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LOURENÇO SAMPAIO DE MARA
ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS AGUDAS NO TRIATLO
IRONMAN BRASIL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
FLORIANÓPOLIS
2005
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LOURENÇO SAMPAIO DE MARA
ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS AGUDAS NO TRIATLO
IRONMAN BRASIL
Dissertação apresentado ao Curso de
Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano, da Universidade
do Estado de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre.
Prof. Dr. Tales de Carvalho-Orientador.
FLORIANÓPOLIS
2005
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LOURENÇO SAMPAIO DE MARA
ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS AGUDAS NO TRIATLO
IRONMAN BRASIL
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre, no curso
de Ciências do Movimento Humano sub-área de Fisiologia do Exercício, da
Universidade do Estado de Santa Catarina.
Comissão julgadora:
_______________________________________________
Prof. Dr. Tales de Carvalho - Orientador
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
_______________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Stein -Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
_______________________________________________
Prof. Dr. Maria de Fátima Silva Duarte - Membro
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
_______________________________________________
Prof. Dr. Francisco da Rosa Neto - Membro
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
_______________________________________________
Prof. Dr. Fernando Roberto de Oliveira - Membro
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Florianópolis, 02 de dezembro de 2005.
Dedico este trabalho a todos os iniciantes
e atletas veteranos de triatlo Ironman, que
acreditam em seus potenciais e nunca
esmorecem no caminho da busca de
superação de seus limites de forma
honesta e saudável. O podium o
precisa ser pisado; pois se ao cruzar a
linha de chegada o melhor de si tiver sido
realizado a sensação de vitória sempre
existirá. Todos os que chegam são
vencedores.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me oferecer os desafios da minha vida e ainda mais por me dar força
para vencê-los, com esforço, saúde, amigos... e alegria.
Aos meus pais, Fábio e Maria Helena, por me lançarem nesta vida com bons exemplos... A
minha vitória antes de tudo, é a vitória de vocês. Meu muito obrigado. Meu amor é
desmedido e infinito por vocês.
A mulher que esteve ao meu lado neste período de abnegação, provando sua compreensão,
aceitação, e fé; sobretudo me apoiando. Obrigado de todo coração a você, Taciana.
Ao meu orientador Prof. Tales de Carvalho, pela oportunidade que me abriu, acreditando em
meu potencial; orientando-me quando necessário. Que seu esforço e caminho de formação de
pesquisadores e pessoas formadoras de opinião possa render por muitos anos e frutificar mais
e mais atletas ou indivíduos saudáveis.
Aos membros da banca, por aceitarem de bom agrado e coração a acrescentarem melhorias
neste trabalho.
A todos os meus professores das disciplinas que passei e aqueles que me incentivaram e
opinaram fora das salas de aula, deixo aqui meu agradecimento desejoso que a missão de
vocês seja sempre recompensada.
Obrigado aos amigos que encontrei neste caminho em especial ao Roberto Lemos e seus
ensinamentos práticos do triatlon, à Izabel Miranda, Fabiana Rebelo, Edgar Cintra, Ricardo
Sampaio, Ricardo Goldfeder e a todo o pessoal do núcleo de Cardiologia...
A equipe de coleta do Laboratório Santa Luzia, pela disponibilidade e envolvimento com a
pesquisa, em especial a Leila Brochi e ao Dr. Zunino.
Aos funcionários do CEFID, principalmente da pós graduação que me ajudaram neste
período.
Agradeço a todos em geral que estiveram ao meu lado e participaram direta e indiretamente
deste trabalho especialmente a comissão organizadora do triatlon Ironman Brasil na pessoa da
Naida Freitas, Mauro Tonon, Mauro Galvão e à essência de tudo, ou seja , todos os atletas que
estiveram conosco nestes quatro anos: OBRIGADO.
“Nada aproxima mais o homem de DEUS do que
dar saúde a outro homem”. Cícero.
“Se queres ser o melhor, aja com a maior
humildade de todos”. Autor desconhecido.
“Ser vencedor é enxergar o que parece
impossível como possível, e vencer seus
desafios”. Lourenço.
MARA, Lourenço Sampaio de. Alterações Hidroeletrolíticas Agudas no Triatlon Ironman
Brasil. 63 p. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Centro de
Educação Física, Fisioterapia e Desporto, Universidade do Estado de Santa Catarina, 2005.
RESUMO
O Ironman é uma das variações da modalidade de triatlo e caracteriza-se por uma atividade
de longa duração, constituída por 3,8 Km de natação, 180 Km de ciclismo e 42,2 Km de
corrida, na qual o atleta exercita-se em dia por cerca de 13 horas. Neste contexto o atleta
exposto a tal carga de esforço e adversidades ambientais experimenta alterações orgânicas
agudas em seus sistemas biológicos, inclusive distúrbios hidroeletrolíticos. O objetivo deste
estudo é descrever as alterações hídricas e eletrolíticas encontradas em atletas de triatlo
Ironman nos anos de 2002 a 2005. Com este intuito 109 atletas voluntários foram avaliados
antes e após a prova, sendo submetidos a análise sangüínea dos eletrólitos sódio e potássio e
pesagem de massa corpórea. Os dados do sódio sérico de 89 atletas foram correlacionadas
com o percentual de desidratação e alterações percentuais de peso corporal. Dados de 77
atletas, quanto ao potássio rico, foram avaliados isoladamente de uma forma descritiva. A
análise estatística consistiu de uma parte descritiva, com a determinação das estatísticas
descritivas básicas, e de uma parte inferencial, que estudou a significância estatística da
correlação entre os resultados dos exames. Seis atletas (6,7%) apresentaram-se euhidratados
ou superhidratados ao final da prova, 50 atletas desidrataram de 0 a 3% (56,2%), 29 de 3 a 6
% (32,6%) e 4 atletas (4,5%) desidrataram mais que 6%. Houve uma tendência a ocorrer
hiponatremia, uma das mais preocupantes alterações hidroeletrolíticas, entre aqueles que
desidrataram menos ou ganharam peso. O potássio teve um comportamento dentro dos limites
da normalidade em toda amostra. Conclui-se que os distúrbios hidroelétrolíticos são
incidentes nesta modalidade esportiva, e a superhidratação, evidenciada pelo ganho ou perdas
discretas de peso, é a etiologia provável da hiponatremia.
___________________________________________________________________
Palavras – chave: Distúrbios hidroeletrolíticos. Desidratação. Super-hidratação.
Hiponatremia.
MARA, Lourenço Sampaio de. Acute Hydroeletrolitics Alterations in Triathlon Ironman
Brazil. 63 p. Dissertation,(Project in Human Movement Science) – University of the State of
Santa Catarina - UDESC, 2005.
ABSTRACT
The Triathlon Ironman is characterized for a resistance activity consisting of 3,8 km of
swimming, 180 km of cycling and 42,2 km of running, in which the athlete is exercised, in
average, for about 13 hours. In this context, the athlete displayed to such load of effort and
ambient adversities experiences acute organic alterations in his biological systems, including
the hydroelectrolytic disturbs. The objective of this study is to describe the hydric and
electrolytic alterations found in triathlon Ironman athletes in the years from 2002 to 2005. 109
voluntary athletes had been evaluated before and immediately after the events carried through
in Florianópolis-SC Brazil, with blood analysis of sodium and potassium electrolytes, and
measure of body mass. The data of the sodium serum of 89 athletes had been correlated with
the degree of dehydration and percentile modifications of body weight. Data of 77 athletes, in
relation to the serum potassium, had been evaluated separately in a descriptive form. Six
athletes (6,7%) had presented euhydrated or superhydrated to the end of the test, 50 athletes
had dehydrated from 0 to 3% (56,2%), 29 from 3 to 6 % (32,6%) and 4 athletes (4,5%) had
dehydrated more than 6%. It had a trend to occur hyponatremia between those had dehydrated
little or gained weight. The potassium had a behavior inside of the limits of normality in all
sample. The conclusion is that the hydroelectrolytic disturbances (hyponatremia and
dehydration) are incident in this sportive modality, being the superhydration the probable
etiology of hyponatremia denoted by the gain or discrete losses of weight.
Key words: Hyponatremia. Dehydration. Superhydration.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Estatísticas descritivas dos dados utilizados na análise............................................47
Tabela 2. Distribuição dos competidores por grau de desidratação e hiponatremia em cada
grupo.........................................................................................................................................49
LISTA DE ILUSTRÇÕES
Figura 1.Diagrama de dispersão entre o nível de sódio final e percentual de
desidratação...............................................................................................................................47
Figura 2 – Diagrama de dispersão entre o nível de sódio final e o delta de mudança percentual
de peso.......................................................................................................................................48
Figura 3 – Nível de potássio sérico antes e depois da realização da prova...............................50
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................15
1.1 PROBLEMA...........................................................................................................15
1.2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................16
1.3 OBJETIVOS............................................................................................................17
1.3.1 Objetivo Geral......................................................................................................17
1.3.2 Objetivos Específicos...........................................................................................17
1.4 HIPÓTESES............................................................................................................18
1.5 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS............................................................................18
1.5.1 Conceitual.............................................................................................................18
1.5.2 Operacional..........................................................................................................18
1.6 DELIMITAÇÃO.....................................................................................................19
1.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.................................................................................19
2.REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................21
2.1 HISTÓRIA..............................................................................................................21
2.2 COMPARTIMENTO DOS LÍQUIDOS CORPORAIS..........................................24
2.3 TERMORREGULAÇÃO........................................................................................25
2.3.1 Fisiologia..............................................................................................................25
2.3.2 Composição do Suor............................................................................................27
2.4 DESIDRATAÇÃO..................................................................................................28
2.5 DISTÚRBIO DO POTÁSSIO.................................................................................31
2.6 DISTÚRBIO DO SÓDIO........................................................................................36
2.6.1 Hiponatremia: Conceito, Aspectos Clínicos, Incidência, Etiologia.....................36
2.7 REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA.................................................................40
3. MATERIAL E MÉTODO......................................................................................43
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA..................................................................43
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA.................................................................................43
3.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA..........................................,................................44
3.4 COLETA DE DADOS............................................................................................44
3.5 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................45
4. RESULTADOS........................................................................................................46
5. DISCUSSÃO............................................................................................................51
6. CONCLUSÃO.........................................................................................................54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................55
ANEXOS......................................................................................................................64
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 O PROBLEMA
O triatlo Ironman caracteriza-se por ser uma prova de longa duração, em que a média
de tempo da atividade física ininterrupta é de 13 horas, sendo permitido que o atleta complete
a prova em até 17 horas. Esta prova tem se popularizado atraindo a adesão de atletas
diversificados inclusive indivíduos há pouco sedentários, obrigados a suportarem uma carga
acentuada de esforço físico, que exige grandes mudanças nos hábitos de vida. Os atletas de
triatlo Ironman treinam em média 18 a 24 horas por semana , sendo 11,5 km de natação, 360
km de ciclismo e 72 km de corrida [1, 2], impondo ao organismo uma carga de estresse físico
que exige período de repouso apropriado, aclimatação ambiental, alimentação compatível
com o grande gasto energético, rehidratação e reposição eletrolítica que compensem as
perdas. O atleta mal orientado pode experimentar conseqüências como a síndrome do excesso
de treinamento [3], ou distúrbios hidroeletrolíticos que no mínimo levam a diminuição do
desempenho físico, ou conseqüências maiores que podem por em risco inclusive a vida do
atleta [4-6]. O incremento da atividade física estimula o processo de termorregulação que visa
a promover o resfriamento do organismo para fazer frente a maior produção de calor. Tal
ação se faz principalmente por meio do mecanismo da evaporação do suor , o que diante de
uma reposição inadequada pode ocasionar sérios distúrbios hidroeletrolíticos, como
16
desidratação e alterações do sódio plasmático. A taxa de sudorese pode ser influenciada
principalmente pelo tempo de exposição ao exercício e aclimatação ao ambiente em que o
atleta treina, observando-se que atletas bem aclimatados suam mais, permitindo melhor
termorregulação, porém com menores perdas de sódio. Mesmo assim, considerando a grande
quantidade de suor produzido, pode ser observado nestes indivíduos distúrbios
hidroeletrolíticos. Considerando as características e as condições ambientais particulares da
prova, elaborou-se a seguinte questão problema: Quais as alterações hidroeletrolíticas
agudas observadas em participantes do triatlo Ironman Brasil? ”.
1.2 JUSTIFICATIVA
Os distúrbios hidroeletrolíticos vêm em decorrência da reposição inadequada de
fluídos e eletrólitos perdidos no processo de termorregulação, que funciona principalmente
pelo mecanismo de evaporação do suor. Algumas das alterações orgânicas agudas, como
desidratação e hiponatremia em atletas de triatlo Ironman, têm sido foco de estudos
principalmente a partir de 1985 [5] , sendo desde então discutidas as formas mais efetivas de
evitá-los. Em 1997 no triatlo Ironman da Nova Zelândia o número de casos com
complicações hidroeletrolíticas graves alcançou critério para o acionamento de plano de
catástrofe, devido a incidência de mais de 15 casos graves atendidos pelo serviço de
emergência [7]. Ao longo dessas duas últimas décadas o entendimento da etiologia evoluiu,
sendo hoje reconhecida a importância do correto diagnóstico para que seja proporcionado o
tratamento adequado [8]. Estar preparado para identificar complicações ao longo de uma
prova de triatlo Ironman, é de suma importância , uma vez que diferentes complicações
podem ocorrer com sinais e sintomas semelhantes, porém exigindo terapêuticas diferentes. A
equipe médica deve estar preparada para atender uma estimativa de 20% de atletas do total de
17
participantes que iniciaram a prova [9]. Neste contexto não só a equipe médica deve estar
organizada, mas a comissão organizadora da prova deve prover subsídios e materiais para a
boa prática médica. No entanto no Ironman Brasil nunca foi traçado um estudo a respeito da
incidência das alterações orgânicas agudas, incluindo as hidroeletrolíticas. Não há bases
científicas, considerando as particularidades climáticas e ambientais da região onde se dá a
prova, que norteie planos e expectativas da abordagem das alterações orgânicas agudas nos
triatletas do Ironman Brasil. Desta forma se justifica o estudo destas alterações,
particularmente as hidroeletrolíticas, e suas correlações quanto ao estado hídrico do atleta e
eletrólitos séricos.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Avaliar as alterações agudas hidroeletrolíticas em participantes do Ironman Brasil.
1.3.2 Objetivos específicos
Avaliar o grau de desidratação dos atletas.
Correlacionar o grau de desidratação com os níveis de Na
+
(sódio) sérico final.
Correlacionar a variação percentual do peso corporal com os níveis de Na
+
rico
final.
Avaliar os nível de K
+
(potássio) sérico inicial e final de cada atleta.
18
1.4 HIPÓTESES
HG: Atletas do triatlo-Ironman Brasil apresentam alterações agudas hidroeletrolíticas.
H1: Atletas do triatlo-Ironman Brasil apresentam graus variados de desidratação.
H2: Atletas que apresentam menor grau de desidratação têm tendência a apresentar
hiponatremia.
H3: Atletas que apresentam manutenção ou ganho de peso têm uma tendência a
apresentar hiponatremia.
H4: Atletas de triatlo-Ironman Brasil não apresentam alterações relevantes de potássio
sérico.
1.5 DEFINIÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS:
1.5.1 Conceitual:
Sódio : é o eletrólito de maior concentração sérica (sangüínea) e no suor. Constitui-se
no principal soluto do líquido extracelular (LEC), tendo grande importância na manutenção da
osmolaridade sangüínea e volume plasmático. [10].
Potássio: É o principal eletrólito intracelular. Assim como o sódio tem seu papel no
estabelecimento dos gradientes elétricos apropriados através das membranas celulares, bem
como na manutenção da permeabilidade das membranas plasmáticas e na regulação das
qualidades ácido-base dos líquidos corporais, especialmente o sangue [10].
Desidratação: Perda de líquidos de todos os compartimentos do corpo [11].
1.5.2 Operacional:
Sódio e Potássio: após coleta de amostra sangüínea o material sofrerá processamento
por automação utilizando o aparelho ADVIA – BAYER. A automação foi utilizada para as
19
análises de sódio e potássio. O ADVIA-BAYER é um analisador imunoquímico automático
capaz de realizar testes em soro, plasma, urina e líquidos. O módulo fotométrico realiza
métodos bioquímicos e imunoturbidimétricos. O módulo ISE (eletrodos seletivos) para íons
mede as concentrações de sódio e potássio em amostras de soro, plasma ou urina. Os valores
são expressos em mmol/l.
1.6 DELIMITAÇÃO
O estudo foi delimitado a verificar as possíveis alterações hidroeletrolíticas incidentes
em triatleta de Ironman no Brasil, nos anos de 2002 a 2005. A amostra foi constituída por 109
atletas voluntários sem restrições quanto a sexo e idade, regularmente inscritos e que
completaram a prova em um dos anos referidos.
1.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
A amostra não foi estabelecida de forma aleatória, sendo composta por indivíduos
que se apresentaram como voluntários, o que pode não refletir características do grupo todo.
Desidratação: A determinação da desidratação se dará por meio da diferença das
medidas de peso corporal efetivadas antes e após a prova de triatlo Ironman. Utilizar-se-á a
seguinte fórmula para seu cálculo: % desidratação = (Ppré-FC)-Ppós x 100/(Ppré-FC), sendo
Ppré = peso pré prova e Ppós = peso pós prova, FC = fator de correção.
FC= 1 Kg para atleta de 70 Kg.
O fator de correção é uma variável aplicada, a fim de minimizar a superestimação do grau de
desidratação, pois perda de peso de fontes não hídricas provenientes da oxidação de
carboidratos, água contida nos estoques de glicogênio, e gorduras. Não há um consenso na
literatura que estipule um fator de correção, sendo necessário estudos a esse respeito, bem
como validação da fórmula utilizada para o cálculo do percentual de desidratação. Neste
estudo estipulou-se um FC de 1 Kg para um atleta de 70 kg, e proporcionalmente para pesos
20
maiores ou menores.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
O capítulo é dividido em tópicos. Primeiramente faz-se uma abordagem histórica do
triatlo Ironman, inclusive no Brasil. Em seguida é apresentada uma revisão quanto a aspectos
dos compartimentos dos líquidos corporais. O terceiro tema revisado corresponde a aspectos
fisiológicos da termorregulação, com ênfase nas perdas decorrente da sudorese. O quarto item
deste capítulo corresponde à desidratação no atleta, e aspectos relacionados às modificações
agudas de potássio e sódio, em seguida faz-se uma abordagem a respeito da reposição
hidroeletrolítica.
2.1 HISTÓRIA
Idealizado pelo marinheiro norte-americano John Collins, o Ironman surgiu no Havaí,
em 1978, contando com a participação de 15 atletas, dos quais 12 completaram a prova.
Compreendendo 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, foi caracterizada
como uma prova de superação de limites, que exige muita persistência.
Na atualidade o triatlo Ironman envolve pessoas de diversos países, seja através da
organização de provas ou da participação de atletas. São 26 seletivas divididas pela Europa,
Ásia, Oceania, África e Américas
, que definem 1500 competidores para a prova final anual
realizada sempre no Havaí. Esta prova atrai anualmente cerca de 30 mil visitantes à Ilha de
Kona, dando idéia do interesse que o evento desperta.
No Brasil, o triatlo vem sendo praticado desde 1982 e conta atualmente com cerca de
22
15.000 atletas participando formalmente de eventos. As regiões que concentram maior
número de triatletas são as regiões Sul e Sudeste.
Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, tem sido a sede do evento desde
2001. O evento vem crescendo de forma vertiginosa, sendo que cerca de 500 atletas se
inscreveram em 2001, cerca de 700 atletas em 2002, 900 em 2003, 1000 em 2004. Em 2005,
1.173 atletas se inscreveram no Ironman Brasil, um evento que pela sua magnitude, atrai
cada vez mais investimentos.
Existem várias versões da origem do esporte triathlon. Algumas são fantasiosas e
outras nem tanto. A versão que é aceita como sendo a “oficial”, relata que em uma pequena
cervejaria da capital do Havaí, Honolulu, a Primo Brewery, reuniram-se alguns esportistas
contando suas proezas em três das provas mais tradicionais da cidade (que existem até hoje):
o “Waikiki Rough Water Swim”, prova de natação com 2,4 milhas (aproximadamente 3,8
km); a “Around Oahu Bike Race”, prova de ciclismo cujo percurso de 112 milhas
(aproximadamente 180 km), corresponde a uma volta na ilha de Oahu, feita em dois dias; e a
conhecida Maratona de Honolulu, em sua tradicional distância de 42 km. Os esportistas
discutiam qual das três provas exigia maior resistência dos participantes. Como cada um
estava defendendo a sua especialidade, e não chegavam a um consenso, um marinheiro
americano chamado John Collins para acabar com a discussão propôs que todos fizessem as
três provas no mesmo dia, sendo o vencedor considerado o Ironman.
E num primeiro momento, alguns não levaram a sério a proposta feita por John Collins, mas
como a maioria aceitou o desafio, todos então trataram de marcar a data para o primeiro
Ironman: 18 de fevereiro de 1978. Quinze atletas pagaram uma inscrição simbólica de três
dólares para participar da prova. Como já era de se esperar, a estrutura para a realização da
competição era amadora e precária. Um bom exemplo disso é que não havia água ou
voluntários durante a prova. O marinheiro John Collins, por exemplo, parou na metade da
23
corrida para jantar num pequeno restaurante. Já um outro marinheiro, chamado Yohn Dunbar,
após liderar uma parte da prova parou para tomar alguma coisa e seus amigos, vendo o quanto
ele estava cansado, ofereceram-lhe uma cerveja geladinha. Sem pensar duas vezes ele aceitou
e, como conseqüência, perdeu a liderança para um taxista chamado Gordon Haller, que
acabou vencendo o desafio em 11 horas e 46 minutos. Dos quinze atletas que largaram, doze
terminaram a prova.
Em 1979, houve a segunda edição do Ironman, desta vez patrocinada pela academia
Nautilus Fitness Center, cuja proprietária era Valerie Silk. Como no ano anterior, quinze
atletas largaram e entre estes uma mulher, Lyn Lemaire, e coincidentemente, doze atletas
terminaram. O vencedor entre os homens foi Tom Warren, com o tempo de 11 horas e 16
minutos.
No ano seguinte 108 atletas inscreveram-se, chamando a atenção da rede norte-
americana NBC para fazer a cobertura do evento. Um jovem treinador de natação, chamado
Dave Scott, resolveu aceitar o desafio e acabou pulverizando o tempo anterior: 9 horas e 24
minutos. Com 326 atletas inscritos, em 1981, Valerie Silk resolveu transferir o evento para as
tranqüilas ruas da Big Island, de Kona, para evitar o caos que o evento poderia causar no já
confuso tráfego de Honolulu. Dave Scott, contundido,o participou e as honras do vencedor
ficaram com John Howard, que fez a prova em 9 horas e 38 minutos. O número de mulheres
aumentou de forma significativa: vinte e duas mulheres participaram da competição, vencida
por Linda Sweeney em 12 horas e 01 minuto.
Desde então, a prova vem contando com número crescente de participantes, o que
tornou necessário, por uma questão de segurança
, que fosse limitado o número de atletas em
1.500. Como decorrência, iniciou-se uma fase de internacionalização do Ironman , com
provas ao redor do mundo, classificatórias para a grande final na ilha de Kona [12].
24
2.2 COMPARTIMENTO DOS LÍQUIDOS CORPORAIS.
Os líquidos corporais estão distribuídos em dois
compartimentos, o intra e o
extracelular. O compartimento extra-celular é formado pelo líquido contido no interstício e
pelo plasma. Os dois compartimentos se comunicam em função da permeabilidade da
membrana endotelial, possuindo constituintes semelhantes. O compartimento de líquido
extracelular corresponde a 20% do peso corporal, atinge cerca de 14 litros
no homem médio
de 70 kg, sendo formado pelo líquido intersticial que corresponde a três quartos, e plasmático
que responde por um quarto do total. Sua composição é feita predominantemente por cátions
de sódio que correspondem a cerca de 142 mmol/l, ânions de cloro e pequena quantidade de
proteínas e potássio, que correspondem a cerca de 4,2 mmol/l. Esta composição do líquido
extracelular é cuidadosamente regulada por diversos mecanismos, particularmente pelos rins,
permitindo que as células permaneçam continuamente banhadas por um líquido que mantém a
concentração de eletrólitos e nutrientes apropriada ao perfeito funcionamento celular. No
compartimento intracelular, encontramos cerca de 28 litros dos 42 litros existentes no corpo,
constituindo cerca de 40% do peso corporal do indivíduo médio. O líquido intracelular
contém pequenas quantidades de cloreto e de íon sódio, cerca de 14 mmol/l, grandes
quantidades de íons de potássio , cerca de 140 mmol/l, fosfato e quase quatro vezes mais a
quantidade de proteínas existentes no plasma [13].
A manutenção de um volume relativamente constante e de uma composição estável
dos líquidos corporais é essencial para homeostasia do organismo. A ingestão diária de água
é variável de pessoa para pessoa, ou mesmo na pessoa em dias diferentes. As fontes de
ingestão externa de água (sólidos e líquidos) somado a produção endógenada da oxidação dos
carboidratos e lipídeos é em torno de 2.300 ml/dia. A perda diária de água se dá pela perda
insensível de água pela pele e trato respiratório, sendo responsável por cerca de 700 ml/dia. A
25
perda de líquido pelo suor é variável podendo chegar de 1 a 2 l/h durante uma atividade física.
Pelas fezes a perda de líquido é de cerca de 100 ml/dia.
Há então, um equilíbrio entre ingesta e excreção cabendo aos rins a tarefa de regular
de forma mais precisa a perda de líquidos e eletrólitos, através de múltiplos mecanismos que
controlam essa intensidade de excreção de urina, ora intensificando, ora inibindo. Com efeito,
o mecanismo pelo qual o organismo mantém o equilíbrio hidro-eletrolítico se dá pelos rins
[14].
2.3 TERMORREGULAÇÃO
2.3.1 Fisiologia
A eficiência mecânica do organismo humano é baixa. Na caminhada rápida ou na
corrida, apenas 25%
da energia química advinda da oxidação dos nutrientes se transforma em
energia mecânica, permitindo o movimento. O restante é transformado em energia térmica. A
energia térmica produzida deve ser dissipada, o que ocorre através de mecanismos
termorregulatórios, sem o qual o organismo entraria em colapso em questão de poucos
minutos.
Existem quatro mecanismos termorreguladores:
Radiação: os corpos em um ambiente captam a energia térmica radiante em relação a
outros, obedecendo sempre o fluxo do mais quente para o mais frio.
Condução: neste mecanismo é necessário o contato dos dois corpos, estabelecendo um
fluxo direto de energia térmica entre eles (quente para o frio).
Convecção: os corpos trocam calor através de superfícies convectivas dinâmicas,
26
como por exemplo, o vento que continuamente troca calor com a superfície corporal.
Evaporação: mecanismo pelo qual a água em contato com a superfície corporal sofre
evaporação liberando o calor desta superfície para o meio ambiente.
Dentre os mecanismos termorregulatórios, o mais eficaz em uma atividade física é a
evaporação que se dá pela produção de suor, principalmente em atividades prolongadas como
triatlo Ironman. Os demais mecanismos têm importância menor à medida que ocorre a
elevação da temperatura externa, chegando a serem desligados quando a temperatura
ambiente é maior que a do organismo. O fluxo sangüíneo convectivo banha as células do
hipotálamo anterior responsáveis pela termorregulação do corpo, que interpreta a temperatura
sangüínea ou central do organismo [15]. Diante de um aumento de temperatura central,
desencadeia-se uma resposta eferente mediada por receptores adrenérgicos nos vasos,
promovendo vasodilatação periférica e conseqüente desvio de sangue para a pele;
concomitantemente são estimulados receptores colinérgicos nas glândulas sudoríparas que
passam a secretar o suor. Desta forma o aumento da temperatura central desencadeia o
mecanismo de termorregulação, por meio da evaporação do suor. O mecanismo da
termorregulação e manutenção da homeostasia cardiocirculatória podem se tornar
conflitantes, principalmente se houver desidratação, em que ocorre uma diminuição do
volume plasmático circulante. Nesta situação o organismo privilegia o sistema
cardiocirculatório em detrimento da termorregulação, através da diminuição da vasodilatação
periférica e produção de sudorese, no intuito de manter o volume plasmático e preservar o
sistema hemodinâmico central. Tal conflito fisiológico pode levar a um aumento da
temperatura central, diminuição de performance, colapso, exaustão, insolação e óbito, daí a
importância da manutenção do estado de hidratação. No entanto, mesmo com o sistema
cardiovascular privilegiado em relação ao sistema termorregulatório, com o progredir do grau
de desidratação o volume de ejeção costuma ser mais baixo em proporção ao déficit de
27
líquido, o que faz com que a freqüência cardíaca seja mais alta em todos os níveis de
exercício submáximo, sendo que este aumento é insuficiente de compensar a queda no
volume de ejeção levando a uma diminuição do consumo máximo de oxigênio e débito
cardíaco durante o exercício no calor [16].
A fim de evitar e orientar a prática da atividade física o comitê em Medicina do
Esporte da Academia Americana de Pediatria recomenda a prática esportiva baseada nos
níveis de estresse térmico medido pelo Índice de Temperatura do Globo e Bulbo Úmido, que
combina as temperatura de medida do ar (Tdb), umidade (Twb), e radiação solar (Tg) através
da equação WBGT= 0,7wb + 0,2 Tg + 0,1 Tdb.
Restrições de Atividades Físicas de acordo com os Níveis de Estresse Térmico:
WBGT (ºC) Restrições da atividades
<24 Qualquer atividade é permitida. Em atividades prolongadas, observar os sinais
de hipertermia e desidratação.
24-25,9 Fazer intervalos mais prolongados na sombra, estimular a ingestão de líquidos
a cada 15 min.
26-29 Interromper as atividades daqueles que não estão aclimatizados ao calor ou
que apresentam algum outro fator de risco. Limitar as atividades para todos os
outros.
>29 Cancelar qualquer atividade física
American Academy of Pediatrics.
2.3.2 Composição do suor.
A sudorese é estimulada em resposta ao aquecimento central do organismo como
forma de termorregular a temperatura. Dependendo da intensidade, condições ambientais,
28
nível de treinamento e estado de aclimatação, a razão de sudorese pode ser igual ou maior que
2 a 3 litros/hora [15, 17] sendo que a perda do suor significa a perda de um fluído vital que se
não reposto leva a prejuízo circulatório e térmico.
O suor é hipotônico em relação ao plasma. Deste modo, com o suor excessivo
inicialmente perde-se mais água que eletrólitos. Porém, ao se considerar a reposição
hidroeletrolítica, na qual se costuma oferecer mais água do que sódio (bebidas com menor
concentração de sódio do que o sangue), no final uma hiponatremia pode ocorrer, por
hemodiluição. A quantidade de perda do sódio vai depender da aclimatação ao calor e razão
de sudorese que o indivíduo apresenta [15]. Indivíduos aclimatados apresentam menor perda
de sal em relação aos não aclimatados, mas têm uma taxa maior de sudorese podendo
apresentar hiponatremia em atividades com mais de 3 horas de duração ao considerarmos o
montante final de sudorese. O suor apresenta cerca de 30 a 60 mmol/litros de sódio e 8 a 15
mmol/litro de potássio. Portanto, é enganoso quando se acha que a perda de sódio é maior que
a de potássio, pois quando se faz uma avaliação relativa verifica-se que a concentração de
potássio no suor é cerca de 2 a 4 vezes maior em relação ao plasma, sendo que a de sódio
corresponde de um terço a metade [18] ou seja, as perdas de potássio em relação a
concentração plasmática são maiores quando comparadas ao sódio, contudo as reservas
intracelulares de potássio são abundantes o que facilita a reposição plasmática deste íon, o que
não ocorre com o sódio.
2.4 DESIDRATAÇÃO
A perda de líquidos de todos os compartimentos do corpo denomina-se
desidratação[14]. Algumas das causas desse tipo de desidratação são: sudorese excessiva,
29
perda de líquido por diarréia e por vômitos; perda excessiva pelos rins nefróticos; ingestão
inadequada de líquidos e de eletrólitos; destruição do córtex adrenal com conseqüente
incapacidade de reabsorção de sódio, cloretos e água pelos rins, o que ocorre na ausência do
hormônio adrenocortical aldosterona. Especialmente em atletas de provas de longa duração, o
mecanismo de desidratação se dá pela perda de suor que pode chegar a ser de 1 a 2 litros/hora,
sendo que fatores como ambiente, condicionamento físico, aclimatação, grau de intensidade
de esforço, e tempo de exposição à atividade influenciam o volume de perda. Uma prova de
longa duração dura mais de 3 horas, inclui triatlo Ironman e outras formas de ultramaratona,
sendo que a intensidade de exercício nesta modalidade costuma se situar em torno de 30 a
70% do consumo máximo de oxigênio. Deste modo, uma solução de reposição oral deve
objetivar suprir água, energia e eletrólitos, especialmente o sódio [15]. Para justificar a
reposição de sal e água nesta situação, considera-se que o suor seja hipotônico em relação ao
plasma, e o conteúdo de sódio pode ser considerado em torno de 30 mmol/litro. Uma
competição de triatlo Ironman pode durar em média 10 ou mais horas, sendo então estimada
uma perda de 10 litros de água (1L/h) e de 300 mmol de Na
+
(30 mmol x 10l). Estima-se que
nestes eventos os atletas ingiram cerca da metade do volume do líquido perdido. Assumindo
que um homem de 70 Kg possui um volume de fluído extracelular de 14 litros, e que a
concentração de sódio plasmático é de 145 mmol/ litros; seu conteúdo de sódio total neste
compartimento será de 2030 mmol (14l x 145 mmol/l). Considerando que metade das perdas
líquidas vêm do compartimento intracelular, e que o volume do compartimento extracelular
seja mantido (14l) pela ingestão, a concentração de sódio será 123 mmol/l (2030-300 / 14l), o
que representa hiponatremia, ou seja, níveis de Na
+
inferiores a 135 mmol/l no plasma. Se o
atleta ingerir uma bebida esportiva contendo 20 mmol/l de Na
+
, no lugar de água, sua
concentração final de sódo plasmático será de 130 mmol/l. Este valor é inferior a
normalidade, porém, alguma água move-se para o intracelular aumentando a concentração
30
deste soluto no plasma [15].
O grau de desidratação pode ser mensurado pela pesagem da massa corporal antes e
após a atividade física, sendo a perda de 0,5 kg correspondente a aproximadamente 480-500
ml de líquido [13]. A desidratação atinge tanto os compartimentos intra quanto extracelulares,
podendo alcançar níveis que dificultam a dissipação do calor e a tolerância ao mesmo, devido
a diminuição do volume plasmático que leva a diminuição do fluxo sangüíneo periférico e do
ritmo da transpiração, comprometendo a função cardiovascular, termorregulatória e a
capacidade de realizar exercícios [19]. Uma perda líquida equivalente a 1% do peso corporal
está associada a um aumento significativo na temperatura retal, em comparação a um mesmo
exercício realizado com uma hidratação normal [20, 21] . Quando a desidratação alcança
perda de água de 4 a 5% do peso corporal é nítido o distúrbio na capacidade de realizar
trabalho e na função fisiológica [22]. Alguns estudos demonstraram que a desidratação de
4,3% do peso corporal levava a uma redução no desempenho da marcha de 48% e queda de
22% no consumo máximo de oxigênio, ao passo que uma desidratação de 1,9% reduziam em
22% e 10% esses parâmetros, respectivamente [23]. A perda de líquido igual a 1% do peso
corporal compromete a termorregulação, na faixa de 3 a 5% pode levar a um aumento da FC,
e temperatura retal, e diminuir o débito cardíaco; e com uma perda de 7% é provável a
ocorrência do colapso durante o exercício [24]. A fim de classificar a desidratação,
considerou-se que a perda percentual de 3% da massa corporal denota uma desidratação leve
e o atleta pode experimentar diminuição de desempenho. A perda entre 3 e 6% corresponde a
uma desidratação moderada com prejuízo da termorregulação , aparecimento de cãimbras,
contraturas e colapso. A perda acima de 6% da massa corporal, corresponde a desidratação
grave e o atleta pode apresentar convulsões, coma e óbito.
A variação de peso que o atleta apresenta pós-prova é útil para avaliação de seu estado
de hidratação, bem como avaliar se os sinais e sintomas clínicos que possa vir a apresentar,
31
são em decorrência de uma possível hiponatremia (possivelmente refletido pelo ganho de
peso) ou desidratação (refletido pela perda de peso). No entanto é importante notar que a
perda de peso total não reflete o verdadeiro déficit de fluído. As alterações de peso corporal
de um atleta de triatlo Ironman é uma somatória de perdas hídricas e de fontes não hídricas,
provenientes da oxidação da gordura, carboidratos e água contida no interior do glicogênio
[25-30]. Rogers et al [25] sugere que a perda absoluta de peso é superestimada, uma vez que
1 a 2 kg de outras fontes diferentes da perda hídrica plasmática são responsáveis pela perda de
peso. Supõem-se então, que o indivíduo que mantém peso ou perde de 1 a 2 kg pós prova,
provavelmente mantém-se superhidratado ou euhidratado, respectivamente[7]. Então, ao se
avaliar o grau de desidratação de um atleta de triatlo Ironman deve-se aplicar um fator de
correção, a fim de não superestimar as perdas hídricas e consequentemente o grau da
desidratação.
Portanto, a desidratação em atletas de atividade prolongada, deve ser uma preocupação
enfática do atleta e da equipe técnica, sendo que o atleta necessita ser conscientizado dos
riscos da desidratação como também daqueles advindos da superhidratação, pois essas duas
modalidades de distúrbios promovem diminuição de desempenho, uma principalmente pela
injúria térmica e outra pela hiponatremia respectivamente [31].
2.5 DISTÚRBIO DO POTÁSSIO
O potássio é um íon predominantemente encontrado no intracelular em nosso
organismo. Ao se examinar o comportamento e a regulação do potássio frente ao exercício,
32
alguns atletas podem apresentar aumento de 5mEq/litro ou mais durante uma atividade de alta
intensidade até a exaustão [32]. Associado ao rápido decréscimo do potássio intracelular do
músculo em contração e aumento dos níveis extracelulares, o atleta pode experimentar fadiga
muscular devido despolarização do potencial de membrana [33-35], porém, ao cessar a
atividade de contração muscular no exercício de alta intensidade, ocorre um rápido
descréscimo do K
+
plasmático a valores próximos de 2 mEq/l [32, 36]. Há relatos que
exercícios submáximos prolongados promovem perdas contínuas de K
+
do músculo
esquelético em contração [37, 38] e levam a mudanças no potencial de membrana de repouso
implicando menos freqüentemente em fadiga muscular [39, 40] . O aumento da concentração
do potássio resultante da liberação do músculo esquelético em contração é contrarregulado
pelo sistema vascular que promove sua distribuição no compartimento de fluídos extracelular
e pela rede de captação de potássio pelos tecidos não contráteis [41, 42]. Após o término do
exercício a concentraçào plasmática de potássio cai para valores de repouso em 30 s [43] e,
dentro de cinco minutos após cessar o episódio de esforço, chega a níveis abaixo do repouso,
sendo um reflexo da alta atividade da enzima Na
+
, K
+
ATPase no músculo esquelético em
recuperação [44-46].
O comportamento fisiológico do potássio pode ser dividido em 7 fases quando se
considera atividade física submáxima:
A primeira fase se dá após 6 a 8 s do início do exercício e não ocorre mudança na
concentração plasmático de K
+
. A fase dois, se dá nos próximos 7s, e verifica-se um rápido
aumento , sendo proporcional a intensidade do esforço. Na fase três ocorre um aumento mais
discreto do potássio atingindo um pico em 1,5 a 3 min após o início do exercício. Na fase
quatro ocorre um decréscimo gradual de cerca de 0,3 a 1,0 mEq/litro na concentração
plasmática do potássio no decurso de 3 a 15 min. A fase cinco se caracteriza por um platô,
onde as concentrações plasmáticas sofrem pequenas variações até a cessação do esforço. A
33
fase seis se dá após a interrupção da atividade e consiste na queda exponencial dos níveis de
potássio plasmático, proporcional a intensidade do esforço. Segue então a fase sete
caracterizada por hipocalemia por cerca de até 90 minutos ou mais [46]. Com o exercício de
alta intensidade as fases quatro e cinco ficam suprimidas [32, 43].
As alterações da homeostasia do potássio podem levar a consequências clínicas,
principalmente a fadiga e arritmias cardíacas, sendo que há dois meios em que a alteração da
homeostasia do potássio leva a fadiga. Esses mecanismos se dão pela alteração do potencial
de repouso de membrana e acidificação intracelular. A fim de minimizar a fadiga se faz
necessário remover o potássio do interstício e removê-lo de volta ao intracelular da célula
muscular em contração ou em recuperação. Primeiramente a diminuição da concentração de
potássio intracelular e aumento no interstício promove um potencial de membrana de
sarcolema menos polarizado. O potássio intracelular diminui devido a rede de perdas durante
atividade e pelo influxo de água promovido pelo acúmulo de metabólitos osmoticamente
ativos intracelulares, como fosfatos inorgânicos, creatina e lactato resultante da hidrólise da
fosfocreatina e ativação da glicólise durante o pico do exercício [47].
A alteração do potencial de membrana de repouso, devido ao desbalanço deste íon
pode estar associado a bloqueio de despolarização e consequente potencial de ação reduzido
ou abolido, levando a diminuição da força de contração [35].
O aumento da concentração de H
+
intracelular é reconhecida como um importante
modulador da função músculo esquelética por agir simultaneamente, diminuindo a atividade
das enzimas envolvidas no consumo de ATP ( Ca2+ ATPase, miosinaATPase, e
Na
+
K
+
ATPase) e na produção de ATP [48] . Isto sugere que o decréscimo do K
+
intracelular
tem um papel inibitório na força de contração muscular. Então, de forma simultânea e
complementar o K
+
e H
+
promovem efeitos no sarcolema, retículo sarcoplasmático, processo
de contração e enzimas metabólicas no sentido de prevenir uma demanda possivelmente
34
catastrófica sobre o músculo esquelético.
A etiologia de mudanças eletrofisiológicas cardíacas, muitas vezes seguido de morte
súbita, têm sido atribuída a alterações abruptas, grandes e geralmente sustentadas na
concentração do potássio plasmático. Há uma associação histórica entre morte cardíaca súbita
e exercício [49, 50] e esta tem sugerido que a hipercalemia do exercício vigoroso, bem como
a hipocalemia no período de recuperação resultam em arritimias cardíacas que podem
precipitar morte súbita, particularmente em indivíduos que possuem doença estrutural
cardíaca prévia. Na avaliação do ECG pode-se verificar em virtude do aumento de potássio
plasmático: diminuição da frequência de contração, onda T em tenda (5-7 mEq/l), depressão
do segmento ST (8-10mEq/l), bloqueio intraventricular (10mEq/l), depressão da onda P ( 9-
11mEq/l), falência cardíaca (14-16mEq/l) [51, 52]. Após cessar a atividade física a queda dos
níveis de potássio plasmático (hipocalemia) e elevação intracelular, resulta em rápido
aumento do potencial de repouso da membrana e aumento da velocidade e amplitude do
potencial de ação [52]. Em preparações experimentais a membrana hiperpolarizada leva a
aumento da atividade de marcapasso pelas fibras de Purkinje, duração do potencial deão
ventricular diminuído e fase prolongada da despolarização rápida, que pode levar a arritmias
letais [52].
Diante das considerações fisiológicas expostas, estabelecer o equilíbrio eletrolítico do
potássio torna-se importante, uma vez que perdas ocorrem no decurso da atividade física pelo
processo de termorregulação através da sudorese, as quais podem influir na homeostasia deste
eletrólito.
As bebidas esportivas disponíveis comercialmente, contêm cerca de de 2.5 a 5
mmol/litro de potássio. Uma vantagem específica na reposição de bebida esportiva contendo
potássio não é geralmente reconhecida e resultados com poucos estudos sugerem que não
vantagens na reposição de fluído contendo potássio [53, 54]. O Colégio Americano de
35
Medicina Esportiva publicou uma posição padrão sobre exercício e reposição de fluídos [55],
com o objetivo de fornecer um guia de reposição a fim de evitar ou minimizar os efeitos
debilitantes do défict de água e eletrólitos sobre a função fisiológica e performance do
exercício. A maior consideração em respeito ao potássio, foi que o mesmo deve ser garantido
na ingestão de bebidas durante e após a atividade física, contudo, se não há base fisiológica e
nem vantagem identificada na ingestão de bebidas contendo potássio durante atividade física,
a posição do Colégio Americano deveria padronizar a não inclusão deste nas bebidas
esportivas, considerando-o como um aditivo desnecessário, sendo ainda que pesquisas
sugerem que o potássio perdido em uma atividade física é facilmente reposto por uma dieta
normal no período pós exercício [56].
O déficit total de potássio após um episódio de atividade física corresponde a
somatória das perdas pelo suor, secreções gastrointestinal e urina, corrigido pelo potássio que
é absorvido durante o exercício. As perdas de potássio pelo suor são em torno de 5 a 18 mmol
em uma atividade competitiva leve, sendo um consenso que esta perda é facilmente reposta
durante o período de recuperação, proveniente de fontes variadas, em que a ingesta de bebida
contendo 5 a 10 mmol/litro de potássio é suficiente para suprir este déficit. Estudos [53, 54]
argumentam contra a necessidade deste eletrólito na bebida esportiva, uma vez que o
exercício cursa com hipercalemia sustentada durante a atividade. Em contraste, outros estudos
sugerem que adicionar o potássio na bebida esportiva diminui a possibilidade de hipocalemia
no período de recuperação, e mantém a resposta fisiológica normal de hipercalemia em
episódios subseqüentes de atividade física, podendo ser esta a responsável de um melhor
desempenho [57, 58] .
É possível que a magnitude da hipercalemia que acompanha o episódio de exercício
seja amenizada pelas perdas na urina, através da liberação de aldosterona estimulado pela
queda do sódio plasmático. No entanto, o efluxo de potássio pode ser estimulado a fim de
36
manter a hipercalemia. Então, bebidas pobres em sódio que estimulam o efeito da aldosterona
e conseqüentemente do balanço de potássio, são inapropriadas, assim como bebidas pobres
em potássio podem diluir a concentração deste eletrólito e estimular o efluxo da reserva
intracelular. As reservas intracelulares contêm cerca de 3000 a 4200 mmol de potássio para
mobilização, garantindo que os sintomas clínicos ou fadiga não sejam sentidos até a depleção
de 2% desta reserva [18], ou seja 60 a 80 mmol , o que pode ser facilmente atingido em uma
prova de triatlo Ironman se a taxa de sudorese do atleta for de 1litro/hora, durante 10 horas na
concentração de 6mmol/l deste eletrólito no suor. Acredita-se que a depleção de potássio
tenha efeito concomitante no processo de rabdomiólise e mioglobinúria, uma vez que o
potássio é liberado pelas fibras musculares esqueléticas durante o processo de contração
muscular aumentando a concentração no fluído insterstícial. Acredita-se que isto medeie a
vasodilatação arteriolar e conseqüente aumento do fluxo sangüíneo muscular. Se a liberação
pelo músculo deficiente for subnormal, o exercício pode não ser acompanhado pelo fluxo
sangüíneo suficiente e a rabdomiólise pode ocorrer em conseqüência de isquemia [59]. Tal
situação é pertinente em atividades de longa duração com grandes perdas de suor.
Conclui-se que, importante consideração deve ser dada na orientação quanto a
reposição de potássio na bebida esportiva quando se trata de atividades de longa duração
como ultra maratonas e triatlo Ironman.
2.6. DISTÚRBIO DO SÓDIO
2.6.1 Hiponatremia: conceito, aspectos clínicos, incidência e etiologia.
A hiponatremia se define de forma simples como um desequilíbrio hidroeletrolítico
37
que resulta na queda anormal da concentração plasmática de sódio com níveis inferiores a 135
mmol/l [60], ou uma entidade clínica caracterizada por valores de sódio sérico menor que
135mEq/l [61].
A manutenção de valores baixos de sódio plasmático leva a um desequilíbrio osmótico
nos compartimentos de fluídos corporais, afetando conseqüentemente o equilíbrio na barreira
hematoencefálica, levando a rápida entrada de água no cérebro (edema cerebral) e
comprometimento das funções neurológicas de forma progressiva, podendo culminar em
óbito em conseqüência de lesão do tronco cerebral [60]. A gravidade das conseqüências
clínicas têm relação direta com a velocidade e queda dos níveis plasmáticos de sódio e seus
valores finais, ou seja, quanto mais baixa a hiponatremia, maiores são as conseqüências
clínicas.
Concentração plasmática de sódio entre 125-135 mmol/l geralmente resulta em
sintomas não perceptíveis ou em distúrbios gastrointestinais relativamente moderados, tais
como a distensão ou náusea moderada. Concentração plasmática de sódio < 125 mmol/litro,
os sintomas tornam-se mais graves e incluem cefaléia latejante, vômitos, sibilos, edema de
mãos e pés, inquietação, fadiga incomum, confusão e desorientação [62].Concentração
plasmática de sódio < 120 mmol/l, é mais provável que haja a ocorrência de crises
convulsivas, parada respiratória, coma, danos cerebrais permanentes e morte.
Entretanto, alguns atletas sobreviveram à hiponatremia que atingiu valores <115
mmol/l [63] enquanto outros foram a óbito mesmo com níveis plasmáticos de sódio >120
mmol/l [64].
A incidência de hiponatremia fatal é rara, contudo estudos demonstram que a
hiponatremia não fatal é comum e estimativas em eventos prolongados como maratonas e
triatlo Ironman variam bastante e em alguns casos atingem mais de 30% dos atletas avaliados
[28]. Hiponatremia sintomática foi relatada pela primeira vez em dois atletas que participaram
38
da maratona de Comrades na África do Sul em 1981 [65] bem como outros dois casos foram
subsequentemente relatados [5].relato [66] que 9 entre 16 (56%) pessoas admitidas no
hospital após maratona de Comrades em 1985 estavam hiponatrêmicas. Os achados comuns
destes casos foram que eles ocorreram após exercício muito prolongado de moderada
intensidade e/ou recreacional em oposição a atletas altamente treinados e competitivos. Mais
recentemente Hiller [9, 67-69] e O’Toole [70] relataram a incidência de hiponatremia entre
13% a 29% em competidores de triatlo Ironman no Havaí. O primeiro registro em prova mais
curta, no caso a maratona (42,2 Km), foi realizado por Young et al. [71].
Estes estudos demonstram a importância que deve-se ter quanto aos aspectos clínicos e
quanto a abordagem da hiponatremia, uma vez que a mesma ocorre mais freqüentemente do
que o esperado. A importância clínica desta condição é que a hiponatremia profunda em
relação a desidratação e hipertermia oferece maior risco a saúde entre os atletas de eventos de
endurance muito prolongados como triatlo Ironman. Noakes [5] relatou complicações
potencialmente fatais em três corredores de longa distância que apresentaram hiponatremia
profunda, dentre elas: convulsões, falência respiratória, síndrome do estresse respiratório
agudo, coma com aumento da pressão intracraniana e eminente herniação de tonsilas
cerebelares. Young [71] relatou um caso de edema pulmonar, falência respiratória e
hipotensão em prova de longa duração, e Laird [72] relatou 1 caso de coma por 4 dias após
Ironman do Havaí em 1984.
Curiosamente, o sexo feminino é mais susceptível a desenvolver hiponatremia [60].
Davis e cols [73] apresentaram um relatório sobre a Maratona de San Diego, em que 23 dos
26 casos de hiponatremia eram mulheres. Já Ayus e cols [74], relataram que 5 entre 7 casos de
hiponatremia ocorreram no sexo feminino. Na Nova Zelândia, Speedy [27] observou que os
casos de hiponatremia eram três vezes mais freqüentes entre as mulheres. Contudo, essa
tendência parece ser mais relacionada a fator comportamental do que biológico, uma vez que
39
as mulheres têm uma preocupação maior na ingesta de líquidos (água), sendo mais atentas as
orientações de especialistas e seguindo, muitas vezes de forma exagerada, o conceito de que
manter-se bem hidratado é bom para a saúde e para o desempenho físico. Há autores que
defendem que as mulheres têm um menor requerimento de ingesta de fluído em relação aos
homens, associado ao fato de terem um menor compartimento de fluído corporal e levarem
mais tempo para concluírem a prova; fatores estes que propiciam a sobrecarga hídrica e a
hiponatremia [5, 26, 27, 75, 76] . Mesmo que o risco no desenvolvimento da hiponatremia
seja igual entre homens e mulheres, o prognóstico clínico nas mulheres é pior, uma vez que o
estrogênio inibe a enzima ATPase da bomba Na
+
-K
+
a qual tem um papel importante em por o
K
+
para fora dalula frente ao edema causado pela hiponatremia, numa tentativa de
compensar a osmolalidade e evitar a entrada de mais água intracelular [62, 77].
A etiologia deste distúrbio ainda é controverso, contudo há algumas considerações
mais plausíveis como a sobrecarga da ingesta hídrica com reposição insuficiente de sódio[78],
atividade inapropriada do hormônio antidiurético [79-81], seqüestro de sódio para o intestino
(terceiro espaço), perda de sódio excessiva no suor, insuficiência renal em eliminar o excesso
de líquido [82]. Dentre todas essas possibilidades o excesso de ingesta hídrica pobre em sódio
associado ou não a outros fatores parece ser a principal causa da hiponatremia em atletas de
triatlo Ironman [83]. Alguns estudos demonstraram que atletas que apresentam uma maior
variação de perda de peso corporal, ou seja, desidratam mais, cursam com maiores níveis de
sódio sérico [84], ao passo que aqueles que mantêm peso, ou ganho, ou apresentam pouca
variação percentual de peso pré e pós prova tendem a cursar com hiponatremia [85-87].
Diante destes achados torna-se importante a atenção a ser despendida ao distúrbio do
sódio, como a hiponatremia, a qual pode oferecer risco iminente a vida do atleta, sendo
contudo evitável, desde que organizadores , técnicos e atletas tenham conhecimento dos riscos
e tracem estratégias preventivas[88] .
40
2.7 REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA
É vital que a reposição dos fluídos perdidos na sudorese seja feita para que a atividade
física siga sem prejuízo térmico e circulatório[19].
A desidratação entre 1 a 2% da perda de peso corporal, da início ao aumento da
temperatura do organismo em 0,4
o
C para cada percentual subseqüente de desidratação. Porém
a reposição em volumes equivalentes as perdas previne o declínio no volume de ejeção
ventricular, beneficiando a termorregulação, pois aumenta o fluxo sangüíneo periférico,
facilitando a transferência de calor.
Especialmente no exercíco de longa duração, água, eletrólitos e estoques de glicogênio
são depletados, e a menos que estes elementos sejam restaurados o atleta pode experimentar
condições como hipovolemia, hipoglicemia, hiponatremia, hipertermia e, principalmente, a
desidratação[15]. As condições clínicas, sinais e sintomas da desidratação devem ser
reconhecidos e associados ao percentual de perda de peso corporal. Uma desidratação leve a
moderada favorece sinais e sintomas como fadiga, perda de apetite, sede, pele vermelha,
intolerância ao calor, tontura, oligúria, e aumento da concentração da urina. Quando grave,
pode-se encontrar pele seca e murcha, olhos afundados, visão fosca, delírio, espasmos
musculares, choque térmico, coma e evolução para óbito. A não reposição eletrolítica ou
superhidratação pode ocasionar ou colaborar para a hiponatremia, e seus sinais e sintomas
41
devem ser diferenciados da desidratação, por critério específico como dosagem de sódio
sérico capilar e pesagem de massa corporal antes e após a atividade física, uma vez que os
achados clínicos podem ser semelhantes e dificultar o diagnóstico [8] .
As perdas de eletrólitos vêm com o suor, e a concentração de sódio encontrado nele é da
ordem de 30 a 60 mmol/l, ou seja um terço a metade da concentração plasmática. As perdas
de potássio no suor são de 5 a 18 mmo/l, ou da ordem de duas a três vezes da concentração
plasmática, porém, os estoques deste íon potássio são abundantes no intracelular e facilmente
repostos no plasma, o que não ocorre com o sódio plasmático [18]. A perda de sódio é
dependente do estado de aclimatação e índice de sudorese do atleta, sendo uma preocupação
maior nas atividades de longa duração. O atleta aclimatado sofre menos perdas deste íon,
porém, maior quantidade de sudorese ocorre em relação àquele não aclimatado [89], sendo
que em um episódio de exercício maior que 3 horas o atleta pode apresentar perdas que
resultem em hiponatremia, o que é potencialmente fatal e evitável. Em adição as perdas de
água e eletrólitos, o exercício prolongado pode levar a hipoglicemia e depleção de glicogênio,
fatores que contribuem para o aparecimento da fadiga [90]. Desta forma, a reposição de
eletrólitos, água e carboidratos devem objetivar a homeostasia dos sistemas circulatório,
metabólico e termorregulatório.
A característica da bebida de reposição hidroeletrolítica deve ser apropriada a necessidade
desta, e fatores individuais, climáticos e da atividade em que o atleta está envolvido deve ser
considerado nesta formulação. O Colégio Americano de Medicina Eportiva publicou um guia
de reposição de bebida [15] baseado em diferentes durações de eventos atléticos,
considerando a necessidade de prover água, eletrólitos e energia durante e após o episódio de
exercício, dentro de cada categoria. As divisões foram entre eventos com menos de 1 hora,
eventos entre 1 a 3 horas e aqueles superiores a 3 horas. Estudo [91] demonstrou que a
42
reposição de água em atividades com menos de 1 hora deve ser feito para diminuir o aumento
da temperatura central, a reposição de sódio não se faz necessária ao considerar-se que mesmo
uma razão de sudorese de 2 a 3 litros por hora, levaria a um nível plasmático de 136mmol/l se
o atleta ingerir metade das perda apenas de água. A reposição de CHO merece mais estudos
nesta situação, contudo não é recomendado nesta categoria, principalmente por se tratar de
atividades de alta intensidade em que o esvaziamento gástrico é prejudicado [92]. Eventos
com duração de 1 a 3 horas são realizados geralmente em torno de 60 a a 90 % do consumo
máximo de oxigênio, e deve-se ter a preocupação em prover fluído e energia ao atleta. A
reposição de sódio é indicada pra melhorar a palatabilidade e aumentar a absorção de glicose,
mas não como uma condição de evitar a hiponatremia. Em eventos de mais de três horas de
duração, como ultramaratonas e triatlo Ironman, a intensidade de esforço gira em torno de 30
a 70% do consumo máximo de oxigênio e além de energia e fluídos deve-se fornecer
eletrólitos ao atleta, principalmente o sódio, uma vez que ao final de uma prova de 3 horas de
duração a taxa de sudorese de 2 litros por hora e a ingesta de metade das perdas na forma de
água resulta em níveis de sódio abaixo de 132 mmol/l no plasma. Se considerar a prova de
triatlo Ironman com duração de 10 horas e taxa de sudorese de 1 litro por hora e reposição de
metade das perdas sob a forma de água, o nível plasmático final de sódio é em torno de 123
mmol/l [15], sendo que esta situação é evitável se a ingeta do fluído conter 20 a 30 mmol/l de
sódio.
Recomenda-se então a reposição em eventos de longa duração, ou com duração maior que três
horas, a ingesta de 300 a 500 ml de água pré evento, 500 a 1000 ml por hora de fluído entre 5
e 15
o
C contendo 6 a 8 % de CHO com 20 a 30 mmol/ de sódio durante a atividade. A
reposição de K
+
nestes casos pode ser benéfica na quantia de 3 a 5 mmol/l [15].
43
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Este estudo caracteriza-se por ser descritivo. A metodologia empregada é quantitativa,
uma vez que a pesquisa em questão favorece este tipo de abordagem. Segundo Richardson
[93], o método quantitativo caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas
modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas, desde as mais simples como percentual quanto as mais complexas. Representa,
em princípio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e
interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às
inferências. É um estudo inter-relacional do tipo estudo de caso, que não envolve apenas uma
pura constatação de dados, mas estabelecimento de relações entre as variáveis, requerendo
uma investigação intensiva a respeito da amostra visando a descoberta, a interpretação em
contexto, buscando retratar a realidade de forma completa e profunda [94].
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A amostra do estudo foi constituída por 109 atletas voluntários que participaram do
triatlo Ironman Brasil, no período entre 2002 a 2005, sendo critério de inclusão obrigatório
estar inscrito na prova e completá-la, não havendo restrições quanto ao sexo e idade. No total,
89 atletas foram inclusos no estudo, sendo que apenas 77 foram avaliados quanto ao
44
parâmetro do potássio sérico. Todos concordaram com a pesquisa e autorizaram a divulgação
dos resultados obtidos, de acordo com o termo de consentimento previamente assinado.
3.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
Na semana que antecede o dia da prova, ocorre o congresso técnico. Por ocasião deste,
os atletas foram convidados a participar voluntariamente da pesquisa. A mesma consistiu na
coleta de amostra de 10 ml de sangue dois dias antes e imediatamente após a prova, e a
pesagem da massa corpórea imediatamente antes e após, com o mínimo de roupa possível,
apenas a sunga de natação. As amostras sangüíneas foram avaliadas por exames bioquímicos
em aparelho apropriado. A automação foi utilizada para as análises de sódio e potássio,
utilizando o aparelho ADVIA – BAYER, que é um analisador imunoquímico automático
capaz de realizar testes em soro, plasma, urina e líquidos. O módulo fotométrico realiza
métodos bioquímicos e imunoturbidimétricos. O módulo ISE (eletrodos seletivos) para íons
mede as concentrações de sódio e potássio em amostras de soro, plasma ou urina. Os valores
de referência do laudo foram: sódio de 135 a 145 mmol/l; potássio de 3,0 a 5,5 mmol/l. A
pesagem de massa corporal foi realizada com balança digital pré-calibrada da marca Tanita
modelo Ultimate, com capacidade máxima de mensuração de 136 Kg, graduada a cada 0,2
Kg.
3.4 COLETA DE DADOS
O projeto elaborado para o presente estudo foi submetido ao processo de aprovação
pelo Comitê de Ética, através do preenchimento dos formulários e encaminhamento para
apreciação, o que, associado à etapa de qualificação, permitiu que fossem implementados os
45
ajustes finais ao projeto de dissertação.
Contato inicial e coleta do material: Os atletas foram convidados, por ocasião do
congresso técnico, a participarem do estudo voluntariamente. O congresso técnico é o
encontro dos atletas com a comissão organizadora para esclarecimentos de regras e dúvidas,
sendo, portanto, um momento propício ao convite, pois a grande maioria dos atletas está
presente. Ao final do congresso os atletas foram convidados a se dirigirem ao posto do
laboratório de coleta móvel para realizarem a primeira coleta sangüínea. A segunda foi
efetivada por ocasião da conclusão da prova. A pesagem de massa corpórea se realizou
momentos antes da largada da natação por ocasião da pintura do número de inscrição, e na
conclusão da prova de maratona (linha de chegada).
3.5 ANÁLISE DOS DADOS (TRATAMENTO ESTATÍSTICO)
Para interpretação dos resultados foi utilizada estatística descritiva básica, com cálculo
de média, desvio padrão, mediana e coeficiente de variação, para os valores de sódio e
potássio e percentual de desidratação, e uma parte inferencial, que estudou a significância
estatística da correlação entre os resultados dos exames.
46
4. RESULTADOS
Da amostra estudada, 20 atletas foram excluídos por motivos diversos: três deles
não concluíram a prova e 17 não realizaram uma das pesagens (antes ou depois). Dentre os
89 atletas avaliados, 12 não foram considerados quanto ao potássio sérico, pois seus
resultados geraram erro de análise, devido a ocorrência de hemólise sanguínea em suas
amostras.
A distribuição por sexo demonstrou 10 mulheres (11,2%) e 79 homens (88,76%)
com idade média de 34 anos.
A determinação do percentual do grau de desidratação se fez através da fórmula:
(Ppré-FC)-Ppós x 100/(Ppré-FC), sendo que:
Ppré= peso pré prova
Ppós= peso pós prova.
Fc= Fator de correção.
O fator de correção representa o peso das perdas de fontes não hídricas, evitando
uma superestimação do grau de desidratação. Neste estudo considerou-se o FC igual a 1 kg,
aplicado a um atleta de 70 kg e proporcionalmente para mais ou para menos, sendo a maior
correção utilizada de 1,3 kg para um atleta de 91 kg, e a menor correção de 0,78 kg para um
atleta de 54 kg.
A determinação da variação percentual (delta) de peso se fez através da fórmula:
[(Ppós-(Ppré-FC)]x100/(Ppré-FC).
Os dados estatísticos descritivos das variáveis estudadas estão representados na tabela
1.
47
TABELA 1
Estatísticas descritivas dos dados utilizados na análise
Variáveis N Mínimo Mediana Máximo Média Desvio
Padrão
Coeficiente de Variação
Sódio final 89 131,00 140,00 147,00 140,03 3,32 2,4%
% Desidratação 89 -2,35 2,10 6,96 2,44 1,92 78,7%
% Delta de peso 89 -9,86 -5,00 -0,55 -5,35 1,92 36,0%
Potássio inicial 77 3,80 4,60 5,70 4,64 0,37 7,9%
Potássio final 77 3,80 4,60 5,60 4,65 0,41 8,9%
O percentual de desidratação e a mudança percentual de peso (% delta) foram correlacionados
com o sódio sérico final através de análise inferencial e de diagrama de dispersão
representado pelas figuras 1 e 2.
Figura 1 – Diagrama de dispersão entre o nível de sódio final e % desidratação.
48
A correlação entre as variáveis, considerando 89 casos válidos, é estatisticamente
significativa (p=0,002) e sua estimativa é de 0,3245, indicando uma associação positiva de
intensidade fraca-moderada, na qual o aumento do percentual de desidratação provoca um
aumento no nível de sódio final. A equação de regressão que relaciona as variáveis está
apresentada a seguir: Na
final
= 138,6632 + 0,5608 Desidratação%.
130
132
134
136
138
140
142
144
146
148
-8 -6 -4 -2 0 2 4
Delta de Mudança de Peso [%]
Sódio
Figura 2 – Diagrama de dispersão entre o nível de sódio final e o delta de mudança % de
Peso
A correlação entre as variáveis, considerando 89 casos válidos, é estatisticamente
significativa (p=0,002) e sua estimativa é de -0,3245, indicando uma associação de
intensidade fraca-moderada. O aumento do percentual delta de mudança de peso provoca
uma diminuição no nível de sódio final. A equação de regressão que relaciona as variáveis é
apresentada a seguir: Na
final
= 137,0361 – 0,5608 Delta de Mudança de Peso%.
49
Neste estudo, classificou-se o grau percentual de desidratação e avaliou-se a
distribuição dos achados laboratoriais de hiponatremia (Na+ < 135 mmol/litor) no contexto
desta estratificação. Observou-se que os casos de hiponatremia foram mais incidentes em
grau de desidratação leve ou quando houve ganho e/ou manutenção de peso. Em graus
moderados ou graves de desidratação o houve ocorrência de casos laboratoriais de
hiponatremia. Os resultados são representados na tabela 2.
TABELA 2
Distribuição dos competidores por grau de desidratação e hiponatremia em cada grau.
Ganho de peso Leve Moderada Grave Total
<=0% 0 - 3% 3 - 6%) >6%
Total
6
(6,7%)
50
(56,2%)
29
(32,6%)
4
(4,5%)
89
(100%)
Com Hiponametria
(Na<=135)
2
(22,2%)
7
(77,8%)
0
(0,0%)
0
(0,0%)
9
(100%)
O potássio rico foi avaliado de forma isolada, analisando-se os níveis iniciais e
finais de cada atleta. Observou-se que no universo de 77 atletas apenas um atleta apresentou
nível inicial discretamente superior ao limite superior da normalidade e um atleta apresentou
nível final discretamente superior ao nível superior da normalidade.
50
Figura 3 – Nível de potássio antes e depois da realização da prova (n=77)
51
5. DISCUSSÃO
Estudos prévios alertam que a equipe médica deve estar preparada para atender no
mínimo de 2 a 10% dos atletas participantes de uma prova de triatlo com menos de quatro
horas de duração, 10 a 20% em provas de quatro a oito horas e, no nimo, 20% dos atletas
participantes de provas de 9 a 17 horas[9], que é o caso do triatlo Ironman.
No triatlo Ironman do Havaí em 1988, 25% dos corredores necessitaram de
assistência médica
. em 1997, no triatlo Ironman da Nova Zelândia, 15 a 20% dos atletas
necessitaram de cuidados na tenda médica[7]
.
O percentual de atendimento médico entre os anos de 2002 e 2005 em Florianópolis
foi entre 20 a 25% (dados o publicados), o que foi concordante com os achados de outros
autores. Isto reflete a necessidade da equipe médica estar preparada logisticamente para
assistir da melhor forma possível o atleta. Além da estrutura e equipamentos adequados, é
importante ao médico estar ciente das possibilidades diagnósticas mais incidentes e dessa
forma estar preparado para o diagnóstico e terapêutica.
Os achados de alterações hidroeletrolíticas neste estudo correspondem principalmente
à situação de hiponatremia e desidratação. Os resultados aqui encontrados não refletem a
incidência destes distúrbios no contexto geral da prova, pois todos os atletas que foram
avaliados não precisaram de atendimento médico, sendo que provavelmente a incidência de
desidratação ou hiponatremia seria maior ou, no mínimo, melhor avaliada entre os atletas que
necessitaram ser encaminhados para a tenda médica, uma vez que estes apresentavam alguma
queixa ou sinais ou sintomas específicos possivelmente relacionados a distúrbios
hidroeletrolíticos.
52
Um aspecto importante observado neste estudo foi a tendência do comportamento
eletrolítico quando relacionado com o estado hídrico do atleta. Verificou-se uma relação
inversa entre o sódio sérico final e as mudanças percentuais do peso da massa corporal,
concordante com achados de outros autores [25,85], ou seja, atletas que mantêm peso, ou
perdem pouco peso, têm a tendência de apresentar menores valores de sódio sérico,
sugerindo que a hiponatremia seja em decorrência de uma superhidratação e conseqüente
diluição deste eletrólito [25]. Neste caso, as perdas hídricas teriam sido supercompensadas
provavelmente com fluídos pobres em sódio. Outro autor [61], no entanto, encontrou casos
de hiponatremia em atletas que apresentavam desidratação e não superhidratação,
provavelmente devido as perdas hídricas terem sido insuficientemente compensadas, tanto
em quantidade hídrica quanto eletrolítica. A hiponatremia neste caso parece ser menos
comum, porém possível.
Outra forma de interpretar este comportamento seria pela correlação feita entre o
grau de desidratação ou estado hídrico do atleta e o sódio final, (fig 1), que demonstra haver
uma tendência, para aqueles que têm um maior grau de desidratação, de apresentarem
maiores níveis de sódio sérico final, e para aqueles que se mantêm euhidratados ou
superhidratados apresentarem tendência à hiponatremia. A etiologia deste distúrbio ainda é
controverso, sendo que dentre as possibilidades, o excesso de ingestão hídrica associado ou
não a outros fatores parece ser a principal causa da hiponatremia em atletas de triatlo
Ironman. A distribuição de casos hiponatrêmicos dentro de cada grau de desidratação
representado na tabela 2, demonstra a tendência da maior incidência de hiponatremia entre
atletas que mantiveram ou perderam pouco peso, sugerindo a diluição como causa.
Determinar o grau de desidratação mostrou-se um grande desafio, uma vez que essa
determinação baseia-se nas mudanças do peso da massa corporal, sendo que 500 mg
corresponde a 480-500 ml [24]
. Porém, o grau de desidratação é superestimado quando
53
calculado unicamente pela diferença de peso corporal determinado pré e pós prova, pois
que se considerar as alterações de peso corporal de um atleta de triatlo Ironman provenientes
de fontes não hídricas [25].
Ao se analisar dados preliminares de 2002, verificou-se que o grau de desidratação
encontrado o correspondia à condição clínica dos atletas [95]
.
Foi, então, considerada a
necessidade de se aplicar um fator de correção
, para se avaliar corretamente a perda hídrica e,
conseqüentemente, o grau de desidratação de um atleta, por meio das alterações de peso
corporal. Dessa forma, aplicou-se o fator de correção de 1kg a um atleta padrão de 70 kg e
proporcionalmente aos atletas de maior e menor peso. Acredita-se, então, que a avaliação do
grau de desidratação se aproximou mais do real, permitindo avaliação mais fidedigna.
Neste estudo o comportamento do potássio sérico se mostrou dentro dos níveis
normais em todos os atletas, sendo que apenas um atleta apresentou valor discretamente
superior à normalidade antes da prova e outro atleta apresentou a mesma condição no pós
prova, denotando que a reposição das perdas deste eletrólito ocorreu facilmente,
provavelmente pela oferta disponibilizada ao longo da prova por meio de bebidas isotônicas,
que costumam conter potássio suficiente para manutenção do equilíbrio deste íon no
compartimento extracelular.
Torna-se imperativo o reconhecimento das possíveis alterações hidroeletrolíticas
pelos atletas, comissão cnica, comissão organizadora e equipe de saúde, de modo que o
diagnóstico e a terapêutica sejam estabelecidos corretamente. Formas diagnósticas simples
podem ser adotadas sistematicamente pela organização da prova a fim de propiciar segurança
ao atleta, como a pesagem compulsória por ocasião do congresso técnico e adoção de
aparelhos portáteis de dosagem de sódio sérico na tenda médica, otimizando o diagnóstico
terapêutico e conseqüente segurança e qualidade do tratamento oferecidos ao atleta.
54
6. CONCLUSÃO
1. Distúrbios hidroeletrolíticos foram evidenciados neste estudo, sendo a desidratação
presente em diferentes graus.
2. Houve uma tendência a ocorrência de hiponatremia entre atletas de menor grau de
desidratação, aqueles que apresentaram manutenção ou mesmo ganho de peso corporal
concluindo-se ser a diluição, por excesso de hidratação, a etiologia provável da hiponatremia.
3. Não foram observadas anormalidades relevantes nos níveis plasmáticos de
potássio.
4. Estratégias de prevenção, diagnóstico e terapêutica podem e devem ser
sistematicamente instituídas para minimizar a incidência dos distúrbios hidroeletrolíticos em
atletas praticantes de eventos de longa duração como o triatlo Ironman.
55
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Medicina Esportiva, 2003 vol 9, suplemento 1, p: S 54.
64
ANEXOS
65
ANEXO A
CONDIÇÕES AMBIENTAIS.
As condições ambientais foram registradas e os dados fornecidos pelo
EPAGRI/INMT, sendo os resultados demonstrados no quadro 1.
Dia T º máxima T º mínima Umidade máx. Umidade mín.
25/05/2002 25,4 ºC 13 ºC 89% 47%
31/05/2003 27,2 ºC 12,4 ºC 81% 41%
29/05/2004 21,8 º 8,5 ºC 93% 77%
29/05/2005 26,2 ºC 17,2 ºC. 82% 64%
Quadro 1: Condições de temperatura e umidade nos anos de 2002 a 2005.
Fonte: EPAGRI/INMT
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