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brasileiro da primeira metade do século XIX, conforme asseveramos no capítulo I
deste trabalho. O cearense ilustre atuou de forma luminar nas ciências jurídicas, no
jornalismo, no magistério( foi professor de Direito Mercantil ), na política( como
deputado, Ministro da Justiça, senador eleito ), no teatro e na literatura. Gozou
prestígio, renome e respeitabilidade.
Ilustra essa assertiva o insuspeito, porque de orientação política contrária a
José de Alencar, comentário tecido por um dos melhores jornais brasileiros da época
– A República. O episódio deu-se quando o autor de O Guarani escreveu ao citado
jornal ratificando a cessão da sua mais recente criação, Til (1871), cujos direitos
aquele diário obtivera para publicação em folhetim dessa obra do grande romancista.
Em resposta à carta de Alencar, a redação do jornal dirigido por Quintino Bocaiúva
escreveu:
Agradecendo tão fino obséquio, devemos acrescentar algumas palavras./ A
nossa satisfação, como Republicanos, nos obriga a manter um posto
afastado, de vigilância e de hospitalidade, contra os princípios e os homens
que representam a idéia monárquica no nosso país./ Se, porém, como
políticos achamo-nos divorciados de todos os partidos e de todas as
individualidades afeiçoadas ao atual regime; como brasileiros teremos
orgulho e desvanecimento em prestar a devida homenagem a todos os
nobres caracteres e ilustres talentos que são a glória de nossa Pátria,
qualquer que seja a posição política que ocupem./ Está nesse caso o
eminente escritor e parlamentar, cujo nome serve de título a esse artigo, e
que, tão graciosamente, acaba de autorizar a publicação de uma de suas
obras inéditas nas nossas colunas./ A República não podia pretender maior
ilustre para suas páginas, nem melhor serviço aos seus assinantes, do que
honrando-se com publicação de um trabalho devido à pena de tão ilustre
escritor, justamente considerado chefe da moderna literatura brasileira./ O
seu nome, constituiu uma glória nacional, e, qualquer que sejam os
acidentes políticos que nos separem, haverá sempre da parte de todo os os
brasileiros para com o ilustre Sr. Alencar um traço-de-união – esse traço é o
da admiração imposta a todos os espíritos cultos pela inteligência
privilegiada e fecunda que, a cada livro que publica, engasta uma nova
gema preciosa no diadema da literatura nacional.
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A par do reconhecimento, da respeitabilidade e da projeção alcançados por
José de Alencar, em todas as áreas em que atuou, o romancista também sofre
oposições, notadamente no âmbito político, todavia não apenas neste. As obras
alencarianas, algumas vezes por motivações políticas, sofreram críticas
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MENEZES. (1977) p. 295.