégias erroneamente durante o jogo. Assim, ressalta que
57
[...] para que essa compreensão ocorra é necessário que o professor documente as
situações apresentadas pelo aprendiz durante o jogo e, fora da situação, discuti-
las com o aprendiz, recriando-as, apresentando conflitos e desafios, com o
objetivo de propiciar condições para o mesmo compreender o que es fazendo
(VALENTE, 1999, p. 105).
Diante disso, mesmo sendo um jogo de cunho educacional, destaca-se a importante
e indispensável contribuição do professor, seja no uso, seja na seleção dos programas,
definindo quais são mais adequados ao conteúdo a ser trabalhado e como tirar o melhor
proveito na sua utilização.
2.2.6 Comunicação em ambientes virtuais
Entre as aplicações dos computadores nas atividades educacionais, desponta a
possibilidade de alunos e professores se comunicarem, local ou remotamente, através de
softwares específicos para esse fim. Os recentes avanços na área de comunicões e o
surgimento de novos softwares, com recursos de transmissão de voz e vídeo pela internet,
estão possibilitando variadas formas de interatividade entre usuários, tais como reuniões a
distância e online, tele e videoconferências e distribuição de mensagens.
Manifesta-se a comunicação como uma grande potencialidade dentre as infinitas
faces que as máquinas de processamento podem assumir, em que novas aplicões e novos
softwares desempenham o papel de propiciar a interligação das máquinas, surgindo
serviços, como listas de discussão, páginas WWW
6
(World Wide Web), salas de bate-papo,
boletins eletrônicos e outras tantas ferramentas úteis à troca de experiências entre
estudantes remotos, contribuindo com a integrão social dos seres humanos (COX, 2003,
p. 40). Nesse sentido, Silva afirma que
[...] comunicação e conhecimento são o espírito do nosso tempo e, como tal, têm
onipresença garantida. Mas sua repercussão no confronto coletivo torna-se
desafio e compromisso de sala de aula presencial e à disncia”. A
aprendizagem e a socialização, tradicionalmente funções da escola entendidas
como educação, passam a exigir tal recursão. A aprendizagem estará cada vez
mais independente da sala de aula, mas a socialização necessitará cada vez mais
deste ambiente. (2002, p. 170).
6
WWW (World Wide Web) é a parte da internet que contém os sites. Cada site é constituído por um
conjunto de páginas eletrônicas, que, por sua vez, apresentam informações organizadas sob a forma de textos,
imagens gráficas, vídeo e som. A WWW é a parte da internet mais utilizada por qualquer usuário.
58
Também temos de considerar que vivenciamos uma época em que se privilegiam a
comunicação e o conhecimento. Assim, por meio dos ambientes virtuais de ensino o
professor precisa permitir a socialização, utilizando recursos como fórum, chat, entre
outros, que possibilitam interatividade online. De acordo com Silva (2002, p. 185), a
interatividade online vem potenciar uma nova competência comunicacional em sala de
aula, com o que professor passa a ter um novo desafio, pois é preciso modificar a
comunicação no sentido participação-intervenção, porque não há mais a prevalência do
falar-ditar, mas a resposta autônoma, criativa e não prevista dos alunos, garantindo a
liberdade de expressão individual e coletiva.
Os alunos têm aí configurado um espaço de diálogo, de participação e
aprendizagem, que lhes permite trocar informações sobre assuntos específicos e de seu
interesse através de listas de discussão; ter acesso a artigos científicos, imagens e textos
com o uso da internet, realizar trocas de mensagens instantâneas com texto, áudio e vídeo
com outras pessoas independentemente de sua localização; debater assuntos a partir de
listas de discussão, entre outras atividades que podem ser realizadas através de um imenso
leque de ferramentas que podem ser úteis para as práticas escolares.
Os efeitos dessa comunicação em ambientes virtuais refletem-se diretamente numa
nova lógica, que incide diretamente nos processos didáticos e envolve a autonomia dos
agentes envolvidos em estabelecer os seus percursos de navegação e comunicação,
tornando o que antes parecia um entrave no processo de comunicação, a seencialidade e
a linearidade, algo facilmente superado com um simples clicar do mouse.
2.3 Internet e suas potencialidades didático-pedagógicas
A sociedade atual está passando por grandes transformões, o que representa
profundas mudanças na organização da sociedade e da economia. Percebe-se, cada vez
mais, que o acesso à informação, ao conhecimento, e, sobretudo, a capacidade de aprender
e inovar vêm assumindo um papel fundamental na sociedade atual. Segundo Takahashi
(2000, p. 6), o conhecimento tornou-se, hoje mais do que no passado, um dos principais
fatores de superação de desigualdades, de agregação de valor, criação de emprego
qualificado e propagação do bem-estar. Para o autor, um dos fatores que vêm
influenciando nessa transformação é o fantástico crescimento da internet.
59
A internet, a grande rede de computadores
7
que interliga milhões de computadores
do mundo inteiro, põe à disposição de quem a acessa um infinito mundo de informões
sobre os mais variados assuntos. Inicialmente, a internet era exclusividade de poucos;
somente a partir da metade da década de 1990 é que se popularizou, havendo uma
explosão de usuários conectando-se à rede em todo o mundo.
Num curto período de tempo, a internet disseminou-se por praticamente todo o
mundo, propiciando conectividade e substituindo tecnologias mais antigas, tornando-se um
padrão mundial de comunicação, tanto que hoje é a mídia que mais cresce no mundo.
Atualmente, são milhões de pessoas em todo o planeta que se beneficiam dos serviços
oferecidos pela internet, o que está provocando mudanças sociais, econômicas e culturais
(TAJRA, 2000, p. 114).
Percebe-se que a internet ocupa um espo cada vez maior no dia-a-dia pessoal e
profissional, trazendo grandes benefícios a todas as áreas do conhecimento humano. Esse
grande crescimento se dá em razão de um fantástico avanço das tecnologias de
comunicação, ampliando a utilização do computador para além de uma máquina de
trabalho, ou seja, também constituindo-se numa máquina de comunicação. Com a internet,
tem-se acesso à World Wide Web, que é o grande armazenador de todo o tipo de
informões no mundo, permitindo a interligação de várias mídias (textos, imagens,
animões, sons e vídeos) simultaneamente e formando um imenso hipertexto (TAJRA,
2000, p. 115).
Além das possibilidades multimídia, a internet revoluciona a forma de expor os
conteúdos, rompendo com a linearidade característica do texto escrito. A
hipertextualidade
8
oferece um excelente recurso para navegação pelas páginas publicadas
na rede, permitindo ao leitor o acesso a um grande número de informões sem que seja
necessário seguir uma organização linear. Segundo Teixeira (2002, p. 67),
[...] além do fato de se assemelhar aos processos dialógicos e mentais dos seres
humanos, o hipertexto é apropriado para a representação de informações no
computador pela possibilidade de subdividir um texto em trechos coerentes e
relativamente curtos, facilitando a sua organização e compreensão; permite,
também, fácil referência a outras partes do texto ou a outros textos totalmente
independentes, muitas vezes armazenados em locais distantes. A esse processo
de transitar entre diferentes locais através de links dá-se o nome de navegação.
7
Rede de Computadores rede de telecomunicações que envolve a conexão entre dois ou mais
computadores, permitindo a troca de dados entre essas unidades e otimizando recursos de hardware e
software.
8
Hipertextualidade consiste, entre outras coisas, numa espécie de texto multidimensional no qual numa
página trechos de texto se intercalam com referências a outras páginas.
60
Para Silva (2002, p. 15), à medida que o usuário faz uso das tecnologias
hipertextuais, ele tende a tornar-se menos passivo e aprende que é dele mesmo que
depende o gesto instaurador; diante da informação, da mensagem, ele pode interferir,
modificar, produzir e compartilhar.
A combinação do fenômeno multimídia com a hipertextualidade da internet deu
origem ao recurso hiperdia, no qual os documentos não são apenas textos, mas qualquer
mídia, como som, imagem ou vídeo. Conforme Brandão (1999, p. 32), a utilização de
multimídia e hipermídia determina novos princípios de uma interação amigável entre
homem e máquina, contribuindo, consideravelmente, para a essência da linguagem lúdica;
faz uma aproximação entre as atividades de brincar e educar através de uma comunicação
didática, que pressupõe a utilização de formas motivadoras de expressão do conhecimento,
permitindo que certas concepções educacionais sejam trabalhadas de forma mais integrada,
como prevê o construtivismo de Jean Piaget e o interacionismo de Vygotsky.
Todos esses recursos podem ser combinados e disponibilizados pela internet, que,
além de ser uma fornecedora de conteúdos ricos em informões passíveis de serem
incorporadas a qualquer programa de curso, também oferece excelentes recursos de
comunicação, proporcionando aos professores e alunos, a oportunidade não só de acessar
conteúdos, mas também, de se comunicarem e de interagirem através da rede, realizando
atividades colaborativas neste ambiente.
Pocho (2003, p. 83) ressalta que a internet pode ser utilizada em diversas situões
de aprendizagem com grandes vantagens como uma tecnologia educacional. Entre essas
situões cita:
a possibilidade da combinação de diversas linguagens audiovisuais (vídeo, áudio,
texto), que, juntas, estimulam o processo de aprendizagem independente;
a utilização de diferentes ferramentas para a comunicação entre as pessoas;
rapidez na busca de informões;
interatividade em tempo real com pessoas de qualquer parte do mundo.
Assim, são muitas as atividades que podem ser feitas em laboratório com o uso da
internet. Segundo Teixeira (2002, p.80), as potencialidades da internet no meio
educacional abrem um leque muito amplo de utilizações, podendo ir muito além do que
uma visão otimista poderia imaginar. Oferece-nos sons (rádio, CD-ROM, DVD-ROM),
imagens estáticas (fotos, quadros, gráficos, mapas, etc.), imagens em movimento (filmes,
animões, vídeos, TV, etc.), a facilidade de contatar pessoas em qualquer lugar do mundo
(correio eletrônico, canais de bate-papo, lista de discussões, etc.); ambientes ricos em
61
possibilidades de aprendizagem e de ensino a distância (TelEduc, Moodle, WebCT,
Aulanet, etc.), videoconferências, em que várias pessoas em lugares diferentes podem
realizar encontros virtuais e interagir simultaneamente, trocando informões com o
auxílio de áudio e vídeo pela internet.
Nesse cenário, Tajra (2000, p. 127) salienta que é possível obter vários ganhos
pedagógicos, dentre os quais se podem citar:
acessibilidade a fontes inesgotáveis de assuntos para pesquisa;
páginas educacionais específicas para a pesquisa escolar;
páginas para busca de softwares;
comunicação e interação com outras escolas;
estímulo para pesquisar a partir de temas previamente definidos ou a partir da
curiosidade dos próprios alunos;
desenvolvimento de uma nova forma de comunicação e socialização;
estímulo à escrita e à leitura;
estímulo à curiosidade;
estímulo ao raciocínio lógico;
desenvolvimento da autonomia;
permite o aprendizado individualizado;
troca de experiências entre professores/professores, aluno/aluno e professor/aluno.
No entanto, apesar de todas as vantagens, Tajra alerta sobre uma série de
problemáticas, tais como:
muitas informões sem fidedignidade;
facilidade na dispersão durante a navegação;
lentidão de acesso nos sites em função da baixa qualidade das linhas telefônicas;
facilidade de acesso a sites inadequados para público infanto-juvenil.
Pela sua variedade de recursos, a internet apresenta uma vasta linha de aplicações
educacionais. A cada momento novas páginas são publicadas nesse ambiente, tornando-se
difícil para o professor deter o conhecimento de diversas fontes de pesquisa, em sites
existentes na rede. No entanto, as possibilidades educacionais oferecidas pelos serviços
proporcionados pela internet levantam novas perspectivas para o processo de ensino-
aprendizagem, visto que a construção do conhecimento pode ser mediada por uma
diversidade de serviços, oferecendo aos sujeitos envolvidos no processo inúmeras
possibilidades de interação, comunicação e de acesso a material didático, além do que está
disponível em sala de aula.
62
Para Teixeira (2002, p. 80-81), os recursos oferecidos pela internet permitem que o
aluno explore novos territórios, realize atividades interdisciplinares e de trabalho
colaborativo com outros grupos, mesmo estando geograficamente dispersos, fazendo por si
próprio a busca pelo conhecimento, atuando como sujeito ativo no processo de
aprendizado. Nesse sentido, Tajra (2000, p. 129) ressalta que a internet é mais um dos
motivos da necessidade de mudança do papel do professor, que, nesse novo cenário, deve
atuar promovendo o confronto de informações localizadas e verificação de sua validade,
procurando estimular o senso crítico do aluno. Ainda segundo o autor:
[...] o ponto crucial para o sucesso de um projeto educacional, com o uso da
internet, é a capacitação dos professores, seja em didática, tecnologia
computacional, teorias de aprendizagens e, por fim, a própria exercitação e
reflexão dessa técnica em função da educação (TAJRA, 2000).
O importante papel do professor para o uso adequado da tecnologia nos projetos de
ensino e aprendizagem é constatado na medida em que ele se mantém constantemente
atualizado e assume uma postura diferenciada, não simplesmente de transmissor de
conhecimento, mas de questionador, despertando o interesse dos alunos, acompanhando
seu desenvolvimento, instigando-os a aprender e a descobrir a partir de seus próprios
caminhos. Essa nova postura exige uma formação diferenciada do professor e uma
constante atualização, pois, apesar de as tecnologias já terem evoluído muito nos últimos
anos, os avanços não param. A cada dia novas ferramentas e soluções tecnológicas estão
surgindo, aumentando cada vez mais as variedades de serviços oferecidos, principalmente
através da internet, os quais atualmente já incluem serviços como comércio eletrônico,
internet móvel, comunicação por meio de voz, videoconferência, entre tantas outros.
Verifica-se que as potencialidades de uso da internet no meio educacional vão além
do se possa imaginar, o que reforça a tese de que o professor deve estar mais bem
preparado para fazer uso dos recursos que a rede oferece. Garantir que os educadores se
apropriem dessas tecnologias de forma adequada e que saibam como, quando e por que
utilizar cada serviço disponível na internet em benefício de conteúdo a ser trabalhado
constitui uma tarefa essencial para a sua inclusão digital.
Ao analisar as bibliografias relacionadas ao uso da internet nas atividades
pedagógicas, verifica-se que é fundamental não apenas o acesso, mas a apropriação
tecnológica dos professores no sentido de possibilitar a sua familiarização com essa
63
tecnologia, de forma crítica e consciente, de modo que se sintam não como meros usuários,
mas como produtores de conhecimento. É preciso que os professores percebam as
possibilidades oferecidas por essas tecnologias e possam incrementar suas rotinas diárias
com o auxílio do computador, criando situões novas, que lhes permitam alcançar seus
objetivos através de diferentes estratégias que envolvam o exercício da não-linearidade, da
interatividade e da comunicação em tempo real. Assim, promoverão uma verdadeira
cultura das relações em ambientes virtuais.
Heide (2000, p. 154) enfatiza que utilizar a internet de maneira eficiente depende,
em parte, de ter uma boa noção dos tipos de recursos de aprendizagem disponíveis na
internet. Hoje, o que move os professores, mas, sobretudo, os alunos, frutos de uma nova
geração em direção ao uso de ambientes de aprendizagem através da rede mundial, é o fato
de a internet representar a síntese de alguns elementos básicos para o processo educacional,
representado pelo alto poder de interatividade, pela convergência de mídias e pelo
rompimento de uma linearidade.
Dessa forma, ao utilizar uma tecnologia como a internet para fins educacionais,
onde a veiculação de informação pode ocorrer em múltiplas dias e a possibilidade de
interação e comunicação com o usuário ocorre de modo síncrono e assíncrono, com os
conteúdos sendo arrolados de acordo com uma lógica estabelecida pelo próprio usuário. É
preciso, pois, que haja uma reflexão contínua sobre as possibilidades oferecidas por esses
recursos para o meio educacional.
Nesse sentido, apresentam-se a seguir algumas das principais aplicões da internet
que podem ser direcionadas para fins pedagógicos.
2.3.1 Navegar na internet
A partir do serviço de WWW é possível navegar na internet, que significa visitar
páginas a partir de enderos e links que interligam as páginas, por meio dos quais se
consegue navegar na rede. Na internet é possível escolher o caminho que se pretende
percorrer, de acordo com o interesse de cada um, ou seja, não existe uma rota
predeterminada, podendo-se chegar a um mesmo local por diferentes caminhos.
Uma das possibilidades de utilizar o recurso de navegar na internet é para o
encaminhamento de atividades de pesquisa. A rede é um vasto repositório de dados, onde é
possível encontrar informões sobre qualquer assunto, o que é reforçado por Tajra (1999,
p. 38): A internet é hoje considerada a maior fonte de informação do mundo. É uma
64
enciclopédia universal. Mas é importante ficar atento para a veracidade destas
informões. Muitas delas não possuem boas procedências e não são confiáveis. Essa
necessidade de cuidado com as informões obtidas pela internet é reforçada por
Magdalena:
[...] a internet abre a possibilidade para que todos possam escrever e publicar.
Não há, ao menos no momento, o crivo de um grupo de editores que nos dizem
sobre o que vale a pena escrever, quando escrever e para quem. Neste meio, em
tese, escritores e aspirantes têm as mesmas possibilidades e direitos. (2003, p.
61).
Para Tajra, uma das razões pelas quais isso acontece é que na internet não existe
censura ao se tentar publicar um site. Então, é importante que se fique atento à origem das
informões contidas nos sites ao utili-las para trabalhos, assegurando, assim, uma
pesquisa bem elaborada e com informões confiáveis.
É importante salientar que na internet existem sites que foram desenvolvidos
especialmente para facilitar as pesquisas dos internautas, os conhecidossites de busca”.
Nesses sites é possível realizar buscas na internet sobre qualquer tema; basta informar
palavras ou o assunto pretendido que uma lista de sites a ele relacionados é apresentada na
tela.
2.3.2 Pesquisa na internet
É notável a grande capacidade de comunicação e de pesquisa de informões que a
internet oferece através dos serviços de WWW. Conforme Tajra (2002, p.31), a WWW é
considerada a biblioteca universal, pois possui o maior acervo de informões no mundo e
está disponível 24 horas por dia em qualquer país. Em virtude dessa facilidade de acesso
e de atualização de informões, é possível realizar pesquisas dos mais diversos assuntos
com grande facilidade.
Atualmente, qualquer pessoa pode publicar conteúdos na internet com grande
facilidade. Por isso, Tajra alerta sobre o controle de acesso a esses conteúdos, o que é uma
grande preocupação dos educadores para melhorar a qualidade e a confiabilidade das
informões obtidas. Ao pensar sobre o uso da internet em sala de aula para a realização de
pesquisas, é preciso que essas questões típicas da sociedade do conhecimento sejam
trabalhadas, preparando os alunos para que saibam como analisar as informões obtidas
65
através deste ambiente, de forma que tenham condições de discernir entre conhecimentos
que podem e que não podem ser utilizados em seus trabalhos.
Tajra adverte ainda que
[...] utilizar a internet como meio de pesquisa não significa excluir as demais
dias, sejam impressas ou audiovisuais. É importante que a escola continue
sempre utilizando o livro, as revistas, os jornais, os vídeos, a televisão, o rádio e
os demais meios como fonte de pesquisa. Cada um desses meios tem seu papel
na busca de novas informações e referências bibliográficas. O que se pretende
com a internet é ampliar e estimular as possibilidades para a realização de
pesquisas (2002, p. 32).
Para o professor, o conhecimento das fontes existentes para realização de pesquisas
de acordo com a sua área é fundamental para o desenvolvimento de seu trabalho, pois em
todo o processo de construção do conhecimento, qualquer que seja seu nível, faz-se
imprescindível o uso de determinados instrumentos para conseguir a informação
necessária. As atividades de pesquisa na internet podem ser realizadas de diversas
maneiras, através de recursos e ferramentas que permitem utilizar a rede como uma grande
biblioteca, na qual se podem encontrar informões sobre os mais diversos assuntos.
Na internet, alguns sites foram desenvolvidos especificamente para facilitar as
pesquisas dos internautas, permitindo que sejam realizadas buscas nos mais variados
assuntos a partir do mesmo ambiente. Um dos sites de busca mais utilizados atualmente é o
Google, que possui uma interface muito simples, mas com grande capacidade de busca
sobre os mais variados assuntos. Para realizar uma busca no Google, é necessário
simplesmente digitar uma palavra-chave sobre o assunto desejado e clicar no botão
pesquisar. Outras buscas mais avançadas também podem ser realizadas no site, permitindo
que o usuário estabeleça critérios de busca mais detalhados, aprimorando a busca e
aumentando as chances de encontrar a informação desejada.
Outras funcionalidades importantes também podem ser encontradas nesse tipo de
ferramenta, das quais se podem citar a capacidade de busca de imagens, a busca em blogs
9
e, principalmente, a capacidade de busca por artigos científicos, monografias, dissertões
e teses, possíveis com o uso do Scholar Google, um dos mais recentes serviços de busca
disponibilizado na Internet. Esse serviço apresenta grandes benefícios para as atividades
escolares, principalmente para as atividades de pesquisa.
9
Ferramentas comunicacionais que se constituem como hiperdocumentos propícios a uma nova forma de
organização, transmissão e acesso à informação.
66
Pelas facilidades que foram agregadas a essa ferramenta, apesar de atualmente estar
disponível em uma versão beta
10
, o Scholar Google apresenta grande potencial
educacional, principalmente quando se trata de pesquisa, pois a internet é muito ampla,
contemplando uma coleção muito grande de informações; logo, são necessárias essas
ferramentas para facilitar a busca.
Outra forma de realizar pesquisas na internet é através dos sites educacionais, que,
conforme Tajra (2002, p.33), contêm conteúdos educacionais pré-selecionados, nos quais
profissionais disponibilizam informões relacionadas a conteúdos escolares. Esse tipo de
site apresenta as informões de acordo com um foco, ou seja, as informões são geradas
e mantidas, voltadas a um público-alvo ou a um assunto específico. Geralmente, são
criados por profissionais qualificados e com um bom nível de conhecimento sobre os
assuntos abordados, garantindo, assim, maior grau de segurança com relação à qualidade
das informações, o que é enfatizado por Tajra quando afirma:
[...] a vantagem de utilizar os sites educacionais, ou seja, os sites que foram
desenvolvidos para finalidades educacionais, é que eles contém informações
seguras, tendo em vista que a publicação de suas páginas é previamente
analisada por educadores, evitando assim maiores riscos em acessar sites
inadequados ou com informações duvidosas (TAJRA, 2002, p.33).
Embora a internet seja uma ferramenta de grande utilidade e importância na
pesquisa estudantil, é importante ficar atento quanto à qualidade da informação obtida
nesse ambiente. Como tantos professores sabem, nem todas as informões são válidas.
Sites educacionais, jornais, revistas e sites de instituições são minuciosamente verificados
por revisores e editores, mas é preciso lembrar que a internet é um universo de informações
livres; portanto, é preciso avaliar a qualidade e a confiabilidade de tudo o que for obtido,
determinando quais fontes serão mais valiosas para os trabalhos de pesquisa.
Também é importante considerar a questão dos direitos autorais, pois, com tanto
material facilmente baixado da internet, principalmente quando de trata de arquivos
multimídia (imagens, sons, vídeos, animações, etc.), os professores e alunos precisam fazer
justa utilização do material obtido, de forma que seja utilizado somente para propósitos
instrucionais. É importante lembrar que a reprodução ou publicação de materiais obtidos
10
Versão de avaliação de um software, permitindo que seja usado e testado pelos usuários na sua totalidade,
com o objetivo de identificar possíveis falhas a serem corrigidas para a disponibilização definitiva do serviço.
67
através da internet sem a devida autorização do autor pode caracterizar violação dos
direitos autorais desse material.
2.3.3 Comunicação na internet
Com a internet, abre-se uma grande possibilidade de comunicação. São inúmeras as
ferramentas desenvolvidas para facilitar a comunicação via rede, garantindo espos em
que alunos e professores possam trocar informações a qualquer momento, em qualquer
lugar.
A comunicação nunca foi tão fácil, rápida e barata. Segundo Tajra (1999, p. 42), os
serviços da internet mais utilizados são os de comunicação, os quais favorecem e
provocam os alunos a estabelecerem relações cooperativas, permitindo o diálogo e o
trabalho em grupo através de ambientes virtuais. Há hoje basicamente dois tipos de
comunicação na internet: síncronas e assíncronas.
Síncronas: são os serviços que exigem, pelo menos, dois ou mais usuários
interligados à rede ao mesmo tempo para acontecer. A Figura 4 ilustra um diálogo
utilizando uma comunicação síncrona em tempo real.
Figura 4 - Comunicação Síncrona
Os serviços disponíveis na internet para comunicação síncrona são os chats, ou
salas de bate-papo. Esses softwares oferecem uma interface pela qual os usuários podem
realizar uma comunicação em tempo real entre emissor e receptor, como ilustrado na
Figura 5.
68
Figura 5 - Chat
O software apresentado na figura anterior é baseado em ferramentas WWW, ou
seja, o próprio navegador de internet serve de ambiente para a troca de mensagens, não
havendo a necessidade de instalação de outros softwares na máquina do usuário para que a
comunicação aconteça.
Outros softwares para bate-papo também são utilizados na internet, como o ICQ e o
Messenger, porém para uso desses é necessária a instalação de um programa específico
para que o diálogo seja estabelecido. A Figura 6 ilustra a tela do software ICQ.
Figura 6 - Software ICQ
Com esses softwares, além de conversar em tempo real, é possível enviar arquivos,
compartilhar enderos de internet, entre outras opções, como ter acesso à lista de pessoas
69
cadastradas e buscar outros usuários do serviço. Numa concepção pedagógica, essas
ferramentas permitem que sejam realizadas discussões sobre determinados temas em
tempo real. No entanto, para o uso de ferramentas de comunicação síncrona, é preciso que,
no momento da utilização desses serviços, todas as pessoas envolvidas estejam
simultaneamente conectadas à internet, havendo a necessidade de um agendamento prévio
para uma discussão utilizando esse tipo de ferramenta.
Assíncronas: São serviços que funcionam mesmo quando um dos usuários não está
conectado. Ao enviar uma mensagem, não é necessário que o destinatário esteja conectado
naquele momento. É possível enviar uma mensagem para um destinatário mesmo que este
esteja com o computador desligado, conforme ilustrado na Figura 7. Quando o usuário a
quem a mensagem foi destinada ligar o computador, essa será entregue.
Figura 7 - Comunicação Assíncrona
Como exemplos de ferramentas assíncronas de comunicação pela internet podem
ser citados os softwares de correio eletrônico, blog, lista de discussão e fórum.
Os softwares de correio eletrônico permitem que mensagens sejam enviadas e
distribuídas à medida que os usuários se conectam à internet. As mensagens ficam
armazenadas num servidor na internet até que cada usuário faça o acesso para buscar as
suas correspondências eletrônicas. Isso permite que através do correio eletrônico seja
realizada uma comunicação assíncrona, na qual os usuários não precisam estar online ao
mesmo tempo para se comunicar. A comunicação neste tipo de software pode ser um-para-
um ou um-para-muitos, permitindo que assuntos sejam discutidos através da troca de
mensagens.
É importante ressaltar que na rede muitas pessoas e empresas prestam os mais
variados serviços grátis, úteis para pessoas que pretendem usar os recursos da internet
mesmo sem ter condições de pagar pelos mesmos, como é o caso de serviços de publicação
gratuita de home pages e contas de e-mail. Apesar de os softwares de correio eletrônico
serem eficazes para a comunicação pela internet, quando se trata de realizar discussões
sobre assuntos específicos envolvendo um grupo de usuários (Figura 8), outras ferramentas
podem ser mais eficientes, como é o caso das listas de discussão.
70
Figura 8 - Comunicação entre grupos de usuários
Numa lista de discussão existe um endero eletrônico (e-mail) para cada
participante; todos os participantes recebem uma cópia de cada mensagem enviada para a
lista através do seu e-mail. As mensagens também ficam disponíveis através do serviço de
WWW para futuras consultas. Segundo Tajra (2002, p. 88),
[..] as listas de discussão são um tipo de correio eletrônico coletivo. Elas
geralmente são organizadas por pessoas interessadas em discutir um assunto de
interesse comum. Por exemplo: existem listas para discutir somente questões
relacionadas a meio ambiente, história, matemática, medicina, cidadania e
qualquer assunto que possa imaginar.
Para a utilização de uma lista de discussão num projeto educacional, Tajra (2000, p.
125) alerta sobre a importância da criação de algumas regras, tais como:
padronização dos tipos de mensagens enviadas pela lista, evitando mensagens de
interesse particular;
padronização do modo como deverão ser mencionados os assuntos, para que os
usuários da lista possam facilmente identificar as mensagens da lista;
ao enviar arquivos pela lista, é importante padronizar o formato que será utilizado,
para que todos tenham condições de abrir os arquivos para ter acesso ao seu conteúdo;
limitar o tamanho dos arquivos trocados pela lista, evitando arquivos muito grandes.
Semelhante à lista de discussão, também se podem utilizar os serviços de fórum,
que diferem da lista de discussão por ficarem disponíveis apenas em páginas WWW, sem o
uso do endero eletrônico. Todas as informões geradas na comunicação ocorrida num
fórum ficam armazenadas e são publicadas para acesso pelos outros participantes. Em
71
ambas as ferramentas de comunicação da internet baseadas em texto, os usuários utilizam o
teclado para digitar as mensagens que serão repassadas ao destinatário.
Em razão da rápida evolução e do barateamento dos pros de equipamentos e pela
ampliação da capacidade de transmissão de informação no setor das telecomunicações,
surgem novas possibilidades de comunicação através da internet, permitindo que, além da
utilização de texto, também possam ser utilizados som e vídeo em tempo real. Novos
softwares e protocolos de comunicação permitem a conversação em tempo real pela
internet, como é o caso da videoconferência, que tem sido cada vez mais utilizada por
empresas e instituições. Atualmente, com a utilização de equipamentos e softwares
específicos, já é possível a realização de uma aula por videoconferência, permitindo a
criação de um ambiente em que tanto professores como alunos, separados física e
geograficamente, possam se comunicar por imagem e som num mesmo tempo e lugar
virtual.
Essas soluções tecnológicas colocaram à disposição da escola a possibilidade de
reproduzir a sala de aula a partir de um ambiente virtual de aprendizagem, expandindo as
possibilidades da utilização da informática no ambiente de ensino, propiciando a realização
de atividades educacionais para além do espo físico da escola, através de linhas de
comunicação que, ao mesmo tempo que mantêm o contato audiovisual em tempo real entre
professores e alunos, acrescentam recursos tecnológicos que provocam uma nova
dinâmica.
2.3.4 Novas possibilidades da internet para a educação
A navegação, a pesquisa e a comunicação na internet constituem uma etapa inicial
de um processo de apropriação que, uma vez encontrando espo na escola, faz emergir
novas possibilidades, que envolvem desde Wiki, Weblog, WebQuest até videoconferências
interativas. É importante ficar atento também para as novas aplicações que estão surgindo
com o uso da internet, as quais estão cada vez mais interativas e fáceis de usar, permitindo
que o nível de comunicação e colaboração oferecido pela internet seja ampliado.
Aplicações como Wiki
11
permitem que documentos sejam editados coletivamente
com uma linguagem de marcação muito simples apenas através da utilização de um
navegador Web. Uma das características definitivas da tecnologia Wiki é a facilidade com
11
O termoWiki é utilizado para identificar um tipo específico de colão de documentos em hipertexto ou
o software colaborativo usado para criá-lo. Permite a edição coletiva dos documentos sem que o conteúdo
tenha de ser revisado antes da sua publicação.
72
que as páginas são criadas e alteradas. Wikis são verdadeiras mídias hipertextuais, com
estrutura de navegação não linear; cada página geralmente contém um grande número de
ligões para outras páginas.
No entanto, geralmente não existe qualquer revisão antes das informões serem
aceitas e publicadas, e a maioria dos Wikis são abertos a todo o público, ou pelo menos, a
todas as pessoas que têm acesso ao servidor Wiki. Em alguns Wikis, nem mesmo o registro
de usuários é obrigatório. Nesse sentido, o uso do Wiki para fins educacionais precisa ser
adotado com muita cautela, principalmente ser for utilizado com fins de pesquisa, pois
representa um ótimo recurso para o registro do andamento e resultados de trabalhos e
pesquisas desenvolvidas.
Uma aplicação semelhante que surgiu com o uso da internet são as páginas de
Weblog
12
, ou também muito conhecidas por Blog. Os Blogs permitem publicar e atualizar
informões a todo instante, de qualquer lugar do planeta, sem complicação ou
programação. Os sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas
facilidades que oferecem, pois dispensam o conhecimento de HTML, o que atrai pessoas a
criá-los, ao invés de suas páginas ou sites pessoais.
Os serviços de Weblog contam, ainda, com várias ferramentas para classificar
informões técnicas a seu respeito, todas disponibilizadas na internet por servidores
exclusivos e/ou usuários comuns. As ferramentas abrangem: registro de informões
relativas a um site ou donio da internet quanto ao número de acessos, páginas visitadas,
tempo gasto, de qual site ou página o visitante veio, para onde vai do site ou página atual e
uma série de outras informões.
Os Blogs também são uma excelente forma de comunicação. É possível a criação de
um Blog privativo, no qual equipes de trabalho possam discutir projetos e apresentar
soluções, permitindo que grupos se comuniquem de forma mais simples e organizada do
que através do e-mail ou grupos de discussão, por exemplo. Pelas facilidades oferecidas
pelos serviços de blog, estes passaram a ser utilizados para fins educacionais, permitindo
aplicações colaborativas, pois um grupo de estudantes pode se reunir para atualizar um
mesmo Blog sobre um determinado conteúdo estudado. Surgiam, assim, os Blogs
12
Um Weblog é um registro publicado na internet relativo a algum assunto organizado cronologicamente
(como um histórico ou drio). É como uma página de nocias ou um jornal que segue uma linha de tempo
com um fato as o outro. O conteúdo e tema dos Webblogs abrangem uma infinidade de assuntos, que vão
desde drios, piadas, links, nocias, poesia, idéias, fotografias, a tudo o que a imaginação do autor permitir.
O termo Weblog também pode aparecer com as seguintes traduções: Blog (linguagem mundial), registro
(registro no Brasil), diário (virtual), Placard, quadro, Blogue (português).
73
educativos, que são um grande atrativo como ferramenta educacional utilizada para o
registro de idéias de professores e alunos.
Outras ferramentas que fornecem um modelo para associar pesquisa baseada na
Web e resultados da aprendizagem de uma forma prática e confiável são as WebQuests
13
.
Qualquer pessoa pode desenvolver uma WebQuest. Para isso, é necessário criar um site
que pode ser construído com um editor de HTML (HyperText Markup Language), serviço
de Blog ou até mesmo com um editor de texto que permita salvar arquivos como página da
Web. Segundo Heide (2000, p. 154),
[...] o apelo da WebQuests tem a ver com o fato de que ela pode ser agrupada a
uma grande variedade de ambientes de tecnologia e a muitas áreas diferentes do
currículo. Além disso, os projetos da WebQuest podem ser facilmente utilizados
em situações de aprendizagem extracurricular.
As WebQuests têm a virtude da simplicidade e podem ser facilmente desenvolvidas
por qualquer aluno e sobre qualquer assunto. Assim, as WebQuests podem variar desde um
simples conjunto de perguntas que os alunos respondem utilizando a internet até a
realização de um grupo de discussão designado pelo professor, oferecendo um ambiente
muito rico de informões, no qual os alunos possam pesquisar sobre um determinado
assunto, realizar debates online e publicar as conclusões obtidas durante os estudos num
mesmo ambiente.
Além desses espaços para trabalho colaborativo, comunicação e publicação de
informões, também estão sendo adotados para as atividades educacionais, especialmente
para a educação a distância, os ambientes virtuais (Teleduc, Moodle, etc.), que permitem a
criação, participação e administração de cursos a distância pela internet. Podem ser usados
tanto para educação a distância como para atividades de apoio ao ensino presencial, tais
como disponibilização de material didático, reforço e explicações adicionais, saneamento
de dúvidas, aprofundamento de conceitos e, ainda, uma grande quantidade de atividades de
interação.
Esses ambientes oferecem, além de uma interface amigável e intuitiva, uma
variedade de ferramentas de apoio as atividades, tais como Lista de Atividades, Agenda,
Publicação de Material de Apoio, Indicação de Leituras, Mural, Portfólio, Listas de
13
WebQuest é um modelo extremamente simples e rico para uso educacional da internet, com fundamento
em aprendizagem cooperativa e processos investigativos na construção do saber. É uma metodologia de
pesquisa orientada, no qual quase ou todos os recursos utilizados são provenientes da Web.
74
Discussão, Salas de Bate-Papo, Controle de Acessos, entre outras ferramentas úteis para a
realização de atividades semipresenciais e a distância.
Além desses ambientes virtuais, a internet ainda oferece novas possibilidades de
comunicação a partir de ferramentas que permitem a comunicação em tempo real com voz
e vídeo, oferecendo novas formas de cooperão através da rede. As videoconferências
14
permitem que grupos de pessoas geograficamente distantes possam reunir-se num espaço
virtual único sem sair de suas salas. Com ferramentas de videoconferência, além de ter
contato visual, falar e ouvir, é possível examinar documentos ao mesmo tempo, desenhar
num quadro virtual, exibir slides, passar uma apresentação em PowerPoint, trabalhar numa
planilha, demonstrar um novo produto, tudo online entre todos os participantes.
É notável o grande potencial para a educação que essas novas aplicões
representam a partir do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e, mais
especificamente, da internet. Com certeza, as aplicações da internet para as atividades
educacionais não se esgotam nas que aqui foram apresentadas, mas é de grande
importância a percepção de que a rede é uma grande aliada de professores e alunos,
oferecendo uma infinidade de recursos inovadores de comunicação e interação a partir de
suas variadas aplicações.
2.4 Educação a distância
Os avanços das tecnologias de informação e comunicação, especialmente da
internet, colocaram à disposição da escola a possibilidade de reproduzir a sala de aula,
expandindo-a de um lugar físico bem demarcado para um grande lugar virtual, feito de
locais situados a distâncias variadas, interligadas por linhas de comunicação que, ao
mesmo tempo que mantêm o contato entre professores e alunos, acrescentam recursos
tecnológicos que provocam uma nova dinâmica.
A educação a distância (EAD) possui várias definições. Segundo a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB), é uma forma de ensino que possibilita a auto-
aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou
14
Videoconferência é um sistema que possibilita a comunicação entre pessoas geograficamente distantes,
através de áudio e vídeo simultaneamente. Tem por objetivo o compartilhamento de informações e materiais
de trabalho sem que haja a necessidade de gastar tempo e recursos com locomoções. É um serviço suportado
em redes de banda larga, permitindo a comunicação audiovisual em tempo real.
75
combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação. A EAD implica o uso das
mídias e da comunicação para que alunos e professores distantes uns dos outros possam
interagir a partir do uso de tecnologias que estarão mediando a interação e comunicação
durante os estudos. Segundo Rodrigues (1998),
[...] uma das características mais marcantes da Educação a Disncia é,
obviamente, a separação física entre o professor e os alunos durante a maior
parte do tempo. Para haver comunicação é necessária mediação do meio de
comunicação, da dia utilizada no curso - material impresso, áudio, vídeo,
teleconferência, videoconferência, internet, softwares, CBT, etc; que atuam
como um "filtro" na comunicação, diferenciando-a da presencial.
Até a década de 1980, as tecnologias disponíveis para comunicação e interação a
distância entre professores e alunos eram poucas e simples. As instituições baseavam seus
trabalhos em material impresso, programas em áudio, vídeo ou transmissões em TVs e
rádios educativas. Segundo Belloni (2001), a EAD pode ser dividida em três gerões:
a primeira geração caracteriza-se pelo ensino por correspondência, que teve início
no século XIX; nesta fase pioneira a interação entre o professor e o aluno era muito lenta,
esparsa e limitada;
a segunda geração pode ser caracterizada pelo ensino com a utilização de
multimeios a distância e teve início na década de 1960, acrescendo à EAD o uso dos meios
de comunicação audiovisuais (programas de vídeo e áudio, difundidos via cassetes ou via
antena) e, em certa medida, computadores. Desenvolveu-se a partir das orientões
behavioristas e industrialistas, típicas da época, pacotes instrucionais integrando em maior
ou menor medida as inovões tecnológicas de comunicação e informação;
a terceira geração de EAD comou a surgir na década de 1990, com o
desenvolvimento e disseminação das novas tecnologias de informação e comunicação.
Foram acrescentados novos meios, implicando mudanças radicais nos modos de ensinar e
aprender: unidades de curso concebidas sob a forma de programas interativos
informatizados (que tenderão a substituir as unidades de curso impressas); redes
telemáticas com todas as suas potencialidades (bancos de dados, e-mail, listas de
discussão, sites, etc.).
Uma característica marcante dos meios usados nesta terceira geração é a
interatividade, que permite ao usuário interagir com a máquina e, por meio dela, com
outras pessoas (intersubjetividade). A partir da fundamentação obtida com o conceito de
76
ZDP de Vygotsky e em estudos de Piaget, nota-se a grande importância dessa característica
da EAD, uma vez que facilita e incentiva a comunicação e a interatividade entre os alunos,
contribuindo para o desenvolvimento cognitivo e proporcionando uma aprendizagem
cooperativa.
O princípio de interatividade presente na EAD também apresenta forte relação com
o construtivismo, segundo o qual o conhecimento é (re)construído pelo indivíduo nas
interões com o ambiente externo, onde o aluno é ativo no processo de aprendizagem, por
meio da experimentação, da pesquisa em grupo, do estímulo à dúvida e ao
desenvolvimento do raciocínio. Nessa perspectiva, o professor assume o papel de
facilitador, provocador e estimulador de novas experiências, propondo estratégias ou
caminhos para buscar a construção do conhecimento almejado.
Percebe-se que esse avanço da tecnologia tem possibilitado um grande salto para a
educação a distância, permitindo a exploração de espos, culturas e conhecimentos
espalhados em diferentes localidades e a implementação de trabalhos cooperativos entre
alunos, professores e instituições, através das tecnologias de informação, comunicação e,
sobretudo, da internet. Nesse sentido, no momento em que o Brasil assiste a um verdadeiro
boom de ofertas de cursos em EAD, o Ministério da Educação chama a atenção para a
importância de serem preservados os princípios de qualidade de uma boa educação para
possibilitar a cada pessoa o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, sociais,
emocionais, profissionais e éticas.
Assim, ressalta-se também na educação a distância o importante papel do professor,
que precisa estar preparado para saber lidar com as novas possibilidades de ensino
oferecidas pelas tecnologias e metodologias de EAD, estando atento à escolha de material
didático adequado e de meios apropriados para levar o ensinamento até o aluno, assim
como saber decidir sobre que estratégias didáticas e que instrumentos de apoio utilizar em
cada momento, de acordo com as atividades a serem realizadas pelos estudantes.
Neste capítulo foram apresentados as principais ferramentas e recursos tecnológicos
que atualmente podem ser utilizadas em ambientes informatizados de ensino. Buscou-se
identificar também, algumas das principais estratégias que podem ser adotadas pelos
professores nos ambientes escolares para o uso das atuais tecnologias na transposição e
construção dos conteúdos curriculares.
No próximo capítulo será apresentado o caminho metodológico adotado na
condução da pesquisa realizada neste trabalho, com o fim de identificar na realidade dos
professores e escolas da região, a forma como os recursos tecnológicos estão sendo
77
apropriados pelos professores e que estratégias estão adotando para o uso desses recursos
em suas atividades pedagógicas, assim como, que conceitos ou que teorias educacionais
baseiam suas práticas em ambientes informatizados de ensino.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento deste trabalho optou-se pela realização de uma pesquisa de
natureza analítica exploratória. Com base nas informões coletadas, buscou-se esclarecer
conceitos e idéias que permitam a constatação de elementos fundamentais a serem
observados em ambientes informatizados de ensino e as estratégias didáticas abordadas
pelos professores a partir de uso das novas tecnologias de informação e comunicação nos
ambientes escolares, assim como gerar conhecimentos para aplicações práticas envolvendo
o desenvolvimento e uso desses ambientes informatizados no processo de ensino-
aprendizagem.
O trabalho é composto por uma revisão bibliográfica sobre do tema da pesquisa,
elaborada com base em materiais e obras já publicadas, e por uma experiência de campo
desenvolvida com professores e coordenadores de laboratório, os quais constituem os
sujeitos desta pesquisa. Optou-se por focalizar como alvo docentes de escolas de educação
básica (ensino fundamental e médio) da região de Passo Fundo, e que estejam envolvidos
com o uso de ambientes informatizados de ensino em suas práticas pedagógicas.
A revisão bibliográfica possibilitou um melhor entendimento das principais teorias
que norteiam a prática dos professores e do contexto tecnológico atual, e também uma
maior visão das possibilidades oferecidas pelas tecnologias para o uso educacional. O
referencial teórico obtido permitiu o estabelecimento de relões entre essas teorias e a
utilização por parte dos professores dos recursos informatizados nos ambientes de ensino e
aprendizagem
1
.
Durante a realização da revisão bibliográfica foi possível conhecer o que está sendo
discutido com relação ao tema da pesquisa, levando em consideração os principais autores
1
Foram abordadas questões relacionadas aos fundamentos teóricos que embasam as atividades pedagógicas,
buscando identificar suas relações com o uso de ambientes informatizados de ensino.
79
da área nas suas diferentes especialidades relacionadas à questão do uso dos ambientes
informatizados de ensino, envolvendo desde teorias educacionais, até as possibilidades
pedagógicas oferecidas pelas novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs).
As obras analisadas, bem como as demais referências, foram essenciais para a
fundamentação e definição das etapas de concepção e desenvolvimento do presente
trabalho
2
. Tendo em vista a natureza do objeto investigado e tomando por base o
referencial teórico, desenvolveu-se uma experiência de campo buscando analisar junto a
um grupo de professores os seguintes questionamentos:
De que forma os professores estão se apropriando das tecnologias de informação e
comunicação em suas práticas pedagógicas?
Quais as necessidades e dificuldades que os professores encontram ao fazer uso de
recursos informatizados em suas atividades diárias?
Como estão transpondo as estratégias didáticas para os ambientes informatizados de
ensino?
O trabalho de campo permitiu obter informões referentes ao tema central da
pesquisa e revelar situões não captadas durante a revisão bibliográfica, assim como
verificar na prática como os professores estão se apropriando das novas tecnologias, que
estratégias didáticas estão sendo utilizadas e que dificuldades estão enfrentando com o uso
de ambientes informatizados de ensino.
3.1 Coleta de dados
A coleta de dados realizada na experiência de campo ocorreu através de entrevistas
com os professores e da observação da realidade (observação participante), realizada em
ambientes informatizados de ensino.
2
Dentre os autores estudados, é dado um destaque especial: aos trabalhos de Skinner, visto que, apesar das
grandes evoluções tecnológicas ocorridas nos últimos anos, suas características behavioristas ainda se fazem
presentes em muitos softwares utilizados nos ambientes informatizados de ensino; a abordagem construtivista
de Piaget, tendo em vista que as novas tecnologias não lineares, como a multimídia, realidade virtual,
inteligência artificial e hipertexto oferecem recursos que permitem trabalhar em ambientes informatizados de
ensino seguindo uma concepção construtivista, inclusive com recursos inovadores, que não seriam possíveis
sem a utilização das atuais tecnologias; a abordagem sócio-construtiva de Vygotsky, que também apresenta
uma relação muito íntima com a utilização de ambientes informatizados de ensino, apresentando grande
contribuição para a reflexão sobre utilização dos recursos computacionais no ambientes educacional e as
obras de Valente, Tajra e Brandão que contribuíram fundamentalmente para o embasamento das discussões
referentes ao uso da informática na educação, revelando aspectos relacionados às potencialidades do uso de
ambientes informatizados de ensino nas práticas pedagógicas e apontando para estratégias que podem ser
adotadas pelos professores no uso desses recursos em suas práticas.
80
Para o desenvolvimento das atividades de campo, foi feito contato com 25 escolas,
sendo 22 estaduais e três particulares. O contato com as escolas foi realizado pessoalmente
e, em alguns casos, por telefone, principalmente com as localizadas fora da cidade de
Passo Fundo. Quando do primeiro contato, após a apresentação inicial, eram expostos os
objetivos do estudo junto à escola e seus professores, assim como se fazia uma breve
consulta sobre a disponibilidade de ambientes informatizados no estabelecimento.
Optou-se por considerar como loco privilegiado da pesquisa apenas as escolas em
que os professores já desenvolviam atividades em laboratório de informática e que
manifestaram interesse na realização do trabalho. Nas escolas selecionadas foram
agendadas com os professores datas e horários para as entrevistas e a observação. A coleta
de dados buscou também envolver informões sobre como são configurados os ambientes
informatizados de ensino na prática e como são utilizados no dia-a-dia dos professores,
assim como identificar de que forma esses profissionais vêm se apropriando dessas
tecnologias e quais as dificuldades que encontram ao utilizar tais tecnologias em suas
atividades diárias. Dessa forma, as práticas adotadas nos ambientes informatizados e as
opiniões emitidas pelos professores constituem elementos essenciais para o plano de
análise adotado neste trabalho, pois permitem a compreensão das práticas escolares e das
ões didático-pedagógicas no que se refere ao uso das novas tecnologias em educação.
Durante a coleta de dados foram utilizados, além de registros em bloco de
anotações, um gravador e máquina fotográfica para garantir os registros e facilitar análises
posteriores.
3.1.1 Entrevista
Optou-se pela realização de uma entrevista não estruturada, na qual, segundo
Lakatos (1996, p. 85),
[...] o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer
dirão que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais
amplamente uma queso. Em geral as perguntas são abertas e podem ser
respondidas dentro de uma conversação informal.
Dessa forma, a entrevista foi desenvolvida na modalidade focalizada, ou seja, há
um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem
81
liberdade de fazer as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimentos,
não obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal. (LAKATOS, 1996, p.85). Assim, os
questionamentos não foram feitos de forma cronológica e, sim, conforme o andamento da
entrevista, para dar maiores condições aos professores entrevistados de revelarem através
de suas falas e depoimentos informões pertinentes à pesquisa.
Esse aspecto é enfatizado por Cortes:
O entrevistador centra a conversa no aprofundamento de certo(s) tema(s) e o
respondente pode discorrer livremente sobre ele(s). O entrevistador pode
mencionar o(s) tema(s) diretamente, pode conduzir sutilmente o entrevistado em
dirão a ele(s), ou pode evoca-lo através de cnicas visuais, tais como quadros,
pinturas ou fotos. (1998, p.19).
No total foram entrevistados vinte professores de cinco escolas da região, dos quais
três são coordenadores de laboratório e um é técnico do Núcleo de Tecnologia Educacional
(NTE), responsável por prestar suporte técnico para configuração e manutenção dos
ambientes informatizados nas escolas estaduais da região. A escolha dos professores para
entrevista levou em consideração o fato de já estarem utilizando ambientes informatizados
de ensino em suas atividades pedagógicas. Ressalta-se que foram selecionados somente
professores que atuam em escolas da região de Passo Fundo.
As entrevistas foram realizadas de forma individual, em horários previamente
agendados com cada um dos entrevistados, aos quais também se explicou o motivo do
contato e o objetivo da pesquisa. As entrevistas foram feitas durante os meses de outubro,
novembro e dezembro de 2005, em dias e horários diferentes, de acordo com a
disponibilidade de cada entrevistado. As informões foram registradas em blocos de
anotação, mas também foi solicitada a permissão para gravar a entrevista, o que facilitaria
a posterior análise dos dados coletados.
As entrevistas foram realizadas seguindo um roteiro (Anexo A), elaborado com
base na revisão da literatura e dos objetivos do trabalho, de modo a identificar os pontos
fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa, o qual foi utilizado apenas como guia
no sentido de facilitar a coleta de informões durante a entrevista, para que essa dinâmica
não perdesse seu objetivo.
Após analisadas as falas dos professores e coordenadores, foram elaboradas
categorias que apontassem caminhos para se discutir as atividades pedagógicas nos
ambientes informatizados de ensino. Algumas falas foram transpostas na íntegra,
82
exatamente como emitidas pelo professor; em outras entendeu-se ser necessária uma
intervenção por parte do pesquisador incluindo comentários sobre elas.
3.1.2 Observação participante
Como uma estratégia de distanciamento da discussão e como forma de explicitar
melhor as questões de natureza metodológica e processual de difícil percepção através das
falas dos professores, também foi utilizada como instrumento de coleta de dados a
observação participante. Esta buscou a obtenção de informões através de experiências
casuais, sem a definição de aspectos a serem observados previamente, mas identificando-se
no decorrer dos encontros.
A observação ocorreu durante a realização das atividades envolvendo o uso da
informática educativa nas escolas. Em todos os momentos as pessoas envolvidas direta ou
indiretamente no processo de pesquisa, a equipe diretiva e demais professores, estavam
cientes sobre a finalidade da observação como também da presença do pesquisador nos
espos escolares, fosse para observações, fosse para entrevistas.
Durante os encontros seguiu-se a prática costumeira de atividades adotada pelos
professores, o que permitiu a observação ativa do pesquisador como um membro do grupo,
vivenciando as experiências como se dão no dia-a-dia dos professores e alunos. A presença
nos espos escolares é uma maneira de perceber a realidade mais concretamente, o que
não é possível somente pela realização de entrevistas.
A imporncia dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de
situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez
que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais
imponderável e evasivo na vida real. (MINAYO, 1994, p.60).
Ao todo foram realizados encontros com 15 turmas em três escolas da região, sendo
dez do ensino fundamental, duas do ensino médio e três de educação de jovens e adultos
(EJA). Os encontros foram realizados durante os meses de novembro e dezembro de 2005,
sempre com agendamento prévio com os professores e a direção da escola.
83
3.2 Apresentação e análise dos dados
Após a coleta, foi realizada seleção minuciosa dos dados, buscando, a partir de uma
verificação crítica, detectar falhas ou erros para que informões confusas, distorcidas e
incompletas fossem descartadas. A análise deu-se após a classificação dos dados em
categorias para após, serem analisados e interpretados à luz dos objetivos propostos pela
pesquisa.
Os dados das entrevistas foram analisados com base numa proposta qualitativa
hermenêutico-dialética, segundo a qual a fala dos atores sociais é situada em seu contexto
para melhor ser compreendida” (MINAYO, 1994, p.77). Assim, a comunicação
estabelecida durante as entrevistas entre os professores atuantes no dia-a-dia das escolas e
aquele que busca a compreensão converge para a explicação, interpretação e compreensão
do objeto pesquisado.
Buscando a análise do modo como está sendo feita na prática a apropriação dos
atuais recursos tecnológicos pelos professores em suas atividades didático-pedagógicas,
procurou-se identificar, a partir da observação e das falas dos entrevistados, categorias de
análise que subsidiassem a compreensão do fenômeno estudado, o que significa agrupar
elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso.
Uma vez identificadas as principais categorias de análise, em razão da
necessidade de maior aprofundamento das questões levantadas pelos professores, as
categorias foram agrupadas em temáticas. As temáticas resultaram do agrupamento de
categorias afins, que seguem o mesmo eixo de análise, esclarecendo a importância que
determinados temas tiveram nas entrevistas e observações realizadas e com base nos
referenciais teóricos adotados. Esse processo de análise temática foi fundamental para a
compreensão do fenômeno pesquisado.
Para efeito de análise dos dados, serão preservados os nomes das escolas e dos
professores envolvidos na pesquisa. Nesse sentido, optou-se por usar uma nomenclatura
padrão para as escolas de forma seencial (Escola 1, Escola 2, ..., Escola N). Da mesma
forma, aplicou-se essa nomenclatura aos professores (Professor 1, Professor 2, ...,
Professor N).
84
3.2.1 A instrumentalização das escolas
A infra-estrutura das escolas para desenvolver atividades em ambientes
informatizados de ensino foi um dos primeiros temas que se apresentou como relevante no
desenvolvimento deste trabalho. Em face da multiplicidade de possíveis experiências que
as tecnologias podem propiciar aos professores e alunos, permitindo um enriquecimento
pedagógico no ambiente escolar, é preciso considerar também até que ponto as escolas
estão preparadas para que os docentes possam desenvolver atividades nos ambientes
informatizados de ensino com o uso intensivo das tecnologias de informação e
comunicação.
Percebeu-se pela literatura que a disponibilidade dos recursos tecnológicos nas
escolas é importante para o desenvolvimento de atividades que favoram o aprendizado
individual e a colaboração entre os estudantes, além de aproximar os alunos das inovões
tecnológicas que, inevitavelmente, estão cada vez mais presentes no dia-a-dia de todos.
Santos (2004, p. 4) aponta o desenvolvimento e atualização dos recursos tecnológicos
como propulsores para a criação de ambientes informatizados de ensino cada vez mais
atrativos e adequados para a apropriação pedagógica.
Nesse sentido, procurou-se inicialmente, conhecer como as escolas da região estão
sendo instrumentalizadas, através da observação e das falas dos professores, buscando
constatar se as escolas em que atuam disponibilizam equipamentos e softwares adequados
para que possam, com o uso de ambientes informatizados de ensino, desenvolver práticas
adequadas a sua concepção pedagógica.
Sobre a disponibilidade de recursos tecnológicos, constatou-se junto aos
professores que atuam em escolas particulares que todas possuem uma infra-estrutura que
lhes permitem o desenvolvimento de atividades em ambientes informatizados de ensino,
disponibilizando equipamentos e softwares atualizados, possibilitando a utilização de
recursos como multidia, softwares educacionais e internet para as práticas em
laboratório de informática. Todas essas escolas apresentam um nível semelhante de
informatização. Já nas escolas estaduais a realidade é bem diferente, pois há uma grande
heterogeneidade quanto a disponibilidade de recursos tecnológicos aos docentes e alunos.
Essa heterogeneidade é percebida pelo fato de algumas escolas estaduais da região
estarem muito bem instrumentalizadas, equiparando-se às escolas particulares, como é o
caso da Escola 1, que conta com laboratório de informática com trinta computadores, todos
85
com kit multimídia, projetor multimídia, scanner, impressora jato de tinta e impressora
laser para a impressão de trabalhos dos alunos. A escola conta também com acesso à
internet por banda larga via satélite, serviço que é fornecido gratuitamente pelo governo
federal, através do projeto Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão
(GESAC). Em entrevista realizada com um técnico do NTE, responsável por prestar
suporte na manutenção dos laboratórios de informática nas escolas estaduais da região, ele
relatou que atualmente, na região em que atende, já existem seis escolas que possuem
acesso à internet a partir desse projeto.
Nota-se pelos depoimentos dos professores e da observação realizada nas
dependências da Escola 1 que um grande esforço é despendido por alguns professores,
apoiados pela direção, para desenvolver e ampliar o oferecimento de atividades com o
apoio das tecnologias, assim como, manter e ampliar os recursos tecnológicos que são
disponibilizados para que docentes e alunos desenvolvam seus trabalhos da melhor forma
possível. Graças ao trabalho e esforço desses docentes, a Escola 1, apesar de ser uma
escola estadual, hoje conta com um grau de instrumentalização semelhante ao apresentado
pelas escolas particulares da região, dispondo de recursos tecnológicos atualizados, de um
acervo de softwares educacionais sobre os mais diversos temas e, acima de tudo, de
planejamento e uso desses recursos pelos professores em suas atividades.
Entretanto, essa é uma situação isolada em comparação às demais escolas
estaduais da região, entre as quais há uma grande disparidade quanto à infra-estrutura
tecnológica. Assim como algumas estão muito bem estruturadas, com equipamentos e
softwares atuais, há outras que possuem laboratórios precários, nas quais os professores
são obrigados a conviver com problemas de ordem tecnológica ao invés de se preocuparem
com as estratégias para a sua aplicação educacional. Essa realidade dificulta e desmotiva
esses docentes ao trabalho pedagógico com o uso das tecnologias na escola.
Existem também na região escolas estaduais com nenhuma instrumentalização
tecnológica, cujos docentes estão impossibilitados de executar qualquer tipo de atividade
em ambientes informatizados de ensino. Outras escolas contam com computadores
somente na parte administrativa, não disponibilizando esses recursos para os alunos e
docentes fazerem uso no processo de ensino-aprendizagem. É importante ressaltar que, das
22 escolas estaduais contatadas para a realização das atividades de pesquisa, nove não
possuem laboratório; das que o possuem, algumas têm equipamentos defeituosos ou
desatualizados e, em outras, apesar de já haver laboratórios equipados, seus docentes ainda
não os utilizam em suas atividades pedagógicas.
86
Portanto, constata-se que, apesar de haver diversos projetos para informatização
das escolas, oferecidos pelos governos federal e estadual, muitas escolas da região ainda
não são instrumentalizadas para a realização de atividades associadas ao uso de ambientes
informatizados de ensino. Na realidade, mais do que a existência desses projetos, é preciso
que os docentes desenvolvam iniciativas para que suas escolas sejam contempladas com
tais recursos. É importante também levar em conta a preocupação de Silva (1998), que
adverte quanto à necessidade de que uma nova prática seja construída por parte dos
educadores para que a educação possa acompanhar o desenvolvimento tecnológico e
científico, formando indivíduos mais preparados para a nova sociedade. Silva ressalta
ainda a dificuldade e, até mesmo, a resistência de alguns professores a se inserirem nessa
nova realidade.
Considerando as contribuições de Silva, percebeu-se durante o trabalho que, assim
como existem muitos professores que não se importam com o desenvolvimento desse tipo
de atividade em sua escola, alguns até apresentando resistência quanto à inserção da
informática nas práticas escolares, outros se esforçam para melhorar a qualidade de ensino
e se preocupam em adotar novas metodologias e práticas, que lhes permitam o
desenvolvimento de novas atividades e estratégias de construção do conhecimento,
acompanhando as mudanças do contexto social em que estamos inseridos.
Destaca-se o esforço realizado pela Professora 1, ao relatar sua árdua caminhada
em busca da criação de um laboratório na sua escola. Suas dificuldades iniciaram pela falta
de apoio da própria direção, associada à resistência de seus colegas, que apresentavam
desconhecimento e receio quanto ao uso da informática nas atividades pedagógicas.
Contudo, após muito esforço individual da professora, hoje a escola conta com um
laboratório de informática, montado com doões de empresas da cidade. Apesar de o
laboratório não contar com muitos recursos, tendo equipamentos desatualizados e sem
acesso à internet, a professora tem feito bom uso desse espo para desenvolver atividades
pedagógicas com suas turmas e, segundo ela, obtendo ótimos resultados, principalmente
com relação à socialização dos alunos, visto que é uma escola de periferia, cuja clientela
não possui nenhum tipo de acesso a computadores fora da escola.
Com base nas falas dos professores, foi possível verificar que algumas escolas
estão criando novas estratégias para aquisição desses equipamentos, buscando através de
recursos próprios a compra de computadores, acessórios e softwares. Nesse sentido,
ressalta-se a fala de professores da Escola 1, cujo Círculo de Pais e Mestres (CPM) tem
87
auxiliado muito na obtenção desses recursos financeiros para serem investidos, entre outras
finalidades, na instrumentalização tecnológica da escola.
Observa-se que a instrumentalização das escolas e o uso adequado desses
recursos, principalmente nas escolas estaduais da região, não depende somente de
existência de projetos governamentais para acontecer. É preciso, em primeiro lugar, que a
direção e os professores tenham interesse e se dediquem a buscar meios de equipar a escola
em que atuam com os equipamentos necessários para a criação de ambientes
informatizados de ensino. No entanto, o que se percebe é que são poucas as escolas
estaduais da região em que há preocupação e iniciativas para construir mecanismos de
inserção do computador na vida acadêmica seja da direção, seja de professores.
Outro aspecto detectado quanto ao trabalho docente com o uso de ambientes
informatizados de ensino vem ao encontro do que Santos (2004, p. 4) adverte, sobre a
importância da disponibilidade de equipamentos e softwares atualizados para serem
empregados nas atividades desenvolvidas, assim como sobre a manutenção necessária para
que tais recursos estejam sempre em condições de uso pelos professores. Pelas declarões
obtidas de diversos professores percebeu-se que são freentes problemas técnicos durante
as práticas em laboratório, atrapalhando as atividades e dificultando o trabalho dos
decentes. Essa constatação pode ser confirmada na fala de um técnico do NTE, ao
comentar sobre a dificuldade de atualização tanto dos equipamentos como dos softwares.
Segundo o entrevistado,
algumas escolas contam com equipamentos muito antigos e não suportam os softwares mais
atualizados, causando reclamações e frustrações por parte dos professores nas atividades em
laboratório. Até mesmo as atividades com o uso da internet são prejudicadas pela falta de
equipamentos e softwares atualizados.
Ressalta ainda, que a capacidade de memória e o tamanho dos discos de
armazenamento influenciam muito na performance dos equipamentos, visto que as escolas
possuem diversos tipos de softwares os quais precisam estar instalados em cada
computador para atender às diversas disciplinas, sobrecarregando os equipamentos, além
de que nem todos os softwares suportam a instalação para rodar pela rede. A manutenção e
a atualização tanto dos softwares como dos equipamentos que são utilizados nos ambientes
informatizados de ensino são fundamentais para o sucesso de sua utilização nas atividades
88
pedagógicas, pois é comum os professores apresentarem insatisfação quanto ao uso dos
recursos informatizados devido a problemas ligados aos equipamentos e softwares.
Nas entrevistas com os professores pôde-se comprovar essa realidade em algumas
escolas da região, pois, ao serem questionados quanto aos recursos tecnológicos
disponíveis na escola em que atuam, destacaram-se os seguintes comentários:
A escola possui um laboratório com vinte e cinco computadores, uns trancam. Na internet, quando
tranca, demora muito, tem que desligar tudo e ligar de novo e se perde muito tempo. (Professora
2).
O laboratório tem vinte computadores, mas somente 10 possuem acesso à internet e as turmas são
grandes. Quando usamos as 10 máquinas fica muito lento e, às vezes, tranca. Eno tem que fazer
os trabalhos dois a dois ou três a três, mas os alunos que ficam sem usar o computador acabam se
dispersando, o que dificulta muito o trabalho. Seria bom se todos os computadores tivessem
internet e fossem mais rápidos e não trancassem. (Professora 3).
Esses problemas de ordem tecnológica só vêm a somar nas dificuldades enfrentadas
no uso dos ambientes informatizados de ensino, representando mais um obstáculo para os
professores. Percebeu-se durante o trabalho que a presença de um professor laboratorista
na escola minimiza esses problemas. O professor responsável pelo laboratório mostra-se
fundamental para manter os equipamentos sempre em condições para a realização das
atividades encaminhadas pelos professores, amenizando as dificuldades e as necessidades
de donio tecnológico por parte dos docentes para uso desses recursos.
Ressalta-se também, sobretudo nas declarações obtidas dos professores
laboratoristas, a importância da existência de um planejamento para uso do laboratório, de
modo que os professores encaminhem antecipadamente uma solicitação definindo as
atividades que serão realizadas e que softwares irão utilizar. Assim, o responsável pelo
laboratório poderá deixar o ambiente preparado antecipadamente, facilitando o trabalho ao
professor, que deve somente se preocupar com as estratégias de uso dos recursos
informatizados para trabalhar os conteúdos de sua aula.
Apesar de algumas escolas envolvidas neste trabalho estarem muito bem
instrumentalizadas, ainda existem muitos recursos que não são disponibilizados para os
professores e alunos. O Professor 2 ressalta a falta de alguns equipamentos na escola que
poderiam permitir a realização de diversas atividades e a criação de materiais mais ricos,
como o uso de fotos e vídeos produzidos em atividades realizadas pelos próprios alunos.
89
Constatou-se que os recursos a que o professor se refere (câmera fotográfica, filmadora,
scanner) não estão presentes em quase todas as escolas envolvidas nesta pesquisa, todavia,
mesmo assim, algumas vêm realizando bons trabalhos e alguns professores estão sendo
muito criativos ao fazer uso dos recursos de que dispõem.
É certo que não basta as escolas serem instrumentalizadas para que o uso dos
ambientes informatizados de ensino ofereça resultados positivos; é preciso, também, que
esses equipamentos e softwares sejam atualizados e mantidos em bom funcionamento,
garantindo que os professores possam fazer uso desses recursos para ampliar as
possibilidades de ensino. Significa não ter de se preocupar com a questão do uso das
tecnologias como tecnologia em si, mas como recursos de apoio que lhes permitam aplicar
estratégias didáticas diferenciadas de outras tecnologias disponíveis até então, como o
quadro, o giz e o livro didático.
Da mesma forma, é preciso considerar o que é exposto por Brandão (1995, p. 10),
quando enfatiza que a instrumentalização das escolas coloca em evidência a necessidade de
se refletir sobre uma série de problemas, que vão desde a falta de recursos para a compra
desses equipamentos até a preparação dos professores de maneira que haja uma integração
natural das tecnologias ao currículo escolar, visto que, sem isso, corre-se o risco de todos
os recursos tecnológicos disponíveis serem subutilizados.
3.2.2 A apropriação dos recursos tecnológicos pelos professores
O uso de ambientes informatizados de ensino implica uma questão que muito tem
sido discutida por autores da área em diversos estudos. Observou-se na prática docente dos
professores envolvidos neste trabalho que, no processo de apropriação dos recursos
tecnológicos para as práticas docentes, diversas aplicações e estratégias pedagógicas estão
sendo adotadas para o uso das NTICs no âmbito educacional.
Nesse sentido, retomam-se as contribuições de Tajra (2000, p. 38), o qual alerta que
o simples fato de se utilizar o computador numa aula não significa que o professor esteja
aplicando uma proposta inovadora, pois muitas vezes essa prática pode ser tão tradicional
quanto uma aula expositiva com a utilização do quadro e giz. A partir das entrevistas e
observações realizadas durante o trabalho, percebeu-se que em algumas escolas os
professores estão sendo bastante criativos ao se apropriarem das tecnologias para uso em
suas atividades docentes, valendo-se de diversas estratégias e formas de controle e
90
organização do uso desses recursos, conforme pode ser confirmado ao analisar as
contribuições obtidas dos professores.
Em algumas escolas notou-se uma similaridade quanto à organização do uso dos
laboratórios de informática, pois adotam uma forma semelhante de organizar as atividades
desenvolvidas nesses ambientes. Constatou-se que muitas das escolas da região aderiram
ao uso de um cronograma de freência aos laboratórios, que fica disponível para os
professores a fim de que prevejam com antecedência a sua utilização. Diversas escolas
utilizam essa metodologia de organização, como é o caso da Escola 3. Segundo a
professora responsável pelo laboratório da escola,
tem na sala dos professores um cronograma onde eles anotam as datas das aulas. Eles também têm
que me entregar antecipadamente uma descrição do que vão trabalhar. Eles planejam as atividades
de laboratório e me passam a partir de um plano de aula. Com isso, eu deixo tudo pronto, os
computadores ligados e os softwares instalados quanto for necessário.
De forma semelhante, ressalta-se a forma de utilização adotada pela Escola 1, que
também apresenta um organização muito eficiente. Os professores precisam prever as
atividades em laboratório no plano de aula e devem incluir as datas e horários de realização
das atividades no cronograma geral de uso do laboratório, que fica exposto na sala dos
professores, assim como entregar uma cópia do programa de aula (Anexo B), chamado
Projeto de Informática, onde deve constar o conteúdo que será trabalhado no dia e
horário reservado. Esse Projeto de Informática fica arquivado numa pasta que serve
também como registro de todas as atividades que são realizadas no laboratório.
Portanto, em ambas as escolas o professor precisa planejar suas aulas em
laboratório. Segundo a professora laboratorista da Escola 3,
o professor tem que planejar muito bem uma aula para vir no laboratório. Tem que exigir. Tem que
haver uma cobrança. Se simplesmente levar o aluno no laboratório sem uma atividade bem definida,
sem haver acompanhamento, os alunos se dispersam muito, pois eles gostam mesmo é de navegar, é
bater papo. Se deixar eles só fazem isso.
No entanto, para o planejamento das aulas em laboratório, há a necessidade de os
professores conhecerem os recursos que estão à sua disposição, os softwares que podem
ser utilizados em sua disciplina, e definir estratégias de uso desses recursos para os
objetivos de sua aula. Nesse sentido, algumas escolas disponibilizam desde listas de
91
softwares até treinamentos para os professores quanto ao uso desses. Cabe considerar a fala
da Professora 3, que relata: A professora laboratorista disponibiliza uma lista de todos os
softwares que a escola tem. No entanto, muitas vezes, não sei que software utilizar e, em
alguns casos, não encontro nenhum software adequado, principalmente para português e
matemática.
O exposto pela professora identifica outro aspecto importante a ser considerado
quanto ao uso dos recursos tecnológicos nas atividades pedagógicas, que se refere à
disponibilidade de softwares e do conhecimento de suas possibilidades educacionais por
parte dos professores.
Essa constatão vem ao encontro do exposto por Valente (1999, p. 2), quando diz
que o uso apropriado da informática na educação é enfatizado pelo fato de o professor ter
conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar
adequadamente atividades tradicionais e atividades que envolvam o computador, o que é
reforçado por Tajra (2000, p. 88), que ainda ressalta a necessidade de capacitação dos
professores perante essa nova realidade educacional. No entanto, constatou-se na fala dos
professores que nem sempre os docentes sabem como fazer uso desses recursos e como
identificar que software utilizar em suas práticas em laboratório. Por isso, é importante
ressaltar que esse conhecimento é fundamental para que haja um bom planejamento do
modo como os conteúdos serão trabalhados no ambiente informatizado de ensino.
Transparece nas declarações dos professores que o conhecimento sobre os softwares
disponíveis na escola, assim como seu conteúdo e possibilidades de utilização, é crucial
para o sucesso das atividades desenvolvidas em laboratório de informática, como foi
exposto pela Professora 4:
Para a elaboração do plano de aula para o laboratório é preciso definir os trabalhos que vão ser feitos
no laboratório e escolher o software que será utilizado. No laboratório tem diversos softwares
educacionais sobre os mais diversos assuntos, mas quase sempre tenho dificuldades em definir qual
software vou usar. Normalmente solicito auxílio para a professora responsável pelo laboratório. Ela
conhece melhor os softwares e me ajuda na escolha. Ajuda também na definição das atividades.
Evidenciou-se que no dia-a-dia dos professores que trabalham com atividades em
laboratório existe uma dificuldade constante em definir que softwares irão utilizar e como
irão fazê-lo. Dessa forma, ressalta-se, a partir da contribuição da Professora 4, e também
na fala de outros professores, a importância de haver na escola um professor laboratorista,
com maior conhecimento dos recursos tecnológicos disponíveis, para auxiliar os demais na
92
definição de suas atividades em laboratório, assim como auxiliar na escolha adequada dos
softwares a serem utilizados em cada atividade. Nesse sentido, cabe aqui analisar a fala de
uma professora laboratorista:
Os professores sempre me procuram para saber como vão trabalhar no laboratório. A maioria dos
nossos professores não tem conhecimento dos softwares que temos no acervo e, por isso, não tem
condições de definir sozinhos as atividades em laboratório. Normalmente eles chegam aqui com o
conteúdo que pretendem trabalhar no laboratório e eno eu auxilio na definição do software que
fica mais adequado, ou, se vai usar a internet, qual o site. Também temos uma relação de sites
educacionais que normalmente os professores utilizam.
Segundo ainda a mesma professora, principalmente aqueles que estão comando a
utilizar o ambiente informatizado em suas práticas apresentam bastante dificuldade em
definir as atividades com o uso desses recursos, porém com o tempo eles vão conhecendo
melhor os softwares e suas potencialidades. A professora ressalta ainda que, à medida que
os professores vão aumentando o conhecimento das possibilidades oferecidas pelos
softwares e também pela internet, também vão aprimorando suas práticas. Segundo a
professora:
Temos professores que já eso bem avançados quanto ao uso dos softwares, alguns inclusive já
eso desenvolvendo seus próprios materiais. É o caso do Professor 5, ele prefere montar o material
de acordo com sua necessidade. Ele busca imagens e vídeos na internet e monta seus próprios
softwares. Ele tem feito ótimos trabalhos no laboratório e os alunos gostam muito.
Do relato da professora emerge outra questão que também foi mensurada nas falas
de outros professores, qual seja, nem sempre os docentes encontrarem softwares ou sites
que sejam adequados a sua realidade, surgindo a necessidade de desenvolver seus próprios
materiais.
Nesse sentido destaca-se o trabalho realizado pela Escola 4, que, em razão das
necessidades identificadas por alguns professores, passou a produzir vários materiais na
própria escola, pelo professor responsável pelo laboratório. Uma das produções realizadas
na escola foi um software educacional a partir da digitalização do som de uma historinha,
combinado com imagens digitalizadas a partir de um livro. Com o uso do software
PowerPoint, montou-se como resultado final um software em que as crianças podem
interagir com a historinha.
93
É importante considerar que na realidade das escolas da região nem sempre são
encontrados softwares adequados aos objetivos almejados pelo professor em determinadas
atividades, o que leva alguns a desenvolverem seus próprios materiais didáticos e
softwares, buscando a adequação às suas necessidades, não o contrário. No entanto,
constata-se que nem todos os professores demonstram iniciativa para realizar esse tipo de
atividade nas escolas, tendo em vista que este tipo de atividade demanda um bom nível de
conhecimento tecnológico e, sobretudo de tempo.
Apesar de todas as dificuldades que permeiam o dia-a-dia dos professores que
fazem uso dos ambientes informatizados de ensino em suas práticas docentes, observou-se
que nas escolas envolvidas nesta pesquisa, as que estão fazendo uso e obtendo melhores
resultados são as que de alguma forma, a partir de ões de alguns professores, definem
estratégias e se organizam quanto à dinâmica de utilização desses espos.
Em todas as escolas em que se realizaram as observões, as atividades
desenvolvidas no ambiente informatizado de ensino são acompanhadas pelo professor da
turma e pela professora responsável pelo laboratório; são realizadas nos laboratórios,
geralmente obedecendo à mesma organização das aulas em sala de aula, ou seja, por
período; o professor possui um horário agendado e passa o plano da aula para o
responsável pelo laboratório, que prepara os computadores e softwares para que a atividade
seja desenvolvida. Como exemplo, destaca-se a dinâmica estabelecida pela Escola 1, onde
no plano de aula do professor já deve constar o software que será utilizado para as
atividades de aula ou se será utilizada a internet. Então, o professor responsável pelo
laboratório, de posse desse plano de aula, deixa tudo pronto para que, no momento em que
o professor e os alunos chegam, os softwares solicitados já estejam carregados e prontos
para serem utilizados.
Ao chegar ao laboratório, antes de os alunos se dirigirem aos computadores, o
professor e o responsável pelo laboratório fazem uma explanação sobre o que deverá ser
feito durante a aula, ilustrando num telão a forma como eles poderão desenvolver as
atividades, assim como as funcionalidades do software a ser utilizado, para que tenham
noção de como poderão interagir com o recurso. Após as explicões e dicas de uso do
software, a professora encaminha as atividades a serem desenvolvidas e, em alguns casos,
relaciona-as no quadro, e os alunos são liberados para o trabalho. Algumas atividades são
individuais e outras em grupo, dependendo da atividade, do número de computadores e,
também, do número de cópias do programa a ser utilizado. No entanto, é notável a
preferência dos alunos pelo uso individual dos computadores, pois todos querem utilizá-lo
94
e não somente ficar observando o colega interagir e utilizar os programas. Segundo a
diretora da Escola 1, essa forma de organização das atividades desenvolvidas em
laboratório tem apresentado bons resultados, tendo aprovação por parte de todos os
professores que freqüentam este ambiente.
Também se constatou durante as observações, que, geralmente, as aulas em
laboratório têm a duração de um período, porém, caso os alunos não consigam finalizar os
trabalhos nesse tempo, eles salvam os arquivos nos computadores para a continuidade na
próxima aula. Nenhuma das escolas dispõe de servidor para manter os arquivos dos alunos;
dessa forma, eles precisam fazer uso sempre do mesmo equipamento quando houver
atividades que envolvam mais de uma aula.
Outro aspecto observado diz respeito ao interesse despertado nos alunos quando
usam a tecnologia. Esse aspecto também pode comprovado na literatura, quando Oliveira
(2001, p. 81) enfatiza que com o uso dos computadores é possível criar situões que
contenham simulações, sistemas inteligentes, jogos, entre outras características que se
associam ao caráter de divertimento, de prazer. Segundo a autora, esses recursos podem
oferecer aos usuários ambientes de intensa interatividade, permitindo-lhes ampliar as
relões sociais no ambiente de ensino, cativando o seu interesse em relação a temas
muitas vezes de difícil apresentação em outras abordagens.
Comprovou-se durante as observões e nas falas dos professores que as atividades
desenvolvidas no laboratório despertam grande interesse por parte dos alunos. Segundo os
professores, há um envolvimento muito maior do aluno com as atividades desenvolvidas
no ambiente informatizado do que na sala de aula, sendo comum, inclusive, a cobrança por
parte deles para que o professor encaminhe atividades nesse espo. Segundo a Professora
6, fica mais fácil manter a atenção dos alunos nas atividades de laboratório, tanto que
muitas vezes dá o sinal para o intervalo e muitos alunos não saem do laboratório. É comum
alguns alunos ficarem tentando terminar o que estão fazendo, diferente do que acontece em
sala de aula”.
É notável esse grande interesse em usar os ambientes informatizados por parte dos
alunos, com alguns até se antecipando ao horário de início da aula em laboratório,
chegando antes e solicitando para já começar a utilizar o computador antes mesmo do
início da aula. Um aluno quando questionado sobre o porquê de não aguardar a professora
para vir com os colegas ao laboratório, declara: vim antes porque quero terminar o meu
trabalho da semana passada”.
95
Fica visível que há um comprometimento espontâneo por parte dos alunos quanto às
atividades em laboratório e há uma grande motivação para o desenvolvimento das
atividades com o uso das tecnologias. No entanto, é importante que haja um
acompanhamento por parte do professor, não somente para evitar que os alunos se
dispersem com outros assuntos de seu interesse, o que é muito comum, principalmente em
atividades com o uso da internet, mas também como apoio para que os alunos consigam
realizar as atividades com o uso desses recursos. Também é preciso obedecer ao ritmo de
cada estudante, considerando que alguns já possuem computador em casa e outros só
possuem acesso ao computador na escola, portanto, também apresentam dúvidas relativas
ao uso do equipamento e o professor precisa auxiliá-los, permitindo que continuem a
desenvolver as atividades de acordo com suas capacidades individuais.
Entretanto, também é comum que alguns alunos, principalmente os que têm
computador em casa e que apresentam maior donio do seu uso, auxiliem os colegas e até
mesmo o professor em alguns casos, o que pode ser constatado pela fala de um professor
de uma escola particular.
Temos muitos professores na escola que têm dificuldade com o uso da infortica já as crianças,
eles eso vindo para a escola cada vez mais bem preparados. Dos nossos alunos a maioria já tem
computador em casa. Os pais ensinam, ajudam em casa. As crianças de cinco anos em diante já
eso trazendo para a escola conhecimentos de informática que adquirem em casa. Tem crianças que
é até interessante, um dia uma criança do pré me falou, Pro, eu não quero mais jogar, quero entrar
no meu e-mail. É surpreendente a velocidade com que essas crianças eso se adequando à
informática. Precisamos estar preparados para acompanhar essa tendência.
Outro aspecto interessante que pode ser identificado na fala da Professora 7 é o
donio tecnológico, visto que,
o computador pode ser um grande aliado, desde que seja bem utilizado, tem que ter cuidado, tem
que ter planejamento e principalmente, acompanhamento por parte do professor durante as
atividades. Também é preciso ter conhecimento, não tanto o conhecimento técnico, não é preciso
saber tudo de computador, mas é preciso saber pelo menos o necessário para poder usar os softwares
nas atividades em laboratório.
A declaração da professora aponta para outro aspecto muito importante quanto à
utilização dos recursos tecnológicos disponíveis nos ambientes informatizados de ensino.
Em todas as observões realizadas, em nenhum momento tanto o professor como o
96
responsável pelo laboratório deram ênfase ao ensino do uso do computador, ou seja, o
aprendizado do uso dos equipamentos fica em segundo plano, visto o objetivo ser trabalhar
os conteúdos das aulas com o uso dos softwares, de modo que o aluno só precisa saber usar
o mouse e o teclado para interagir com esses conteúdos.
Tajra (2000, p. 88) reafirma as constatões obtidas dos professores quando enfatiza
que um dos fatores primordiais para o sucesso na utilização da informática na educação é a
capacitação dos professores. Segundo a autora, o professor precisa ser capaz de perceber
como deve efetuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino, cabendo a
cada um descobrir a sua própria forma de utili-la conforme os seus objetivos
pedagógicos. Nesse sentido, ressalta-se a necessidade de os professores estarem preparados
para a atuação docente em ambientes informatizados de ensino, apresentando donio e
conhecimento, não tanto dos equipamentos, mas, sobretudo, dos softwares disponibilizados
para o uso no ambiente informatizado.
Da mesma forma, constatou-se junto aos professores a necessidade de um bom
planejamento das aulas a serem desenvolvidas nesses ambientes, envolvendo desde a
definição de conteúdos até a identificação dos softwares a serem utilizados para atingir os
objetivos da aula. Segundo as declarões de diversos professores, se as aulas em
laboratório de informática não forem bem planejadas e se não houver um acompanhamento
pelo professor, de forma a serem atrativas e despertarem o interesse dos alunos quanto ao
tema a ser trabalhado, eles acabam se dispersando e utilizando o computador de acordo
com os seus interesses, para jogar, bater papo e outras brincadeiras que não tenham a ver
com o objetivo da aula, tornando a aula improdutiva e subutilizando todo o potencial que
as tecnologias oferecem para o ensino.
Outro aspecto revelado pela observação em turmas do segundo grau é que fica
ainda mais difícil ainda manter o enfoque do tema abordado em aula quando os alunos
forem adolescentes. Até mesmo durante a explicação das atividades a serem desenvolvidas
os estudantes ficam abrindo outras páginas, dispersando-se da aula para acessar outros
conteúdos. Também chamou a atenção ao trabalhar com grupos de adolescentes o fato de
eles solicitarem auxílio com muito mais freência do que as crianças. Nas turmas de
segundo grau observadas, o professor da turma e o professor responsável pelo laboratório
permaneceram o tempo todo ocupados auxiliando na execução das atividades. Assim,
percebe-se que, ao trabalhar com adolescentes, aumenta ainda mais a necessidade de
acompanhamento e orientação dos alunos por parte do professor.
97
Dessa forma, fica claro que o bom uso dos recursos tecnológicos, de forma a extrair
o melhor do potencial oferecido pelas NTICs ao ensino, está diretamente ligado à
capacitação dos professores para atuar com o uso dessas tecnologias. Ressalta-se que essa
capacitação não é relativa somente ao donio das tecnologias, mas, sobretudo, à
capacidade de o professor apropriar-se desses recursos de forma a ampliar as estratégias
didáticas adotadas em suas práticas pedagógicas.
3.2.3 O uso de software educacional
Ao ponderar sobre o uso de software educacional nas práticas pedagógicas nas
escolas da região, levou-se em conta o exposto por Oliveira (2001, p. 73), o qual afirma
que o que caracteriza um software educacional é a sua inserção em contextos de ensino-
aprendizagem. Desse modo, determinado programa de computador pode ser considerado
um software educacional se adequadamente utilizado pela escola, mesmo que não tenha
sido produzido para essa finalidade.
Nesse sentido, verificou-se que o software educacional vem sendo amplamente
utilizado pelos professores nas escolas da região, no entanto durante as entrevistas e
observações realizadas nas práticas em ambientes informatizados de ensino, salientaram-se
diversos problemas e dificuldades que permeiam a prática desses docentes com tais
recursos. De fato, os professores estão adotando diversas estratégias para o uso de
softwares para fins educacionais e são inúmeros os programas de computador que estão
presentes nos ambientes informatizados de ensino nas escolas da região, os quais vão desde
simples editores de texto até poderosos programas educacionais, riquíssimos em recursos
de interação com os alunos, valendo-se de diversas dias e recursos da computação e
comunicação.
Apesar de serem inúmeros os softwares considerados educacionais que podem ser
utilizados pelos professores, um dos pontos que chamaram a atenção ao analisar as
contribuições obtidas junto aos docentes da região é o fato de que nem sempre eles ficam
satisfeitos com o que é oferecido pelos softwares educacionais disponíveis em sua escola, o
que pode ser percebido pela fala de um professor laboratorista: As ferramentas prontas
deixam a desejar, pois os professores precisam se adequar ao software, deveria ser ao
contrário. Também existem alguns softwares que são caros, não rodam em rede. Um único
software para vinte alunos não adianta e a aquisição de vinte cópias do software fica muito
cara”.
98
Pelo exposto, fica evidenciado que um dos principais problemas detectados durante
o desenvolvimento deste trabalho com relação ao uso do software educacional é a
dificuldade encontrada pelos docentes de encontrar um software adequado ao conteúdo que
desejam trabalhar no ambiente informatizado. Na fala dos professores percebe-se que
muitas vezes é o contrário que acontece, ou seja, é o professor que acaba adaptando o
conteúdo da aula ao que está disponível no software. Essa constatação é reforçada pela
Professora 7 quando expressa:
Os CDs com os aplicativos não são o adequados, são enciclopédias, não possui softwares com
informações regionais, principalmente de história, por isso, uso pouco os softwares educacionais nas
minhas atividades. Os livros trazem mais informações. Já em sites, algo sempre é encontrado, mas
sinto a necessidade de sites com dados atualizados da região. Se for usar o computador, prefiro a
internet ao software educacional.
Dessa forma, a adequação do conteúdo do software ao tema a ser trabalhado pelo
professor, mostra-se fundamental para a sua adoção na prática docente, o que também foi
identificado nas falas de outros professores, comprovando o fato de que muitas vezes os
softwares não são adequados às necessidades das disciplinas, obrigando os docentes a
terem de adaptar sua aula ao que está disponível. É comum encontrar professores que
sentem necessidade de desenvolver seus próprios softwares e materiais para as suas aulas,
no entanto, essa atividade exige um maior conhecimento tecnológico por parte dos
docentes. De todos os professores entrevistados, somente dois desenvolvem ou já
desenvolveram softwares e materiais próprios para utilizar em atividades em ambientes
informatizados de ensino. Um deles, ao ser entrevistado, declarou:
Os meus colegas ficam curiosos para saber como preparo minhas aulas em laboratório e questionam
sobre como foram criados estes materiais, quanto tempo levou, mas quando respondo, alguns se
acham incapazes, outros acham que é muito trabalhoso e difícil, outros acham que leva muito tempo
e não possuem disponibilidade para desenvolver aulas com esses recursos.
É notável que aumentam ainda mais as dificuldades dos professores quando se fala
em produção de softwares e material didático por eles próprios. Aqueles professores que
responderam que já sentiram necessidade de desenvolver seus próprios softwares e não o
fizeram, quando questionados sobre o motivo, relataram:
99
Já desenvolvi um software no meu trabalho de pós. A intenção era desenvolver na própria escola,
mas como os professores tem muitas atividades, nunca tive tempo para desenvolver. (Professor 8)
Nunca desenvolvi por falta de domínio da tecnologia, falta de ferramentas, falta de compreensão
para fazer um trabalho assim. (Professor 9)
Falta de conhecimento de da tecnologia e de ferramentas para desenvolver. (Professor 10)
Falta de tempo, particular e profissional. (Professor 11)
Penso que os professores têm também que criar suas ferramentas, porém, por falta de donio das
tecnologias, tempo, disponibilidade de ferramentas de autoria, e também por pensar que não têm
condições técnicas para fazer, por não sentir segurança, acabam não fazendo. (Professor 12)
Portanto, falta de conhecimento, de tempo e de ferramentas são as principais
alegações dos professores para o não-desenvolvimento de seus próprios materiais e
softwares para uso em suas aulas em ambientes informatizados de ensino. Atualmente,
existem muitas ferramentas de autoria à disposição dos professores, porém todas, para o
seu uso, exigem um bom nível de conhecimento tecnológico, assim como a dedicação de
tempo, tanto para o aprendizado do uso da ferramenta quanto para o desenvolvimento dos
materiais.
Parece não haver uma fórmula que permita ao professor desenvolver seus próprios
materiais sem que haja dedicação de tempo e necessidade de conhecimento, principalmente
levando em consideração que os softwares educacionais precisam ser atrativos e interativos
para atrair a atenção dos alunos, e criá-los com essas características exige mais ainda do
professor. Dessa forma, o que se percebe na realidade é que geralmente se opta pela
aquisição de softwares prontos, mesmo que não atendam completamente às necessidades
dos professores.
Quanto à aquisição dos softwares, destaca-se a contribuição de uma professora
laboratorista sobre a questão do alto custo, considerando que as escolas precisam de
licenciamento para sua execução em todas as máquinas do laboratório, o que é cobrado
para cada computador a ser utilizado. Segundo a professora,
100
todos os softwares que usamos na escola são comprados e custam caro. Tem que ter muito cuidado
na hora de adquirir o software, quanto ao custo, compatibilidade com os computadores do
laboratório e, principalmente, quanto à qualidade dos softwares. As crianças são exigentes, se não
for uma coisa que chama a atenção deles, que cativa eles, eles se dispersam demais.
A professora também ressalta a importância de uma análise quanto à qualidade do
software antes da aquisição:
Existem muitos softwares no mercado, mas é preciso ter cuidado com a qualidade desses programas
na hora de comprar. Alguns softwares não são bons, são difíceis de usar e não chamam a atenção
das crianças. As crianças gostam de softwares com sons, imagens em movimento, que elas possam
interagir. Programas muito simples sem esses recursos acabam não sendo muito utilizados.
Outro fator que dificulta o uso do software educacional é a necessidade de
instalação dos softwares, principalmente para aqueles professores que não possuem muito
donio e conhecimento do computador e naquelas escolas em que não existe a presença
do professor responsável pelo laboratório. Essa dificuldade é expressa por um professor,
quando diz: Não tenho tido problemas quanto ao uso dos softwares educacionais, a não
ser quanto a instalação. Fica difícil quando um software tem que ser instalado em todas as
máquinas para ser utilizado, por isso, prefiro o uso de sites da internet.
No entanto, apesar de suas dificuldades e limitões, o uso de software educacional
nas atividades pedagógicas também apresenta uma infinidade de possibilidades para o
trabalho de professores e alunos. São inúmeras as atividades pedagógicas que podem ser
realizadas nos ambientes informatizados com o uso de softwares educacionais, tudo
depende de que estratégias didáticas são adotadas pelos professores no uso desse recurso.
Novamente se ressalta o caso da Professora 1, que, apesar de dispor de poucos
recursos em seu laboratório, conseguidos através de doões, contando com poucos
equipamentos e, ainda, desatualizados, utiliza-se dos poucos recursos que tem, como os
aplicativos básicos do Windows, para desenvolver estratégias de ensino e trabalhar com as
crianças de uma forma diferenciada e motivadora. Certamente, em alguns momentos, é
preciso que o professor seja muito criativo para identificar formas de uso dos softwares que
tem disponíveis para aplicões pedagógicas, como é percebido na fala da professora:
101
Não tenho muitos softwares aqui na escola, já tentei trazer alguns softwares bons, mas os
computadores não suportam, então utilizo os que tenho à disposição. Utilizo o Word para
desenvolver atividades no laboratório para os alunos desenvolverem a escrita. Meus alunos são de
famílias pobres e apresentam muita dificuldade em aprender a escrever. Aproveito o recurso do
Word de sublinhar as palavras que eso escritas erradas para que os alunos verifiquem o que estão
escrevendo errado em seus textos. Explico para eles que, quando o programa sublinhar a palavra, é
porque está escrito errado e precisa ser corrigida.
É notável que, apesar de dispor de uma infra-estrutura escassa, a professora se
esforça para identificar, a partir dos recursos de que dispõe, estratégias para desenvolver o
conhecimento nos alunos com o uso de softwares que normalmente são utilizados para
outras atividades. Isso reforça a importância de o professor ser criativo na elaboração de
estratégias de ensino com o uso dos recursos tecnológicos, tornando-os adequados à
aplicação de suas estratégias didáticas.
Percebe-se na realidade das escolas da região que, assim como em algumas escolas
os professores possuem à sua disposição uma infra-estrutura com diversos recursos
tecnológicos e não os utilizam, outros se esforçam para que simples recursos se
transformem em grandes possibilidades em suas práticas pedagógicas. Ressalta-se, nesse
aspecto, a contribuição da Professora 1:
Uso o software Paint do Windows para ensinar as formas geométricas como quadros, trngulos,
círculos, também para trabalhar as cores. Sempre encaminho atividades em laboratório para os
alunos praticarem o que ensino em sala de aula. Eles gostam de vir para o laboratório e prestam
mais atenção no que eso fazendo. Quando trabalho as mesmas atividades na sala de aula, eles não
se dedicam tanto ao fazer os mesmos exercícios no papel.
As aplicações dos softwares educacionais por parte dos professores, sem dúvida,
proporcionam uma infinidade de possibilidades educacionais, pois, se utilizados associados
a estratégias didáticas apropriadas, oferecem grandes benefícios à educação,
principalmente à educação infantil, onde o software educacional é utilizado com mais
intensidade.
Constatou-se, tanto nas entrevistas com os professores como durante a observação
nas escolas, que os professores utilizam o software educacional com maior proporção no
ensino infantil ao trabalhar com crianças nas séries iniciais. Essa constatão é afirmada
pela exposição de uma professora laboratorista, que, ao ser questionada sobre o uso do
software educacional na escola por parte dos professores, ressaltou:
102
Aqui na escola o uso da software educacional se dá com maior intensidade da educação infantil, até
a terceira série. São usados programas infantis de matemática, ciências, cores, formas, etc. O ensino
acima da quarta série já é diferente. Muitos professores já encaminham trabalhos, pesquisas, com
avaliações das atividades com o uso do computador e cobram dos alunos a entrega dos trabalhos por
disquete ou e-mail. Eles usam mais a internet e o e-mail.
A professora destacou ainda o uso de jogos na educação infantil, pois, segundo ela,
os jogos despertam muito a curiosidade e o interesse das crianças: As crianças gostam
muito dos jogos que possuem níveis, encaram esses níveis como desafio, como uma
competição, entre os colegas. Eles gostam bastante desse tipo de jogo.
O jogo, como se vê, proporciona um ambiente em que a criança pode aprender de
forma prazerosa, permitindo-lhe o desafio e a reflexão através de diversas atividades
lúdicas, ricas em imagens sons e animões, com alto grau de interatividade com o aluno,
lançando desafios para que os estudantes se sintam atraídos a estudar na forma de uma
brincadeira. Durante a observação, foi possível confirmar o grande potencial oferecido
pelo jogo nos ambientes informatizados de ensino. Segundo a Professora 13, durante as
atividades em laboratório com jogos, a atenção dos alunos aumenta significativamente:
Eles ficam muito concentrados quando eso jogando, mas é importante ter um objetivo com o jogo.
Sempre defino um conteúdo que é trabalhado com o uso do jogo. Para não parecer somente uma
brincadeira, após a atividade de laboratório sempre retomo este conteúdo, para avaliar ou até
reforçar o que os alunos aprenderam durante a atividade realizada em laboratório.
Fica claro que o uso de softwares e jogos educacionais representa um grande
potencial pedagógico para as atividades desenvolvidas pelos professores em ambientes
informatizados de ensino, no entanto é preciso que eles insiram o uso desses softwares não
como uma simples utilização do software em si, mas de forma a estimular e desafiar os
alunos, com práticas planejadas. É preciso ampliar as possibilidades didáticas dominadas
pelo professor, buscando oferecer novas formas de construir o conhecimento com os
alunos, através do despertar da curiosidade, da criatividade, da interatividade e da
brincadeira.
Observou-se durante este trabalho que o jogo e o software educacional vêm
amplamente sendo utilizados nas escolas da região, no entanto ainda são muitas as
dificuldades enfrentadas pelos professores e, até mesmo, há resistência por parte de outros.
Também foi possível constatar que alguns docentes estão sendo bastante criativos ao
explorar esses recursos em suas práticas, adotando o uso de softwares, que, associados a
103
estratégias didáticas, transformam simples programas de computador em recursos com
grande potencial pedagógico, proporcionando a existência de ambientes informatizados de
ensino, em que os alunos podem interagir com o objeto de estudo de uma forma diferente
do que fazem em sala de aula, com os livros didáticos e com o material impresso.
3.2.4 O uso da internet
A crescente busca de informões na sociedade atual exige novas habilidades, e a
internet apresenta-se como uma grande aliada dos alunos e professores ao permitir-lhes
buscar informões que vão além da pesquisa em livros, jornais e revistas e, até mesmo,
em softwares educacionais.
Ao analisar o uso da internet no dia-a-dia dos professores das escolas da região,
retomam-se as palavras de Brandão (1999, p. 32), que auxiliam na reflexão de que a
internet, através da utilização da multimídia e hiperdia e, atualmente, com a evolução
das redes de computadores, determina novos princípios de interação entre homem e
máquina e entre os próprios homens. Pressupondo a utilização de formas motivadoras de
expressão do conhecimento através da rede, a internet permite que concepções
educacionais sejam trabalhadas de forma mais integrada, como prevê o construtivismo de
Jean Piaget e o interacionismo de Vygotsky.
Além de ser uma rica fonte de informões, passíveis de serem incorporadas em
qualquer programa de aula, a internet também oferece excelentes recursos de comunicação,
ampliando possíveis aplicações da rede para o uso educacional, que vão desde a simples
publicação de informões até a aprimorados instrumentos de comunicação e interação, os
quais, se devidamente aplicados no âmbito educacional, oferecem grandes possibilidades
para as práticas docentes.
Ao analisar o uso da internet nas escolas envolvidas neste trabalho, apesar de todas
as possibilidades oferecidas por esse meio, destacou-se nas falas dos professores que a
pesquisa é a principal atividade desenvolvida nos ambientes informatizados de ensino com
o uso da rede. Também se verificou que, diferentemente do software educacional, a
internet é amplamente utilizada em turmas acima da 5ª série, o que foi constatado na fala
de diversos professores e reafirmado pela Professora 14:
104
Quando trabalho com adolescentes, sempre uso a internet para encaminhar as pesquisas. Eles usam
o Google para pesquisar. Po para eles produzirem um trabalho com o resultado da pesquisa no
Word. Po para eles subdividir os trabalhos em partes e criar um arquivo principal com os links
para as partes do trabalho, assim, no final eles podem salvar para o formato HTML para publicar na
internet.
Da mesma forma, outros professores também relataram a realização de atividades
de pesquisa na internet com turmas de adolescentes. Pelos depoimentos dos professores,
poucos utilizam software educacional com turmas acima da 5ª série e nenhum docente
revelou utilizar software educacional em turmas de segundo grau, prevalecendo o uso da
internet nesses casos. Um dos fatores que levam esses professores a dar preferência ao uso
da internet fica evidenciado na afirmação do Professor 15:
Utilizo uma enciclopédia geográfica, mas o programa não tem dados atualizados. Não tem meios de
atualizar. É de 95. Precisaria tem um meio de atualizar os dados, por exemplo, os números da
população mudam de ano para ano, esses dados no programa eso muito desatualizados. Na internet
os dados são mais atualizados do que nos softwares. Alguns assuntos que desapertam o interesse do
aluno não eso disponíveis no software educacional, porém na internet isso fica mais flexível.
Verifica-se que a internet tem se mostrado uma grande aliada dos professores e
alunos pela sua grande disponibilidade de informões. Tem sido utilizada com grande
freqüência pelos professores para encaminhar atividades de pesquisa na rede, associado as
atividades de produção, publicação e apresentação de trabalhos de aula. No entanto,
revelou-se uma grande preocupação por parte dos professores quanto ao grau de
seletividade dos conteúdos, que deve ser maior do que uma pesquisa em livros. Ressalta-se
um comentário exposto por uma professora responsável de laboratório: Houve uma turma
de terceiro ano do segundo grau que tivemos muita dificuldade no início, os alunos faziam
seus trabalhos somente copiando e colando da internet. Foi bastante difícil fazer com que
os alunos produzissem seus próprios textos.
O relato dessa professora levanta uma das questões mais preocupantes explanadas
pelos professores entrevistados sobre o uso da internet nas atividades pedagógicas: a
questão do plágio, que também foi motivo de preocupação de vários outros professores
entrevistados. O professor 15 demonstra essa preocupação ao declarar:
Tem que prestar muita atenção ao conteúdo dos trabalhos entregues pelos alunos. É comum os
alunos copiar textos da internet e colocar nos trabalhos. É preciso acompanhar o que os alunos estão
105
fazendo e criar formas de identificar as cópias, forçando que os alunos escrevam seus próprios
textos e usem a internet só como fonte de pesquisa.
Essa preocupação demonstrada pelos professores confirma as advertências de Tajra
(2002, p. 31) ao chamar a atenção sobre a necessidade de ter um controle de acesso aos
conteúdos trabalhados na internet, de forma a garantir a qualidade e a confiabilidade das
informões obtidas nesse meio.
É claramente notado nas falas dos professores que o fato de a internet ser um grande
repositório de informões, onde são publicadas sem censura, nem, muito menos, algum
controle de qualidade, é motivo de preocupação para o uso pedagógico desse recurso. Com
vistas a minimizar esses problemas, e objetivando tirar proveito do grande potencial
oferecido pela rede, alguns professores estão adotando estratégias que, segundo eles,
reduzem a possibilidade de ocorrerem problemas dessa natureza. A Professora 16 diz
orientar seus alunos quanto aos sites que serão utilizados para a pesquisa em atividades de
laboratório:
Quando encaminho atividades de pesquisa em laboratório, sempre procuro limitar a pesquisa a
algum site, pois, se deixar livre, os alunos acabam se dispersando e acessando outros conteúdos.
Procuro sempre indicar um site que conho, um site que sei que contenha informações confveis
sobre o assunto a ser pesquisado.
A preocupação demonstrada pela Professora 16 também se fez presente nos
depoimentos de outros professores de outras escolas, pois é fato que na internet, assim
como se podem encontrar informões seguras, também se podem encontrar muitas
informões distorcidas e inconsistentes. No entanto, os professores estão buscando formas
de contornar esses problemas, adotando estratégias que lhes permitam ter maior controle
sobre os conteúdos que estão sendo trabalhados em suas aulas, garantindo maior
confiabilidade das informões acessadas, como pela utilização de sites educacionais, por
exemplo.
Além da atividade de pesquisa, também se constatou durante o trabalho a utilização
da internet como uma forma de proporcionar atividades de comunicação entre os
estudantes, pelo correio eletrônico e salas de bate-papo. Segundo a Professora 17, que
trabalha com as disciplinas de língua portuguesa, língua inglesa e literatura, a internet traz
grandes contribuições para as atividades em laboratório em suas disciplinas, com ênfase na
106
utilização de salas de bate-papo, inicialmente com grupos da escola, após, com grupos
abertos, a partir de salas de chat disponíveis na rede. Segundo a professora:
Sempre utilizo as salas de bate-papo da internet com os alunos. São escolhidas salas vazias onde os
alunos podem conversar entre eles, em pequenos grupos, depois eles podem escolher outras salas
com pessoas de fora. Utilizo o diálogo dos alunos nas salas de bate-papo como uma forma de
auxiliar no desenvolvimento do vocaburio, da escrita e da leitura, tanto para a ngua portuguesa
como para a ngua inglesa.
No entanto, a professora ressalta a necessidade de acompanhamento dos diálogos
que estão sendo realizados pelos alunos, principalmente quando em grupos abertos na
internet, evitando que eles entrem em salas sobre assuntos indevidos. Nesse sentido, a
professora sempre indica os sites a serem acessados e os assuntos a serem tratados durante
os diálogos.
Apesar de a internet fornecer vários meios para ampliar a comunicação entre os
alunos e os docentes, incluindo grupos de discussão, bate-papo, correio eletrônico,
webquest, entre outros, nas escolas da região em que este trabalho foi desenvolvido
percebeu-se que essas funcionalidades estão sendo muito pouco exploradas. De todos os
professores envolvidos na pesquisa, somente uma professora utiliza os recursos de
comunicação da internet em suas atividades.
Verificou-se que a internet, apesar de suas inúmeras possibilidades educacionais,
vem sendo utilizada pelos professores da região com mais intensidade para as atividades de
pesquisa. São raros os professores que utilizam ou demonstram interesse em utilizar os
recursos de comunicação que a rede oferece para desenvolver atividades com seus alunos,
demonstrando que eles ainda têm muito a explorar com relação ao uso da internet nas
práticas educacionais.
3.2.5 A atuação do professor
Diante da crescente inserção dos recursos tecnológicos em todos os âmbitos da
sociedade, é inevitável que as escolas venham a acompanhar essa evolução,
proporcionando ambientes informatizados de ensino que proporcionem uma educação
conectada com a realidade de seus alunos. Dessa forma, ressalta-se a necessidade de os
professores estarem preparados para uma atuação diferenciada diante das mudanças
trazidas pelas tecnologias da informação e comunicação. Salienta-se a importância do
107
papel do professor diante dessa nova realidade escolar, como o faz Belloni (2001) ao
afirmar que o reflexo de não ter professores preparados para atuar com tais recursos nas
escolas é a criação de laboratórios que em muitos casos acabam por ficar subutilizados.
A importância do papel desempenhado pelo professor no planejamento e no
acompanhamento das atividades de desenvolvidas em ambientes informatizados de ensino
mostra-se fundamental para que as NTICs sejam adequadamente aplicadas ao processo de
ensino-aprendizagem, de forma a ampliar as possibilidades de transpor conhecimentos,
oferecendo novos recursos e propiciando ambientes ricos em estratégias didáticas.
O desenvolvimento de novas tecnologias ocorrido nos últimos anos proporciona ao
professor a flexibilidade de atuação em ambientes informatizados de ensino a partir da
utilização de recursos que permitem alto grau de interatividade entre o aluno e o software,
entre os próprios alunos, entre os alunos e os docentes. Contudo, apesar das evoluções
tecnológicas ocorridas e da possibilidade da criação de ambientes altamente interativos
para o aprendizado, ainda é comum muitos professores fazerem uso desses recursos da
mesma forma como o fazem com a utilização dos materiais impressos.
Atualmente, com diversidade de tecnologias disponíveis, depende do professor a
forma como fará uso desses recursos para desenvolver o conhecimento com seus alunos.
Por isso, além de estar capacitado para apropriar-se das tecnologias que estão disponíveis
nas escolas em que atuam, é importante que haja uma adequação na forma de atuação do
professor, assumindo uma postura fundamentada numa teoria educacional, que lhe permita
compreender os processos mentais, os conceitos, as formas de aprendizado e definir
estratégias adequadas para a construção do conhecimento em ambientes informatizados de
ensino.
Ainda é comum o fato de recursos com grande potencial de interatividade serem
utilizados por professores da mesma forma que as máquinas de ensinar de Skinner eram
utilizadas há mais de cinqüenta anos. Percebe-se que a decisão de fazer uso das NTICs de
forma behaviorista ou construtivista está totalmente centrada no professor, que, para atuar
em ambientes informatizados, deve assumir uma nova postura, não simplesmente
apropriar-se dos recursos tecnológicos para as mesmas práticas.
É indiscutível que, ao fazer uso dos recursos disponíveis em ambientes
informatizados de ensino, é preciso que o professor adote novas estratégias para transpor
conhecimentos, buscando aproveitar todo o potencial que oferecem. Assim, através da
informática, poderão ser oferecidos instrumentos de ensino nos quais o estudante pode
escolher a velocidade com que constrói o seu conhecimento e ter a liberdade de explorar as
108
informões fornecidas pelo software de acordo com o seu interesse. Isso lhe permitirá não
apenas tomar decisões, mas, também, manipular, vivenciar, participar e experimentar
através de sistemas atrativos e interativos, que possibilitem a colaboração e o aprender
fazendo, de acordo com as concepções construtivistas de Piaget e Vygotsky.
Considerando o dia-a-dia dos professores em suas práticas pedagógicas com o uso
dos ambientes informatizados de ensino nas escolas, percebe-se que dois pontos são
fundamentais para o uso desses recursos nas atividades escolares: primeiro, é preciso que
as escolas estejam bem preparadas com relação à instrumentalização, oferecendo os
recursos necessários para que os professores possam planejar e desenvolver atividades com
o uso de ambientes informatizados; segundo, os professores precisam estar capacitados
para que possam definir e aplicar novas estratégias de uso desses recursos. É preciso,
sobretudo, que conheçam os recursos que estão a sua disposição e as possibilidades que
oferecem, para que possam tirar proveito das potencialidades dessas novas tecnologias a
fim de ampliar ou, até mesmo, melhorar suas práticas pedagógicas.
Identificou-se na literatura e comprovou-se com as contribuições de professores
entrevistados e das observões realizadas que não basta o professor simplesmente levar os
alunos para o laboratório de informática e encaminhar qualquer atividade, sem um
planejamento, sem uma estratégia adequada ao uso desses recursos. Pode-se dizer que seria
uma subutilização das tecnologias empregá-las nas atividades escolares com as mesmas
estratégias adotadas em sala de aula.
Ao analisar a realidade dos professores, percebe-se que, mesmo entre os professores
que atualmente já estão realizando atividades em ambientes informatizados, são várias as
dúvidas e dificuldades que ainda se fazem presentes no seu dia-a-dia. Ao questionar uma
professora coordenadora de laboratório quanto às principais dificuldades enfrentadas pelos
professores da escola onde atua, obteve-se a seguinte declaração:
Uma das principais dificuldades é a falta de preparo de alguns professores. Alguns buscam aprender,
outros resistem, preferem as coisas prontas, preferem que a professora do laboratório prepare tudo.
No currículo, a cada 15 dias tem uma atividade em laboratório, porém alguns professores não se
envolvem nas atividades junto com os alunos, deixam tudo para a professora do laboratório cuidar.
Também tem o problema do tempo, a escola disponibiliza horários fora do horário de aula para os
professores irem até o laboratório conhecer os softwares, para auxiliar no planejamento das aulas, os
professores são orientados sobre como utilizar os recursos disponíveis, porém poucos se dispõem a
comparecer nesses horários.
109
A contribuição da professora permite confirmar alguns pontos fundamentais que
permeiam as práticas dos professores em ambientes informatizados de ensino, dos quais
alguns também foram identificados durante a observação. A falta de preparo mostrou-se
como um dos principais problemas enfrentados por muitos professores, que, apesar de
terem interesse em desenvolver atividades em ambientes informatizados ensino, não estão
devidamente preparados para atuar com esses recursos, não conhecendo as possibilidades
oferecidas pelos softwares, nem as estratégias didáticas que podem utilizar para as práticas
em laboratório.
Os professores menos preparados geralmente não sabem como tirar proveito de
todo o potencial que os recursos disponíveis oferecem, encaminhando somente atividades
mais simples, muitas vezes somente como reforço de conteúdos, fazendo uso bastante
reduzido dos recursos disponíveis e, muitas vezes, atuando dentro de uma concepção
bastante behaviorista. Essa falta de preparo dos professores também foi verificada durante
as observões realizadas de suas práticas em ambientes informatizados de ensino, quando
se constatou que os professores apresentam diferentes formas de atuação durante as aulas
em laboratório: em algumas turmas, mostram-se mais bem preparados, desenvolvendo
atividades que exigem maior conhecimento, tanto para o planejamento como para
acompanhamento na execução das atividades, demonstrando um bom donio sobre os
recursos utilizados, acompanhando os alunos e auxiliando-os em suas dúvidas, juntamente
com a professora laboratorista; já, em outras, apresentam maiores dificuldades,
demonstrando falta de donio sobre os recursos utilizados durante a aula. Ao entrevistar
um desses professores obteve-se a seguinte declaração:
Tenho dificuldades para usar o computador. Conto com o auxílio da professora laboratorista para
planejar e desenvolver os trabalhos em laboratório. Só consigo fazer estes trabalhos graças a ela.
Mas as primeiras vezes que trouxe os alunos era bem pior. Agora já estou mais familiarizada. Aos
poucos estou aprendendo novas formas de trabalhar no laboratório.
Portanto, nem todos os professores que hoje atuam nos ambientes informatizados
das escolas da região estão devidamente preparados para desenvolver tais atividades e não
teriam condições de obter sucesso em suas aulas se atuassem sozinhos, tanto na definição
como na execução das atividades como no uso dos recursos presentes em ambientes
informatizados de ensino. Nesse sentido, a presença de uma professora laboratorista na
escola é fundamental para que as atividades em ambientes informatizados de ensino se
110
desenvolvam, auxiliando os professores na definição de estratégias de uso dessas
tecnologias em suas práticas. Com o apoio desse profissional com maior conhecimento
tecnológico e também pedagógico, esses professores, mesmo sem dominar completamente
todos os recursos adotados em suas práticas, estão obtendo bons resultados ao desenvolver
atividades em ambientes informatizados de ensino e, com isso, estão gradualmente
desenvolvendo seu conhecimento tecnológico e ampliando suas estratégias didáticas para
transpor os conteúdos curriculares.
Numa das turmas observadas todas as atividades e o acompanhamento aos alunos
foram realizados por uma professora laboratorista. A professora da turma sentou-se junto
com os alunos para usar os computadores e, durante a aula, realizou as mesmas tarefas que
havia encaminhado para eles, compartilhando com eles suas dúvidas e dificuldades ao
fazer uso da internet na atividade encaminhada. Ao ser entrevistada, ela declarou:
Ainda tenho dificuldades ao usar o computador, mas acho muito interessante o que podemos fazer
com a internet. Aproveito as aulas em laboratório para aprender junto com os alunos. A professora
laboratorista, que me auxilia no planejamento e principalmente na execução dessas atividades aqui
no laboratório.
Esse é um dos momentos em que o professor precisa assumir uma postura diferente.
Nesse caso, a professora colocou-se como aluna, desenvolvendo as atividades junto com os
estudantes, em condições de igualdade entre alunos e professor. Assim, durante a aula,
muitas vezes os alunos, que estavam nos computadores ao lado da professora, auxiliaram-
na com dicas quanto ao uso do computador, uso do site, onde clicar etc.
Nota-se que, apesar de muitos professores ainda apresentarem resistência ao uso dos
ambientes informatizados de ensino em suas práticas, existem aqueles que, mesmo sem
terem todo o conhecimento necessário, estão assumindo uma postura arrojada, aprendendo
com suas próprias práticas, não tendo medo de demonstrar aos seus alunos suas
dificuldades quanto ao uso das tecnologias, mas buscando a partir delas a realização de
atividades que lhes permitam novas formas de ensinar e de aprender, interagindo com seus
alunos de igual para igual e, inclusive, aprendendo com eles.
Pelo fato de muitos professores não apresentarem donio para uso dos
computadores e dos softwares presentes nos ambientes informatizados de ensino, ressalta-
se a importância da função exercida pelos professores laboratoristas, compartilhando seu
conhecimento dos recursos tecnológicos com os demais e apoiando-os na definição e
111
execução de suas atividades. Em todas as escolas com laboratório de informática visitadas
existe a presença de um professor responsável por coordenar e orientar as atividades
desenvolvidas no laboratório de informática, auxiliando na escolha dos softwares, de sites
para pesquisas e, até mesmo, na definição das atividades a serem desenvolvidas em aulas
no laboratório, pois muitos professores têm dificuldades e não apresentam donio quanto
ao uso do computador, assim como não conhecem todas as possibilidades educacionais que
oferecem.
A importância de um professor com melhor donio tecnológico na escola é
reforçada pela afirmação de um dos professores responsáveis por laboratório entrevistados:
Costumo acompanhar e instruir os professores na preparação das aulas para o laboratório,
instruo quanto ao uso e donio da tecnologia e o professor se preocupa mais com o
conteúdo e o objetivo da aula”.
Entretanto, pelas práticas adotadas por esse docente, fica evidente que não basta ele
ter somente um bom conhecimento tecnológico; é preciso que ele também tenha
conhecimento pedagógico, para poder auxiliar os outros professores na definição de
estratégias para que os conteúdos curriculares sejam transpostos para o uso dos recursos
tecnológicos de acordo com teorias educacionais que norteiam as práticas adotadas pelo
professor. Dessa forma, é de grande importância o papel desse professor com maior
donio tecnológico e com formação pedagógica para auxiliar no planejamento e na
execução das atividades em laboratório. Inclusive, para alguns dos docentes entrevistados,
sem a presença desse professor, as atividades em laboratório seriam bastante reduzidas na
escola em que atuam.
Outro aspecto que se destacou nas falas dos docentes é que a maioria dos
professores trabalha o conteúdo em sala de aula e depois leva os alunos para o laboratório
de informática, ou vice-versa, fazendo com que os conteúdos vistos em sala de aula sejam
complementados, aprofundados, ou experimentados a partir do uso dos recursos
informatizados. Essa forma de utilização da tecnologia é revelada ao analisar os
depoimentos dos professores entrevistados, em que se destaca a contribuição da Professora
18:
Nas minhas aulas de física, sempre que possível, primeiro trabalho os conceitos em sala de aula,
depois levo os alunos para o laboratório de infortica para utilizarem os softwares simuladores.
Eles podem interferir nos experimentos a partir dos programas e verificar os resultados. Os alunos
adoram essas atividades e demonstram grande interesse. Ficam ansiosos para ir para o laboratório.
Os computadores prendem mais a atenção dos alunos.
112
A contribuição da professora é reforçada pela afirmação da Professora 19: Utilizo
o software educacional como reforço no conteúdo trabalhado em sala de aula, mas vejo um
problema no fato do software vir pronto e não tem como mudar os conteúdos e tem que se
adaptar a ele”.
Ao analisar essa declaração, emerge outra dificuldade normalmente enfrentada
pelos professores, a de encontrar um software adequado ao conteúdo a ser trabalhado na
sua aula. Alguns ressaltam que muitas vezes é preciso adaptar a aula ao que está disponível
no software.
Portanto, apesar das diversas estratégias que estão sendo adotadas pelos professores
para a realização das atividades em ambientes informatizados de ensino, ainda são várias
as dificuldades que permeiam suas práticas. Quanto às dificuldades encontradas no uso de
softwares e da internet, destacam-se os seguintes comentários:
Sinto dificuldade em definir como vou usar o computador para dar uma aula, não sei que software
usar, se dá para usar a internet, mas ainda bem que a professora 19 (responsável pelo laboratório)
me ajuda, senão não saberia como encaminhar as atividades com o computador sem ela. (Professora
20).
Quando uso software educacional no laboratório, sinto dificuldade em manter os alunos com o foco
no uso do software, muitos vão para a internet e acabam se dispersando das atividades propostas.
(Professora 21).
Como professora, senti dificuldades no início para o uso da internet, por não saber como aplicar os
conteúdos, pois eles copiavam os conteúdos como estavam na internet. Mas isso também acontece
com os livros. (Professora 22).
Diante dessas declarões, verifica-se algumas das principais dificuldades
encontradas pelos professores durante as suas práticas em laboratório, como na definição
de atividades a serem desenvolvidas em laboratório, assim como, na definição de que
software utilizar, se pode usar a internet, de que recursos a escola dispõe e de que forma
esses recursos podem ser incorporados em suas atividades pedagógicas.
Também se ressalta na contribuição da Professora 22 a importância do
acompanhamento do professor nas atividades desenvolvidas em laboratório, evitando que
os alunos desviem a atenção do enfoque proposto para a aula, assim como controlando e
analisando os conteúdos que eles estão utilizando para seus trabalhos. Buscando minimizar
113
esse tipo de problema durante as aulas em laboratório, os professores, ao planejar suas
aulas, buscam formas para facilitar o andamento de suas aulas em laboratório. Alguns
ressaltam a importância da definição antecipada dos softwares, sites e conteúdos que
deverão ser trabalhados pelos alunos no laboratório, para que no momento da aula os
alunos já tenham uma definição de onde devem pesquisar ou de que software devem
utilizar para realizar as atividades propostas. Nesse sentido, o professor laboratorista
assume um papel fundamental, auxiliando os professores que apresentam maiores
dificuldades nesse planejamento.
Os professores julgam importante, além desse planejamento, que seja introduzido o
conteúdo a ser trabalhado ainda em sala de aula, apresentando os objetivos e definindo
uma forma de avaliação dos trabalhos realizados nesse ambiente. O Professor 23 declarou
que, durante esse planejamento, é comum surgir a necessidade de desenvolver materiais
instrucionais próprios, o que também se detectou na fala de outros docentes. Diversos
professores, ao serem questionados, relataram já terem sentido a necessidade de
desenvolvimento de materiais específicos, de acordo com o conteúdo que desejam
trabalhar, no entanto poucos se encorajam a desenvolver seus próprios softwares e
materiais didáticos, visto que essa atividade demanda maior donio tecnológico,
conhecimento de softwares de autoria e, especialmente, de tempo.
Dentre os professores com maior conhecimento das tecnologias e com maior
experiência na utilização dos ambientes informatizados destaca-se a contribuição do
Professor 23, que relata:
Prefiro montar o meu próprio material de aula, de acordo com o que vou trabalhar com os alunos.
Não gosto muito de usar enciclopédias e softwares educacionais, pois nem sempre são adequados as
suas atividades e muitas informações são desatualizadas. Prefiro buscar informações mais
atualizadas na internet e criar meu próprio material. Quase sempre encontro na internet os materiais
que preciso para as aulas.
O professor relata ainda que, pela sua experiência com aulas em ambiente
informatizado, somente trabalhar um conteúdo em laboratório não oferece o mesmo
aproveitamento. É importante que essas atividades sejam combinadas com aulas em sala de
aula:
114
Eu normalmente trabalho um conteúdo em sala de aula e as encaminho atividades em laboratório,
para os alunos pesquisar mais informações sobre os assuntos tratados e produzir materiais com o
resultado das pesquisas realizadas na internet.
O professor ressalta que sempre busca proporcionar uma aula bastante atrativa para
os alunos, utilizando os mais diversos recursos que a tecnologia oferece para enriquecer as
aulas. Salienta a importância da internet como fonte de pesquisa tanto para os professores
como para os alunos, que segundo o professor, é uma grande biblioteca. Por isso, utiliza
muito os recursos multimídia proporcionados pela internet para suas aulas.
Sempre localizo antes na internet links que contenham conteúdos relacionados ao que pretendo
trabalhar em aula. Também procuro utilizar bastante recursos como vídeos, fotos, animações e
simulações para deixar a aula mais dinâmica e atrativa. Procuro montar um material próprio para a
aula em um arquivo do Powerpoint em que insiro os links para acesso aos conteúdos que pretendo
trabalhar na aula.
Além dos conteúdos encontrados na internet, o professor ressalta:
Também utilizo em minhas aulas vídeos capturados pelos programas locais, cenas de filmes e
documentários. Capturo estes trechos de vídeo a partir de um computador equipado com placa de
captura de vídeo depois insiro-os dentro do material de aula. Os alunos ainda podem buscar mais
informações na internet, a partir dos links que coloco no próprio material, para complementar ou
aprofundar os conteúdos trabalhados.
Conforme o professor, os alunos têm demonstrado uma boa aceitação às aulas
desenvolvidas com essa metodologia. Relatou também a importância de sempre
acompanhar o andamento da aula, apoiando os alunos e evitando que não se dispersem
com outros conteúdos acessados pela internet. Segundo o professor, sem esse
acompanhamento os alunos acabam não realizando as atividades da aula, atendo-se ao uso
de chats, Orkut, entre outros sites de comunicação e entretenimento. Para o professor, é
muito importante acompanhar o desenvolvimento de uma aula em ambiente informatizado,
da mesma forma ou até com mais cuidado do que acompanha em sala de aula.
Neste capítulo apresentou-se o caminho metodológico adotado para o
desenvolvimento dessa pesquisa e a análise das informações obtidas durante a coleta de
dados, buscando identificar nas contribuições obtidas de professores que atuam em
115
ambientes informatizados de ensino das escolas da região, as informões relevantes para
atingir os objetivos propostos por este trabalho.
Percebeu-se que o uso de ambientes informatizados de ensino mostra-se como um
desafio para a maioria dos professores, desde os que estão iniciando o uso desses recursos
até os que já possuem uma bagagem maior de conhecimento no uso das tecnologias no
âmbito educacional. No entanto, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos
professores, percebe-se que são várias as estratégias que estão sendo adotadas por eles para
o uso das novas tecnologias nas atividades escolares, envolvendo aulas expositivas,
pesquisas, jogos, comunicação, simulões, enfim, diversas soluções estão sendo criadas
por esses docentes para que suas práticas conduzam a um aprimoramento de suas
estratégias didáticas no uso desses recursos no ambiente escolar. A seguir serão
apresentadas as considerões finais obtidas com o desenvolvimento dessa pesquisa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou investigar e discutir questões relacionadas ao uso da
informática na educação nas escolas da região de Passo Fundo, buscando constatar de que
forma os professores que atuam em ambientes informatizados de ensino estão se
apropriando das novas tecnologias de informação e comunicação para suas práticas
pedagógicas. Durante a revisão da literatura, percebeu-se que a informática tem oferecido
grandes possibilidades para a educação, apresentando-se como uma nova tendência de
ensino que tem exigido novas práticas por parte dos docentes.
Com a rápida evolução das tecnologias ocorrida nos últimos anos, e também com a
disseminação do uso da internet cresce também a diversidade de recursos que a informática
oferece para as aplicões educacionais. No entanto, o uso desses recursos nas atividades
de ensino exige que os professores assumam uma nova postura, adotando estratégias que
lhes permitam o uso dessas tecnologias para ampliar as possibilidades de transpor os
conteúdos curriculares, proporcionando aos alunos ambientes informatizados de ensino
atrativos e motivadores, obtendo contribuições significativas do uso da informática na
educação, assim como ocorre em outras áreas do conhecimento humano.
Nesse sentido, constatou-se que o uso de ambientes informatizados de ensino nas
escolas da região tem promovido diversas formas de atuação por parte dos professores.
Nota-se que, apesar de ainda haver despreparo por parte de alguns e até mesmo resistência
por parte de outros, muitos professores estão sendo bastante criativos ao se apropriarem
dos recursos tecnológicos em suas práticas pedagógicas, adotando estratégias que
transformam o uso de um simples programa de computador em importante aliado no
processo de ensino-aprendizagem.
Entretanto, faz-se necessário ressaltar que, mesmo com a disponibilidade de
recursos que permitam a criação de ambientes informatizados de ensino altamente
117
interativos, em que o aluno pode assumir o papel ativo na construção de seu aprendizado,
dependendo das estratégias adotadas pelo professor e das teorias que alicerçam suas
práticas, o uso desses recursos pode se reduzir a uma proposta tão tradicional quanto uma
aula expositiva, ou até mesmo a uma utilização puramente behaviorista, como foram as
máquinas de ensinar propostas por Skinner há mais de cinenta anos.
Nesse sentido, notou-se que, das teorias educacionais abordadas nesse trabalho,
nenhuma foi observada de forma isolada na atuação desses docentes. Não se verificou um
limite claro entre estratégias baseadas numa teoria ou em outra, mas, sim, que é comum
que as estratégias adotadas, associadas ao uso de determinados softwares, proporcionam
atividades que em alguns momentos se aproximam de princípios behavioristas e, em
outros, podem estar voltadas à construção do conhecimento, ou seja, aproximam-se da
teoria construtivista. Portanto, é freente que numa mesma aula em ambiente
informatizado um professor atue ora de forma behaviorista, ora de forma construtivista.
Fica evidente que o papel do professor é fundamental para o sucesso no uso dos
ambientes informatizados de ensino; portanto, é preciso que os docentes estejam
preparados para que a apropriação das novas tecnologias se dê de forma a potencializar e
qualificar o ensino. No entanto, ressalta-se também a necessidade de as escolas
desenvolverem iniciativas para que disponham de uma infra-estrutura com equipamentos e
softwares adequados às necessidades dos seus professores, principalmente nas escolas
estaduais da região, onde se percebeu uma grande heterogeneidade com relação à questão
da instrumentalização. Todavia, não basta a escola ser instrumentalizada; é preciso que o
uso desses recursos seja potencializado, estimulando os docentes a desenvolver atividades
nesses ambientes, evitando, assim, o que acontece em algumas escolas, onde ambientes
informatizados são pouco freentados pelos professores e alunos, desperdiçando grandes
possibilidades pedagógicas que poderiam ser exploradas com o uso desses recursos.
Apesar das dificuldades identificadas no dia-a-dia dos professores, constatou-se que
muitos docentes estão buscando formas de melhorar cada vez mais sua atuação pedagógica
com o uso de ambientes informatizados de ensino, destacando-se o papel dos professores
laboratoristas, que se demonstraram determinantes na aplicação pedagógica desses
recursos nas escolas, apoiando os professores, principalmente os com menor
conhecimento, na definição de estratégias e na execução das atividades em laboratório, e,
em alguns casos, sendo decisivos na questão do uso ou não-uso dos ambientes
informatizados de ensino nas escolas.
118
Cabe ressaltar também que tanto o software educacional como a internet vêm sendo
usados amplamente pelos professores da região. Os professores estão se valendo de
diversas estratégias de ensino, proporcionando práticas em que o uso dessas tecnologias
permite aos alunos novas formas de desenvolver seus conhecimentos, valendo-se de
recursos que variam desde simples softwares de apresentação de conteúdo até simuladores
altamente interativos, por meio dos quais o aluno pode observar, pesquisar, experimentar,
testar, emfim, interagir de forma ativa com o objeto de estudo, como determinam as teorias
construtivistas de Piaget e Vygotsky. Entretanto, também se evidenciou que alguns
recursos, apesar de apresentarem potencial pedagico se devidamente apropriados pelos
docentes, ainda não estão sendo utilizados ou, em alguns casos, não estão disponíveis nos
ambientes informatizados de ensino das escolas da região.
Por fim, ressalta-se que com a realização deste trabalho não se teve a pretensão de
estabelecer regras ou avaliar a qualidade das atividades realizadas pelos professores nos
ambientes informatizados de ensino, mas, sim, conhecer como as atividades escolares estão
sendo concebidas nesses ambientes, buscando identificar nas práticas dos professores as
informões necessárias para os objetivos deste trabalho. Da mesma forma, ressalta-se que
as questões em aberto relativas ao uso de ambientes informatizados de ensino, com certeza,
não se esgotam aqui. No contexto tecnológico atual existe uma diversidade muito grande
de recursos que são passíveis de apropriação pelos docentes, oferecendo novas
possibilidades para o trabalho pedagógico. No entanto, cada um desses recursos apresenta
características específicas, de modo que, para serem aplicados no processo de ensino-
aprendizagem, precisam ser abordados através de estratégias didáticas apropriadas,
exigindo, fundamentalmente, que os professores estejam bem preparados para determinar a
melhor forma de utilizar cada recurso no momento de definir e executar atividades em
ambientes informatizados de ensino.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, C.Z.; VIEIRA, M.B.; LUCIANO, N.A.Ambiente virtual de aprendizagem:
uma proposta para autonomia e cooperão na disciplina de informática. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO, 12, 2001, Vitória. Anais. Vitória:
UFES, 2001. Disponível em:
<http://www.inf.ufes.br/~sbie2001/figuras/artigos/a201/a201.htm>. Acesso em: 17 jul.
2005.
ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 11. ed. Petrópolis:
Vozes, 2002.
AZENHA, Maria da Graça. Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro. 4. ed. São Paulo:
Ática, 1995.
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Campinas : Autores Associados , 2001.
BOCK, Ana M.B. et al. Psicologias. São Paulo: Saraiva, 1999.
BORK, A. Personal computers for education. New York: Harper & Row, 1985.
BRANDÃO, Edemilson Jorge Ramos. Informática e educação: uma difícil aliança. Passo
Fundo: UPF, 1995.
_____. Repensar o uso do computador em educação: Subsídios teóricos, experiências e
perspectivas futuras. Tese (Doutorado em Ciências da Educação). Universidade Pontifícia
Salesiana, Roma, 1993.
_____. Multimídia e hipermídia em educação: a didática dos multimeios. In: Rösing Tania
Mariza Kuchenbecker. (Org.). Do livro ao CD-ROM. Passo Fundo: EDIUPF, 1999. p.25-
37.
_____. Construção de modelos de avaliação de software educacional. Disponível em:
<http://vitoria.upf.br/~brandao/software.html>. Acesso em: 27 out. 2005.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 22
jul. 2005.
CAMPOS, Gilda. Como avaliar um software educacional. Escola internet Formação e
treinamento online. Disponível em:
120
<http://www.timaster.com.br/revista/colunistas/ler_colunas_emp.asp?cod=331>. Acesso
em: 12 set. 2005.
CORTES, Soraya M. V. Técnicas de coleta e análise qualitativa de dados. Porto Alegre.
RS: PPGS/UFRGS, 1998.
COX, Kenia Kodel. Informática na educação escolar. Campinas. SP: Autores Associados,
2003.
DALLASTA, Rosana Janete. A transposição ditica no software educacional. Passo
Fundo. RS: UPF, 2004.
DODGE, Bernie. Webquest: uma técnica para aprendizagem na rede internet. Disponível
em: <http://www.webquest.futuro.usp.br/artigos/textos_bernie.html>. Acesso em: 27 out.
2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
GIRAFFA, L. M. M. Uma arquitetura de tutor utilizando estados mentais. 1999. Tese de
Doutorado Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.
GROSSI, Esther Pillar; BORDIN, Jussara. Construtivismo s-piagetiano. 8. ed.
Petrópolis: Vozes, 1999.
HEIDE, Ann. Guia do professor para a internet: completo e fácil. 2. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 2000.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia cienfica: teoria da ciência e iniciação
à pesquisa. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de A. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e
interpretação de dados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
LUCENA, M. A. Gente é uma pesquisa: desenvolvimento cooperativo da escrita apoiado
pelo computador. 1992. Dissertação (Mestrado em Educação) Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1992.
MAGDALENA, Beatriz Corso; COSTA, Í. E. T. Costa. Internet em sala de aula: com a
palavra, os professores. Porto Alegre: Artmed, 2003.
MELO, M. Amanda. Uma abordagem semiótica para o design de portais infantis com a
participação da criança. 2003. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação)
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
MERCADO, Luís Paulo Leopoldo (Org.). Novas tecnologias na educação. Maceió :
Edufal, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
18. ed. Petrópolis, Rio de janeiro: Vozes, 1994.
_____. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec, 1993.
NEVES, André; FILHO, Paulo C. Cunha (Org.). Projeto Virtus: educação e
interdisciplinaridade no ciberespo. Recife: UFPE, 2000.
121
OLIVEIRA, Celina Couto de. Ambientes informatizados de aprendizagem: produção e
avaliação de software educativo. Campinas, SP: Papirus, 2001.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky : aprendizado e desenvolvimento : um processo
sócio-histórico. São Paulo, SP: Scipione, 1997.
OLIVEIRA, O. L.; Baranauskas, M.C.C. A Semiótica e o design de software. Techical
Report, IC-98-09. Disponível em: <http://www.ic.unicamp.br/reltec-ftp/1998/Titles.html>.
Acesso em: 27 jul. 2005.
_____. Design da interação em ambientes virtuais: uma abordagem semiótica. 2000. Tese
(Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e
Vygotsky:a relevância do social. 2. ed. São Paulo: Plexus, 1998.
PESSOA, M.C.F. Computadores na Educação: Projetos baseados na internet. In:
CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 9, 2002, São
Paulo. Anais. São Paulo: ABED, 2002. Disponível em:
<http://www.abed.org.br/congresso2002/index.html>. Acesso em: 17 jul. 2005.
PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
_____. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
POCHO, Cláudia Lopes; AGUIAR, Márcia de Medeiros; SAMPAIO, Marisa Narcizo;
LEITE, Ligia Silva. Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula.
2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
RABELLO, Roberto dos Santos. O desenvolvimento do software educacional segundo um
enfoque construtivista. Passo Fundo: UPF, 2004.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SANTOS, Neide. Design de interfaces de software educacional. Editora Livros
Eletrônicos, 2004.
SCHLEMMER, Eliane. Ambientes virtuais de aprendizagem: Metodologias para educação
a distância no contexto da formação de comunidades virtuais de aprendizagem. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
SILVA FILHO, João Josué da. Conputadores: Super-heróis ou vilões?: Um estudo das
possibilidades do uso pedagógico da informática na Educação Infantil. Florianópolis, SC:
UFSC, Centro de Ciências da Educação, Núcleo de Publicões, 2000.
SILVA, Cassandra Ribeiro de Oliveira. Bases pedagógicas e ergonômicas para concepção
e avaliação de produtos educacionais informatizados. 1998. Dissertação (Mestrado em
Engenharia da Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, 1998.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2002.
SKINNER, Burrhus Frederic. Sobre o Behaviorismo. 11. ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
_____. Tecnologia do ensino. São Paulo: E.P.U., 1972.
122
TAJRA, Sanmya Feitosa. Projetos em sala de aula - Internet. 3. ed. São Paulo: Érica,
1999.
_____. Internet na educação: o professor na era digital. São Paulo: Érica, 2002.
_____. Informática na educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor da
atualidade. 2. ed. São Paulo: Érica, 2000.
TAKAHASHI, Tadão. Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília:
Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
TEIXEIRA, Adriano Canabarro. Internet e democratização do conhecimento. Passo
Fundo: UPF, 2002.
VALENTE, José Armando. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP:
UNICAMP/NIED, 1999.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ZANELLA, Andréa Vieira. Vygotsky: contexto e contribuições à psicologia e o conceito de
zona de desenvolvimento proximal. Itajaí: Univalli, 2001.
123
ANEXO A ROTEIRO PARA ENTREVISTA
1) Quanto ao entrevistado:
1.1) Nome:
1.2) Escola(s) onde atua:
1.3) Disciplina(s) que leciona:
2) Quanto aos recursos tecnológicos disponíveis:
2.1) A escola dispõe de ambiente informatizado para auxiliar nas suas atividades
didático-pedagógicas?
2.2) Que tipo de recursos tecnológicos estão disponíveis no ambiente informatizado
disponível na escola?
2.3) A escola dispõe de acesso à internet? De que forma: discado ou banda larga?
2.4) De que recursos de software a escola dispõe? (site na internet, software educacional,
etc.)
2.5) Os recursos disponíveis atendem as suas necessidades para uso em sua(s)
disciplina(s)?
3) Quanto à utilização dos recursos tecnológicos:
3.1) Que tipo de ferramenta de hardware e software utiliza com o propósito de auxiliar
suas atividades didáticas? E quais as dificuldades encontradas?
3.2) De que forma utiliza a internet? Quais as dificuldades encontradas?
3.3) Quanto ao uso dos softwares educacionais, como os utiliza? Quais as dificuldades
encontradas?
3.3) Já sentiu a necessidade de desenvolver um software adequado as suas necessidades
para uso nas práticas pedagógicas?
( ) Sim e Desenvolveu. Com que ferramentas? Dificuldades?
( ) Sim e Não Desenvolveu. Por quê?
( ) Não. Sempre encontrou os softwares prontos?
3.6) Considera útil o uso de computadores em suas atividades didáticas?
( ) Sim por quê? ( ) Não por quê?
3.7) Em um software para uso didático, que característica vo considera mais
importante?
( ) Facilidade de uso ( ) integração de texto, gráfica, som e cor
( ) Flexibilidade ( ) Interatividade
( ) Avaliação constante dos resultados
( ) Outras (especifique):
4) Quanto às estratégias didáticas utilizadas nos ambientes informatizados de ensino:
4.1) Que estratégias didáticas utiliza para a transposição de conteúdos curriculares e na
construção de novos conhecimentos quando desenvolve atividades no ambiente
informatizado da escola?
124
ANEXO B PROJETO DE INFORMÁTICA
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo