Muitas das propriedades terapêuticas das plantas são relatadas pela população, as quais
são confirmadas em sua maioria nos estudos científicos, comprovando a importância da
pesquisa etnofarmacológica. Tais propriedades propiciam o desenvolvimento de vários
medicamentos, sejam estes obtidos por síntese a partir do metabólito protótipo ou através de
isolamento, algumas vezes, biomonitorado (SIMÕES et al., 2002).
O Brasil é o país com a maior diversidade vegetal do mundo e conta com mais de
55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre 350.000 e 550.000 (GUERRA;
NODARI, 2003). Frente a isto, o Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o
detentor da maior floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua
vocação para os produtos naturais (PINTO, 2002).
A pesquisa moderna em produtos naturais no Brasil teve início em meados do século
passado e tem sido foco de constantes revisões, indicando uma preocupação com a
diversidade a ser pesquisada, a qualidade e objetividade dos trabalhos (PUPO, 2007).
A descoberta de novos compostos é motivada pela busca de substâncias mais ativas e
menos tóxicas, que possam ser utilizadas no tratamento de diversas patologias, ou em
substituição àquelas já existentes. Fontes alternativas aos medicamentos industrializados e a
implementação de um projeto sistemático para o estudo e validação do uso de plantas
medicinais, são de grande interesse para comunidade científica (SANTOS, 2002).
Aproximadamente 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica moderna, foram
desenvolvidos direta ou indiretamente, a partir de fontes naturais, sendo 25% de plantas, 13%
de microrganismos e 3% de animais (YUNES, 2001).
A natureza, de um modo geral, é a responsável pela produção da maioria das
substâncias orgânicas conhecidas, entretanto, o reino vegetal é responsável pela maior parcela
da diversidade química conhecida e registrada na literatura. A variedade e a complexidade das
micromoléculas que constituem os metabólitos secundários de plantas e organismos marinhos
ainda é inalcançável por métodos laboratoriais. Isto seria a conseqüência direta de milhões de
anos de evolução, atingindo um refinamento elevado de formas de proteção e resistência às
intempéries do clima, poluição e predadores (VIEGAS-JUNIOR, 2006).
O crescente interesse por medicamentos oriundos de plantas medicinais, mais
especificamente os fitoterápicos, fizeram crescer o número de publicações referentes à
etnofarmacologia, registrando-se as espécies mais popularmente conhecidas e utilizadas tanto
entre populações indígenas quanto em urbanas. Porém, há ainda uma grande lacuna entre
atividades biológicas descritas e uso popular, assim como uma carência de estudos quanto aos