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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO TECNOLÓGICO
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
GUSTAVO AUGUSTO OLIVEIRA DE ALMEIDA
A INOVAÇÃO ABERTA E A INDÚSTRIA TELEVISIVA: UMA ANÁLISE DOS
TELEJORNAIS BRASILEIROS E O USO DE CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO
Niterói
2009
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GUSTAVO AUGUSTO OLIVEIRA DE ALMEIDA
A INOVAÇÃO ABERTA E A INDÚSTRIA TELEVISIVA: UMA ANÁLISE DOS
TELEJORNAIS BRASILEIROS E O USO DE CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em
Engenharia de Produção da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para a obtenção
do Grau de Mestre em Engenharia de Produção.
Área de Concentração: Tecnologia, Inovação e
Trabalho.
Orientador: Professor PhD. JOSÉ MANOEL CARVALHO DE MELLO
Niterói
2009
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GUSTAVO AUGUSTO OLIVEIRA DE ALMEIDA
A INOVAÇÃO ABERTA E A INDÚSTRIA TELEVISIVA: UMA ANÁLISE DOS
TELEJORNAIS BRASILEIROS E O USO DE CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em
Engenharia de Produção da Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Mestre em Engenharia de Produção. Área de
Concentração: Tecnologia, Inovação e Trabalho.
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. PhD. José Manoel Carvalho de Mello (Orientador)
Universidade Federal Fluminense
__________________________________________
Prof. PhD. Mariza Costa Almeida
Unisuam - Centro Universitário Augusto Motta
_____________________________________________
Prof. PhD. Suzana Dantas Hecksher
Universidade Federal Fluminense
Niterói
2009
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha mãe, por ter me ensinado que o
conhecimento é o bem mais precioso que podemos ter.
Agradeço ao Professor José Manoel, por toda a paciência, constante
incentivo e compreensão.
Agradeço a minha esposa Mariana pela compreensão e contribuições
gráficas para esse trabalho.
Agradeço a todos os colegas de empresa que de alguma forma me
ajudaram, com entrevistas, conversas nos corredores e longas ligações
telefônicas.
5
RESUMO
Na chamada era da informação, as pessoas comuns tem participado cada vez mais
da economia, saindo de uma posição de simples consumidores e invadindo os processos de
criação, produção e distribuição de bens e serviços. Diante desse novo cenário, as empresas
vêm tentando criar formas de se adaptar e se beneficiar dessa colaboração do indivíduo
comum. Dentre os diversos nichos de mercado, as empresas do ramo de entretenimento
áudio visual vem se destacando com experiências bem sucedidas no uso de conteúdo
gerado por usuários. Tendo essa preocupação como pano de fundo, esse estudo pretende
investigar através de um estudo de caso, os telejornais de abrangência regional do Rio de
Janeiro e São Paulo veiculados pela TV Globo, verificando a evolução e a situação atual da
gestão de conteúdo gerado por usuários e comparar essas práticas com as de outras grandes
emissoras de televisão ao redor do mundo.
Palavras-chave: Inovação Aberta. Jornalismo Cidadão. Televisão.
6
ABSTRACT
At the so called Information Age, ordinary people are increasingly participating in
the economy, leaving consumers positions and invading the processes of creation,
production and distribution of goods and services. On this new scenario, companies are
trying to create ways to adapt to and benefit from this collaboration with the individual.
Among the various niche markets, companies of audio and video entertainment industry
comes out with successful experiences in the use of user-generated content. Having this
concern as a backdrop, this study aims to investigate regional news programs in Rio de
Janeiro and São Paulo provided by TV Globo, noting the developments and current
situation of management of user-generated content and compare these practices with those
of other major television stations around the world.
Key-words: Open Innovation. Citizen Journalism. Television.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 13
1.1 O NOVO CENÁRIO PROPOSTO PELA COLABORAÇÃO DO CONSUMIDOR,
p.13
1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA, p. 14
1.3 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA, p. 15
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA, p. 15
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA, p. 16
1.6 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA, p. 17
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO, p. 18
2 METODOLOGIA DE PESQUISA, p. 20
2.1 UNIDADES DE ESTUDO, p. 20
2.2 TIPO DE PESQUISA, p. 20
2.3 COLETA DE DADOS, p. 22
2.4 METODOLOGIA DO TRABALHO, p. 26
3 A INOVAÇÃO ABERTA, p. 27
3.1 A INOVAÇÃO ABERTA E SEUS BENEFÍCIOS AS EMPRESAS, p. 27
3.2 INOVAÇÃO PELO USUÁRIO, p. 29
3.2.1 Os Usuários Líderes como Chave do Processo, p. 30
3.2.2 Incentivos a Inovação pelo Usuário, p. 32
3.2.3 A Disponibilização Gratuita de Inovações pelo Usuário, p. 33
4 O CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO, p. 35
4.1 O CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO E SUAS FACES - HISTÓRICO, p. 35
4.2 O JORNALISMO CIDADÃO, p.38
4.3 OS PRINCÍPIOS PARA SERVIÇOS BASEADOS EM CGU, p.40
8
5 O TELEJORNALISMO E O CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO, p. 47
5.1 GESTÃO DO CGU NO TELEJORNALISMO MUNDIAL, p. 47
5.1 FERRAMENTAS PARA COLABORAÇÃO, p. 49
6. A GESTÃO DO CGU NOS TELEJORNAIS DA TV GLOBO, p. 53
6.1 OS TELEJORNAIS REGIONAIS, p. 53
6.2 OS TELEJORNAIS DE SÃO PAULO, p. 54
6.2.1 O SPTV - Histórico, p. 54
6.2.2 O Bom Dia São Paulo, p. 55
6.2.3 Observações relevantes da entrevista, p. 56
6.3 OS TELEJORNAIS DO RIO DE JANEIRO, p. 60
6.3.1 O RJTV - Histórico, p. 60
6.2.2 O Bom Dia Rio - Histórico p. 63
6.3.3 Observações relevantes da entrevista, p. 63
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 67
7.1 CONCLUSÕES, p. 67
7.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS, p. 71
8. REFERÊNCIAS, p. 72
9 ANEXOS, p. 76
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Capa da pessoa do ano 2006 Revista Times, p.16
Figura 3.1 - A inovação aberta, p. 29
Figura 4.1 Sítio do OhmyNews, p.40
Figura 5.1 Sítio do CNN iReport, p.50
Figura 5.2 Sítio do CBS Eye Mobile, p.51
Figura 5.3 Sítio do BBC News Have Your Say, p.52
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 7.1 Dados comparativos entre as plataformas de colaboração
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Contribuição para sites de upload
Tabela 3.2 - Dados sobre upload de vídeos na Alemanha
12
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
AOL America On Line
APCA - Associação Paulista dos Críticos de Arte
BBC British Broadcasting Corporation
CBS Columbia Broadcasting System
CGU Conteúdo Gerado pelo Usuário
CNN Cable News Network
IAB Interactive Advertising Bureau
OECD Organization for Economic Co-operation and Development
UGC User Generated Content
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 O NOVO CENÁRIO PROPOSTO PELA COLABORAÇÃO DO CONSUMIDOR
Estamos entrando em uma nova era onde as pessoas participam da economia como
nunca antes. Essa nova participação alcançou um ponto onde as novas formas de
colaboração em massa estão mudando como os bens e serviços são concebidos, produzidos
e distribuídos em uma escala global. Essas mudanças apresentam oportunidades para todas
as empresas e indivíduos que estejam dispostos a observar e se conectar a esse movimento
(TAPSCOTT e Williams, 2008).
As chaves que abriram as portas para a chamada colaboração em massa e para que
usuários pudessem criar seu próprio conteúdo foram as infra-estruturas colaborativas, que
devem em grande parte seu sucesso a internet. A rede mundial de computadores vem sendo
redefinida por novas tecnologias que capacitam os usuários a desenvolver, criar e distribuir
conteúdo e aplicações (O’Reilly, 2005). A partir do surgimento de inúmeras estruturas
14
colaborativas, o usuário comum passou a ter acesso a diversos canais gratuitos para a
distribuição de seus textos, vídeos, fotos, programas e tudo mais que se queira. A partir
desse momento começamos a acompanhar o crescimento da contribuição por parte do
cidadão comum, que passou a ser também um gerador de conteúdo e não somente um
consumidor.
O advento do chamado CGU, ou conteúdo gerado pelo usuário, marcou uma
mudança nas estratégias de empresas dos mais diversos nichos, mas principalmente nas
que atuam como veículos de comunicação. Onde antes se criava conteúdo, passou-se a
fornecer infra-estrutura para que amadores possam publicar seus próprios materiais e,
nesse novo cenário, as empresas se vêem forçadas a repensar suas estratégias de criação e
distribuição de conteúdo. Um dos maiores exemplos dessa nova situação é o You Tube, que
têm a maioria esmagadora de seu material advindo de amadores ou semi profissionais e
com um detalhe extremamente importante, com conteúdo totalmente gratuito. Como as
empresas de mídia estão lidando com isso? Qual a posição que essas empresas estão
tomando em relação ao CGU? Ele é visto como ameaça ou oportunidade? Entender o
posicionamento atual dessas empresas pode nos dar idéias de como será o futuro desse
nicho.
No presente estudo colocamos a televisão, mas precisamente o telejornalismo
regional como nosso estudo de caso. Através de métodos investigativos e comparativos,
buscaremos apontar as melhores práticas quanto à gestão do CGU no telejornalismo, bem
como identificar as principais barreiras para a implantação e gerenciamento desse tipo de
conteúdo nos telejornais.
1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA
A pesquisa desenvolvida por esse trabalho se fundamenta nas seguintes perguntas:
15
Como as empresas que fazem telejornalismo no Brasil estão lidando com a
participação massiva do cidadão na atividade jornalística e como essas empresas podem
utilizar, fomentar e se beneficiar ao máximo do conteúdo gerado pelo usuário?
E tendo a seguinte hipótese levantada:
Em um mundo onde o CGU (conteúdo gerado pelo usuário) vem se tornando
abundante, a televisão como o mais tradicional veículo de massa, passará a utilizar cada
vez mais esse conteúdo, gerando assim uma maior identificação do público com o meio de
comunicação.
1.3 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA
A pesquisa tentará entender as similaridades e singularidades dos modelos de
inovação aberta, inovação pelo usuário e geração de conteúdo por usuários. Uma vez
definidas essas características, será feita uma abordagem baseada nessas peculiaridades
sobre a interação do usuário, aqui também podendo ser entendido como telespectador ou
leitor, e a prática jornalística. Esse tipo de interação vem sendo estudada e foi
denominada jornalismo cidadão.
Visto que o jornalismo cidadão afeta todas as empresas que produzem
telejornalismo, espera-se que as informações e conclusões apresentadas mostrem-se úteis
para a implantação das melhores práticas em outras empresas do país, bem como servindo
de referência para outros nichos de mercado, mas que também tenham sua atuação pautada
pelo jornalismo, como sites, jornais impressos, blogs, entre outros que queiram utilizar
algumas dessas práticas na gestão do CGU (conteúdo gerado pelo usuário).
Para que se atingissem esses objetivos gerais, o delineamento de objetivos
específicos tornou-se relevante.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA
16
Como estudos de caso foram escolhidos os telejornais de abrangência regional do
Rio e de São Paulo veiculados pela TV Globo. Para que se atenda o objetivo geral, foi
necessário levantar alguns objetivos específicos:
Identificar as singularidades das redações dos telejornais estudados;
Identificar quais são as práticas de estímulo ao uso e a criação de conteúdo
pelo usuário;
Identificar as taxas de crescimento, ou não, do uso de conteúdo gerado pelo
usuário nos telejornais nacionais estudados, veiculados pela TV Globo;
Identificar qual o papel desempenhado pelas emissoras e pelo usuário na
atividade do jornalismo cidadão;
Comparar a situação atual da gestão de CGU nos telejornais da TV Globo
com o de outras grandes emissoras de TV do mundo.
1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Para entender as particularidades da gestão de conteúdo gerado pelo usuário para as
empresas do ramo de televisão, foram tomados como foco de estudo, as redações dos
telejornais do Rio de Janeiro e de São Paulo que são transmitidos pela TV Globo.
Serão levantadas as principais informações sobre a gestão do CGU que é exibido
por esses telejornais, a disseminação da cultura do jornalismo cidadão, licenças e proteção
legal e a compra do conteúdo gerado pelo usuário através de entrevistas com os
responsáveis pelos telejornais da emissora TV Globo.
A escolha de se investigar os telejornais transmitidos pela TV Globo é que, sendo
ela a emissora líder de audiência na TV aberta brasileira, poderemos possivelmente traçar
uma melhor avaliação da gestão do jornalismo cidadão no telejornalismo brasileiro.
Além do mais, através da simples observação da programação dos canais da TV
aberta brasileira, pode-se perceber que a TV Globo vem apresentando uma grande
quantidade de material enviado pelos telespectadores.
17
1.6 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA
A chamada revolução do consumidor, descrita por Patricia Seybold (2001), vem
atingindo todos os nichos de mercado e obrigando as empresas a se adaptarem as novas
formas de consumo, onde o cliente demanda cada vez mais serviços de alta qualidade e
produtos customizados. O movimento da inovação que vem de fora da empresa, ou seja, a
que é gerada pelo usuário ou consumidor é inevitável, e como toda grande mudança traz
riscos e oportunidades para todos.
Figura 1.1 Capa da pessoa do ano 2006 Revista Times
18
As empresas terão que cada vez mais engajar seus consumidores no redesenho de
seus modelos de negócios, produtos e processos. E consumidores nesse caso podem ser
definidos como indivíduos ou firmas que esperam se beneficiar do uso de um produto ou
serviço. Essa característica os torna únicos, pois se beneficiam diretamente das inovações
geradas diferentemente de inventores ou fabricantes comuns, que ainda precisam vender ou
licenciar suas criações para obter algum benefício ou, de forma geral, lucrar com as
inovações (HIPPEL, 2005).
Os conceitos trazidos pelos estudos em inovação pelo usuário e em inovação aberta
podem ser aplicados a qualquer nicho de mercado que uma empresa atue, uma vez que
qualquer que seja essa atividade sempre existe um consumidor final que poderia de alguma
forma estar contribuindo com a criação, distribuição ou melhoria contínua do produto. Nas
novas mídias, e podemos destacar a internet, essa interação com o usuário vêm desde
seu nascimento, e hoje em dia o uso de conteúdo gerado pelo usuário já ocupa uma
quantidade considerável dos produtos que circulam nesses meios de comunicação, porém,
esses canais surgiram em um momento onde a participação do usuário era reconhecida
como essencial, a quebra de paradigma e a inserção do usuário no processo de criação foi
algo natural. No caso de meios de comunicação mais tradicionais, como a televisão aberta,
esses foram conceitos introduzidos recentemente, se levarmos em conta os mais de setenta
anos de história desse veículo no Brasil, o que torna claro que o processo para absorção
desses conceitos será mais lento e traumático, pois ele prevê mudanças em conceitos
muito tempo estabelecidos e que são sinônimos de sucesso.
Dado isso, acreditamos que é importante observar os veículos mais tradicionais
com um olhar moderno, baseando-se no que vêm ocorrendo nas novas mídias e buscando
visualizar caminhos para a aplicação desses conceitos em todos os meios de comunicação.
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No capítulo 2, será relatada a metodologia desse trabalho que foi inspirada na
metodologia de autores chaves que serviram para estruturar os passos da pesquisa.
No capítulo 3, será feito um breve comentário sobre o conceito de inovação aberta
(CHESBROUGH, 2003) e a sua importância como modelo de análise para todos os nichos
de mercado, depois serão discutidos aspectos da inovação pelo usuário (VON HIPPEL,
19
2005) e sobre a colaboração em massa (TAPSCOTT, 2008). Todos os conceitos se
alinham, por serem focados na inovação de baixo para cima, vinda do consumidor. Os
conceitos aqui apresentados serviram de base para o desenvolvimento da pesquisa.
No capítulo 4, será abordado o surgimento e desenvolvimento do conceito de CGU
(conteúdo gerado pelo usuário) e os princípios preconizados pelo mercado para o uso desse
tipo de conteúdo no âmbito mundial. Será abordado também o conceito de jornalismo
cidadão, seu surgimento, evolução e estado atual.
No capítulo 5, será abordado mais profundamente, o tema do telejornalismo e sua
interação com o CGU e o jornalismo cidadão, a situação atual nas grandes redes de
televisão ao redor do mundo e como o CGU está alterando o telejornalismo como o
conhecemos.
No capítulo 6, será abordado o problema da pesquisa e as informações levantadas
através de pesquisas documental, bibliográficas e da pesquisa de campo que foram
necessárias para responder a pergunta do problema.
No capítulo 7, a dissertação será encerrada e serão apresentadas as conclusões,
seguidas de recomendações para estudos futuros.
20
2 METODOLOGIA DE PESQUISA
2.1 UNIDADES DE ESTUDO
Essa pesquisa foi baseada em um estudo quantitativo e qualitativo das práticas de
gestão de CGU adotadas pelas redações dos telejornais do Rio de Janeiro e de São Paulo
veiculados pela TV Globo. O estudo visa determinar as principais características e o estado
atual da gestão desse conteúdo nas redações dos telejornais e avaliar as singularidades e
padrões existentes nessas práticas.
Foi realizada uma pesquisa exploratória no acervo da empresa (CEDOC) além de
entrevistas com profissionais da redação dos telejornais e outros responsáveis pelos
processos de engenharia de TV envolvidos na gestão do CGU.
O estudo também aponta os benefícios e principais barreiras encontradas para se
fazer uso desse tipo de conteúdo no telejornalismo.
2.2 TIPO DE PESQUISA
Esse trabalho é uma pesquisa qualitativa, que é aquela em que se tem o ambiente
natural como sua fonte direta de dados, tais dados coletados acabam sendo
predominantemente descritivos e o significado que as pessoas dão às coisas ganha uma
atenção especial do pesquisador cuja análise dos dados tende a seguir um processo
indutivo (BOGDAN e BIKLEN, 1982).
21
Um estudo de caso se caracteriza pelo seu alto teor descritivo, pois não existe a
intervenção do pesquisador sobre a situação observada, existindo somente a descrição de
como essa situação ocorre e posteriormente a sua análise (MARTINS, 2008).
O estudo de caso também pode ter a sua análise confrontada com outros estudos de
caso feitos ou com novas teorias ou com teorias existentes; onde se pretende estimular o
entendimento do que foi analisado e também possibilitar novos estudos mais profundos e
elaborados.
Baseados nas observações de Tellis (2008) existem quatro características essenciais
que devem ser levadas em consideração durante um estudo de caso:
1) Adaptabilidade: Mesmo que o estudo tenha pressupostos teóricos sólidos, ainda
existe a grande possibilidade de surgir novos elementos que irão requerer novas
perguntas e respostas para que o trabalho seja desenvolvido;
2) Contextualização: O problema estudado está mergulhado em um contexto, ou seja,
existe um recorte situacional que justifica e influencia o problema, a multiplicidade
de fatos que o envolvem e o determinam devem ser considerados e analisados. Não
se podendo também deixar de levar em conta que o comportamento humano e as
competências humanas têm um peso fundamental a ser considerado;
3) Coleta: Para que se tenha um entendimento mais complexo sobre o estudo, é
necessário obter uma variedade de dados, com fontes diversificadas e em diferentes
momentos da pesquisa, lembrando que existem dados que poderão não ser
relevantes a pesquisa. A base de dados obtida orienta a pesquisa e ajuda a
responder a questões como: Que coisas devem ser observadas? Que outros dados
precisarão ser colhidos? Que perguntas precisarão ser feitas?
4) Utilidade Indutiva: As experiências relatadas e as conclusões obtidas pelo
pesquisador não poderão ser generalizadas, mas cada leitor poderá indutivamente
fazer a sua generalização naturalística, procurando o que se pode ou não se pode
aplicar a sua realidade e também aproveitar insights oriundos do relato, pois a
realidade pode ser vista sob diferentes perspectivas, não havendo uma única que
seja a verdadeira.
Antes de se começar a investigação do estudo de caso, será necessário formar um
protocolo de estudo, que primariamente guiará a pesquisa, delimitando-a e assegurando
que esta tenha mais chances de atingir as metas estabelecidas. Um protocolo de estudo
22
primeiramente deve ter um tópico geral sobre o que se está pesquisando e os objetivos da
pesquisa precisam ser bem definidos, daí se poderá direcionar mais eficazmente a pesquisa
de campo para começar a coleta de dados, com as fontes diretamente relacionadas ao
problema proposto; pois o pesquisador não tem como prever a qualidade da coleta de
dados, disponibilidade ou acesso aos mesmos; e por isso precisará ter acesso as pessoas
que proporcionarão a maior margem de sucesso nessa coleta (YIN, 2001).
2.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados tem por objetivo obter os dados pertinentes ao problema a ser
investigado (De Pádua, 2004) e servir como um meio para que os objetivos propostos na
pesquisa possam ser alcançados.
Segundo De Pádua (2004), os principais recursos técnicos que podem ser utilizados
para a coleta de dados são:
Pesquisa Bibliográfica;
Pesquisa Experimental;
Pesquisa Documental;
Entrevistas;
Questionários;
Estudos de Caso;
Relatos de Experiências/Relatórios de Estágios;
Observação Sistemática.
A pesquisa bibliográfica é aquela baseada na análise da literatura já publicada
(Silva e Menezes, 2001) e que tem como função obter maiores informações sobre o que
23
foi publicado sobre o tema da pesquisa em questão (De Pádua, 2004). Algumas das
principais contribuições da pesquisa bibliográfica são:
Obter informações sobre a situação atual do tema ou problema pesquisado;
Conhecer publicações existentes sobre o tema e os aspectos que foram
abordados;
Verificar as opiniões similares e diferentes a respeito do tema ou de
aspectos relacionados ao tema ou ao problema de pesquisa (Silva e
Menezes, 2001).
A partir da pesquisa bibliográfica, é possível obter a bibliografia que, segundo
Salomon (1974), é o conjunto de obras derivadas sobre determinado assunto, escritas por
vários autores, em épocas diversas, utilizando todas ou parte das fontes. A função da
bibliografia é, em resumo, uma busca por aquilo cuja existência ainda se ignora (Eco,
2006).
Em relação a essa coleta ela pode ser dividida em pesquisa bibliográfica pesquisa
documental e entrevistas. A pesquisa bibliográfica é um conjunto de trabalhos científicos
que foram feitos sobre o problema da pesquisa, sua relevância vem do fato que tais
trabalhos podem fornecer dados atuais e pontos de vista relevantes ao tema escolhido
(LUNA, 1999).
Um questionário de pesquisa é uma série ordenada de perguntas que devem ser
respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em
extensão e estar acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito
de sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o
preenchimento (Silva e Menezes, 2001).
Young e Lundberg (apud Pessoa, 1998) fizeram uma série de recomendações úteis
à construção de um questionário.
Entre elas destacam-se:
O questionário deverá ser construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem
lógica na elaboração das perguntas;
A redação das perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao
informante. A linguagem deverá ser acessível ao entendimento da média da
população estudada;
24
A formulação das perguntas deverá evitar a possibilidade de interpretação
dúbia, sugerir ou induzir a resposta;
Cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada pelo
informante;
O questionário deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos
da pesquisa;
Devem ser evitadas perguntas que, de antemão, se sabe que não serão
respondidas com honestidade.
a pesquisa documental, são documentos sobre os tópicos e as unidades estudadas
que não sofreram tratamento analítico, tendo como sua principal característica fontes que
são muito diversificadas e dispersas, como por exemplo, documentos de circulação interna
ou informações em sites. As entrevistas preparadas com teorias estudadas ou dados
coletados são as fontes mais relevantes de informação durante a pesquisa de campo, pois
os dados qualitativos podem ser percebidos mais facilmente, dependendo é claro, da
conduta da entrevista. E quanto à classificação podem ser entrevistas não-estruturadas,
estruturadas e semi-estruturadas.
Nas entrevistas não-estruturadas pesquisador ouve abertamente a fonte, fazendo
perguntas somente para redirecionar a entrevista ou esclarecer alguns pontos, e tendo como
guia para a entrevista, tópicos abrangentes que incitem a conversa.
O pesquisador através dos tópicos permite a fonte ter a liberdade para falar
livremente, onde a informalidade é meio pelo qual se obtém repostas as metas da pesquisa
através dos olhos da fonte e com o maior número possível de dados. A principal vantagem
da entrevista não-estruturada é que se obtêm um maior volume de dados e dados mais
abrangentes sobre o tópico da pesquisa além da espontaneidade das respostas que podem
fazer surgir questões de interesses não contempladas previamente.
Nas entrevistas semi-estruturadas, o pesquisador possui como guia perguntas
abertas e fechadas, que são usadas pelo pesquisador com o intuito de cobrir de maneira
mais direcionada os tópicos de interesse a serem investigados através de explicações ou
opiniões.
25
As questões apesar de serem previamente definidas são feitas dentro de uma
conversa quase informal, pois quando o pesquisador acha que juntou um volume
informações suficientes sobre um tópico ele pode mudar o foco da entrevista para outro
ponto de interesse através de outra pergunta, direcionando a entrevista de maneira que as
metas sejam alcançadas.
As suas vantagens e desvantagens se parecem com as das entrevistas não-
estruturadas, exceto quanto ao volume de dados obtidos que são comedidos à revelia do
pesquisador.
Nas entrevistas estruturadas, o pesquisador conta com perguntas fechadas, que são
perguntas bem elaboradas e claramente definidas, sugerindo um leque de respostas menos
abrangentes, respostas simples e diretas ou um número pré-determinado de respostas a
partir das quais que a fonte tem de fazer sua escolha, para que assim haja a possibilidade de
se fazer uma comparação que tenha em foco a divergência de opinião. As perguntas devem
ter um sentido lógico, buscando ter seqüência de pensamento, produzindo uma entrevista
contínua e com um bom fluxo, o mais próximo possível de uma conversa natural.
A preparação da entrevista é outro ponto a ser destacado; ela deve prever que os
tópicos ou as perguntas possam tentar direcionar a fonte a atender as metas objetivadas
pela pesquisa, o tema deve ser familiar tanto a fonte quanto ao pesquisador para que não
haja ruído na comunicação dos dois lados, a disponibilidade da fonte e o local onde será
realizada a entrevista têm uma grande importância para que a entrevista decorra com calma
e em um ambiente sem ou com um mínimo de interrupções. O bom desempenho da
entrevista varia diretamente com a preparação prévia das perguntas, do entrevistador e com
a colaboração da fonte.
26
2.4 METODOLOGIA DO TRABALHO
Nesse trabalho buscaram-se identificar:
1) A situação atual e a evolução a partir do ano 2000, da quantidade de matérias que
foram ao ar e tiveram uma clara contribuição do usuário (telespectador ou
colaborador não remunerado);
2) Processos utilizados para fomentar a participação do usuário;
3) Barreiras a utilização de material gerado pelo usuário;
4) Infra-estrutura e processos necessários para o uso de conteúdo gerado pelo usuário;
5) Políticas institucionais quanto à utilização e proteção da propriedade intelectual
gerada pelo usuário.
As lições aprendidas e boas práticas vivenciadas pelas redações dos telejornais
também serão analisadas.
27
3 A INOVAÇÃO ABERTA
3.1 A INOVAÇÃO ABERTA E SEUS BENEFÍCIOS AS EMPRESAS
Nos últimos anos a inovação tem se estabelecido como um dos fatores mais
importantes para garantir o crescimento, a competitividade e a rentabilidade diferenciada
às empresas. São diversas as evidências da importância do tema e muitos estudos
corroboram a visão de que a inovação é fundamental para a sobrevivência em ambientes de
negócios competitivos. Novos processos e produtos, novos modelos de negócios, entrada
em novos mercados, atração e retenção de talentos ou ainda a valorização da imagem
perante parceiros, clientes e investidores, representam alguns dos resultados da inovação.
O que ainda não é evidente recai sobre a operacionalização da inovação, mais
especificamente em como gerar deliberadamente a inovação e gerir todo esse processo.
Realizar a gestão dos processos de inovação ainda é uma atividade negligenciada
por muitos executivos, embora se reconheça ser essencial para garantir que os esforços em
inovação gerem resultados. Diversas práticas, ferramentas e metodologias compõem esse
universo, sendo alvo de discussões e dilemas ainda não resolvidos.
O modelo de inovação chamado de Inovação Aberta (Open Innovation), cunhado
por Henry Chesbrough (2003), tem recebido bastante aceitação do meio acadêmico e
empresarial como uma alternativa às praticas tradicionais de gestão da inovação. Este
modelo explicita a oportunidade das empresas realizarem atividades de pesquisa &
desenvolvimento (P&D) de forma mais interativa que os modelos tradicionais e preconiza
que as organizações devem buscar a miscigenação de conhecimentos internos e externos
com o objetivo de acelerar a obtenção de resultados que agreguem valor aos seus negócios
28
e maximizem o retorno de investimentos em P&D. O paradigma da Inovação Aberta pode
ser entendido como a antítese do modelo tradicional de verticalização, onde as atividades
do P&D levam ao desenvolvimento de produtos que serão posteriormente distribuídos pela
própria empresa (Chesbrough, 2006).
Chesbrough argumenta que na chamada era da informação, o aumento da
mobilidade dos recursos tornou os limites das organizações mais nebulosos. As
competências internas de uma organização não mais são suficientes diante de um novo
paradigma de mercado que envolve a maneira pela qual as empresas geram novas idéias e
as conduzem ao mercado.
O conceito de Inovação Aberta pode ainda ser definido como o uso intencional dos
fluxos internos e externos de conhecimento para acelerar a inovação interna e aumentar os
mercados para uso externo das inovações, respectivamente. A Inovação Aberta é um
paradigma que assume que as empresas podem e devem usar idéias externas assim como
idéias internas e caminhos internos e externos para alcançar o mercado, enquanto elas
desenvolvem suas tecnologias. (Chesbrough, 2006)
Na figura abaixo é possível observar o esquema de forma clara:
Figura 3.1 A Inovação Aberta (Chesbrough, 2006)
29
Nesse modelo, as organizações podem comercializar tecnologias internas ou externas e
utilizam recursos internos ou externos na execução de projetos. Como característica dos
processos abertos de inovação, os projetos podem ser iniciados pela própria empresa ou
por outros atores externos, bem como serem incorporados ou transferidos para outras
organizações, em distintos estágios de desenvolvimento.
3.2 INOVAÇÃO PELO USUÁRIO
Quando nos referimos ao usuário final de um produto ou serviço, normalmente
usamos o termo consumidor, termo esse que trás consigo uma definição muito forte de que
esse indivíduo é responsável pelo consumo daquele bem, ou seja, ele se encontra ao
final da cadeia produtiva, como último elo desse processo. Porém, cada vez mais podemos
observar que esse consumidor pode fazer parte do desenvolvimento e da implantação de
melhorias em produtos e que em muitos casos, as inovações vindas destes são
extremamente importantes, pois refletem exatamente as funções e qualidades que os
fabricantes não haviam conseguido preencher, pois quando um consumidor modifica ou
desenvolve um produto, em geral ele consegue atender as suas necessidades.
Para fins didáticos, o termo usuário como será usado nesse texto, designa o
consumidor individual ou empresa que esperam se beneficiar utilizando um produto ou
serviço.
Podemos dizer que a inovação pelo usuário nasce quando uma necessidade do
consumidor não pode ser atendida por nenhum dos fabricantes existentes no mercado, ou
que seus anseios estão sendo parcialmente preenchidos. As grandes empresas tendem a
seguir uma estratégia de desenvolver soluções e produtos que atendam as necessidades de
um grande segmento de mercado, buscando vender seus produtos para uma grande fatia
dos consumidores, maximizando seus lucros. (Von Hippel, 2005) O que ocorre é que, cada
vez mais os consumidores apresentam necessidades heterogêneas, e os avanços
tecnológicos permitem que eles customizem seus produtos nos mínimos detalhes, forçando
as firmas que estavam acostumadas a vender produtos de massa a se remodelarem para
atender qualquer necessidade que o consumidor tenha, pois se elas não o fizerem, existirão
outras que o farão, e se essas por sua vez não puderem fazer, os próprios consumidores
30
começam a ter meios para fazê-lo sozinhos, devido aos avanços de hardware e software
dos computadores e ao aumento do acesso a ferramentas e componentes que facilitam a
inovação pelo próprio usuário.
A questão é que, em geral, qualquer produto ou serviço desenvolvido pelo usuário
final tende a atender melhor suas necessidades. Sendo assim, podemos dizer que uma
empresa, que naturalmente possui recursos escassos, dificilmente poderia competir contra
um produto criado por usuários. Provavelmente seu produto não seria tão bom quanto o
criado pelos usuários e teria um custo de criação mais elevado, portanto, a melhor
estratégia é tentar se beneficiar dessas criações e gerar ganhos de escala sobre ela, que
talvez seja uma das últimas barreiras que produtos criados por usuários ainda precisam
quebrar.
Uma das características mais marcante e interessante desse processo é a revelação
gratuita dessas inovações. Em geral, e por diversos motivos que citaremos mais a frente, os
usuários compartilham seus progressos e inovações gratuitamente, o que é algo de extrema
importância para as empresas que hoje possuem um alto custo em manter grandes equipes
de P&D e criação dentro de seu modelo de negócio. A inovação pelo usuário pode ser para
alguns nichos uma forma de baratear imensamente seus processos de criação e P&D.
3.2.1 USUÁRIOS LÍDERES COMO CHAVE DO PROCESSO
Uma das descobertas empíricas apresentadas por Von Hippel (2005) ao longo de
seus estudos sobre a inovação pelo usuário é que, a maioria dos produtos desenvolvidos
e/ou modificados por eles foram criados por consumidores com características do que ele
chamou de usuários líderes. Esses usuários podem ser definidos por duas características
distintas:
1) Eles estão no limite mais alto de um importante mercado, e com isso estão
experimentando necessidades que serão posteriormente percebidas por outros
usuários comuns;
2) Eles percebem que inovando irão receber grandes benefícios imediatos com a
solução em questão.
31
Em um estudo desenvolvido por Jacques R. Bughin para a Mckinsey & Company
(2007), intitulado How Companies Can Make The Most From User-Generated Content, é
demonstrado que, a maioria do conteúdo de sites de colaboração, é gerado por uma
pequena quantidade de usuários, o que corrobora com a teoria de Von Hippel (1986) de
que a maior parte das contribuições e inovações vindas de usuários partem de um pequeno
número de usuários líderes. O gráfico abaixo, que foi retirado e traduzido do mesmo
estudo, representa com clareza como a contribuição dos usuários líderes é a mais
importante para as empresas. Analisando-se a tabela 3.1, podemos perceber que, no caso
do You Tube, somente 6% dos usuários são responsáveis por praticamente 90% das
contribuições advindas de usuários.
Tabela 3.1 Contribuição para sites de upload
A partir dessas constatações, é possível perceber a importância do usuário líder
tanto nos processos de inovação quanto de colaboração e que, qualquer empresa que
pretenda se beneficiar com as idéias vindas de seus consumidores deve focar seus esforços
na prospecção e incentivo aos usuários líderes, pois é deles que surgirão as idéias com
maior atratividade comercial e potencial para o sucesso.
32
3.2.2 INCENTIVOS A INOVAÇÃO PELO USUÁRIO
Conforme se foi percebendo as vantagens apresentadas pela inovação pelo usuário,
começou-se a estudar formas de estimular essa colaboração entre empresas e o
consumidor. Segundo Von Hippel (2005), do ponto de vista do consumidor, os principais
incentivos são:
Suprir uma necessidade que não estava sendo coberta pelos produtos ou serviços
existentes;
Altos custos de agência para a resolução de problemas simples;
Reconhecimento profissional e pessoal;
Diversão e aprendizado trazidos ao se fazer parte do processo de inovação.
É importante lembrarmos que aqui entendemos usuários como consumidores
individuais ou firmas e que, principalmente no caso das firmas, a decisão de criar uma
inovação por si pode trazer diversos benefícios em longo prazo, principalmente no
âmbito do aprendizado, que pode gerar outros produtos ou processos complementares.
no caso dos consumidores individuais, principalmente entre os que participam de
comunidades de usuários, podemos perceber que os motivos para a colaboração são outros,
em geral envolvendo a interação social e uma busca de reconhecimento de suas qualidades
ou habilidades. Por exemplo, quando um jovem ainda na faculdade desenvolve um
aplicativo para a plataforma Linux, em geral ele não tentará proteger sua criação com
direitos de uso, o mais comum é que ele disponibilize gratuitamente sua criação, de forma
que os benefícios obtidos com seu produto são indiretos, e podem ser desde a fama dentro
daquela comunidade, o reconhecimento de suas habilidades ou um convite de trabalho sem
a necessidade de entrevistas ou dinâmicas de grupo, pois suas qualidades foram
provadas através de seu aplicativo.
Como descrito acima, existem usuários que por motivos próprios passam a
desenvolver inovações e que colaboram uns com os outros para melhorar e agregar mais
valor a suas idéias e produtos. Porém, uma vez que as empresas percebem que a inovação
vinda do usuário pode ser extremamente lucrativa para elas, é preciso desenvolver formas
33
de incentivo para que os usuários entrem em um ciclo virtuoso de criação, colaboração e
disponibilização de suas inovações que possa ser benéfico às empresas. Uma das maneiras
mais eficazes de alcançar essa máxima interação com seu consumidor é a disponibilização
de kits de ferramentas que facilitem e guiem as criações dos usuários na direção que a
empresa necessita (Hippel, 2005). Imersa nesse conceito, a empresa abandona a árdua
tarefa de tentar entender as necessidades do usuário e somente permite que seus
consumidores “trabalhem” para ela, fornecendo as ferramentas adequadas que gerarão o
melhor resultado possível. Por tornar a inovação mais barata e rápida, esse processo
aumenta o volume de inovações pelo usuário.
3.2.3 A DISPONIBILIZAÇÃO GRATUITA DE INOVAÇÕES PELO USUÁRIO
Produtos, serviços e processos desenvolvidos por usuários se tornam mais valiosos
para a sociedade quando, de alguma forma, eles são difundidos a outros que também
podem se beneficiar deles. Se os usuários responsáveis por certas inovações não difundem
seus progressos, múltiplos usuários com necessidades muito similares terão que,
independentemente desenvolver inovações similares, o que seria um mau uso de recursos
do ponto de vista do bem estar social (Von Hippel, 2005).
A constatação de que, em sua maioria, os usuários responsáveis por inovações
simplesmente disponibilizam gratuitamente suas descobertas, têm sido uma grande
surpresa para os pesquisadores da inovação, pois o caminho natural para alguém que
possui uma informação ou produto proprietário que possui valor para outros, seria tentar
proteger esses conteúdo de forma a se beneficiar monetariamente através da venda do
mesmo, no entanto o que acontece é o oposto, mesmo firmas têm disponibilizado
gratuitamente certas descobertas.
Poderíamos dizer que, a disponibilização gratuita dessas inovações é um ato
extremamente freqüente, e o maior motivo para esse tipo de comportamento é muito
simples, muitas vezes essa revelação é a melhor e única saída. Proteger ou esconder a
informação raramente é um caminho viável, pois muitos possuem acesso a informações
similares e tendem a chegar a uma mesma conclusão em um curto espaço de tempo,
portanto, às vezes a revelação gratuita de uma inovação trará como único benefício o
34
pioneirismo ao seu criador. Outro grande ganho advindo da disponibilização gratuita é o
benefício mútuo, pois em geral, quando um usuário revela suas criações ele recebe
sugestões e melhorias de outros que estavam estudando caminhos similares (Raymond,
1999).
A tabela 3.2 abaixo, retirada do estudo The Mckinsey Quartely (2007), traduz uma
pesquisa realizada com 573 usuários dos quatro maiores serviços de contribuição para
vídeo online da Alemanha. Esse gráfico serve para exemplificar outro dos principais
motivos que direcionam a disponibilização gratuita, a busca por reconhecimento, pois uma
vez que um usuário disponibiliza algo novo, ele automaticamente ganha o status de
pioneiro, e essa característica acaba por lhe trazer fama, ele se torna conhecido no seu
círculo de atuação. Com isso, o usuário acaba por receber uma série de benefícios
indiretos, como propostas de emprego, empresas interessadas em investir ou comprar uma
determinada idéia, entre outros.
Tabela 3.2 Dados sobre upload de vídeos na Alemanha
35
4 O CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO
4.1 O CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO E SUAS FACES - HISTÓRICO
A denominação conteúdo gerado pelo usuário (CGU), como é entendida nos dias de
hoje, se refere primeiramente a qualquer material criado e carregado para a internet por não
profissionais, podendo ser desde comentários deixados sobre um produto em um site, um
vídeo de qualidade profissional carregado no You Tube ou o perfil de um estudante
existente no Facebook.
Os primeiros registros de CGU datam dos primórdios da internet. O primeiro
formato de disponibilização de CGU na internet surgiu em 1980 com o Uniset, uma rede
de discussão global que permitia aos seus usuários compartilhar comentários e
experiências sobre tópicos específicos. Sites similares implantaram melhorias nesses tipos
de sistemas ao longo da década de 80, como o Prodigy e a AOL (IAB, 2008). Outra forma
comum de CGU bastante antiga são os runs de discussão, áreas que normalmente fazem
parte de um site maior, onde os usuários podem se comunicar entre si sobre tópicos
relacionados ao conteúdo do site.
O termo UGC (User Generated Content) surgiu em meados de 2005 e nessa época
era usado pelos círculos de profissionais de publicações na web e por produtores de
conteúdo relacionados a notícias. O termo posteriormente foi traduzido para o português
como CGU ou conteúdo gerado pelo usuário. Como já dito acima, o CGU está presente na
internet desde seu nascimento, mas nos últimos cinco anos, graças ao crescimento na
disponibilidade de conexões com a internet em banda larga e com o avanço nos
mecanismos de busca, o CGU se tornou uma das formas dominantes da mídia global. Ele é
atualmente o tipo de conteúdo que mais cresce na internet.
O CGU está alterando drasticamente como os espectadores interagem com a
internet e a forma como os anunciantes buscam alcançar esses espectadores. Em 2006,
sites de CGU atraíram 69 milhões de usuários somente nos Estados Unidos e em 2007
geraram $1 bilhão em receita de propaganda. Para 2011, esperasse que os sites de CGU
atraiam 101 milhões de usuários nos Estados Unidos e retornem $4.3 bilhões em receitas
de propaganda.
36
A OECD traçou três pilares para a definição do CGU:
1) Exigência de publicação: Enquanto o CGU pode ser feito por um usuário e nunca
publicado online ou em outro lugar, vamos nos concentrar aqui no trabalho que é
publicado em algum contexto, seja em um site acessível ao público ou em uma página
num site de rede social acessível a um seleto grupo de pessoas (por exemplo,
colegas estudantes). Esta é uma maneira útil para excluir o e-mail, mensagens
instantâneas e similares.
2) Esforço criativo: Isto implica que certa quantidade de esforço criativo foi colocada
para criar o trabalho ou adaptação de obras existentes para construir um novo; ou seja,
usuários devem adicionar seu próprio valor ao trabalho. O CGU muitas vezes também
tem um elemento de colaboração, como acontece com sites que os usuários podem
editar colaborativamente. Por exemplo, copiando apenas uma parte de um show de
televisão e o lançamento, para um site de vídeo on-line (uma atividade
freqüentemente vista nos sites de CGU) poderia não ser considerado conteúdo gerado
pelo usuário. Se um usuário carrega suas fotografias, no entanto, manifesta o seu
pensamento em um blog ou cria um novo vídeo de música, isso poderá ser
considerado CGU. Uma dificuldade existente é definir o valor mínimo para que algo
seja considerado um esforço criativo.
3) Criações fora de rotinas e práticas profissionais: O conteúdo gerado pelo usuário
geralmente é criado fora de ambientes profissionais. Muitas vezes não tem uma
instituição ou um contexto de mercado comercial. Em alguns casos, CGUs são criados
por profissionais, porém sem a expectativa de lucro ou remuneração. Fatores de
motivação incluem: Conectar-se com colegas, alcançar certo nível de fama,
notoriedade, prestígio ou o puro desejo de expressar-se.
Definir quais os tipos de conteúdos que compõem o CGU é uma tarefa difícil, uma vez que
qualquer tipo de conteúdo ou produto criado por indivíduos comuns pode se encaixar,
porém podemos mapear os CGUs mais frequentes. Para fim de exemplificação, seguem
abaixo os CGUs mais encontrados:
37
1) runs de Discussão;
2) Blogs;
3) Sites de Relacionamento (Orkut, Facebook, MySpace);
4) Sites de Notícias;
5) Sites para Planejamento de Viagens;
6) Sites para Avaliação de Produtos pelos consumidores;
7) Vídeos e Fotos;
8) Site para Disponibilização de Fotos;
9) Qualquer site que permita ao usuário comum compartilhar seu conhecimento;
10) Áudio (Podcasts);
11) Video games.
38
4.2 O JORNALISMO CIDADÃO
Como visto no item anterior, existem diversas formas de CGU, que variam desde
blogs que funcionam como diários e que espalham informações pessoais pela rede todos os
dias, até os vídeos e fotos postados aos milhões por internautas do mundo todo. Porém, o
estudo em questão trata mais especificamente da gestão do CGU no telejornalismo,
portanto é importante introduzirmos as características desse tipo de conteúdo, sua
dimensão e o que já foi estudado até a presente data.
Jornalismo cidadão é uma das formas como é designado o CGU no mundo das
notícias, quanto à análise e divulgação dos fatos do dia a dia através de pessoas comuns. A
separação rígida entre os que fazem as notícias e os que recebem as informações
desaparece cada vez mais no mundo virtual. Os profissionais da comunicação têm agora
milhares de aliados na tarefa de apurar fatos, conhecer novidades, reunir e comentar
informações. Qualquer um pode fazer notícia. O modelo tradicional, que distingue os
emissores dos receptores da informação, deu lugar à comunicação feita por meio da
colaboração.
É com o apelo de conversar com o mundo que as tecnologias de comunicação pela
internet reinventam todos os dias a atividade de fazer e receber notícias. Acessíveis a
todos, as novas formas de trocar mensagens com texto, áudio e vídeo na rede transformam
o jornalismo em uma conversa de um para um, um para muitos e muitos para muitos
(FOSCHINNI e TADDEI, 2006).
O jornalismo cidadão não exclui a produção dos jornalistas profissionais, mas sim
acrescenta a ela a contribuição e cidadãos jornalistas, leigos que são testemunhas de fatos
importantes, gente que está no lugar certo e na hora certa para cobrir um evento,
especialistas que podem falar melhor sobre determinado assunto e ainda todas as pessoas
que simplesmente desejam se manifestar.
Um dos precursores e ícone máximo do jornalismo cidadão é o site sul coreano
Ohmynews.com, com um sistema de colaboração, onde qualquer pessoa pode se cadastrar e
se tornar um repórter, o site vem desde o ano 2000, divulgando e difundindo notícias de
todo o mundo. Como qualquer pessoa pode se tornar um colaborador, percebe-se um
fenômeno muito comum nas experiências em jornalismo cidadão, que é um ligação mais
próxima da notícia e da realidade do dia a dia. Notícias de bairros ou de assuntos que
interessam a pequenas cidades do interior da Coréia do Sul fazem enorme sucesso. Muitas
39
vezes o jornalista cidadão age nessa lacuna que os grandes veículos de massa não
conseguem preencher, que é a de dar essas notícias de bairro, de pequenas cidades ou que
interessam a um grupo de pessoas específico. Assim como a inovação que parte do
usuário, que muitas vezes surge através de uma necessidade que não foi preenchida por
nenhum fabricante no mercado, o jornalismo cidadão também está sendo capaz de
customizar o noticiário para cada cidadão e lhe apresentar somente notícias relacionadas a
temas e assuntos que lhe interessam.
Figura 4.1 Site do OhmyNews
40
4.3 OS PRINCÍPIOS PARA SERVIÇOS BASEADOS EM CGU
Os líderes comerciais em direitos autorais e de serviços relacionados a conteúdo de
áudio e vídeo gerado por usuários se uniram para tentar estabelecer as melhores práticas
para o uso desse tipo de conteúdo e criar um ambiente on-line (www.ugcprinciples.com)
que promovesse as premissas e benefícios dos serviços baseados em CGU e, além disso,
proteger os direitos autorais dos envolvidos. Abaixo segue a lista de empresas que apóiam
e praticam esses princípios:
CBS Corporation
Dailymotion
Crackle
Disney
Fox Entertainment Group
Microsoft
Myspace.com
NBC / Universal
Seven Load
Sony Pictures
Veoh
Viacom
Com essa união, os detentores de direitos autorais e os serviços associados à CGU
estabeleceram os seguintes objetivos disponíveis em:
1) A eliminação de conteúdo infrator nos serviços de CGU;
2) Fomentar a criação e disponibilização de material áudio visual original e
autorizado gerado por usuários;
3) Buscar o melhor caminho para o uso de conteúdos protegidos nos serviços de
CGU;
4) Proteger os direitos de privacidade do usuário.
41
1) Os serviços de CGU devem incluir em locais relevantes e de fácil acesso,
informações que promovam o respeito aos direitos de propriedade intelectual e que
desencorajem usuários a disponibilizar conteúdo que infringiam esses direitos.
2) Durante o processo de envio e disponibilização de conteúdo por parte do usuário, os
serviços de CGU devem veementemente informar aos usuários que eles não devem
disponibilizar conteúdo ilegal e que, disponibilizando qualquer conteúdo, eles
concordam com os termos de uso dos serviços de CGU. Os termos de uso dos
serviços de CGU devem proibir disponibilização de conteúdo ilegal.
3) Os serviços de CGU devem usar tecnologias efetivas de identificação de conteúdo
(“Tecnologia de identificação”) com a meta de eliminar de seus serviços todo o
conteúdo áudio visual gerado por usuários, cujos donos de direitos autorais tenham
apresentado Material de Referência (como descrito abaixo). Ao final de 2007, os
serviços de CGU devem programar soluções comerciais de tecnologia de
identificação que sejam altamente eficazes em relação a outras tecnologias
existentes no ato da implementação, na busca da eliminação de conteúdo ilegal.
Os serviços de CGU devem melhorar as tecnologias de identificação como
tecnologias de uso comercial que façam uma significativa diferença para esse tipo
de controle.
a. Se um proprietário de direitos autorais tiver fornecido: (1) os
dados de referência para o conteúdo necessário para estabelecer uma
correspondência com conteúdo gerado pelo usuário, (2) as instruções sobre
como as correspondências devem ser tratadas e (3) as representações feitas
de boa que ele possui os direitos adequados sobre o conteúdo
(coletivamente, "material de referência"), então o serviço de CGU deve
aplicar a tecnologia de identificação sobre seu conteúdo para instaurar o
processo de filtragem descrito abaixo. Os serviços de CGU devem garantir
que especificações razoáveis, bem como quaisquer ferramentas e/ou suporte
técnico, para a entrega de material de referência sejam disponibilizadas aos
proprietários de direitos autorais. Se o proprietário de direitos autorais não
incluir nas instruções do material de referência a forma como as
42
correspondências devem ser tratadas, o serviço de CGU deve bloquear o
conteúdo que corresponda aos dados de referência.
b. A tecnologia de identificação deve usar material de referência
para identificar conteúdo áudio-visual gerado por usuários que
correspondam aos dados de referência e devem permitir que os proprietários
dos direitos autorais indiquem como cada caso deve ser tratado.
c. Se o proprietário dos direitos de cópia indicar no material de
referência que deseja bloquear CGUs que correspondam aos dados de
referência, os serviços de CGU devem utilizar a tecnologia de identificação
para bloquear os materiais correspondentes antes que esse conteúdo se torne
disponível (processo de filtragem). O proprietário dos direitos de cópia pode
indicar no material de referência que deve utilizar uma forma alternativa de
bloqueio (como permitindo que o conteúdo seja disponibilizado, licenciar o
uso do conteúdo ou outras opções), em cada caso, o serviço de CGU deve
seguir essas instruções ou bloquear o conteúdo, a seu critério.
d. Proprietários de diretos de cópia e os serviços de CGU devem
cooperar para garantir que a tecnologia de identificação seja implantada de
uma forma que balanceie os interesses em (1) bloquear conteúdo ilegal, (2)
permitir todo o conteúdo original e autorizado e (3) permitindo o uso justo e
correto.
e. Serviços de CGU devem utilizar a tecnologia de identificação
para bloquear conteúdo de usuários que correspondam a materiais de
referência independentemente do serviço possuir quaisquer licenças ou
outras relações comerciais com os proprietários dos direitos de cópia que
forneceram o material de referência em questão (além desse ponto, os
serviços de CGU podem exigir que os proprietários do direito de cópia
43
entrem em acordo para as especificações da entrega do material de
referência, seguindo um conceito que seja comercialmente razoável, e que
facilitem o fornecimento de material de referência pelos proprietários do
direito de cópia e que promovam a eliminação de violação de conteúdo). Se
o proprietário do direito de cópia autorizar usuários específicos que, em
outros casos, correspondia ao material de referência submetido. O
proprietário do direito de cópia deve prover ao serviço de CGU uma lista
desses usuários (aqui denominada lista branca).
f. Serviços de CGU podem, ao seu critério, utilizar revisão
manual (humana) de todo o conteúdo áudio visual em vez de ou em adição
ao uso da tecnologia de identificação, se exeqüível e se essa revisão é tão
eficaz como tecnologia de identificação em alcançar a meta de eliminar o
conteúdo infrator. Serviços de CGU e proprietários de direitos autorais
devem cooperar para assegurar que tal revisão manual seja implementada de
forma que efetivamente aja balanceando os interesses legítimos, (1)
bloqueando conteúdo infrator carregado por usuários, (2) permitindo envio
de material legítimo e autorizado e (3) permitindo uso justo complacente.
g. Proprietários de direitos autorais devem fornecer material de
referência apenas relativos a conteúdos que acreditam ser de boa e sobre
os quais eles tenham os direitos apropriados e devem atualizar as
informações de direitos para mantê-las precisas. Os serviços de CGU devem
cooperar de forma racional com os proprietários de copyright para garantir
que tais materiais de referência sejam utilizados pela tecnologia de
identificação, o mais rapidamente possível durante esses períodos de
sobrecarga.
h. Buscar atingir a meta de eliminar o conteúdo ilícito
imediatamente após a implementação da tecnologia de identificação e em
intervalos razoáveis a cada ano. Serviços de CGU devem utilizar a
44
tecnologia de identificação para remover conteúdo infrator que foi
carregado antes do material de referência ter sido disponibilizado.
i. Serviços de CGU e proprietários de direitos autorais deverão
cooperar no desenvolvimento de procedimentos para responder prontamente
alegações conflitantes relativas ao material de referência e a alegações de
usuários de que certo conteúdo que foi bloqueado pelo processo de filtragem
não viola nenhum direito ou foi bloqueado erroneamente.
4) Os serviços de CGU e proprietários de copyright devem trabalhar em conjunto para
identificar sites que são claramente dedicados ao, e predominantemente usados para
a divulgação de conteúdo infrator ou a facilitação de tal divulgação. Após a
afirmação de um serviço de CGU que um site é dedicado e usado para esses fins, o
serviço de CGU deve remover ou bloquear os links para tais sites. Se o serviço de
CGU for capaz de identificar links específicos que direcionam os usuários para
conteúdo não infrator em tais sites, o serviço de CGU pode permitir tais links, ao
mesmo tempo em que bloqueia todos os outros.
5) Serviços de CGU devem fornecer meios para identificação e pesquisa avançada
para os proprietários de copyright registrados para fim de: (a) para facilitar a
capacidade de tais proprietários de copyright para localizar conteúdo ilícito em
todas as áreas do serviço de CGU onde áudio ou vídeo carregado por usuários seja
permitido, exceto as áreas de conteúdo acessível somente a um pequeno número de
usuários (não representativos no número total de usuários do serviço de CGU) e (b)
para enviar avisos de violação sobre tal conteúdo.
6) Quando enviando avisos e fazendo alegações de infração, proprietários de
copyright devem fazê-lo de forma cordial e justa.
7) Proprietários de direitos autorais devem fornecer aos serviços de CGU as URLs que
identifiquem as localizações on-line onde for encontrado conteúdo que é objeto de
avisos de violação mas apenas na medida em que o serviço de CGU expõe essas
URLs.
8) Quando um serviço de CGU remover conteúdo em conformidade com um aviso de
infração, o serviço de CGU deve (a) fazê-lo rapidamente, (b) deve tomar medidas
45
para notificar a pessoa que fez o carregamento do conteúdo e (c) imediatamente
após a recepção de uma contra notificação, deve fornecer uma cópia da mesma para
a pessoa e, por opção, substituir o conteúdo se autorizado pela lei aplicável ou de
acordo com o proprietário do copyright.
9) Quando o conteúdo infrator é removido pelos serviços de CGU em resposta a um
aviso de um proprietário de copyright, o serviço de CGU deve notificar o
proprietário do copyright da remoção e deve permitir que o mesmo forneça ou
solicite ao serviço de CGU que forneça em seu nome, dados de referência para esse
tipo de conteúdo a ser utilizado por tecnologia de identificação.
10) Alinhado com a legislação aplicável e incluindo a legislação de privacidade do
usuário, serviços de CGU devem manter por pelo menos 60 dias: (a) a informação
relacionada com carregamentos de conteúdo de áudio e vídeo por usuários para
seus serviços, incluindo endereços IP e informações de data e hora para o conteúdo
carregado; e (b) o conteúdo carregado por usuário que esteve em seus serviços, mas
foi removido posteriormente após um aviso de violação. Serviços de CGU devem
fornecer essas informações e o conteúdo para os proprietários de copyright como
exigido por qualquer processo válido e consistente com a lei aplicável.
11) Serviços de CGU devem se esforçar para rastrear conteúdo infrator protegido por
direitos autorais pelo mesmo usuário e devem usar essas informações para a
implementação de uma política de desligamento de usuários reincidentes. Serviços
de CGU devem se esforçar para impedir que um usuário expulso carregue qualquer
material de áudio e vídeo e também bloqueando o uso de e-mails de usuários
bloqueados.
12) Na utilização desses princípios fora dos Estados Unidos, os serviços de CGU e
proprietários de copyright devem seguir estes princípios, na medida em que fazê-lo
assim, não seja contrário a lei da jurisdição estrangeira aplicável.
13) Proprietários de direitos autorais não devem afirmar que o cumprimento destes
princípios, incluindo esforços pelos serviços de CGU para localizar ou remover
conteúdo infrator conforme fornecido por estes princípios ou para substituir o
conteúdo após a recepção de uma notificação de contador eficaz tal como previsto
na lei de copyright, suporta a interdição de qualquer limitação sobre a
46
responsabilidade direta ou indireta, relativa á material on-line sob proteção de
direitos autorais ou estatutos substancialmente semelhantes de qualquer jurisdição
aplicável fora dos Estados Unidos.
14) Se um serviço de CGU atende a todos estes princípios de boa fé, o proprietário do
copyright não deveria alegar uma violação de direitos autorais contra tal serviço de
CGU relativa a conteúdo infrator carregado por usuário que permaneceu no serviço
de CGU apesar da adesão a estes princípios.
15) Serviços de CGU e proprietários de direitos autorais devem continuar a cooperar
uns com os outros no sentido de criar serviços ricos em conteúdo e livres de
violação. Para esses fins, serviços de CGU e proprietários de copyright devem
cooperar no teste de novas tecnologias de identificação de conteúdo e devem
atualizar estes princípios de acordo com os avanços na tecnologia, a incorporação
de novos recursos, a variações nos padrões de violação de conduta, alterações nas
atividades on-line dos usuários e outras circunstâncias adequadas.
47
5 O TELEJORNALISMO E O CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO
5.1 GESTÃO DO CGU NO TELEJORNALISMO MUNDIAL
As grandes emissoras de televisão, já na década passada, analisando o surgimento
da internet e a entrada da economia na chamada era da informação, começaram a perceber
que a interação com o consumidor estava mudando. A televisão teria que sair de um
modelo de palestra, onde somente um fala e os outros escutam, para uma conversa, criando
caminhos para que o fluxo de informação passa-se a ser bilateral. A barreira entre
produtores e receptores de conteúdo estava ficando nebulosa.
No caso do telejornalismo, o alarme para começar-se a buscar novas formas de
interação com o telespectador veio após o surgimento do jornalismo cidadão, onde através
de blogs, fotos e vídeos postados na internet, pessoas comuns de todo o mundo passaram a
cobrir fatos jornalísticos e dar notícias em primeira mão, muitas vezes antes dos veículos
de comunicação tradicional. Um exemplo extremamente importante e recente foi a notícia
sobre a morte do cantor Michael Jackson, que foi divulgada primeiramente por um blog, o
tmz.com, que inclusive foi citado pela CNN como fonte de suas informações nas primeiras
coberturas sobre o caso.
Ao longo da pesquisa, foram percebidos três processos principais para a gestão do
CGU na atividade do telejornalismo:
48
Incentivo ao envio de material
Controle e filtragem do material recebido
Exibição do CGU
Quanto ao incentivo ao envio de material por parte dos telespectadores, podemos
constatar que o que é dito por Von Hippel (2005) sobre a disponibilização gratuita de
inovações pelo usuário também pode ser aplicado ao CGU em geral. Quando um indivíduo
envia material para algum telejornal, em geral ele busca um benefício indireto, como por
exemplo a solução de um problema de falta de água em sua rua, que ele espera que seja
resolvido mais rapidamente através da exposição pública, ou esse cidadão está em busca de
fama, notoriedade, ou simplesmente porque esse é o melhor meio para divulgação do
material que ele possui. Portanto, se uma emissora de televisão pretende atrair uma maior
participação de seu público, ela pode: Divulgar suas ferramentas de colaboração, por onde
o público será capaz de enviar seu material, servir de veículo para a cidadania, ajudando a
população na interface com o poder público, mostrando e cobrando soluções para os
problemas levantados pelos telespectadores e divulgar ostensivamente o nome e as
características do indivíduo que contribuir com material que for exibido.
Um dos maiores desafios para o uso amplo do CGU no telejornalismo é a
necessidade de controle e filtragem sobre o material que é recebido. A partir do momento
que uma emissora de televisão divulga um vídeo, imagem ou informação em um de seus
telejornais, ela está assinando um atestado de veracidade para aqueles fatos. No caso do
telejornalismo, onde a credibilidade é a pedra fundamental para qualquer programa bem
sucedido, o controle sobre todo o CGU que seja exibido é essencial. Justamente pelo dito
acima, que o uso de CGU pelos telejornais não é um meio mais barato de produzir
noticiários, pois os mesmos profissionais de qualidade antes para a geração de material de
alta qualidade, agora tem que aplicar esforço igual para filtrar e averiguar a veracidade do
conteúdo recebido de telespectadores.
49
5.2 FERRAMENTAS PARA COLABORAÇÃO
Buscando traçar uma forma de comparação para o nosso estudo de caso, abaixo
serão apresentadas as principais ferramentas de colaboração das maiores redes de televisão
mundial que possuem atividade tele jornalística:
CNN iReport
Figura 5.1 Site do CNN iReport
É uma seção do site da CNN, onde qualquer um com mais de 13 anos pode carregar
e enviar fotos, vídeos, áudios e/ou textos, contato que esses materiais estejam de acordo
com os termos de uso contidos no site. É um exemplo muito bem sucedido de interação
com os indivíduos comuns e do aproveitamento do CGU.
A CNN, por ser um dos veículos de telejornalismo mais tradicionais de todo o
mundo, sempre recebeu material de cinegrafistas amadores, portanto a criação do Ireport é
uma forma de facilitar e alavancar o processo de recebimento e filtragem desse tipo de
50
material. Aqui também, podemos ver como que os chamados tool kits, tão citados por Von
Hippel (1988, 2005), são aliados poderosos para as empresas que gostariam de aumentar a
sua interação com o consumidor. Através de um site de colaboração, tanto se facilita o
processo do indivíduo comum que deseja enviar seu material, como o processo de busca e
controle por parte dos profissionais do jornalismo.
Como a maioria das empresas de jornalismo que lidam com CGU, uma das maiores
preocupações da CNN e quanto à veracidade e autenticidade do material que é recebido
por ela. Para tanto a CNN mantém uma equipe de sete funcionários dedicados a filtragem e
controle do material recebido, segundo entrevista concedida por Tyson Wheatley, um dos
editores fundador do CNN iReport para Patricia Seybold.
O site entrou no ar em agosto de 2006, nesse dia ele recebeu 13 contribuições em
vídeo de usuários. Em abril de 2008, o site recebia uma média de 400 arquivos por dia.
A taxa do conteúdo (áudio, vídeo, fotos ou estórias) que vai ao ar era de 10% no primeiro
semestre de 2008. Até o mês de dezembro de 2009, foram recebidos 393.003 arquivos e
20.785 desses foram exibidos pela CNN.
CBS Eye Mobile
Figura 5.2 Site do CBS Eye Mobile
51
A CBS seguiu o conceito dos outros sites de grandes redes de telejornalismo
mundial, servindo de portal para recebimento de vídeos e fotos do público em geral, que
possa ser utilizado nos telejornais de sua rede. A única diferença desse mecanismo da CBS
é perceptível através de seu nome, pois o foco maior da emissora é de receber material
enviado direto de celulares e smartphones. Com esse foco, a CBS acaba mirando nos
“furos de reportagem”, pois o usuário não precisa nem mesmo acessar um terminal de
computador para enviar esse material para a CBS, ele pode fazê-lo diretamente de seu
celular, do próprio local do acontecimento, enviando uma mensagem MMS ou um e-mail
diretamente para a editoria responsável.
BBC News Have Your Say
Figura 5.3 Site da BBC News Have Your Say
52
O tradicional canal inglês BBC, também está buscando uma maior interação com
seus telespectadores. O modelo para recebimento e filtragem do CGU é similar a das
outras emissoras, porém a BBC é uma das empresas que tem obtidos os números mais
expressivos de colaboração. Durante uma forte nevasca ocorrida em fevereiro de 2009, a
BBC bateu seu recorde de recebimento de CGU. 42.000 pessoas enviaram vídeos e fotos
dos acontecimentos, segundo Peter Horrocks, chefe dos noticiários da BBC, em entrevista
cedida ao site journalism.co.uk.
53
6. A GESTÃO DO CGU NOS TELEJORNAIS DA TV GLOBO
6.1 OS TELEJORNAIS REGIONAIS
Uma vez que a participação do telespectador têm se mostrado cada vez mais ativa e
presente nos mais diversos programas, desde o jornalismo ao programas de auditório, se
fez importante a definição de um nicho específico para o desenvolvimento da pesquisa.
Para tanto foram definidos os telejornais locais do Rio de Janeiro e São Paulo como foco
principal para as entrevistas e pesquisa exploratória.
Os telejornais locais possuem como característica uma maior aproximação da vida
cotidiana do telespectador, poderíamos dizer que é o telejornal que estabelece um vínculo
mais próximo com seus consumidores. Devido a essas peculiaridades, percebesse que a
colaboração do telespectador com esses programas é muito grande, talvez a maior entre os
programas televisivos, pois esses telejornais têm em seu cerne a qualidade de funcionarem
como um megafone para seus telespectadores, fazendo a ponte entre a população e o poder
público.
Dessa forma, acreditasse que uma pesquisa sobre os processos e características
sobre os modelos de gestão do CGU nos telejornais locais transmitidos pela TV Globo
possam fornecer um rico material para análise.
54
6.2 OS TELEJORNAIS DE SÃO PAULO
6.2.1 O SPTV - HISTÓRICO
O SPTV foi exibido pela primeira vez no dia 3 de janeiro de 1983. A segunda
edição estreou em 2 de julho do mesmo ano. Nessa primeira fase, o telejornal tinha apenas
10 minutos de duração, divididos em três blocos.
Com a sua criação, o intuito era de ampliar o espaço para o jornalismo regional na
programação da Rede Globo. Como seus similares em outros estados Rio de Janeiro,
Pernambuco, Minas Gerais e Distrito Federal , seu objetivo era conferir maior identidade
ao noticiário local, até então incorporado aos telejornais Hoje (1971), Jornal Nacional
(1969) e Jornal da Globo (1982).
Seis meses após a estréia, o SPTV ganhou uma edição às 12h40 com noticiário,
entrevistas de estúdio e uma agenda cultural e a edição noturna passou a entrar no ar
mais cedo, às 19h45. A primeira edição foi suspensa em 1989 e retornou aos demais
estados em 1992, exceto em São Paulo que, desde 1990, já experimentava um projeto novo
de jornalismo comunitário no telejornal São Paulo já. Este jornal, exibido em duas edições,
estreou no espaço antes ocupado pelo SPTV à noite que foi extinto e pelo Jornal Hoje,
que deixou de ser exibido em São Paulo na época. O São Paulo já serviu como ensaio para
o novo padrão de jornalismo que a emissora pretendia implantar em rede nacional,
fundamentado no fortalecimento do noticiário local e na maior participação ao vivo da
equipe de reportagem.
O SPTV edição tem como objetivo o jornalismo comunitário, além da cobertura
dos principais acontecimentos diários. Lideranças de bairro e autoridades debatem, ao
vivo, as soluções para os principais problemas da cidade e das comunidades. As notícias
quentes da manhã e as reportagens de Márcio Canuto compõem o perfil básico do jornal.
O quadro SPTV Comunidade ajuda a população da Grande São Paulo a resolver
problemas nos bairros, permitindo que possa reivindicar diretamente às autoridades
competentes solução para a falta de iluminação pública, segurança, transporte, saneamento.
O SPTV vêm cada vez mais servindo como um agente de cobranças da população junto ao
poder público.
55
O SPTV 2ª edição aprofunda e detalha as principais notícias do dia, os fatos que interferem
diretamente no cotidiano do paulistano. São reportagens investigativas, denúncias, séries
de matérias com um olhar diferenciado sobre o que acontece na cidade.
Em 1999, o SPTV recebeu o prêmio de “Melhor Programa Jornalístico do Brasil” da
APCA. Em 2000, foi o vencedor do grande prêmio Ayrton Senna de jornalismo com a
reportagem “Educação: de volta às aulas”, sobre crianças que catam sucata nas ruas.
Atualmente, o SPTV é exibido de segunda a sábado. Tem em média 25 minutos na
edição, apresentada pelos jornalistas Chico Pinheiro e Carla Vilhena. Na edição, seu
tempo médio de exibição é de 16 minutos e o apresentador é o jornalista Carlos
Tramontina.
As duas edições do SPTV são líderes de audiência em seus horários de exibição. O SPTV
1ª edição vai ao ar às 12h15 e o SPTV 2ª edição começa às 19h00.
6.2.2 O BOM DIA SÃO PAULO - HISTÓRICO
O Bom Dia São Paulo foi o primeiro informativo local matutino da Rede Globo,
transmitido pela primeira vez em 18 de abril de 1977, indo ao ar em duas edições
consecutivas de uma hora de duração , de segunda a sexta, às 7h. Apostava em um
jornalismo dinâmico, com noticiário local, prestação de serviços, entradas ao vivo a partir
de diferentes pontos da cidade e entrevistas em tom descontraído, para formar um público
cativo na faixa de horário que ocupava, considerada difícil para o telejornalismo até então.
O Bom Dia São Paulo esteve entre os primeiros telejornais da Rede Globo a adotar
o editorial, a promover campanhas semanais sobre questões de interesse da comunidade e a
manter uma agenda dos principais acontecimentos em Brasília. Além disso, era o único a
fazer referência às manchetes dos jornais brasileiros e, ainda, a reservar um espaço para
interpretação da manchete do New York Times.
O telejornal foi, também, o primeiro a ter como apresentador um jornalista atuando
como o âncora tradicional, segundo o modelo norte-americano, ou seja, conduzindo
entrevistas e reportagens com autonomia para fazer comentários e emitir opiniões. Carlos
Monforte, editor-chefe do Bom dia São Paulo em 1978, desempenhava esse papel
56
O Bom Dia São Paulo contava inicialmente com duas equipes de jornalistas, que se
revezavam na produção das edições. Ao completar dez anos, o telejornal envolvia 40
pessoas na sua produção.
O Bom Dia São Paulo chegou a 2005 sendo assistido por 645 municípios do estado
de São Paulo, com abertura cada vez maior para a prestação de serviços, a discussão de
temas sociais em reportagens especiais e a participação ao vivo das praças do interior.
Atualmente o Bom Dia São Paulo é apresentado de segunda a sexta, às 6h30.
6.2.3 Observações relevantes da entrevista
A entrevista foi realizada com o gerente de operações do jornalismo em São Paulo:
Fernando Gueiros. A escolha desse funcionário baseou-se em sua grande experiência e
“tempo de casa”, além de o foco de sua atividade ser a área operacional, nos permitindo
entender melhor os processos e a infra-estrutura necessária a gestão do CGU.
Durante a entrevista buscamos nos ater a situação atual dos telejornais que são o
foco da pesquisa, o Bom Dia São Paulo e o SPTV.
Quanto ao estímulo ao envio de conteúdo pelos telespectadores:
O estímulo para o envio de conteúdo é constante em
nossos telejornais, principalmente o SPTV e o Radar SP, que são
telejornais com um foco mais comunitário. As editorias estimulam que
as pessoas enviem seus vídeos com flagrantes e reclamações,
através dos sites dos programas, que possuem áreas específicas
para essas contribuições onde é feito um cadastro e, a partir desse
momento, o telespectador pode anexar um vídeo ou imagem e enviar
as editorias dos telejornais. De dois anos é que se intensificou esse
processo de estímulo ao envio de material pelo telespectador. Esse
projeto se iniciou no Fantástico, buscando estabelecer esse maior
contato com os telespectadores que cada vez mais, devido aos
avanços tecnológicos, se tornam cinegrafistas amadores, utilizando
as câmeras de seus celulares em qualquer local.Costumava-se dizer
que, no futuro todos teriam quinze minutos de fama, eu diria que no
futuro todo mundo será um canal de televisão, todo mundo será um
canal de comunicação, através de sites, blogs e vídeos postados no
youtube, todas essas facilidades são vistas como uma ferramenta
importante para que os telespectadores virem nossos olhos e
57
ouvidos, e se transformassem em repórteres. Existem pessoas que
vivem disso, freelancers que monitoram rádios da polícia e bombeiros
e vão até os locais de acidentes ou ocorrências em geral para realizar
filmagens e vender para a televisão.
No caso de freelancers, a gente compra os direitos de
imagem, a pessoa assina um contrato padrão onde cedem
permanentemente os direitos de uso da imagem. Já no caso das
contribuições vindas do telespectador, antes de ser feito o upload das
imagens ou vídeos através dos sites de colaboração dos telejornais, é
necessário um cadastro do usuário onde ele e precisa aceitar os
termos de um contrato existente no site, onde o usuário cede todos
os direitos de veiculação daquele material em qualquer tipo de mídia.
Como forma de estímulo, o nome das pessoas que
enviam esses materiais sempre são divulgados durante os telejornais.
Esse crédito nem sempre é escrito, podendo ser muitas vezes
somente uma menção verbal. A pessoa se sente importante de
contribuir para um meio de comunicação tradicional como a TV
Globo.
Quanto à propriedade e direitos de transmissão do CGU:
No caso da internet, existe um termo de concessão no
próprio site, já quando o material é entregue diretamente a TV Globo,
na maioria das vezes por cinegrafistas amadores que fizeram desse
processo um trabalho, eles assinam um termo de concessão muito
similar.
Quanto aos processos e infra-estrutura:
Através de um servidor dedicado somente para o
recebimento de material enviado pelos telespectadores, os vídeos e
imagens são levados para dois terminais localizados na redação dos
telejornais, que são responsáveis respectivamente pelo download e
pela pesquisa desse material. Existem editores nos jornais
designados para acessar esses terminais e avaliar o material
recebido.
Na busca por garantir a veracidade das imagens e
informações passadas pelos telespectadores, os editores dos
telejornais, além de checarem por si mesmos os vídeos recebidos,
muitas vezes também entram em contato através de e-mail ou
telefone com os usuários que enviaram o material, para investigar
melhor o conteúdo recebido.
Nem todo o material recebido é pesquisado. Se por acaso
acontece um acidente ou algo similar, os editores monitoram os
terminais de recebimento com maior freqüência, esperando receber
58
conteúdo que complemente a matéria em questão, porém grande
parte do material recebido o passa pela filtragem da redação e não
é aproveitado.
No dia a dia não existe a preocupação de gerir todo o
material recebido e sim, aproveitar o que porventura venha aparecer.
O processo de pesquisa acaba sendo por amostragem, existe uma
rotina de sempre se olhar o conteúdo que está sendo recebido, mas
nenhum processo que visse garantir a visualização de todo o material
recebido. A busca é feita através da observação dos títulos dos
arquivos e mensagens recebidas, com essa observação o editor
procurar os assuntos que mais possam interessar para aquela edição
do telejornal.
Quanto ao processo e a infra-estrutura necessários, uma
vez instaurados, não apresentam grandes dificuldades no seu uso.
Talvez a dificuldade maior seja a rotina de administrar esse conteúdo,
filtrando-o e percebendo as melhores oportunidades para utilizá-lo.
O maior foco das editorias ao utilizar esse sistema é a
busca por informações comunitárias, denúncias e situações
específicas de bairros e pequenas zonas.
Em geral, a qualidade do material não é boa, porém a
divulgação da informação para o telespectador nesses casos é mais
importante do que a qualidade do vídeo.
Quanto à política e evolução no uso do CGU:
O uso de CGU é visto como uma vantagem nas redações
dos telejornais. A partir do momento que você traz o telespectador
para fazer parte desse processo de geração de conteúdo, você está
mostrando a ele que, apesar de estar em uma mídia onde ele o
possui tanto controle do que está assistindo, ele também pode
contribuir de alguma forma e ditar pelo menos algumas partes do que
está sendo exibido. Entre os jornalistas, esse modelo também é muito
bem aceito, pois ele é visto como um chamariz de audiência, pois a
participação dos telespectadores tende a aumentar o interesse do
público no telejornal.
No momento, não se vislumbra nenhum tipo de
diminuição no quadro de funcionários das editorias devido à
contribuição dos telespectadores, pois a porcentagem de tempo
ocupada pelo conteúdo gerado pelo usuário é muito pequena hoje em
dia, de nenhuma forma acreditamos que poderemos diminuir nosso
quadro funcional através do uso de material enviado pelo
telespectador.
Percebemos que o aumento na quantidade de material de
CGU que chega às redações é proporcional ao aumento na venda de
máquinas fotográficas baratas, celulares com câmeras, aumento da
59
compra de computadores e de usuários de internet, todos esses
fatores vêm aumentando a quantidade de CGU recebida.
A quantidade de material que realmente é utilizado nos
telejornais ainda é muito pequena. O critério para uso é estritamente
editorial, não existe nenhum conceito de se utilizar um tempo
predeterminado em cada telejornal, tudo depende da qualidade da
informação e do ineditismo do material recebido.
Consolidação de dados e análise da entrevista:
Analisando-se a entrevista, constatamos que o principal canal de comunicação entre
o telespectador e os telejornais no que diz respeito ao CGU é a internet, pois todos os
telejornais citados possuem sites onde, através de interfaces amigáveis, o telespectador é
capaz de enviar seus vídeos e mensagens diretamente para a redação do telejornal.
Quanto ao estímulo ao envio de material por parte do telespectador, temos a
divulgação constante dos canais de comunicação através dos próprios telejornais. Porém,
conforme citado por Von Hippel (2005), uma das principais causas para essa contribuição,
principalmente se tratando de um veículo de massa tão popular, é o sucesso ou o
reconhecimento público de quem contribui. Podemos também citar os casos onde o
telespectador receberia um benefício direto, como por exemplo, quando se mostra um
buraco no asfalto na porta de sua casa que possivelmente terá uma solução mais rápida
devido à exposição pública.
Quanto a pagamentos por CGU recebido, esse somente existe para os chamados
cinegrafistas amadores, mas que na verdade são considerados semi profissionais, pois
fizeram da venda de suas imagens um negócio. No caso do material enviado pela internet
via os sites dos telejornais, não existe nenhum processo para pagamentos por material
recebido.
Fica claro também que essas são práticas recentes, iniciadas em meados de 2007,
portanto podemos presumir que os processos inerentes ainda serão lapidados e melhorados
ao longo dos próximos anos, principalmente com o provável aumento dessa contribuição
devido ao número crescente de computadores nos lares brasileiros, ao aumento de renda
das classes mais baixas e aos avanços tecnológicos constantes nas áreas de streaming de
vídeo, internet banda larga, câmeras digitais compactas, entre outros.
60
Quanto ao filtro e controle sobre o CGU que será transmitido, os conceitos são os
mesmos aplicados a qualquer material de jornalismo, a preocupação é sempre o bom gosto
do material e as possíveis implicações éticas. Os responsáveis pelo filtro e escolha do
material a ser exibido são os próprios editores do jornal, porém, esses editores administram
essa tarefa juntamente com todas as outras inerentes a sua atividade, portanto nem todo
material recebido é assistido. Com isso percebemos que para se aproveitar melhor esse tipo
de material seria necessário uma estrutura maior, talvez com um funcionário dedicado
somente a atividade de pesquisa de CGU.
Quanto à qualidade do material recebido, a situação atual é de uma maioria de
vídeos e fotos de baixa qualidade, porém, com o barateamento das câmeras digitais e com
celulares com câmeras cada vez mais poderosas, a tendência natural é que ocorra uma
melhoria contínua dessa qualidade ao longo dos anos e um aumento na quantidade de
material de qualidade recebido. Como no telejornalismo, a informação é mais importante
do que a qualidade de uma imagem, podemos perceber a importância que o chamado
jornalista cidadão terá no futuro.
A quantidade de material de CGU recebido vem aumentando ao longo dos últimos
anos, porém a quantidade desse mesmo material que vai ao ar, o tem crescido na mesma
proporção, mantendo-se praticamente estática. Essa informação nos mostra que talvez
existam possibilidades para aproveitamento desse material que ainda não foram
exploradas.
6.3 OS TELEJORNAIS DO RIO DE JANEIRO
6.3.1 O RJTV HISTÓRICO
Assim como seus similares em outros estados, como São Paulo, Pernambuco,
Minas Gerais e Distrito Federal, o RJTV estreou em janeiro de 1983, às 19h48, para dar
voz ao jornalismo local na programação da Rede Globo, apresentando matérias de serviço
e comentários sobre os fatos mais importantes do dia.
61
O jornal durava dez minutos e era dividido em três blocos de cerca de três minutos
cada, com reportagens ao vivo, realizadas no local dos acontecimentos, além de reservar
espaço para notícias sobre esporte e problemas no trânsito da região.
Apresentado por Berto Filho, o RJTV estreou dando ênfase às notícias do dia em
todo o estado, incluindo a cobertura meteorológica e comentários sobre política e
economia.
Seis meses após a estréia, em 1983, o RJTV ganhou uma edição às 12h40, com
noticiário, entrevistas de estúdio e uma agenda cultural. A edição noturna passou a entrar
no ar mais cedo, às 19h45.
O RJTV teve ainda uma terceira edição (de março de 1983 a março de 1989), que ia
ao ar logo após o Jornal da Globo e se dividia em dois blocos: o primeiro era reservado à
cobertura dos fatos ocorridos depois da segunda edição, atualizando o noticiário do fim de
noite; o segundo bloco apresentava colunas de esporte, política, economia e cultura. Os
colunistas, acionados de acordo com a necessidade, davam notícias exclusivas e
analisavam os fatos de suas respectivas áreas. A partir de 25 de março de 1984, o telejornal
também chegou a ser exibido aos domingos, depois do Fantástico, ampliando e
complementando com detalhes as notícias divulgadas no programa. Essa edição saiu do ar
em 21 de junho de 1987.
A década de 2000 no RJTV começou com o fortalecimento do debate entre os
moradores e os órgãos públicos em prol da comunidade. O telejornal investiu em
campanhas e discussões, cobrando soluções para a melhoria das condições de vida na
cidade. A primeira edição do telejornal passou a ter duração média de 50 minutos, com
apresentação de Márcio Gomes e Ana Paula Araújo, um aproveitamento massivo de
entradas ao vivo e a participação de colaboradores, como a procuradora de Defesa do
Consumidor Léia Freire. Em diversas ocasiões, o telejornal foi apresentado de fora do
estúdio, criando uma maior cumplicidade com o público e transformando os
apresentadores em locutores e repórteres. Ainda naquele ano, o RJTV edição firmou
parceria com a Central de Atendimento ao Trabalhador, da Social Democracia Sindical. De
janeiro a junho, as divulgações das ofertas de emprego levaram à contratação de sete mil
pessoas. No mês seguinte, o telejornal também acertou um convênio com o CIEE (Centro
de Integração Empresa-Escola), o que estimulou o aumento do número de empresas
cadastradas e de ofertas de estágio.
62
Após um ano de novo formato, o RJTV 1 já era considerado praticamente um
porta-voz da população do Rio de Janeiro, direcionado para o fortalecimento da cidadania
dos moradores do estado. Boa parte da pauta do telejornal já começava a nascer da
interação com os telespectadores, através de telefonemas, da internet e do contato nas ruas
com as equipes de reportagem. Muitas das denúncias apresentadas no jornal tinham origem
nessa participação do público.
A partir de 2002, o site do telejornal e urnas eletrônicas instaladas em diferentes
locais do Rio foram fundamentais para aprofundar a interação com a comunidade.
Um dos destaques de 2005 no telejornalismo da Globo no Rio, com benefícios para
todos os telejornais, foi a implantação de uma base de jornalismo na Baixada Fluminense,
no Rio de Janeiro, composta por dez funcionários, quase todos residentes na região. Com
isso, a editoria do Rio fortaleceu a qualidade das informações e passou a ocupar um espaço
vazio do noticiário, cobrindo diariamente os fatos mais importantes dos 13 municípios da
Baixada, e falando para a população da região, cerca de quatro milhões de pessoas.
O RJTV ganhou muitos prêmios ao longo dos anos. Em 2002, levou o prêmio
Qualidade Brasil de melhor programa jornalístico regional. Somente em 2003, foi
premiado pela Confederação Nacional do Trânsito pela série Rio engarrafado; ganhou o
troféu da Associação Brasileira de Concessionárias e Rodovias pela série Olhos da Ponte,
que mostrava a rotina da ponte Rio - Niterói; o prêmio Austregésilo de Athayde de melhor
telejornal local; e levou o Qualidade Brasil de melhor telejornal regional (edição Rio de
Janeiro), premiação que se repetiu em 2005. Márcio Gomes foi premiado como melhor
apresentador, com o Qualidade Brasil, nos anos de 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006. Na
premiação de 2005, Ana Paula Araújo foi eleita junto com Márcio. Também em 2003, o
telejornal recebeu o prêmio Tim Lopes de Telejornalismo, do Disque-Denúncia do Rio,
para a reportagem sobre a organização de traficantes de droga em Niterói, realizada pelo
repórter André Rohde.
O repórter Edmilson Ávila foi premiado pela Confederação Nacional dos
Transportes (CNT) em 2004, na categoria Telejornalismo, pela série Passageiro cidadão.
Edmilson, junto com Edney Silvestre, havia sido condecorado pela CNT em 2003, pela
série O Rio engarrafado. Em 2006, o RJTV ganhou o prêmio Tim Lopes de Jornalismo
Investigativo pela reportagem sobre ambulâncias pintadas com o logotipo da Secretaria
Estadual de Saúde, paradas em pátios de concessionárias e depósitos de automóveis.
63
O RJTV 1ª edição é exibido de segunda-feira a sábado, às 11h55. O RJTV 2ª edição
vai ao ar, de segunda-feira a sábado, às 18h45.
6.3.2 O BOM DIA RIO HISTÓRICO
O Bom dia Rio foi transmitido pela primeira vez em 3 de janeiro de 1983, com uma
proposta similar a do telejornal Bom dia São Paulo, no ar desde 1977: conjugar noticiário
local e dinâmico com prestação de serviço, entrevistas em tom descontraído e entradas ao
vivo dos repórteres, a partir de diferentes pontos da cidade.
Em 1992, reforçando o perfil de prestação de serviço, foram incluídos três novos
quadros no telejornal: Defesa do consumidor ia ao ar às quintas-feiras, respondendo a
dúvidas e informando sobre os direitos e deveres dos telespectadores em relações
comerciais com empresas e órgãos públicos; Balcão de empregos, exibido todas as
segundas-feiras, divulgava ofertas de trabalho que a produção do programa recolhia junto
ao Serviço Nacional de Empregos (Sine); e Situação das estradas oferecia um panorama
das rodovias, de acordo com informações do Departamento Nacional de Estradas e
Rodagem (DNER), para o dia e o fim de semana. Essas mudanças vieram para deixar
clara a intenção do telejornal de estreitar os laços com seu telespectador e de servir como
veículo para ações de cidadania.
Em agosto de 2005, Ana Luiza Guimarães foi convidada para ser a apresentadora e
editora executiva do telejornal, cargos que continuou exercendo em 2006. O Bom dia Rio
já ocupou o horário das 7h; atualmente é exibido às 6h30.
6.3.3 Observações relevantes da entrevista
A entrevista foi realizada com o chefe de redação da editoria Rio: Márcio Sternik.
A escolha de um profissional de jornalismo nos permitiu acompanhar uma visão de
quem é responsável pelo produto que vai ao ar, muito mas focado nos fins
alcançados, do que nos meios (processos).
64
Quanto ao estímulo ao envio de conteúdo pelos telespectadores:
“Existe muito estímulo ao envio de CGU, embora ainda
estejamos engatinhando nesse assunto. O próprio repórter estimula
ao longo da matéria o envio de material ou mesmo informação por
parte da população, bem como os apresentadores dos telejornais.
Temos no site do RJTV uma parte chamada Vc no RJ, onde qualquer
pessoa pode enviar vídeos ou imagens para a redação dos
telejornais, além de uma área para envio de e-mails e outra com
contatos telefônicos para que o telespectador fale diretamente com a
TV Globo.
Atualmente não existe qualquer forma de pagamento para
o material enviado pela internet, mas o que é percebido pelos
profissionais da área é que o maior estímulo é o da cidadania. Por
exemplo, a pessoa envia a imagem de um buraco em sua rua e esse
material posteriormente é exibido nos telejornais, muitas vezes com a
participação do cidadão que gerou o vídeo ou imagem, com isso, na
maioria das vezes, a solução para o buraco da rua é muito mais
rápida.
Quanto à propriedade e direitos de transmissão do CGU:
Existe um termo de concessão de direitos de imagem nos
sites que todas as pessoas que quiserem enviar qualquer material
devem aceitar antes de poderem enviá-lo. Aceitando esse termo a
pessoa libera o uso de seu material para a TV Globo em qualquer
mídia, horário, número de repetições, entre outros.
Quanto aos processos e infra-estrutura:
Não existe uma norma ou um manual de processos para
o uso de CGU nos telejornais, mas os que as redações costumam
fazer é checar com cautela a veracidade dos fatos enviados, muitas
vezes indo até os locais das imagens para constatar a real situação.
Existe um grande cuidado quanto isso, pois a partir do momento que
transmitimos algo, aquela passa a ser a visão da empresa sobre
aquele fato, portanto temos que primar pela verdade.
O material é recebido através de um servidor e uma
equipe de produtores que trabalha especificamente com o site do
RJTV na internet, faz a triagem desse material. Essa equipe não
trabalha somente com essa filtragem, esses funcionários também
possuem atividades na produção do telejornal.
“O primeiro passo ao receber qualquer CGU é a
checagem da veracidade do material, através de visitas ao local das
imagens, ligações para os telespectadores para colher mais
informações da situação, entre outro, e, em segundo lugar, esse
65
material é apresentado pelo produtor na reunião de pauta do
telejornal onde será discutida sua relevância com toda a equipe. Após
esse processo, a matéria é aprovada ou não pelo editor chefe.
No momento as redações não são capazes de filtrar todo
o material que recebemos, para isso seria necessário um aumento no
número de funcionários de cada equipe. Apesar de não conseguirmos
olhar todo material, essa não é uma prioridade nossa, o importante é
que haja uma constante avaliação e uso desse tipo de material no ar.
“Não percebemos grandes dificuldades para o uso
constante de CGU nos nossos telejornais. Provavelmente, a principal
dificuldade é a baixa qualidade do material enviado pelo
telespectador, porém, cada vez mais, o uso desse tipo de material
tem aumentado. No início havia muito receio dentro da empresa com
o uso de material de baixa qualidade, pois se temia que o padrão
globo de qualidade pudesse ser manchado com a veiculação desse
tipo de material no ar. Porém, com o passar do tempo foi-se
percebendo que o valor da participação do telespectador na
programação superava qualquer risco desse âmbito. Outro empecilho
seria a falta de sinergia entre as equipes que trabalham com a
internet e com a TV aberta, pois no momento que os dois trabalharem
com uma maior conexão, se ajudando e trocando material com maior
freqüência, a tendência de crescimento no uso de CGU é grande.
Quanto à política e evolução no uso do CGU:
O uso do CGU é visto como um grande benefício pelos
repórteres. Os papéis estão muito bem definidos, os chamados
jornalistas cidadãos são um adendo a estrutura, porém a necessidade
de jornalistas e produtores não mudou, pois é nesses profissionais
que confiamos para a criação de material de qualidade.
A quantidade de CGU enviado aos telejornais tem
aumentado constantemente ao longo dos últimos anos. Os celulares
hoje em dia são capazes de filmar, fotografar e quase que
instantaneamente enviar essas imagens através da internet, com isso
a participação do telespectador só tem aumentado. A quantidade de
tempo ocupado por CGU nos telejornais também vêm crescendo.
“Está sendo criado um novo sistema de gestão para o
jornalismo, onde diversos indicadores estão sendo inseridos. Não sei
se o parâmetro de participação do telespectador está sendo incluído,
mas acredito que sim. Com isso, passaremos a gerenciar melhor a
quantidade de material de CGU utilizado.”
Consolidação de dados e análise da entrevista:
66
O estímulo a participação do usuário é um dos pontos mais importantes a serem
definidos por qualquer empresa que busca atrair contribuições de seus consumidores. Em
seus estudos, Von Hippel (2005) apontava que a remuneração monetária não é um dos
estímulos de maior sucesso e essa máxima parece proceder também no caso das
contribuições aos telejornais. O entrevistado aponta a cidadania e a solidariedade como
principal fator motivador para o estímulo de envio de material pelos telespectadores.
Quanto aos direitos de transmissão, a empresa sempre se resguarda através de
termos de concessão amplos, que devem ser aceitos pelo telespectador antes do envio de
qualquer material as redações dos telejornais.
O canal de recebimento do CGU é mais uma vez, a internet, através dos sites dos
telejornais. Após o recebimento, profissionais designados para essas tarefas começam a
buscar material de interesse do telejornal para que seja levado ao ar. Porém, existem
algumas etapas antes que essas imagens ou vídeos possam ser exibidos. A primeira delas, e
talvez mais importante, é a confirmação da veracidade dos fatos apresentados. Muitas
vezes são recebidos materiais onde fica clara a intenção de se prejudicar alguém,
principalmente políticos ou instituições em geral, daí a importância desse processo de
checagem que, vai desde pesquisas, visitas aos locais, até ao contato direto com o
responsável do envio do material.
Mais uma vez foi constatado que, a quantidade de material recebido é muito maior
do que pode ser usado, ou mesmo filtrado pela equipe de um telejornal, porém o
entrevistado acredita que essa não é uma barreira para um uso maior de CGU no
telejornalismo, a principal dificuldade seria a falta de qualidade do material enviado,
situação que tende a melhorar com os avanços tecnológicos da fotografia e filmagem
domésticas.
No momento atual, o CGU enviado pelos denominados cidadãos jornalistas é visto
somente como um grande benefício a atividades dos jornalistas, diferentemente de como se
poderia pensar visualizando-se uma suposta substituição gradual de material produzido por
profissionais formados pelo material de cidadãos comuns, o que poderia ser um grande
risco a própria profissão dos jornalistas. Porém, não é essa a visão do entrevistado.
67
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1 CONCLUSÕES
Os telejornais da TV Globo estudados apresentam uma mesma plataforma para
recebimento de conteúdo enviado pelos telespectadores. Apesar de cada um nomear sua
ferramenta de uma forma diferente, existe uma convergência de aproveitamento de uma
mesma estrutura técnica para todos os telejornais. Até por isso, todos os telejornais
estudados apresentam no momento características muito similares quanto a gestão do
CGU.
No quadro abaixo compara as ferramentas de colaboração utilizadas pelos
telejornais da TV Globo com os de outras emissoras ao redor do mundo:
Plataforma
TV Globo
CNN iReport
CBS Eye
Mobile
BBC News
Have
Your Say
Tipo de arquivos aceitos
Vídeo
X
X
X
X
Imagem
X
X
X
Áudio
X
X
X
68
Texto
X
Envio de conteúdo
pela internet
X
X
X
X
Envio de conteúdo
pelo celular
X
X
Exige cadastro para
envio de conteúdo
X
X
X
Possui aplicativo
para iphone
X
X
Possui site de
colaboração dedicado
ao conteúdo enviado
X
X
X
Quadro 7.1 Dados comparativos entre as plataformas de colaboração
Avaliando-se o quadro acima, é possível tentar traçar uma comparação entre a
situação do telejornalismo brasileiro e as experiências do resto do mundo quanto as
ferramentas utilizadas na gestão de CGU. O quadro acima compara as ferramentas de
contribuição disponibilizadas pelas grandes emissoras de TV que possuem grande foco no
telejornalismo. Como visto no capítulo 3, as ferramentas de colaboração, também
chamadas de tool kits, possuem papel essencial para alavancagem na quantidade e
qualidade de CGU recebido pelo veículo de comunicação, pois com boas ferramentas, a
tendência é que um indivíduo que envie arquivos uma vez possa se tornar um colaborador
constante ou no melhor dos mundos, adquirir características de usuário líder (Von Hippel,
2005), catapultando material de alta qualidade e inovações para a empresa.
Quanto aos tipos de arquivos aceitos pelas plataformas presentes no quadro 7.1,
percebemos que a estrutura da TV Globo ainda está limitada se comparada a das outras
emissoras, pois a mesma aceita arquivos em vídeo, enquanto que as outras recebem
uma gama maior de tipos de conteúdo. Nesse quesito podemos destacar a BBC sendo a
emissora que aceita o maior tipo de conteúdos que o usuário queira enviar. Quanto maior a
liberdade dada ao indivíduo comum de enviar qualquer tipo de arquivo, aparentemente,
aumenta a chance de se conseguir material de qualidade, pois muitas vezes um “furo de
69
reportagem” pode vir de alguém que não possui vídeos nem fotos de certo acontecimento,
porém foi testemunha ocular de um acontecimento e gostaria de enviar um texto contando
sua estória, ou se o indivíduo conseguiu gravar somente o áudio de uma conversa entre
políticos, por exemplo.
No caso da TV Globo existem outras formas de contatar a emissora através de e-
mails ou telefones, porém a concentração de todo tipo de contribuição em uma única
plataforma de recebimento tende a ser benéfica tanto para o usuário quanto para a empresa.
Um usuário que possue algum material que não vídeo pode se frustrar ao não encontrar
com facilidade como enviar aquele material a empresa, podendo assim desistir de fazê-lo
ou até mesmo procurar outra emissora concorrente para divulgar seu material,
simplesmente por ser o caminho mais fácil. Já para a empresa, a concentração desse
recebimento em uma única plataforma agiliza todo o processo desse material até ele chegar
ao ar, além de gerar ganhos de escala e escopo.
A BBC e a CBS já implantaram o sistema para recebimento de conteúdo direito de
celulares e smartphones, através de mensagens MMS. Apesar da internet continuar sendo o
meio mais popular para o envio desse tipo de material, principalmente devido a velocidade
das conexões, é sempre interessante abrir um novo canal para recebimento, principalmente
se tratando de um canal que permite mobilidade e envio de material de qualquer lugar, no
momento dos acontecimentos. A adesão da plataforma da TV Globo a esse tipo de
recebimento poderia trazer benefícios para a gestão do CGU.
Dentre as emissoras comparadas, somente a BBC não exige um cadastro
autenticado através de e-mail para permitir o envio de conteúdo. Por coincidência ou não, a
BBC é dessas emissoras a que vêm batendo seguidos recordes em quantidade de
contribuições recebidas. Aqui vale a máxima de que a função dos tool kits é guiar o usuário
para extrair a maior quantidade e qualidade do conteúdo que ele está disponibilizando.
Muitas vezes, se um usuário se depara com uma ficha e com a necessidade de se criar um
cadastro, ele pode simplesmente desistir de enviar seu conteúdo aquela emissora.
A facilidade CBS e a CNN criaram aplicativos para iphone que facilitam o envio e
acesso a suas ferramentas de jornalismo cidadão. Com isso, além de facilitarem ao máximo
a colaboração com seus usuários, ainda associam seus telejornais a um produto que é
sinônimo de tecnologia e qualidade.
70
A plataforma da TV Globo é a única que não possui um site dedicado ao jornalismo
cidadão. O link para envio de conteúdo encontrasse dentro do site do próprio telejornal, o
que acaba passando a tarefa de escolher qual telejornal deve veicular o conteúdo para o
próprio usuário. A experiência das outras emissoras parece ser mais bem sucedida,
concentrando todas as contribuições para um único local e posteriormente direcionando o
material para o telejornal que mais lhe convêm. Obviamente a TV Globo também faz esse
tipo de escolha, porém isso não fica claro para o usuário que faz o envio de material.
A existência de um site dedicado ao recebimento e compartilhamento de CGU
parece ser uma das chaves para o sucesso dessas iniciativas. É importante permitir que os
vídeos, imagens, textos e áudios dos usuários fiquem disponíveis para livre acesso por
outros, gerando assim um senso de comunidade e uma comunicação mais aberta, e não
somente unilateral, como é o caso das experiências atuais da TV Globo. Esse tipo de
interação entre os próprios usuários faz com que a quantidade e a busca constante por
novos vídeos ou fotos para upload aumente. Quando o indivíduo comum envia um arquivo
para um site desses, ele pode estar buscando uma solução para um problema real ou
simplesmente reconhecimento, e como sabemos que a possibilidade de um desses vídeos
ser o escolhido para ir ao ar é pequena, e se torna menor com o aumento de contribuições,
outra forma de satisfazer esse colaborador é permitir que seu material seja visto e
reconhecido pelos outros membros da comunidade de uploaders. Esse senso de
comunidade é um ambiente extremamente favorável para o surgimento de usuários líderes
(Von Hippel, 2005), que tendem a ser responsáveis um grande número de inovações e
melhorias de processos. O site de colaboração parece gerar um ciclo virtuoso para aumento
da quantidade e da qualidade do material recebido, além de poder se tornar auto-
sustentável, recebendo recursos através de propagandas.
As práticas de integração com os jornalistas cidadãos atualmente utilizadas pela TV
Globo ainda são experimentais, assim como as iniciativas das outras emissoras avaliadas,
por isso acreditamos que mudanças nesses processos devem surgir ao longo dos próximos
anos. Através do estudo de caso e da comparação com outras emissoras, pudemos levantar
as boas práticas na gestão do CGU para o telejornalismo e foi possível perceber que muitos
processos utilizados por empresas estrangeiras poderiam ser agregados imediatamente as
práticas da TV Globo.
71
7.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Recomenda-se para estudos futuros, investigar a gestão do CGU nas outras
emissoras de televisão do país, buscando assim traçar um comparativo e perceber a real
situação dessas práticas em todo o Brasil.
Recomenda-se também estudos quantitativos, que possam mostrar a evolução na
quantidade de CGU recebido pelas emissoras brasileiras e na quantidade desse material
que é exibido.
72
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76
9 ANEXOS
ANEXO 1
Questionário utilizado nas entrevistas durante pesquisa de campo.
1) A redação do telejornal estimula o envio de conteúdo pelo usuário?
2) Quais as formas de estímulo a criação de conteúdo pelo usuário? (pagamentos,
recompensas, divulgação)
3) Como é tratada a questão da propriedade intelectual e dos direitos de
transmissão do CGU?
4) Existiu uma participação da assessoria jurídica da empresa para definir como o
CGU deveria ser tratado?
5) Existem regras internas (manual, normas ou outro) para o uso de conteúdo
gerado pelo usuário?
6) Como é o processo de recebimento e filtragem do material proveniente do
usuário?
7) Quais são os processos utilizados para controle e validação da veracidade do
conteúdo gerado pelo usuário?
8) Existe estímulo para que um usuário que tenha contribuído com conteúdo se
torne um colaborador constante?
77
9) A redação possui auto-suficiência para gerir todo o conteúdo recebido de
usuários?
10) Quais as principais dificuldades encontradas para o uso de CGU?
11) Como é visto o CGU dentro da redação do telejornal?
12) Como vem sendo a evolução na quantidade de CGU recebido pela redação entre
2000 e 2009?
13) Como vem sendo a evolução na quantidade de CGU exibido nos telejornais
entre 2000 e 2009?
14) Existe algum relacionamento com colaboradores profissionais de fora da
empresa?
15) Qual foi a melhor experiência que a redação teve utilizando conteúdo gerado
pelo usuário?
16) Existe algum tipo de gestão baseada em indicadores como, por exemplo,
quantidade de tempo ocupado nos telejornais por CGU?
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