pensadores, como também lhes concedia o direito de criação. Assim modificam,
vagarosamente, o padrão clássico introduzindo novas formas guiadas por sua própria
inspiração.
Diante disto, constatamos os motivos que permitiram a concepção de um novo
padrão estético, que revolucionou o século XIX. Esse novo estilo pretendia mostrar à
velha aristocracia que, apesar de não possuir “sangue azul” ou uma linhagem de estirpe,
poderia compensar essas faltas com um novo padrão de beleza, no qual os próprios
burgueses poderiam ser identificados. Segundo J. Guinsburg,
É como se tudo o que foi criado nos últimos duzentos anos, obra de
literatura, pintura, teatro, escultura, arquitetura, houvesse surgido do
confronto e da união com este “espírito” mágico, que, buscando as esferas
mais profundas do homem, reptou o consagrado, o estabelecido, o
modelado aparentemente desde e para todo o sempre, efetuando uma
revolução fundamental na conceituação e na realização de todas as artes,
mesmo daquelas que não sentiram ou expressaram de modo imediato ou
feliz os efeitos da fermentação romântica. (GUINSBURG, 2005, p.13)
Acompanhando as tendências mundiais, o Brasil sofreu grandes mudanças
políticas que marcaram a primeira metade do século XIX. Uma dessas transformações
mais significativas foi a vinda da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que
desembocou na elevação do Brasil à categoria de Reino, em 1816, e determinou,
conseqüentemente, a abertura dos portos às nações amigas. Por meio da transferência da
família real para o Brasil, no período de menos de cinqüenta anos tem-se a
independência do país, em 1822, o primeiro reinado até 1831, o período de regência
entre 1831 a 1840 e o início do segundo reinado, que por fim se estendeu até 1889,
quando foi proclamada a república no Brasil.
Tais transformações favoreceram o país em alguns aspectos, como a criação de
escolas, museus, bibliotecas, juntamente com a circulação regular de jornais e revistas,
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