A Leitura sob o Signo da Relação
dominação, esquecendo-se da condição de gozo e mágica da inexplicável necessidade
imperiosa de ler e escrever.
No capítulo quatro, introduzimos outra variável para expandirmos a
compreensão de leitura. Mais do que somente decodificar palavras ou assimilar
informações, no século vigente a leitura também se apresenta como importante
momento de formação e transformação dos sujeitos, não de forma individualista, e sim
de forma coletiva. A proposta da leitura prosódica, em voz alta, dramatizada, com ritmo
e melodia, começa a se delinear no quarto capítulo e consolida-se no quinto capítulo,
quando convidamos o leitor para refletir o caminho epistemológico de compreensão da
leitura onde identificamos uma inversão de foco: não no livro, não no autor, nem no
leitor em si, mas sim no processo, na ―acontecência‖ da leitura onde todos estes
elementos se misturam. Esta complementação se faz necessário, porque como a Ciência
entende o ato de ler tem profunda ligação de que lugar a leitura ocupa no espaço social.
No capítulo seis, colocamos a variável escola, onde ficou identificada na
alfabetização a prática de uma leitura artificializada, fragmentada, de decodificação,
focada vezes no livro, vezes no autor, ficando em segundo plano o contexto e o
histórico de leitura dos leitores. Além disso, o aperfeiçoamento da leitura com os
elementos prosódicos (processo posterior ao aprendizado da decodificação, ou seria
concomitante?) para anos vindouros, que nunca chegam, causando assim certa
deficiência na competência de leitura, na interpretação e consequentemente na formação
cidadã, o que retomamos no capítulo sete, quando eu pesquisadora fiz uma leitura
particular e crítica das campanhas publicitárias como instrumento de propagar a
ideologia de políticas públicas de incentivo à leitura. Muitas destas campanhas surgiram
no Brasil a partir do ano de 2005 e mostraram estar centradas em concepções
ultrapassadas da imagem de leitura e de leitores, ficaram focadas no livro, portanto na
relação sujeito-objeto, ou seja, o foco das campanhas e das políticas públicas acentuou o
senso comum e estereotipado de que leitura está ligada ao livro e colocá-lo à disposição
da população, por si só já é incentivar à leitura. As campanhas foram citadas como o
exemplo ao contrário da proposta da leitura presente na tese de que mais do que a
relação entre sujeito-leitor e objeto, seja este objeto o livro ou qualquer outro suporte, a
leitura é sempre o lugar de relação dialógica entre sujeitos, entre leituras, e vislumbrar
este encontro de pessoas (tipos diferentes, de épocas e pensamentos diferentes) é ter
consciência do processo de escrita que permite expandir o processo de interpretação e
compreensão do texto. Esta noção é elucidada no capítulo oito da tese, quando
apresentamos a leitura como ato social e processo interacionista e transacional, de