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Dentre as definições de texto, exceto as tradicionalmente apresentadas pelas
gramáticas de texto (“sequência bem-formada de frases ligadas que progridem para
o fim”
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), destacaram-se, para esta pesquisa, as seguintes:
a) É a unidade de uso da língua em uma situação de interação. (HALLIDAY e HASSAN,1976)
b) É a unidade linguística comunicativa fundamental, produto do trabalho dialógico realizado entre
dois co-produtores: o escritor ativo e o leitor interno
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, os quais assumem, respectivamente, os
papéis de um ser que escreve e um ser que monitora esse ser, no momento mesmo de produção
(SAUTCHUK, 2003).
c) É uma sequência significante (considerada coerente) de signos entre duas interrupções
marcadas da comunicação. (WEIRNRICH, 1973, apud Charaudeau & Maingueneau, 2004)
d) É uma unidade muito complexa cujas regras de “boa formação”, se existirem, serão relativas ao
gênero do discurso, ou seja, às práticas sociodiscursivamente reguladas. (CHARAUDEAU &
MAINGUENEAU, 2004)
e) É uma unidade de linguagem em uso, cumprindo uma função identificável num
dado jogo de atuação sociocomunicativa. (COSTA VAL, 2004: 03)
f) É a unidade de análise. Para o leitor, é a unidade empírica que ele tem diante de
si, feita de som, letra, imagem, seqüências com uma extensão (imaginariamente)
com começo, meio e fim e que tem um autor que representa em sua unidade, na
origem do texto, “dando”-lhe coerência, progressão e finalidade. (ORLANDI, 2005:
64)
g) (...) designa toda unidade de produção verbal que vincula uma mensagem
linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito de coerência em seu
destinatário, e consideramos, consequentemente, que texto é a unidade
comunicativa de nível superior. (Bronckart, 2007)
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De acordo com Charaudeau & Maingueneau (2004), a definição do conceito de texto, inicialmente, foi
gramatical e tipologizante, gerando diferentes concepções que foram largamente criticadas, pois não é seguro,
segundo os autores, que se possa partir assim da unidade frase, e ainda menos seguro que as gramáticas de texto
sejam, um dia, capazes de gerar seqüências “bem-formadas”. Conseqüentemente, advertem ainda os estudiosos,
a gramaticalização de textos fracassou, juntamente com a vontade de se estabelecerem tipologias.
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Inez Sautchuk, em seu trabalho A produção dialógica do texto escrito: um diálogo entre escritor e leitor
interno, defende a tese de que, no ato de escrever, ocorre uma unidade interativa entre dois enunciadores que
operam dialogicamente o texto num processo. Assim, para essa pesquisadora, “o ato verbal de elaboração do
texto escrito se tornaria uma integração de estratégias de produção de texto com estratégias de recepção de texto,
unindo e efetivando uma relação muito próxima entre leitura e escritura num processo simultâneo” (Sautchuk,
2003:04).