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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
CLAUDIA DE SOUZA CARDOSO MEIRELLES
A INTERAÇÃO NAS DISTÂNCIAS: A ANÁLISE DE UM PROCESSO
NATAL
2010
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CLAUDIA DE SOUZA CARDOSO MEIRELLES
A INTERAÇÃO NAS DISTÂNCIAS: A ANÁLISE DE UM PROCESSO
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências Sociais
da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, como exigência final para
obtenção do título de Mestra em
Ciências Sociais.
Orientador: Profª. Drª. Irene Alves de
Paiva
NATAL
2010
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CLAUDIA DE SOUZA CARDOSO MEIRELLES
A INTERAÇÃO NAS DISTÂNCIAS: A ANÁLISE DE UM PROCESSO
Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do grau de Mestre em Ciências
Sociais e aprovada em sua forma final pelo curso de Mestrado em Ciências Sociais
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Defesa em: 01 / 07 / 2010
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Profª. Drª. Irene Alves de Paiva (UFRN) – Orientadora
______________________________________________________
Prof. Dr. Hermano Machado Ferreira Lima (UECE) – Titular
______________________________________________________
Profª. Drª. Maria Lucia Bastos Alves (UFRN) – Titular
______________________________________________________
Prof. Dr. José Willington Germano (UFRN) – Suplente
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pela vida, saúde e disposição para enfrentar os
desafios desta jornada.
Agradeço a minha orientadora, professora Drª. Irene Alves de Paiva, pela dedicação,
paciência e por ter acreditado no projeto de pesquisa do processo.
A todos os colegas do MINTER, e em especial aos professores que, em diversas
situações contribuíram com ideias, bibliografias e palavras de estímulo.
À Unit – curso e coordenador de Letras Português EAD –, por disponibilizar
prontamente o material da coleta para a análise do estudo de caso.
Às minhas queridas irmãs, Alessandra e Goreti, pela colaboração oferecida durante
o período das aulas do mestrado, e durante a elaboração desta dissertação.
Aos meus verdadeiros amigos Aldo e Elda, pela amizade e pelas discussões que
permitiram o aprofundamento de algumas questões.
Aos meus pais, Wilson e Rilene (in-memorian), que estão sempre em minha
lembrança e acreditavam muito em mim.
Ao meu irmão, Júnior, pelo incentivo e carinho a distância.
E, principalmente, ao meu filho Pedro e meu grande amigo Renato, pelo amor,
apoio, estrutura e paciência, mesmo nos momentos em que estive mais alienada,
egoísta e dedicada a este trabalho.
Aos meus pais, in memorian, exemplo de
sabedoria, retidão e amor.
“A sociedade funciona no bojo de um
número infindável de discursos que se
cruzam, se esbarram, se complementam:
dessa dinâmica nascem os novos discursos,
os quais ajudam a alterar significados dos
outros e vão alternando seus próprios
significados.”
Maria Aparecida Boccega
RESUMO
Educação e tecnologia sempre caminharam juntas. As tecnologias da informação e
comunicação estão inseridas na educação como um reflexo das pessoas da nova
era. Esta pesquisa tem por objetivo compreender a inserção do uso das tecnologias
de informação e comunicação no contexto educacional, a partir da análise do
processo de interatividade entre alunos e professores do curso de Letras Português
da Universidade Tiradentes (Unit), na modalidade a distância. Assim, a investigação
empírica pautou-se na análise de documentos acadêmicos, como Projeto
Pedagógico do Curso e o planejamento de aulas para os encontros presenciais; das
entrevistas, grupos focais, fotos com pessoas que vivem a história do curso; também
foram feitas observações diretas. A metodologia empregada foi a pesquisa
bibliográfica e qualitativa do tipo exploratória com as informações coletadas através
da entrevista. Os resultados desta pesquisa mostraram que a interação feita pelas
TICs representa em sua efetividade um processo de mudança social e,
consequentemente, de desenvolvimento para a educação. Concluiu-se que a EAD
precisa superar algumas fragilidades, visando contribuir para a educação e na
promoção de interações entre os estudantes.
Palavras-chave: Educação. TICs. Curso de Letras Português EAD. Interação.
ABSTRACT
Education and technology have always walked side by side. The Information and
Communication Technologies are inserted in education as a profile of people from
the new era. This research has the objective of understanding the insertion of the use
of the Technologies of Information and Communication within the educational
context, from the analysis of the process of interactivity among students and teachers
of the Portuguese distance course of the Tiradentes University (Unit). For such, the
empiric investigation was based on the analysis of academic documents, such as:
the Course Pedagogical Project and Class Planning of regular classes, in regular
classrooms, as well as interviews, focal groups, and pictures with people who live the
history of the course. Direct observations were also conducted. The methodology
applied was bibliographic and qualitative research of the exploratory type, using the
information that was collected through the interviews. The results of this research
demonstrated that the interaction promoted by the ICT represents a process of social
change, and therefore, of development for education. It was concluded that the
Distance Education has to overcome some fragilities, aiming at contributing to the
educational field and to the promotion of interactions among students.
Keywords: Education. ICT. Portuguese Distance Course. Interaction.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1Banner – Curso Letras-Português EAD ................................................... 41
Figura 2 – Organograma do NEAD .......................................................................... 42
Figura 3Banner – Características do Curso Letras Português EAD ..................... 44
Figura 4 – Mapa do Estado de Sergipe .................................................................... 49
Figura 5 – Mediatização ........................................................................................... 52
Figura 6 – Sistema de tutoria .................................................................................... 53
Figura 7 – Alunos em atividade no encontro presencial ........................................... 71
Figura 8 – Mediação entre tutor e alunos no encontro presencial ............................ 75
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 A pesquisa ......................................................................................................... 15
2 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E SUA
IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO ............................................................................. 17
2.1 Mudanças da educação na sociedade global ................................................. 17
2.2 Contextualizando a educação a distância ....................................................... 26
2.2.1 Conceituando, definindo e caracterizando a EAD ............................................ 30
2.2.2 A Legislação na EAD........................................................................................ 34
2.2.3 Os docentes em EAD: o professor e o tutor ..................................................... 36
3 O CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA DA
UNIT .......................................................................................................................... 40
3.1 O curso de Letras Português EAD ................................................................... 44
3.2 Os polos presenciais ........................................................................................ 48
4 O ENCONTRO COM O OUTRO: INTERATIVIDADE E INTERAÇÃO NA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ...................................................................................... 61
4.1 Caracterização do grupo pesquisado .............................................................. 65
4.2 Descrevendo um encontro presencial ............................................................. 67
4.3 As interações e interatividades ........................................................................ 75
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 82
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86
ANEXOS ................................................................................................................... 93
10
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa tem como foco compreender a inserção das tecnologias de
informação e comunicação (TICs) no contexto educacional, a partir da análise do
processo de interatividade entre alunos e professores do curso de Letras Português
da Universidade Tiradentes (Unit), na modalidade a distância.
O interesse pelo tema surgiu devido a minha experiência profissional e
acadêmica, esta última enquanto discente da Especialização Educação a Distância.
A vivência em sala de aula e o estudo sobre educação a distância colocaram-me
diante de um novo desafio: pensar uma educação que conduza o aluno para o
desenvolvimento da capacidade de pensar e articular saberes de modo a resolver
situações profissionais reais, bem como de construir coletivamente novos
conhecimentos sobre sua prática.
Com 23 anos de magistério, passando por todos os níveis escolares desde a
alfabetização até o ensino superior, deparei-me constantemente com a afirmativa
“ensinar inexiste sem aprender e vice-versa” (FREIRE, 2000, p. 47), o que me levou
a buscar caminhos e métodos de ensino atuais, os quais me confortam desta
afirmativa, pois nem todos são conhecidos por mim, bem como praticados.
Ao entrar no ensino superior, utilizei metodologias aplicadas em minhas
experiências de formas e métodos adaptados a este nível, o que ocorreu sem muitas
dificuldades e frustrações. Porém, ao trabalhar em educação a distância (EAD),
necessitei de um embasamento teórico acerca desta modalidade, visto que exercia a
função de docente especialista e tutora de disciplina on-line.
Aprimorei alguns conceitos por intermédio de capacitações oferecidas pela
instituição na qual trabalho. No entanto, ainda muito insatisfeita com pouca teoria,
busquei um curso de especialização em EAD. Nele, encontrei o caminho para
responder a questão em mim “aflorada”: que novos olhares pedagógicos serão
necessários para a materialização dessa nova educação, considerando
fundamentalmente a revolução tecnológica?
As contribuições de Morin (1999, 2008) e Freire (1999) ajudaram a pensar a
educação no contexto da sociedade globalizada, especialmente no que diz respeito
à reflexão sobre a construção do conhecimento e dos novos padrões de interação e
11
interatividades que são organizados a partir das mudanças provocadas pela
revolução tecnológica, hoje centrada na informação e telecomunicação (ROSA,
2005).
Morin (2008) chama atenção para a necessidade de construção de uma
mentalidade científica que se fundamenta numa concepção de educação para uma
cabeça bem-feita, pois para ele:
Uma educação para cabeça bem-feita, que acabe com a
disjunção entre as duas culturas (cultura científica e cultura da
humanidade) daria capacidade para responder aos formidáveis
desafios da globalidade e da complexidade na vida quotidiana,
social, política, nacional e mundial. (MORIN, 2008, p. 33).
Na sociedade industrial, a cultura científica e a tecnológica se firmam por
meio de um conhecimento fragmentado e compartimentalizado, formando um
homem unilateral, que visa somente a preparação do homem para o trabalho
alienado. No contexto atual, a busca pela religação do conhecimento, formação de
um homem onilateral tem orientado reflexões e práticas pedagógicas. Neste sentido
está a atualidade de Freire (2005, p. 83), quando afirma que:
A concepção e a prática “bancária” imobilistas, fixistas
terminam por desconhecer os homens como seres históricos,
enquanto a problematizadora parte exatamente do caráter
histórico e da historicidade dos homens. Por isto mesmo é que
os reconhece como seres que estão sendo inacabados,
inconclusos, em e com uma realidade que, sendo histórica
também, é igualmente inacabada.
No tocante à construção coletiva do conhecimento e no “ensinar para
pensar, para a liberdade”, Freire (2002, p. 23) ressalta a “[...] importância e a
necessidade de se entender a existência humana a partir de sua substancialidade”,
quer dizer, todo ser humano é sujeito do mundo de sua história. Ele está neste
mundo para atuar, ser sujeito. E ainda nos faz refletir quando afirma que, “[...]
[ninguém] educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre
si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2002, p. 68), o que diz que os sujeitos
interrelacionam entre si e com o mundo sem estarem desassociados.
Quando Freire (2002, p. 75) propõe o “[ensinar] para pensar, para a
liberdade”, sugere que se estabeleça um constante diálogo, a fim de que o sujeito
12
conscientize-se de que está no mundo com ele para transformar a realidade. Para
tanto, a importância da ação-reflexão na concepção desse autor, passa por uma
perspectiva pela qual o conhecimento é produzido coletivamente, tendo como ponto
de partida a realidade social dos sujeitos.
Freire (2002) defende a educação como “ato dialógico”, dando uma
importância ao diálogo, como uma libertação de todos os homens, opressores e
oprimidos, pois o conhecer, refletir e pensar estão diretamente relacionados.
Diante do exposto, ao penetrar no mundo da educação a distância de forma
teórico-prática, acredito no potencial da interação entre sujeitos mediados pela
máquina, possibilitando uma relação interpessoal, e oportunizando um conjunto de
aprendizagens para aqueles que dela participam. Numa troca de saberes e diálogos,
de textos escritos ou não, e num tempo real da “vida ao vivo” através do
computador, Lévy (1999b, p. 30) afirma:
O computador não é mais um centro e sim um nó, um terminal,
um componente da rede universal calculante. Suas funções
pulverizadas infiltram cada elemento do tecno-cosmos no limite
a apenas um único computador, mas é impossível traçar os
seus limites, definir o seu contorno. É um computador cujo
centro está em toda parte e a circunferência em lugar algum,
um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante,
inacabado.
As tecnologias de informação e comunicação são responsáveis diretamente
pela difusão da EAD e, ademais, sempre estiveram presentes nas principais
formulações e transformações históricas. Assim, é possível entender que:
[...] a sociedade midiática está na raiz da formação dos
Estados nacionais republicanos e no consequente
desenvolvimento do mercado do voto e da propaganda política.
É responsável também pela expansão do capitalismo industrial
para além da Europa e pela metropolização da vida social. As
instituições que instauraram a sociedade contemporânea
estiveram sempre apoiadas em redes de comunicação para o
intercâmbio de pessoas, bens, capital, informações e ideias.
(COSTA, 2001 apud GOUVEIA; OLIVEIRA, 2006, p. 23).
A educação a distância é um meio de diálogo e crescimento intelectual dos
indivíduos que constituem a sociedade, pois oferece inúmeras possibilidades e
13
tendências de ações pedagógicas e de expansão do sistema educacional, como, por
exemplo, abrir novas formas de acesso à educação para as camadas populares – a
chamada inclusão e democratização do ensino. A EAD apresenta uma forma de
educação com limitações, mas também com inúmeras potencialidades e,
principalmente, inspirada em um “novo olhar pedagógico” sobre o mundo e os
indivíduos.
De um modo geral, no que se refere à prática docente, é possível observar
que o objetivo de se “formar profissionais competentes e cidadãos críticos” não está
sendo totalmente alcançado. Pelo contrário, estão sendo formados profissionais com
dificuldades de leitura, compreensão e aplicação dos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação. Há necessidade imediata de ações educacionais nas quais
os saberes estejam fortemente vinculados à reflexão sobre o cotidiano e as ações
dos sujeitos que aprendem, ou seja, uma educação pela qual os aprendizes tornem-
se verdadeiros autônomos em seu processo:
É esta percepção do homem e da mulher como seres
programados, mas para aprender e, portanto, para ensinar,
para conhecer, para intervir, que me faz entender a prática
educativa como exercício constante em favor da produção e do
desenvolvimento da autonomia de educadores e educandos.
(FREIRE, 2002, p. 145).
Esse contexto contemporâneo é profundamente desafiador, assim, convida
o sistema educacional a rever seus objetivos e funções dos atores envolvidos no
processo. Portanto, faz-se necessário uma reflexão sobre o cenário atual da
educação.
Freire (1996, p. 39), sugere que o momento de reflexão é muito singular,
pois permite uma melhora em sua prática e a essa reflexão caberia uma nova
proposta pedagógica para o ensino, afirma que ela seria mediada pelas tecnologias
de informação e comunicação, e envolveria o desafio de colocar sujeitos que
possam construir conhecimento juntos, a partir de experiências compartilhadas
estando em lugares distantes através de diálogo. É desta forma que a EAD torna-se
uma importante modalidade de ensino que pode possibilitar aos setores populares
uma formação cidadã e profissional.
14
A oferta de cursos a distância já é uma realidade em todo o território
brasileiro, como demonstra o relatório do Anuário Brasileiro de Educação a Distância
(ABRAED): em 2006 estavam matriculados apenas em instituições autorizadas pelo
MEC, 778.458 estudantes em 25 estados e no Distrito Federal. Levando-se em
consideração outras instituições que oferecem cursos nessa modalidade, como o
SEBRAE, CIEE, Fundação Roberto Marinho; em Sergipe, Universidade Federal de
Sergipe (UAB), Universidade Tiradentes, dentre outros, chegando a um número de
alunos matriculados em todo o Brasil de mais de 2,79 milhões (ABRAED, 2006). Isso
indica que o Brasil possui uma infraestrutura tecnológica bastante acessível e
difundida, permitindo assim, a realização de cursos nessa modalidade.
É necessário, porém, contextualizar e caracterizar a EAD para que haja uma
compreensão dessa modalidade no âmbito nacional com um breve histórico,
definição de alguns conceitos de diferentes autores sobre o tema para uma reflexão
sobre a educação virtual e seus desafios na formação de sujeitos críticos e
reflexivos.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205,
estabelece que a educação – direito de todos e dever do Estado e da família – deve
visar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. Por isso a educação é a condição
fundamental para que o indivíduo possa participar da sociedade, constituindo assim,
um direito inerente ao exercício da cidadania.
Ao atentar para a perspectiva de Durkheim (2009, p. 68), segundo a qual
educação é socialização, ou seja, é o processo pelo qual se aprende a ser membro
da sociedade, será possível entender que não há uma educação homogênea. Se a
sociedade em que nasce o indivíduo já está formada, estruturada, estratificada, com
suas instituições, com sua dinâmica econômica e as funções previamente definidas,
só resta à educação prepará-lo para conviver e fazer parte do todo.
No processo de socialização do homem, ao longo da história, foram
percebidas várias fases pelas quais a educação passou – a imitação para
sobreviver, a elaboração de normas e de regras para o melhor convívio, a
incorporação de valores, o cultivo de bons comportamentos e de atitudes boas,
dentre outras – tudo com o objetivo de que os indivíduos vivessem harmonicamente.
15
Esta investigação centra-se na análise da inserção das tecnologias de
informação e comunicação (TICs) no contexto educacional, em especial, o processo
da interação e interatividade, com o objetivo de compreender as relações que se
estabelecem no processo de formação e escolarização dos sujeitos e o significados
das TICs no campo educacional.
1.1 A pesquisa
A tarefa inicial desta pesquisa foi um levantamento bibliográfico sobre os
temas: educação, educação a distancia e as tecnologias da informação e
comunicação. A reflexão dos teóricos, dentre eles: Paulo Freire, Emile Durkheim,
Edgar Morin, Michael Moore, Pierre Lévy, forneceu subsídios para a elaboração do
plano metodológico da pesquisa. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa
documental através da qual foram sistematizados os dados disponíveis sobre o
curso de Letras Português EAD da Universidade Tiradentes (Unit).
A pesquisa de campo foi realizada em duas etapas: na primeira elaborei e
apliquei os questionários junto aos alunos; já na segunda realizei as observações e
entrevistas com grupos de alunos do curso de Letras Português EAD da
Universidade Tiradentes. Escolhi esse curso pelo o fato de já ter participado de sua
formação enquanto professora de uma disciplina. Trata-se de um curso de muita
demanda em Sergipe.
Finalmente, após análise dos documentos, transcrições de fitas e tabulação
do questionário, organizei esta dissertação em três capítulos assim distribuídos: no
segundo capítulo me proponho a discutir a inserção do uso das TICs, apontando as
transformações no campo educacional, principalmente, na educação a distância.
Serão discutidos, ainda, os fundamentos dessa modalidade e suas propostas
metodológicas, sempre tendo a perspectiva crítico-reflexiva de educação como
elemento norteador.
No terceiro capítulo analiso o curso de Letras Português da Unit na
modalidade a distância, no contexto da sociedade informacional, da cultura virtual e
das redes de sociabilidade.
16
No quarto capítulo apresento o estudo empírico no qual descrevo os
encontros presenciais; além disso, analiso o uso dos meios tecnológicos e as
dificuldades na interação e interatividade entre os alunos do curso de Letras
Português EAD da Unit, no polo de Aracaju.
Ao construir essa análise e reflexão, o resultado será um registro, um
conhecimento da área para os profissionais e a concepção terminológica da EAD e
das TICs, suas implicações na educação. Com os resultados desta pesquisa, trago
conceitos que podem embasar um futuro estudo da comunidade científico-
tecnológico no que tange à interação nas distâncias que envolvem a sociedade.
17
2 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E SUA
IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO
2.1 Mudanças da educação na sociedade global
Castells (1998, p. 17) diz que: “[...] nosso mundo, e nossa vida, vêm sendo
moldados pelas tendências conflitantes da globalização e da identidade”, pois uma
mudança ou transformação pressupõe uma nova disposição de um modelo antes já
existente. Aceitar a dificuldade que se vivencia hoje é o primeiro passo para tomar
decisões certas para esse momento.
Essa sociedade, marcada pela revolução da tecnologia, da informação, e da
reestruturação do capitalismo, é caracterizada por uma nova forma de organização
social, a tecnológica, que penetra em todos os níveis da sociedade em todo o
mundo. Consequentemente, as mudanças sociais são drásticas, porque ampliam e
acirram os conflitos, abalam instituições, transformam culturas, incitam a ganância
resultante da interação entre a globalização induzida pela tecnologia e o poder da
identidade. Esta situação atinge, diretamente, muitos setores, inclusive, a educação.
Como explica Durkheim (2009, p. 44), o objetivo da educação para Kant,
“[...] é desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que ele é capaz”, mas o
que se pode chamar de perfeição? É ser atingido em seu nível mais alto? E onde
entram as aptidões, as funções que se podem desempenhar? Todos somos
inteligentes para refletir, sensibilizar-se e agir de formas diferentes e especiais, que
incluem equilíbrio nas funções orgânicas e psíquicas do homem.
No contexto da sociedade informacional, é necessário analisar o campo
educacional e sua relação com os outros campos da vida social, a economia, a
política, considerando que é preciso compreender a educação a partir das
características do tempo e das ações exercidas pelas gerações, quer dizer, ela varia
em diferentes tipos. Particularmente, Durkheim (2009, p. 53) chega à seguinte
formulação:
Somos dois seres de estados mentais que se ligam aos
acontecimentos e a nós mesmos, ou seja, a educação consiste
numa socialização organizada pela jovem geração, a quem
18
chamamos de um ser individual e o outro um sistema de ideias,
sentimentos e hábitos.
Assim, é possível concluir que o ser social surge da constituição primitiva e
do desenvolvimento espontâneo com o intuito de criar no homem um novo ser.
Contudo, as qualidades morais, mesmo que não sejam espontâneas, são suscitadas
por ações vindas de fora, tentando levar o indivíduo à perfeição graças à
colaboração da sociedade.
Portanto, a ação educativa tem uma força essencial na definição de uma
sociedade. Quando uma criança, naturalmente passiva, tem como representação o
adulto com sua cultura, superioridade, e experiência, logo lhe dará a ação desejada,
ou seja, os opostos, liberdade e autoridade.
Concordo com Morin (2008) quando afirma que somos seres complexos,
trabalhadores e lúdicos, sábios e loucos, empíricos e imaginativos, e a educação do
futuro tem que levar em conta esse ser em permanente construção. Assim, Morin
(2008, p. 65) defende que:
A educação deve contribuir para autoformação da pessoa
(ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e
ensinar como se tornar cidadão. Um cidadão é definido, em
uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em
relação a sua pátria.
Isso me leva a pensar que as mudanças ocasionadas no sistema
educacional e nas universidades devem apresentar uma contribuição para
implementar a interiorização da oferta de educação em nosso país, com vistas à
construção dessa identidade cidadã. Segundo consta no texto do Plano Nacional de
Educação (BRASIL, 2000, s/pág.
1
):
No processo de universalização e democratização do ensino,
especialmente no Brasil, onde os déficits educativos e as
desigualdades regionais são tão elevados, os desafios
educacionais existentes podem ter, na educação a distância,
um meio auxiliar de indiscutível eficácia. Além do mais, os
programas educativos podem desempenhar um papel
inestimável no desenvolvimento cultural da população em
geral.

1
Por se tratar de uma informação retirada da internet, não consta página.
19
Ao longo da história, a educação está em defesa da redefinição do perfil da
sociedade humana, não acolhendo mais a “sociedade cognitiva”, as aptidões e
comportamentos que lhe são necessários, e sim uma reestruturação produtiva que
exija de suas capacidades de comunicação, de raciocínio lógico-formal, de
criatividade e de articulação de conhecimentos múltiplos e diferenciados.
Se a educação sempre implicará num processo amplo de transformação e
desenvolvimento do ser humano, em toda a sua pluridimensionalidade, esta se dará
quando forem mobilizadas as potencialidades humanas de um ser bio-psico-social.
Portanto, o ser humano haverá de ser tanto mais humanizado quando puder avançar
no desenvolvimento de suas potencialidades.
A informação, por sua vez, pode interferir nas desigualdades sociais quando
se trata de educação por meio das tecnologias, pois se sabe que menos de 50% dos
brasileiros não têm acesso a ela. Dessa forma, aqueles que não têm acesso ao
mundo digital e os que não sabem lidar com a tecnologia, são excluídos do mercado
de trabalho e, por vezes, dos relacionamentos em redes sociais.
Contudo, é sabido que as pessoas estão vivendo cada vez mais
radicalmente “conectadas”, e as novas tecnologias de informação e comunicação
têm enorme influência, sejam elas na forma de se relacionarem ou de adquirirem
conhecimento. Devido a essa situação, houve aumento na distância entre o mundo
tecnológico e o submundo da exclusão digital, o que deixou uma parte da população
à margem de alguns benefícios sociais. Por outro lado, as novas tecnologias de
informação e comunicação, além de possibilitarem a integração entre os povos,
culturas e sociedades, permitem a socialização do conhecimento, das informações,
acrescentando saberes aos indivíduos os mais longínquos. A EAD abre novas
possibilidades para os excluídos de direitos sociais como: educação, conhecimento,
informação, inclusão digital.
A maioria da população, que poderia frequentar um curso superior, não o faz
por necessidade de trabalhar, ou por motivos ligados à dificuldade de acesso a esse
nível de ensino. Uma das vantagens reais da modalidade a distância é o fato desta
estar sempre oferecendo chances de estudo àqueles que trabalham e desejam
continuar a formação. Isso pode ser possível a partir das ferramentas utilizadas pela
20
EAD que correspondem a uma associação de métodos e tecnologias com atividades
presenciais em grupo.
Retomando a análise do contexto educacional atual, a educação aparece
sempre como um fenômeno social e nunca como uma força isolada, razão pela qual
faço essa reflexão. Para a maioria dos alunos, a escola é um lugar pouco atraente e
os espaços de aprendizagem não formais são mais atrativos do que ela. Diante
dessa constatação a respeito do paradigma dominante em nossa sociedade, reitera-
se que a prática pedagógica, dentro do modo tecnológico, é paradoxalmente
tradicional. No sistema educacional, os alunos chegam a despertar a motivação e o
interesse nas possibilidades tecnológicas que têm acesso fora da escola.
Por conseguinte, para a universidade são feitas exigências advindas da
sociedade e, ao mesmo tempo, o auxílio de financiamento por parte do Estado vem
se tornando mais restritivo. Todavia, mesmo não estando preparadas para se
defrontarem com os novos desafios, as instituições privadas de ensino superior
estão invadindo o mercado e nem sempre atendem a missão eterna da
universidade, segundo tradição do idealismo alemão, como explica Karl Jasper
(1965 apud SANTOS, 2006, p. 188):
[...] é o lugar onde por concessão do Estado e da sociedade
uma determinada época pode cultivar a mais lúcida
consciência de si própria. Os seus membros congregam-se
nela com um único objetivo de procurar, incondicionalmente, a
verdade e apenas por amor à verdade.
As mudanças ocorridas no contexto universitário devem ser compreendidas
e estudadas à luz dos processos políticos e financeiros que têm regido nossa
sociedade:
[...] mostra a universidade com três finalidades principais: o
ensino, a prestação de serviços e a investigação, apresentando
a universidade como importante centro de reflexão e
ferramenta na luta contra a exclusão e discriminação nos
diferentes estratos sociais. (SANTOS, 2005, p. 176).
A “mercadorização da educação superior” foi dominada pela transformação
social; em face disso, as mudanças foram irreversíveis, por isso o envolvimento para
a promoção de alternativas e soluções acerca do crescimento das universidades
21
aponta para uma democratização do bem público. Isso quer dizer que as
universidades públicas, mesmo sofrendo há alguns anos de crises de legitimização,
ou financeira, deve sofrer estas transformações.
Cabe a ela trazer novos perfis profissionais capazes de lidar
com essas transformações: incapacidade de articular a
preciosa experiência com a interação a distância; uma cultura
institucional de perenidade que desvaloriza a mudança.
(SANTOS, 2005, p. 63-64).
Se por um lado as tecnologias facilitariam o acesso à universidade, por
outro, a desigualdade de acesso e escassez da escolarização do ensino superior
existe e é evidente, devido aos diversos fatores socioeconômicos do nosso país,
legitimando as desigualdades sociais. Tal fato é confirmado em Bourdieu (1992b),
“[...] quando se refere à existência de uma desigualdade na distribuição dos bens
simbólicos e culturais, já que, a apropriação dos bens simbólicos depende da posse
prévia dos instrumentos de apropriação.”
Infelizmente, é notável o descaso do Estado no que se refere ao
desenvolvimento das universidades, privilegiando um espaço para o setor privado
com propostas novas, incluindo as tecnologias. Uma das políticas educacionais veio
com a responsabilidade da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB –
lei nº 9.394/96) por uma nova disseminação de debates sobre a formação docente
no Brasil.
É inquestionável, portanto, que as atuais mudanças dessas políticas venham
basear-se no neoliberalismo, que propõe uma mudança do papel do Estado,
sustentando que o mercado deveria substituir a política. As ideias do neoliberalismo
ajudam a definir algumas estratégias para auxiliar nas mudanças. Uma delas é
lançar mão da privatização dos setores públicos, incentivando a livre competição do
mercado, difundida pelos meios de comunicação.
Atualmente, o governo federal estende seu apoio aos estabelecimentos de
ensino privado com a criação do mecanismo de reunião de recursos financeiros para
o financiamento de projetos de ensino e pesquisa. Isso acontece através da criação
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
22
As propostas neoliberais continuam pelo cenário educacional brasileiro, com
o viés da discussão da qualidade do ensino. Para tanto, o jurídico-legal da educação
brasileira necessita da criação de um projeto pedagógico para a formação e a
profissionalização de professores nas universidades e demais instituições de ensino
superior. Dessa forma, constitui-se a oportunidade da educação a distância, em
alguns casos, inserir-se no campo educacional, inicialmente com os cursos de
licenciatura.
Os contextos históricos relativos às trajetórias tecnológicas e da interação
entre tecnologia e sociedade tiveram sua importância porque representaram um
salto qualitativo em sua difusão. O microprocessador foi inventado em 1971 e
difundido em meados dos anos 70. As novas tecnologias de informação e
comunicação concentraram-se em um só lugar nos anos 70, nos EUA, e trouxeram
consequências para o desenvolvimento do futuro delas, apesar da crise econômica
desta época. O surgimento de um novo sistema tecnológico foi atribuído à
autonomia na descoberta da difusão tecnológica, possibilitando que os
microcomputadores funcionassem em rede.
Dessa forma, o aumento da flexibilidade, o poder do uso do computador e o
estímulo ao crescente mercado, ampliaram o potencial das TICs, expandindo o
programa para uma teia mundial voltada para o usuário. Assim, “[...] a revolução da
tecnologia de informação difundiu pela cultura mais significativa de nossas
sociedades o espírito libertário dos anos 60.” (CASTELLS, 2007, p. 43). Entretanto,
logo se propagaram e apropriaram-se por diferentes culturas, países e objetivos,
porque o fenômeno informacional é um elemento que altera as estruturas sociais
como fator de mudança.
A comunicação mediada pela internet é um fenômeno social recente, razão
pela qual ainda não se delineou claramente seu significado social. Além disso, os
registros empíricos são da era dos anos 90, antes do surgimento da World Wide
Web (www). Ainda nessa década, o debate sobre as dimensões sociais da internet
era: “[...] a informação a favor da criação de novas comunidades, comunidades
virtuais” (CASTELLS, 2007, p 21), que pode estar induzindo o isolamento pessoal,
cortando os laços das pessoas com a sociedade e, por fim, com o mundo real.
23
Discordo com tal afirmação, visto que, atualmente, as comunidades sociais
on-line se transformaram em reuniões amistosas, de interesses ou fins comuns. O
grau de sociabilidade que ocorre nessas redes eletrônicas e suas consequências
culturais ainda não estão bem esclarecidos para alguns grupos de pesquisadores,
entretanto, estas existem e permanecem evidentes a todos.
O crítico social Mark Slouka (1995, p. 443), dentre outros, condena a
desumanização das relações sociais que os computadores trouxeram para nossas
vidas, pois nela “parece fácil fugir da vida real”. Pesquisas acadêmicas indicam que
a internet aumenta as chances de solidão, alienação e depressão, por isso o
envolvimento social na rede torna-se menor, causando um declínio de comunicação
no seio familiar.
As comunidades virtuais são reais? – perguntas como esta são alvo de
discussão, mas para Castells (2007, p. 445): “Sim e não. São comunidades, porém
são comunidades físicas.” Isso quer dizer que são redes sociais interpessoais de
laços fracos que geram reciprocidade e têm sua própria dinâmica que permite
afiliações múltiplas em outras comunidades.
Após muitos anos numa batalha constante com a natureza, a espécie
humana alcançou o nível de conhecimento e organização social que apenas
permitirá a todos viverem num mundo social:
É o começo de uma nova existência e, sem dúvida, o início de
uma nova era, a era da informação, marcada pela autonomia
da cultura vis-à-vis as bases materiais de nossa existência.
Mas este não é necessariamente um momento animador
porque, finalmente sozinhos em nosso mundo de humanos,
teremos de olhar-nos no espelho da realidade histórica. E
talvez não gostemos da imagem refletida. (CASTELLS, 2007,
p. 574).
Assim, fica claro que o desenvolvimento da revolução da tecnologia da
informação contribuiu para novas descobertas e inovações, fornecendo serviços e
bens às empresas e ao setor educacional e universitário no âmbito mundial. A
primeira revolução da tecnologia de informação foi americana, e os cientistas e
industriais norte-americanos (californianos) foram importantes neste contexto,
embora outros países já estavam aderindo. Nos anos de 1990, quando a internet foi
24
privatizada, tornou-se uma tecnologia comercial, que a partir dos primeiros anos, foi
se criando um meio mais dinâmico de comunicação global.
Levy (1999a) e Castells (2007) analisam as transformações culturais na área
da tecnologia com a Era da Informação, surgindo implicações econômicas que
levaram as pessoas a perceberem a realidade e a compreenderem as várias formas
de vida social e mental.
Castells (2007) leva em conta a Era da Informação numa “sociedade em
rede”, que fornece a base material para expandir e abranger toda a estrutura da
sociedade porque a inteligência coletiva seria o modo de realização da humanidade,
propiciado pela rede digital universal. Nesse contexto:
Está o surgimento de uma nova estrutura social, manifestada
sob várias formas conforme a diversidade de culturas de
instituições em todo o planeta. Essa nova estrutura social está
associada ao surgimento de um novo modo de
desenvolvimento, o informacionalismo, historicamente,
moldado pela reestruturação do modo capitalista de produção,
no final do século XX. (CASTELLS, 2007, p. 51).
Para o mesmo autor, o surgimento das TICs propiciou não só uma revolução
tecnológica, mas uma renovação e reestruturação do modo da economia, não
afetando o fim do capitalismo. E ainda, um novo momento da sociedade implica em
transformações em todas as áreas devido às tecnologias de informação:
[...] o novo sistema de comunicação transforma radicalmente o
espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida
humana. Localidades ficam despojadas de seu sentido cultural,
histórico e geográfico e reintegram-se em redes funcionais ou
em colagens de imagens, ocasionando um espaço de fluxo que
substitui o espaço de lugares. (CASTELLS, 2007, p. 462).
Com a expansão do capitalismo, a universidade apresenta-se numa
configuração específica, na qual o saber científico e as tecnologias se relacionam
diretamente, “[...] fomentando a ideia de que a ampliação dos conhecimentos e das
informações é caracterizada pelo ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação
de seu uso.” (CASTELLS, 2003, p. 69).
25
Para Lévy (1999b), os sistemas educativos encontram-se hoje submetidos a
novas restrições no que diz respeito à quantidade, diversidade e velocidade de
evolução dos saberes. Agora, com a inserção do computador e da internet, há uma
nova sociedade virtual, caracterizada por uma mudança de identidade, podendo
gerar outro problema na tentativa de uma solução através da virtualização:
[...] o virtual não se opõe ao real, mas sim ao actual.
Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é
como o complexo problemático, o nó de tendências ou de
forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um
objecto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo
de resolução: a actualização. (LÉVY, 1999b, p. 16).
Para trazer vários olhares sobre o virtual, a palavra que vem do latim virtuale
ou virtualis, declinou para virtus, igual a força, virtude, potência, e em língua
portuguesa, aquele “que existe como faculdade, porém sem efeito atual”
(FERREIRA, 1986, p. 1950), o que é possível de ser realizado. Nele (virtual)
permeiam fluxos de informações que relacionam os mais diversos meios de
comunicação, incluindo a internet, transpondo espaços reais para um espaço virtual.
Diante dessa premissa, fica claro que há uma interação entre cérebro,
máquina e contexto social, porque a integração do texto, das imagens e sons no
mesmo sistema altera o caráter de comunicação, permitindo então, a interação a
partir do tempo escolhido em uma rede global. Como a cultura é determinada
também pela comunicação, esse novo sistema de crenças e códigos é transformado
pelo novo sistema tecnológico.
O surgimento de um novo sistema eletrônico de comunicação
caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os
meios de comunicação e interatividade potencial está mudando
e mudará para sempre nossa cultura. Contudo, surge a
questão das condições, características e efeitos reais desta
mudança. (CASTELLS, 2007, p. 414).
A formação dos grandes meios de comunicação, sua interação com a cultura
e o comportamento social, são temas discutidos incessantemente, pois com o
surgimento da “nova mídia”, bastante diversificada, eis uma nova formação de
sistemas de comunicação mediados por interesses sociais e políticos. É o que
reforça Castells (2007, p. 442): “A comunicação mediada pela internet é um
26
fenômeno social recente demais para que a pesquisa acadêmica tenha tido a
oportunidade de chegar a conclusões sólidas sobre seu significado social.”
A mudança contemporânea em busca do processo evolutivo do ser humano
ocorre nos costumes, na economia, na forma de existir, causando uma “aventura
humana”. De acordo com Lévy (1999b, p. 81), “no futuro teremos velocidades cada
vez maiores”, pois estamos sempre aqui e ali, independente da distância, o que leva
cada ser humano a criar seu tempo e espaço mediante sua cultura graças às novas
TICs.
O mundo vive um bom momento para a educação. Nas últimas décadas
foram criados alguns programas que permitiram ampliar a população estudantil do
nosso país, tendo acesso à universidade. Em relação à EAD, mesmo com registros
históricos que colocam o Brasil, até os anos 70, entre os principais do mundo em
desenvolvimento da EAD, apesar de outras nações terem avançado, somente no
final do século XX é que se retomaram experiências e programas nessa modalidade
de ensino.
2.2 Contextualizando a educação a distância
A EAD tem sido uma modalidade de educação bastante discutida e aplicada
desde a segunda metade do século XX. Em virtude do crescimento da era
tecnológica, procurou-se focalizar práticas educativas que se desenvolveram a fim
de corroborar as mudanças da sociedade.
Com a importância que as tecnologias adquiriram no mundo contemporâneo,
buscou-se compreender as mudanças sociais, econômicas e políticas por elas
provocadas. Nos novos tempos, necessitou-se nomear e classificar expressões
como “sociedade da informação” e “sociedade do conhecimento”, visto que houve
transformações devido à necessidade de uma aprendizagem continuada e a
democratização da educação. Gentilli (1996 apud PRETI, 1987, p. 22-23) explica
que “A sociedade de informação é a sociedade do futuro, onde haverá uma
economia baseada no conhecimento e na informação [...] que causará um impacto
maior do que a Revolução Industrial [...].”
27
As tecnologias de inteligência e as tecnologias de informação e
comunicação formam um complexo que permitem produção, acesso, circulação e a
veiculação das informações com as diferentes partes do mundo, propiciando assim,
uma nova sociedade educativa.
A globalização também teve grande influência para que a EAD ocupasse um
papel significativo num processo de mudanças rápidas, exigindo uma gerência mais
eficaz do processo de aprendizagem, o que se tornou um desafio às instituições
educacionais.
A adoção da EAD em diferentes níveis de ensino precisou ser acompanhada
de aprimoramento nas estruturas tecnológica e humana. Algumas mudanças
afetaram o desenvolvimento educacional e cultural, por conseguinte, esta
modalidade apresentou-se como alternativa às necessidades da educação; exigiu a
criação de linguagens adequadas para estes fins, bem como a aprendizagem se
desvinculou do uso tradicional das salas de aula presenciais, e nos estudos foram
incorporados meios tecnológicos para a aprendizagem colaborativa.
Moore e Kearsley (2007, p. 17) defendem que hoje estamos vivendo uma
quarta geração da EAD (meados dos anos 80): “[...] modelo de educação surgido
nos Estados Unidos, baseado em tecnologias de teleconferência (satélites), mais
favoráveis ao ensino de grupos”, pois a época de São Paulo Hieros, nas Epístolas,
quando a informação era levada a lugares distantes, pode ser considerada uma
“semente” desta modalidade, bem como a passagem da oralidade para a escrita,
pois o homem ampliou as fronteiras do conhecimento com o surgimento da
imprensa.
Na primeira geração, sem nenhuma interatividade e interação, viam-se
cursos por correspondência para pessoas que não tinham acesso à educação. A
Rússia, Alemanha, Grécia e EUA impulsionaram a EAD. Na segunda geração,
quando começam a entender a educação a distância como sistema educacional, a
Open University (1969) surgiu e intensificou a democratização do saber,
influenciando outros países a se adaptarem ao novo modelo de educação. Na
terceira geração ocorreu a introdução das tecnologias de comunicação e
informação.
28
Novos paradigmas educacionais foram apresentados e se desenvolveram de
forma gradativa. Segundo Passarelli (1993), a partir de tais paradigmas, a educação
passou a contemplar a inserção de tecnologias nos ambientes de ensino-
aprendizagem, a fim de possibilitar ao indivíduo uma visão global do mundo.
A EAD é uma modalidade pouco conhecida pelos educadores brasileiros.
Armengol (1987) define EAD como necessidade de utilizar meios de comunicação e
estratégias de instrução, e desenvolver o “aprender a aprender”, e Moore (2007)
menciona que estas estratégias são conduzidas por meios nos quais não há troca
direta. Aretio (1997) diz ser um sistema tecnológico de comunicação de massa
bidirecional, que substitui a interação pessoal em aula, de professor/aluno, como
meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos
didáticos e o apoio de uma organização tutorial que propiciam a aprendizagem
autônoma.
Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, no Brasil, país repleto de
dificuldades, foi necessário adaptar a novas situações a fim de ampliar e tornar
flexíveis as oportunidades educacionais, entendendo tecnologia como aplicação da
ciência nas práticas culturais, educacionais e econômicas, até então difundidas
através de cursos por correspondência, ou telecursos, ou cursos via rádio
direcionados às pessoas que não haviam concluído um nível da escolaridade, ou
necessitavam de cursos profissionalizantes, ou seja, para a população brasileira
menos escolarizada.
Além do Projeto Logus II, nos anos 70/80, a Igreja Católica promoveu vários
cursos a distância no Nordeste do Brasil, via rádio, o Movimento de Educação de
Base (MEB), em 1960, ligado à Igreja Católica, promoveu cursos a distância via
rádio. O Projeto Minerva, lançado em 1970, atendeu alunos através de emissoras de
rádio em cadeia nacional. Houve também um salto qualitativo pelos programas do
Ministério da Educação (MEC): TV Escola, que é um canal de televisão, que
capacita, aperfeiçoa e atualiza educadores da rede pública desde 1996. O
PROINFO é um programa educacional criado em abril de 1997, para promover o uso
pedagógico da informática na rede pública de ensino fundamental e médio, e o
PROFORMAÇÃO iniciou sua oferta nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
com a primeira turma implantada em 1999.
29
Atualmente, a EAD tem deixado de ser uma modalidade de aprendizado
marginalizada e tornou-se parte integrante da grade de muitas instituições de ensino
superior no Brasil e no mundo. Houve um crescimento impressionante. Dados do
Censo de Educação Superior de 2006, do MEC, apontam que o número de cursos a
distância aumentou consideravelmente nos últimos anos.
Os números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP) demonstram uma expansão grandiosa do sistema. No
período compreendido entre 2003 a 2006, o número de cursos de graduação a
distância passou de 52 para 349, um aumento de 571% (CHAMARELLI, 2008).
O programa mais recente do governo federal, através do MEC, é a criação
do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), instituído pelo decreto nº 5.800, de
8 de junho de 2006; ele congrega instituições participantes do Fórum das Estatais
pela Educação e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais
de Ensino Superior (ANDIFES) para articular e integrar um Sistema Nacional de
Educação Superior na modalidade a distância.
A EAD é uma modalidade educativa baseada na aplicação da tecnologia à
aprendizagem, sem limites de lugar e tempo, e que qualquer indivíduo passa a se
converter em protagonista de sua aprendizagem. Certamente, alguns fatores têm
contribuído para que na educação as tecnologias sejam pensadas como alternativas
inovadoras e necessárias para uma renovação em toda e qualquer sociedade.
As possibilidades que a EAD oferece como alternativa dos problemas
educacionais reside em ofertar ao aprendiz condições e orientações para que
exercite sua autonomia de aprendizagem em sintonia com seu mundo. No entanto, a
EAD coloca em jogo diferentes competências, envolvendo professor/aluno, domínio
de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Por conseguinte, as
perspectivas educacionais ampliam-se de forma a requisitar profissionais
atualizados que busquem, constantemente, novas informações.
30
2.2.1 Conceituando, definindo e caracterizando a EAD
Em termos gerais, sabe-se que a educação a distância é uma modalidade
em que a mediação didático-pedagógica no processo de ensino-aprendizagem é
mediada através das TICs, e que o professor e o aluno estão em tempos e lugares
distintos. Assim, Belloni (2006, p. 27) reitera:
A separação entre professores e alunos no tempo não é
explicitada nas definições de alguns autores, justamente
porque esta separação é considerada a partir do parâmetro da
contiguidade da sala de aula que inclui a simultaneidade.
Toda tecnologia tem como base um objeto material produzido ou adaptado
pelo homem, que supõe alguma interação (direta ou indireta). Nele existem vários
conhecimentos relacionados ao objeto, os quais assimilam um condicionamento
cultural, mas pode-se associar tecnologia à educação, estando sempre presentes
estas características nesta relação.
Moore (2007) define EAD como uma relação de diálogo, estrutura e
autonomia que requer meios técnicos para mediatizar esta comunicação. Holmberg
(1985) afirma que o termo “educação a distância” cobre várias formas de estudo, em
todos os níveis, que é essencialmente autoestudo, apesar de se beneficiar da
interação com seus tutores e pares.
Como explica Thayer (2002), a instituição universitária, devido a sua própria
vocação, organiza a produção e circulação de saberes na sociedade e, em
decorrência de seu caráter institucional, marca e é marcada pelas relações que
mantém com o macrossocial; porém, não busca trabalhar apenas com uma única
unidade dos saberes, e sim, todos os saberes que estão envolvidos entre o contexto
socioeconômico-cultural e o indivíduo.
Assim como a educação presencial, a EAD enfrenta desafios, os quais
seriam algumas limitações e problemas relativos à avaliação, motivação, relação
professor/aluno, interação pedagógica e ao planejamento. Esses problemas não
foram resolvidos pelas novas tecnologias, porém estão sendo minimizados com
atividades síncronas (chats), com interação entre os aprendizes numa discussão
31
realizada de forma simultânea, e assíncrona (fóruns e e-mails), bem como encontros
presenciais para esclarecer dúvidas e manifestar sua posição e opinião diante do
tema discutido.
Num ambiente virtual, a interatividade e a interação estão presentes para
que a aprendizagem significativa seja eficaz, pois a ação humana entre dois sujeitos
e a máquina ocorre tanto na cognição quanto na afetividade do usuário. Essa
aprendizagem deve ser colaborativa, e as informações precisam ser socializadas e
compartilhadas pelos participantes.
Para a EAD, a interatividade, segundo Silva (2003, p. 14) é:
A passagem dos velhos computadores movidos por
complicadas linguagens de acesso alfanuméricas para os
atuais, onde se clica com um mouse e abrem-se janelas
múltiplas, móveis, em cascata da tela do monitor, permitindo ao
usuário adentramento e manipulação fáceis, foi certamente,
determinante para a formulação do termo interatividade.
Enfim, a tendência é uma prática educacional em “um novo olhar
pedagógico”, que adote uma abordagem global na construção de seu projeto de
formação inquestionável de qualidade. Concordo com a ideia de Cropley e Kahl
(1983 apud BELLONI, 2006, p. 26) de que a “EAD é uma espécie de educação com
base em procedimentos no processo de ensino-aprendizagem, mesmo sem contato
face a face, que permitem uma aprendizagem individualizada, autônoma e
disciplinada.”
A EAD tem características singulares e divergentes em relação ao ensino
convencional, que de acordo com Suarez (1991, p. 96) são: “Fator distância, como
fundamental; Processo pedagógico focado no aluno; Interatividade e apoio tutorial;
Equipe multidisciplinar; Mediação pedagógica.”
O fator distância é uma das características mais evidentes na EAD, pois o
aluno pode estudar de qualquer parte do país em que o curso desejado por ele
tenha seu polo com acessibilidade aos estudos, e ainda sendo apoiado por um
professor/tutor e uma equipe disciplinar. O processo pedagógico é direcionado para
o aluno, pois este constrói seu conhecimento, busca suas informações significativas
32
e passa por uma interatividade com colegas e professor/tutor, enfim, é o gestor da
sua aprendizagem.
Em relação ao processo de ensino-aprendizagem, na EAD existem
diferenças, se comparado ao ensino presencial. Uma delas é a presença em local e
tempo determinado, e outra é a responsabilidade da equipe de apoio para
elaboração do material, e técnicas apropriadas para significativa aprendizagem do
aluno.
Entretanto, há também algumas dificuldades enfrentadas pela EAD, a saber:
resistência/preconceito, pois muitos ainda não acreditam e desconhecem esta
modalidade; a falta de articulação entre os setores/órgãos educacionais que
realizem programas em EAD.
Outros problemas podem existir quanto às relações entre professor e aluno.
Quando há apenas a distância por parte do aprendiz que não participa de aulas
presentes, de uma integração deliberada, este pode não encontrar estímulo de
pessoas que estão sofrendo do problema, causando desmotivação e pouca
adaptação.
Contudo, ao possibilitar o desenvolvimento de padrões diferentes em relação
ao espaço/tempo, percebe-se a existência de dificuldades na EAD, que estão sendo
sanadas, paulatinamente. Assim, as vantagens dessa modalidade tornam-se mais
significativas e relevantes.
A EAD é uma modalidade que exige educadores e alunos maduros
intelectual e emocionalmente, razão pela qual alguns indivíduos que não foram
preparados para este fim, sentem imensa dificuldade. Ela tem sido incorporada
pelas universidades em seus cursos presenciais. Essa tendência sinaliza para o
futuro, uma atividade de acordo com o curso e as necessidades do aluno.
Qualquer curso nessa modalidade, por sua própria constituição, pela
necessidade de uma melhoria em sua formação profissional, por querer adequar-se
a atender às exigências da sociedade, leva a uma reflexão que o conduz a uma
prática criativa e consciente. Assim, a educação passou a ser concebida como um
processo permanente, e atualmente torna-se uma necessidade constante:
33
Conceitos como educação continuada ou permanente,
aprendizagem por toda vida, nos fazem crer que a
autoeducação e o autodesenvolvimento não são mais opções
de uma parcela específica da sociedade cuja vocação para o
aprender pavimenta um caminho de progresso e
enriquecimento pessoal (FILATRO, 2004 apud GOUVÊA, 2006,
p. 45).
A LDB (1996, Título II, art. 3º) estabelece como um dos seus princípios: “a
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte
e o saber.” Faz parte da práxis pedagógica, entre outros procedimentos,
proporcionar aos alunos situações de aprendizagem voltadas para a autoconstrução
de conhecimento.
Para Teixeira (2008, p. 38), há alguns princípios que indicam a qualidade de
uma aprendizagem significativa de adultos:
- A aprendizagem deve ser centralizada em experiências e em
problemas;
- A experiência deve ser significativa para que o estudante
possa analisá-la de forma livre;
- As metas devem ser executadas e fixadas pelo aluno. Este
deve receber retorno imediato sobre seu desempenho e
processo, uma avaliação formativa, para futuras melhorias.
Baseando-se nesses princípios, as atividades deverão ser para aquisição de
novos conhecimentos, para aprender a resolver problemas e desafios para que o
aluno possa crescer profissionalmente, a fim de adequar-se à contemporaneidade e
às exigências que a sociedade faz, hoje, a um profissional atualizado.
Desse modo, a EAD passa por um lento processo, entretanto deixa de ser
“clandestina ou excepcional” devido à segunda Lei de Diretrizes e Bases (nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996) a Lei Darcy Ribeiro que, finalmente, foi responsável de
dar um novo status à EAD. Por isso, mais importante do que a coerência formal dos
textos legais e normativos é a sua adequação à realidade e seu cumprimento.
34
2.2.2 A Legislação na EAD
Na era medieval, os portões das cidades eram fechados e as pessoas que
tinham comportamentos indesejados permaneciam fora delas: exércitos
fracassados, indivíduos de condição social inferior e criminosos. Estas tradições
perpassam pelo mundo, inclusive no Brasil, pois se “ordem” oferecia segurança, a
“desordem” ensejava relações e dinâmicas sociais.
Essa metáfora revela uma analogia com a EAD, que também nasceu “fora
dos muros” da educação convencional, utilizando desde a correspondência até as
novas TICs, atuando a longa distância social e geográfica, necessitando de um
parâmetro de qualidade.
Na segunda metade dos anos 90, a EAD sofreu um enorme impacto devido
à mudança da legislação. Anteriormente, essa modalidade de ensino era vista como
complementar ao ensino presencial. Com o início das novas tecnologias, entretanto,
algumas barreiras e preconceitos foram desmitificados, surgindo um aumento nas
ofertas, sugerindo uma regulamentação legal.
Um regulamento específico e as avaliações são características que
distinguem EAD da modalidade presencial, pois tornaram-se desafios ao sistema
educacional. Por isso a tentativa de resoluções para consolidar a EAD.
A partir de inúmeras resoluções acerca da EAD, os fundamentos legais,
hoje, no Brasil, autorizam a implantação e aplicação da EAD embasadas na lei
federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, visando o ensino de graduação nas
universidades públicas e particulares. Dessa forma, os cursos nesta modalidade
seriam observados pelo decreto nº 2.494/98, e deveria haver o credenciamento e
autorização para que as instituições pudessem funcionar.
As instituições de ensino a distância são bastante distintas no que se refere
aos tipos de atividades, aos recursos, à finalidade. Por isso, é necessária a
existência de alguns princípios e indicadores para que a qualidade seja um critério
de ordenamento da EAD no Brasil.
Há algumas discussões acerca da diferença entre a educação presencial e a
distância. Sendo um fato que, nesta última, o aluno acessa o conhecimento e
35
desenvolve habilidades e atitudes em relação ao estudo – tempo e local de estudo,
professores mediadores. Em razão do enorme desafio da EAD, o MEC estabelece
indicadores de qualidade, que orientarão as instituições e comissões quando da
análise dos projetos dos cursos.
A partir dessa premissa, a EAD ainda apresenta informações para
elaboração de cursos, para escrever sobre a regulamentação legislativa e adotar um
entendimento de como foi constituída.
Para Fragalle Filho (2003, p. 13), “[...] questões da regulamentação da EAD
tornam-se um grande desafio.” Este autor propõe uma discussão sob uma
perspectiva normativa em: num primeiro momento, fazer um mapeamento legislativo;
num segundo, destacar alguns problemas suscitados por essa legislação. A LDB (nº
9.394, de dezembro de 1996) seria um paradigma para a EAD, porém retira esta
modalidade do mundo dos sonhos e reconhece sua importância no contexto
educacional.
O Plano Nacional de Educação (PNE) indica que a EAD não pode mais ser
tratada como uma modalidade complementar ao ensino presencial, devido à sua
contribuição para a democratização da educação. Diante dessa premissa, houve um
esforço para a criação de decretos para serem cumpridos pela legislação de EAD.
O primeiro decreto, de nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regulamenta o
art. 80 da LDB; conta com disposições que estabelecem normas e conceitua esta
modalidade, como se verifica no art. 1º:
Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a
distância como modalidade educacional na qual a mediação
didático-pedagógica nos processos de ensino-aprendizagem
ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e
de comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares e tempos diversos.
No tocante à metodologia – gestão e avaliação – são previstos momentos
presenciais e, com relação a esta última, determina-se que a promoção do aluno
estará efetivada após o cumprimento das atividades programadas presenciais e a
distância; o curso tem a duração definida pela modalidade presencial e seus
respectivos diplomas.
36
Um curso em EAD deverá ser realizado com atividades presenciais
obrigatórias na sede da instituição ou nos polos de apoio, mediado por
professores/tutores. Quanto ao credenciamento, ofertas, autorização e programas
de cursos a distância, o decreto registra informações que possibilitam a efetivação e
operacionalização da EAD em qualquer parte do território brasileiro. O crescimento
da EAD gera grandes perspectivas para a universalização do ensino, mesmo
modificando parâmetros de espaço e tempo do ensino presencial, e sujeitando-se a
um credenciamento específico, o qual se pode constatar no decreto nº 5.773, de 9
de maio de 2006, no Capítulo II, subseção V.
Certamente, fica claro que a EAD não está sendo tratada de forma simples e
negligente no âmbito nacional. Referenciais de qualidade para esta modalidade
foram elaborados em 2003 com o intuito de nortear e subsidiar atos legais no que
tange aos processos específicos de regulação, supervisão e avaliação.
2.2.3 Os docentes em EAD: o professor e o tutor
A atividade docente, por muitos e muitos anos, norteou-se pelos fins que,
então, se desejava alcançar. Esta, elaborada pelo docente bem antes de entrar em
contato com o aluno, com orientações pedagógicas que preconizavam o
planejamento, e sem considerar a preexistência de motivação nos alunos. Se todo
ensino tem de ser ativo, deve solicitar a atenção e participação do educando, a
aprendizagem só se efetiva pelo esforço do aprendiz, por isso o professor deve
solicitar nas atividades escolares a opinião, a colaboração, e o trabalho do próprio
aluno.
Carvalho (1987, p. 111):
O êxito inicial deve ser promovido pelo professor para
incentivar os alunos, sempre que se propõe uma nova
atividade, uma vez que sabermos ser difícil alguém ter
desinteresse por algo que consegue realizar bem. Facilitar, por
todos os meios possíveis, uma perfeita compreensão das
ideias expostas e debatidas, garantem o bom êxito da
aprendizagem, motivando vivamente os educandos.
37
Neste contexto, as condições educacionais estão sofrendo mudanças
significativas em relação ao ensino do professor tradicional, visto que o docente não
é mais a única fonte de informação e motivação da aprendizagem. Deve ser uma
reflexão entre os docentes, o reconhecimento das transformações econômicas,
sociais e culturais no âmbito educacional, tendo em vista a reavaliação do papel do
professor.
O professor/tutor assume um papel importante no processo pedagógico
porque atua como incentivador e orientador do aluno no processo de aprendizagem,
também adota estratégias de autoestudo e outras que levem o aluno a se adequar a
esta modalidade.
Os docentes precisam estar atentos à atualização de métodos de
apresentação, à seleção de atividades de interação e à avaliação do nível de
aprendizagem dos alunos. É fundamental promover esta interação, compensando
dificuldades inerentes à EAD com os alunos. Por esta razão, a tutoria será
desenvolvida através de contatos pessoais, virtuais e interativos, estabelecidos e
mediados pelas tecnologias de comunicação e informação.
Essa missão educativa perpassa por um caminho em que o tutor tenha
facilidade de comunicação, criatividade, dinamismo, espírito de liderança e uma
capacidade para atuar como mediador da aprendizagem, possibilitando diálogos,
sendo empático, mantendo constantemente uma atitude de cooperação. Enfim,
extrapola os limites conceituais de professor.
Alguns aspectos em relação à tutoria devem ser levados em consideração:
pedagógico, tecnológico e de suporte ao aluno. Assim, o tutor terá como funções:
promover a participação do estudante nas atividades grupais, presenciais
ou não;
fazer a mediação no processo ensino/aprendizagem, em discussões,
motivação e orientação nas atividades de fixação e avaliativa, bem como
de interação e comunicação;
gerenciar as ferramentas de interação, as notícias, os avisos;
criar calendários e grupos de trabalho;
orientar sobre metodologias e técnicas de estudo;
38
contatar os alunos participantes e ausentes;
colaborar com os alunos na compreensão do processo de aprendizagem.
Quando se trata de programas em educação, alguns critérios devem ser
apresentados e explicados para saber o objetivo desse processo. Por isso, pode-se
pensar em sistemas de aprendizagem desenvolvidos mediante a EAD, pois como
afirma Jonassen (1996, p. 87):
É importante notar que a aprendizagem construtiva estará
comprometida somente se os alunos entenderem que serão
também avaliados construtivamente e exigirem que os métodos
da avaliação reflitam os métodos inseridos nos ambientes de
aprendizagem.
Na sociedade contemporânea, novos conceitos, valores, saberes e relações
se estabelecem e começam a emergir a partir da presença das novas tecnologias de
informação e comunicação. Esses novos conceitos acabam por gerar uma nova
razão que, em princípio, é incompatível com o atual sistema educacional que
permanece fechado, linear, e que vem sendo questionado interna e externamente à
escola. Aliado a isso, a chamada globalização tem introduzido significativos desafios
para a educação e para todo o sistema educacional em função das possibilidades de
articulação que são oferecidas pelos meios tecnológicos de informação e
comunicação.
Para poder pensar a possibilidade de outras modalidades de ensino, que
atuem de forma plena e pluralizada, que incorporem essa nova razão que vem
sendo gestada na sociedade contemporânea, torna-se necessário conhecer, por um
lado, as diretrizes gerais das políticas que interferem diretamente no setor
educacional brasileiro, e por outro, as transformações que as ações desencadeadas
por essas políticas possam provocar nos contextos escolares e nas práticas
pedagógicas, e em que medida essas transformações apontam para a incorporação
dessa nova razão.
No Brasil, desenvolvem-se experiências em EAD e algumas instituições vêm
se consolidando e formulando um novo discurso que focaliza mais os sujeitos. Esta
é a razão por que a implantação de projetos educacionais de características
adequadas às necessidades da população e cultura local está em evidência.
39
Uma boa utilização de ferramentas tecnológicas pode contribuir para uma
aprendizagem eficiente, se bem aplicada para tal fim. Não adiantam apenas
recursos didáticos se os gestores e professores não souberem utilizá-los com
competência e criatividade – o que permitirá uma construção de um novo paradigma
educacional, fazendo do aprender uma busca constante.
É importante observar que a proposta educativa com o uso das tecnologias
não é só a que utiliza recursos tecnológicos, mas a que leva em consideração, de
forma colaborativa, os indivíduos, as características da região, a cultura. Contudo, as
análises sobre as experiências em EAD revelam que estas têm se constituído em
uma resposta aos problemas enfrentados no processo de escolarização e
qualificação dos grupos sociais que tiveram um processo de escolarização irregular,
foram excluídos historicamente em razão das condições econômicas e sociais. O
curso de Letras da Unit é parte dessa política de acesso à formação e qualificação
superior, em que se experimentam diversos recursos metodológicos utilizados nessa
modalidade de ensino (EAD) o que será tratado no próximo capítulo.
40
3 O CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA DA
UNIT
A EAD no Brasil tem um trajeto de sucesso, apesar de alguns momentos
estáticos devido às ações políticas. Mas, nem por isso podemos deixar de relevar
épocas de programas criados que democratizaram a educação, levando-a a regiões
menos favorecidas. Atualmente, podemos referenciar o Estado de Sergipe no que
tange ao ensino superior e à EAD.
A capital de Sergipe, Aracaju – antigo povoado Santo Antônio de Aracaju –
não surgiu de forma espontânea como algumas cidades, foi planejada para ser a
sede do governo do Estado, transformando-se depois na capital, a partir de 1855.
Desde então, vem crescendo e se desenvolvendo em todos os aspectos, inclusive
em educação.
Atualmente, possui uma população com aproximadamente 520 mil
habitantes, dentre os quais quase 8% dos estudantes são da Universidade
Tiradentes (Unit). Percebe-se, então, a relevância da referida instituição no Estado.
Em seus 47 anos de existência, a Unit tornou-se uma referência no cenário
educacional brasileiro. Com moderna infra-estrutura, mantém cinco campi no Estado
de Sergipe, sendo dois na capital e os demais distribuídos entre os municípios de
Estância, Itabaiana e Propriá.
A Unit iniciou a sua história com o Colégio Tiradentes, em 1962, que ofertou,
inicialmente, ensino fundamental e médio – profissionalizante pedagógico e
contabilidade. Em 1972, a instituição foi autorizada a ofertar os cursos de Graduação
em Ciências Contábeis, Administração e Ciências Econômicas, passando a
denominar-se Faculdades Integradas Tiradentes (FITs). Em 25 de agosto de 1994,
as FITs foram reconhecidas como universidade através da portaria nº 1.274, em 26
de agosto de 1994, passando a chamar-se Universidade Tiradentes (Unit).
Em 2009, com 47 anos de existência, a Unit possui 25 cursos de graduação
(bacharelados e licenciaturas) e 9 cursos superiores de tecnologia, ofertados nos
seus campi. A universidade oferece ainda à comunidade sergipana, 33 cursos de
pós-graduação lato sensu, especializações nas mais diversas áreas do
41
conhecimento, e 2 cursos stricto sensu – mestrado em Engenharia de Processos e
em Saúde e Ambiente.
A Unit implantou seu programa de educação a distância em março de 2000.
Desde então, vem desenvolvendo ações no sentido de oferecer cursos e disciplinas
de cursos presenciais nesta modalidade de ensino, oferecendo inicialmente
disciplinas on-line, ampliando a possibilidade de oferta para alunos de outras
instituições.
Preocupada em qualificar os professores do interior do Estado através de
convênios com prefeituras municipais, a Unit passou a oferecer desde outubro de
2004, a Licenciatura em Letras Português, implantando polos de educação a
distância nas cidades de Laranjeiras, Umbaúba, Monte Alegre, Boquim e São
Domingos.
Figura 1Banner – Curso Letras-Português EAD
Fonte: Arquivo pessoal
A partir do segundo semestre de 2005 houve uma expansão do curso de
Letras Português na modalidade a distância, com a oferta de novas turmas, nos
polos de educação a distância, nas cidades de Tobias Barreto, São Cristóvão,
42
Neópolis, Carmópolis e Frei Paulo. Os cursos de História e Matemática passaram a
funcionar a partir do primeiro semestre de 2006, nos polos já existentes, além de
outros polos nas cidades de Carira e Poço Verde.
No segundo semestre de 2006, a Unit, em parceria com o governo do
Estado de Sergipe, implantou os cursos de licenciatura em Ciências Naturais; Letras
Português/Espanhol; Letras Português/Inglês; Gestão da Tecnologia da Informação,
sendo mais treze municípios-polo contemplados.
A estrutura acadêmica, administrativa e dirigente temos: Reitor ; Vice-
Reitora; Pró-Reitor Administrativo; Pró-Reitor Acadêmico; Pró-Reitor Adjunto de
Graduação; Pró-Reitor Adjunto de Assuntos Comunitários e Extensão; Pró-Reitor
Adjunto de Pós-Graduação e Pesquisa; assessores, diretores e gerentes
administrativos; Diretor do Núcleo de educação a distância:
Figura 2 – Organograma do NEAD
Fonte: Projeto Pedagógico do Curso de Letras Português da Unit-EAD
43
Ao longo desses 5 anos, foi constituída uma formatação do organograma
baseada na demanda do curso e da melhoria na qualificação da equipe. Toda a
composição tinha como responsável o Núcleo de Educação a Distância (NEAD), que
desenvolveu um trabalho de acompanhamento gerencial e pedagógico, bem como a
democratização do acesso dos conhecimentos aos alunos.
Atualmente, é esta a formatação do organograma deste núcleo, a qual a
gerência administra diretamente com as assessorias de planejamento e técnica, cuja
responsabilidade é a de orientar, acompanhar e capacitar os professores no que
tange ao planejamento pedagógico e aos recursos tecnológicos.
A formação dos profissionais do magistério constitui elemento fundamental
para a melhoria da qualidade do ensino. Muitos desafios precisam ser vencidos, não
só a qualificação dos docentes como o aprimoramento dos sistemas de ensino, visto
que a nova legislação do país, a LDB nº 9.394/96 (art. 77), retrata o tema e sinaliza
para “[...] a exigência progressiva da elevação dos níveis de formação do magistério
e seu permanente aperfeiçoamento.”
A LDB, em seu art. 2º, coerente com a Constituição Federal, define que:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Portanto, observando os preceitos da nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, a Unit é consciente de que a formação de docentes para atuar
em toda a educação básica deve ser feita em cursos de licenciatura, ministrados
com qualidade.
Visando atender as demandas da sociedade, a instituição criou na
modalidade a distância, em novembro de 2004, o curso Letras Português com
duração mínima de 3 anos, a fim de atender a carência de profissionais licenciados
nas redes públicas e particulares do ensino fundamental e médio do estado de
Sergipe. O curso foi ofertado por meio de convênio com as prefeituras municipais,
através do qual se viabilizou o desenvolvimento da política de interiorização do
ensino superior no Estado.
44
3.1 O curso de Letras Português EAD
O currículo do curso Letras Português EAD fundamenta-se na compreensão
da diversidade de concepção teórico-metodológica, tecnologias e práticas
educacionais, de modo a formar novos educadores ou oferecer ao educador em
exercício, opções para o tratamento dado a sua prática pedagógica, e ao aluno
condições de organizar o seu processo de aprendizagem.
Em março de 2000 foi criado o Núcleo de Educação a Distância (NEAD),
com o objetivo de desenvolver uma política que oriente a implantação de um Projeto
de Educação a Distância em seu quadro curricular.
Figura 3Banner – Características do Curso Letras Português EAD
Fonte: Acervo pessoal
O curso de Letras Português concede habilitação e regime acadêmico em
Licenciatura em Letras Português, em periodização semestral na modalidade a
distância, com carga horária total de 2.844h (entre conteúdos curriculares, estágios,
atividades práticas e complementares). Possui Ato de Autorização na Resolução
CONSAD 004/04 e a implantação do curso data de novembro de 2004.
A maior parte das disciplinas(ver Estrutura Curricular em anexo) do curso é
ministrada a distância, sendo os encontros presenciais e plantões de tutorias
45
realizados em salas de aula. As atividades de pesquisa são realizadas nas
bibliotecas setoriais dos polos ou, ainda, em locais extraclasse. As aulas práticas
estão diretamente vinculadas às disciplinas Prática de Ensino e Trabalho de
Conclusão de Curso II (TCC II).
Os encontros presenciais são acompanhados por dois tutores, um da área
pedagógica e outro da área específica, que se revezam no turno matutino e
vespertino dos sábados, orientando turmas de aproximadamente 50 alunos,
garantindo, desta forma, a qualidade do ensino e aprendizagem.
É comum encontrar em tais regiões, professores que não estão qualificados
para o exercício do magistério, possuindo apenas o ensino médio. Em virtude de
dificuldades geográficas e de tempo, o curso de Letras Português na modalidade a
distância foi ofertado não apenas no Estado de Sergipe, mas também na Bahia e em
Alagoas, os quais, mediante parcerias, solicitaram os serviços da Unit com o objetivo
de oferecer à população condições de acesso ao ensino superior de qualidade, e
para melhorar a formação dos quadros docentes das várias regiões do Nordeste.
No presencial, o curso foi criado em Setembro de 2001, através da
Resolução do CONSAD 06A/01, e na modalidade a distância teve seu início em
novembro de 2004, com duração mínima de 3 anos, a fim de atender a carência de
profissionais licenciados em Letras Português para as redes públicas e particulares
do ensino fundamental e médio no estado de Sergipe, dificultando a implantação de
novos estabelecimentos de ensino e comprometendo a continuidade da oferta de
novas turmas dos citados níveis de ensino, visando atender as demandas da
sociedade.
O curso na modalidade a distância está sendo ofertado através de convênio
com as prefeituras municipais, por meio do qual se viabilizou o desenvolvimento da
política de interiorização do ensino superior no Estado, atendendo às reivindicações
da comunidade e ampliando as possibilidades de acesso daqueles que já exerciam
uma outra profissão e desejavam se qualificar nesta área de conhecimento.
O curso de Licenciatura em Letras Português na modalidade a distância
qualifica profissionais para o exercício do magistério do ensino fundamental e médio,
preparando os discentes para a construção do senso crítico sobre a língua e a
literatura e o exercício da cidadania, constituindo fundamentos para que os alunos
46
possam desenvolver competências e habilidades voltadas para o ensino da língua e
a preparação para a vida, preconizando o que determina o Projeto Pedagógico
Institucional (PPI).
Uma língua sem história seria órfã, porque um passado não deve paralisar o
presente, mas ajudá-lo a interagir com seus agentes transformadores, eliminando
preconceitos sociais linguisticamente disfarçados, com respeito às diversas formas
de expressão na língua materna, tornando-a criativa na sua unidade e nas suas
diversidades, inclusive dentro do contexto da globalização.
Nesse contexto, com o escopo de formar profissionais da área de ensino de
língua portuguesa, literatura portuguesa e literatura brasileira que, mesmo cientes da
pluralidade de aspectos que seu idioma apresenta, saibam dominar sua concepção
filosófica de base, insere-se o curso de Letras Português na modalidade de
educação a distância da Unit.
Um curso na modalidade a distância representa, ao mesmo tempo, uma
opção metodológica que não se afasta da perspectiva da qualidade de um curso
presencial, pelo contrário, assume a responsabilidade de equipar e ultrapassar esta
qualidade. Ainda proporciona as mesmas oportunidades de acesso à educação
superior e uma compreensão de que um curso de graduação a distância é
essencialmente diferente daquele concebido na modalidade presencial.
As novas demandas sociais em relação à educação formal originam-se dos
diversos segmentos da sociedade, no contexto da globalização econômica e do
atual estágio de desenvolvimento da ciência e tecnologia na contemporaneidade.
Não só as camadas populares e os educadores clamam por uma escola de
qualidade, mas os próprios empresários progressistas que percebem as novas
exigências e gradativamente adotam o novo paradigma da produção flexível, assim
superando assim o modelo fordista, e delineando um novo perfil dos profissionais
capazes de uma participação tecnológica competente, crítica e voltada para a
melhoria da qualidade da vida humana no planeta.
Há alguns anos, os próprios empresários brasileiros revelaram suas
posições neste sentido, inclusive quando chegaram a formar o Comitê de
Competitividade, com representação de todos os estados da federação, o qual,
dentre suas ações, elaborou um documento dirigido ao então ministro da educação,
47
exigindo uma escola pública de qualidade para todos os cidadãos, e sugerindo
medidas como, por exemplo, a avaliação externa das instituições de ensino, o que
foi acatado – como revela o sistema de avaliação nacional implantado nos diversos
níveis de ensino que permanecem até hoje.
Neste sentido, urge a decisiva contribuição de todos, notadamente das
Instituições de ensino superior, nos rumos da educação brasileira e da inserção do
país, especialmente do Nordeste, no mercado internacional. A esta questão, a
Constituição Federal de 1988 respondeu, fazendo eco aos movimentos sociais que
acompanharam a constituinte, assegurando:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (art. 205).
O Plano Nacional de Educação indica vários desafios que devem ser
resolvidos no âmbito dos sistemas de ensino. Um deles refere-se à elevação do
perfil da formação dos profissionais do magistério, de modo a atender com qualidade
as exigências legais da habilitação. Ou seja, providenciar a erradicação das razões
que levam à utilização de professores que possuem apenas o nível médio e, ao
mesmo tempo, habilitar aqueles que já estão atuando nos sistemas e que não
podem ser substituídos por outros com formação adequada. A LDB, no art. 87, § 3º,
determina que até o ano 2006 fossem realizados programas de capacitação para
todos os professores em exercício.
Como atores sociais, os docentes do curso de Letras Português na
modalidade a distância objetivam oferecer a todos os alunos do curso uma melhoria
da atividade docente, através da qual o professor não se limite a escrever e corrigir
exercícios, mas seja capaz de compreender que “[...] com, pela e na linguagem as
sociedades se constroem.” (PCN, 1998, p. 140). Sendo assim, o curso de Letras
Português na modalidade a distância espera contribuir de forma substancial para o
conhecimento de várias manifestações de diferentes esferas sociais, respeitando e
criando elos de comparação de ordem fonológica, sintática e semântica entre as
mesmas.
48
Este curso teve como suporte para sua criação, uma ampla visão
mercadológica e suas perspectivas, visualizando a importância e a necessidade de
qualificar o profissional, visando atender ao mercado carente de profissionais
competentes e habilitados na área de Licenciatura em Letras Português dos
sistemas público e privado (ensino fundamental e médio), órgãos de imprensa e
organizações não-governamentais (ONGs).
3.2 Os polos presenciais
Quando os estudantes podem contar com polos regionais para
atendimento, o processo de ensino e aprendizagem pode tornar-se mais eficaz, pois
neles os alunos têm uma referência física, com uma infraestrutura de atendimento e
local para estudo contribuindo para fortalecer o vínculo com a instituição.
Os polos de apoio presencial da EAD da Unit possuem salas de estudo,
microcomputadores conectados à internet, biblioteca, recursos audiovisuais, serviço
de distribuição de material didático, entre outros. É também o espaço para a
realização dos encontros e atividades presenciais, onde o aluno encontra-se
semanalmente com seu tutor presencial para orientação e esclarecimento de
dúvidas. Neles encontram-se os gestores que têm como função e responsabilidade
a coordenação e supervisão das atividades administrativas e pedagógicas referentes
aos cursos nas instituições conveniadas.
Cada polo tem estrutura mínima de organização que contemple: gestor do
polo regional, escolhido pelo NEAD/Unit; comissão de líderes, representada pelos
alunos; tutores do polo, selecionados através de processo seletivo e coordenado
pela instituição, que também será responsável pelo treinamento e acompanhamento
do trabalho dos selecionados.
Os polos são constituídos pela seguinte equipe:
a) gestor – responsável pela administração e organização do polo;
49
b) professor especialista – responsável pelo suporte de conteúdos aos
alunos através das mediações tecnológicas aos tutores, através das
capacitações e no processo de avaliação;
c) tutor – a pessoa-chave para os cursos oferecidos na modalidade de
ensino a distância, e do processo de ensino-aprendizagem nesta
metodologia, não só porque contribui no processo de mediação, mas
também por promover a comunicação, diálogo e socialização, e introduzir
a perspectiva humanizadora num processo mediado pelos meios
tecnológicos.
Figura 4 – Mapa do Estado de Sergipe
50
Fonte: Site Unit-EAD
2
Poço Verde, Ribeirópolis, Neópolis, Monte Alegre, Aracaju, Boquim, Carira,
Carmópolis, Estância, São Cristóvão, São Domingos, Sítio do Quinto e Umbaúba
são os polos de apoio presencial que atualmente estão ativos.
A tutoria é desenvolvida através dos contatos presenciais nos plantões,
quando utiliza o material instrucional impresso e interativos estabelecidos entre tutor
e aluno, mediados pelas tecnologias de comunicação e informação: telefone,
correio, e-mail, internet.
O curso de Letras Português na modalidade a distância da Unit Tiradentes
visa formar profissionais da área de ensino de Língua Portuguesa, literatura
Portuguesa e Literatura Brasileira, que saibam dominar sua concepção filosófica de
base para, assim, compreender a língua portuguesa como expressão do eu, como
ferramenta indispensável ao convívio em sociedade, sendo capazes de lidar com
inúmeras facetas da pluralidade de aspectos que seu idioma apresenta, bem como
possibilitar a formação linguística, literária e pedagógica aos futuros profissionais da
área, através de conhecimentos teóricos e práticos em relação ao ensino da língua
portuguesa e de suas literaturas, especificamente as desenvolvidas em território
brasileiro e português.
A partir desses objetivos gerais, o planejamento do curso proporciona a
seus alunos a capacidade de reconhecer, através de diferentes teorias, os fatos
linguísticos e literários, tornando-os aptos a conduzir investigações sobre linguagem
e problemas relacionados ao processo de ensino-aprendizagem relativos à língua.
Contribuindo, assim, para a formação de um profissional consciente de seu papel
como um cidadão capaz de refletir, interferir e transformar o seu ambiente, buscando
ser, de forma crítica e construtiva, um agente multiplicador do conhecimento, através
de um processo contínuo de sua construção.
O curso de Letras Português EAD tem duração de 3 anos, e articula o
processo de pesquisa com as atividades de ensino, proporcionando também o
acesso a outras formas de linguagem, através de atividades práticas nas quais os

2
Disponível em: <http://ead.unit.br/polos/sergipe/index.php>.
51
alunos participam de programações teatrais ou exibições cinematográficas
relacionadas aos conteúdos programáticos das disciplinas ofertadas.
Na área de extensão, desenvolve e incentiva atividades culturais,
seminários, feiras e mostras literárias e de cinema e simpósios para as comunidades
interna e externa. Os alunos participam da Semana de Letras, evento anual com
palestras e oficinas ministradas por docentes da Unit e de outras instituições do
Estado e de outras regiões.
Quanto à avaliação, o processo e instrumentos utilizados devem atender ao
princípio de verificação da aprendizagem apreendida pelo aluno, o que importa
afirmar que este deve ser estimulado a apresentar suas habilidades e competências,
além de técnicas e metodologias de intervenção em situações possíveis de atuação.
Ainda com a chamada medida de eficiência, que se constitui em trabalhos diversos
planejados pelos docentes com objetivos previamente estabelecidos.
As verificações de aprendizagem são realizadas por meio de provas
escritas, trabalhos de pesquisa, artigos científicos, seminários, semanas culturais,
dentre outros, na forma presencial e individual, nos polos ou NEAD, com a presença
de um tutor.
O corpo docente do curso de Letras Português EAD, atualmente, é formado
por professores especialistas e tutores. É constituído de profissionais formados nas
áreas de Língua Portuguesa com habilitação em língua estrangeira, pós-graduados
em língua portuguesa, linguística e literatura. Em um percentual não muito alto,
dispõe de professores que têm experiência no ensino fundamental e médio, que
contribuem de forma expressiva na orientação de estágios supervisionados.
Percebe-se então que, para este curso, é necessária a presença de um
sujeito que constrói significados e adapta-se a situações diversas de aprendizagem,
criando suas estratégias para superar as dificuldades, ou seja, tornando-se um
sujeito vivo, um sujeito virtual.
O processo de mediatização é operacionalizado pelos tutores e viabilizado
pelo sistema de comunicação. Está organizado para atender a todo o processo
interativo que preconiza a proposta desse curso. A tutoria está estruturada como
mostra o esquema a seguir:
52
Figura 5 – Mediatização
Fonte: Projeto Pedagógico do curso de Letras Português Unit-EAD
A tutoria representa 30% do total da carga horária e tem por objetivo
solucionar as dúvidas que possam surgir durante o autoestudo, direcionar os
estudos, acompanhar e orientar individualmente cada aluno; é desenvolvida através
dos contatos pessoais, virtuais e interativos estabelecidos entre professor/tutor e
aluno, mediados pelas tecnologias de comunicação e informação: impressos,
telefone, correio, e-mail e internet. As metodologias adotadas no processo de
mediatização e as vias de comunicação são definidas com base no suporte
tecnológico proposto pelo projeto e nas condições técnicas da localidade, uma vez
que, em EAD o que importa é que se defina uma mídia que garanta a
bidirecionalidade.
O sistema de tutoria é desenvolvido em duas formas: presencial e não-
presencial, conforme a figura seguinte:
Modalidades de
Tutoria
Correio
Sistema DDG
Individual ou em
Grupo
Presencial
Não presencial
O tutor não explica a totalidade do programa porque esta é a função do material
instrucional.
O tutor cria um clima cordial e humano, resolvendo as
dúvidas que possam surgir durante a aprendizagem, de
modo individual ou coletivo; ajuda nas tarefas de
autoaprendizagem, corrigindo os trabalhos que os alunos
realizam em casa e os exercícios de autoavaliação a
distância.
Fone
Convencional
Eletrônico
Internet
Intranet
53
Figura 6 – Sistema de tutoria
Fonte: Projeto Pedagógico do curso de Letras Português Unit-EAD
Para atuar em EAD na Unit, o tutor deve participar do curso de preparação
de tutores e, além disso, ser capaz de:
atualizar-se permanentemente em sua área de atuação para dirimir
dúvidas e aprofundar conhecimentos;
contextualizar os conhecimentos específicos, demonstrando sua
aplicabilidade na prática docente;
incentivar o estudante a superar dificuldades e a prosseguir seus estudos
por meio de estratégias e instrumentos próprios do programa de EAD;
levar o aluno a identificar as metodologias e técnicas de estudo que
facilitem seu estudo independente;
TUTORIA
Presencial
Não Presencial
Será desenvolvida através do processo de
mediatização, que usará sistemas de
comunicação compatíveis com as condições
socioeconômicas de cada núcleo de apoio.
Será desenvolvida nos polos.
1 2
3...
Os alunos poderão
ter acesso ao
Núcleo de Apoio.
Os alunos poderão
ter acesso à central.
54
produzir materiais para estudo e avaliação, sob a supervisão do
coordenador adjunto do curso de Letras Português na modalidade a
distância, que complementem o processo educativo e ampliem as
unidades didáticas;
avaliar e dar sugestões, mediante instrumentos propostos, sobre: o
desenvolvimento do curso, sua atuação enquanto tutor, o desempenho
dos estudantes e a funcionalidade do material instrucional;
promover a participação do estudante nas atividades grupais, presenciais
ou não;
criar um clima humano nos momentos de tutoria presencial, ou não
presencial, para facilitar a interação tutor/aluno.
Considerando que na EAD o aluno fará o seu próprio tempo, usando o
autoestudo, foram elaborados materiais instrucionais relacionados às disciplinas:
Manual do Aluno, usando Metodologia de Ensino a Distância; e o Manual de
Orientação para Professor-Tutor.
No sistema de tutoria foram adotadas tecnologias de comunicação e
informação, tais como: internet (ferramentas: e-mails, listas de discussão, quadros
de avisos nos sites), correios convencionais e discagem direta gratuita (DDG). No
tocante ao processo avaliativo do conteúdo, foi adotada a tutoria presencial e foram
disponibilizados nos polos tutoriais (ambientes físicos) para os alunos, os
equipamentos tecnológicos, a biblioteca e disponibilidade presencial do tutor.
Como facilitador da aprendizagem e de contato direto com o alunado, os
professores-tutores são distribuídos em turmas de 40 a 55 alunos, seguindo os
critérios de matrículas do curso. Estes orientadores acadêmicos desenvolvem ações
tutoriais numa jornada de trabalho de 20 horas semanais, assim distribuídas: 8 horas
no sábado das 8h às 12h, das 14h às 18h (encontros presenciais); as 12 horas
restantes são para o plantão de tutoria em dias e horários já previamente marcados
e avisados nos polos para conhecimentos de todos.
A capacitação para tutores é uma das atribuições do NEAD da Unit
pensada com planejamento, que acontece no início e no final de cada período,
podendo também, ser durante o período em curso. É elaborada e planejada pelo
55
coordenador do curso a fim de atender às expectativas dos tutores e dirimir dúvidas
encontradas por eles e/ou alunos.
Inicialmente, foram instalados 17 polos de apoio tutorial no Estado do
Sergipe e um na Bahia. Os de Sergipe são situados nas dependências de escolas
municipais onde foi ofertado o curso. Atualmente, são 13 polos em funcionamento
com turmas que irão se formar até o segundo semestre de 2011. Os polos foram
considerados pela equipe como bons recintos, dando conta de requisitos básicos
como: uma linha telefônica à disposição do tutor para receber e fazer ligações,
acomodações de mesa e cadeira, computador conectado à internet e espaço para
arquivos de alunos.
Os encontros presenciais são organizados a partir da definição da carga
horária, que dão conta de 20% das disciplinas, realizados nos polos, e têm os
seguintes fins:
apresentar a metodologia utilizada pelo curso;
orientar sobre o autoestudo;
esclarecer sobre o processo de avaliação;
dirimir dúvidas e acompanhar o desenvolvimento dos estudos;
avaliar o desenvolvimento do aluno;
desenvolver atividades que enriqueçam o conteúdo, priorizando trabalhos
grupal-interativos, de modo a incentivar o estudante em sua vida
acadêmica;
realizar a avaliação final;
entregar a autoavaliação do estudante e a avaliação do material
instrucional;
acompanhar/orientar as atividades de práticas investigativas e
extensionistas.
O primeiro encontro das turmas sempre acontece no auditório da Unit, em
que é entregue o material impresso, o calendário acadêmico, os informes do
Departamento de Assuntos Acadêmicos (DAA), e pasta do aluno.
56
O autoestudo representa 50% da carga horária. É desenvolvido utilizando
material instrucional impresso, elaborado especificamente para cada disciplina, a fim
de orientar o estudo independente do aluno, bem como mediatizar o processo de
aprendizagem, passando a ser utilizado como interlocutor entre o conhecimento e o
aluno; é elaborado pela equipe multidisciplinar, que tem as atribuições de coordenar
e executar todas as ações necessárias à sua elaboração. Assim ocorre a
autoinstrução, ou seja, o aprendiz interage apenas com os materiais didáticos e não
existe o relacionamento interpessoal.
Gutierrez e Prieto (1994, p. 9) “[...] consideram como mediação pedagógica
o tratamento de conteúdos e das formas de apresentação dos temas, o que facilita o
processo educativo e possibilita uma educação mais reflexiva, mais interativa.”
Os autores ainda consideram a educação a distância como um sistema de
educação alternativo, no qual a aprendizagem, por ser participativa, “requer uma
metodologia muito própria”, baseada em componentes metodológicos que reflitam
em: um processo de aprendizagem dialogal; uma ligação direta dos aspectos lúdicos
de aprendizagem com a assimilação e recriação de conhecimentos; um
autodiagnóstico da realidade em vista da elaboração do currículo educativo; uma
reflexão, se possível grupal, como meio por excelência para transformar a própria
prática; uma avaliação formativa e permanente; uma criatividade expressiva que
desemboque em produtos que ultrapassem o meramente acadêmico.
A formação em educação a distância implica o uso de materiais
instrucionais off-line por parte do estudante e, ao contrário do ensino presencial
em que a mediação pedagógica está centrada no professor, nessa modalidade os
materiais assumem o papel principal, pois têm que transmitir motivação, informação,
atividades, assumindo a função de guias, promovendo a autoavaliação e a
retroalimentação do aluno.
Sabe-se que além de acompanhar e promover os processos de
aprendizagem do aluno, a mediação pedagógica deve possibilitar a este, condições
através das quais ele possa desenvolver competências e habilidades que lhe
permitam associar o aprendido com os conhecimentos previamente acumulados,
sendo, portanto, condição sine qua non para sua produção, uma análise das
57
características, dos interesses e conceitos prévios daqueles que dele farão uso no
seu processo de aprendizagem.
É importante notar que este processo interferirá na forma de
assimilação/apreensão por parte do aluno. Para tanto, no processo de produção
contém textos para estudos e atividades de reforço, correspondentes à parte de
estudo individual no curso com adequação à realidade e nível do aluno, ao
conteúdo, à informação e, principalmente, à intenção educacional.
Considerando o desenvolvimento tecnológico, principalmente no campo da
informatização, a realidade das condições da população e em especial em Sergipe,
sugere o uso de material impresso. Os materiais oferecidos ao aluno são os
seguintes:
a) materiais de estudo – impressos oferecidos pelo programa: livros-texto e
guias de estudo;
b) materiais de orientação para o aluno – manual de orientação de
estudos e manual geral; serão os responsáveis por apresentarem ao aluno o
curso e todo o material; (ver anexo)
c) manual de orientação para o tutor contém todas as orientações
necessárias ao bom desenvolvimento das atividades do tutor, tanto no
aspecto técnico-pedagógico, como para orientar tarefas de estudo;
d) manual do estágio tem como finalidade orientar todo o processo de
desenvolvimento da parte prática não só para o aluno, como para o
supervisor, professor-tutor, bem como da instituição de ensino (escolas
públicas ou privadas) onde este será desenvolvido o curso;
e) materiais de consulta – atlas, dicionários, catálogos e outros materiais
necessários ao apoio do aluno, no sentido de favorecer a construção do
conhecimento através da pesquisa, busca, seleção, estrutura e sequência
personalizada dos conteúdos adquiridos.
Busca-se uma forte interação entre os atores do processo educacional,
incluindo, até mesmo, a interação com o suporte técnico e com os profissionais do
departamento de assuntos acadêmicos. Para tanto, a fim de ampliar as
possibilidades de aprendizagem, outras mídias são utilizadas, tais como:
58
a) sistema DDG (telefone 0800-284.711): este meio de comunicação é o
mais utilizado pelos alunos, pois lhes garante o atendimento imediato;
b) correio convencional: este meio é preferido pelos estudantes para envio
de trabalhos relacionados a pesquisas, tarefas constantes do material
instrucional, e relatórios gerais sobre os estudos realizados nas diversas
disciplinas;
c) internet: é utilizada para disponibilizar materiais de estudo, para
publicações e divulgação de informações importantes sobre o curso; são
usadas todas as possibilidades de interatividade que caracteriza a rede.
Dispõe, ainda, de sala de discussão, suporte de tecnologia às tutorias e
outros que são desenvolvidos mediante a necessidade apresentada.
Na segunda metade do século XX, a EAD passou de um modo de
aprendizagem do material impresso ao ambiente virtual, embora o primeiro ainda
seja utilizado em cursos nesta modalidade. Para a produção de materiais educativos
em EAD, devem-se levar em consideração, suas características, o interesse e o
conceito de quem vai utilizá-lo em seu processo de aprendizagem.
Gutierrez e Prieto (1994, p. 9) ratificam que: “A mediação pedagógica
procura abrir caminhos para novas relações do estudante; com os materiais, com o
próprio contexto, com seus colegas de aprendizagem, incluindo o docente, consigo
mesmo e com o futuro.”
O material instrucional foi elaborado por uma equipe permanente do NEAD,
conforme explicita o quadro a seguir:
59
Quadro 1 – Responsáveis pela elaboração dos livros-texto e funções
ESPECIALISTA FUNÇÃO
1. Especialista em EAD Responsabilidade relacionada à metodologia do ensino a
distância, assim como à garantia de que os objetivos
específicos e geral do curso sejam atendidos.
2. Especialista em
Educação
Análise do material fornecido pelo professor conteudista
e organização do material instrucional
3. Especialista em
Comunicação Social
Adequação da linguagem do material produzido pelo
professor conteudista à mídia adotada.
4. Especialista em
Avaliação Educacional
Supervisão de toda parte referente ao processo de
avaliação de aprendizagem.
5. Revisor Revisar os materiais, considerando a estrutura literária,
gramatical e organização de conteúdos.
6. Digitador e diagramador Digitar e diagramar os materiais instrucionais.
7. Supervisor de Conteúdo Responsável pela supervisão dos conteúdos e
metodologia de ensino em EAD.
8. Professor Conteudista* Responsável pela elaboração do conteúdo da disciplina
*O coordenador do curso é responsável pela indicação dos professores conteudistas
e supervisores que devem ter, no mínimo, curso de especialização na área
específica.
Fonte: Projeto Pedagógico do Curso de Letras Português Unit-EAD
A avaliação da aprendizagem do aluno é realizada no final de cada
unidade, que são duas, considerando os objetivos e as especificidades das
disciplinas do semestre. Ao final do curso acontece a elaboração do trabalho de
conclusão do curso (TCC), que corresponde a um artigo científico.
Instrumentos avaliativos como provas presenciais são adotados também
ao final de cada unidade, além da apresentação de seminários, elaboração de
resenhas, relatórios de atividades e memorial. Este último refere-se à elaboração de
um texto em que o aluno emite opinião acerca das primeiras expectativas, faz
sugestões para eventos, formas de interação, entre outros. Além disso, o memorial é
um instrumento que proporciona o exercício de autoconhecimento para o aluno,
exigindo dele a prática de registros do cotidiano, enfatizando sua aprendizagem.
O processo de interatividade é desenvolvido através dos encontros
presenciais, dos plantões de tutorias e dos mais variados suportes tecnológicos, tais
como telefone, mala direta e internet.
A internet é utilizada através da rede intranet da Unit, implantada nos
núcleos de apoio, correspondendo ao sistema de rede interna já em atuação nessa
universidade, que liga todos os campi e interliga os núcleos de EAD, possibilitando o
60
desenvolvimento de projetos e programas de EAD com o uso de informações e
dados em tempo real, tais como aulas, conferências, tutoria, pesquisa e outros.
É durante os encontros presenciais, portanto, que acontece o processo de
socialização entre os alunos, de forma significativa. Aos sábados e durante alguns
dias da semana, os estudantes do curso fortalecem esta rede e sua interatividade
através de contatos, anteriormente, virtual e de real vivência.
61
4 O ENCONTRO COM O OUTRO: INTERATIVIDADE E INTERAÇÃO NA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As análises sobre a sociedade global têm apontado que as mudanças
provocadas pela revolução da tecnologia da informação e pela reestruturação do
capitalismo imprimem uma nova lógica de organização, que no campo do trabalho é
caracterizada pela flexibilização e instabilidade do emprego e individualização da
mão de obra. No campo da cultura a ênfase recai sobre as formas das pessoas se
relacionarem a partir de um sistema de mídia onipresente interligado, que se soma
ao questionamento das utopias, revelado no desencantamento com a organização
coletiva e no dissenso dos movimentos sociais (CASTELLS, 1999b).
Essa mudança reflete no campo educacional, exigindo novas práticas
pedagógicas que facilitam a qualificação das competências e habilidades
necessárias à inserção do sujeito nesse novo cenário da sociedade da informação.
A ampliação da escolaridade está ligada a necessidades geradas pela
organização socioeconômica – tais como aumento da complexidade do trabalho,
crescente urbanização e industrialização – sem significar uma ampliação da
participação, tanto nos produtos quanto nos processos sociais. Dessa forma está
associada a um refinamento dos mecanismos de exclusão.
Nos últimos anos, no Brasil, um esforço pela melhoraria dos indicadores
educacionais tem levado a formulação de um conjunto de políticas educacionais
para as várias modalidades de ensino.
Nessa direção, os dados censitários e suas interpretações indicam a
expansão quantitativa do acesso à escola pública, chegando praticamente à
universalização do ensino fundamental. Esse crescimento é acompanhado por
desigualdades sociais e regionais reveladas, por exemplo, no índice elevado de
analfabetos, principalmente entre os pobres das regiões Norte e Nordeste.
Também se verificam novos caminhos em relação ao ensino superior,
caracterizados por algumas tendências de ampliação do acesso à universidade,
conforme destaca a notícia veiculada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP) sobre os resultados do Censo da Educação Superior de 1999.
62
Aceleração do ritmo de expansão da matrícula na graduação a
partir de 1994 e, mais acentuadamente, desde 1996,
observando-se: – uma redução das desigualdades regionais na
oferta de vagas, tanto na graduação quanto na pós-graduação,
com participação preponderante do setor público nas Regiões
Norte e Nordeste; – um crescimento no último ano, de 11,8%
na matrícula em cursos de graduação, o que representa a
incorporação ao sistema de cerca de 252 mil novos alunos.
(INEP, 2000, s/pág.)
Nos últimos anos, no âmbito do governo federal, surgiram programas que
ampliam a oferta nas IES federais, com a criação dos Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia e de novas universidades federais, além do
incentivo proposto pelo REUNI para criação de novos cursos e ampliação das vagas
dos cursos já existentes.
Conforme notícia publicada pelo INEP (2009), os resultados do Censo do
Ensino Superior de 2008 apontam também o crescimento da graduação a distância:
115 instituições ofereceram 647 cursos em 2008. As matrículas nessa modalidade
de ensino aumentaram 96,9% em relação ao ano anterior e, em 2008, passaram a
representar 14,3% do total de matrículas no ensino superior. Além disso, o número
de concluintes em EAD cresceu 135% em 2008, comparado a 2007.
Compreender esse novo momento, com os seus limites e possibilidades, é
buscar as formas de convivência social em que a flexibilização e a interconexão em
rede não mais hierarquizada, possibilitem novas articulações de sujeitos históricos
com demanda e construção de novos conhecimentos e formas de intervenção.
Estas demandas redefinem a teia de relações que se realizam no campo
educacional, levando a uma nova configuração do tempo e dos espaços de
aprendizados, especialmente nos processos de interação entre os sujeitos da ação
pedagógica – educando e educadores. Criam-se novas formas de sociabilidade
vivenciada nos ambientes educativos, sejam presenciais ou virtuais.
As experiências dos cursos de EAD difundidas no país utilizam as
tecnologias da informação e da comunicação como instrumentos de mediação da
ação pedagógica, exigindo mudanças nos padrões de interação dos diversos
agentes envolvidos no processo de formação.
63
A construção e transmissão de conhecimentos gerados por meio dessas
tecnologias articulam sujeitos sociais que estão em tempo e espaços diferenciados,
diminuindo as distâncias entre as pessoas à medida que possibilitam o encontro
com o outro, que na abordagem sociológica denomina-se interação social.
As diversas formas e funções assumidas pela interação social constituem
objeto de estudo dos autores clássicos e contemporâneos da sociologia. Nas
diversas abordagens a interação social constitui a expressão da dinâmica das
relações de interdependência entre os indivíduos. Para tanto, a comunicação
através de um sistema de símbolos é pré-requisito para a reciprocidade ou
complementariedade realizada no encontro ego e do alter (PARSONS, 1962).
Embora haja uma tendência em compreender a interatividade como
sinônimo de interação, por se tratar de uma relação de troca entre mais de um
agente, alguns autores destacam os diferentes significados presente no conceito de
interatividade. Para Lemos (2010, p. 61), a noção de interatividade surge no
contexto das tecnologias de informação e comunicação: “Interatividade nada mais é
que uma nova forma de interação técnica, de cunho ‘eletrônico-digital’ diferente da
interação analógica que caracterizou os media tradicionais.”
Outro autor que vai se debruçar sobre o significado dos processos de
interação que envolve os variados meios de informação e comunicação é Pierre
Levy (1999 apud PICANÇO et al, 2005, p. 130), para o qual:
[...] a interatividade assinala muito mais um problema, a
necessidade de um novo trabalho de observação, de
concepção e de avaliação dos modos de comunicação do que
uma característica simples e unívoca atribuível a um sistema
específico.
Na educação a distância, o debate em torno desse conceito tem ganhado
destaque na análise das relações pedagógicas que se estabelecem nos processos
de aprendizagem, através de múltiplos meios de informação e comunicação –
telefone, material impresso, internet, entre outros.
Analisando as diferentes atividades do curso Letras Português EAD pode-se
perceber formas e níveis de interatividade entre diferentes agentes envolvidos no
curso – aluno, tutor, professor.
64
A EAD contempla a interatividade e a interação social à medida que
professores, alunos e tutores interagem usando os ambientes virtuais, portanto
mediado pela máquina, como estabelecem relações de sociação, no sentido descrito
por Simmel (1983), nos momentos proporcionados pelos encontros presencias.
No contexto atual existem instrumentos e conhecimentos tecnológicos
disponíveis para favorecer uma EAD interativa, contudo é necessário atentarmos
para uma cultura em que o conhecimento centra-se no professor, e o ensino na
transmissão de conhecimento, sendo o aluno colocado na condição de mero
receptor.
Por admitir atividades simultâneas e assíncronas, a EAD supõe um
planejamento prévio e detalhado dos meios e materiais de interatividade e interação,
o que obriga os professores a prepararem as atividades de ensino com
antecedência, podendo levar a procedimentos padronizados que não levam em
conta a interatividade dos meios.
Por não ser simultânea, essa modalidade de ensino exige dos alunos
disciplina na gestão do tempo e das demandas, e capacidade de auto-organização,
uma vez que o local onde estuda e o tempo que reserva para estas atividades são
decisões exclusivas do aluno, não estando previamente definidas como no ensino
presencial, feito em salas de aula e horários estabelecidos pela escola.
O presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED),
Frederic Michael Litto em entrevista à Folha On-line salienta que: “O aluno que
precisa do professor ao lado dele, cobrando ou elogiando, não é bom para educação
a distância. É preferível um aluno um pouco mais maduro, autônomo. E que cumpra
os prazos.” (MARQUES; TAKAHASHI, 2004, s/pág.).
Há algumas facilidades que podem ajudar esse aluno, como o papel
exercido pelo professor, demarcando tempo para execução de tarefas e motivando o
aluno através da interatividade possibilitada pelos meios de comunicação. Nessa
modalidade, o aluno exerce o papel de protagonista e o uso das TICs pode ser
colocado a serviço de sua aprendizagem.
Alguns trabalhos, como o de Gilbert (2001 apud PALLOFF; PRATT, 2004, p.
91), mostram que o perfil dos alunos a distância, nos países onde esta modalidade
existe há mais tempo, vêm se modificando:
65
O aluno on-line “típico” é geralmente descrito como alguém que
tem mais de 25 anos, está empregado, preocupado com o
bem-estar social da comunidade, com alguma educação
superior em andamento, podendo ser tanto do sexo masculino
quanto do feminino.
Estes trabalhos mostram que cada vez mais os diferentes estratos sociais e
faixas etárias compõem a população dos alunos de EAD.
Portanto, essa modalidade pode possibilitar um maior acesso à
escolarização, uma vez que pessoas de diferentes níveis – seja intelectual, ou
etário, ou de classe social – podem fazer uso dela.
4.1 Caracterização do grupo pesquisado
Em períodos distintos do curso de Letras Português EAD, doze alunos
responderam a um questionário, dividido em blocos de perguntas: identificação,
opiniões sobre o curso, suas atividades e seus estudos, importância do curso na
vida pessoal.
Esse questionário mostrou que o perfil profissional dos alunos desse curso é
amplo. Entre os entrevistados encontramos: técnicos em enfermagem, donas de
casa, professoras de ensino fundamental menor, cabeleireiros, funcionários públicos
administrativos, comerciantes, entre outras.
Todos que responderam o questionário afirmaram que este é o primeiro
curso superior que frequentam.
A grande maioria dos alunos possui mais de 30 anos, faixa etária em que a
maioria das pessoas já exerce atividades profissionais e procuram no curso superior
desenvolver-se ainda mais, investindo em sua vida profissional, e tendo acesso a
novas fontes de conhecimento.
Assim também, a maioria dos alunos é do sexo feminino, na faixa etária
entre 35 e 45 anos, ou seja, e a maioria é de adultos com família constituída. Uma
grande parte, quase em sua totalidade, os alunos vieram de escolas públicas e
66
possuem renda familiar abaixo de três salários mínimos. No quadro a seguir,
constam algumas características do perfil destes alunos adultos.
Quadro 2 – Perfil dos alunos
Sexo
Mulheres Homens
65% 35%
Idade
de 25 a 35 de 35 a 45
30% 70%
Escolaridade – Ensino Médio
Pública Privada
85% 15%
Renda familiar (Salários
Mínimos)
até 2 SM Entre 2 e 3
SM
80% 20%
Fonte: Pesquisa direta.
Ainda pode-se perceber que pouquíssimos alunos possuem computador em
sua residência. Os alunos registraram que optariam pelo curso a distância, como
fizeram, porque acreditam nesta modalidade, seja ela com ou sem atividades
presenciais.
Quadro 3 – Opiniões sobre educação a distância
Ensino a distância SIM NÃO
Possuem computador em casa com acesso à internet? 25% 75%
Já fez curso a distância? 15% 85%
Faria curso a distância? 95% 15%
Faria curso por meio da internet e com o auxílio de materiais
impressos?
78% 22%
Faria curso com ou sem encontros presenciais? 62% 38%
Fonte: Pesquisa direta.
No segundo bloco as questões foram sobre o material didático, o acesso ao
computador, a frequência nos encontros presenciais e outras atividades exercidas
no polo. Todos receberam apenas material impresso; alguns usam comumente o
computador de casa ou do trabalho; muitos deles frequentam o polo semanalmente
no plantão dos tutores e nesses dias vão à biblioteca e fazem os trabalhos
solicitados pelas disciplinas.
Quanto às dificuldades, facilidades e importância dos estudos, a dificuldade
mais apontada foi “estudar sem companhia”, “estudar sozinha e acesso ao
computador”; os encontros presenciais foram indicados como aspecto mais
67
facilitador, parecendo que as interações significativas têm se realizado mais nos
momentos presenciais.
Os pesquisados indicam que a importância do curso universitário é que,
além de adquirir novos conhecimentos, abrem-se “novos horizontes”, formam-se
novos amigos e, para muitos, houve uma melhoria na qualificação profissional.
As dificuldades que os alunos têm de acesso aos meios tecnológicos torna a
interatividade precária. No entanto, a existência de um polo, permite encontros
presenciais entre grupos e com os tutores, criando espaços de sociabilidade,
proporcionando novas amizades e o acesso a informações que modificam os
“horizontes” de vida.
4.2 Descrevendo um encontro presencial
Os encontros presenciais são organizados pela coordenação do curso a
partir da definição da carga horária da disciplina, de 30 ou 60 horas/aula. Estes
encontros correspondem a 20% da carga horária total de cada disciplina, de acordo
com a estrutura adotada pela instituição, e são realizados nos polos dos núcleos
Central e Regional.
No primeiro encontro presencial de cada semestre, o aluno recebe o
calendário das atividades presenciais, dos plantões tutoriais, e o material impresso.
Nas atividades presenciais são apresentados os objetivos e a metodologia utilizada
pelo curso, com orientações sobre o autoestudo e a utilização do material impresso.
Os alunos mantêm o primeiro contato com os professores pelo material
instrucional impresso, elaborados por eles e direcionado aos alunos de uma forma
que pretende ser clara, objetiva, direta e dialógica. Os educandos podem buscar a
interação com os professores por telefone ou via e-mail, ou pessoalmente, no
plantão do docente.
A produção dos materiais instrucionais para o ensino a distância é
padronizada e busca levar em consideração:
68
[...] o tempo e os recursos disponíveis, as características dos
alunos, os objetivos e particularidades das disciplinas, os
resultados e as investigações feitas sobre a efetividade dos
diversos meios e estratégias institucionais. (GOMÉZ, 2007, p.
90).
Ainda assim, as atividades presenciais acabam por ter um papel central no
curso, uma vez que frequentemente, nos sábados, nos dois turnos (matutino e
vespertino), graduandos de cinco cursos se encontram; eles vêm de bairros
aracajuanos e cidades bem próximas – São Cristóvão, Laranjeiras, Maruim e outras
–, ao polo central dos cursos em EAD da Unit. Os alunos vão chegando aos poucos,
em vans, a pé, de carro, entre 8h e 8h30min, aproximadamente 450 alunos dos
cursos de Matemática, Geografia, História, Letras e Ciências Naturais.
Caso o aluno esteja ausente em um encontro presencial, são registradas 12
faltas; portanto, todos procuram estar assiduamente nos encontros presenciais.
Cada curso planeja e prepara atividades com os professores especialistas e
tutores a fim de resgatar o conteúdo assimilado e estudado pelos alunos durante a
semana.
Na maioria dos encontros, cabe ao tutor desenvolver atividades planejadas
pelas disciplinas, como seminários, peças teatrais, workshops, palestras, videoaulas,
oficinas, e outros.
As atividades de pesquisa são realizadas nas bibliotecas setoriais dos polos,
ou ainda em locais extraclasse que possibilitam a realização destas, acompanhadas
por dois tutores, que aos sábados orientam turmas de aproximadamente 50 alunos,
em atividades desenvolvidas em grupo, de modo que cada um utiliza a internet
através da rede intranet da Unit, implantada nos núcleos de apoio.
Quando vão aos encontros presenciais, os alunos aproveitam para também
fazer uso da biblioteca e/ou sala de informática e utilizarem a internet disponível;
também encontram com os colegas para discussão, elaboração de trabalhos ou
estudos em grupos; podem, ainda, estar com o tutor em horário previamente
agendado.
Para esta pesquisa foram observados dois encontros presenciais de
períodos distintos do curso Letras Português.
69
Na primeira turma aconteceu a apresentação de um seminário sobre
literatura brasileira, apresentado pelos alunos do 4º período com o uso de data show
e retroprojetor. Os 48 alunos foram divididos em 7 grupos para as exposições.
Presenciei 3 das 5 apresentações que ocorreram pela manhã. Houve uma interação
e participação da turma durante a apresentação, e o tutor, ao final, teceu
comentários sobre cada tema exposto.
Em outra turma, a tutora fez comentários sobre as dúvidas que os alunos
haviam apresentado nos plantões e, em seguida, dividiram-se em grupo para fazer
uma atividade proposta na semana anterior: uma discussão e análise de um texto,
seguida das repostas as questões avaliativas que seriam entregues à tutora.
Ao final, os alunos tiraram dúvidas sobre o exercício que constava no
material impresso para estudo e sobre como seria o trabalho avaliativo. Depois,
reuniram-se em grupos de 6 alunos; discutiram intensamente o texto e sobre como
fariam a pesquisa; enquanto isso, a tutora ia sendo solicitada por eles para auxiliar
na elaboração do trabalho.
Retirei-me no intervalo do almoço às 12h, junto com os alunos dos cursos
desse polo, e à tarde os tutores atenderam os acadêmicos que estavam agendados,
auxiliando-os nas dificuldades que tinham sobre as disciplinas.
Na segunda observação, verifiquei que a partir das 8h os alunos vinham
chegando, cumprimentavam-se calorosamente e direcionavam-se para as salas de
aula. Os alunos do curso de Matemática foram para uma sala de projeção assistir a
uma palestra ministrada por um convidado que falaria sobre “A lógica matemática:
um saber de todos”.
Enquanto as outras turmas chegavam, os tutores, ainda na sala dos
professores, recebiam algumas orientações do gestor do polo sobre as últimas
avaliações do semestre; e posteriormente dirigiram-se às salas de aula de cada
curso.
Nesse momento de atividades coletivas, percebi que alguns alunos
passaram um bom tempo na biblioteca fazendo pesquisa e discutindo sobre um
trabalho a ser apresentado na próxima semana. Após cerca de uma hora,
retornaram à sala de aula do curso, onde se realizavam atividades com toda a
turma.
70
Uma das alunas fala da importância das atividades com toda a turma:
O seminário, ele integra, não só o grupo, mas a turma toda. Ele
integra a turma toda. Porque quando é dividido no módulo, por
partes, o assunto dentro daquilo que a gente vai estudar...
Quando cada grupo fica responsável pelo seu tema, seu
assunto, estuda-se aquele só, né? Mas aí a responsabilidade
do grupo seguinte é passar para os outros o assunto. Quer
dizer, a gente estuda um, mas vai aprender os outros. Porque
todos se unem num único sentido: passar o assunto da melhor
maneira possível, com criatividade, usando a metodologia que
nós estamos aprendendo na sala de aula. Não é um seminário
parado, né? Aí usa-se da tecnologia, da metodologia que a
gente aprende. (Josie)
3
.
O quadro abaixo mostra a frequência de participação dos alunos nos
encontros presenciais dos sábados em 2007, desde o 1º período até o 5º período.
Houve uma desistência inicial, em abril de 2008, que aconteceu basicamente por
falhas na infraestrutura física. Ao longo do período, a evasão foi em menor
quantidade e se deu devido à metodologia utilizada:
Quadro 4 – Alunos participantes do encontro presencial
Turma A Turma B TOTAL %
Selecionados e
matriculados
25 23 48 100
Desistiram no início do
curso
02 02 04 8,3
Iniciaram o curso
23 21 44 91,7
Desistiram ao longo do
curso
04 05 09 18,7
Concluíram o 5º período
19 16 35 79,5
Fonte: Pesquisa direta.
Dos alunos matriculados, muitos permaneceram estudando durante alguns
meses, poucos desistiram e a turma finalizou o curso com um número satisfatório de
alunos para esse curso. Todavia, os encontros presenciais são importantes e os
alunos têm a consciência desta, porque mobilizam seus saberes para usufruir deles
em todos os aspectos e espaços da instituição.

3
As entrevistas feitas aos alunos foram realizadas nos encontros do grupo focal com o objetivo de
registrar informações sobre a interação entre os agentes.
71
É durante esses encontros, portanto, que acontece o processo de interação
e socialização entre os alunos, de forma significativa. Aos sábados e durante alguns
dias da semana, os estudantes do curso fortalecem esta rede através de contatos,
anteriormente, virtuais, e de real vivência. Dessa forma, fazem uma introspecção
reflexiva em termos das possibilidades de incorporar à vida acadêmica o uso dos
diferentes recursos tecnológicos.
Num desses encontros de sábado os grupos participam do processo de
interação:
Figura 7 – Alunos em atividade no encontro presencial
Fonte: Acervo pessoal
Por um lado, nas interações virtuais, os professores, chamados por
professores especialistas, acompanham os estudantes no que se refere à
aprendizagem através das ligações telefônicas para o DGG, tirando suas dúvidas
sobre o material impresso, as atividades propostas, e após a realização das provas
presencias, esclarecimentos sobre algumas questões. Para este profissional, os
alunos podem, também, enviar seus questionamentos pelo e-mail institucional e
discutir no site do professor o tema proposto no fórum. Os alunos possuem essa
mesma interação com mais flexibilidade e intimidade com os tutores, não só porque
estão semanalmente com eles, como também o acesso à internet no polo de apoio
presencial é mais fácil e garantido.
72
Por outro lado, as interações presenciais dos encontros aos sábados
quinzenalmente já prevê, além das atividades em grupo, momentos de revisão do
conteúdo – esta feita pelo tutor, uma semana antes da prova, sempre sugerindo uma
interação maior entre os colegas a executarem exercícios em dupla ou trios, a fim de
auxiliarem mutuamente na construção do conhecimento.
No curso observado já está evidente esta interação quando os estudantes
sabem o que irá acontecer:
Deveriam ser. Porque quando nós iniciamos o período, no
primeiro dia de aula, nós recebemos o planejamento do
período todo. Nós temos a primeira unidade e a segunda. Na
primeira unidade, nós aí já sabemos, no primeiro dia de aula,
qual serão as atividades. O professor já passa para a gente as
atividades. Nós já temos um grupo, desde o primeiro período,
que nós formamos um grupo – acredito que em todas as salas
– a gente faz um grupo inicial. Na nossa turma, nós
continuamos, só uma colega que saiu, no nosso caso, uma
turma de 6. Seis alunos faziam aquele grupo. E no nosso caso,
nós estamos no 5º período e estamos só com um aluno que
desistiu. Isso não é generalizado, acontece turma de já terem
surgido outros grupos. Então nós já sabemos, de antemão, o
que é que vai acontecer. As atividades são planejadas e
enviadas pra gente. Nós trazemos isso, em casa, nos reunimos
com o grupo. Nós também temos outras atividades, professora.
Nós nos reunimos pelo menos a cada 15 dias, não só com o
tutor nos plantões, porque têm os plantões. Nós nos reunimos
também, em grupo, aqui na biblioteca para fazermos avaliação
do trabalho que vai ser entregue. A gente faz o planejamento.
Não só na sala de aula, nós temos o encontro também
quinzenal. Se houver necessidade, até semanal aqui na
biblioteca. Na sala de aula, dependendo da disciplina, a gente
tem uma atividade de acordo com a exigência dela. (Inês).
Além de usarem os espaços previstos, os alunos geram novas interações e,
a partir disso, têm o significado de crescimento pessoal e profissional, como
expressa a seguinte fala: “Eu acredito que a importância da aula presencial se dê
por conta da experiência que o próprio tutor carrega, e essa troca, a interação entre
os alunos com o tutor e entre todos alunos.” (Ricardo). E ainda na fala de Arimateia:
A atividade presencial, as atividades são preestabelecidas. Há
um encontro inicial, quando começa o período em que o
professor vai falar sobre a emenda do curso, o que vai
acontecer. E ele, previamente, passa todas as atividades para
73
gente e essas atividades... Existem algumas atividades que
são marcadas para determinado dia, como trabalhos. A mesma
coisa que o presencial, você produz em casa e traz. Como
também existe o trabalho em grupo, na sala. E trabalhos que
vão se fazendo gradativamente, você inicia uma determinada
questão hoje e vai terminar daqui há alguns dias.
Existem outros momentos que intensificam e aumentam a interação entre os
alunos e tutores. É o caso dos momentos de início das aulas, intervalo de 20
minutos e no final, quando nos espaços da lanchonete, do restaurante, da casa da
cópia em que estão discutindo algo sobre o que fizeram ou ainda farão. Não
obstante, os discentes criam laços de amizades e fora dos encontros presenciais se
relacionam de forma gratificantemente:
Como mudança de pensamento, mudou muito a minha vivência
porque eu era muito caseira e daí quando eu cheguei aqui eu
encontrei... Eu pensava que ia encontrar na turma pessoas
diferentes. Porque eu parei uma faculdade em 79, aí eu fui
cuidar de casa, de filho, né? Aí os filhos cresceram, saíram e
eu resolvi sair também. Eu resolvi sair da caverna. E quando
eu cheguei aqui eu não sabia o que eu estava fazendo, e fui
sendo levada e aos poucos eu fui dando conta que aquelas
pessoas que estavam ao meu redor tinham muita coisa a
oferecer. E eu notei também que eu comecei a perceber
diferenças nas pessoas e aceitá-las. Não criticar, aceitá-las e
poder... Hoje eu já converso com alguém qualquer assunto
sem constrangimento. Porque eu tinha receio de fazer com que
essa pessoa ficasse constrangida e não eu. E hoje eu já sei
que todos nós somos responsáveis pelos nossos atos. E eu
escuto, aprendi também a escutar mais. Pra mim tá sendo
maravilhoso e já estou pensando em fazer outro após essa.
(Arimateia).
A turma interage entre si nos encontros presenciais e virtualmente, pelo e-
mail criado pelo grupo (não por e-mail institucional, mas por e-mail de provedor
comum) com senha e login evidenciados a todos, a fim de se comunicarem com
avisos, trocas de informações compartilhadas sobre os conteúdos, sugestão de
encontros para fins de trabalhos acadêmicos e outras situações em que possam ter
agilidade na comunicação.
Mesmo com tamanha diversidade entre os estudantes, a interação atende a
maioria deles:
74
Quando nós aceitamos a proposta da EAD, nós sabíamos que
aqui iríamos levar para casa os tópicos que nós iríamos
estudar, né? Esses tópicos nós vamos estudar em casa. O que
nós temos dúvida, aquilo que a gente não entendeu o
pressuposto de início é esse: que nós traríamos pra sala de
aula, aqui o nosso tutor iria responder às nossas perguntas,
né? Cada aluno tem a sua dificuldade e haveria a integração,
né? E também nós trabalhamos por grupos, que nosso grupo,
dentro da sala no momento presencial, é aí onde a gente vai
também debater os assuntos nos organizarmos para o futuro,
para as outras atividades que virão. Por isso é interessante.
Porque é no momento presencial que a gente esclarece todas
as dúvidas e tem contato com os outros colegas. (Sueli).
Uma preocupação dos alunos seria a ausência do professor na EAD. Como
explica Leffa (2003, p. 26):
[...] um dos tantos desafios no ensino a distância mediado por
computador é tornar o professor presente, não só dando
intencionalidade pedagógica à atividade proposta, mas
também, e principalmente, garantindo ao aluno o desempenho
assistido necessário para que ele possa realmente ser ajudado
a atingir seu nível potencial de competência.
No entanto, a interação entre os colegas possibilita trocas de experiências
de estudo, trabalho e vida, amenizando essa ausência, e enriquecendo a vida
acadêmica. A exemplo disso, o aluno Ricardo diz o seguinte:
O ensino a distância exige que o aluno seja pesquisador, ou
seja, também um autodidata. Na medida em que ele faz suas
pesquisas, ele vai à internet, procura outros recursos,
biblioteca. E a partir daí chega da faculdade, vai tirar suas
dúvidas com o tutor. E também tem o lado social, porque o
aluno de EAD, ele é um aluno ocupado, ele trabalha, ele tem
outras atividades, portanto ele opta por EAD. E então naquele
momento em que chega na faculdade, para o seu encontro,
além dessas obrigações com a licenciatura, ele também
interage com seus colegas, vai a uma lanchonete, se encontra
na praça da faculdade e fica conversando. É uma forma de
socializar-se na medida em que ele é um aluno diferenciado,
ele é um aluno que ele tem suas atividades. Tem a questão da
idade, você chega numa faculdade você tem alunos jovens, de
18 anos. Você tem alunos de 50 anos. São experiências que
são trocadas ali que contribuem muito para sua formação.
75
Esses alunos formam uma identidade como “alunos a distância”, mesmo
sabendo que na regulamentação institucional não há diferença entre os alunos dos
cursos na modalidade a distância e os alunos da presencial. Eles passam a construir
suas identidades com elementos formados pelos colegas, tutores e professores.
Num encontro presencial, o tutor e alunos constroem conhecimento e
enriquecem a interação:
Figura 8 – Mediação entre tutor e alunos no encontro presencial
Fonte: Acervo pessoal
Essa forma de organização, alternando os tempos/espaços, possibilita uma
vivência coletiva que abre novas possibilidades de convivência entre estilos de vida
e padrões culturais diferenciadas, principalmente quando os alunos vêm de
diferentes municípios do Estado. Assim, nos momentos presencias, eles constroem
laços de amizades que vão se fortalecendo nos encontros virtuais.
4.3 As interações e interatividades
A educação a distância vem crescendo rapidamente em todo o mundo,
incentivada pelo aumento do acesso às TICs e pela crescente possibilidade de troca
de informações que estas possibilitam. Cada vez mais essa modalidade de
76
educação é vista com um meio de democratizar e expandir a escolarização,
principalmente no acesso ao ensino superior.
No entanto, o MEC, nos Referenciais de Qualidade para Cursos a Distância
(BRASIL, 2003) cria indicadores de qualidade para os cursos de graduação na
modalidade EAD, em dez aspectos:
1. integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos
para o ensino superior como um todo e para o curso específico;
2. desenho do projeto;
3. equipe profissional multidisciplinar;
4. comunicação/interatividade entre professor e aluno;
5. qualidade dos recursos educacionais;
6. infraestrutura de apoio;
7. avaliação de qualidade contínua e abrangente;
8. convênio e parcerias;
9. edital de informações sobre o curso a distância;
10. custos de implementação e manutenção.
O quarto aspecto – Comunicação/interatividade entre professor e aluno –
coloca a interatividade, interação entre aluno e professor facilitada pelas TICs, como
o foco e o pilar para garantir a qualidade de um curso.
Para assegurar a interatividade, exige-se das instituições ações contínuas e
permanentes. O decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, afirma que as
instituições, no tocante à interação, deverão:
apresentar como se dará a interação entre alunos e professores ao longo
do curso e a forma de apoio logístico a ambos;
assegurar flexibilidade no atendimento ao aluno;
valer-se de modalidades comunicacionais sincrônicas como
teleconferências, chats na internet, fax, telefones, rádio para promover a
interação em tempo real entre os docentes e alunos;
77
facilitar a interação entre alunos, sugerindo procedimentos e atividades,
abrindo sites e espaços que incentivem a comunicação entre colegas do
curso.
Assim, na construção de um programa em EAD, são necessários meios para
facilitar a comunicação, oferecidos pela instituição, de modo a aumentar as
possibilidades de interação a distância, pondo à sua disposição e à de seus
estudantes e professores, suportes tecnológicos rápidos, seguros, baratos e
eficientes.
A interatividade virtual é feita pelos meios de comunicação, porém existem
algumas dificuldades como o fato do acesso à internet ainda estar longe de ser
universalizado no Brasil. Em alguns dos polos presenciais da Unit-EAD, em
municípios do interior de Sergipe, não há possibilidade desse acesso. E muitos dos
alunos que frequentam o polo da capital não possuem computador em casa e só
tem acesso à internet no trabalho ou no polo.
No curso de Letras da Unit-EAD, os alunos podem também ter contato
contínuo, via DDG, com os especialistas das diversas áreas que compõem o
currículo do curso, para dirimir dúvidas, acrescentando mais ao conhecimento
através da interação via página do professor no site da instituição, na qual foram
disponibilizadas textos, exercícios e atividades produzidos para auxílio do aluno no
momento de autoestudo.
A metodologia que caracteriza a EAD, ainda causa estranhamento para o
aluno que enfrenta a aprendizagem autônoma, pois existe uma quebra de
paradigmas em relação à educação tradicional, cuja presença do professor é
considerada essencial para o desenvolvimento da aprendizagem. Assim, o aluno
deve responsabilizar-se em administrar o seu estudo sem deixar que ocorra o
acúmulo de atividades.
Sabe-se que um curso nesta modalidade, em geral, tem como público-alvo,
alunos adultos de hábitos de aprendizagem sedimentados na experiência presencial,
que já estão sem estudar há muito tempo, ou têm dificuldade de acesso à
universidade devido aos fatores socioeconômicos, por isso é importante levar em
consideração as questões referentes a características do aprendiz adulto. Como diz
uma das alunas: “Eu cresci 100%, me desenvolvi rapidamente porque eu era muito
78
tímida, ainda sou um pouquinho, mas a parte assim que comecei na faculdade achei
que cresci, graças a Deus estou me desenvolvendo.” (Jane).
A característica principal das tecnologias é a interatividade, que se pode
chamar da técnica que possibilita aos usuários interagirem com a máquina. A
interatividade, segundo Silva (2003, p. 14), é:
A passagem dos velhos computadores movidos por
complicadas linguagens de acesso alfanuméricas para os
atuais, onde se clica com um mouse e abrem-se janelas
múltiplas, móveis, em cascata da tela do monitor, permitindo ao
usuário adentramento e manipulação fáceis, foi certamente,
determinante para a formulação do termo interatividade.
Há uma diferença entre o conceito de interação e interatividade. Na primeira,
a ação é recíproca, em que ocorre a intersubjetividade, e a troca de mensagem é de
caráter sócio-afetivo; na segunda há busca e troca de informação, há uma
“retroação”. Assim, esses dois aspectos podem ser contemplados na EAD.
No tocante à interatividade, percebe-se pelas respostas do questionário, que
os alunos mantêm a interação com colegas e tutores através da internet. Essa
interatividade virtual, infelizmente, não é com uma quantidade de alunos significativa
para o curso.
O curso analisado possui a EAD semipresencial, em que o estudante faz a
maior parte dos estudos via internet, inclusive assiste às aulas. Porém, uma ou duas
vezes por semana comparece à sala de aula com os demais alunos para discutir
dúvidas com os professores, presencialmente.
No curso de Letras Português da modalidade a distância, durante os
encontros presenciais, que ocorrem todos os sábados, formam-se grupos de estudo
para interação, discussão e socialização dos conteúdos entre aluno e tutor.
Um dos alunos entrevistados, que inicialmente estudara o mesmo curso
presencial, migrando no 2º período para a EAD, descreve a diferença entre as duas
situações dizendo:
Eu sou um aluno diferente, eu vim do presencial para a EAD e
pensava que como o encontro presencial é apenas uma vez
por semana, a individualidade deve ser muito maior, porque
existe a questão da individualidade. E uma das coisas que eu
79
fiquei surpreso é que é muito mais... O pessoal do EAD é muito
mais afável e uma das coisas que, para o meu crescimento, foi
que aprendi a ter paciência, aprendi a pensar bastante antes
de falar e a conviver com as diferenças. Porque a todo instante
há um embate de gênios. Não sei se essa turma, a que eu faço
parte, é especial por isso, mas nós temos pessoas de
diferentes tipos de gênios e personalidades muito fortes e que
falam o que pensam. Então, uma das coisas que eu aprendi
com isso, que me cresceu muito, foi a capacidade de
diplomacia. E mesmo assim a gente ainda escorrega um
pouquinho. A paciência, o saber escutar como a colega
colocou, eu acho que isso é fundamental, acresce bastante. E
sem falar também nas relações pessoais, que enriquece
bastante a gente. O carinho, o afeto dos colegas. Eu vim do
presencial, não tinha tantos laços de amizade no presencial
como eu tenho no EAD. Então assim, pra mim foi maravilhoso!
(Arimateia).
Comentando sobre a importância da educação a distância e a
especificidade, o aluno Robson afirma que: “É bom compreender que em momento
algum tentamos comparar a EAD com a educação presencial. São duas
modalidades diferentes de ensino que muitas vezes se combinam, mas que não se
substituem.”
Essa é uma afirmação compartilhada pela maioria dos alunos curso, uma
vez que 95% dos entrevistados responderam que fariam um curso a distância, e
entendem que é uma boa forma de acesso ao ensino superior.
Contudo, ainda há dificuldade entre os diversos agentes de adaptação aos
novos padrões de interação e aprendizagem. Para os alunos é desafiante estudar
em casa com autonomia. Embora a grande maioria dos nossos entrevistados
afirmam que têm acesso a computador e o utilizam no cotidiano – pelo menos no
trabalho e/ou em espaços comerciais –, ainda apresentam resistência em
desenvolver as atividades de forma sistemática. Por isso, há necessidade de se
fazer reflexões acerca dos recursos didáticos, e compreender a linguagem da EAD,
haja vista a diversidade dos alunos em relação ao acesso às TICs, e à autonomia de
estudo.
O sucesso ou o fracasso nas situações de estudo são em geral atribuídos
aos alunos, mas alguns dos entrevistados demonstram insatisfação com algumas
disciplinas e acreditam que a grande responsabilidade é do professor, quanto à
80
preparação de material, como também na maneira de interagir com seus alunos por
meio das mídias ofertadas.
Apesar da diversidade dos materiais e canais de comunicação, os cursos
ainda são organizados com uma lógica de veiculação de conteúdos, disponibilizados
em textos impressos ou eletrônicos, com conjunto de informações que não
demandam participação ou elaboração dos alunos. Os meios de comunicação e a
assessoria do tutor são colocados à disposição, caso o aluno os procure. Não há
uma provocação de interações nos materiais distribuídos nem pelos agentes das
disciplinas (professores e tutores): há o entendimento do ensino tradicional, que
aprender é memorizar discursos sobre os objetos de estudo e não compreendê-los.
Dessa forma, a interação só é prevista para dificuldades de memorização, não se
estimulando ou exigindo a ação, interpretação, explicação – habilidades facilitadas
pela participação e construção coletiva.
Pôde-se detectar que, se de um lado os alunos têm perfis e demandas
diferenciadas, de outro, as propostas da maioria dos cursos de EAD são
padronizadas, não respeitando essas diferenças, organizadas com uma lógica linear
de transmissão de informações, abrindo canais, mas não organizando
sistematicamente as interações.
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é:
[...] a centralidade de conhecimentos e informação, mas a
ampliação desses conhecimentos e dessa informação para a
geração de conhecimentos e de dispositivos de
processamento/ comunicação da informação, em ciclo de
realimentação cumulativo entre a inovação de seu uso.
(CASTELLS, 2003, p. 69).
Atualmente na EAD já existem algumas experiências que combinam
interação pessoal, trabalho colaborativo e estudo independente. Como exemplo, a
Open University
4
inseriu a internet e manteve os encontros presenciais com os
alunos que concluem a tarefa exigida de acordo com seus próprios horários,
podendo acessar a “sala de aula eletrônica” a qualquer hora; os instrutores marcam
tarefas e devolvem aos estudantes com comentários.

4
Universidade pública de ensino a distância, que tem sua sede em Lisboa, Porto e em Coimbra.
Oferece nos cursos um regime online através de uma plataforma de e-learning.
81
Ainda assim, essa modalidade pode: ser prazerosa e lúdica – pelo menos
em algumas das suas dimensões; promover processos criativos de aprendizagem,
de troca, debates; alcançar objetivos e metas educacionais bem definidas; abrir
caminhos para apreensão e a comunicação do conhecimento; desenvolver atitude
investigativa e crítica; e se levar em conta na sua organização e nos materiais
produzidos, a realidade e práticas sociais dos alunos, tais atividades proporcionam
novas formas de compreender conhecimentos e desenvolver habilidades.
Vê-se, então que no curso de Letras Português, o diferencial está no
processo de interação propiciado pela forma como os encontros presenciais estão
organizados, em que os alunos participam de atividades em turmas, apresentando
trabalhos, assistindo a seminários, fazendo oficinas. Isso estimula a interatividade
entre alunos, com uso de chats, mensagens e e-mails, nos períodos entre esses
encontros.
Portanto, em um ambiente virtual, a interatividade e a interação podem estar
presentes, e a aprendizagem pode se tornar mais significativa e eficaz, pois a ação
humana entre dois sujeitos e a máquina ocorre na cognição e na afetividade do
usuário. Essa aprendizagem se torna colaborativa e as informações são socializadas
e compartilhadas pelos participantes.
82
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em educação, os conteúdos por ela trabalhados sempre serão importantes
e significativos para uma vida digna em sociedade, e os seus agentes (alunos e
professores) devem buscar uma atitude prazerosa e desafiadora, movida pela
curiosidade construtora de todo o conhecimento, podendo assim modificar a
realidade em que vive. Para Freire (1998, p. 110), portanto, “[...] o problema
fundamental [...] é saber quem escolhe os conteúdos, a favor de quem e de que
estará o seu ensino, contra quem, a favor de que, contra o quê.”
No entanto, não só o conhecimento é suficiente. Ações advindas de uma
reflexão-crítica têm uma significativa relevância. Para Freire (1996), a leitura do
mundo e a leitura da palavra são duas formas de construir o conhecimento, logo, de
fazer a educação acontecer. Será através da palavra que este conhecimento será
expresso, e para o ser humano é por ela que a liberdade o possibilita ser pleno, que
assume seu espaço e expressa suas potencialidades.
Nas últimas décadas, na área da educação, devido ao desenvolvimento
dessas potencialidades, o sistema educacional teve um cuidado especial, pois
criaram, implantaram e aperfeiçoaram uma nova geração de sistemas. Um desses
sistemas foi a EAD que começou a abrir possibilidades de se promover
oportunidades educacionais para grandes contingentes populacionais com
qualidade.
Nesse contexto, o curso de Letras Português EAD da Universidade
Tiradentes está inserido desde 2004, possibilitando o ingresso à universidade, de
alunos de regiões distantes, geograficamente, de várias cidades sergipanas. Ter
acesso à educação, com um tipo de formação que capacite o professor a enfrentar
os novos desafios dessa sociedade dinâmica, é uma das tarefas dos cursos de
licenciatura da EAD, pois nos últimos anos esta modalidade vem crescendo em
importância e reconhecimento como alternativa para a formação de professores e
outros profissionais. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) busca
incentivar e estimular os inúmeros projetos para o ensino superior, ratificada pela
portaria n° 2.253, de 10 de dezembro de 2004.
83
Diante dessa premissa, vê-se que esta formação é muito relevante para os
alunos do curso de Letras Português EAD, uma vez que o capital cultural deles no
“estado incorporado”, ou seja, familiar, é bastante evidenciado; e a inclusão no curso
torna-os com o “estado institucionalizado” conquistado ao longo e ao final do
percurso. Assim os alunos desse curso, que detêm o elevado capital de relações
sociais, através desta inclusão passam por uma mudança. Bourdieu (1998, p. 67)
afirma que:
O volume do capital social que um agente singular possui
depende da rede de relações que ele pode mobilizar e do
volume de capital econômico, cultural ou simbólico que é posse
exclusiva de cada agente que pertence a essa rede de
relações a que está ligado.
Entretanto, todo esse capital não é tranquilamente manifestado devido à
dificuldade de uma maior interação e, consequentemente, da consolidação da
aprendizagem através das TICs.
Durante a pesquisa, os desafios encontrados foram poucos, em virtude da
receptividade dos agentes, desde a coordenação do curso, dos professores-tutores
e dos próprios alunos. O maior deles foi a verificação da interação através das TICs,
apesar de todas as ferramentas oferecidas, uma vez que os estudantes têm o
acesso às bibliotecas virtuais – ferramentas importantes de interação –, com bons
equipamentos que podem ser acessados e conectados à instituição.
De acordo com Nunes (2002 apud LITTO, 2009, p. 231):
[...] as novas tecnologias da informação e de comunicação, em
suas aplicações educativas, podem gerar condições para um
aprendizado mais interativo, através de caminhos não lineares,
em que o estudante determina seu ritmo, sua velocidade, seus
percursos.
Mesmo assim, percebeu-se que os agentes que atuaram nesta pesquisa,
participaram do momento de interação, tornaram-se sujeitos interativos na medida
em que, seja nos encontros presenciais ou momentos virtuais, desenvolveram-se e
aprenderam. Freire (1996) defende também a importância da interação na educação
porque no momento do diálogo a interação é necessária para a concretização da
aprendizagem.
84
Um crescimento na interação que ocorreu de forma paulatina, de período
para período do curso, foi a mudança nas relações com os novos padrões. Isto se
deu por meios e formas variados, desde uma conversa informal com os colegas nos
trabalhos em grupo, encontros presenciais, reuniões e participação no fórum de
discussão e em até situações informalmente criadas para o compartilhamento das
informações e do conhecimento. Com isso, estas redes manifestaram o ciclo nas
interações com o uso das tecnologias, pela capacidade de uso individualizado e da
aprendizagem continuada.
Através das diferentes atividades, pode-se avaliar os níveis de interatividade
no curso Letras Português EAD, verificando os estilos de aprendizagem, a aplicação
de preferências de aprendizagem e ainda quais as atividades cognitivas que
mantiveram o usuário engajado com o ambiente, sugerindo o uso da comunicação
assíncrona.
Pelas respostas dos alunos, foi possível observar que faltaram maiores
oportunidades de interação para que essa socialização de fato acontecesse. Nesse
quadro, foi constatada uma contradição com relação ao fator tempo, pois os alunos
afirmaram que um dos pontos positivos da EAD é o de poder estudar no momento
mais conveniente, mesmo conscientes de que é preciso muito tempo para estudar.
Mesmo assim, constatei na pesquisa dois tipos de interação: aluno/tutor,
realizada de forma síncrona ou assíncrona, quando este último fornece motivação e
feedback aos alunos, auxiliando no seu aprendizado; e a aluno/aluno, que ocorre
síncrona e assincronamente, quando o aprendizado foi colaborativo e cooperativo,
por conseguinte envolve o aspecto social da educação a que Berger (1973, p. 15)
chama de “interação interpessoal”.
Nas últimas décadas, presenciamos a rápida evolução das TICs, que gerou
novos programas de formação a distância, visando fornecer acessibilidade
permanente à informação pela EAD sem limitações de espaço e de tempo. Nesse
contexto, com o auxílio da interação constante, o conhecimento adquirido através
delas significou amplo acesso de todos ao ensino de qualidade.
Ao analisar os dados coletados na pesquisa de campo, foi possível registrar
que essa questão relaciona-se ao tema abordado nesta dissertação, na perspectiva
85
de uma sociedade em que as mudanças são verdadeiras e que o sujeito que estuda
em EAD está se qualificando.
Portanto, o Brasil e, não obstante, Sergipe vivem um bom momento para a
educação. Nos últimos anos, foram criadas algumas alternativas de crescimento,
porque grande parte de sua história de quase 150 anos, a EAD passou por
momentos críticos de pouca ou quase nenhuma credibilidade e sofreu as
consequências, buscando a elevação do seu nível de qualidade e o reconhecimento
da sociedade. Nesse contexto, os estudos já realizados mostram uma busca em
contribuir para a educação e, ainda, no tocante ao objeto da pesquisa desta
dissertação.
86
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93
ANEXOS
94
Estrutura Curricular – LETRAS PORTUGUÊS EAD
1º Período
Disciplinas Créditos
Carga
Horária
Metodologia Científica
04 72
Linguística I
04 72
História e Filosofia da Educação
04 72
Produção de Texto
06 108
Teoria Literária I
04 72
Introdução a EAD
02 36
Total 24 432
2º Período
Disciplinas Créditos
Carga
Horária
Psicologia da Educação
04 72
Linguística II
04 72
Teoria Literária II
04 72
Gramática Histórica
04 72
Sociologia da Educação
02 36
Pesquisa em Educação I
02 36
Total 20 360
3º Período
Disciplinas Créditos
Carga
Horária
Organização do Trabalho Pedagógico
04 72
Língua Portuguesa I
04 72
Pesquisa e Literatura Brasileira I
04 72
Didática
04 72
Pesquisa em Educação II
02 36
95
Estágio Supervisionado do Ensino I
05 90
Total 23 414
4º Período
Disciplinas Créditos
Carga
Horária
Língua Portuguesa II
04 72
Pesquisa e Literatura Brasileira II
08 144
Estágio Supervisionado do Ensino II
09 162
Novas Tecnologias Aplicadas ao Ensino
04 72
Optativa 1( Crítica Literária / Língua Latina) 04 72
Total 29 522
5º Período
Disciplinas Créditos
Carga
Horária
Educação e Diversidade
02 36
História Econômica Política e Regional
04 72
Estágio Supervisionado do Ensino III
09 162
Língua Portuguesa III
04 72
Literatura Portuguesa I
04 72
Pesquisa e Literatura Brasileira III
04 72
Total 27 486
6º Período
Disciplinas Créditos
Carga
Horária
TCC
07 126
Língua Portuguesa IV
04 72
Literatura Portuguesa II
04 72
Optativas 2 (Análise do Discurso / Literatura Infanto
Juvenil)
04 72
96
Optativas 3 (Filologia Românica / História da Literatura
Clássica Universal)
04 72
Total 23 414
Síntese do Currículo
Créditos
Carga
Horária
Total de Disciplinas 123 2214
Total (Estágio Supervisionado do Ensino) 23 414
Total (Atividades Complementares) 12 216
Total do Curso 158 2844
97
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS/ PORTUGUÊS A DISTÂNCIA
Atividades nos Encontros Presenciais
Língua Portuguesa IV
*Leia o texto a seguir de Luís Fernando Veríssimo e responda o que se pede:
CONTO ERÓTICO
-Assim ?
-É. Assim.
-Mais depressa ?
-Não. Assim está bem. Um
pouco mais para...
-Assim ?
-Não, espere.
-Você disse que...
-Eu sei. Vamos recomeçar.
Diga quando estiver bem.
-Estava perfeito e você...
-Desculpe.
-Você se descontrolou e
perdeu o...
-Eu já pedi desculpa !
-Está bem. Vamos tentar
outra vez. Agora.
-Assim ?
-Um pouco mais pra cima.
-Aqui ?
-Quase. Está quase !
-Me diga como você quer.
Oh, querido...
-Um pouco mais para baixo.
-Sim.
-Agora para o lado. Rápido !
-Amor, eu...
-Para cima ! Um pouquinho...
-Assim ?
-Aí ! Aí !
-Está bom ?
-Sim. Oh, sim.
-Pronto.
-Não ! Continue.
-Puxa, mas você..
-Olha aí... Agora você...
-Deixa ver...
-Não, não. Mais para cima.
-Aqui ?
-Mais para o lado.
-Assim ?
-Para a esquerda !! O lado
esquerdo !
-Aqui ?
-Isso ! Agora coça.
98
01) Às vezes a malícia e o humor nascem de mal-entendidos que tem a ver com o
“assunto de que se fala”, tendo origem num “equívoco de dêixis”. Veja como isso
ocorre no texto apresentado e produza um texto dissertativo sobre esses
“equívocos”.
Literatura Portuguesa II
*Assistir ao filme brasileiro “O primo Basílio” dirigido por Daniel Filho, lançado em
2007, e produzir uma resenha crítica apresentando as características realistas
presentes nele.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: CUIDADO COM OS TEXTOS PUBLICADOS NAS
MÍDIAS ELETRÔNICAS. PRODUZA SUA PRÓPRIA RESENHA E CONSTRUA
SUA POTENCIALIDADE.
Educação e Diversidade
*Ao observarmos nas diferentes constituições brasileiras a trajetória da educação
Especial, podemos perceber que ela teve um avanço significativo de uma para outra.
Na primeira, 1824, de acordo com o Título II, art. 8º, era privado do direito político o
incapacitado físico ou moral. Percebendo-se aí intenção de exclusão desses
indivíduos do direito de exercerem sua cidadania. (JANUZZI, 1992)
Partindo do que foi apresentado, relate a importância da disciplina Educação e
Diversidade para a formação do Profissional da Educação.
História Econômica e Política Regional
Estudo Dirigido
01) Faça um breve resumo sobre os caciques sergipanos Baepeba, Surubi e
Aperipê.
02) A importância do pau-brasil no princípio de Sergipe.
03) O sucesso da pecuária em nossas terras.
04) Discorra sobre a economia sergipana com a invasão holandesa em 1637.
05) Comente as mudanças vivenciadas com a vinda da plantação da cana-de-
açúcar na capitania Sergipe Del’Rei.
99
ENTREVISTA DE GRUPO FOCAL
COM ALUNOS DO CURSO DE LETRAS- PORTUGUÊS EAD
A referida entrevista foi realizada com 12 alunos do curso no dia 10/09/2009
das 8h30 às 10h, no polo de Aracaju/SE.
Perguntas:
1. Os encontros presenciais são atividades obrigatórias do curso. Eles são
importantes? Por quê?
2. Os encontros presenciais preveem diferentes atividades: informação sobre o
funcionamento do curso (avaliação, distribuição de material etc); reunião com
tutores e função de dúvidas nos conteúdos das disciplinas; espaços para
apresentações de trabalhos feitos por grupos de alunos; conferências feitas
pelos professores conteudistas.
*Estas atividades são suficientes para o seu aprendizado dos conteúdos
previstos? Por quê?
*Qual tipo você considera que mais contribui para sua formação? Por quê?
3. Além das atividades previstas, o que mais vocês fazem e interagem no
pólo? È importante? Por quê?
UFRN- UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PÓS-GRADUAÇÃO- MESTRADO
100
QUESTIONÁRIO APLICADO EM SET/2009
Prezado (a) Aluno (a):
Gostaria de pedir a sua colaboração para responder a este questionário, que irá
contribuir, de forma efetiva, em minha pesquisa sobre o curso Letras-Português da
UNIT.
Agradeço-lhe a atenção e compreensão.
Prof.ª Mestranda Claudia Meirelles
1. Identificação:
a) Curso-
______________________________________________________________
______
b) Idade- _________________ Sexo- ____________
c) Atividade Profissional- ________________________________ Desde-
____________________________________________________________
d) Se você for professor (a): escola ( )pública ( ) privada
( )Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental ( )
Ensino Médio
Atua em qual (is) disciplina
(s)___________________________
2. Quanto ao seu Curso na modalidade a distância-EAD:
a) Quanto tempo está no curso?
_________________________________________________________________
b) É a primeira graduação? ( ) sim ( ) não
Neste curso da UNIT:
a) Recebeu material: ( )impresso ( )cd ( )outro, qual?______________
b) Fora do polo de apoio presencial tem acesso:computador com internet (
) sim ( ) não;
( ) em casa ( ) no trabalho ( ) escola ( ) outros
( ) livros indicados
c) Quanto à sua frequência nos encontros com os colegas do curso:
( ) semanal ( ) quinzenal ( ) mensal
d) Quanto ao seu encontro com o tutor:
( ) somente para encontros presenciais
( ) em outras situações; qual (is)?
_________________________________________
Frequência ( ) semanal ( ) quinzenal ( ) mensal
e) Quanto às atividades que você faz no polo:
101
( ) vai à biblioteca ( ) usa computador com a internet ( ) fala com o tutor ( )
faz trabalhos em grupos com colegas ( )
outros____________________________________________
4. Quanto ao seu estudo:
a) Qual material é mais utilizado? ( )internet ( ) impresso ( ) dos encontros
presenciais
b) Quais as principais dificuldades?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
c) O que mais facilita o seu estudo?
_______________________________________________
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