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(predominantemente nas regiões Norte e Centro-Oeste), enquanto fator de difusão do HIV
em direção às fronteiras de ocupação territorial.
Szwarcwald et al
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analisaram a evolução espacial dos casos de AIDS no Brasil,
diagnosticados no período de 1987 a 1996, contemplando a disseminação da epidemia
segundo características dos municípios de residência dos casos, e observaram que a Região
Sudeste, com a maior taxa de incidência no período analisado, apresentava menor ritmo de
crescimento e a maior tendência à estabilidade, ao contrário das Regiões Norte e Sul. Neste
estudo, a expansão da epidemia entre mulheres foi evidenciada pela diminuição das razões
de sexo no tempo em todas as regiões, e em especial nos municípios com menos de 50 mil
habitantes, indicando a preponderância da transmissão heterossexual nestes municípios.
Utilizando a escolaridade como variável proxi de situação socioeconômica, o
fenômeno de pauperização tem sido caracterizado pelo aumento da proporção de casos de
AIDS em indivíduos com baixa escolaridade. Brito et al
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descreveram que, do total de
casos de AIDS com escolaridade conhecida diagnosticados até 1982, todos apresentavam
nível superior ou médio; em 1985 o percentual deste grupo alcançou 76%, enquanto apenas
24% dos casos eram analfabetos ou cursaram os primeiros quatro anos do ensino
fundamental. Nos anos subseqüentes, observou-se tendência progressiva de aumento de
casos notificados em indivíduos com menor grau de escolaridade, e em 1999/2000, 74%
dos casos com escolaridade informada eram analfabetos ou haviam completado o ensino
fundamental, e apenas 26% apresentavam mais de 11 anos de escolaridade ou curso
superior.
A AIDS no Brasil vem sendo descrita como uma epidemia multifacetada, composta
por várias subepidemias, por não apresentar um perfil epidemiológico único em todo o
território brasileiro, configurando-se como um mosaico de subepidemias regionais,
motivadas pelas desigualdades socioeconômicas
5
. Segundo Parker & Camargo Jr.
6
, as
desigualdades sociais, econômicas e demográficas da população brasileira, produzem
variações quanto à probabilidade de componentes da população infectar-se pelo HIV,
traduzindo-se, assim, em diferentes vulnerabilidades ao HIV/AIDS e complementam que
“as mesmas desigualdades que explicam diferentes vulnerabilidades ao HIV/AIDS também
têm efeitos sobre a possibilidade de indivíduos acometidos serem captados pela rede de