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Fundação Oswaldo Cruz
Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
Programa de Mestrado e Doutorado em Saúde Pública
Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde
A interiorização da epidemia de HIV/AIDS e o fluxo intermunicipal
de internação hospitalar na Zona da Mata – MG: uma análise
espacial
Cláudia Tartaglia Reis
Dissertação apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Saúde, Curso de
Mestrado em Saúde Pública – subárea Epidemiologia Geral, da
Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca,
da Fundação
Oswaldo Cruz.
Orientadora: Dina Czeresnia
Co-orientador: Christovam Barcellos
Assistente de Orientação: Wagner de Souza Tassinari
Rio de Janeiro
2006
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2
Aos meus pais, José e Celeste, por espelharem em minha educação integridade, coragem e
busca contínua por objetivos e conquistas.
Aos meus filhos, Murilo e Marcela, para acreditarem
na realização de seus sonhos.
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3
AGRADECIMENTOS
À Professora e orientadora Dina Czeresnia, pela sua paciência e habilidade ao possibilitar-
me delimitar o problema central de meu estudo; por sua presença efetiva durante todo o
tempo; pela sua sensibilidade ao antever minhas ansiedades nas diversas etapas; por suas
contribuições valiosas no decorrer deste trabalho.
Ao Professor e co-orientador Christovam Barcellos, por propiciar-me um estreitamento aos
conhecimentos da Geografia; pela oportunidade no Curso de Geoprocessamento e pelas
contribuições enriquecedoras e sempre oportunas.
Ao Doutorando do DEMQS, Wagner de Souza Tassinari, assistente de orientação, pela sua
acessibilidade e dedicação, por viabilizar-me uma melhor interação com os aplicativos
utilizados e pelos conhecimentos compartilhados em Estatística Espacial.
Aos Professores Marília Carvalho e Francisco Inácio Pinkusfeld Bastos, por suas
valiosas contribuições enquanto integrantes da Banca de Qualificação de Projeto.
A todos os professores do DEMQS que contribuíram para minha formação em
Epidemiologia, em especial aos professores: Inês E. Mattos, Suely Rosenfeld, Rosalina
Koiffman, Gina Torres, Paulo Barata e Carlos Henrique Klein. Foi uma honra tê-los tido
como mestres.
Ao colega Paulo C. Basta e ao Professor Reinaldo S. Santos, do DENSP, pela oportunidade
no curso-piloto do Terraview.
Ao DATASUS pela oportunidade da capacitação no aplicativo TABWIN.
Ao Raulino Sabino da Silva, pelo auxílio na construção de fluxos, no TABWIN.
À Coordenação Estadual de DST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais,
pelos dados fornecidos.
Às minhas queridas colegas de mestrado, em especial à Maristela e Luciane, pela
cumplicidade e troca em todas as dificuldades vivenciadas.
Ao Ministério da Saúde e à Secretaria Municipal de Saúde de Cataguases MG, pela
oportunidade desta capacitação.
Ao meu esposo José Marcelo, pelo seu apoio e incentivo neste empreendimento; sem o seu
amor não seria possível renovar as energias ao longo do percurso.
A Deus, por sua proteção, sempre.
4
RESUMO
Desde o registro dos primeiros casos de AIDS no início da década de 1980, a epidemia de
HIV/AIDS tem evoluído através de padrões contrastantes no Brasil. Do período inicial,
quando homens “gays” e receptores de sangue e hemoderivados foram fortemente afetados,
a epidemia evoluiu para a “feminização” e “heterossexualização” (isto é, tem sido
progressivamente disseminada entre as mulheres, através de relações heterossexuais sem
proteção). Numa ampla perspectiva social e geográfica, a epidemia brasileira tem sofrido o
processo de “interiorização” e “pauperização” (dia após dia, vem atingindo um maior
número de municípios, distantes das principais áreas metropolitanas, atingindo fortemente
aqueles que vivem em comunidades menos assistidas). Importantes conquistas vêm sendo
obtidas após a introdução da terapia anti-retroviral de alta potência, em 1996, com maiores
impactos na oferta do cuidado de saúde. OBJETIVO: Avaliar o processo de interiorização
da epidemia de AIDS na região da Zona da Mata do estado de Minas Gerais, 1988-2002,
bem como o fluxo intermunicipal de hospitalizações. MÉTODO: Desenho: Estudo
ecológico, usando técnicas de geoprocessamento e análise espacial. População: casos de
AIDS registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação de AIDS (SINAN-
AIDS), entre indivíduos maiores de 15 anos, residentes nos municípios da Zona da Mata.
Fontes de dados: SINAN-AIDS, SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) e SIH-SUS
(Sistema de Informação de Internação Hospitalar). Análises: As taxas médias de incidência
e mortalidade por AIDS foram reestimadas, utilizando-se o Método Bayesiano Empírico;
mapas de fluxo intermunicipal de internação hospitalar foram construídos para os anos de
1996 e 2004. Resultados: O estudo analisou 2469 casos, 68,1% deles, residentes em Juiz de
Fora, principal cidade da Zona da Mata. As taxas médias de incidência e mortalidade
reestimadas representaram de maneira mais clara o processo de interiorização da epidemia,
através de uma identificação mais coerente dos municípios com maior concentração de
casos e de óbitos, apontando Juiz de Fora como o centro de difusão do HIV. O fluxo
regional de hospitalização converge para Juiz de Fora destacando a necessidade de
investigações adicionais sobre as causas da não participação de hospitais de referência da
região na gerência e prestação de cuidados aos pacientes que vivem com HIV/AIDS.
Palavras-chave: HIV/AIDS; “interiorization”; spatial analysis; flow of hospitalizations.
5
ABSTRACT
BACKGROUND: Since the register of the first AIDS cases in the early 1980s, the
HIV/AIDS epidemic had evolved through contrasting patterns in Brazil. From an initial
period when gay men and recipients of blood/blood products were heavily affected, the
epidemic evolved toward “feminization” and “heterosexualization” (i.e. it has been
progressively disseminated toward women, through unprotected heterosexual intercourse).
In a broad social and geographic perspective, the Brazilian epidemic has experienced a
process of “interiorization” and “impoverishing” (i.e. it has, day after day,reaching a larger
number of municipalities, far away from the main metropolitan areas, hitting hard those
living in underserved communities). Great achievements have been obtained after the
introduction or highly active anti-retroviral therapy (HAART) in 1996, with major impacts
on the deliver of health care. OBJECTIVE: To assess the process of “interiorization” of
the AIDS epidemic in the Zona da Mata region of the state of Minas Gerais, 1988 - 2002,
as well as intermunicipal flow of hospitalizations.
METHODS: Design: Ecological study, using geoprocessing and spatial analysis
techniques. Population: AIDS cases registered in the National AIDS Databank (SINAN-
AIDS), among individuals aged +15 years, living in municipalities located in the Zona da
Mata. Source of data: SINAN-AIDS, SIM (National Mortality Databank), and SIH-SUS
(National Hospitalizations Databank). Analysis: The average rates of incidence and AIDS
deaths were reestimated, using a local Empirical Bayesian Method; maps depicting
intermunicipal admittance flow were built for 1996 and 2004. RESULTS: The study
analysed 2,469 AIDS cases, 68,1% of them living in the city of Juiz de Fora, Zona da
Mata’s main city. Reestimated average rates of incidence and mortality clearly depict the
process of “interiorization” of the epidemic by a comprehensive identification of the
municipalities with higher concentrations of AIDS cases and of deaths, pointing to Juiz de
Fora as an HIV diffusion center. Flow of regional hospitallizations converge to Juiz de Fora
as well, highlighting the pressing need to further investigate the underlying causes of the
non-participation of the regional reference hospitals in the on-site management and care of
AIDS patients.
Key words: HIV/AIDS; “interiorization”; spatial analysis; flow of hospitalizations.
SUMÁRIO
RESUMO 4
ABSTRACT 5
CAPÍTULO 1 7
1. Introdução 7
1.1. O enfrentamento da epidemia pelo governo brasileiro 9
1.2. A interiorização da epidemia 11
1.3. O acesso às ações e serviços de saúde 11
CAPÍTULO 2 14
2.1. A epidemia de AIDS no Estado de Minas Gerais 14
2.2. A epidemia de HIV/AIDS e a organização dos serviços de saúde na
Mesorregião da Z
ona da Mata 14
CAPÍTULO 3 18
3.1. Justificativa 18
3.2. Objetivo 18
3.3. Objetivos Específicos 18
3.4. Materiais e Métodos 18
CAPÍTULO 4 19
4. ARTIGO 19
1. Introdução 22
2. Materiais e Métodos 24
3. Resultados 26
4. Discussão 33
5. Considerações Finais 36
Referências bibliográficas (ARTIGO) 39
CAPÍTULO 5 42
5.1. Conclusões 42
Referências bibliográficas (CAPÍTULOS 1, 2, 3, 5) 44
Anexos 48
CAPÍTULO 1
1. Introdução
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) destaca-se entre as
enfermidades infecciosas emergentes pela magnitude e extensão dos danos causados às
populações, constituindo um grande desafio para a humanidade neste novo século.
Desde o primeiro caso diagnosticado, mais de 20 anos, cerca de 20 milhões de
pessoas morreram de AIDS no mundo, e estima-se que 40,3 milhões estejam vivendo com
o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Dentre as pessoas que viviam com o HIV no
mundo até dezembro de 2003, as mulheres constituíam 50%, sendo que, na África
subsahariana, este número chegava a 57%
1
.
No Brasil, entre os anos de 1980 e 2004, foram notificados 362.364 casos de AIDS.
Embora os novos dados revelem que a epidemia esteja num processo de estabilização, isto
se em patamares elevados, com uma taxa de incidência de 18,2 casos por 100 mil
habitantes no ano de 2003. Além disso, a tendência à estabilização é observada apenas entre
os homens, observando-se o crescimento da incidência em mulheres
2
.
Em seu início, na década de 80, a epidemia atingiu principalmente as regiões
metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os casos caracterizavam-se, em sua
maioria, por serem do sexo masculino, terem elevado nível socioeconômico e pertencerem
às categorias de transmissão homossexuais/bissexuais, além de receptores de sangue e
usuários de drogas injetáveis. A partir de 1990, constatou-se uma transição do perfil
epidemiológico resultando da heterossexualização, feminização, pauperização e
interiorização da epidemia
3, 4,
5, 6, 7, 8, 9
. Esta veio se tornando um fenômeno disperso com
relação ao espaço e às características sócio-culturais e comportamentais dos indivíduos
acometidos, atingindo de forma abrangente o conjunto da malha municipal brasileira.
Bastos e Barcellos
3
, analisando as taxas de incidência de AIDS agregadas por
Unidades da Federação, apontaram para a disseminação da epidemia por todo território
nacional e sua evolução na direção de cidades de médio porte, especialmente no Estado de
São Paulo, e rumo às fronteiras de ocupação como nas Regiões Centro-Oeste e Norte,
sugerindo uma hipótese de conexão entre Estados exportadores de mão-de-obra (como o
Paraná e Rio Grande do Sul) e Estados importadores dessa mão-de-obra
8
(predominantemente nas regiões Norte e Centro-Oeste), enquanto fator de difusão do HIV
em direção às fronteiras de ocupação territorial.
Szwarcwald et al
4
analisaram a evolução espacial dos casos de AIDS no Brasil,
diagnosticados no período de 1987 a 1996, contemplando a disseminação da epidemia
segundo características dos municípios de residência dos casos, e observaram que a Região
Sudeste, com a maior taxa de incidência no período analisado, apresentava menor ritmo de
crescimento e a maior tendência à estabilidade, ao contrário das Regiões Norte e Sul. Neste
estudo, a expansão da epidemia entre mulheres foi evidenciada pela diminuição das razões
de sexo no tempo em todas as regiões, e em especial nos municípios com menos de 50 mil
habitantes, indicando a preponderância da transmissão heterossexual nestes municípios.
Utilizando a escolaridade como variável proxi de situação socioeconômica, o
fenômeno de pauperização tem sido caracterizado pelo aumento da proporção de casos de
AIDS em indivíduos com baixa escolaridade. Brito et al
5
descreveram que, do total de
casos de AIDS com escolaridade conhecida diagnosticados até 1982, todos apresentavam
nível superior ou médio; em 1985 o percentual deste grupo alcançou 76%, enquanto apenas
24% dos casos eram analfabetos ou cursaram os primeiros quatro anos do ensino
fundamental. Nos anos subseqüentes, observou-se tendência progressiva de aumento de
casos notificados em indivíduos com menor grau de escolaridade, e em 1999/2000, 74%
dos casos com escolaridade informada eram analfabetos ou haviam completado o ensino
fundamental, e apenas 26% apresentavam mais de 11 anos de escolaridade ou curso
superior.
A AIDS no Brasil vem sendo descrita como uma epidemia multifacetada, composta
por várias subepidemias, por não apresentar um perfil epidemiológico único em todo o
território brasileiro, configurando-se como um mosaico de subepidemias regionais,
motivadas pelas desigualdades socioeconômicas
5
. Segundo Parker & Camargo Jr.
6
, as
desigualdades sociais, econômicas e demográficas da população brasileira, produzem
variações quanto à probabilidade de componentes da população infectar-se pelo HIV,
traduzindo-se, assim, em diferentes vulnerabilidades ao HIV/AIDS e complementam que
“as mesmas desigualdades que explicam diferentes vulnerabilidades ao HIV/AIDS também
têm efeitos sobre a possibilidade de indivíduos acometidos serem captados pela rede de
9
saúde, e, conseqüentemente serem notificados como casos” (p.90). Os autores inclusive
sugerem cautela na observação de dados disponíveis, gerados a partir da notificação dos
serviços, alegando que esses podem estar enviesados de modo diferenciado por fatores
sociais e econômicos.
1.1. O enfrentamento da epidemia pelo governo brasileiro
Os recursos financeiros despendidos no enfrentamento da epidemia de AIDS no
Brasil constituem parcela importante do orçamento do setor saúde.
A AIDS foi incluída na relação dos Agravos de Notificação Compulsória desde
1986, e a consolidação do Programa Nacional de DST/AIDS se deu em 1988, mesmo ano
em que foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), e quando também o Ministério da
Saúde iniciou o fornecimento de medicamentos para profilaxia e tratamento das infecções
oportunistas.
No início da década de 90, o Ministério da Saúde incluiu procedimentos para o
tratamento da AIDS na área assistencial, e começou a credenciar hospitais para o
tratamento da AIDS. A partir de 1991, passou a distribuir a Zidovudina (AZT)
gratuitamente a milhares de portadores de HIV/AIDS no Brasil
10
.
Em 1993, uma modalidade alternativa assistencial foi criada pelo Ministério da
Saúde: os Serviços de Atendimento Especializados (SAEs), com custos econômicos e
sociais menores que o atendimento hospitalar convencional. Recomendava-se que estes
fossem compostos por médico (clínico geral ou infectologista), enfermeiro, assistente
social, psicólogo e farmacêutico. Para Nemes et al
11
a valorização do trabalho
multiprofissional como condição mínima para o atendimento é uma forma de reconhecer a
AIDS como um problema de saúde de elevada complexidade.
Em 1994 foi elaborada a primeira recomendação técnica para a terapia anti-
retroviral no país, que a partir de 1996, foi denominada “Consenso Terapêutico”
10
.
A Conferência Internacional de AIDS em Vancouver (Canadá) foi realizada em
1996, ocasião em que foram anunciados os benefícios da terapia combinada de anti-
retrovirais. Neste mesmo ano, o Ministério da Saúde promulgou a Portaria N
o
9313 de
1996, determinando o direito ao recebimento gratuito da referida terapia no setor público.
10
Os avanços tecnológicos e o melhor conhecimento da etiopatogenia da AIDS
possibilitaram alterar sua história natural
5, 12
traduzindo-se em expressiva melhoria na
qualidade de vida dos portadores do HIV/AIDS, aumentando sua sobrevida,
principalmente em decorrência da disponibilização gratuita de medicamentos anti-
retrovirais, pelo Ministério da Saúde, que ocorreu, efetivamente, a partir de 1997.
Porém, a perspectiva de cura, a partir do uso da terapia anti-retroviral de alta
potência (Hight Active Antiretroviral Terapy HAART) por três anos consecutivos, que
chegou a ser conjeturada na Conferência Mundial de AIDS, em Vancouver, não se
confirmou. Constatou-se que, além da capacidade do rus desenvolver resistência a tal
esquema terapêutico, este não era capaz de debelar por completo o HIV de todos os tecidos
humanos.
Entretanto, a terapia HAART trouxe avanços inestimáveis, demonstrados por
estudos nacionais
12
e internacionais
13, 14
, que descreveram as mudanças no curso clínico de
pacientes em uso desse tratamento, registrando, entre eles, queda das taxas de mortalidade
(50%), expressiva redução da incidência de infecções oportunistas, melhoria da qualidade
de vida e aumento significativo da sobrevida.
Nos cinco anos seguintes à distribuição gratuita da terapia anti-retroviral, o
Ministério da Saúde estimou ter evitado 350 000 internações, representando uma economia
de, aproximadamente, um bilhão de reais
10
.
Em 1997, o custo médio da terapia anti-retroviral por paciente era de US$ 4.860,00
atingindo, em 2001 os valores de US$ 2.530,00, representando uma redução de 54%. Isto
foi conseqüente à produção de vários medicamentos no Brasil e ao sucesso do governo
brasileiro na negociação dos preços com os laboratórios estrangeiros detentores das
patentes de outras drogas não produzidas nacionalmente, atingindo níveis de até 60 a 80%
de redução
10
.
Em 1998, a responsabilidade pelo financiamento dos gastos no país em relação à
AIDS foi redefinida. A União ficou incumbida do financiamento e aquisição de anti-
retrovirais. Os Estados e Municípios assumiram o tratamento das manifestações associadas
à AIDS (infecções oportunistas)
10
.
11
Atualmente, o país destaca-se com o maior programa de oferta de medicamentos
anti-retrovirais do mundo, com cerca de 140 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS em
tratamento, sem custo para os pacientes, e com monitoramento clínico e laboratorial.
1.2. A interiorização da epidemia
A partir de 1999, observou-se no país como um todo uma desaceleração nas taxas
de incidência de AIDS. Isto não ocorreu de maneira homogênea, seja do ponto de vista dos
segmentos populacionais mais diretamente afetados, seja das diferentes regiões geográficas.
Observou-se a crescente incidência da AIDS entre adolescentes - 13 a 19 anos - do sexo
feminino, entre idosos e nos municípios de pequeno porte
15
.
Embora o número de casos incidentes mostre ainda uma concentração de casos de
AIDS nas duas maiores cidades brasileiras São Paulo e Rio de Janeiro as taxas de
incidência revelam importante disseminação geográfica da epidemia. Das dez cidades com
maior taxa de incidência no ano 2000, apenas duas delas são capitais de Estado (Porto
Alegre em 3
o
e Florianópolis em 4
o
lugar), estando São Paulo e Rio de Janeiro em 32
o
e
34
o
,
respectivamente
16
.
1.3. O acesso às ações e serviços de saúde
O acesso do portador de HIV/AIDS às ações e serviços de saúde, especialmente a
medicamentos profiláticos e à terapia HAART, provocou mudanças drásticas na evolução
clínica da síndrome. Os primeiros casos descritos, caracterizavam-se por apresentar
desfecho rápido letal. Após a introdução da terapia, a síndrome passou a apresentar
evolução prolongada. Longos períodos assintomáticos passaram a ser interrompidos pelo
surgimento de efeitos adversos, decorrentes da terapia, como as dislipidemias, problemas
cardíacos, lipodistrofias e distúrbios renais, tornando fundamental o manejo dos efeitos
adversos.
O acesso dos indivíduos infectados pelo HIV/AIDS às ações e serviços de saúde é
de fundamental relevância face às contínuas mudanças na dinâmica da epidemia do
HIV/AIDS no Brasil, e da alteração de sua história natural, descritas acima. Os indivíduos
podem apresentar uma melhor sobrevida, dependendo do tipo de acesso que tenham
17
, da
12
natureza da assistência recebida, de sua qualidade e integralidade. A provisão eqüitativa de
tratamentos para a AIDS faz-se necessária para garantir aumento na sobrevida em todos os
segmentos da população infectada pelo HIV.
Em Saúde Pública, acesso é um conceito complexo, que varia entre autores,
inclusive com relação à terminologia utilizada, e que pode mudar de acordo com o contexto
e ao longo do tempo
18
. Importante componente da qualidade da atenção, pode ser
conceituado como a capacidade do paciente obter, quando necessitar, cuidado de saúde de
maneira fácil e conveniente
19
.
Na área de avaliação dos serviços de saúde, novas concepções teórico-
metodológicas foram estabelecidas a partir dos trabalhos de Donabedian
19
. O autor utiliza
o substantivo acessibilidade, que inclui a adequação dos profissionais e dos recursos
tecnológicos utilizados às necessidades de saúde dos pacientes, expressando desta forma, o
grau de ajuste entre as necessidades dos usuários e a oferta de serviços de saúde. Segundo
o autor, existem dois aspectos da acessibilidade a serem distinguidos: o sócio-
organizacional e o geográfico. Os atributos referentes aos recursos e à organização, que
podem facilitar ou dificultar os esforços do cliente em obter cuidado, estão incluídos nos
aspectos sócio-organizacionais. A acessibilidade geográfica é função do tempo despendido
e distância percorrida pelo paciente, para obtenção do cuidado, podendo ser medida pela
distância linear, distância e tempo de locomoção, custo da viagem, entre outros.
No modelo de utilização de serviço de saúde de Andersen
20
, o termo acesso é usado
referindo-se à entrada no serviço de saúde e à continuidade do tratamento. Para o autor, a
avaliação do acesso deve ser feita em separado quanto aos tipos de serviço e nível de
complexidade, por denotarem situações diversas, com impactos diferenciados decorrentes
do acesso. Nesse modelo, o conceito de acesso inclui as dimensões do “acesso potencial” e
do “acesso realizado”. O primeiro consiste na presença de fatores capacitantes do uso dos
serviços, incorporando fatores individuais, que propiciam ou não a capacidade do uso. O
segundo representa a utilização de fato desses serviços, que pode ser influenciada pelo
“acesso potencial”, mas incorpora outros fatores predisponentes, como as necessidades de
13
saúde e outros fatores contextuais, relacionados à oferta de serviços decorrentes das
políticas de saúde.
Para Penchansky & Thomas
21
, a acessibilidade denota uma dimensão do acesso,
que relaciona a disponibilidade geográfica dos serviços e dos pacientes. Os autores,
entretanto, incluem outras dimensões que se baseiam entre a oferta de serviços e os
indivíduos, como a disponibilidade de serviços em relação às necessidades, o acolhimento e
receptividade realizados nesses serviços e a forma de como a aceitabilidade é evidenciada
pelas atitudes tanto dos pacientes como dos profissionais de saúde, a partir das interações
vivenciadas.
14
CAPÍTULO 2
2.1. A epidemia de AIDS no Estado de Minas Gerais
Minas Gerais abrange uma área de 586 528,293 Km
2
e é constituído por uma malha
de 853 municípios, com uma população estimada em 18 762 405 habitantes
22
.
Dentre as Unidades Federadas que constituem a Região Sudeste, Minas Gerais e
Espírito Santo apresentam taxas elevadas de analfabetismo (11% contra 5% no Rio de
Janeiro e 6% em São Paulo) e 29% de Proporção de Pobres (percentual da população com
renda familiar per capita de até meio salário mínimo) sendo 15% no RJ e 14% em São
Paulo. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita em Minas Gerais é o menor da região,
estimado em R$ 6 263,00 (com valores de R$ 7 143,00 no ES, R$ 10 168,00 no RJ e R$ 10
647,00 em SP)
23
.
Segundo HADDAD
24
, durante os anos 70, a distribuição espacial do
desenvolvimento econômico em Minas Gerais tinha uma característica marcante. As áreas
menos desenvolvidas se concentravam principalmente no Norte do Estado e nos Vales do
Jequitinhonha e do Mucuri. O Vale do Rio Doce e a Zona da Mata teriam melhores chances
de se desenvolver e se destacar no século XXI, aproximando-se da renda per capita do Sul,
do Triângulo e do Alto Paranaíba. Entretanto, o autor cita estudos da Fundação João
Pinheiro onde a evolução de Minas Gerais é analisada sob o ponto de vista de seus
indicadores de desenvolvimento humano. Nestes estudos, fica evidenciado que em 2000, o
componente renda per capita do Estado situava-se abaixo do nacional e de todos os estados
das Macrorregiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Além disso, cerca de 94% dos
municípios mineiros apresentavam renda per capita inferior à da Bahia, estando
incluídos todos os municípios das Regiões Norte, Jequitinhonha/Mucuri, a maioria dos da
região do Rio Doce, e também quase a metade dos municípios das regiões Central e Mata.
Desta forma, as desigualdades regionais do Estado não se colocam mais como uma questão
Norte-Sul em Minas, mas se destacam entre municípios por quase todas as regiões do
Estado.
15
No estado de Minas Gerais, 19.170 casos de AIDS foram registrados desde o início
da epidemia em residentes de 580 municípios mineiros, com um número de óbitos superior
a 9.000. A epidemia apresenta-se em diferentes níveis de maturação, dependendo da
situação geográfica, e de condições sócio-culturais, e tem mantido as características de
heterossexualização, feminização e interiorização
25
.
A assistência ao paciente portador de HIV/AIDS é inserida no Plano Diretor de
Regionalização (PDR) do Estado como nível secundário de atenção média complexidade
ambulatorial e hospitalar.
A elaboração do PDR, iniciada em 2000, surgiu como proposta de organização e
implementação do modelo de serviços assistenciais, dentro de princípios preconizados pelo
Sistema Único de Saúde SUS, e em cumprimento às exigências da Norma Operacional de
Assistência Básica (NOB/1996) e, posteriormente, à Norma Operacional de Assistência à
Saúde –NOAS/2001 e 2002. Para sua elaboração foi estabelecida uma base geográfica e
populacional para estimar as necessidades e alocação de recursos, com o objetivo de
garantir a hierarquização do sistema a fim de assegurar o acesso da população à saúde.
Atualmente, o PDR divide o Estado de Minas Gerais em 13 macrorregiões e 75
microrregiões
26
.
A distribuição dos serviços de saúde em Minas Gerais é também desigual, se
concentrando nas grandes cidades do estado. Por exemplo, dos 40 hospitais que atendem a
pacientes com HIV/AIDS no Estado, 10 situam-se na capital, Belo Horizonte
27
.
2.2. A epidemia de HIV/AIDS e a organização dos serviços de saúde na Mesorregião da
Zona da Mata
A Zona da Mata de Minas Gerais abrange duas macrorregiões de saúde, definidas
pelo PDR: a Macrorregião Sudeste e Macrorregião Leste do Sul, que juntas, somam 11
Microrregiões de Saúde, perfazendo um total de 146 municípios, com uma população
estimada em 2 155 899 habitantes
26
.
A Zona da Mata situa-se a sudeste do estado de Minas Gerais, entre os principais
centros econômicos do Brasil, no centro do eixo Belo-Horizonte São Paulo Rio de
Janeiro Vitória. Limita-se ao Norte com a mesorregião do Vale do Rio Doce, ao Sul com
o estado do Rio de Janeiro, a Oeste com as mesorregiões Metropolitana de Belo Horizonte,
16
Campo das Vertentes, e Sul de Minas, e a Leste com os estados do Rio de Janeiro e Espírito
Santo.
Em sua história econômica, a região apresentou rápida ascensão com a expansão
cafeeira, nos meados do século XIX, e posterior decadência, ao final do mesmo século, em
decorrência do modelo predatório de produção e manejo da cafeicultura matense, sem
preocupações com técnicas de preservação do solo, e da concorrência com áreas mais
dinâmicas, como o Sul de Minas e o Oeste Paulista
28
.
A erradicação dos cafezais
contribuiu para o esvaziamento da economia regional, criando tensões sociais.
Atualmente, os municípios que integram a região têm como base uma economia
tradicionalmente apoiada na atividade agropecuária e industrial. No setor pecuário,
expande-se a suinocultura, e a maior parte das terras da região está ocupada por pastagens
naturais e artificiais, que suportam rebanhos bovinos predominantemente mestiços, com
dupla finalidade - leite e corte – distribuídos em fazendas de pequeno e médio porte.
Destaca-se ainda a indústria agrícola, com a destilaria do álcool e a presença das
tradicionais lavouras de subsistência, como as culturas do arroz, milho e feijão
29
.
A rede urbana da Zona da Mata tem como principal cidade Juiz de Fora, tradicional
centro industrial, cultural e universitário, cuja influência ultrapassa os limites da região.
Outras cidades destacam-se para o desenvolvimento da Zona da Mata: Viçosa, Ponte Nova,
Ubá, Manhuaçu, Muriaé, Leopoldina e Cataguases.
As rodovias BR-040, BR-267, BR-116, BR-262 e BR-393 ligam a Zona da Mata a
diversas partes do país e duas importantes ferrovias, a Ferrovia do Aço e a Centro
Atlântica, servem a região.
Segundo estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa
29
, a região sofreu
um processo migratório, principalmente para o Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Dos que emigraram, 80% eram jovens que deixaram a região em busca de oportunidades
para sua formação e emprego.
A organização das ações e serviços de saúde voltados à assistência aos portadores
de HIV/AIDS nos municípios da Zona da Mata encontra-se em estágios diversos de
desenvolvimento.
17
A região conta com cinco unidades hospitalares cadastradas para assistência ao
portador de HIV/AIDS, duas delas situadas no município de Juiz de Fora. As demais
unidades situam-se nos municípios de Muriaé, Ponte Nova e Leopoldina
27
.
apenas uma unidade dispensadora de medicamentos anti-retrovirais cadastrada
pelo Ministério da Saúde, para as Macrorregiões Sudeste e Leste do Sul, situada no
município de Juiz de Fora
30
.
Proietti & Caiaffa
31
realizaram estudo sobre a situação e tendências da epidemia de
AIDS em Minas Gerais, no período de 1983 a 1995, tendo como unidade de análise as
regiões administrativas do Estado, e constataram que a epidemia encontrava-se em
diferentes níveis de maturação, dependendo da região geográfica. Neste estudo, a Zona da
Mata apresentava-se entre as quatro regiões com maior número de casos no Estado, com a
epidemia bem estabelecida a partir de 1987.
18
CAPÍTULO 3
3.1. Justificativa
Face às mudanças na dinâmica da epidemia de HIV/AIDS, com sua disseminação
por quase a totalidade dos municípios de Minas Gerais, tornou-se oportuno investigar o
processo de interiorização da epidemia na Zona da Mata mineira.
Diante dos avanços científicos e tecnológicos que possibilitaram alterar a história
natural do HIV/AIDS, dos investimentos despendidos em seu enfrentamento, e do
fenômeno da interiorização na Zona da Mata mineira, a análise do processo de
descentralização das ações e serviços de saúde e do acesso dos pacientes aos mesmos, nesta
região, é pertinente e necessária, no sentido de resguardar os resultados obtidos até o
momento, e avançar na luta pelo controle da epidemia.
A identificação de tendências locais e fatores relacionados às dificuldades no acesso
aos serviços permite subsidiar o planejamento de políticas públicas, em conformidade com
as diretrizes do SUS.
3.2. Objetivo
Investigar o processo de interiorização da epidemia de HIV/AIDS nos municípios
da Zona da Mata de Minas Gerais no período compreendido entre 1988 a 2002 e o fluxo
intermunicipal de internação hospitalar referentes aos anos de 1996 e 2004.
3.3. Objetivos Específicos
- Estimar e analisar as taxas médias de incidência de AIDS em adultos (> de 15 anos)
residentes nas Macrorregiões de Saúde Sudeste e Leste do Sul do Estado de Minas Gerais,
por municípios de residência, para o período de 1988 a 2002.
- Estimar e analisar as taxas médias de mortalidade por HIV/AIDS, por município, durante
o período do estudo.
- Analisar o fluxo intermunicipal de internação hospitalar dos pacientes portadores de
HIV/AIDS nos anos de 1996 e 2004.
3.4- Materiais e Métodos
Os materiais e métodos utilizados nesse estudo estão incluídos no artigo.
19
CAPÍTULO 4
ARTIGO
A interiorização da epidemia de HIV/AIDS e o fluxo intermunicipal
de internação hospitalar na Zona da Mata – MG: uma análise
espacial
20
RESUMO
A partir de 1990, observa-se no Brasil a transição do perfil epidemiológico do HIV/AIDS.
Avanços alcançados com a terapia anti-retroviral, a partir de 1996, acarretam desafios para
a organização dos serviços de saúde. Em Minas Gerais, existem registros de casos em 580
municípios. OBJETIVO: Investigar a interiorização da epidemia na Zona da Mata de Minas
Gerais, entre 1988 e 2002, e o fluxo intermunicipal de internação hospitalar. MÉTODO:
Estudo ecológico, utilizando análise espacial. População: casos notificados de AIDS no
período, maiores de 15 anos, residentes na região do estudo. Fontes de dados: SINAN-
AIDS, SIM e o SIH-SUS. As Taxas Médias de Incidência e Mortalidade por HIV/AIDS
foram reestimadas, pelo Método Bayesiano Empírico Local; construíram-se mapas de fluxo
intermunicipal de internação para os anos de 1996 e 2004. RESULTADOS: 2469 casos de
HIV/AIDS notificados, 68,13% residentes em Juiz de Fora. Taxas Médias de Incidência e
Mortalidade reestimadas visualizaram interiorização da epidemia mediante identificação
menos fragmentada dos municípios com maior concentração de casos e de óbitos,
apontando Juiz de Fora como pólo difusor do HIV. Fluxo de internação hospitalar
regionalizado converge para Juiz de Fora, sugerindo investigação das causas da não
participação dos hospitais de referência da região no atendimento aos doentes.
Palavras-chave: HIV/AIDS; interiorização; análise espacial; fluxo de internação hospitalar.
21
ABSTRACT
Starting from 1990, it is observed in Brazil the transition of the epidemical profile of
HIV/AIDS. Progresses reached with the anti-retroviral therapy, starting from 1996, offer
challenges for the health care services organization. In Minas Gerais, there are registrations
of cases in 580 municipalities. OBJECTIVE: To investigate the “interiorization”
(displacement toward the country ou movement from the coast inland ) of the epidemic in
the Zona da Mata of Minas Gerais, between 1988 and 2002, and the intermunicipal flow of
hospitalization.. METHOD: Ecological study, using spatial analysis. Population: notified
cases of AIDS in the period, subjects above 15 years, residents in the area of the study.
Source of data: SINAN-AIDS, SIM and SIH-SUS.The Average Rates of Incidence and
Mortality for HIV/AIDS were reestimated, by a local Empirical Bayesian Method; maps of
intermunicipal admittance flow were done for the years of 1996 and 2004. RESULTS: 2469
cases of notified HIV/AIDS, 68,13% residents in Juiz de Fora. Reestimated Average rates
of Incidence and Mortality visualized interiorization” of the epidemic by a less
fragmented identification of the municipalities with a higher concentration of cases and of
demises, pointing to Juiz de Fora as an HIV diffusion center. Flow of regional hospital
admittance converging to Juiz de Fora, suggesting investigation of the causes of the non-
participation of the regional reference hospitals in patients care.
Key words: HIV/AIDS; “interiorization”; spatial analysis; flow of hospitalization.
22
1. Introdução
Os processos de heterossexualização, feminização, pauperização e interiorização da
epidemia de AIDS observados no Brasil, a partir da década de 90, alteraram
substancialmente o perfil epidemiológico da epidemia, desde o seu aparecimento na década
de 80, e têm sido amplamente discutidos em diversos estudos
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
.
Dados recentes do Ministério da Saúde revelam que a epidemia está em processo de
estabilização, embora em patamares elevados, com uma taxa de incidência de 18,2 casos
por 100 mil habitantes no ano de 2003. A tendência à estabilização é observada apenas
entre os homens, observando-se o crescimento da incidência em mulheres
8
.
Embora o número de casos incidentes mostre uma concentração de casos de AIDS
nas duas maiores cidades brasileiras São Paulo e Rio de Janeiro as taxas de incidência
revelam importante disseminação geográfica da epidemia. No ano 2000, das dez cidades
com maior taxa de incidência, apenas duas delas eram capitais de Estado (Porto Alegre em
3
o
e Florianópolis em 4
o
lugar), estando São Paulo e Rio de Janeiro em 32
o
e 34
o
,
respectivamente
9
.
Parker & Camargo Jr.
4
afirmam que desigualdades sociais, econômicas e
demográficas da população brasileira produzem variações quanto à probabilidade dos
indivíduos infectarem-se, traduzindo assim, diferentes vulnerabilidades ao HIV/AIDS.
Complementam que “as mesmas desigualdades que explicam diferentes vulnerabilidades
ao HIV/AIDS também têm efeitos sobre a possibilidade de indivíduos acometidos serem
captados pela rede de saúde, e, conseqüentemente serem notificados como casos” (p.90).
Os autores inclusive sugerem cautela na observação dos dados disponíveis, gerados a partir
da notificação dos serviços, alegando que esses podem estar enviesados de modo
diferenciado por fatores sociais e econômicos.
A partir da década de 90, com o aumento, ano a ano, das notificações de casos em
residentes de municípios de pequeno porte e mais pobres, configurou-se a disseminação da
epidemia pelo território nacional. Isto tornou evidente o seu processo de “interiorização”
2
.
Paralelamente, os avanços tecnológicos alcançados no tratamento do HIV/AIDS e a
distribuição gratuita da terapia anti-retroviral de alta potência (Hight Active Antiretroviral
Terapy HAART) pelo Ministério da Saúde, a partir de 1997, traduziram- se em
23
expressiva melhoria na qualidade de vida, queda da mortalidade (50%), redução das
infecções oportunistas e aumento significativo da sobrevida das pessoas que vivem com o
HIV/AIDS
10
.
Emerge pois, um grande desafio para a organização dos serviços de saúde, em
conformidade com os princípios da universalidade, eqüidade e integralidade do Sistema
Único de Saúde: a provisão eqüitativa de tratamentos para a AIDS, necessária para garantir
aumento na sobrevida em todos os segmentos da população infectada pelo HIV.
Nos dias atuais, a terapêutica do paciente portador de HIV/AIDS é complexa. O
paciente em tratamento anti-retroviral é monitorado por uma grade anual de consultas e
exames, revisada periodicamente pelo Consenso Nacional. O acesso universal à terapia
torna-se factível apenas em um contexto de integralidade das ações em HIV/AIDS. A
prevenção, aconselhamento e testagem, e altos veis de adesão ao tratamento, são
essenciais para sustentação da universalidade do acesso
11
.
A expansão geográfica da epidemia, traduzida pelo processo de interiorização,
confronta-se com a centralização de unidades prestadoras de ações e serviços em
HIV/AIDS. Como exemplo, pode-se citar os Serviços de Atendimento Especializados
(SAEs). Esta modalidade assistencial ambulatorial, criada em 1993 pelo Ministério da
Saúde, contempla o trabalho multiprofissional como condição mínima para atendimento
aos portadores de HIV/AIDS. Embora não exijam, necessariamente, tecnologia sofisticada,
esses serviços se concentram nos grandes centros urbanos. Os pacientes residentes em
municípios de pequeno porte ficam à mercê dos governos das prefeituras locais, uma vez
que o SUS referencia o serviço a estes centros, mas não garante transporte.
Em adição, o estigma da doença tende a ser mais intenso nos pequenos municípios,
onde todas as pessoas se conhecem, estimulando a não procura do serviço, frente ao receio
de não ter assegurado o sigilo do diagnóstico. Isto tem (ou pode ter) como conseqüência um
retrocesso nos avanços alcançados na luta contra a epidemia, com a ausência de benefícios
à saúde do paciente, e decorrente aumento da vulnerabilidade local à contaminação pelo
HIV.
As diretrizes de municipalização e regionalização da rede pública de saúde,
fundamentadas pela Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde de 1996 (NOB-
24
SUS/96) e pelas Normas Operacionais de Assistência à Saúde de 2001 e 2002 (NOAS
01/02), respectivamente, incentivaram a organização e articulação dos serviços no nível
local, buscando atender aos princípios básicos do sistema, de universalidade, integralidade
e eqüidade. No entanto, no que concerne aos serviços de prevenção e atenção à saúde do
portador de HIV/AIDS, essas medidas tiveram pouco ou nenhum impacto. No Estado de
Minas Gerais, embora ocorra uma concentração de casos nas grandes cidades, existem
registros de casos em 580 municípios mineiros
12
.
Proietti & Caiaffa
13
realizaram estudo sobre a situação e tendências da epidemia de
AIDS em Minas Gerais, no período de 1983 a 1995, tendo como unidade de análise as
regiões administrativas do Estado, e constataram que a epidemia encontrava-se em
diferentes níveis de maturação, dependendo da região geográfica. Neste estudo, a Zona da
Mata apresentava-se entre as quatro regiões com maior número de casos no Estado, com a
epidemia bem estabelecida a partir de 1987.
A década de 90 é marcada pela tendência de interiorização da epidemia de AIDS, e
ao mesmo tempo, pela municipalização das ações de saúde no Sistema Único de Saúde.
Este artigo se propõe a estudar esta complexa relação, utilizando os dados de incidência,
mortalidade e internação hospitalar por HIV/AIDS referentes à Zona da Mata de Minas
Gerais, com abordagem têmporo-espacial.
2. Materiais e Métodos
Foi realizado um estudo ecológico, utilizando-se a análise espacial como técnica de
tratamento dos dados, e o município como unidade geográfica de análise.
Os estudos descritivos sobre a epidemia do HIV/AIDS com abordagem espacial
possibilitam identificar padrões diversos da dinâmica da epidemia, relacionados às
características locais, refletindo os avanços da Epidemiologia em suas interfaces com a
Geografia e a Demografia.
Na primeira parte do estudo a investigação da interiorização da epidemia - a
população do estudo foi constituída pelos casos notificados por AIDS, maiores de 15 anos,
no período compreendido entre 1988 e 2002, residentes nos municípios da Zona da Mata -
MG. Na segunda parte - a construção do fluxo de internação hospitalar - a população
25
constituiu-se dos pacientes, maiores de 15 anos, internados pelo Sistema Único de Saúde,
nos anos de 1996 e 2004, residentes nos municípios da Zona da Mata MG. A
identificação das AIHs por AIDS no Sistema de Internação Hospitalar (SIH-SUS) se deu a
partir do diagnóstico principal ou secundário. Foi utilizado a 9ª Revisão do Código
Internacional de Doenças (CID) para o ano de 1996 e a 10ª Revisão do CID, para o ano de
2004.
Neste estudo, a Zona da Mata circunscreveu-se aos 146 municípios das
Macrorregiões de Saúde Sudeste e Leste do Sul do Estado de Minas Gerais, definidas pelo
Plano Diretor de Regionalização (PDR) do Estado
14
.
Devido à instabilidade típica dos pequenos números, optou-se pela periodização do
estudo, a qual se baseou nos seguintes critérios: cortes em anos eleitorais, devido a
problemas com os dados relacionados a municípios emancipados neste período; o advento
da HAART, que impactou mudanças na dinâmica da epidemia; e a descentralização dos
serviços de saúde, relacionada ao acesso e eqüidade dos serviços de saúde. Fixou-se a
periodização do estudo da seguinte forma:
1988-1992 – Epidemia masculina, localizada nas grandes metrópoles;
1993-1996 Franco processo de feminização, heterossexualização e interiorização
da epidemia;
1997-2002 universalização da HAART e descentralização dos serviços de saúde;
2003-2004 – desprezado devido a problemas de atraso de notificação no SINAN –AIDS
15
.
Foram calculadas as Taxas Médias de Incidência e Mortalidade por HIV/AIDS para
os municípios, para os três períodos do estudo. Entretanto, observou-se flutuação aleatória
desses indicadores, conseqüência de eventos raros em pequenas populações. As Taxas
Médias de Incidência e Mortalidade por HIV/AIDS foram reestimadas, utilizando-se o
Método Bayesiano Empírico Local. Este consiste em utilizar as observações de áreas
vizinhas casos (para taxas de incidência) ou óbitos (para taxas de mortalidade) e
população para ponderar as taxas das áreas com pequenas populações, fazendo a
estimativa da taxa convergir em direção à média local. Deste modo, preserva-se a
similaridade entre vizinhos. Os municípios tiveram suas taxas reestimadas, aplicando-se
uma média ponderada entre o valor medido e a taxa média local, sendo este peso,
26
inversamente proporcional à população da área
16
. Esta correção não altera as taxas de áreas
densamente povoadas.
Foram utilizados como fontes de dados: o Sistema de Agravos de Notificação
(SINAN-AIDS) da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais e o Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, para a investigação da
interiorização da epidemia; o Sistema de Informação de Internação Hospitalar (SIH-SUS)
do Ministério da Saúde foi utilizado na construção do fluxo intermunicipal de internação;
os Censos Demográficos de 1991 e 2000 da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (FIBGE) foram utilizados na construção das Taxas de Incidência e Mortalidade
por HIV/AIDS.
Para tratamento e análise dos dados, utilizou-se os aplicativos R
17
, Terraview
18
e
Tabwin
19
.
3. Resultados
Foram notificados 2469 casos de HIV/AIDS em maiores de 15 anos na área de
abrangência do estudo, entre 1988 e 2002. Destes, 68,13% eram residentes no município de
Juiz de Fora.
Foram calculadas as Taxas Médias de Incidência para os três períodos do estudo. A
distribuição espacial das mesmas está representada na Figura 1. Embora a interiorização da
epidemia possa ser visualizada ao longo dos períodos, observa-se um padrão irregular,
mostrando taxas altas em municípios próximos a outros com taxas baixas. Esse padrão
pode ser decorrente da flutuação aleatória relacionada a pequenas populações. As taxas
variaram entre 0 a 36,35 casos por 100.000 habitantes, 0 a 40,82 casos por 100.000
habitantes e 0 a 41,57 casos por 100.000 habitantes para os períodos de 1988 a 1992, 1993
a 1997 e 1998 a 2002, respectivamente.
O município de Juiz de Fora, o segundo com maior registro de casos de HIV/AIDS
no Estado (o primeiro é a capital Belo Horizonte), apresentou Taxas Médias de Incidência
para os períodos de 1988 a 1992, 1993 a 1996 e 1997 a 2002, respectivamente de 26,05,
40,82 e 41,57 por 100.000 habitantes. No entanto, observa-se, no primeiro período de
estudo, a maior Taxa Média de Incidência de 36,35 casos por 100.000 habitantes para o
município de Maripá de Minas. Uma vez que este município apresentou em média 0,6
27
casos neste período, e considerando que sua população média de maiores de 15 anos é de
1651 pessoas, a possibilidade de flutuação aleatória do indicador torna-se evidente.
Figura 1 Taxas Médias de Incidência de HIV/AIDS em maiores de 15 anos, por
município de residência, Macrorregiões de Saúde Sudeste e Leste do Sul, Minas Gerais,
para os períodos 1988-1992, 1993-1996, 1997-2002.
Na tentativa de suavizar a flutuação dos indicadores, as Taxas Médias de Incidência
foram reestimadas utilizando-se o Estimador Bayesiano Empírico Local. A distribuição
espacial das mesmas está representada na Figura 2. A interiorização da epidemia pode ser
visualizada ao longo dos períodos e observa-se uma identificação menos fragmentada dos
municípios com maior concentração de casos, incluindo o município de Juiz de Fora e
adjacências. Quando se consideraram as Taxas Médias de Incidência, para os municípios,
estimadas pelo Modelo Bayesiano, estas situaram-se entre 0 e 24,94 por 100.000 habitantes,
28
0 e 39,40 por 100.000 habitantes e 0 e 40,61 por 100.000 habitantes, para o primeiro,
segundo e terceiro períodos, respectivamente. Juiz de Fora apresentou Taxas de Incidência
Média suavizadas de 21,54 por 100.000 habitantes, 36,22 por 100.000 habitantes e 36,92
por 100.000 habitantes, para o primeiro, segundo e terceiro períodos, respectivamente.
Figura 2 Taxas Médias de Incidência de HIV/AIDS estimadas utilizando o Modelo
Bayesiano Empírico Local, em maiores de 15 anos, por município de residência, Macro-
regiões de Saúde Sudeste e Leste do Sul, Minas Gerais, para os períodos 1988-1992, 1993-
1996, 1997-2002.
As Taxas Médias de Mortalidade por HIV/AIDS em maiores de 15 anos foram
calculadas para os três períodos do estudo. A distribuição espacial das mesmas está
representada na Figura 3. Observa-se um aumento da mortalidade por HIV/AIDS entre o
29
primeiro e segundo períodos, e um declínio no terceiro período, mas, devido à provável
flutuação aleatória do indicador, visualiza-se um padrão irregular, tendo a Taxa Média de
Mortalidade variado de 0 a 12,12 por 100.000 habitantes entre 1988 e 1992, 0 a 28,92 por
100.000 habitantes entre 1993 e 1996 e de 0 a 14,95 por 100.000 habitantes entre 1997 a
2002. Juiz de Fora apresentou Taxas Médias de Mortalidade de 5,08 por 100.000, 19,35 por
100.000 e 14,95 por 100.000 para o primeiro, segundo e terceiro períodos, respectivamente.
Maripá de Minas novamente ilustra a evidência de flutuação aleatória do indicador,
apresentando um Taxa de Mortalidade Média de 12,11 por 100.000 habitantes,
correspondente a uma média de 0,2 óbitos e uma população média de maiores de 15 anos
de 1651 habitantes.
30
Figura 3 – Taxas Médias de Mortalidade por HIV/AIDS em maiores de 15 anos, por
município de residência, Macrorregiões de Saúde Sudeste e Leste do Sul, Minas Gerais,
para os períodos 1988-1992, 1993-1996, 1997-2002.
As Taxas Médias de Mortalidade foram reestimadas utilizando-se o Estimador
Bayesiano Empírico Local. A distribuição espacial das mesmas está representada na Figura
4, onde o aumento da mortalidade por HIV/AIDS pode ser visualizado entre o primeiro e
segundo períodos, e um declínio no terceiro período, porém, observa-se um padrão mais
regular daquele apontado pelas taxas brutas. Quando se consideraram as Taxas Médias de
Mortalidade reestimadas pelo Modelo Bayesiano Empírico, os valores situaram-se entre 0 e
4,89 por 100.000 habitantes, 0 e 18,81 por 100.000 habitantes e 0 e 14,60 por 100.000
31
habitantes. O município de Juiz de Fora e municípios adjacentes apresentam-se como um
foco de maior concentração de óbitos.
Figura 4 - Taxas Médias de Mortalidade por HIV/AIDS estimadas utilizando o Modelo
Bayesiano Empírico Local, em maiores de 15 anos, por município de residência, Macror-
regiões de Saúde Sudeste e Leste do Sul, Minas Gerais, para os períodos 1988-1992, 1993-
1996, 1997-2002.
O fluxo intermunicipal de internação hospitalar construído para o ano de 1996
contabilizou 151 internações por HIV/AIDS em maiores de 15 anos, de residentes nos
municípios da Zona da Mata. Todas as internações ocorreram em Juiz de Fora, nas duas
unidades hospitalares referenciadas pelo SUS para internação em HIV/AIDS. Do total de
32
internações, 82,12 % são de residentes no próprio município, e o restante, de residentes nos
demais municípios da mesorregião.
O fluxo construído para o ano 2004 contabilizou 852 internações hospitalares por
HIV/AIDS. Destas, 96,83% ocorreram em hospitais de referência em Juiz de Fora. Do total
de 825 internações efetuadas neste município, 68,85% foram de residentes do próprio
município e 31,15% originaram de residentes dos demais municípios da Zona da Mata.
Deste modo, configurou-se um fluxo intermunicipal de internação hospitalar bem
regionalizado. Das 852 internações ocorridas em 2004, de residentes nos municípios da
mesorregião, 99,3% ocorreram em municípios da Zona da Mata (Juiz de Fora, Muriaé,
Ponte Nova, Andrelândia) e apenas 0,7% ocorreram em municípios não pertencentes à
mesma (Belo Horizonte e Montes Claros).
O hospital cadastrado para atendimento em HIV/AIDS situado em Muriaé,
contabilizou 18 internações em 2004. Destas, 11 foram de residentes do próprio município,
e 7 de residentes em municípios vizinhos. No entanto, 36 internações de residentes em
Muriaé foram registradas em hospitais referenciados de Juiz de Fora, no mesmo ano.
A Figura 5 ilustra o fluxo intermunicipal de internação hospitalar em HIV/AIDS de
residentes nos municípios da Zona da Mata de Minas Gerais.
33
Figura 5 Fluxo intermunicipal de internação hospitalar de portadores de HIV/AIDS,
maiores de 15 anos, residentes nos municípios pertencentes às Macrorregiões de Saúde
Sudeste e Leste do Sul de Minas Gerais, 2004.
4. Discussão
A expansão geográfica do HIV/AIDS para os municípios menores da Zona da Mata,
caracteriza o processo de interiorização da epidemia, evidenciado neste estudo, e suscita
uma série de reflexões acerca da efetividade das ações de prevenção, aconselhamento,
testagem e tratamento, referenciados na mesorregião.
A Zona da Mata de Minas Gerais, em quase sua totalidade é composta por pequenos
municípios, que não possuem recursos técnicos e financeiros suficientes para aportar um
serviço especializado em HIV/AIDS. Deste modo, estes municípios referenciam seus
pacientes para Juiz de Fora, onde são diagnosticados e tratados. No entanto, cabe ressaltar
vários determinantes sociais e econômicos que podem afetar a efetividade da articulação
regionalizada destes serviços:
34
- a informação chega mais tardiamente nas pequenas cidades e em área rurais,
dificultando a auto-percepção do risco de infecção e do adoecimento, bem
como as ações de prevenção;
- o estigma do HIV/AIDS nessas cidades é intenso, desempenhando papel de
força limitadora na busca por atendimento de saúde. O medo de ser
reconhecido e da quebra de sigilo do diagnóstico, levam os pacientes a
protelarem a busca pelo serviço, ou fazê-la em municípios maiores, distantes
de sua residência, muitas vezes comprometendo a precocidade do diagnóstico.
- O grau de eficiência dos tratamentos realizados “fora do domicílio” envolve
realidades distintas, que variam fortemente entre os municípios exportadores
de pacientes. Embora o sistema seja articulado dentro da concepção da
regionalização da assistência, a qualidade do serviço referenciado fica
comprometida uma vez que o paciente fica sujeito aos governos das
prefeituras locais, com relação ao transporte e à sua permanência ao longo do
dia no município referenciado.
O padrão de distribuição espacial de casos e óbitos por HIV/AIDS, nos municípios
da Zona da Mata, mostrou um crescimento mais intenso da epidemia nos municípios da
Macrorregião de Saúde Sudeste, onde se situa Juiz de Fora. Este município foi apontado
pelo estudo como principal pólo de difusão do HIV na região. Dentre as possibilidades de
difusão espacial de epidemias destacadas por Wallace & Wallace
20
, incluem-se a difusão
por meio de contigüidade e a difusão por redes. A difusão por meio de contigüidade
privilegia o contágio entre áreas adjacentes devido à freqüência de interações entre
vizinhos, semelhante ao padrão sócio-espacial evidenciado neste estudo. A difusão por
redes permite a transmissão dentro de comunidades, entre pessoas participantes de redes
sociais, mesmo que distantes. Ambas pressupõem interação entre semelhantes, logo,
permitem reproduzir a estrutura sócio-espacial da unidade de análise. A centralidade de
Juiz de Fora, sua importância social e econômica como pólo comercial, industrial,
educacional e tecnológico da região, demanda intensa circulação de pessoas e movimentos
migratórios.
35
Embora o fluxo de internação não seja a opção de escolha para ilustrar o acesso do
portador de HIV/AIDS às ações e serviços de saúde, visto que o acesso à terapia anti-
retroviral de alta potência tem reduzido o número e a freqüência das internações desses
pacientes, optou-se por fazê-lo pela baixa qualidade dos dados ambulatoriais disponíveis. A
melhor forma de avaliar acesso do portador de HIV/AIDS ao serviço de saúde seria através
da análise de dados ambulatoriais relativos à terapia anti-retroviral. Porém, diante da
escassez e baixa qualidade destes dados, optou-se em analisar o fluxo de internação dos
pacientes de AIDS, como forma indireta de análise do acesso. Considera-se o limite dessa
análise, visto que o número e freqüência das internações tenderam a diminuir com a
implantação da terapia anti-retroviral.
A convergência do fluxo intermunicipal de internação hospitalar de portadores de
HIV/AIDS para o município de Juiz de Fora aponta para uma articulação bem
regionalizada desse serviço na região, respeitando os limites preconizados pelo Plano
Diretor de Regionalização (PDR) e pela Coordenação Estadual de DST/AIDS. No entanto,
sugere algumas considerações. Segundo a Coordenação Estadual de DST/AIDS, a região
conta com 5 hospitais cadastrados para internações hospitalares
21
. O município de Juiz de
Fora participa com duas unidades hospitalares e os municípios de Leopoldina, Ponte Nova
e Muriaé possuem, cada um, uma unidade hospitalar cadastrada. A convergência de quase a
totalidade do fluxo de internação para Juiz de Fora aponta para a não participação dos
demais hospitais cadastrados, com exceção da unidade hospitalar de Muriaé, que participou
com apenas 2,11% das internações ocorridas em 2004. Dadas as peculiaridades da
contextualização do paciente portador de HIV/AIDS residente em pequenos municípios,
descritas anteriormente, cabe investigar os motivos que levam a não participação destes
hospitais cadastrados para o atendimento na demanda da região.
Outro ponto que sugere investigação é o fato dos avanços tecnológicos alcançados
no tratamento do paciente portador de HIV/AIDS, possibilitarem uma redução no número
internação desses pacientes. O fluxo regionalizado identificado neste estudo, teria então
outro foco de interpretação: a internação de pacientes em Juiz de Fora, oriundos de outros
municípios da região, estariam ocorrendo em conseqüência do nível de resolutividade dos
tratamentos recebidos por esses pacientes em seus municípios de origem? A internação
36
desses pacientes em Juiz de Fora estaria ocorrendo pela baixa qualidade da assistência
ofertada pelos outros hospitais cadastrados pela Coordenação Estadual de DST/AIDS?
Para dar conta destas e outras questões, é fundamental a disponibilidade de
informações de qualidade acerca do tratamento ambulatorial dos pacientes portadores de
HIV/AIDS. Estas expressariam as condições do paciente por ocasião do diagnóstico e sua
evolução terapêutica, e permitiriam a realização de estudos comparativos de avaliação dos
serviços, contrastando a assistência recebida por residentes nos municípios de maior porte,
com estrutura especializada, com aquela recebida pelos pacientes residentes nos pequenos
municípios. Estudos analíticos, longitudinais e de sobrevida auxiliariam na compreensão
desses processos.
5. Considerações finais
Os achados do presente estudo evidenciaram o processo de interiorização da
epidemia de HIV/AIDS na Zona da Mata de Minas Gerais, corroborando com estudos
realizados em outras regiões do país. A interiorização da epidemia na Zona da Mata tem
como referência Juiz de Fora como principal pólo difusor. Do ponto de vista do
atendimento hospitalar este município centraliza mais de 90% das internações por
HIV/AIDS do total das internações demandadas por residentes da região. Esta realidade
apresenta-se como desafio para a política de descentralização da atenção ao portador do
HIV/AIDS.
Os serviços de saúde estruturam-se por níveis de atenção, que variam segundo suas
respectivas densidades tecnológicas. Por conseqüência, devem estar otimamente
distribuídos no espaço, segundo os níveis primário, secundário e terciário. Para Mendes
22
, a
descentralização dos serviços de saúde apresenta fortalezas e debilidades. Se a
municipalização das ações de saúde tem se mostrado adequada para a maior parte das ações
básicas de saúde, os serviços que se beneficiam de economias de escala e de escopo, como
aqueles que envolvem maior capacidade especializada e tecnológica, têm sua eficiência e
qualidade comprometidas com o processo de descentralização. O autor defende o
fortalecimento da microrregionalização cooperativa através da institucionalização dos
37
Sistemas Microrregionais de Serviços de Saúde. Para o autor, estes sistemas recompõem
uma escala adequada à organização dos serviços de saúde, ao agregar, num sistema
cooperativo, um conjunto de municípios. Além da garantia de melhor eficiência e
qualidade, a microrregionalização dos serviços pode impactar positivamente a eqüidade, ao
desconcentrar recursos excessivamente articulados em poucos pólos estaduais, e pode
determinar aumento na satisfação dos usuários, reduzindo altos custos sociais impostos por
grandes deslocamentos fora de suas microrregiões.
A centralização do SAE no município de Juiz de Fora, como única unidade
cadastrada para dispensação de medicamentos para HIV/AIDS para as 11 Microrregiões de
Saúde que somam os 146 municípios que compõem a Zona da Mata, remete-nos a refletir
sobre as possibilidades de microrregionalização dessa modalidade ambulatorial secundária
de atenção na região. Sua estrutura multidisciplinar, composta por médico clínico geral (ou
infectologista), enfermeiro, assistente social, psicólogo e farmacêutico não demanda alta
tecnologia, visto que o serviço de apoio laboratorial pode se manter centralizado a nível de
macrorregião. Municípios-pólo de microrregião que se destacam na capacidade instalada de
serviços de saúde, como Viçosa, Ponte Nova, Ubá, Muriaé, Leopoldina e Cataguases
poderiam ser avaliados sobre as possibilidades de aportarem essa modalidade de atenção.
Por outro lado, a convergência do fluxo intermunicipal de internação hospitalar em
HIV/AIDS para o município de Juiz de Fora, sem a participação de outros hospitais
cadastrados pela Coordenação Estadual de HIV/AIDS, pode refletir a natureza complexa da
atenção hospitalar a esses pacientes. Mendes
22,
citando estudos de Mckee e Healy, afirma
que o acesso à atenção hospitalar é menos suscetível à distância (p.42), ao contrário dos
serviços de atenção primária, preventiva e de urgência. E complementa que os ganhos de
escala e de escopo, além de aumentar a eficiência, são importantes para a melhoria da
qualidade dos serviços.
A análise da distribuição espacial da ocorrência de casos e óbitos foi melhor
efetuada a partir da suavização das Taxas Médias de Incidência e de Mortalidade, através
da utilização Método Bayesiano Empírico Local quando comparadas às Taxas Médias de
Incidência e Mortalidade Brutas.
38
A integração dos programas TABWIN e R e sua interface com o Terraview, todos
softwares livres utilizados neste estudo, permitiram ampliar as análises dos dados
fornecidos pelo Ministério da Saúde, através do DATASUS, constituindo uma ferramenta
fértil para os pesquisadores e, em especial, para os profissionais das diversas esferas do
Sistema Único de Saúde.
39
Referências Bibliográficas – ARTIGO
1. Bastos FI & Barcellos C. Geografia Social da AIDS no Brasil. Rev. Saúde Pública,
1995; 29 :(1) 52-62.
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10. Marins JRP, Jamal LF, Chen SY, Barros MBA., Hudes E S, Barbosa AA et al.
Dramatic Improvement in survival among adult Brazilian AIDS patients. AIDS
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40
11. Nemes MIB, Castanheira ERLC, Melchior R., Alves MTSB, Basso CR. Avaliação
da qualidade da assistência no programa de AIDS: questões para a investigação em
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12. Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Coordenadoria de DST/AIDS.
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marginalisation and the diffusion of disease and disorder in the United States. BMJ,
314:1341-1345, 1997.
41
21. Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Coordenadoria de
DST/AIDS.http://www.saude.mg.gov.br:8180/saude/viewController.jsp?page=57
(acessado em 24/Out/2004).
22. Mendes E V. Os grandes dilemas do SUS: Tomo II. Casa da Qualidade Editora,
Salvador, 2001.
42
CAPÍTULO 5
5.1 Conclusões
A interiorização da epidemia de HIV/AIDS na Zona da Mata de Minas Gerais, ainda
que consideradas as limitações do desenho do estudo, é observada ao longo dos períodos.
Os Sistemas de Informação utilizados como fontes de dados (SIM, SINAN-AIDS/MG e
SIH-SUS) constituem bancos independentes, não se relacionam entre si, e apresentam
qualidades de registro e completude diversas. Ainda assim, a expansão geográfica da
epidemia de HIV/AIDS pôde ser visualizada através do aumento das Taxas Médias de
Incidência e das Taxas Médias de Mortalidade, ao longo dos períodos. E ainda, observou-
se o aumento do número de internações e da diversificação de municípios que originaram
internações por HIV/AIDS, fornecidos pelo SIH-SUS. O município de Juiz de Fora foi
apontado como principal pólo difusor do HIV/AIDS na região, particularmente evidenciado
quando as Taxas Médias de Incidência e Mortalidade foram reestimadas através do Método
Bayesiano Empírico Local.
O fluxo intermunicipal de internação hospitalar mostrou que dois hospitais de Juiz
de Fora internaram mais de 90% do total de internações por HIV/AIDS de residentes nos
municípios da região, no ano de 2004, denotando um fluxo intermunicipal de internação
centralizado ao nível de Macrorregião, sem a participação de outros hospitais cadastrados.
Juiz de Fora sedia a única unidade cadastrada para dispensação de antiretrovirais na
Macrorregião, sendo referência ambulatorial especializada para os 146 municípios da Zona
da Mata. Estudo realizado para avaliar a qualidade da assistência ambulatorial do Programa
de AIDS em sete Estados brasileiros apontou uma forte heterogeneidade institucional, com
estruturas e organização da assistência as mais diversas, com predomínio dos pequenos e
médios serviços: 50% dos serviços acompanhavam até 100 pacientes; 37% de 100 a 500
pacientes e 13% acompanhavam mais de 500 pacientes
32
.
Neste contexto de expansão geográfica da epidemia de HIV/AIDS na Zona da Mata
Mineira e da complexidade que demanda a sua terapêutica, a centralidade dos serviços
ambulatorial/hospitalar em Juiz de Fora sugere a necessidade de realização de estudos
comparativos sobre a qualidade da assistência recebida por esses pacientes e do impacto
43
que esta tem sobre a saúde do paciente vivendo com HIV/AIDS, tanto para aqueles que
residem no próprio município (Juiz de Fora) como para os demais, residentes nos outros
145 municípios da região. Estes estudos possibilitariam direcionar as políticas de saúde na
otimização da organização das ações e serviços em HIV/AIDS no nível local,
contemplando os princípios da universalidade, eqüidade e integralidade do SUS.
44
Referências Bibliográficas (Dissertação)
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epidemia de AIDS no Município do Rio de Janeiro, no período de 1988-96: uma
aplicação de análise estatística espaço-temporal. Cad Saúde Pública, 2001; 17: 109-
18.
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segundo participação no mercado de trabalho, ocupação e status sócio-econômico
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Situação e Tendências. (Ministério da Saúde, org.) 1996, pp.193-216, Brasília,
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(CE, MA, MS, PA, RJ, RS, SP) [Tese de Doutorado]. São Paulo: Faculdade de
Saúde Pública, Universidade de São Paulo; 2003.
48
ANEXOS
49
ANEXO 1
Taxas Médias de Incidência (TMI) de HIV/AIDS, Taxas Médias de Incidência de
HIV/AIDS suavizadas pelo Método Bayesiano Empírico Local (LEB TMI), Taxas Médias
de Mortalidade (TMM) por HIV/AIDS e Taxas Médias de Mortalidade por HIV/AIDS
suavizadas pelo Método Bayesiano Empírico Local (LEB TMM), por município de
residência, Macrorregiões Leste do Sul e Sudeste, Minas Gerais, 1988-1992.
MUNICÍPIO TMI LEB TMI TMM LEB TMM
Abre Campo 1,7
1,08
1,7
1,08
Acaiaca 0
0,00
0
1,45
Além Paraíba 2,75
3,24
0,92
1,18
Alvinópolis 3,91
1,75
0
0,00
Amparo do Serra 0
0,00
0
1,66
Andrelândia 2,29
2,05
0
0,68
Antônio Prado de Minas 0
0,00
0
0,00
Aracitaba 0
4,10
0
0,91
Arantina 0
2,09
0
1,04
Araponga 0
2,03
0
1,78
Argirita 0
1,97
9,46
1,47
Astolfo Dutra 0
0,74
0
1,98
Barão de Monte Alto 4,79
3,82
0
2,94
Barra Longa 0
0,62
0
1,24
Belmiro Braga 0
24,52
0
4,85
Bias Fortes 12,29
22,64
0
4,35
Bicas 14,92
23,86
2,49
4,67
Bocaina de Minas 0
0,00
0
0,00
Bom Jardim de Minas 4,48
1,44
4,48
0,48
Brás Pires 0
0,00
0
0,00
Caiana 6,62
2,77
6,62
3,23
Cajuri 0
2,73
0
1,36
Canaã 17,59
1,78
0
0,59
Caparaó 0
0,73
0
0,24
Caputira 0
1,10
0
0,44
Carangola 3,1
1,65
3,88
1,88
Cataguases 3,5
2,64
1,5
1,82
Chácara 0
23,32
0
4,56
Chalé 0
0,00
0
0,76
Chiador 0
4,86
0
1,21
Coimbra 0
1,87
0
0,93
Conceição de Ipanema 0
0,00
0
0,00
Coronel Pacheco 8,81
24,81
0
4,82
Descoberto 0
0,82
0
0,55
Diogo de Vasconcelos 0
0,00
0
0,00
Divinésia 10,55
2,38
0
1,59
50
MUNICÍPIO TMI LEB TMI TMM LEB TMM
Divino 0
1,30
0
1,14
Dom Silvério 0
1,04
0
0,00
Dona Eusébia 0
2,62
0
1,64
Dores do Turvo 0
0,72
0
1,44
Ervália 0
2,91
0
1,82
Espera Feliz 1,63
2,00
0
2,00
Estrela Dalva 0
2,34
0
1,40
Eugenópolis 0
3,10
0
2,33
Ewbank da Câmara 0
23,20
0
4,53
Faria Lemos 0
2,58
9,12
3,62
Guaraciaba 0
1,26
0
1,47
Guarani 0
1,37
0
1,83
Guarará 0
12,69
0
2,72
Guidoval 4,06
2,43
8,12
1,72
Guiricema 0
2,85
0
1,78
Ipanema 0
0,00
0
0,37
Itamarati de Minas 0
2,27
0
1,14
Jequeri 0
0,84
2,11
1,85
Juiz de Fora 26,05
21,54
5,08
4,02
Lajinha 0
0,00
0
0,83
Laranjal 4,77
3,28
4,77
2,18
Leopoldina 1,89
2,41
1,26
1,28
Liberdade 0
1,65
0
0,82
Lima Duarte 1,97
23,45
0
4,57
Manhuaçu 0,86
0,56
0,43
0,56
Manhumirim 0
0,45
2,36
0,67
Mar de Espanha 14,85
5,15
2,97
1,40
Maripá de Minas 36,35
7,27
12,12
2,08
Matias Barbosa 0
24,76
2,65
4,90
Matipó 0
0,76
0
0,50
Mercês 0
2,27
2,89
2,27
Miradouro 0
2,94
0
2,57
Miraí 2,04
3,24
2,04
2,31
Muriaé 4,28
2,74
3,21
2,19
Mutum 0
0,00
0
0,00
Olaria 0
1,88
0
0,94
Oliveira Fortes 0
4,12
0
0,00
Palma 0
3,92
4,14
2,87
Passa-Vinte 0
1,14
0
1,14
Patrocínio do Muriaé 0
3,72
0
2,58
Paula Cândido 0
3,12
0
1,20
Pedra do Anta 0
1,98
0
0,66
Pedra Dourada 0
1,64
0
2,45
Pedro Teixeira 0
24,95
0
4,82
Pequeri 0
24,90
0
4,84
51
MUNICÍPIO TMI LEB TMI TMM LEB TMM
Piau 0
22,57
0
4,41
Piedade de Ponte Nova 0
0,00
0
1,75
Pirapetinga 6,47
2,55
3,24
1,28
Piraúba 0
0,71
6,32
1,67
Pocrane 0
0,00
0
0,00
Ponte Nova 0
0,00
2,14
1,65
Porto Firme 0
2,16
0
1,08
Presidente Bernardes 0
0,00
0
0,00
Raul Soares 2,03
1,12
0
0,45
Recreio 2,71
2,58
0
1,84
Rio Casca 0
0,39
0
1,18
Rio Doce 0
0,00
0
1,43
Rio Novo 0
1,47
0
0,49
Rio Pomba 1,93
1,32
1,93
2,20
Rio Preto 0
23,76
0
4,67
Rochedo de Minas 0
6,95
0
1,54
Rodeiro 0
0,94
0
1,89
Santa Cruz do Escalvado 0
0,00
0
1,74
Santa Margarida 0
0,68
0
0,45
Santana de Cataguases 0
3,73
0
2,49
Santana do Deserto 0
24,43
0
4,83
Santana do Manhuaçu 0
0,42
0
0,84
Santa Rita de Jacutinga 0
1,32
0
1,32
Santo Antônio do Aventure 0
3,33
0
1,51
Santo Antônio do Grama 0
0,50
0
1,99
Santos Dumont 4,55
23,08
0
4,43
São Francisco do Glória 0
2,00
0
2,50
São Geraldo 0
2,38
0
0,79
São João Nepomuceno 0
2,77
0
1,38
São José do Mantimento 0
0,00
0
1,30
São Miguel do Anta 0
2,54
0
0,85
São Pedro dos Ferros 0
1,26
0
0,42
Senador Cortes 0
9,54
0
3,58
Senador Firmino 0
0,89
0
1,19
Sericita 0
0,68
0
1,36
Silveirânia 0
0,92
0
1,84
Simão Pereira 0
0,00
0
1,41
Simonésia 0
0,55
2,09
0,55
Tabuleiro 13,3
2,93
6,65
0,88
Teixeiras 0
1,26
0
1,47
Tocantins 0
0,81
0
1,90
Tombos 0
0,00
0
1,12
Ubá 0,89
1,92
1,78
1,92
Urucânia 0
0,00
6,37
1,93
Viçosa 3,56
1,75
1,78
0,88
52
MUNICÍPIO TMI LEB TMI TMM LEB TMM
Vieiras 0
3,13
0
2,35
Visconde do Rio Branco 6,21
2,25
2,07
1,80
Volta Grande 0
2,06
0
1,03
53
ANEXO 2
Taxas Médias de Incidência (TMI) de HIV/AIDS, Taxas Médias de Incidência de
HIV/AIDS suavizadas pelo Método Bayesiano Empírico Local (LEB TMI), Taxas Médias
de Mortalidade (TMM) por HIV/AIDS e Taxas Médias de Mortalidade por HIV/AIDS
suavizadas pelo Método Bayesiano Empírico Local (LEB TMM), por município de
residência, Macrorregiões de Saúde Leste do Sul e Sudeste, Minas Gerais, 1993-1996.
MUNICÍPIO T.M.I. LEB T.M.I.
T.M.M. LEB T.M.M.
Abre Campo 0
1,77
2,06
1,33
Acaiaca 0
3,47
0
1,30
Além Paraíba 4,36
9,84
3,27
5,27
Alvinópolis 0
0,00
0
0,00
Amparo do Serra 18,47
4,37
0
1,59
Andrelândia 2,87
6,72
2,87
2,52
Antônio Prado de Minas 0
1,62
0
3,25
Aracitaba 0
12,05
0
4,38
Arantina 13,28
5,20
0
2,60
Araponga 10,4
1,22
0
0,81
Argirita 0
10,03
0
4,36
Astolfo Dutra 12,1
5,44
3,02
2,58
Barão de Monte Alto 0
8,23
0
2,40
Barra Longa 0
2,60
0
1,12
Belmiro Braga 0
38,99
0
18,34
Bias Fortes 7,68
36,23
0
17,06
Bicas 29,51
38,09
8,85
18,14
Bocaina de Minas 0
5,44
0
2,72
Bom Jardim de Minas 0
5,98
0
1,80
Brás Pires 0
1,68
0
0,00
Caiana 0
3,04
0
3,04
Cajuri 0
3,63
0
2,07
Canaã 0
1,43
0
0,72
Caparaó 0
2,07
0
2,66
Caputira 9,74
2,16
4,87
2,71
Carangola 3,35
1,86
2,23
1,86
Cataguases 12,09
11,21
4,03
4,06
Chácara 30,27
37,68
20,18
17,91
Chalé 0
0,56
0
0,62
Chiador 24,39
6,50
12,2
5,06
Coimbra 0
2,88
0
2,16
Conceição de Ipanema 0
1,71
0
3,42
Coronel Pacheco 10,93
39,40
10,93
18,82
Descoberto 8,44
10,34
8,44
4,20
Diogo de Vasconcelos 9,42
2,09
0
0,00
Divinésia 0
4,27
0
2,14
54
MUNICÍPIO T.M.I. LEB T.M.I.
T.M.M. LEB T.M.M.
Divino 0
1,88
0
2,25
Dom Silvério 0
1,28
0
3,20
Dona Eusébia 7,06
10,69
7,06
3,43
Dores do Turvo 7,68
4,20
0
2,24
Durandé 0
2,62
0
3,20
Ervália 0
6,62
2,46
2,35
Espera Feliz 1,87
1,70
3,73
1,70
Estrela Dalva 0
10,54
0
4,99
Eugenópolis 0
6,93
3,65
2,71
Ewbank da Câmara 0
37,31
0
17,65
Faria Lemos 11,25
3,48
11,25
2,78
Fervedouro 0
1,41
0
1,05
Guaraciaba 0
3,66
0
1,95
Guarani 4,33
7,70
4,33
4,40
Guarará 9,08
18,10
9,08
10,64
Guidoval 0
7,79
0
2,98
Guiricema 7,07
5,12
0
2,56
Ipanema 0
0,89
7,96
3,11
Itamarati de Minas 20,27
12,24
0
4,26
Jequeri 2,68
3,62
0
1,11
Juiz de Fora 40,82
36,23
19,35
16,01
Lajinha 0
0,00
0
0,70
Laranjal 5,95
10,54
5,95
3,67
Leopoldina 12,76
9,19
4,5
4,18
Liberdade 11,98
4,12
5,99
2,06
Lima Duarte 9,51
35,46
2,38
17,46
Manhuaçu 3,25
1,73
3,79
2,25
Manhumirim 0
2,16
5,23
3,59
Mar de Espanha 10,31
7,25
10,31
6,14
Maripá de Minas 28,92
12,13
28,92
6,67
Matias Barbosa 12,28
39,18
3,07
18,51
Matipó 0
2,33
0
2,63
Mercês 0
5,53
0
3,69
Miradouro 0
6,02
0
2,09
Miraí 12,11
8,98
4,84
3,05
Muriaé 9,06
6,46
2,88
2,58
Mutum 0
0,00
1,44
2,73
Olaria 0
6,90
0
1,15
Oliveira Fortes 0
14,04
0
4,21
Palma 10,36
8,60
0
3,07
Passa-Vinte 0
2,89
0
1,44
Patrocínio do Muriaé 0
7,34
0
2,67
Paula Cândido 0
3,36
0
1,96
Pedra do Anta 0
3,22
0
0,80
Pedra Dourada 0
2,69
0
2,69
55
MUNICÍPIO T.M.I LEB T.M.I
T.M.M. LEB T.M.M.
Pedro Teixeira 22,24
39,34
0
18,50
Pequeri 12,82
39,07
12,82
18,60
Piau 0
36,45
0
17,45
Piedade de Ponte Nova 0
2,16
0
5,39
Pirapetinga 0
10,11
3,66
4,55
Piraúba 0
5,25
0
2,49
Pocrane 0
0,00
3,5
4,04
Ponte Nova 4,41
3,13
1,89
1,71
Porto Firme 0
2,92
0
1,67
Presidente Bernardes 0
0,00
0
0,00
Alto Jequitibá 0
2,11
0
3,52
Raul Soares 0
2,51
1,26
2,79
Recreio 9,97
10,14
6,64
4,41
Rio Casca 5
1,46
7,51
2,92
Rio Doce 0
3,00
0
2,15
Rio Novo 9,18
8,68
6,12
6,36
Rio Pomba 6,96
4,27
2,32
3,20
Rio Preto 9,74
36,98
0
17,75
Rochedo de Minas 0
14,39
0
6,30
Rodeiro 0
5,39
0
2,51
Santa Cruz do Escalvado 0
3,15
0
2,80
Santa Margarida 0
0,00
0
0,51
Santana de Cataguases 0
10,11
0
3,51
Santana do Deserto 0
38,61
21,34
18,40
Santana do Manhuaçu 0
2,70
0
3,60
Santa Rita de Jacutinga 13,7
3,36
6,85
0,00
Santo Antônio do Aventureiro 0
8,65
0
4,32
Santo Antônio do Grama 0
1,83
0
2,45
Santos Dumont 15,45
34,83
4,63
17,32
São Francisco do Glória 0
1,73
0
1,15
São Geraldo 4,55
3,32
4,55
1,89
São João do Manhuaçu 0
1,81
0
2,11
São João Nepomuceno 6,09
13,02
3,05
5,86
São José do Mantimento 17,92
4,20
0
1,40
São Miguel do Anta 0
2,61
0
1,96
São Pedro dos Ferros 3,9
1,55
0
2,59
Senador Cortes 0
8,51
0
8,51
Senador Firmino 0
3,80
0
1,73
Sericita 6,12
2,47
0
0,82
Silveirânia 0
4,46
18,42
2,23
Simão Pereira 0
6,72
0
1,68
Simonésia 0
2,68
0
4,02
Tabuleiro 16,72
10,22
16,72
4,23
Teixeiras 0
4,16
3,52
1,96
Tocantins 2,73
4,71
2,73
2,20
56
MUNICÍPIO T.M.I LEB T.M.I
T.M.M. LEB T.M.M.
Tombos 3,54
2,67
3,54
4,01
Ubá 5
4,49
2,5
2,02
Urucânia 0
3,33
0
2,66
Viçosa 4,68
2,37
2,67
1,69
Vieiras 0
6,70
0
2,44
Visconde do Rio Branco 4,89
4,45
2,44
2,09
Volta Grande 16,14
9,40
16,14
4,50
57
ANEXO 3
Taxas Médias de Incidência (TMI) de HIV/AIDS, Taxas Médias de Incidência de
HIV/AIDS suavizadas pelo Método Bayesiano Empírico Local (LEB TMI), Taxas Médias
de Mortalidade (TMM) por HIV/AIDS e Taxas Médias de Mortalidade por HIV/AIDS
suavizadas pelo Método Bayesiano Empírico Local (LEB TMM), por município de
residência, Macrorregiões Leste do Sul e Sudeste, Minas Gerais, 1997-2002.
MUNICÍPIO T.M.I. LEB T.M.I. T.M.M. LEB T.M.M.
Caiana 0
6,72
0
6,32
Cajuri 0
6,04
0
2,01
Canaã 5,07
0,46
5,07
0,93
Caparaó 0
1,60
5,23
2,80
Além Paraíba 16,21
12,44
8,1
5,46
Caputira 0
3,27
2,89
2,31
Carangola 10,79
5,81
9,36
5,31
Cataguases 9,89
9,60
4,24
4,20
Chácara 13,77
38,93
0
14,21
Chalé 0
0,78
0
1,17
Chiador 15,09
13,94
7,54
6,29
Coimbra 0
5,56
3,48
1,85
Conceição de Ipanema 0
0,59
0
1,47
Abre Campo 0
0,63
1,85
1,68
Alto Caparaó 0
1,31
5,53
2,63
Coronel Pacheco 7,86
40,61
0
14,61
Descoberto 0
9,74
0
5,60
Alvinópolis 0
0,00
3,08
1,66
Diogo de Vasconcelos 0
2,64
0
2,64
Divinésia 0
8,22
0
3,60
Divino 2,69
4,11
4,03
3,72
Dom Silvério 0
0,00
0
1,39
Dona Eusébia 8,61
7,96
4,31
3,75
Dores do Turvo 15,73
8,39
10,49
4,68
Amparo do Serra 0
7,27
0
4,01
Durandé 0
0,98
7,49
1,96
Ervália 0
6,55
0
3,85
Espera Feliz 2,47
5,44
2,47
5,73
Estrela Dalva 8,43
10,59
8,43
5,47
Eugenópolis 0
7,26
0
4,47
Ewbank da Câmara 6,64
40,26
0
14,53
Faria Lemos 0
6,53
6,44
6,09
Fervedouro 5,27
6,03
0
4,93
Andrelândia 5,43
9,89
0
1,56
Acaiaca 0
8,01
6,09
4,86
Goianá 0
10,51
6,83
6,00
58
MUNICÍPIO T.M.I. LEB T.M.I. T.M.M. LEB T.M.M.
Guaraciaba 4,58
7,96
2,29
3,24
Guarani 2,75
6,70
2,75
4,23
Guarará 0
11,67
0
2,59
Guidoval 0
8,48
0
3,65
Guiricema 0
7,10
0
2,37
Antônio Prado de Minas 0
0,00
0
0,00
Aracitaba 0
21,75
0
8,42
Ipanema 2,86
1,65
4,29
2,06
Itamarati de Minas 6,31
9,54
6,31
4,61
Arantina 0
11,26
0
0,80
Araponga 0
1,23
0
0,61
Jequeri 0
1,01
0
1,68
Juiz de Fora 41,57
36,92
14,95
13,25
Lajinha 2,78
0,88
1,39
1,32
Laranjal 3,68
9,44
0
5,07
Leopoldina 11,66
10,62
5,6
5,47
Liberdade 0
9,00
0
0,64
Lima Duarte 7,38
38,61
2,95
13,70
Luisburgo 0
3,79
0
2,84
Manhuaçu 6,06
2,63
2,65
2,35
Manhumirim 2,53
4,07
5,05
2,49
Mar de Espanha 10,83
11,39
0
4,83
Maripá de Minas 8,48
11,84
0
4,81
Martins Soares 0
1,35
0
4,06
Argirita 7,36
11,05
0
5,66
Matias Barbosa 21,46
40,46
7,15
14,52
Matipó 0
3,05
0
1,71
Mercês 0
9,35
0
5,26
Miradouro 2,55
7,10
0
4,13
Miraí 12,29
8,77
3,51
4,39
Astolfo Dutra 3,91
6,19
3,91
3,10
Muriaé 9,71
6,59
5,88
3,56
Mutum 0
1,46
0
0,36
Olaria 0
15,37
0
3,84
Oliveira Fortes 0
27,01
0
10,36
Oratórios 5,53
7,48
5,53
4,81
Orizânia 0
1,06
0
1,60
Palma 0
8,26
3,37
5,18
Passa-Vinte 0
11,73
0
0,90
Patrocínio do Muriaé 4,69
8,31
4,69
4,98
Paula Cândido 2,63
7,60
2,63
2,26
Pedra Bonita 0
1,11
0
1,11
Pedra do Anta 0
1,60
0
1,07
Pedra Dourada 0
5,77
0
5,43
Pedro Teixeira 13,08
40,01
0
14,38
59
MUNICÍPIO T.M.I. LEB T.M.I. T.M.M. LEB T.M.M.
Pequeri 7,67
39,51
0
14,16
Piau 0
39,09
0
14,19
Piedade de Ponte Nova 6,41
3,58
0
3,58
Barão de Monte Alto 3,78
8,53
0
5,33
Pirapetinga 8,7
10,36
6,53
5,97
Piraúba 0
7,54
0
4,55
Pocrane 4,82
1,72
0
1,29
Ponte Nova 10,8
6,91
6,23
4,07
Barra Longa 0
6,71
0
4,65
Porto Firme 7,37
6,67
0
1,67
Presidente Bernardes 4,33
5,34
0
1,33
Alto Jequitibá 0
1,15
0
3,46
Raul Soares 0,94
3,63
2,83
2,42
Recreio 6,49
9,08
6,49
5,23
Reduto 0
3,52
0
2,93
Rio Casca 1,6
2,28
4,79
2,28
Belmiro Braga 6,87
40,58
0
14,50
Rio Doce 0
8,19
0
4,39
Rio Novo 10,68
8,45
5,34
5,63
Rio Pomba 14,17
6,74
8,5
5,14
Rio Preto 18,07
14,00
9,03
3,04
Rochedo de Minas 0
14,15
0
7,07
Rodeiro 4,59
7,30
0
3,45
Rosário da Limeira 6,73
8,50
0
4,62
Santa Bárbara do Monte Verde
18,63
39,85
0
14,34
Santa Cruz do Escalvado 0
7,68
0
4,96
Santa Margarida 0
0,74
1,81
1,11
Santana de Cataguases 6,96
9,57
0
4,79
Santana do Deserto 13,43
39,71
0
14,18
Santana do Manhuaçu 0
3,53
0
2,75
Santa Rita de Jacutinga 0
19,94
4,27
3,52
Santo Antônio do Aventureiro 0
12,32
0
5,38
Santo Antônio do Grama 0
0,88
0
2,63
Santos Dumont 29,61
39,15
11,35
14,13
São Francisco do Glória 8,68
7,60
8,68
5,70
São Geraldo 15,42
6,04
3,08
2,59
Bias Fortes 5,23
39,04
0
14,12
Bicas 19,49
38,63
7,09
14,01
São João do Manhuaçu 0
3,36
0
1,87
São João Nepomuceno 13,08
11,64
8,41
5,62
São José do Mantimento 0
0,00
0
2,76
São Miguel do Anta 0
4,55
3,58
1,52
São Pedro dos Ferros 2,67
1,15
0
2,69
São Sebastião da Vargem A 0
7,91
0
4,30
Bocaina de Minas 0
0,00
0
0,00
60
MUNICÍPIO T.M.I. LEB T.M.I. T.M.M. LEB T.M.M.
Sem-Peixe 0
2,29
0
2,29
Senador Cortes 0
6,14
0
0,00
Senador Firmino 3,62
7,71
0
3,56
Sericita 0
0,00
0
0,53
Bom Jardim de Minas 36,21
9,74
3,29
1,95
Silveirânia 11,56
9,88
0
5,64
Simão Pereira 30,04
16,78
0
5,24
Simonésia 0
3,80
1,49
2,53
Tabuleiro 10,28
17,77
5,14
7,62
Taparuba 0
1,60
0
1,20
Teixeiras 4,24
7,59
0
3,27
Tocantins 6,13
8,45
9,2
4,93
Tombos 0
0,00
0
0,81
Ubá 8,5
7,27
3,84
3,83
Urucânia 2,56
6,79
5,12
4,46
Viçosa 7,67
5,61
1,83
1,74
Vieiras 0
7,88
0
4,81
Visconde do Rio Branco 10,67
7,87
4,27
3,33
Volta Grande 4,86
12,91
0
6,33
Brás Pires 9,83
7,76
4,91
3,33
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