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ações
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, qual seja, o da difusão do parâmetro da cultura letrada por toda a sociedade
vinculada a tentativa de assimilação do chamado povo mais ou menos miúdo – livres
pobres e libertos, sem excluir a possibilidade de iniciativas educadoras, até mesmo de
escravos, num momento em que a perspectiva era a de abolição próxima da escravidão,
arduamente adiada pela direção saquarema. Assimilação em posição subalterna, dentro de
uma ordem hierárquica de cidadania restringida, congregada à expropriação da cultura
própria desses segmentos – de sua forma de relacionamento com o tempo, com o
trabalho, com a linguagem etc. Era comum haver dentro do raciocínio dos que defendiam
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Nesse sentido
o
s relatórios de presidentes de províncias, e falas de senadores e deputados nas
assembléias provinciais oferecem informações sobre a situação das escolas noturnas de instrução primária
para trabalhadores em todo o Império. Utilizei alguns desses dados para compor um quadro sumário sobre
tais escolas nas províncias. O caráter restrito desta caracterização, centrada apenas nos aspectos
quantitativos do número de escolas, alunos e frequência, se deve ao fato de ser o Município da Corte o
recorte espacial da presente pesquisa. Entretanto estas fontes nos permitem perceber a disseminação
“nacional” desta política de instrução, adotada de norte a sul. Também ressaltam algumas características
comuns como a rarefação destas escolas, quando comparadas ao número de escolas diurnas, a inexistência,
na maioria das províncias, bem como na Corte, de escolas primárias noturnas para o sexo feminino. Em
relação à elas, surge uma surpresa ao observarmos mais de 2 cursos noturnos para mulheres na província de
Pernambuco. Semelhante a situação da Corte, encontramos a iniciativa particular atuando na abertura
dessas escolas também nas províncias. Como ponto de disjunção entre o município neutro e as outras
localidades do Império, temos que até onde foi possível observar dentro do levanamento sumário, a
existência dessas escolas inicia no primeiro com maior antecedência.
Na província de Alagoas, entre os anos de 1870 e 1872 houve em média: 9 escolas noturnas, 30 matrículas
e 21 frequentadores.
Na província do Amazonas, durante o ano de 1872 houve 2 escolas, mantidas pela Câmara Municipal de
Manaus com 72 matrículas e 44 frequentadores. E por iniciativa particular, houve 1 escola criada por
militares para “praças de guarnição e paisanos operários”.
Na província da Bahia, no ano de 1871, houve 11 escolas com 547 matriculados. No ano de 1872, foram 26
escolas e 689 matrículas. Em 1873, 7 escolas e 648 matrículas. De 1874 a 1880, não foram encontrados
dados para numero de escolas e a matrícula foi de 343, 275, 267, 372, 420 e 308 alunos respectivamente.
Em 1881 e 1882 houve 5 escolas com respectivamente 263 e 311 alunos matriculados.
Na província de Pernambuco não foram encontrados dados para número de escolas na maioria dos anos.
Em 1870 havia 4 escolas e 198 alunos matriculados. Em 1872 eram 290 alunos em escolas públicas e 48
em particulares. Em 1874 eram 367 em escolas públicas e 199 em particulares. Em 1875 eram 343 em
escolas públicas e 258 em particulares. Em 1876 eram 392 em escolas públicas e 206 em particulares. Em
1877 eram 499 alunos do sexo masculino e 15 alunas do sexo feminino, não havendo dados para o tipo de
escola (pública ou particular). Em 1878 eram 28 escolas masculinas com 259 matrículas e 1 escola
feminina, sem dados de matrícula. Em 1880, 22 escolas masculinas com 345 matriculados. Em 1883, eram
41 escolas masculinas, com 720 matriculados, e 2 escolas femininas sem dados de frequência.
Na província do Rio Grande do Norte foi criado um curso especial noturno, com o currículo mais extenso
que de uma escola primária tradicional, mas contendo os saberes do nível primário. Esse curso foi
frequentado por 41 alunos. Em 1886, registra-se 565 matriculados em escolas noturnas, sem dados do
número de escolas, e em 1889, registra-se 341 matrículas.
Na província do Rio Grande do Sul registra-se 1 escola noturna com 78 alunos matriculados, no ano de
1873. Já no ano de 1874, eram 3 escolas com 104 alunos matriculados.
Na província do Rio de Janeiro, de acordo com os dados observados, houve no ano de 1875, 200 alunos
matriculados. Entre os anos de 1876 e 77, a matrícula foi de 180alunos, por fim, no ano de 1885, tem-se um
toral de 221 matrículas. (http://brazil.crl.edu/)