152
A gente faz atividades de mesa, recorte, colagem, modelagem, pintura,
releitura de obras de arte, jogos dos mais diversos, jogos mais dirigidos,
jogos livres, que eles fazem de brincadeira de casinha, de faz de conta,
que são mais livres. [...] Eles estavam fazendo a releitura de uma obra da
Tarsila, o Abaporu e aí eu vi uma criança comentando com a outra: “- Sabe
que quando a gente está na terra e olha para o céu a gente vê as estrelas
assim (faz gesto de pequeno), quando a gente está no céu e olha pra terra,
a gente vê as estrelas assim (faz gesto de grande), mais ou menos como o
quadro da Tarsila”. Eu que estava de fora, não interferi, não toquei no
assunto, não me aproximei, porque era um assunto deles. (Gelci)
Primeiro a gente lê as historinhas do livro, a gente desenha aquelas
histórias. A gente escreve alguma coisa, algum parágrafo que eles queiram
escrever dessa historinha... [...] A gente teve outro passeio na semana
anterior. (Sandra)
Quando nós fazemos passeios, ou lemos uma história a gente também
depois trabalha com argila, faz desenhos, enfim, construímos alguma coisa
com argila. Usamos também giz de cera e vários materiais. [...] Através das
músicas, brincadeiras, que a gente vai construindo. (Carla)
[...] trabalhamos com recorte, pintura, modelagem...(Ivania)
Eu tinha um baú de fantasias na sala. [...] dançava, cantava, pulava e
sempre com aquele sorriso maravilhoso. [...] Então eu acredito muito nisso,
na questão da música, trabalhar a questão corporal, do teatro e acho que
tu tens que mergulhar muito no mundo deles pra ti poder fazer com que
eles aprendam. (Marcela)
Torna-se necessário que a criança experimente diferentes materiais e a
professora tem a responsabilidade de dar espaço para esses diferentes materiais,
ampliando e diversificando sempre. Não podemos nos esquecer que a utilização
desses contribui, principalmente, para que a criança possa expressar-se e construir
algo a partir de seu olhar sobre as coisas, enfim, que ela possa agir, atuar sobre o
vivido, exercendo seu papel de protagonista neste processo de aprender e tornar-se
cidadã. Nessa direção Mello (2005, p. 36-37):
Essa necessidade de expressão (...) surge a partir do que as crianças
vêem, ouvem, vivem, descobrem e aprendem. Quando essas experiências
são registradas por escrito por meio de textos que as crianças produzem e
a professora registra com as palavras das crianças, garantimos a
introdução adequada da criança ao mundo da linguagem escrita.
Entretanto, começamos não por propor atividades de escrita para a
criança, mas por estimular e exercitar seu desejo de expressão.
Dessa maneira, evidenciamos a partir das narrativas coletadas que algumas
professoras realizavam atividades que iam ao encontro dessa necessidade,
possibilitando que o processo de aprender fosse ainda mais prazeroso e as crianças
vissem sentido naquilo que realizavam. Elas fizeram isso quando proporcionavam