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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA
PROF. DELBY FERNANDES DE MEDEIROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E
SINTÉTICOS BIOATIVOS
STENO LACERDA DE OLIVEIRA
Alcalóides Tropânicos de Erythroxylum caatingae
Plowman (Erythroxylaceae).
JOÃO PESSOA
2008
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STENO LACERDA DE OLIVEIRA
Alcalóides Tropânicos de Erythroxylum caatingae Plowman
(Erythroxylaceae).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos da
Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às
exigências para a obtenção do título de Mestre em
Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Área de
Concentração Farmacoquímica.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcelo Sobral da Silva.
João Pessoa
2008
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STENO LACERDA DE OLIVEIRA
Alcalóides Tropânicos de Erythroxylum caatingae Plowman
(Erythroxylaceae).
Banca examinadora
Prof. Dr. Marcelo Sobral da Silva (Orientador)
Profª. Drª. Bárbara Viviana de Oliveira Santos (Examinador interno)
Prof. Dr. João Xavier de Araújo Júnior (Examinador externo)
AGRADECIMENTOS
A Deus, fonte de força e inspiração para vencer os obstáculos em toda essa caminhada.
Ao Prof. Dr. Marcelo Sobral da Silva pela amizade e pelos ensinamentos e orientação.
Aos professores de graduação e pós-graduação pela participação em minha formação
acadêmica.
À Profa. Dra Maria de Fátima Agra pela identificação do material botânico.
Prof. João Xavier de Araújo Júnior do Laboratório de Pesquisas em Recursos Naturais Escola
de Enfermagem e Farmácia/ Instituto de Química e Biotecnologia - UFAL
pela ajuda na
realização dos espectros de RMN e Cristalografia de Raio-x.
A Patrick Wehrung da Plateforme de Chimie Biologique Intégrative de Strasbourg (PCBiS)
IFR 85 e Martine Schmitt Laboratoire de Pharmacochimie Faculté de Pharmacie 74 route du
Rhin – 67400 ILLKIRCH, pela realização do CL-EM/EM.
À Vicente Carlos pela obtenção dos espectros de RMN e pela amizade firmada ao longo desta
caminhada.
Aos técnicos Welington Navarro e Sócrates Golzio pela obtenção dos espectros de IV e a
Raimundo Nonato pelas ajudas constantes na bancada e pela amizade.
Ao Sr. Severino (Seu Bil) pela destilação dos solventes utilizados.
Ao Sr. Gilvan Góes pela coleta do material botânico
A Gil, Crispim, Tânia e Dinho pelo carinho nesta caminhada.
As alunas de Iniciação Científica, Helane, Ana Lívia e Karine, pessoas fundamentais no
desenvolvimento desse trabalho.
Aos Amigos Jackson, Fernando Medeiros, Sócrates, Gabriela pelos vários ensinamentos na
bancada, em espectroscopia e pela excelente convivência dentro e fora do laboratório.
Ao meu grande amigo Josean, pela amizade, companhia e ensinamentos.
Em especial aos meus pais Ariovaldo Carneiro e Maria Iraquitânia, pelo incentivo e apoio em
todos os momentos e pelo amor que sempre demonstraram e por sempre creditar em mim.
Aos meus irmãos Stéfano e Stanley pelo apoio, carinho, amizade e por sempre acreditar no
meu potencial e a minha sobrinha Jéssica pela amizade e grande carinho e minha irmã,
Slovênia que foi minha grande incentivadora e que sempre esteve ao meu lado em todos os
momentos dessa caminhada.
A meu tio Idagman e minha tia Nenzinha pelo apoio e amizade quando vim morar aqui em
João Pessoa.
Aos amigos de apto. Daniel, João Paulo, Josean, Marcão, Gilberto, Antônio Nei, Willian,
Herman, Jileno e Vanda pela amizade e excelente convivência durante todos esses anos.
Aos meus amigos Gregório, Max, Elane, Charlane, Laura, Nathália, Cristiane, Daniela pela
amizade e companhia.
A todos os meus colegas de graduação que conviveram todos esses anos comigo nessa
caminhada e aos meus amigos de turma em especial a Adriana, Vivianne, Camila Carolina,
Gabriela, Wylly e Danielle pelo apoio, amizade e carinho.
Ao CNPq pelo apoio financeiro
RESUMO
Erythroxylum caatingae Plowman, (Erythroxylaceae) foi coletada em Picuí-PB, Brasil e, em
seguida identificada pela botânica Prof. Maria de Fátima Agra do Laboratório de Tecnologia
Farmacêutica da Universidade Federal da Paraíba. Uma exsicata encontra-se depositada no
Herbário Prof. Lauro Pires Xavier (JPB), sob o n° 5666. Um estudo fitoquímico com o caule
dessa espécie realizado no Laboratório de Tecnologia Farmacêutica reportou o isolamento de
três alcalóides do tipo tropânico, sendo eles: 3α, 6β dibenzoiloxitropano, 3α–(3,4,5
trimetoxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano (Catuabine B), 3α-(3,4,5 trimetoxibenzoiloxi) -6β-
benzoiloxitropano. Dando continuidade a esse estudo fitoquímico o pó do caule seco e
pulverizado foi submetido a uma extração para alcalóides com clorofórmio, NH
4
OH e ácido
clorídrico a 3%, resultando na Fração de Alcalóides Totais. A Fração de Alcalóides totais foi
cromatografada em coluna de sílica gel onde foi possível isolar e identificar dessa espécie três
alcalóides. Todas essas substâncias tiveram sua identificação estrutural baseada na análise de
dados espectrais de IV, RMN
1
H e
13
C, incluindo técnicas bidimensionais homonucleares
(COSY e NOESY) e heteronucleares (HMQC e HMBC), cristalografia de raio-X, além de
comparação com dados da literatura. Os alcalóides EC-1 e EC-2 já foram relatados no gênero
Erythroxylum e EC-3 é relatado pela primeira vez neste trabalho.
Palavras-Chave: Erythroxylaceae, Erythroxylum caatingae, Alcalóides.
ABSTRACT
Erythroxylum caatingae Plowman, (Erythroxylaceae) was collected in Picuí-PB, Brazil, and
then identified by botany prof. Maria de Fatima Agra, from Pharmaceutical Technology
Laboratory of the Federal University of Paraíba. Am exsicata is deposited in the Herbarium
prof. Lauro Pires Xavier (JPB), under paragraph 5666. A phytochemical study with stem
conducted at the Laboratory of Pharmaceutical Technology reported the isolation of three
alkaloids of the tropane nucleus: 3α, 6β dibenzoyloxytropane, 3α–(3,4,5
trimethoxybenzoyloxy)-6β-benzoyloxytropane (Catuabine B) and 3α – (3, 5
dimethoxybenzoyloxy)-6β-benzoyloxytropane. Continuing this phytochemical study the dried
powder and sprayed the stem was submitted to an alkaloids extraction with chloroform,
NH
4
OH, 3% hydroclorid acid, resulting in the Total Alkaloids Fraction. The Total Alkaloids
Fraction was chromatographed over silica gel column leding to the isolation of, three
alkaloids from this species. The structure elucidation of all these compounds was made based
on the analysis of the IR,
1
H and
13
C NMR sepectral data, including homonuclear (COSY and
NOESY) and heteronuclear (HMQC and HMBC) two-dimensional techniques, and X-ray
crytallography and compared with literature data. The alkaloids EC-1 and EC-2 are cited in
genus Erythroxylum and EC-3 is being reported for the first time herein.
Key-word: Erythroxylaceae, Erythroxylum caatingae, Alkaloids.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição do gênero Erythroxylum...................................................................... 22
Figura 2. Principais constituintes do Gênero Erythroxylum.....................................................23
Figura 3. Alguns alcalóides tropânicos isolados de espécies do gênero Erythroxylum .......... 24
Figura 4. Alguns diterpenos de espécies do gênero Erythroxylum ......................................... 25
Figura 5. Alguns flavonóides de espécies do gênero Erythroxylum ....................................... 26
Figura 6. Erythroxylum caatingae........................................................................................... 27
Figura 7. Mapa de distribuição das Erythroxylaceae na Paraíba, Brasil................................. 28
Figura 8. Alguns alcalóides fisiologicamente ativos e as plantas que a produzem................. 32
Figura 9. Biossíntese do anel tropano......................................................................................38
Figura 10. Espectro de massas de EC 1 gerado através da método de ionização ESI.............51
Figura 11. Espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-1 em CDCl
3
................................. 52
Figura 12. Espectro de IV de EC-1 em pastilhas de KBr........................................................ 53
Figura 13. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região
entre δ
C
125-165 ppm............................................................................................................... 54
Figura 14. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região
entre δ
C
35-80 ppm................................................................................................................... 55
Figura 15. Espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
........................................... 56
Figura 16. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre
δ
H
7,0-8,2 ppm..........................................................................................................................57
Figura 17. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre
δ
H
5,3-5,9 ppm..........................................................................................................................58
Figura 18. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre
δ
H
1,5-3,5 ppm..........................................................................................................................59
Figura 19. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
HSQC (500 MHz) de EC-1 em
CDCl
3
na região entre δ
C
35-80 ppm........................................................................................ 60
Figura 20. Expansão do espectro de RMN
1
H x
1
H COSY (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na
região entre δ
H
1,0-6,0 ppm...................................................................................................... 61
Figura 21. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-
1 em CDCl
3
na região entre δ
C
58-82 ppm............................................................................... 62
Figura 22. Espectro de massas de EC-2 gerado através do método de ionização ESI............ 67
Figura 23. Espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-2 em CDCl
3
................................. 68
Figura 24. Espectro de IV de EC-2 em pastilhas de KBr........................................................ 69
Figura 25. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região
entre δ
C
100-160 ppm............................................................................................................... 70
Figura 26. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região
entre δ
C
35-80 ppm................................................................................................................... 71
Figura 27. Espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
........................................... 72
Figura 28. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre
δ
H
7,3-8,1 ppm..........................................................................................................................73
Figura 29. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre
δ
H
5,3-5,9 ppm..........................................................................................................................74
Figura 30. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre
δ
H
2,8-4,0 ppm..........................................................................................................................75
Figura 31. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre
δ
H
1,8-2,6 ppm..........................................................................................................................76
Figura 32. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
HSQC (500 MHz) de EC-2 em
CDCl
3
....................................................................................................................................... 77
Figura 33. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-
2 em CDCl
3
na região entre δ
C
33-41 ppm............................................................................... 78
Figura 34. Expansão do espectro de RMN
1
H x
1
H COSY (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
.. 79
Figura 35. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-
2 em CDCl
3
na região entre δ
C
164-166ppm............................................................................ 80
Figura 36. Cristalografia de raio-X da EC-3 ........................................................................... 84
Figura 37. Espectro de massas de EC-3 gerado através do método de ionização ESI............ 86
Figura 38. Espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-3 em CDCl
3
................................. 87
Figura 39. Espectro de IV de EC-3 em pastilhas de KBr........................................................ 88
Figura 40. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região
entre δ
C
110-170 ppm............................................................................................................... 89
Figura 41. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região
entre δ
C
30-80 ppm................................................................................................................... 90
Figura 42. Espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
........................................... 91
Figura 43. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre
δ
H
7,3-8,0 ppm..........................................................................................................................92
Figura 44. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre
δ
H
5,3-5,9 ppm..........................................................................................................................93
Figura 45. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre
δ
H
3,3-4,1 ppm..........................................................................................................................94
Figura 46. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre
δ
H
1,8-2,9 ppm..........................................................................................................................95
Figura 47. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
HSQC (500 MHz) de EC-3 em
CDCl
3
na região entre δ
C
56-82 ppm........................................................................................ 96
Figura 48. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
HSQC (500 MHz) de EC-3 em
CDCl
3
na região entre δ
C
32-42 ppm........................................................................................ 97
Figura 49. Expansão do espectro de RMN
1
H x
1
H COSY (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
.. 98
Figura 50. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-
3 em CDCl
3
na região entre 125-175 ppm ............................................................................... 99
Figura 51. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de
EC-3 em CDCl
3
na região entre 60-80 ppm........................................................................... 100
Figura 52. LC-MS-MS com fonte ESI de EC-1 (A) (3α, 6β dibenzoiloxitropano), EC-2 (B)
(Catuabine B) e EC-3 (C) (3α-3,4,5 trimetoxibenzoiloxi -6β-benzoiloxitropano) ................ 103
Figura 53. Espectro de massas e fragmentação do pico 1 de EC-1....................................... 105
Figura 54. Espectro de massas e fragmentação do pico 2 de EC-1....................................... 106
Figura 55. Espectro de massas e fragmentação do pico 3 de EC-1....................................... 107
Figura 56. Espectro de massas e fragmentação do pico 1 de EC-2....................................... 108
Figura 57. Espectro de massas e fragmentação do pico 2 de EC-2....................................... 109
Figura 58. Espectro de massas e fragmentação do pico 3 de EC-2....................................... 110
Figura 59. Espectro de massas e fragmentação do pico 4 de EC-2....................................... 111
Figura 60. Espectro de massas e fragmentação do pico 1 de EC-3....................................... 112
Figura 61. Espectro de massas e fragmentação do pico 2 de EC-3....................................... 113
Figura 62. Espectro de massas e fragmentação do pico 3 de EC-3....................................... 114
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados de RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensionais em CDCl
3
a 500 MHz e 125 MHz
de EC-1 (3α, 6β dibenzoiloxitropano) .....................................................................................50
Tabela 2: Dados de RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensionais em CDCl
3
a 500 MHz e 125 MHz
de EC-2 (Catuabina B)............................................................................................................. 66
Tabela 3: Dados de RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensionais em CDCl
3
a 500 MHz e 125 MHz
de EC-3 (3α – (3, 5 dimetoxi-4’-hidroxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano)........................... 85
Tabela 4: Dados do CL-EM-EM de cada íon analisado e suas fragmentações. ...................104
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Classificação de Erythroxylum caatingae.............................................................. 29
Quadro 2. Classificação de alcalóides de acordo com o precursor biogenético ..................... 34
Quadro 3. Fracionamento cromatográfico da fração de alcalóides 1......................................44
Quadro 4. Dados da reunião das frações após monitoração em CCDA.................................. 45
Quadro 5. Parâmetros utilizados para análise na CLAE ....................................................... 101
Quadro 6. Parâmetros utilizados para análise no Espectrômetro de Massas ........................ 101
LISTA DE FLUXOGRAMAS
Fluxograma 1. Marcha para extração de alcalóides das folhas de Erythroxylum caatingae .. 42
Fluxograma 2. Extração de alcalóides da fase aquosa a pH 8,0 do caule de Erythroxylum
caatingae .................................................................................................................................. 43
Fluxograma 3. Extração de alcalóides da fase aquosa a pH 9,0 do caule de Erythroxylum
caatingae .................................................................................................................................. 44
Fluxograma 4. Processo cromatográfico da Fração de Alcalóides 1......................................45
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
APT “Attached Proton Test”
CC Cromatografia em Coluna
CCDA Cromatografia em Camada Delgada Analítica
CCDP Cromatografia em Camada Delgada Preparativa
CL-EM-EM Cromatografia Líquida acoplada a Espectrometria de Massas
COSY “Correlation Spectroscopy”
d Dupleto
dd Duplodupleto
EC Erythoxylum caatingae
ESI “Electrospray ionization”
HMBC “Heteronuclear Multiple Bond Correlation”
HSQC Heteronuclear Single Quantum Coherence
IV Infravermellho
J Constante de acoplamento
m Multipleto
NOESY Nuclear Overhauser Enhancement Spectroscopy
ppm Partes por milhão
RMN
13
C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13
RMN
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio
s Simpleto
sl Simpleto largo
t Tripleto
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21
2.1
Considerações sobre a família Erythroxylaceae
21
2.2
Considerações sobre o gênero Erythroxylum
22
2.3
Erytohroxylum caatingae
27
2.4
Classificação botânica
29
2.5
Consideração sobre alcalóides
30
2.5.1
Alcalóides tropânicos
33
2.5.2
Importância e biossíntese de alcalóides tropânicos
33
3 OBJETIVOS 39
3.1
Objetivo Geral
39
3.2
Objetivos Específicos
39
4 EXPERIMENTAL 40
4.1
Especificações dos Materiais, Métodos e Equipamentos Utilizados
40
4.2
Coleta dos materiais botânicos
41
4.3
Processamento do Caule de Erythroxylum caatingae
41
4.4
Obtenção do extrato metanólico bruto
41
4.5
Metodologia para isolamento de alcalóides
42
4.6
Fracionamento cromatográfico
44
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 46
5.1
Substâncias isoladas do caule de Erythroxylum caatingae
46
5.2
Identificação estrutural dos constituintes químicos de E. caatingae
47
5.2.1
Identificação estrutural de EC 1
47
5.2.2
Elucidação estrutural de EC 2
63
5.2.3
Elucidação estrutural de EC 3
81
6 ANÁLISE DE EC-1, EC-2 E EC-3 POR CL-EM/EM 101
7 CONCLUSÕES 115
8 PERSPECTIVAS 116
REFERÊNCIAS 117
1 INTRODUÇÃO
As primeiras descrições sobre plantas medicinais feitas pelo homem remontam às
sagradas escrituras e ao papiro de Ebers. Este papiro foi descoberto e publicado por Georg
Ebers, sendo traduzido pela primeira vez, em 1890, por H. Joachin. Foi encontrado nas
proximidades da casa mortuária de Ramsés II, porém pertence à época da XVIII dinastia.
Enumera mais ou menos 100 doenças e descreve um grande número de drogas de natureza
animal e vegetal. Porém o isolamento das primeiras substâncias puras do reino vegetal
começa a acontecer no século XVIII. Este século, juntamente com o XIX, caracteriza-se pelos
trabalhos de extração, principalmente de ácidos orgânicos e de alcalóides. (PINTO, 2002).
A história do Brasil está intimamente ligada ao comércio de produtos naturais (as
especiarias), que determinaram as várias disputas de posse da nova terra e, por fim a
colonização portuguesa. Do pau-brasil (Cesalpinia echinata) era obtido um corante de cor
vermelha, muito utilizada para tingimento de roupas e como tinta de escrever, que já era
conhecido e utilizado nas Índias Orientais desde a idade média. Alem, do pau-brasil, que foi
extraído de forma predatória do nosso território até quase sua extinção, muitos outros
produtos despertaram interesse por parte dos europeus que aportaram na terra recém
descoberta. A morina obtida de Chlorofora tinctoria, foi outro corante exportado para a
Europa, permanecendo em destaque no comércio até o desenvolvimento da química das
anilinas na Alemanha (VIEGAS-JUNIOR, 2006).
As plantas têm a habilidade de produzir dezenas de milhares dos metabólitos
secundários altamente complexos para ajudar a sua sobrevivência no ambiente, muito dos
quais ajudam a proteger a planta contra predadores. Porém o homem explorou estes
compostos naturais como fontes de agentes medicinais, venenos, e poções através dos tempos
(BRUCE, 2007).
As plantas quando são administradas ao homem ou animal e exerce sobre eles uma
ação farmacológica qualquer é denominada de plantas medicinais. As plantas medicinais
sempre foram objetos de estudo na tentativa de descobrir novas fontes de obtenção de seus
princípios ativos. O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito
significativo nos últimos anos, sendo este, incentivado pela própria Organização Mundial de
Saúde - OMS (CRAVO, 1999). Entretanto, apesar do aumento de estudos nessa área, estima-
se que apenas 15 a 17% delas foram estudadas quanto ao seu potencial medicinal
(SOEJARTO, 1996).
Muitas das propriedades terapêuticas das plantas são relatadas pela população, as quais
são confirmadas em sua maioria nos estudos científicos, comprovando a importância da
pesquisa etnofarmacológica. Tais propriedades propiciam o desenvolvimento de vários
medicamentos, sejam estes obtidos por síntese a partir do metabólito protótipo ou através de
isolamento, algumas vezes, biomonitorado (SIMÕES et al., 2002).
O Brasil é o país com a maior diversidade vegetal do mundo e conta com mais de
55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre 350.000 e 550.000 (GUERRA;
NODARI, 2003). Frente a isto, o Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o
detentor da maior floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua
vocação para os produtos naturais (PINTO, 2002).
A pesquisa moderna em produtos naturais no Brasil teve início em meados do século
passado e tem sido foco de constantes revisões, indicando uma preocupação com a
diversidade a ser pesquisada, a qualidade e objetividade dos trabalhos (PUPO, 2007).
A descoberta de novos compostos é motivada pela busca de substâncias mais ativas e
menos tóxicas, que possam ser utilizadas no tratamento de diversas patologias, ou em
substituição àquelas já existentes. Fontes alternativas aos medicamentos industrializados e a
implementação de um projeto sistemático para o estudo e validação do uso de plantas
medicinais, são de grande interesse para comunidade científica (SANTOS, 2002).
Aproximadamente 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica moderna, foram
desenvolvidos direta ou indiretamente, a partir de fontes naturais, sendo 25% de plantas, 13%
de microrganismos e 3% de animais (YUNES, 2001).
A natureza, de um modo geral, é a responsável pela produção da maioria das
substâncias orgânicas conhecidas, entretanto, o reino vegetal é responsável pela maior parcela
da diversidade química conhecida e registrada na literatura. A variedade e a complexidade das
micromoléculas que constituem os metabólitos secundários de plantas e organismos marinhos
ainda é inalcançável por métodos laboratoriais. Isto seria a conseqüência direta de milhões de
anos de evolução, atingindo um refinamento elevado de formas de proteção e resistência às
intempéries do clima, poluição e predadores (VIEGAS-JUNIOR, 2006).
O crescente interesse por medicamentos oriundos de plantas medicinais, mais
especificamente os fitoterápicos, fizeram crescer o número de publicações referentes à
etnofarmacologia, registrando-se as espécies mais popularmente conhecidas e utilizadas tanto
entre populações indígenas quanto em urbanas. Porém, há ainda uma grande lacuna entre
atividades biológicas descritas e uso popular, assim como uma carência de estudos quanto aos
efeitos adversos, contra-indicações, toxicidade e validação da eficácia e segurança do
fitoterápico (PUPO, 2007).
Entre os produtos naturais de origem vegetal, por exemplo, encontra-se ampla e
diversa arquitetura molecular como ilustram os terpenos, bioformados pela mesma rota
biossintética geral contendo diversos centros esterogênicos e apenas átomos de C, H e O. A
variedade de padrões estruturais que se encontram nas distintas classes de produtos naturais
como flavonóides, cumarinas, cromonas, isocromonas, quinonas, alcalóides de diversas
categorias, entre outros, atestam sua excepcional diversidade molecular, fonte inesgotável de
modelos, originais de arquitetura molecular (BARREIRO, 2001).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A FAMÍLIA ERYTHROXYLACEAE
A família Erythroxylaceae compreende quatro gêneros e cerca de 240 espécies com
distribuição pantropical, tendo seus principais centros de diversidade e endemismo na
Venezuela, Brasil e Madagascar (DALY, 2004). A maioria das espécies pertence ao gênero
Erythroxylum P. Browne, que apresenta distribuição ampla sendo encontrado nos quatro
continentes, principalmente na América tropical (PLOWMAN, 2001). Os outros três gêneros,
Aneulophus Benth., Nectaropetalum Engl. e Pinacopodium Exell & Mendonça, possuem
poucas espécies e apresentam distribuição exclusiva na África (PLOWMAN & BERRY,
1999; DALY 2004).
O gênero Erythroxylum, com cerca de 230 espécies, é o único gênero representado na
região Neotropical, onde aproximadamente 187 espécies são exclusivas (PLOWMAN &
HENSOLD, 2004), tendo como principal centro de diversidade e endemismo a América do
Sul, especialmente o Brasil e a Venezuela (PLOWMAN & HENSOLD, 2004).
No Brasil, o gênero possui cerca de 74 espécies com distribuição restrita, que
corresponde a 40% das espécies da região Neotropical, encontradas nos mais diversos tipos de
vegetação do país, ocorrendo desde as florestas úmidas da Amazônia e Atlântica, até as matas
secas do Cerrado e da Caatinga (PLOWMAN & HENSOLD, 2004).
Na Paraíba foram registradas 13 (treze) espécies: E. caatingae Plowman, E. citrifolium
A. St.-Hil, E. nummularia Peyr., E. pauferrense Plowman, E. passerinum Mart., E. pulchrum
A. St.-Hil., E. pungens O. E. Schulz, E revolutum Mart., E. simonis Plowman, E. suberosum
var denudatum O.E. Schulz, E. subrotundum A. St.-Hil. e E. squamatum Sw., encontradas nas
diversas formações do Estado, como as florestas úmidas da Mata Atlântica, Brejos de
Altitude, Matas Serranas, Restingas e áreas mais secas da Caatinga, como o Cariri Paraibano
(LOIOLA et al., 2007).
2.2 COSIDERAÇÕES SOBRE O GÊNERO ERYTHROXYLUM
De acordo com Zuanazzi et al., (2001), o interesse pelo gênero intensificou-se no
século XIX, após a descoberta das atividades farmacológicas apresentadas pelas folhas de
Erythroxylum coca Lam., que secularmente eram empregadas pelos indígenas da região
andina da América do Sul. Quimicamente, o gênero caracteriza-se pela presença de alcalóides
do grupo tropano, dentre os quais se destaca a cocaína, um alcalóide natural produzido por E.
coca Lam., que foi empregado como anestésico local em pequenas cirurgias (BOHM et al.,
1982; GRIFFIN & LIN, 2000). Entretanto, a cocaína ganhou notoriedade por sua atividade
psicoativa no Sistema Nervoso Central-SNC, tornando-se um dos grandes problemas de saúde
pública da atualidade (ALAGILLE et al., 2005). Ele é o maior gênero da família
Erythroxylaceae, com ampla distribuição, nas regiões tropicais da Austrália, Ásia, África e
Américas (Figura 1, pág. 22) (LOIOLA, 2007).
Figura 1. Distribuição do gênero Erythroxylum.
Fonte: http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/welcome.html. Acessado em 30 de
maio de 2007.
O levantamento bibliográfico realizado no NAPRALERT (Natural PROducts ALERT,
banco de dados da Universidade de Illinóis) revelou que das 230 espécies existentes no
gênero Erythroxylum, apenas 61 foram estudadas no âmbito da sua composição química,
resultando no isolamento e caracterização de 449 compostos. As classes de maior ocorrência
no gênero são: alcalóides tropânicos, terpenóides e flavonóides (Figura 2, pág. 23).
44,99
4,45
24,28
2,67
18,49
0,45
0,22
1,11
0,67
0,45
0,67
1,56
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
%
Principais Constituintes do Gênero
Erythroxylum
ALCALÓDES TROPÂNICOS
ALCALÓIDES
DITERPENOS
TRITERPENOS
FLAVONÓIDES
BENZENÓIDES
CUMARINAS
QUINÓIDES
ALKENOL
STEIDES
PROINAS
LIPÍDIOS
Figura 2. Principais constituintes do Gênero Erythroxylum.
Diversas espécies têm sido investigadas quanto às atividades farmacológicas: E.
vacciniifolium mostrou efeito anti HIV e contra infecções oportunas em pacientes com HIV, e
forneceu alcalóides tropano da série catuabine (A, B e C) (ZANOLARI et al., 2003 a);
Pervilleines A e B (Figura 3, pág.24), isolados de E. pervillei, inibiram o crescimento de
carcinoma de pele em células KB-VI (MI et al., 2002), e outros tipos de alcalóides extraídos
de E. rotundifolium também apresentaram esta mesma atividade (Figura 3, pág.24) (CHÁVEZ
et al., 2002); E. moonii apresentou atividade antimicrobiana frente a cepas de bactérias,
fungos e leveduras, além de fornecer os alcalóides tropânicos mooniine A e B, (RAHMAN et
al., 1998). Outras classes de compostos foram isolados de espécies de Erythroxylum como
diterpenos do tipo kaurano, atisano e labdano (Figura 4, pág. 25) e flavonóides glicosilados
(Figura 5, pág. 26).
Figura 3. Alguns alcalóides tropânicos isolados de espécies do gênero Erythroxylum.
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OCH
3
OCH
3
6β-Benzoiloxi-3α-(Z)-(3,4,5-trimetoxicinamoiloxi)tropano (CHAVEZ et al., 2002)
N
OO
CH
3
O
O
CH
3
O
OCH
3
OCH
3
6β-Benzoiloxi-3α-(E)-(3,4,5-trimetoxicinamoiloxi)tropano (CHAVEZ et al., 2002)
CH
3
O
OCH
3
OCH
3
N
OO
CH
3
O
O
OCH
3
CH
3
O
OCH
3
HO
CH
3
O
OCH
3
OCH
3
N
OO
CH
3
O
O
OCH
3
CH
3
O
OCH
3
Pervileina A(QIUWEN et al., 2002) Pervileina B (QIUWEN et al., 2002)
OH
O
OH
OH
OO
OH
H
3
C
O
H
ent- rosan-1-ona-5a,15,16-triol ent-11a-acetoxi-devadarano-15,16-diol
(SANTOS, 2006) (SANTOS, 2006)
OH
OH
CH
3
H
3
C
CH
2
CH
3
erytroxidiol X (SANTOS, 2006) (-)-atisireno (SOMAN, 1983)
CH
3
CH
3
CH
3
CH CH
2
CH
3
CH
3
H
3
C
CH
3
CH
2
OH
CH
2
(+)-devadareno
(-)-ent-8(17),13(E)-labdadien-15-ol
(SOMAN, 1983) (SOMAN, 1983)
CH
3
H
3
C
CH
3
CH
3
CH
3
H
3
C
CH
3
OH
CH
3
17-Norkaur-15-eno, 13-metil-, (8β,13β) Kauran-16-ol
(ANSELL, 1993) (ANSELL, 1993)
Figura 4. Alguns diterpenos de espécies do gênero Erythroxylum.
OHO
OH
OH
O
OH
OH
H
3
CCH
3
H
3
CCH
3
CH
3
CH
3
CH
3
HO
CH
3
Taxifolina (BOHM, 1981) β-Amyrina (BARREIROS, 2005)
Ombuin 3-rutinosídeo-5-glicosídeo (GONZALEZ-GUEVARA, et al., 2006)
Eriodictiol-L-ramnosídeo
(
JOHNSON
E. L.
SCHMIDT
W. F.
2002
O
O
OH
O
O
CH
3
HO
HO
OH
OH
OH
O
O
OH
OMe
O
O
O
O
OH
HO
HO
HO
HO
HO
O
OH
OCH
3
OH
OH
HO
Me
Figura 5. Alguns flavonóides de espécies do gênero Erythroxylum.
2.3 ERYTHROXYLUM CAATINGAE
Erythroxylum caatingae (Figura 6, pág. 27) possui distribuição restrita ao Nordeste do
Brasil, somente registrada para os Estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio
Grande do Norte (PLOWMAN & HENSOLD, 2004). Sua ocorrência na Paraíba está restrita à
coletas na caatinga, em área de afloramentos rochosos (Figura 7, pág. 28). Apresentam-se na
forma de arbustos à arvoretas, com até 3,0 m de altura, possuem folha discolor, obovadas a
oblongas e com flores pediceladas, triangulares, brevistilas e longistilas esbranquiçadas
(LOIOLA, et al., 2007).
Figura 6. Erythroxylum caatingae (Foto: JOSEAN FECHINE TAVARES, 2006).
Figura 7. Mapa de distribuição das Erythroxylaceae na Paraíba, Brasil: A. Erythroxylum
caatingae Plowman (o); B.E. citrifolium A.St.-Hil. (); C. E. nummularia Peyr. (); D. E.
passerinum Mart. (); E. E. pauferrense Plowman (
); F. E. pulchrum A.St.-Hil. (); G. E.
pungens O.E. Schuz ().
Fonte: Adaptado de LOIOLA, 2007.
2.4 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
A classificação botânica de Erythroxylum caatingae segundo CRONQUIST (1988)
QUADRO 1. Classificação de Erythroxylum caatingae.
Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Classe Magnoliopsida
Ordem Malpighiales
Família Erythroxylaceae
Gênero
Erythroxylum
Espécie
Erythroxylum caatingae
2.5 CONSIDERAÇÃO SOBRE ALCALÓIDES
As plantas produzem uma grande variedade dos metabólitos secundários, que possuem
um papel importante na sua sobrevivência em seus ecossistemas. Esses metabólitos estão
envolvidos na resistência contra pestes e doenças, na atração dos polinizadores, na interação
com os microorganismos simbióticos etc. Aproximadamente 100.000 metabólitos secundários
de plantas já são conhecidos e aproximadamente 4.000 novos estão sendo descobertos a cada
ano. O maior grupo de produtos naturais consiste nos isoprenóides, compreendendo mais de
um terço de todos os compostos conhecidos. O segundo maior grupo é o formado pelos
alcalóides, que compreendem muitas drogas e venenos. Alcalóides são isolados de diversos
organismos como rãs, formigas (feromônios), borboletas (defesa), bactérias, esponjas, fungos,
aranhas (neurotoxina do veneno), besouros (defesa), e mamíferos marinhos, embora não
esteja ainda descrito se o alcalóide em cada organismo tem origem de uma nova rota
biossintética (KUTCHAN, 1995).
Os alcalóides constituem-se num vasto grupo de metabólitos com grande diversidade
estrutural, representando cerca de 20% das substâncias naturais descritas. O uso de extratos
vegetais contendo alcalóides como medicamentos, venenos e em poções mágicas, pode ser
traçada desde os primórdios da civilização (HENRIQUES, et al., 1999). Historicamente,
Sócrates morreu em 399 d.C. pelo consumo de extratos contendo coniina (Figura 8, pág. 32)
(Conium maculatum), Cleópatra durante muito tempo no século d.C. fez uso de extratos
contendo atropina (Hyoscyamus muficus) (Figura 8, pág. 32) para dilatar suas pupilas e desse
modo parecer fascinante (KUTCHAN, 1995).
A cocaína (Figura 8, pág. 32) foi isolada por Niemann em 1860. Foi introduzida para
uso clínico por Koller em 1884 como anestésicos oftálmico. Verificou-se logo que a cocaína
exercia ações sobre o sistema nervoso central, causando acentuada dependência, entretanto,
apesar disso, foi amplamente utilizada durante 30 anos, por ser a única droga anestésica local
então disponível (KATSUNG, 2003).
Além dos gregos e romanos, muitas outras culturas antigas usavam e ainda usam
alcalóides como venenos, principalmente para o envenenamento de flechas empregadas em
caçadas e guerras. Exemplos disso são os extratos seco do curare (Chondodendron
tomentosum), contendo o alcalóide tubocurarina (Figura 8, pág. 32), utilizado pelos índios da
Bacia Amazônica, e a famosa estricnina extraída de Strychnos nux-vomica por nativos
asiáticos (PERES, 2008).
Os alcalóides possuem um amplo espectro de atividades biológicas reportadas que
pode estar relacionado com sua estrutura química. A presença de alcalóides pode ser
assinalada em diversas de atividades biológicas investigadas. Assim podemos citar emetina
(amebicida e emético), atropina, hiosciamina e escopolamina (anticolinérgico), reserpina e
protoveratrina A (antipertensivo), quinina (antimalárico), camptotecina, vinblastina e
vincristina (antitumorais), codeína e noscapina (antitussígenos), morfina (hipnoanalgésico),
quinidina (depressor cardíaco), cafeína (estimulante do SNC), teobromina e teofilina
(diuréticos), colchicina (tratamento da gota), tubocurarina (miorrelaxante), efedrina
(simpatomimético), castanospermina (antiviral) entre muitos outros (HENRIQUES et al.,
1999).
Devido ao elevado número de atividades biológicas atribuídas aos alcalóides, estes
foram continuamente objetos de estudos. Atualmente, a função natural de muitos metabólitos
secundários tem sido reavaliada, reconhecendo que estes são, de fato, essenciais para a
existência dos vegetais. Tem sido observado que muitas plantas que produzem alcalóides são
evitadas por animais ou insetos em sua dieta, isto certamente devido a sua toxicidade ou ao
fato de a maioria dos alcalóides terem gosto amargo (HENRIQUES et al., 1999).
Figura 8. Alguns alcalóides fisiologicamente ativos e as plantas que a produzem
(KUTCHAN, 1995).
2.5.1 ALCALÓIDES TROPÂNICOS
Alcalóides tropânicos apresentam em comum uma estrutura bicíclica, denominada
tropano [3,2,1]octano.
N
R
R
3
R
7
R
6
R
4
R
5
R
8
R
2
R
1
1
2
3
4
5
6
7
O anel tropano é formalmente constituído pelos anéis pirrolidina e piperidina. São
conhecidos cerca de 150 alcalóides tropânicos, sendo em sua maioria derivados da pirrolidina
como: higrina, cuscohigrina e os principais atropina, hiosciamina, escopolamina e cocaína. Os
alcalóides tropânicos ocorrem na família Solanaceae, mas são encontrados também em
famílias como a Erythroxylaceae, Convolvulaceae, Proteaceae, e Rhizophoraceae (BRUCE,
2007).
N
CH
3
O
O
OH
N
CH
3
O
O
OH
O
Atropina Escopolamina
Atropina e escopolamina são potentes agentes anticolinérgicos utilizados na
terapêutica na forma do sal sulfato de grande uso oftalmológico e relaxante gastro-intestinal.
2.5.2 IMPORTÂNCIA E BIOSSÍNTESE DE ALCALÓIDES TROPÂNICOS
Medicamentos contendo alcalóides tropânicos são utilizados para diminuição de
cólicas nos ureteres e aquelas provocadas por cálculos renais, em espasmos brônquicos, nos
casos de asma brônquica. São também utilizados em espasmos do trato gastrintestinal,
portanto contra cólicas e em hipersecreção gástrica. Esse grupo de substâncias também tem
uso como anestésico local, por atuar na dessensibilização das terminações nervosas
(BACCHI, 1999).
A biossíntese dos alcalóides vem sendo extensivamente estudada e, atualmente, pode-
se traçar um esquema da rota de formação para vários deles. Contudo, essas rotas metabólicas
não foram ainda completamente delineadas em termos bioquímicos, pois muitas das enzimas
envolvidas em diversas etapas não foram ainda isoladas e caracterizadas. A formação do
sistema heterocíclico dos alcalóides ocorre, normalmente, através de reações inter/ou
intramoleculares simples. De uma maneira geral, os alcalóides são formados a partir de
aminoácidos (alcalóides verdadeiros e protoalcalóides) (Quadro 2) (HENRIQUES et
al.,1999).
Quadro 2. Classificação de alcalóides de acordo com o precursor biogenético
Precursor biogenético Exemplo
L-ornitina
N
OH
HO
H
N
CH
3
O
O
H
OH
Retronecina Atropina
N
H
O
O
O
O
N
O
H
Tiloforina Higrina
L-lisina
NH
H
N
H
OH
Coniina Lupinina
L-histidina
N
N
O
O
Pilocarpina
L-triptofano
N
H
H
HO
H
N
O
NH
N
O
O
O
O
HH
H
Quinina Reserpina
L-tirosina
N
HN
O
O
O
O
H
H
H
N
OH
O
NH
OH
O
OH
O
HO
HO
Emetina Betanidina
L-fenilalanina
HO
N
OH
OH
O
O
Tenelina
Ácido L-aspártico
N
N
H
Nicotina
Ácido antranílico
NO
O
N
N
OH
H
Dictamina Peganina
Ácido mevalônico
N
O
N
H
H
H
H
O
O
Valeriana Dendrobina
N
O
N
N
OH
N
N
OH
OH
Atisina Ciclomicrofilina A
O
HO
H
H
HH
H
H
HN
H
Solasodina
A biossíntese dos alcalóides tropânicos é originada através da formação do íon de N-
metil-
1
-pirrolíneo derivado dos aminoácidos ornitina e arginina que também é um
intermediário na via de formação da nicotina. O cátion sal N-metil
1
– pirrolíneo se condensa
com o acetoacetato para formar posteriormente a higrina que é um precursor do anel tropânico
(Figura 9, pág. 38).
HOOC NH
2
NH
2
HOOC NH
2
NN
2
NH
H
H
H
2
NN
2
H
H
2
NN
3
HCH
CHO
NHCH
3
N
CH
3
+
COO
H
3
C
O
NCH
3
COOH
O
H
H
NCH
3
H
OH
NCH
3
O
H
N
OH
H
3
C
ORNITINA ARGININA
PUTRESCINA
N
-METIL-PUTRESCINA
4-METIL AMINO BUTANAL
AGMATINA
SAL N-METIL
1
- PIRROLÍNEO
ACETOACETATO
D-
(
+
)
-HIGRINA
TROPINA
+
Figura 9. Biossíntese do anel tropano.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
¾ Contribuir para o estudo químico e quimiotaxonômico do gênero Eythroxylum, através do
estudo da espécie Erythroxylum caatingae Plowman.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
¾ Estudo fitoquímico do caule da espécie Erythroxylum caatingae, através de métodos de
extração, isolamento e purificação dos constituintes químicos;
¾ Identificar e/ou elucidar a estrutura de seus constituintes químicos através de técnicas de
IV, EM e RMN (uni e bidimensionais);
¾ Obter substâncias ativas para posterior avaliação da sua atividade biológica;
¾ Disponibilizar extratos, frações e substâncias isoladas para estudos farmacológicos.
4- EXPERIMENTAL
4.1 Especificações dos Materiais, Métodos e Equipamentos Utilizados
a) Cromatografias de adsorção em colunas foram realizadas em colunas de vidro de
comprimentos e diâmetros variados, utilizando como adsorvente sílica gel da Merck, 7734,
com partículas 0,063-0,200 mm de diâmetros;
b) Cromatografias em Camada Delgada Analítica e Preparativa (CCDA e CCDP) foram feitas
com sílica gel 60 PF
254
artigo 7749, Merck, suspensas em água destilada (1:2), espalhadas
sobre placas de vidro por meio de um cursor “Quick fit” que conferia a camada espessuras de
0,25 e 1,00 mm, respectivamente. As cromatoplacas obtidas eram secas ao ar livre e, em
seguida, ativadas em estufa a 110 ºC durante duas horas;
c) As revelações das cromatoplacas foram realizadas por irradiação a luz ultravioleta, em
comprimentos de onda 254 e 366 nm, por meio de aparelho Mineralight, modelo UVGL-58
com dois comprimentos de onda (254 e 366 nm), para os dois tipos de cromatografia, e
reveladas com vapores de iodo e reagente de Dragendorff (tetraiodobismutato de potássio)
para as placas analíticas;
d) Os espectros de absorção na região de infravermelho (IV) foram obtidos em espectrômetro,
MODELO BOMEM SERIE 100MB, na faixa de 4000 a 400 cm
-1
, utilizando-se pastilhas de
KBr (0,5 mg da amostra/ 100 mg de KBr);
e) Os pontos de fusão das amostras foram determinadas em aparelho digital para ponto de
fusão, marca Microquímica, modelo MQAPF-302, com bloco de platina em microscópio
óptico tipo “Kofle”, marca REICHERT, modelo R3279, com temperatura que varia de 0 a
350º C. Os valores obtidos não foram corrigidos.
f) Os espectros de RMN foram registrados em espectrômetros VARIAN-NMR SYSTEM,
operando a 500 MHz para hidrogênio (RMN
1
H) e a 125 MHz para carbono-13 (RMN
13
C).
Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em partes por milhão (ppm) e as constantes
de acoplamento (J) em Hz. As multiplicidades das RMN
1
H foram indicadas segundo a
convenção: s (simpleto), sl (simpleto largo), d (dupleto), dd (duplo dupleto), t (tripleto), tl
(tripleto largo) q (quadrupleto) e m (multipleto);
g) Os espectros de CL-EM/EM (ESI) foram obtidos com CLAE Agilent 1200RRLC e
espectrômetro de massas Bruker HCT Ultra
h) Os solventes utilizados foram hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, puro ou em
misturas binárias, segundo gradiente crescente de polaridade, sendo para análises os da Merck
e Vetec e solventes deuterados como acetonitrila, água e metanol.
i) A Cristalografia foi realizada em um Difratômetro Enraf-Nonius Kappa-CCD.
4.2 Coleta dos materiais botânicos
O material botânico foi coletado em Picuí-PB, Brasil e, em seguida identificado pela
Prof. Dra. Maria de Fátima Agra do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da UFPB. Uma
exsicata AGRA 5666 encontra-se catalogada no Herbário JPB/UFPB.
4.3 Processamento do Caule de Erythroxylum caatingae
O material botânico foi dessecado em estufa com ar circulante à temperatura de 40 °C
durante 3 dias. Após secagem, foi submetido a um processo de pulverização em moinho
mecânico, obtendo-se 4,0 Kg de pó do caule.
4.4 Obtenção do extrato metanólico bruto
O pó do caule seco e pulverizado foi submetido à maceração exaustiva com metanol
(MeOH) durante 72 horas. Esse processo foi repetido por 4 vezes obtendo-se o extrato
metanólico bruto (EMB). A solução extrativa foi concentrada em rotavapor sob pressão
reduzida a uma temperatura de 35° C obtendo-se o extrato metanólico bruto (500 g), que foi
submetido a uma metodologia para isolamento de alcalóides.
4.5 Metodologia para isolamento de alcalóides
O extrato metanólico bruto (500 g) foi dissolvido em água e desengordurado com
hexano. O extrato aquoso desengordurado foi acidificado com uma solução de ácido
clorídrico a 3% sob agitação mecânica, filtrado em celite fornecendo um resíduo que foi
descartado e uma solução ácida. Esta solução ácida foi submetida a extrações com
clorofórmio (3 x 500 mL) obtendo-se a fase clorofórmica ácida e uma fase aquosa que foi
basificada até pH 7,0 com hidróxido de amônio. A fase a pH 7,0 foi então submetida a uma
extração com CHCl
3
fornecendo uma fase aquosa a pH 7,0 e a fase clorofórmica ácida que foi
lavada com água destilada, seca com Na
2
SO
4
e concentrada em rotaevaporador a uma
temperatura de 35º C fornecendo um resíduo pesando 4,0g que foi denominado de Fração de
Alcalóides 1 (FA 1). A marcha para extração de alcalóides está sumarizada no fluxograma 1
abaixo.
Fluxograma 1. Marcha para extração de alcalóides do caule de Erythroxylum caatingae.
- Acidificado com HCl 3%
- Filtração em celite
Extrato aquoso desengordurado
- Dissolvido em água
- Desen
g
ordurado com hexano
Fase hexânica
Resíduo descartado Solução aquosa ácida
- Extração com CHCl
3
Fase clorofórmica ácida Fase aquosa ácida
- Basificado com NH
4
OH até
p
H 7
,
0
Fase aquosa a pH 7,0
Fase aquosa a pH 7,0 Fase clorofórmica a pH 7,0
- Lavagem com H
2
O
- Secagem com Na
2
SO
4
- Evaporação do solvente
Fração de alcalóides 1
FA 1 (4,0g)
-Extra
ç
ão com CHCl
3
EMB (500
g
)
A fase aquosa obtida a pH 7,0 foi posteriormente basificada até pH 8,0 com hidróxido
de amônio. A fase a pH 8,0 foi então extraída com CHCl
3
fornecendo duas fases, a aquosa a
pH 8,0 e a clorofórmica a pH 8,0. A fase clorofórmica a pH 8,0 foi lavada com água destilada,
seca com Na
2
SO
4
e concentrada em rotaevaporador a uma temperatura de 35º C fornecendo
um resíduo pesando 3,0g denominado de Fração de Alcalóides 2 (FA 2) que foi guardada para
estudos posteriores (Fluxograma 2).
Fluxograma 2. Extração de alcalóides da fase aquosa a pH 8,0 do caule de Erythroxylum
caatingae.
Fase aquosa a pH 8,0 Fase clorofórmica a pH 8,0
- Extração com CHCl
3
- Lavagem com H
2
O
- Secagem com Na
2
SO
4
-Eva
p
ora
ç
ão do solvente
Fração de alcalóides 2
FA 2 (3,0g)
- Basificado com NH
4
OH até pH 8,0
Fase aquosa a pH 7,0
Fase aquosa a pH 8,0*
A fase aquosa obtida a pH 8,0 foi posteriormente basificada até pH 9,0 com hidróxido
de amônio. A fase a pH 9,0 foi então extraída com CHCl
3
fornecendo duas fases, a aquosa a
pH 9,0 e a clorofórmica a pH 9,0. A fase clorofórmica a pH 8,0 que foi lavada com água
destilada, seca com Na
2
SO
4
e concentrada em rotaevaporador a uma temperatura de 35ºC
fornecendo um resíduo pesando 2,0g denominado de Fração de Alcalóides 3 (FA 3) que foi
guardada para estudos posteriores (Fluxograma 3, pág. 44)
Fluxograma 3. Extração de alcalóides da fase aquosa a pH 9,0 do caule de Erythroxylum
caatingae.
4.6 Fracionamento cromatográfico
Fase aquosa a pH 9,0 Fase clorofórmica a pH 9,0
- Extração com CHCl
3
- Lavagem com H
2
O
- Filtração
- Secagem com Na
2
SO
4
- Evaporação do solvente
Fração de alcalóides 3
FA 3 (2,0g)
- Basificado com NH
4
OH até pH 9,0
Fase aquosa a pH 8,0
Fase aquosa a pH 9,0*
A fração FA 1 (4,0g) foi submetida a uma coluna cromatografica (CC) utilizando
sílica gel como fase estacionária e como eluentes clorofórmio e metanol puros ou em misturas
binárias em grau crescente de polaridade. O resultado foi a obtenção de 55 frações de 100 mL
(Quadro 3).
QUADRO 3. Fracionamento cromatográfico da fração de alcalóides 1.
Frações
Solvente Proporção
1-11
12-13
14-41
42-44
45-46
47
48-50
51-52
53
54
55
CHCl
3
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
CHCl
3
– MeOH
100
99,5 : 0,5
99 : 1
99 : 2
99 : 3
95 : 5
90 : 10
88 : 12
80 : 20
70 : 30
50 : 50
As 55 frações foram monitoradas através de Cromatografia em Camada Delgada
Analítica (CCDA), eluídas em diversos sistemas de solventes (clorofórmio e/ou clorofórmio-
metanol em ordem crescente de polaridade) em cubas pré-saturadas com vapores de NH
3
,
reveladas com o reagente de Dragendorff e reunidas em 21 grupos de acordo com os seus Rf`s
(Quadro 4). As frações 25, 45 e 47 foram submetidas a uma recristalização com acetona e
éter, obtendo-se os compostos codificados como EC 1, EC 2 e EC 3. (Fluxograma 4, pág. 45)
QUADRO 4. Dados da reunião das frações após monitoração em CCDA.
Frações
Frações Frações
1-6
7-17
18-20
21
22-23
24-26-27
25
28-29
30-34
35-39
40-44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
Fluxograma 4. Processo cromatográfico da Fração de Alcalóides 1.
CC em sílica gel
CHCl
3
/ MeOH
CCDA
FA 1 (4,0g)
1-6 7-17 25 30-34 45 46 47 48 50-52 53-55
REC* REC* REC*
EC-3
27,0mg
EC-2
40,0mg
EC-1
47,0mg
* Recristalização com acetona/ éter
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Substâncias isoladas do caule de Erythroxylum caatingae
O estudo fitoquímico do caule de Erythroxylum caatingae resultou no isolamento e
identificação estrutural dos seguintes alcalóides tropânicos:
N
CH
3
O
O
OO
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
EC 1 EC 2
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OH
H
3
CO
EC 3
5.2 Identificação estrutural dos constituintes químicos de E. caatingae
5.2.1 Identificação estrutural de EC-1
A substância EC-1 foi isolada na forma de cristais brancos, com ponto de fusão 116-
121ºC. O espectro de massas obtido com CL-ESI-EM (Figura 10, pág. 51) mostrou o pico do
íon molecular em 366 m/z [M+H], compatível com a fórmula molecular C
22
H
23
NO
4
.
O espectro de RMN
13
C – APT em CDCl
3
a 125 MHz (Figura 11, pág. 52) apresentou
20 sinais. Os sinais em δ
C
128,58 e 129,38 correspondem a dois carbonos cada, totalizando 22
carbonos. Dos 20 sinais, 8 são carbonos metínicos sp
2
, 4 metínicos sp
3
, 3 metilênicos sp
3
, 4
não-hidrogenados, além de um sinal em δ
C
40,1 ppm característico de grupo N-CH
3
. Os
deslocamentos químicos dos carbonos em δ
C
67,56 e 80,09 (oximetínicos) e δ
C
59,92 e 65,84
(metínicos, α a nitrogênio), além dos deslocamentos químicos dos carbonos metilênicos sp
3
em δ
C
33,16, 34,65 e 36,16 são compatíveis, com os dados descritos na literatura para o
esqueleto de alcalóides tropânicos dioxigenados (CHAVEZ, et al, 2002).
N
CH
3
OR
RO
Anel tropânico
O espectro de IV em pastilhas de KBr (Figura 12, pág. 53), mostrou absorção em 1724
cm
-1
atribuída a C=O de grupo éster. Esse assinalamento foi corroborado pela presença dos
sinais δ
C
165,70 e 166,37 ppm no espectro de RMN
13
C. De maneira análoga, as absorções
em 1600-1585 cm
-1
características de estiramento C=C de anel aromático, foram confirmados
pela presença de sinais na região entre δ
C
128,58 a 133,00 ppm no espectro APT. Comparação
desses deslocamentos químicos com dados da literatura permitiu caracterizar substituintes
benzoiloxi no anel tropânico (CHAVEZ, et al, 2002).
OO
Benzoiloxi
O espectro de RMN
1
H a 500 MHz em CDCl
3
(Figura 15, pág. 56) mostrou sinais em
δ
H
3,39 e 3,42 ppm, compatíveis com os prótons H-1 e H-5 de alcalóides tropânicos. O
espectro de correlação heteronuclear – HSQC (Figura 19, pág. 60), confirma esses
assinalamentos pelas correlações com os carbonos em δ
C
59,92 (C-1) e δ
C
65,84 (C-5),
respectivamente. Absorções em δ
H
1,82; 2,26 e δ
H
2,06; 2,29 ppm foram atribuídas aos
hidrogênios 2H-2 e 2H-4 respectivamente. Essas absorções foram confirmadas pelo espectro
de correlação homonuclear – COSY devido ao acoplamento vicinal dos prótons H-1 com 2H-
2 e H-5 com 2H-4 (Figura 20, pág. 61).
1
2
34
5
6
7
N
CH
3
H
H
3,4
3,4
(CHAVEZ et al, 2002).
No espectro de RMN
13
C – APT, os deslocamentos químicos em δ
C
67,56 e 80,09 ppm
são compatíveis com alcalóides tropânicos oxigenados nas posições C-3 e C-6 (ZANOLARI
et al, 2003). A localização desses substituintes foi confirmada pelo espectro HMBC (Figura
21, pág. 62), através das correlações de C-3 a J
2
com H-2 eq e H-4 eq e C-6 com H-4 ax e H-7
eq. O deslocamento químico em δ
C
33,16 ppm (C-4) corroborou com a localização de um dos
substituintes na posição C-6.
1
2
3
4
5
6
7
N
CH
3
H
H
H
H
HMBC
No espectro de RMN
1
H, o tripleto largo (tl) referente ao sinal de H-3 em δ
H
5,34 ppm
(J = 5,0 Hz), indicou a orientação α para o substituinte em C-3. Por outro lado, o duplo
dupleto (dd) em δ
H
5,87 ppm (J = 3,0 e 7,5 Hz) foi atribuído ao hidrogênio H-6, a ausência de
acoplamento desse hidrogênio com o hidrogênio vicinal H-5, justifica sua multiplicidade e
define a orientação β do substituinte em C-6 (ZANOLARI et al, 2003 b). Na região de
hidrogênios aromáticos, o duplo dupleto com deslocamento químico δ
H
8,03; 8,11 (J = 1,5 e
8,0 Hz) com integração para quatro hidrogênios, foi atribuído aos prótons H-2’, 2’’ e H-6’, 6’’
e o mutipleto entre δ
H
7,58 e 7,55 ppm com integração para dois hidrogênios, foi atribuído aos
hidrogênios H-4’, 4’’. Já os tripletos em δ
H
7,43 e 7,49 ppm (J = 8,0 Hz), com integração para
quatro hidrogênios foram atribuídos a H-5’, 5’’ e H-3’, 3’’ respectivamente. Os dados de
RMN
1
H e
13
C uni e bidimensional estão compilados na Tabela 1 (pág. 50).
A partir desses dados e comparação com a literatura, foi possível identificar EC–1
como sendo o alcalóide 3α, 6β dibenzoiloxitropano (ZANOLARI, et al., 2003 b).
CH
1
2
34
5
6
7
1'
2'
3'
4'
5'
6'
7'
1''
2''
3''
4''
5''
6''
7''
N
3
O
O
OO
EC-1. 3α, 6β dibenzoiloxitropano
Tabela 1. Dados de RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensionais em CDCl
3
a 500 MHz e 125 MHz
de EC-1 (3α, 6β dibenzoiloxitropano)
1
2
34
5
6
7
1'
2'
3'
4'
5'
6'
7'
1''
2''
3''
4''
5''
6''
7''
N
CH
3
O
O
OO
HSQC
1
H X
1
H
Posição δ
13
C δ
1
H HMBC COSY NOESY
1
59,92 3,42(m) CH
3
/H-2/H-3 H-2/H-7
2
34,65
1,82 eq (dl, J = 15,0)
2,26 ax (m)
H-3/H-7 H-1/H-3
3
67,57 5,34 (tl, J = 5,0) H-2/H-4 H-4
4
33,16
2,06 eq (dl, J = 15,0)
2,29 ax (m)
H-3 H-5
5
65,85 3,39 (sl) CH
3
/H-3/ H-4/H-7 H-4 H-4/H-6
6
80,10 5,87 (dd, J = 3,0 e 7,5) H-4/H-7 H-7
7
36,16
2,78 ax (dd, J = 7,5 e 14,5)
2,33 eq (m)
1’
130,41 H-3’/H-5’
2’
129,50 8,11 (dd, J = 1,5 e 8,0) H-4’/H-6’ H-3’
3’
128,58 7,49 (t, J = 8,0) H-5’
4’
133,00 7,58 (m) H-2’/H-6’
5’
128,58 7,49 (t, J = 8,0) H-3’
6’
129,50 8,11 (dd, J = 1,5 e 8,0) H-2’/H-4’ H-5’
7’
165,70 H-2’/H-6’/H-3
1’’
130,37 H-3’’/H-5’’
2’’
129,48 8,03 (dd, J = 1,5 e 8,0) H-4’’/H-6’’ H-3’’
3’’
128,32 7,43 (t, J = 8,0) H-5’’
4’’
132,89 7,53 (m) H-2’’/H-6’’
5’’
128,38 7,43 (t, J = 8,0) H-3’’
6’’
129,50 8,03 (dd, J = 1,5 e 8,0) H-2’’/H-4’’ H-5’’
7’’
166,37 H-2’’H-6’’
N-CH
3
40,11 2,60 (s)
Figura 10. Espectro de massas de EC-1 gerado através do método de ionização ESI.
Figura 11. Espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-1 em CDCl
3
.
Figura 12. Espectro de IV de EC-1 em pastilhas de KBr
Figura 13. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
C
125-165 ppm
Figura 14. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
C
35-80 ppm
Fi
g
ura 15. Es
p
ectro de RMN
1
H
(
500 MHz
)
de EC-1 em CDCl
3
Figura 16. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
H
7,0-8,2 ppm
Fi
g
ura 17. Ex
p
ansão do es
p
ectro de RMN
1
H
(
500 MHz
)
de EC-1 em CDCl
3
na re
g
ião entre δ
H
5
,
3-5
,
9
pp
m
Figura 18. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
H
1,5-3,5 ppm
Figura 19. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
HSQC (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
C
35-80 ppm
Figura 20. Expansão do espectro de RMN
1
H x
1
H COSY (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
H
1,0-6,0 ppm
Figura 21. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-1 em CDCl
3
na região entre δ
C
58-82 ppm
5.2.2 Elucidação estrutural de EC-2
A substância EC-2 foi isolada na forma de cristais brancos, com ponto de fusão 152-
157ºC. O espectro de massas obtido com CL-ESI-EM (Figura 22, pág. 67) mostrou o pico do
íon molecular em 456 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
25
H
29
NO
7
.
O espectro de RMN
13
C – APT em CDCl
3
a 125 MHz (Figura 23, pág. 68) apresentou
19 sinais. Os sinais em δ
C
106,63, 128,35 e 129,48 ppm correspondem a dois carbonos cada e
δ
C
153,13 ppm corresponde a três carbonos, totalizando 25 carbonos. Dos 19 sinais, 7 foram
atribuídos a carbonos metínicos sp
2
, 4 metínicos sp
3
, 3 carbonos metilênicos sp
3
, 7 carbonos
não-hidrogenados, além de um sinal em δ
C
40,16 ppm característico de grupo N-CH
3
e 3
carbonos metoxílicos. Os deslocamentos químicos dos carbonos em δ
C
67,65 e 79,84 ppm
(oximetínicos) e δ
C
60,03 e 65,74 ppm (metínicos, α a nitrogênio), além dos deslocamentos
químicos dos carbonos metilênicos sp
3
em δ
C
33,31, 34,66 e 36,69 são compatíveis com os
dados descritos na literatura para esqueleto tropânico dioxigenados (CHAVEZ et al., 2002).
N
CH
3
OR
RO
Anel tropânico
O espectro de IV em pastilhas de KBr (Figura 24, pág. 69), mostrou absorção em 1709
cm
-1
atribuída a C=O de grupo éster. Esse assinalamento foi corroborado pela presença dos
sinais δ
C
165,32 e 166,05 no espectro APT. De maneira análoga, as absorções na região entre
1600-1585 cm
-1
características de estiramento C=C de anel aromático, foram confirmadas
pela presença de sinais na região entre δ
C
106,63-132,94 no espectro APT. Absorções em δ
C
56,31 e 60,89 foram atribuídos a carbonos metoxílicos. Comparação desses deslocamentos
químicos com dados da literatura permitiu caracterizar os substituintes benzoiloxi e
trimetoxibenzoiloxi no anel tropânico (CHAVEZ et al, 2002).
OO
OO
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
Benzoiloxi Trimetoxibenzoiloxi
O espectro de RMN
1
H a 500 MHz em CDCl
3
(Figura 27, pág. 72) mostrou sinais em
δ
H
3,43 e 3,42 ppm, compatíveis com os prótons H-1 e H-5 de alcalóides tropânicos. O
espectro de correlação heteronuclear – HSQC (Figura 32, pág. 77), confirmou esses
assinalamentos pelas correlações com os carbonos em δ
C
60,03 (C-1) e δ
C
65,74 (C-5)
respectivamente. Absorções em δ
H
1,83, 2,26 e δ
H
2,03, 2,33 ppm foram atribuídos aos
hidrogênios 2H-2 e 2H-4 respectivamente. Essas absorções foram confirmadas pelo espectro
HMBC (Figura 33, pág. 78) que mostrou correlações de C-2 a J
2
com H-3 e a J
3
com H-4 e H-
7 e uma correlação de C-4 a J
2
com H-3 e a J
3
com H-2. Observou-se também, uma correlação
homonuclear – COSY (Figura 34, pág. 79) devido ao acoplamento vicinal dos prótons H-2 e
H-3, confirmando a atribuição feita a H-2.
1
2
3
4
5
6
7
N
CH
3
H
H
H
H
H
COSY
HMBC
No espectro de RMN
13
C-APT, os deslocamentos químicos em δ
c
67,65 e 79,84 ppm
são compatíveis com alcalóides tropânicos oxigenados nas posições C-3 e C-6 (ZANOLARI
et al., 2003 b). A localização desses substituintes foi confirmada pelo espectro HMBC (Figura
35, pág. 80), através das correlações de C-7’ a J
3
com H-3 e C-7’’ a J
3
com H-6. O
deslocamento químico em δ
c
33,31 ppm (C-4) corroborou com a localização de um dos
substituintes em C-6.
No espectro de RMN
1
H, o tripleto largo (tl) referente ao sinal de H-3 em δ
H
5,34 ppm
(J = 5,0 Hz), indicou orientação α do substituinte em C-3. Por outro lado, o duplo dupleto (dd)
em δ
H
5,92 ppm (J = 3,0 e 7,5 Hz) foi atribuído ao hidrogênio H-6, a ausência de acoplamento
desse hidrogênio com o hidrogênio vicinal H-5, justifica sua multiplicidade e define a
orientação β do substituinte em C-6 (ZANOLARI et al., 2003 b). Na região de hidrogênios
aromáticos o duplo dupleto com deslocamento químico em δ
H
8,02 (J = 1,5 e 8,5 Hz) com
integração para dois hidrogênios, foi atribuído aos hidrogênios H-2’’,e H-6’’ e um simpleto
com integral para dois hidrogênios em δ
H
7,39 foi atribuído a H-2’ e H-6’. Já os tripletos em
δ
H
7,42 (J = 8,0 Hz) e δ
H
7,55 (J = 7,5 Hz) com integral para três hidrogênios foram
atribuídos a H-3’’/ H-5’’ e H-4’’ respectivamente. Os dados de RMN de
1
H e
13
C uni e
bidimensionais de EC-2 estão compilados na Tabela 2 (pág. 66).
A partir desses dados e comparação com a literatura, foi possível identificar EC–2
como sendo o alcalóide 3α–(3,4,5 trimetoxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano (Catuabina B)
(SILVA et al., 2001, GRAF et al, 1978).
1
2
3
4
5
6
7
1'
2'
3'
4'
5'
6'
7'
1''
2''
3''
4''
5''
6''
7''
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
EC-2.Catuabine B
Tabela 2. Dados de RMN de H
1
e C
13
uni e bidimensionais em CDCl
3
a 500 MHz e 125 MHz
de EC-2 (Catuabina B).
1
2
3
4
5
6
7
1'
2'
3'
4'
5'
6'
7'
1''
2''
3''
4''
5''
6''
7''
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
HSQC
1
H X
1
H
Posição δ
13
C δ
1
H HMBC COSY NOESY
1
60,03 3,43(m) CH
3
/H-3 H-7
2
34,66
1,83 eq (dl, J = 15,0)
2,26 ax (m)
H-3/H-4/H-7
3
67,65 5,34 (tl, J = 5,0) H-2/H-4 H-2
4
33,31
2,03 eq (dl, J = 15,0)
2,33 ax (m)
H-2/H-3
5
65,74 3,42 (m) H-3
6
79,84 5,92 (dd, J = 3,0 e 7,0) H-4/H-5/H-7 H-7
7
36,69
2,80 ax (dd, J = 7,0 e 15,0)
2,30 eq (m)
1’
125,38 H-2’/H-6’
2’
106,63 7,39 (s) H-6’
3’
153,13 H-2’/H-6’
4’
153,13 H-2’/H-6’
5’
153,13 H-2’/H-6’
6’
106,63 7,39 (s) H-2’
7’
165,32 H-2’/H-6’/H-3
1’’
130,31 H-3’’/H-5’’
2’’
129,48 8,02 (dd, J = 1,5 e 8,5) H-6’’ H-3’’
3’’
128,35 7,42 (t,J = 8,0) H-5’’ H-2’’
4’’
132,94 7,55 (t,J = 7,5)
5’’
128,35 7,42 (t,J = 8,0) H-3’’ H-6’’
6’’
129,48 8,02 (dd,
J = 1,5 e 8,5) H-2’’ H-5’’
7’’
166,05 H-2’’/H-6’’/H-6
N-CH
3
40,16 2,60 (s) H-7
m-OCH
3
56,31 3,98 (s)
p-OCH
3
60,89 3,92 (s)
Figura 22. Espectro de massas de EC-2 gerado através do método de ionização ESI
Fi
g
ura 23. Es
p
ectro de RMN
13
C-APT
(
125 MHz
)
de EC-2 em CDCl
3
Fi
g
ura 24. Es
p
ectro de IV de EC-2 em
p
astilhas de KB
r
Fi
g
ura 25. Ex
p
ansão do es
p
ectro de RMN
13
C-APT
(
125 MHz
)
de EC-2 em CDCl
3
na re
g
ião entre δ
C
100-160
pp
m
Figura 26. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre δ
C
35-80 ppm
Fi
g
ura 27. Es
p
ectro de RMN
1
H
(
500 MHz
)
de EC-2 em CDCl
3
Figura 28. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre δ
H
7,3-8,1 ppm
Figura 29. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre δ
H
5,3-5,9 ppm
Figura 30. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre δ
H
2,8-4,0 ppm
Figura 31. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
na região entre δ
H
1,8-2,6 ppm
Fi
g
ura 32. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
HSQC (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
Fi
g
ura 33. Ex
p
ansão do es
p
ectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(
n=2 e 3
)
HMBC
(
500 MHz
)
de EC-2 em CDCl
3
Fi
g
ura 34. Ex
p
ansão do es
p
ectro de RMN
1
H x
1
H COSY
(
500 MHz
)
de EC-2 em CDCl
3
Figura 35. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-2 em CDCl
3
5.2.3 Elucidação estrutural de EC-3
A substância EC-3 foi isolada na forma de cristais brancos, com ponto de fusão 220-
225ºC. O espectro de massas obtido com CL-ESI-EM (Figura 37, pág. 86), mostrou o pico do
íon molecular em 442 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
24
H
27
NO
7
.
O espectro de RMN
13
C – APT em CDCl
3
a 125 MHz (Figura 38, pág. 87) apresentou
19 sinais. Os sinais em δ
C
56,50, 106,55; 128,34, 129,46 e 146,97 correspondem a dois
carbonos cada, totalizando 24 carbonos. Dos 19 sinais 7 foram atribuídos a carbonos
metínicos sp
2
, 4 metínicos sp
3
, 3 carbonos metilênicos sp
3
, 7 carbonos não-hidrogenados,
além de um sinal em δ
C
40,07 característico de grupo N-CH
3
e 2 carbonos metoxílicos. Os
deslocamentos químicos dos carbonos em δ
C
67,28 e 79,69 (oximetínicos) e δ
C
60,12 e 65,74
(metínicos, α a nitrogênio), além dos deslocamentos químicos dos carbonos metilênicos sp
3
δ
C
33,25, 34,59 e 36,73 são compatíveis com os dados descritos na literatura para esqueleto de
alcalóide tropânico dioxigenados (CHAVES et al., 2002).
N
CH
3
OR
RO
Anel tropânico
O espectro de IV em pastilhas de KBr (Figura 39, pág. 88), mostrou absorções em
3425 cm
-1
característico de grupo hidroxila, em 1724 cm
-1
e em 1277 cm
-1
atribuído a C=O de
grupo éster. Esses assinalamentos foram confirmados pela presença de sinais em δ
C
165,46;
166,00 e δ
C
56,50 no espectro de
13
C. De maneira análoga, as absorções em 1608-1462 cm
-1
característicos de estiramento C=C de anel, foram confirmados pela presença de sinais em δ
C
106,55 a 146,97 no espectro APT. A partir das informações obtidas nos espectros de RMN
13
C-APT e IV em conjunto com dados da literatura, foi possível caracterizar os substituintes
benzoiloxi e dimetoxi-hidroxibenzoiloxi no anel tropânico (ZANOLARI et al., 2003;
CHAVES et al., 2002).
OO
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
Benzoiloxi Dimetoxibenzoiloxi
O espectro de RMN
1
H a 500 MHz em CDCl
3
(Figura 42, pág. 91) mostrou sinais em
δ
H
3,45 e 3,43 ppm, compatíveis com os prótons H-1 e H-5 do núcleo tropânico. O espectro
de correlação heteronuclear – HSQC (Figura 47, pág. 96), confirma esses assinalamentos
pelas correlações com os carbonos em δ
C
60,12 (C-1) e δ
C
65,74 (C-5) respectivamente.
Absorções em δ
H
1,82 e 2,29 e δ
H
2,03 e 2,37 ppm foram atribuídos aos hidrogênios
metilênicos 2H-2 e 2H-4 e confirmados pela correlação HSQC (Figura 48, pág. 97) com os
carbonos δ
C
34,59 (C-2) e 33,25 (C-4). Essas absorções foram confirmadas pelo espectro de
correlação homonuclear – COSY devido ao acoplamento vicinal dos prótons H-1 com H-2 e
H-5 com H-4 (Figura 49, pág. 98).
1
2
34
5
6
7
N
CH
3
H
H
H
H
COSY
No espectro de RMN
13
C – APT, os deslocamento químicos em δ
C
67,28 e 79,69 ppm
são compatíveis com alcalóides tropânicos oxigenados nas posições C-3 e C-6 (ZANOLARI,
2003 b). A localização desses substituintes foi confirmada pelo espectro HMBC (Figuras 50 e
51, pág. 99 e 100), através da correlação de C-7’ a J
3
com H-3 e C-6 a J
2
com H-7. O
deslocamento químico em δ
C
33,25 ppm (C-4) corroborou com a localização de um
substituinte em C-6.
No espectro de RMN
1
H, o tripleto largo (tl) referente ao sinal de H-3 em δ
H
5,34 (J =
5,0 Hz), indicou a orientação α do substituinte em C-3. Por outro lado, o duplo dupleto (dd)
em δ
H
5,93 (J = 3,0 e 7,5 Hz) foi atribuído ao hidrogênio H-6, a ausência de acoplamento
desse hidrogênio com o hidrogênio vicinal H-5, justifica sua mutiplicidade e define a
orientação β do substituinte em C-6 (ZANOLARI, 2003 b). Na região de hidrogênios
aromáticos o duplo dupleto com deslocamento químico em δ
H
8,01 (J = 1,0 e 7,5 Hz) com
integração para dois hidrogênios, foi atribuído aos prótons H-2’’ e H-6’’. Um simpleto com
integral para dois hidrogênios em δ
H
7,32 foi atribuído a H-2’ e H-6’. Já os tripletos em δ
H
7,43 e 7,55 (J = 7,5 e 7,5Hz) com integral para três hidrogênios, foram atribuídos a H-
3’’/H5’’ e H-4’’ respectivamente. Os dados de RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensionais estão
compilados na Tabela 3 (pág. 85).
A partir desses dados, juntamente com a cristalografia de Raio-X (Figura 36, pág.84)
e comparação com a literatura, foi possível identificar EC–3 com sendo o alcalóide 3α– (3, 5
dimetoxi-4’-hidroxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano, um novo alcalóide tropano (SILVA et
al., 2001).
1
2
3
4
5
6
7
1'
2'
3'
4'
5'
6'
7'
1''
2''
3''
4''
5''
6''
7''
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OH
H
3
CO
EC-3. 3α – (3, 5 dimetoxi-4’-hidroxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano.
Figura 36. Cristalografia de Raio-X de EC-3.
Tabela 3. Dados de RMN de
1
H e
13
C uni e bidimensionais em CDCl
3
a 500 MHz e 125 MHz
de EC-3 (3α – (3, 5 dimetoxi-4’-hidroxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano).
1
2
3
4
5
6
7
1'
2'
3'
4'
5'
6'
7'
1''
2''
3''
4''
5''
6''
7''
N
CH
3
O
O
OO
OCH
3
OH
H
3
CO
HSQC
1
H X
1
H
Posição δ
13
C δ
1
H HMBC COSY NOESY
1
60,12 3,45 (m) CH
3
2
34,59
1,82 eq (dl, J = 15,0)
2,29 ax (m)
H-7 H-1
3
67,28 5,34 (tl, J = 5,0) H-2/H-4
4
33,25
2,03 eq (dl, J = 15,0)
2,37 ax (m)
5
65,74 3,43 (m) CH3/H-3/H-7 H-4
6
79,69 5,93 (dd, J = 3,0 e 7,5) H-7
7
36,73
2,33 eq (m)
2,82 ax (dd, J = 7,5 e 14,0)
1’
121,15 H-2’/H-6’
2’
106,55 7,32 (s) H-6’
3’
146,97 OCH
3
/H-2’
4’
139,60
5’
146,97 OCH
3
/H-6’
6’
106,55 7,32 (s) H-2’
7’
165,46 H-3
1’’
130,28 H-3’’/H-5’’
2’’
129,46 8,01 (dd, J = 1,0 e 7,5) H-4’’/H-6’’ H-3’
3’’
128,34 7,43 (t, J = 7,5) H-5’’ H-2’
4’’
132,92 7,55 (t, J = 7,5) H-2’’/H-6’’
5’’
128,34 7,43 (t, J = 7,5) H-3’’ H-6’
6’’
129,46 8,01 (dd, J = 1,0 e 7,5) H-2’’/H-4’’ H-5’
7’’
166,00 H-2’’/H-6’’
N-CH
3
40,07 2,46 (s)
O-CH
3
56,50 4,00 (s)
Fi
g
ura 37. Es
p
ectro de massas de EC-3
g
erado através do método de ioniza
ç
ão ESI.
Fi
g
ura 38. Es
p
ectro de RMN
13
C-APT
(
125 MHz
)
de EC-3 em CDCl
3
Figura 39 - Espectro de IV em KBr do alcalóide EC-3.
Figura 40. Expansão do espectro de RMN
13
C (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
C
110-170 ppm
Figura 41. Expansão do espectro de RMN
13
C-APT (125 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
C
30-80 ppm
Figura 42. Espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
Figura 43. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
H
7,3-8,0 ppm
Figura 44. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
H
5,3-5,9 ppm
Figura 45. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
H
3,3- 4,1 ppm
Figura 46. Expansão do espectro de RMN
1
H (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
H
1,8-2,9 ppm
Figura 47. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
- HSQC (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
C
56-82 ppm
Figura 48. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
1
J
CH
- HSQC (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre δ
C
32-42 ppm
Figura 49. Expansão do espectro de RMN
1
H x
1
H COSY (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
Figura 50. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre 125-175 ppm
Figura 51. Expansão do espectro de RMN
1
H x
13
C-
n
J
CH
(n=2 e 3) HMBC (500 MHz) de EC-3 em CDCl
3
na região entre 60-80 ppm
6 Análise de EC-1, EC-2 e EC-3 por CL-EM/EM.
Para análises das amostras foram utilizados um CLAE modelo Agilent 1200RRLC e
um espectrômetro de massas modelo Bruker HCT Ultra com fonte ESI usando os seguintes
parâmetros abaixo relacionados:
Quadro 5. Parâmetros utilizados para análise na CLAE
Parâmetros Valores
Coluna THERMO C18 Hypersil GOLD 30x1mm com partículas 1.9
Temperatura da coluna 60 graus celsius
Solvente A ACN SIGMA ALDRICH Chromasolv 34851
Solvente B H2O milliQ Millipore + 0.01% TFA Pierce 28904
Fluxo 0.3 mL/ min
Quadro 6. Parâmetros utilizados para análise no Espectrômetro de Massas
Parâmetros Valores
Scan Auto MSn 50-1000 uma
Nebulisador 4000 hPa
Dry Gaz 10 L/mn
Dry Gaz Temp 320 graus celsius
Os três alcalóides isolados foram submetidos à análise por CL-EM/EM, obtendo-se o
cromatograma de íons totais. Cada íon originado foi selecionado de acordo com sua relação
massa/ carga (m/z) (Tabela 4, pág. 104). O cromatograma de íons totais da substância EC-1
mostrou a presença de três picos (Figura 52, pág. 103). O pico 1 apresentou massa 278
[M+H], compatível com a fórmula molecular C
15
H
19
NO
4
(Figura 53, pág. 105). O pico 2
apresentou massa 262 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
15
H
19
NO
3
(Figura 54,
pág. 106). O pico 3 com massa 366 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
22
H
23
NO
4
(Figura 55, pág. 107), corroborando com os dados dos espectros de RMN
13
C e
1
H.
O cromatograma de EC-2 apresentou 4 picos, sendo o pico 1 com massa 262 [M+H],
com fórmula molecular C
15
H
19
NO
3
(Figura 56, pág. 108). O pico 2 com massa 352 [M+H],
compatível com a fórmula molecular C
18
H
25
NO
6
(Figura 57, pág. 109). O pico 3 com massa
426 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
24
H
27
NO
6
(Figura 58, pág. 110). O pico 4
com massa 456 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
25
H
29
NO
7
(Figura 59, pág.
111), corroborando com os dados do espectro de RMN
13
C e
1
H.
O cromatograma de EC-3 apresentou 3 picos, sendo o pico 1 com massa 420 [M+H],
compatível com fórmula molecular C
22
H
29
NO
7
(Figura 60, pág. 112). O pico 2 com massa
442 [M+H], compatível com a fórmula molecular C
24
H
27
NO
7
(Figura 61, pág. 113),
corroborando com os dados de RMN de
13
C e
1
H. O pico 3 com massa 366 [M+H],
compatível com a fórmula molecular C
22
H
23
NO
4
(Figura 62, pág. 114).
A análise do CL-EM/EM dos alcalóides mostrou fragmentações similares entre cada
composto, dando importante informação sobre a estrutura do núcleo. A seleção MS
2
de cada
pico mostrou que todas as moléculas diferentes compartilham o elemento estrutural central o
núcleo tropânico, com fragmentos de íons em m/z 122, 140 e 244, caracterizando-se
constituintes químicos similares em EC-1, EC-2 e EC-3.
A
B
C
Figura 52. LC-MS-MS com fonte ESI de EC-1 (A) (3α, 6β dibenzoiloxitropano), EC-2 (B)
(Catuabine B) e EC-3 (C) (3α-3’,4’,5’ trimetoxi-4’-hidroxibenzoiloxi -6β-benzoiloxitropano).
Tabela 4. Dados do CL-EM-EM de cada íon analisado e suas fragmentações.
Alcalóide Pico EM-EM M
+
Fragmentos MS
2
EC-1
1 A 278 156, 138, 94
2 B 262 140, 122, 91
3 C 366 244, 122
EC-2
1 D 262 140, 105
2 E 352 195, 140, 122
3 F 426 244, 165, 140, 122
4 G 456 244, 195, 167
EC-3
1 L 420 320, 222, 181, 140, 122
2 M 442 320, 244, 181, 140
3 N 366 244, 122
N
CH
3
HO
OH
O
O
OH
O
N
CH
3
HO
OH
N
CH
3
HO
H
2
O
m/z 277
m/z 155
m/z 138
Figura 53. Espectro de massas e fragmentação do pico 1 de EC-1.
N
CH
3
OH
O
O
OH
O
N
CH
3
OH
N
CH
3
H
2
O
m/z 261
m/z 139
m/z 121
Figura 54. Espectro de massas e fragmentação do pico 2 de EC-1.
N
CH
3
O
O
O
O
OH
O
N
CH
3
O
O
N
CH
3
m/z 365
m/z 243
m/z 121
O
O
Figura 55. Espectro de massas e fragmentação do pico 3 de EC-1.
N
CH
3
OH
O
O
OH
O
N
CH
3
OH
N
CH
3
H
2
O
m/z 261
m/z 139
m/z 121
Figura 56. Espectro de massas e fragmentação do pico 1 de EC-2.
N
CH
3
O
HO
O
H
3
CO
OCH
3
OCH
3
N
CH
3
HO
m/z 351
m/z 140
OCH
3
OCH
3
OCH
3
O
OH
N
CH
3
HO
OH
OCH
3
OCH
3
OCH
3
O
m/z 194
Figura 57. Espectro de massas e fragmentação do pico 2 de EC-2.
N
CH
3
O
O
O
O
OCH
3
OCH
3
OH
O
m/z 425
m/z 303
N
CH
3
OO
OCH
3
OCH
3
2 x OCH
3
N
CH
3
OO
m/z 243
H
3
CO
H
3
CO
O
m/z 164
N
CH
3
OH
Figura 58. Espectro de massas e fragmentação do pico 3 de EC-2.
N
CH
3
O
O
O
O
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
OH
O
m/z 455
m/z 333
N
CH
3
OO
OCH
3
OCH
3
H
3
CO
3 x OCH
3
N
CH
3
OO
m/z 243
H
3
CO
H
3
CO
O
OCH
3
m/z 194
N
CH
3
OH
Figura 59. Espectro de massas e fragmentação do pico 4 de EC-2.
N
CH
3
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
O
O
m/z 419
m/z 319
N
CH
3
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
OH
O
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
N
CH
3
O
O
m/z 221
Figura 60. Espectro de massas e fragmentação do pico 1 de EC-3.
N
CH
3
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
O
O
m/z 442
m/z 319
N
CH
3
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
HO O
OH
OCH
3
H
3
CO
N
CH
3
O
O
m/z 243
OH
O
N
CH
3
OH
OH
OCH
3
H
3
CO
O
m/z 180
N
CH
3
HO
m/z 140
O
Figura 61. Espectro de massas e fragmentação do pico 2 de EC-3.
N
CH
3
O
O
O
O
OH
O
N
CH
3
O
O
N
CH
3
m/z 365
m/z 243
m/z 121
O
O
Figura 62. Espectro de massas e fragmentação do pico 3 de EC-3.
7 CONCLUSÕES
O estudo fitoquímico de Erythroxylum caatingae Plowman (Erythroxylaceae) levou
ao isolamento de cinco substâncias. Através de técnicas de Ressonância Magnética Nuclear de
hidrogênio e carbono treze (RMN
1
H e
13
C), incluindo técnicas bidimensionais (HMQC,
HMBC, COSY e NOESY), foi possível identificar:
Três alcalóides tropânicos de nomes 3α, 6β dibenzoiloxitropano, 3α – (3’,5’ dimetoxi-
4’-hidroxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano e 3α – (3’,4’,5’ trimetoxibenzoiloxi)-6β-
benzoiloxitropano (Catuabine B);
Sendo os alcalóides 3α, 6β dibenzoiloxitropano e Catuabine B já relatados na
literatura;
O alcalóide 3α – (3’,5’ dimetoxi-4’-hidroxibenzoiloxi)-6β-benzoiloxitropano relatado
pela primeira vez na literatura.
O isolamento dessas substâncias contribuiu para a quimiotaxonomia de Erythroxylum
caatingae.
8 PERSPECTIVAS
N
CH
3
O
HO
O
H
3
CO
OCH
3
OCH
3
N
CH
3
HO
OH
O
O
N
CH
3
OO
OH
OCH
3
H
3
CO
O
O
¾ Desenvolvimento de novas metodologias analíticas através de CL-DAD para posterior
utilização das técnicas avançadas de isolamento e identificação estrutural, dentre elas,
CL-RMN e CL-EM-EM, para isolamento dos compostos propostos após análise por
CL-EM-EM;
N
CH
3
OH
O
O
N
CH
3
O
O
O
O
OCH
3
OCH
3
¾ Ampla caracterização em menor tempo, das espécies selecionadas gerando um
conhecimento mais preciso e crítico da constituição química de espécies desse
ecossistema;
¾ Caracterizar a atividade biológica dos extratos, frações e seus biometabólitos através
de triagem farmacológica, tais como: antiulcerogênica, antinociceptiva, relaxamento
em músculo liso e citotoxicidade além do SNC;
¾ Com resultados mais precisos e amplos espera-se excelentes publicações em
periódicos de alto fator de impacto em áreas específicas de produtos naturais.
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