odemos compreender esse ato como uma espécie de proposta para percorrer caminhos,
construindo uma materialidade aberta para o toque do leitor, montando caminhos e
possibilidades de interação, ou construindo uma espécie de
, intervindo no acaso, como
nos aponta Georges Perec no preâmbulo de seu
L'art du puzzle commence avec les puzzles de bois découpés à la main lorsque celui
qui les fabrique entreprend de se poser toutes les questions que le joueur devra
u de laisser le hasard brouiller les pistes, il entend lui
substituer la ruse, le piège, l'illusion: d'une façon préméditée, tous les éléments
figurant sur l'image à reconstruire
tel fauteuil de brocart d'or, tel chapeau noir à
trois cornes garni d'une p
lume noire un peu délabrée, telle livrée jonquille toute
couverte de galons d'argent
serviront de départ à une information trompeuse:
l'espace organisé, cohérent, structuré, signifiant, du tableau sera découpé non
seulement en éléments inertes, amorphes,
pauvres de signification et d'information,
mais en éléments falsifiés, porteurs d'informations fausses: deux fragments de
corniches s'emboitant exactement alors qu'ils appartiennent en fait à deux portions
très éloignées du plafond, la boucle de la ceintu
re d'un uniforme qui se révèle in
extremis être une pièce de métal retenant une torchère, plusieurs pièces découpées
de façon presque identique appartenant, les unes à un oranger nain pose sur une
cheminée, les autres à son reflet à peine terni dans un mir
classiques des embûches rencontrées par les amateurs.
On en déduira quelque chose qui est sans doute l'ultime vérité du puzzle: en dépit
des apparences, ce n'est pas un jeu solitaire: chaque geste que fait le poseur de
aiseur de puzzle 1'a fait avant lui; chaque pièce qu'il prend et reprend,
qu'il examine, qu'il caresse, chaque combinaison qu'il essaye et essaye encore,
chaque tâtonnement, chaque intuition, chaque espoir, chaque découragement, ont été
Existe uma linha que atravessa a relação entre estas três partes: autor, obra, leitor. Algo de um
jogo de criação em que alguém cria e ao mesmo tempo se joga para dentro do espaço da obra,
es em que esse autor criou as regras, tendo
constante ato de leitura,
vem, tendo como resultado um texto (uma espécie de texto
“A arte do puzzle começa com os puzzles de madeira cortados à mão, quando a pessoa que os fabrica se
propõe apresentar a si mesma
todas as questões que o jogador deverá resolver; quando, em vez de deixar o acaso
enredar as pistas, decide interferir pessoalmente para criar a astúcia, o ardil, a ilusão; de maneira premeditada,
todos os elementos que figuram na imagem a ser reconstruíd
aquela poltrona de brocado dourado, aquele
tricórnio negro enfeitado com uma pluma negra um tanto amarfanhada, aquela libré amarelo
servirão de partida para uma informação enganadora: o espaço organizado, coerente,
estruturado, significativo, do quadro será cortado não apenas em elementos inertes, amorfos, pobres de
significado e informação, mas também em elementos falsificados, portadores de informações falsas: dois
fragmentos de cornijas que se encaixam perfeitame
nte, embora na verdade pertençam a duas porções bastante
distintas do teto; a fivela do cinturão de um uniforme que acaba sendo afinal a braçadeira que envolve a base de
um tocheiro; várias peças cortadas de maneira quase idêntica que pertencem, umas, a um
colocada sobre o consolo da lareira e, outras, a seu reflexo um pouco esmaecido num espelho são exemplos
clássicos das ciladas que encontram os cultores do gênero.
Podemos deduzir daí algo que é, sem dúvida, a verdade última do p
uzzle: apesar das aparências, não se trata de
todo gesto que faz o armador de puzzles, o construtor já o fez antes dele; toda peça que
torna e retoma, examina, acaricia, toda combinação que tenta e volta a tentar, toda hesitação, toda i
esperança, todo esmorecimento foram decididos, calculados, estudados pelo outro”