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pensamento”. Para o estruturalismo de Lévi-Strauss, a diversidade humana não é
relevante, e sim a similaridade humana de pensamento. Nessa teoria, o conceito de
cultura ganha um sentido residual, mas não redutível. A identidade de grupo é
fundamental na construção da identidade individual.
Para a antropologia recente, a cultura é um sistema simbólico, característica
fundamental e comum da humanidade de atribuir de forma sistemática; racional e
estruturada, significados e sentidos “às coisas do mundo”. Observar, separar, pensar
e classificar, atribuindo uma ordem totalizadora ao mundo, é fundamental para se
compreender o conceito de cultura, definido como “sistema simbólico”, e sua
diversidade nas sociedades humanas, mesmo neste período atual de modernidade
tardia.
1
Para isso, Clifford Geertz propõe que a cultura seja interpretada dentro do
seu conjunto de ações:
a cultura de um povo é um conjunto de textos, este mesmo conjunto, que o
antropólogo tenta ler por sobre os ombros daqueles a quem eles pertencem
[...] as sociedades como as vidas, contêm suas próprias interpretações. É
preciso descobrir o acesso a elas. (GEERTZ, 1989, p. 212 e 213)
Uma das metáforas preferidas, de Geertz, para definir o que faz a
Antropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como texto. Todos os
elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta
textualidade, imanente à realidade cultural. Para o antropólogo, o homem tem uma
dependência em relação aos símbolos e que por isso o conjunto de mecanismos
simbólico serve para o controle do comportamento do homem, ou seja, a cultura
fornece um vínculo entre o que os homens são capazes de se tornar e no que eles
realmente se tornam. Para Geertz (1989, p. 66), o conceito de cultura denota um
padrão de significados transmitidos historicamente, incorporado em símbolos, um
sistema de concepções herdado por meio das quais os homens comunicam,
perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida.
Nessa mesma linha, Duranti (2000, p. 48) converge com Geertz quando afirma que
uma das perspectivas comuns da cultura que é algo aprendido, transmitido, herdado
de geração em geração através das associações humanas, quase sempre tomando
a forma de uma interação cara a cara e, naturalmente, mediante a comunicação
lingüística.
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Modernidade tardia: período atual do ocidente, caracterizado por uma dependência e estruturação
do individuo face ao grupo, não dispondo verdadeiramente deste estatuto de individualidade. Para um
estudo mais aprofundado ver Stuart Hall, A identidade cultural na pós - modernidade.