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Então quando entrei não tinha nenhum assistente social nas
Unidades. Só tinha médicos, poucos enfermeiros, auxiliar de
enfermagem e visitador sanitário. Nós, assistentes sociais, ficávamos
no nível central, na supervisão dos programas que vinham do
Ministério. A gente tinha basicamente o PSN, que era o Programa de
Suplementação Alimentar, que era um programa do antigo INAMPS,
repassado para a Secretaria de Saúde... Então a gente ficava no
controle desse programa nas Unidades, a gente fazia a seleção das
mães e o acompanhamento, mas quem fazia a distribuição dos
alimentos era a visitadora sanitária. A visitadora e nós, pois como
eram poucas Unidades, a gente ia, a cada dois dias na semana, em
uma Unidade fazer essa distribuição, a gente fazia palestra, distribuía
os alimentos e fazia o acompanhamento do desenvolvimento e
crescimento das crianças. Além disso fazíamos um trabalho com a
vigilância sanitária, participávamos das campanhas, a gente fazia
trabalhos educativos... Ficávamos na supervisão dos serviços
também. Não era formalizada a supervisão, por exemplo “você vai ter
a função de supervisora”, não, mas embutido na nossa ação tinha a
ação de supervisão das Unidades, o que faltava, o que não
funcionava, o material que estava faltando, a gente fazia essa parte
mesmo de supervisão nas unidades de saúde (Profissional).
Com a ampliação do quadro, as primeiras assistentes sociais lotadas nas
UBS passaram a desenvolver tais atividades, referenciadas na queixa\doença. Mas
a proximidade com o local permitiu a inserção nas questões que norteavam as
discussões do setor saúde naquele momento, tais como a participação popular e a
luta pela construção do sistema público de saúde. Desde esse momento,
impulsionada a partir de 1988, essa constituiu atuação marcante dos assistentes
sociais no campo da saúde em Aracaju.
Em 1985, a gente continuava no nível central, mas já com algumas
assistentes sociais nas Unidades, poucas, umas três. Nas unidades
elas trabalhavam nos programas, da Mulher, da Criança e no
programa da alimentação, depois, com Sarney, no programa do leite.
Elas implantavam nas comunidades essa questão do controle social,
os conselhos eram formados no nível local. Então quando foi feita a I
Conferência Municipal de Saúde em Aracaju, em 1985 ou 1986, a
gente tinha implantado esses conselhos locais (Profissional).
A partir de 1988, com a Constituição, com as Conferências que
mudam a perspectiva do conceito de saúde, o assistente social
começa a ganhar espaço, começa a conquistar o seu
reconhecimento, mas ainda em um modelo pautado na
medicalização, centrado no médico. Até hoje a gente vê ainda isso e
a gente já está a quase vinte anos dessa história, mas naquele
momento isso era ainda muito forte e o assistente social se limitava a
resolver as broncas daquelas pessoas que não conseguiam “ficha”,
mas queriam se consultar naquele dia e isso acabava chegando na