BACELAR, Vera Lúcia da Encarnação. A linguagem psicocorporal como expressão
de estado lúdico. 2007.112 f. Monografia (Mestrado em Educação) – Faculdade de
Educação, Universidade Federal da Bahia. Orientador: Profº Dr. Cipriano Carlos
Luckesi.
RESUMO
É natural se pensar em ludicidade quando falamos sobre Educação Infantil. Entretanto,
nem sempre a criança que participa das atividades que são propostas, com o objetivo de
serem lúdicas, vivencia os sentimentos de alegria, de prazer, entrega, embevecimento ou
divertimento. A palavra ludicidade, repetida diversas vezes ao longo dessas páginas,
refere-se a uma experiência que se passa no interior do indivíduo, motivada por uma
atividade qualquer, que lhe traz sentimentos de inteireza, alegria, prazer. Esses
momentos lúdicos podem atualizar e modificar experiências negativas vividas
anteriormente, proporcionando bem-estar, liberando a pessoa de possíveis
ressentimentos para viver e conviver de forma mais livre e construtiva. Na experiência
lúdica, os aspectos corporal, emocional, mental e social do indivíduo estão presentes de
forma integrada, contribuindo para uma construção equilibrada do ser. Contudo, para
que a ludicidade alcance este objetivo na Educação Infantil, é fundamental a atenção do
educador para o fato de que as crianças realmente vivam essa ludicidade. O desafio está
em verificar a vivência da ludicidade numa dimensão interior, através das expressões
corporais: o olhar, os sons, a postura, o ritmo e intensidade dos movimentos, a tensão e
relaxamento muscular. E é a este fenômeno que esta pesquisa se dedica. Busquei nas
teorias de Jean Piaget e André Lapierre o suporte a respeito de como se dá o
desenvolvimento da criança na faixa etária de um a três anos, para entender suas reações
e expressões. De posse desses conhecimentos, o educador pode avaliar as crianças e
atendê-las, na medida das possibilidades inerentes à realidade do espaço de educação
em que estão inseridos, ou seja, a estrutura física, os recursos materiais e humanos
disponíveis, que são indispensáveis para a consecução das atividades com crianças
numa creche. Nesta fase de vida, o corpo é o instrumento de comunicação das crianças
com os objetos e pessoas a sua volta. É através dele que a criança expressa suas
necessidades, seus sentimentos e emoções. Entretanto, de nada vale essa expressão se os
educadores à sua volta não estão atentos a essa linguagem psicocorporal. No transcurso
da pesquisa, desenvolvi atividades diversificadas, com o objetivo de constatar a
possibilidade de avaliar, através das expressões não-verbais das crianças, a vivencia da
ludicidade. Com o resultado das observações, cheguei à conclusão de que o educador
precisa estabelecer uma comunicação com o educando, através da sua expressividade.
Isso requer sensibilidade, amorosidade e percepção, na relação com a criança, a fim de
compreender suas atitudes, gestos e reações, como expressão da sua vida interior. Dessa
maneira, conclui que é possível identificar, durante as situações de aprendizagem, se a
experiência está sendo lúdica, considerando-se as diferenças individuais, a história de
cada um, seus limites. É um processo próprio de ser, estar, fazer e sentir, para o qual as
atividades lúdicas se apresentam como recurso importante. Contudo, nem sempre a
mesma proposta provoca o mesmo resultado para todos que delas participam. No caso
das crianças da creche envolvida nesta pesquisa, foi possível avaliar isso através de uma
observação cautelosa da linguagem não-verbal.
Palavras-chave: educação infantil, ludicidade, linguagem psicocorporal.