passaram a dedicar-se sobretudo a duas atividades: criação de gado e agricultura de
subsistência.
O comércio de gado viria a tornar-se a principal atividade econômica na
região, e foi o que determinou a ocupação e o contorno do território pertencente ao
termo da vila de Curitiba. A pecuária nos campos de Curitiba e o início da exportação
de seus produtos para São Paulo e outros centros consumidores antecedem, entretanto,
a produção das fazendas dos Campos Gerais. Em 1720, o Ouvidor Raphael Pires
Pardinho já observava os currais sendo situados nos arredores de Curitiba.
Com o estabelecimento de novos currais e a aquisição crescente de
sesmarias, o povoamento se expande aos campos contíguos dos primitivos campos de
Curitiba, e, conseqüentemente, novos caminhos se definem
7
. São esses os
denominados sertões de Curitiba, lugar entendido como “o interior, o coração das
terras”.
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Durante os anos seguintes muitos outros povoados foram aparecendo e
também se destacando devido principalmente à importância do tropeirismo na região,
como no caso da freguesia de Santa Ana do Iapó e de Santo Antonio da Lapa, regiões
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Ao sul da vila de Curitiba, atravessando o rio Iguaçu, cresce a povoação de São José dos Pinhais, em
torno da Capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, edificada em 1690, em antiga zona de mineração.
Desta povoação parte para leste o caminho do Arraial e para sudeste, o dos Ambrósios, ambos rumo às
regiões litorâneas. O caminho do Arraial levava ao Arraial Grande, antigo centro de mineração na
serra do mar. Já o Caminho dos Ambrósios era a estrada de comunicação entre Curitiba e São
Francisco do Sul, em Santa Catarina. Para o oeste da vila de Curitiba, os currais estabelecidos nas
redondezas do rio Barigui estendem-se para a região de Campo Largo até atingir a serra de São Luis
do Purunã, limite natural entre os campos de Curitiba e os Campos Gerais de Curitiba, conhecido
também como o 2
o
. Planalto Paranaense. Na região da Borda do Campo, para leste da vila, havia o
Caminho da Graciosa, usado até hoje ligando Curitiba a Antonina, este um antigo porto marítimo
paranaense. E finalmente, para o sul e sudoeste, iniciava-se o sertão de Curitiba. Ao longo deste
caminho foram crescendo muitas freguesias e povoados, e essas diversas localidades aparecem
registradas em alguns documentos camarários, mas principalmente nas listas de ordenanças. No
registro de 1766, por exemplo, estavam sujeitas a jurisdição da vila de Curitiba as seguintes
localidades: Atuba, Barigui, Piaçaúna, Boa Vista, Tatuquara, Botietatuba, Palmital, Arraial Queimado,
Borda do Campo, Campo Largo, rio Verde, freguesias de São José, Minas do Itambé, Descoberto da
Conceição, Registro e Campos Gerais. RODERJAN, R. V. Os curitibanos e a formação de
comunidades campeiras no Brasil Meridional. (Séculos XVI-XIX). Curitiba: Works Informática –
Editoração Eletrônica, 1992. p. 79.
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SILVA, Antonio de Moraes. Dicionário da língua portuguesa. Facsimile da 2ª ed. De 1813. Lisboa
: Typographia Lacérdina, 1922. p.803.
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