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MARIA ANGÉLICA SADIR PRIETO
A INFLUÊNCIA DO TREINO DE CONTROLE DO
STRESS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO
TRABALHO
PUC-CAMPINAS
2010
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MARIA ANGÉLICA SADIR PRIETO
A INFLUÊNCIA DO TREINO DE CONTROLE DO
STRESS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO
TRABALHO
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Psicologia
do Centro de Ciências da Vida – PUC-
Campinas, como requisito para obtenção
do título de Doutor em Psicologia como
Profissão e Ciência.
Orientador: Profa. Dra Marilda E. N. Lipp
PUC-CAMPINAS
2010
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Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e
Informação - SBI - PUC-Campinas
t158.7 Prieto, Maria Angélica Sadir.
P949i A influência do treino de controle do stress nas relações interpes-
soais no trabalho / Maria Angélica Sadir Prieto . - Campinas:
PUC-Campinas, 2010.
xviii,186p.
Orientadora: Marilda E. N. Lipp.
Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em Psicologia.
Inclui bibliografia.
1. Stress ocupacional. 2. Stress (Psicologia). 3. Relações
humanas. 4. Trabalho – Aspectos psicológicos. 5. Habilidades
sociais. I. Lipp, Marilda Novaes. II. Pontifícia Universidade Católica
de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em
Psicologia. III. Título.
22.ed.CDD – t158.7
“Não vale a pena começar aquilo que não se deseja perseguir até o fim”.
H F Amiel
Dedicatória
Dedico esta tese aos meus pais, Raul e
Isabel, que são a razão da minha existência,
o meu apoio nas dificuldades e o motivo pelo
qual persegui até o fim este objetivo.
Agradecimento Especial
Agradeço especialmente à Profa. Dra Marilda Emmanuel Novaes Lipp que
nestes anos todos confiou sempre em mim, propondo-me desafios antes nunca
sonhados, acreditando que eu seria capaz de alcançá-los. Agradeço também pelo
incentivo, força e paciência nas suas orientações.
Obrigada por compartilhar toda sua sabedoria e me tornar uma profissional
melhor!
Agradecimentos
A todos os participantes deste trabalho, que muito se empenharam e
contribuíram para sua realização.
Às Profas. Dra. Elisa Yoshida e Dra. Zilda Del Prette, por suas brilhantes
observações e sugestões no exame de qualificação e que muito contribuíram para
este trabalho.
Ãs colegas do Instituto de Psicologia e de Controle do Stress, Isolina Maria
Proença e Maria Fernanda Urbano Giglio, pelo apoio e contribuição no
encaminhamento dos participantes para o estudo.
Aos meus irmãos Rossana e Raul, pelo incentivo e apoio e, principalmente, por
terem me presenteado com meus sobrinhos André, Mariana, Diana, Gabriela, Daniel
e Luisa, que me ensinam a cada dia a alegria e a espontaneidade da vida, mesmo
em momentos difíceis.
Ao meu padrinho Horácio Sólimo que sempre me apoiou e proporciou
contribuições importantes da sua experiência profissional.
À mais eterna e fiel amiga Luciana Tavares, que nestes anos todos sempre
esteve ao meu lado com seu apoio e compreensão em muitos momentos de
apreensão e ausência.
vii
SUMÁRIO
Dedicatória ...................................................................................
iv
Agradecimento Especial ..............................................................
v
Agradecimentos ...........................................................................
vi
Índice de Tabelas .........................................................................
x
Índice de Figuras .........................................................................
xii
Resumo ........................................................................................
xiii
Abstract ........................................................................................
xiv
Resúmen ......................................................................................
xv
Apresentação ...............................................................................
xvi
Introdução ....................................................................................
Modelo trifásico do stress ......................................................
Modelo quadrifásico do stress ................................................
Psicofisiologia do stress .........................................................
Conseqüências do stress .......................................................
As fontes de stress e as estratégias de enfrentamento .........
O significado do trabalho ........................................................
O stress organizacional ..........................................................
Estressores organizacionais ..................................................
Stress e Relações interpessoais ............................................
Relações interpessoais no trabalho ....................................
Stress interpessoal .............................................................
As competências interpessoais no trabalho .......................
As Habilidades Sociais ...........................................................
A conduta assertiva como habilidade social .......................
O Treinamento em Habilidades Sociais .............................
1
4
5
8
12
13
18
19
24
34
34
36
40
47
54
58
Objetivos ......................................................................................
64
viii
Método .......................................................... ..............................
Participantes ............................................................................
Material ....................................................................................
Local ........................................................................................
Pessoal ....................................................................................
65
65
66
87
88
Procedimento............................................................................
88
Resultados .......................................................... ........................
Método de Análise dos Resultados ........................................
Dados Demográficos .............................................................
Outras comparações ..............................................................
Dados obtidos no pré-treinamento .........................................
Prevalência e nível de stress ..............................................
Presença de Ansiedade .....................................................
Afetividade ........................................................................
Crenças Irracionais ............................................................
Habilidade Social ...............................................................
Relações interpessoais .....................................................
Análise comparativa entre os gêneros ...............................
Dados obtidos no pós-treinamento .......................................
Prevalência e nível de stress .............................................
Habilidade Social ...............................................................
Relações interpessoais .......................................................
Análise comparativa entre os gêneros ...............................
Comparação entre avaliação inicial e final .............................
Análise Comparativa entre Prevalência e nível de stress ..
Análise Comparativa entre Habilidades Sociais .................
Análise Comparativa entre Relações Interpessoais ...........
90
90
92
95
97
97
98
99
100
101
103
107
110
110
111
112
114
116
116
118
121
Discussão .................................................................................... 123
ix
Conclusão ....................................................................................
147
Referências ..................................................................................
150
Anexos .........................................................................................
Anexo A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........
Anexo B: Entrevista Estruturada para Habilidade Social .......
Anexo C: Escala de Crenças .................................................
Anexo D: Inventário de Afetividade ........................................
Anexo E: Entrevista Final sobre Habilidades Sociais no
Trabalho .................................................................................
Anexo F: Comparação das variáveis categóricas entre tipos
e treino ..................................................................................
176
177
179
182
183
184
185
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 01.
Distribuição da faixa etária entre os participantes .......
93
Tabela 02.
Distribuição dos participantes quanto ao nível de
escolaridade ..................................................................................
94
Tabela 03. Distribuição dos participantes quanto à sessão na
qual houve desistência do estudo .................................................
95
Tabela 04. Distribuição dos participantes quanto ao nível de
stress apresentado antes do treino ...............................................
97
Tabela 05. Distribuição dos níveis de Ansiedade na amostra total
com e sem stress ...........................................................................
99
Tabela 0
6
.
Distribuição dos participantes quanto ao escore geral
de Habilidades Sociais antes do treino ..........................................
102
Tabela 0
7
.
Comparação entre os gêneros das variáveis
estudadas ......................................................................................
108
Tabela 08. Distribuição dos participantes quanto ao nível de
stress apresentado após o treino ..................................................
110
Tabela 09. Distribuição dos participantes quanto ao escore geral
de Habilidades Sociais após o treino .............................................
111
Tabela 10. Avaliação do resultado final do treino pelos
xi
participantes .................................................................................. 113
Tabela
11
.
Comparação das variáveis entre stress ......................
118
Tabela 12
.
Distribuição dos participantes quanto aos escores de
HS antes e pós-treino em porcentagem ........................................
119
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 01.
Distribuição das crenças quanto ao gênero avaliado ..
107
Figura 02.
Análise comparativa do nível de stress antes e após o
treino ..............................................................................................
117
Figura 03. Comparação do nível de stress e ansiedade dos
participantes ..................................................................................
118
Figura 04. Comparação do repertório social pré e pós treino da
amostra total ..................................................................................
120
Figura 05. Comparação do repertório social pré e pós treino do
sexo feminino e masculino ............................................................
120
Figura 06.
Porcentagem de participantes que alegaram
mudanças para melhor em função do treino .................................
121
xiii
RESUMO
Sadir. M.A. (2010). A influência do treino de controle do stress nas relações
interpessoais no trabalho. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica
de Campinas, Campinas, xviii + 186.
Na vida moderna, o stress tem se tornado um problema de saúde muito
comum, tanto no âmbito profissional como pessoal. Suas conseqüências nas
organizações são percebidas pelas licenças médicas e absenteísmo, queda de
produtividade, desmotivação, irritação, dificuldades interpessoais, entre outros. A
qualidade das relações interpessoais é fundamental para os processos atuais de
trabalho que valorizam, além das competências técnicas, a competência social nas
interações profissionais. Estas competências podem ser inatas ou precisam de
treinamento para serem desenvolvidas. O presente trabalho teve como objetivo
verificar a eficácia do tratamento “Treino Psicológico de Controle do Stress
Adaptado para Relações Interpessoais no Trabalho” (TCS-RI) e verificar se há
diferença na sua aplicação individual e em grupo. Foram estudadas 29 pessoas,
divididas em dois grupos: 17 do treino em grupo e 12 do individual, que receberam o
mesmo tratamento de dez sessões. Os participantes foram avaliados inicialmente e
após o treinamento para verificar sua eficácia. Os instrumentos utilizados foram o
ISSL (Inventário de Sintomas de Stress de Lipp), o Inventário de Habilidades Sociais
Del Prette, Inventário de Ansiedade de Beck, Escala de Crenças, Inventário de
Afetividade, Entrevista estruturada de relações interpessoais Inicial e Final. Os
resultados demonstraram que o TCS-RI foi eficaz para a redução do nível de stress,
da ansiedade, na reestruturação de crenças irracionais e para o treino assertivo.
Houve uma melhora significativa também no que se refere à habilidade social dos
participantes, tanto no escore geral e no escore de habilidade de enfrentamento
com risco, como principalmente na habilidade de autocontrole da agressividade em
situações aversivas. As relações interpessoais de forma geral foram percebidas
como mais gratificantes e com menos dificuldades que no início do trabalho.
Conclui-se que o TCS-RI foi eficaz para melhorar os relacionamentos interpessoais
e as habilidades sociais de forma geral, assim como diminuir o nível de stress
experenciado, principalmente no treinamento individual.
Palavras chave: stress ocupacional, relações interpessoais, habilidades sociais.
xiv
ABSTRACT
Sadir, M.A. (2010). The influence of stress control training on interpersonal
relationships in the workplace. Doctorate Thesis. Pontifical Catholic University of
Campinas (PUC), Campinas, xviii + 186.
In modern day life, stress has become a very common health problem, both in
the workplace and in personal life. The consequences for organizations can be seen
in the increase in sick leave and absenteeism, lower productivity, lack of motivation,
irritability, interpersonal difficulties, amongst others. Nowadays, the quality of
interpersonal relationships is fundamental for work processes which, in addition to
technical ability, value social skills in professional interfacing. These skills may be
inbred or training may be required to bring them out. The aim of this study is to
ascertain the effectiveness of a treatment called “Psychological Stress Control
Training Adapted for Interpersonal Relationships at Work” (referred to locally as
TCS-RI) and to see if there is any difference in application between individual and
group treatment. Twenty-nine people participated in the study, divided into two
groups: 17 in group training, 12 in individual training. Both groups received identical
treatment over a series of ten sessions. The participants were evaluated before and
after training to ascertain effectiveness. The tools used were the Lipp Stress
Symptoms Inventory, the Social Skills Inventory (Del Prette), Beck Anxiety Inventory,
Beliefs Scale, Affectivity Inventory, Initial and final structured interviews on
interpersonal relationships. The results showed that the TCS-RI treatment was
effective in reducing the level of stress, anxiety, in the restructuring of irrational
beliefs and for assertiveness training. There was also a significant improvement in
terms of the participants’ social skills, both in the overall score and the score for risk
confrontation skills, and primarily in those skills involving the self-control of
aggression in situations of conflict. Interpersonal relationships were generally
perceived as being more gratifying and less problematical than at the start of the
study. It may be concluded that the TCS-RI treatment was effective in improving
interpersonal relationships and social skills in general, as well as reducing the level
of stress experienced, particularly with individual training.
Keywords: occupational stress, interpersonal relationships, social skills.
xv
RESÚMEN
Sadir. M.A. (2010). La influencia del entrenamiento de control del estrés en las
relaciones interpersonales en el trabajo. Tesis de Doctorado. Pontifícia
Universidad Católica de Campinas, Campinas, xviii + 186.
En la vida moderna, el estrés se tornó un problema de salud muy común, tanto
en el ámbito profesional como personal. Sus consecuencias en las organizaciones
son verificadas por las licencias médicas y absenteísmo, pérdida de productividad,
desmotivación, irritabilidad, dificuldades interpersonales, entre otros. La calidad de
las relaciones interpersonales es fundamental para los procesos actuales de trabajo
que valoran, aparte de las competencias técnicas, la competencia social en las
interacciones profesionales. Estas competencias pueden ser innatas o necesitan
entrenamiento para desarrollarse. El presente trabajo tuvo como objetivo verificar la
eficacia del “Entrenamiento Psicológico de Control del Estrés Adaptado para las
Relaciones Interpersonales en el trabajo” (TCS-RI) y verificar si existe diferencia en
su aplicación individual o en grupo. Fueron estudiadas 29 personas, divididas en
dos grupos: 17 del entrenamiento en grupo y 12 del individual, que recibieron el
mismo tratamiento de diez sesiones. Los participantes fueron evaluados inicialmente
y después del entrenamiento para verificar su eficacia. Los instrumentos utilizados
fueron el ISSL (Inventário de ntomas de Estrés de Lipp), el Inventário de
Habilidades Sociales – Del Prette, Inventário de Ansiedad de Beck, Escala de
Creencias, Inventário de Afetividad, Entrevista estructurada de relaciones
interpersonales Inicial y Final. Los resultados demonstraron que el TCS-RI fué eficaz
para la reducción del nivel de estrés, de ansiedad, en la reestruturación de
creencias irracionales y para el entrenamiento asertivo. Hubo una mejora
significativa también en lo que se refiere a la habilidad social de los participantes,
tanto en el score general y en el score de habilidad de enfrentamiento con riesgo,
como principalmente en la habilidad de autocontrol de la agresividad en situaciones
aversivas. Las relaciones interpersonales de forma general fueron percibidas como
mas gratificantes y con menos dificuldades que en el comienzo del trabajo. Se
concluye que el TCS-RI fué eficaz para mejorar los relacionamientos interpersonales
y las habilidades sociales en forma general, asi como para la reducción del nivel de
estrés vivido, principalmente em el entrenamiento individual. Palabras claves:
estrés ocupacional, relaciones interpersonales, habilidades sociales
xvi
APRESENTAÇÃO
Os temas stress e relacionamento interpessoal são de grande interesse
pessoal, uma vez que o trabalho com stress há vários anos no atendimento clínico e
com o Treino de Controle de Stress no Instituto de Psicologia e Controle do Stress.
Em função da formação que realizei em Dinâmica dos Grupos pela Sociedade
Brasileira de Dinâmica dos Grupos, onde foram estudadas profundamente as
relações interpessoais, surgiu o interesse de associar dois temas tão relevantes e
ainda não muito estudados quanto à influência que podem exercer um no outro.
E estes dois temas são relevantes para a população, visto que a grande
maioria das pessoas convive com outros indivíduos no ambiente de trabalho.
Percebe-se que a relação interpessoal pode se constituir em uma das maiores
dificuldades neste ambiente dando origem a muitos problemas, como demissões,
stress, doenças, etc. Criar relações interpessoais mais saudáveis no trabalho não só
poderia contribuir para uma vida de melhor qualidade para o trabalhador, no geral,
mas também poderia ajudar as empresas a reduzirem o índice de absenteísmo,
faltas e licenças de saúde que geram grandes custos.
No mundo competitivo atual ocorrem mudanças rápidas a todo momento, que
muitas vezes não permitem que o indivíduo absorva e se adapte a elas. Além disso,
a competição excessiva, a pressa, a pressão diária e a exigência cada vez maior
para ser bem sucedido afetam a qualidade de vida das pessoas.
Neste contexto, de se imaginar que o stress surgirá e tenderá inclusive a
aumentar cada vez mais. Com isso, aumentarão também as doenças
psicofisiológicas associadas a ele, a o ser que medidas profiláticas sejam
xvii
estabelecidas, tanto para melhorar o quadro das diversas patologias que acarreta,
como para melhorar a qualidade de vida de forma geral.
O stress é um problema complexo que apresenta muitas implicações, tanto nas
áreas familiar, social, psicológica como na profissional, por isso passou a ser uma
preocupação mundial, sendo que existem inúmeras pesquisas sobre o tema, a
maioria enfatizando os prejuízos e as conseqüências negativas do problema, como
o absenteísmo, diminuição de produtividade e custos médicos.
Estima-se que o stress cause 50% do absenteísmo, 40% da rotatividade e que
tem conseqüências significativas na produtividade no trabalho. Existem estimativas
de que as empresas americanas percam cerca de 52 milhões de dólares devido a
enfarte, que o stress ocupacional cause um prejuízo de entre 75 a 100 bilhões de
dólares ao ano às empresas americanas, devido a absenteísmo, diminuição de
produtividade, custos médicos, etc. Também verifica-se que nos EUA só 2% de todo
o recurso destinado a programas de saúde sejam utilizados para prevenção.
Além das doenças físicas e mentais que podem ocorrer, há também uma
queda na habilidade de se concentrar e de pensar de modo lógico com conseqüente
queda de produtividade.
No ambiente profissional, a dificuldade de concentração, de memória e baixa
motivação e energia inerentes ao quadro de stress, podem levar o funcionário a não
entender ordens e instruções, o que pode resultar em erros sérios até fatais;
demorar mais tempo para ter uma ação, na qual pode ocasionar acidentes ou, para
compensar a dificuldade, tomar decisões muito apressadas ou superficiais; errar
mais, tanto em tarefas manuais como intelectuais; ignorar novas idéias e
informações, ou não absorvê-las. Em caso de emergências isto pode acarretar
xviii
perigo em determinados setores em que normas de segurança podem mudar, ou
uma nova maneira de agir com equipamentos seja necessária.
Estes fatores enfatizam meu interesse pelo assunto e a importância de se
desenvolver novos programas que visem ensinar as pessoas a administrarem
determinadas situações, criando estratégias para minimizar seus efeitos negativos
ou também preveni-los.
Esta pesquisa se justifica pela importância também das relações interpessoais,
visto que pode tanto gerar o stress como ser influenciada por este. A pessoa
estressada fica sem paciência, irritada, tende ao isolamento e tem prejuízos no seu
funcionamento social e familiar. O bom relacionamento interpessoal é fundamental
para a realização de tarefas, para sedimentação de elos afetivos e para evitar
conflitos de forma geral nestas situações.
A maior relevância deste trabalho é a realização de uma intervenção para
melhoria tanto das habilidades sociais, como do relacionamento interpessoal de
forma geral.
O presente estudo pretende avaliar a eficácia do Treino de Controle do Stress
para Relações Interpessoais (TCS-RI) no ambiente organizacional. Com este
propósito, avaliou-se o nível de stress, habilidades sociais, ansiedade, crenças
irracionais, afetividade e as relações interpessoais dos participantes antes e após a
intervenção de dez atendimentos.
Este trabalho abrange inicialmente uma revisão dos conceitos de stress, as
fases e sua sintomatologia, assim como fontes estressores, principalmente no
ambiente laboral. Descreveu-se o Treino de Controle do Stress e sua contribuição
para a prevenção de diversas doenças. Foi realizada uma revisão sobre as
habilidades sociais e seus aspectos, principalmente a assertividade. Enfatizou-se
xix
também o Treinamento em Habilidades Sociais desenvolvido por A. Del Prette e Z.
Del Prette.
No método foi descrito o critério de utilização de dois tipos de treinamento, o
individual e grupal para posterior comparação dos resultados entre eles. Descreveu-
se também os instrumentos utilizados como material, assim como o procedimento e
a programação das sessões realizadas.
Finalmente foram expostos os resultados obtidos no estudo e para melhor
visualização destes foram separados por cada variável estudada e pelos dois
momentos avaliados: antes e após o treinamento. A discussão e conclusão
apresentam os dados mais relevantes obtidos no TCS-RI.
Considerando-se que nas empresas na maior parte do tempo se trabalha em
equipe, o estudo das relações interpessoais e sua relação com o stress tornam-se
fundamentais para a realização das tarefas e metas a serem cumpridas.
1
INTRODUÇÃO
A organização das sociedades contemporâneas tem se constituído solo fértil
para o desenvolvimento de doenças psicossomáticas e biológicas. As mudanças no
estilo de vida das pessoas estão deixando-as debilitadas e, com isso, vulneráveis ao
stress, que tem assumido o status de doença (Moraes, Pereira, Lopes, Rocha &
Ferreira, 2001). Ele tem se tornado um problema de saúde muito comum tanto no
âmbito profissional como pessoal e sua incidência tamm tem aumentado nos
últimos anos (Lipp, 2004).
O conceito de stress vem sendo estudado ao longo dos anos por inúmeros
cientistas que se dedicam à compreensão dos fatores ligados tanto à saúde como à
doença do ser humano. De acordo com Lipp, no século XVII stress era uma palavra
utilizada com pouca freqüência, significando aflição e adversidade. No século
seguinte esta mesma palavra passou a significar “a ação de força, pressão ou
influência muito forte sobre uma pessoa, causando nela uma deformação, como um
peso que faz com que uma viga se dobre” (Lipp, 2003, p.17).
Segundo Spielberger (1979, apud Lipp, 2003) o dico inglês William Osler
em 1910 referiu-se pela primeira vez ao termo stress como trabalho excessivo e à
palavra strain (a reação do organismo ao stress) como preocupação.
Alguns anos depois, Selye (1936) observou pacientes que apresentavam
sintomas não-específicos para os quais não havia diagnóstico, o qual denominou de
uma síndrome produzida por agentes nocivos. Este mesmo autor, em pesquisas
sobre hormônios sexuais, descobriu que alguns agentes desencadeavam uma
2
tríade anátomo-fisiológica composta por dilatação do córtex da supra-renal, atrofia
timo-linfática e úlceras intestinais em ratos.
Com base em suas pesquisas, Selye (1936) definiu o stress como um conjunto
de reações do organismo em situações que exigem esforço adaptativo. A este
conjunto chamou de Síndrome Geral de Adaptação e a quebra do equilíbrio e da
homeostase chamou de reação de stress. Em 1965 ele definiu também o stress
emocional como “uma reação do organismo com reações psicofisiológicas que
ocorre frente a situações que o amedrontam, excitam ou o façam feliz” (Selye, 1936)
e este tem sido o objeto de inúmeras pesquisas na atualidade (Codo, Soratto &
Vasques-Meneses, 2004; Lipp, 1998; Lipp, Pereira, Flokstrumpf, Muniz & Ismael,
1996) que mostram um aumento em sua incidência (Lipp, 2004).
Outras definições do termo foram dadas por Limongi-França e Rodrigues
(1999) como um estado do organismo após o esforço de adaptação, atingindo o
comportamento mental e afetivo, o estado físico e o relacionamento com as
pessoas, e por Lipp (2004, p.17):
“Trata-se de uma tentativa de vencer um desafio, de sobreviver a uma ameaça
ou de lidar com uma adaptação necessária no momento, mesmo que seja algo
extremamente desejado e esperado. Desse modo, a reação do stress pode
ocorrer em face de estressores inerentemente negativos, como no caso de dor,
fome, frio ou calor excessivo, ou em decorrência da interpretação que se dá ao
evento desafiador.
Outra abordagem do conceito de stress é considerá-lo como um conjunto de
reações que propiciam uma resposta de luta ou fuga. Cannon (1939) acreditava que
em situações de risco alguns processos fisiológicos são desencadeados, incluindo o
3
aumento na secreção de adrenalina e taquicardia, que levam ao organismo a
enfrentar ou fugir do agente aversivo.
A área da engenharia utilizou outro sentido para o termo stress, para designar
forças que atuam contra determinada resistência. A literatura inglesa também fez
uso deste termo como significado de aflição e adversidade (Lazarus & Lazarus,
1994).
É importante ressaltar que a resposta ao stress não é sempre negativa, visto
que em alguns momentos ela representa uma resposta de defesa do organismo. Se
este não tivesse estas reações possivelmente teria dificuldade em enfrentar
situações desafiadoras. Um nível de stress é necessário ao indivíduo para que este
realize esforços para alcançar determinados objetivos.
Este fato é reconhecido na literatura. Por exemplo, Zakabi (2004) enfatiza
que o stress não é necessariamente negativo, pois o aumento da adrenalina
melhora o desempenho físico e intelectual de maneira marcante. Quando bem
usado, ajuda a superar desafios. No entanto, para se tirar proveito da energia do
stress é preciso aprender a intercalar os períodos de tensão, que são essenciais
para o desempenho, com pausas de relaxamento para se recuperar. Portanto,
segundo este autor, do ponto de vista físico, o stress pode gerar uma energia inicial,
porém, se ocorrer com freqüência e por períodos prolongados, torna-se negativo
para a saúde e para a qualidade de vida.
4
Modelo trifásico do stress
Dentro deste conceito de stress, Selye (1956) propôs o modelo trifásico para
sua explicação. Definiu três diferentes momentos da reação de stress, sendo a “fase
de alarme”, “fase de resistência” e “fase de exaustão”.
A primeira fase, de alarme, é a resposta inicial a um estímulo estressor, seja
ele positivo ou negativo. Neste momento o organismo se prepara para a reação de
luta ou fuga (Cannon, 1939), mecanismo essencial para a preservação da vida.
Durante esta reação, as células do córtex das suprarenais descarregam seus
grânulos de secreção hormonal na circulação. Em função disto, as reservas da
glândula são gastas. O sangue torna-se mais concentrado e registra-se uma
redução de seu peso específico. Nesta fase são observadas reações fisiológicas da
ativação do sistema imunológico do organismo.
Caso o organismo permaneça exposto ao agente nocivo de forma prolongada,
um novo estágio é desencadeado chamado de adaptação ou resistência. Nesta fase
o córtex acumula uma reserva considerável de grânulos segregados, o sangue
permanece diluído e com peso específico normal. O organismo nesta fase busca a
homeostase, resistindo ao agente estressor, deslocando energia necessária à
preservação de outras funções vitais, ocasionando um desgaste considerável no
organismo.
A fase de exaustão surge quando o estímulo estressor permanece
cronicamente, produzindo no organismo um esgotamento dos recursos para
enfrentar o stress. Os sintomas se assemelham aos da fase de alarme e o nível
excessivo de stress acarreta diversos tipos de doenças, muitas vezes graves.
5
É importante ressaltar que os riscos à saúde física e mental acarretados pelo
stress excessivo podem ser amenizados se o indivíduo tomar providências a fim de
mudar os agentes estressores presentes em sua vida ou se desenvolver estratégias
de enfrentamento.
Modelo quadrifásico do stress
Além deste modelo trifásico de stress, o conceito de stress foi explicado pelo
modelo quadrifásico. Ao padronizar o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos
de Lipp ISSL (Lipp, 2000) a autora detectou, tanto clinica como estatisticamente,
uma nova fase no desenvolvimento do stress em função da diferença notável
quanto à quantidade e intensidade dos sintomas apresentados pelos indivíduos.
Esta fase foi denominada quase exaustão e se situa entre a fase de resistência e a
de exaustão.
A fase de quase-exaustão se caracteriza por um enfraquecimento da pessoa
ao tentar se adaptar ou lutar contra um agente estressor. As enfermidades
começam a surgir, mas, estão presentes de forma um pouco mais amena que na
fase de exaustão.
O indivíduo nesta fase apresenta um alto desgaste e alguns outros sintomas,
na qual a resistência física e emocional começa a se prejudicar porque a tensão
excedeu o limite tolerável pelo organismo. Mesmo assim, a pessoa ainda consegue
manter suas atividades diárias, não como na exaustão na qual, muitas vezes, fica
impossibilitada de trabalhar ou de se concentrar.
O acréscimo desta quarta fase propiciou a modificação do modelo trifásico,
inicialmente proposto por Selye (1936), para o Modelo Quadrifásico do Stress.
6
Dentro do modelo quadrifásico, Lipp (2001a) listou os sintomas mais relatados
por pacientes estressados:
1 Fase de Alerta: A pessoa precisa produzir mais força e energia para
enfrentar as situações que exigem um esforço maior.a fim de se enfrentar a ameaça
ou o desafio apresentado, o organismo inicia o processo de auto-regulação. A
Reação de Emergência proposta por Cannon (1939) é desencadeada, ativando a
produção de noradrenalina pelo sistema nervoso simpático e adrenalina pela
medula supra-renal. As células do córtex das supra-renais descarregam seus
glânulos de secreção hormonal na corrente sanguínea, consumindo as reservas de
hormônio das glândulas. Nesta fase também ocorre a dilatação do córtex da supra-
renal e maior concentração do sangue. As mudanças hormonais cooperam para um
aumento da motivação, entusiasmo e energia, aumentando a produtividade no
trabalho (Lipp & Malagris, 1995). Alguns sintomas característicos desta fase são:
dificuldade para dormir, devido à adrenalina secretada de forma intensa nesta fase,
libido alta, muita energia, grande produtividade e criatividade, tensão mental e
muscular, taquicardia, sudorese, perda do apetite, tensão na mandíbula, respiração
ofegante e irritabilidade.
2 – Fase de Resistência: A capacidade de resistência aumenta além do
desejado, sendo que o rtex da supra-renal retém grande quantidade de grânulos
de secreção hormonal segregados, levando a uma diluição elevada do sangue.
Grande energia é despendida na tentativa de um reequilíbrio, gerando uma
sensação de desgaste generalizado e dificuldade com a memória. A homeostase
volta a ocorrer, mesmo de forma temporária, após ter sido quebrada na fase de
alerta. Para que ocorra uma adaptação completa sem seqüelas o organismo deve
resistir adequadamente ao estressor. Entre os sintomas característicos estão o sono
7
adequado, diminuição da libido, pouca energia, queda da produtividade e
criatividade, cansaço excessivo, prejuízo da memória, sensação de estar doente.
3 Fase de Quase-exaustão: As defesas orgânicas começam a ceder e
não conseguem combater as tensões presentes, nem restabelecer a homeostase. O
indivíduo não consegue ter mais a sensação de bem estar. Ocorre uma oscilação
entre períodos de tranqüilidade e de desconforto, ansiedade e cansaço. Algumas
doenças aparecem com a quebra da resistência do organismo. Insônia, despertar
noturno e dificuldade para voltar a dormir, diminuição da libido, queda acentuada da
produtividade e criatividade, pouca energia (apenas para as atividades de rotina),
cansaço, desgaste físico, dificuldade acentuada de memória, surgimento de
doenças, ansiedade e prejuízo do humor podem estar presentes nesta fase.
4 – Fase de Exaustão: A resistência foi completamente quebrada nesta fase e
o desgaste leva a um envelhecimento prematuro (Selye, 1956). Alguns sintomas da
fase de alerta reaparecem com intensidade maior. Ocorre um aumento das
estruturas linfáticas, exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física,
levando muitas vezes à doenças graves e como conseqüência à morte. Esta fase,
apesar de grave, não é irreversível, desde que afete unicamente parte do corpo
(Selye, 1956). Esta fase propicia alguns sintomas como: sono curto e o
revigorante, desaparecimento da libido, sensação de incompetência ou dificuldade
nas atividades profissionais, desinteresse pelo trabalho, sensação de desgaste,
cansaço, surgimento de doenças (como depressão, úlcera, hipertensão arterial,
diabetes, doenças dermatológicas), necessidade de acompanhamento médico e
psicológico, isolamento social, perda do senso de humor, apatia, pensamentos de
morte.
8
Psicofisiologia do stress
Dentro deste conceito do modelo quadrifásico, Lipp e Malagris (1995) afirmam
que a resposta ao stress é um processo, onde inicialmente as manifestações
orgânicas são semelhantes para todos os indivíduos: sudorese, taquicardia, boca
seca, tensão muscular e a sensação de estar alerta são as principais respostas.
Com a evolução do processo, a sintomatologia passa a ser diferenciada de acordo
com as características genéticas e desenvolvidas durante a vida de cada indivíduo.
A sintomatologia apresentada deve ser considerada tanto em nível físico como
psicológico, visto que a reação hormonal desencadeada pelo agente estressor
promove uma série de modificações físicas e emocionais (Lipp, 2001a).
De acordo com este conceito, Carrol, Health e Jarret (1975) concordam que o
stress pode ser físico, psíquico ou misto. O primeiro pode estar ligado a traumas
físicos como cirurgias, hemorragias e outras situações desta natureza. O segundo é
gerado por motivos emocionais, como divórcios, perdas de entes queridos, entre
outros. Contudo, a maioria é de origem mista, visto que eventos fisicamente
estressantes podem levar a um estado emocional alterado. O evento estressor, seja
ele de origem física ou psíquica, desencadeia uma quebra da homeostase do
organismo, portanto em todos os casos a resposta fisiológica estará presente.
Se a homeostase do organismo é perturbada por longos ou intensos períodos
surgem sérios problemas de origem física e mental. A homeostase, definida
inicialmente por Cannon em 1939, se refere ao equilíbrio que o organismo tenta
manter para preservar a sua existência. Neste sentido, introduz-se o conceito de
“alostase” e de “carga alostática”. Alostase se refere à habilidade para se adaptar de
9
forma adequada às mudanças, enquanto carga alostática é definida como uma falha
do organismo em manter a homeostase (McEwen, 2003).
O processo de carga alostática desencadeia um desgaste ou desregulação de
múltiplos sistemas fisiológicos, levando a várias patologias. A perda da homeostase
é conseqüência da ativação do sistema nervoso autônomo e da medula supra-renal,
gerando a reação comum no stress e necessária para a preservação da vida de
“luta e fuga” (Malagris, 2004).
As respostas fisiológicas de stress são desencadeadas por circuitos neurais
que incluem o eixo neuro-endócrino hipotálamo-pituitária-adrenal e o sistema
límbico. Este último contém estruturas como a amígdala, o hipocampo e o córtex
pré-frontal, que são ativadas por estressores que envolvam aspectos cognitivos e
emocionais. A ação estressante depende da avaliação cognitiva do estímulo pelo
indivíduo. Por exemplo, um estímulo pode ser considerado estressor quando o
indivíduo o compara a situações semelhantes vividas anteriormente (Herman &
Cullinan, 1997).
A reação do stress envolve um ou mais dos três eixos psicossomáticos: o
neural, o neuroendócrino e o endócrino (Everly, 1989). O eixo neural se relaciona
com o sistema nervoso autônomo e seus ramos simpático e parassimpático.
Algumas emoções como ansiedade, excitação ou raiva podem contribuir para a
ativação simpática gerando aumento de pressão arterial, taquicardia e calafrios
(Guyton & Hall, 2002). O sistema parassimpático muitas vezes é ativado pelos
efeitos psicológicos como preocupação, depressão ou letargia. Em algumas
situações podem ocorrer a ativação simpática e parassimpática associadas, como
na emoção de medo, que leva a elevação da pressão arterial e a ativação da função
gastrointestinal.
10
A reação de “luta ou fuga” está associada ao eixo neuroendócrino pela
produção de adrenalina e noradrenalina pela medula adrenal, ativando vários
sistemas do organismo (Guyton & Hall, 2002).
O eixo endócrino se subdivide em quatro outros eixos: adrenal-cortical,
somatotrófico, tireóide e pituitário-posterior, neste eixo ocorre a ativação da hipófise
pelo hipotálamo, gerando hormônios como o de crescimento, a corticotropina,
tirotropina, prolactina e as gonadotropinas (Everly, 1989).
Existem duas vias de reação ao stress, uma sistêmica e outra processiva. Na
via sistêmica, o hipotálamo é ativado pelos estímulos que leva a um aumento na
expressão gênica de neurônios simpáticos envolvidos na neurotransmissão
(Almeida, 2003). Na via processiva, a informação relacionada ao estímulo é
processada na amídala ativando neurônios produtores de hormônio liberador de
corticotrofifna (CRH) com conseqüente ativação do hipocampo. Na amídala são
inibidos os neurônios GABAérgicos, conduzindo à ativação do eixo hipotálamo-
pituitária-adrenal.
A manutenção e a sobrevivência do organismo são promovidas pelo
hipotálamo através da modulação do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e glândulas
endócrinas. A ativação do SNA leva a um maior desempenho físico e mental e a
ativação das glândulas endócrinas leva a hipófise a produzir o hormônio que ativará
a produção de corticosteróides pelo córtex da glândula adrenal (Malagris, 2004). A
ativação do SNA pelo hipotálamo desencadeia alterações fisiológicas como
aumento da freqüência cardíaca, aumento do fluxo sanguíneo para os músculos,
aumento da glicemia, aumento do metabolismo celular e da atividade mental. Para
que o indivíduo tenha um melhor desempenho físico e mental em caso de
necessidade, tais alterações são necessárias e funcionais. O hipotálamo tem
11
também uma importante atuação na reação de stress por meio da ativação de
diversas glândulas endócrinas (Iversen et al., 2000).
Estes corticosteróides estão relacionados com o metabolismo celular e
consequentemente com a energia que produz as respostas fisiológicas frente aos
estímulos estressores. Após estímulos estressores persistentes, as respostas
adaptativas mediadas pelos receptores dos corticosteróides podem ser
enfraquecidas (Almeida, 2003).
Em situações de stress, os corticosteróides são um dos principais mediadores
dos efeitos imunossupressores observados e aumenta a vulnerabilidade do
indivíduo para o desenvolvimento de certas patologias associadas à deficiência do
sistema imunológico, mediadas pela ação de hormônios neurotransmisssores
(Sândi, Venero & Cordero, 2001).
Os eixos cerebrais envolvidos na resposta ao stress são ativados com
estímulos psicossociais que contenham aspectos cognitivos ou emocionais e
envolvem um processamento sensorial límbico que precede a resposta ao estímulo,
ativando o sistema endócrino (Almeida, 2003).
Na resposta psicológica ao stress a atividade cerebral (especialmente a
cortical) é significativamente aumentada em relação à atividade normal. Ocorre o
desencadeamento de uma reorganização de sinapses antigas, bem como a
formação de novas, diante de um estímulo interpretado como estressor. Isto torna-
se possível devido à elasticidade dos neurônios (Nelson & Alcon, 1989; Reymann,
Davies & Mathies, 1990). Este processo ocorre baseado na avaliação cognitiva do
evento. O indivíduo tende a interpretá-lo de acordo com sua experiência anterior,
portanto se elas foram geradoras de stress este novo estímulo será interpretado
como tal. Em contrapartida, se a exposição ao evento não causou stress, é provável
12
que este o interprete de forma neutra. O grau e a natureza da resposta cerebral
variam de indivíduo para indivíduo (Oliveira, 2007).
A reorganização afetivo-cognitiva que ocorre neste processo é transmitida ao
hipotálamo, considerado o centro da expressão das emoções. Portanto, além de
administrar as reações orgânicas para a manutenção do equilíbrio homeostático, o
hipotálamo é também envolvido no processo de interpretação e compreensão de
eventos.
Sabe-se que longos períodos de stress às vezes requerem do organismo mais
recursos do que ele dispõe ou exigem dele um esforço intenso. Como
conseqüência, surgem distúrbios característicos de fadiga: cefaléia, taquicardia,
mãos frias, cansaço muscular, falhas de memória, alteração de apetite, distúrbios
sexuais e alterações digestivas. De forma geral, o stress crônico leva a patologias
psicossomáticas que culminam em quadros como infarto, úlceras, doenças
circulatórias, envelhecimento precoce e outros (De Beneditis, Lorenzetti & Pieri,
1990).
Conseqüências do stress
O stress na sociedade preocupa devido as suas conseqüências para a saúde,
a qualidade de vida em nível pessoal e também devido às implicações que tem para
as empresas e para a sociedade. O excesso de stress pode causar um desgaste
físico e/ou mental gerando envelhecimento precoce, uma série de doenças e até a
morte (Lipp, 1998). Tal desgaste acarreta sintomas físicos que prejudicam o
desempenho e as atividades diárias do indivíduo, gerando desconfortos, cansaço e
diminuindo seu ritmo e capacidade de manter uma vida equilibrada e saudável.
13
Como conseqüência, pode desencadear problemas de saúde, emocionais e
interpessoais, principalmente o isolamento social, devido à irritação e falta de
paciência com as pessoas (Ferreira & Zavodini, 2006).
As conseqüências de altos níveis de stress crônico são percebidas pelas
licenças médicas e absenteísmo, queda de produtividade, desmotivação, falta de
concentração, irritação, impaciência, dificuldades interpessoais, relações afetivas
conturbadas, divórcios, doenças físicas variadas, depressão e ansiedade e
infelicidade na esfera pessoal, gerando altos custos para a pessoa e para a
empresa (Almeida, 2005; Lipp, 2005).
As fontes de stress e as estratégias de enfrentamento
Os efeitos negativos do stress têm levado pesquisadores a investigarem os
fatores precipitantes do stress na sociedade moderna. Desastres naturais, atos de
violência, dificuldades financeiras, as mudanças de valores geradas pela
globalização são apontadas como possíveis causas – os estressores modernos
(Calais, 2002). Porém, além destes, o stress emocional tem várias etiologias, como
fatores externos criadores de tensões patológicas e fontes internas capazes de
atuarem como geradores de estados tencionais significativos (Lipp, 2005).
Fonte de stress ou estressor é tudo aquilo que gera stress (Lipp, 2003).
Existem vários tipos e estes variam de acordo com cada indivíduo. Esta autora os
divide em duas categorias: fontes internas e externas.
Fontes internas de stress são decorrentes da maneira como o indivíduo encara
as situações e reage a elas. Lipp (2003) as denomina como “fábrica particular de
stress”, ou seja, o modo de ser, crenças, valores e modo de agir de cada um. Outras
14
fontes internas de stress incluem a ansiedade, o pessimismo, o padrão de
comportamentos de pressa, a competição, a falta de assertividade, expectativas
irrealistas, cognições distorcidas, perfeccionismo, sonhos inatingíveis, fantasias e
desejos tidos como realidade e alguns estados emocionais.
As crenças, idéias irracionais e a forma de agir podem ser consideradas fontes
de stress também para Ellis (1973). Segundo ele, a forma de pensar que em algum
momento da vida foi adequada pode passar a não ser em outro determinado
momento. Também pode-se desenvolver expectativas e pensamentos exagerados
com relação a si próprio e aos outros que, quando não correspondem à realidade
esperada, levam a uma frustração intensa (Lipp, Romano, Covolan & Nery, 1990).
Os indivíduos reagem de forma diferente às diversas fontes de stress
enfrentadas no seu dia-a-dia, adotando diversas estratégias de enfrentamento,
mesmo quando os estressores são semelhantes. O sofrimento físico e mental dos
indivíduos também difere diante de estímulos aversivos.
O repertório comportamental de estratégias de enfrentamento adquiridos ao
longo da vida, as condões ambientais e as características do evento estressor
podem explicar a diversidade das reações frente a estímulos aversivos diante de
situações semelhantes. Portanto, ao se analisar a reação de stress em um
indivíduo, além de considerar os aspectos ambientais, deve-se levar em
consideração fatores comportamentais como a avaliação cognitiva que, além de ser
responsável pelas fontes internas de stress, é considerada pelos especialistas uma
importante ferramenta na aquisição de habilidades para um efetivo enfrentamento
de condições estressantes. A resposta emocional e comportamental diante do
estímulo depende de como o evento é interpretado e não pelo evento em si
(Lazarus, 1966).
15
Lazarus contribuiu para o conhecimento científico sobre stress, como proposto
anteriormente por Selye (1982), constatando uma mediação psicológica,
essencialmente cognitiva, entre o evento e a resposta de stress. Ampliou desta
forma o conceito de stress e demonstrou da mesma forma que a avaliação cognitiva
influi significativamente na eliciação da resposta de stress e “coping”.
Este mesmo autor afirmou que a resposta ao stress surge em diferentes
intensidades e graus de adequação. O nível de stress vivenciado em determinada
situação está diretamente associado ao efetivo grau de risco presente, somado à
avaliação cognitiva pelo sujeito.
O papel da avaliação na resposta de stress foi identificado por Lazarus e seus
colaboradores a partir de pesquisas realizadas na década de 60, por Geen, Stonner
e Kelly (1974) e por Holmes e Houston (1974), nas quais manipularam a avaliação
para determinar se haveria diferença na resposta ao stress, dependendo de uma
avaliação mais positiva ou negativa do evento.
Segundo Lazarus (1966), a avaliação cognitiva é também responsável por
ações voltadas à sobrevivência humana. Se uma situação de perigo for interpretada
como neutra, o comportamento de luta ou fuga não será eliciado e o indiduo pode
colocar sua vida em risco. Neste caso, a reação de stress é fundamental para que o
organismo adquira condições necessárias à sua defesa.
Em contrapartida, um evento neutro interpretado de forma negativa ou
inadequada elicia uma reação de stress desnecessária e prejudicial ao organismo.
As reações fisiológicas desencadeadas por esta interpretação são inadequadas.
No processo de avaliação cognitiva a variável da vulnerabilidade está
presente. O indivíduo com maior vulnerabilidade vivencia o stress com maior
freqüência e intensidade do que o indivíduo com menor vulnerabilidade. Esta
16
variável é determinada por diversos fatores como características psicológicas,
histórico psico-social do indivíduo no contexto familiar e predisposição genética.
Morillo (2000) afirma que os indivíduos possuem vulnerabilidades a vários
eventos, condicionados por fatores genéticos, intrapsíquicos (traço de
personalidade), educacionais, culturais, relativos à história de vida do sujeito, seus
recursos de enfrentamento das situações e seu suporte social que levam a diversas
reações frente ao mesmo evento. Isto quer dizer que um acontecimento não é
estressante por si só, seu impacto depende dos fatores citados acima.
Lipp (1999) afirma que a vulnerabilidade pode ser orgânica ou psicológica,
ambas podendo ser de natureza genética ou adquirida. A orgânica refere-se à hiper-
reatividade fisiológica diante dos desafios cotidianos, devido a uma
hipersensibilidade do sistema nervoso que, com pequena estimulação, elicia a
produção dos hormônios característicos da reação de stress. Nesta situação
encontram-se as pessoas que por pouco se irritam, perdem a paciência, se
assustam, etc.
O ideal seria que o indivíduo tivesse uma capacidade interna para responder
aos estímulos de stress e esta capacidade varia para cada pessoa, pois elas
apresentam diferentes limites (Mendes & Leite, 2004; Reis, Carvalho, Araújo, Porto
& Silvany Neto, 2005). A vulnerabilidade psicológica está ligada ao aspecto
cognitivo, ao modo como se interpreta acontecimentos do dia-a-dia. A dificuldade de
lidar com a frustração é provavelmente a mais comum delas.
Provavelmente estão presentes nas características individuais da
vulnerabilidade componentes genéticos e adquiridos, de forma conjunta ou não. Os
componentes genéticos predispõem o indivíduo ao stress, mas não o determina. Se
o indivíduo vulnerável geneticamente for submetido a práticas parentais
17
inadequadas ao enfrentamento de situações estressantes, provavelmente este
indivíduo terá uma tendência crônica a se estressar. Em contrapartida, se forem
combatidas com bons exemplos e ensinamentos sobre a melhor forma de reagir a
determinados estressores, elas podem se tornar características inofensivas.
Os indivíduos que apresentam auto controle e ponderação sobre os
estressores podem ser menos atingidos comportamental, emotiva, psicológica e
psicossomaticamente pelos efeitos destes (Nunes, 1999).
A capacidade de suportar pressões é uma característica individual. Pessoas
não reagem da mesma forma a um mesmo estímulo. Essas reações vão depender
da sua história de vida, suas crenças e valores, não uma fórmula que garanta
uma vida sem stress, mas há formas de aprender a controlá-lo (Dias & Silva, 2002).
As pesquisas verificam que as pessoas mais resistentes ao stress são aquelas
que lidam com a vida com atitudes como abertura e tolerância a mudanças,
tendência a estar sempre muito envolvido com o que faz e um sentimento quanto a
ter controle sobre os acontecimentos da vida (Lipp, 1990).
Em contrapartida a todas as fontes internas citadas anteriormente, existem as
fontes externas de stress que são consideradas os eventos da vida ou pessoas que
lidamos no cotidiano aos quais podem desencadear uma reação de adaptação,
gerando uma situação de stress. A necessidade de adaptação do organismo frente
à mudança (algo externo ao organismo) exerce um papel importante na patogênese
do stress (Holmes & Rahe, 1967). Os estressores externos podem ser avaliados de
forma objetiva, portanto são mais fáceis de serem identificados (Lipp, 2003).
Os fatores externos muitas vezes estão ligados à ocupação profissional
exercida (Oliveira, 2004) e por isso a importância das empresas estudarem a
18
influência das condições e das características do trabalho no bem-estar e no nível
de stress dos trabalhadores.
A sobrecarga de trabalho e na família, lidar com a chefia, auto-cobrança, falta
de união e cooperação na equipe, salário insuficiente, falta expectativa de melhoria
profissional e também o meio social podem ser causadores de stress (Lipp, 2005).
O significado do trabalho
A palavra trabalho tem origem no latim, tripalium, que significa instrumento de
tortura utilizado para punir criminosos que não tinham liberdade e com isso eram
submetidos a trabalho forçado. No dicionário da língua portuguesa tem como
sinônimo capricho, cuidado e esmero, fadiga e esforço. Na língua inglesa a palavra
work significa ocupação, serviço, atividade, não tendo um significado negativo.
Os valores da cultura, da família, religiosidade e a influência de pessoas
significativas das relações sociais estruturam um sentido pessoal e único que define
o trabalho entre uma ocupação e o prazer de trabalhar (Bom Sucesso, 2002).
Segundo esta autora, a partir da década de 90 proliferaram teorias sobre a
participação como forma de aumentar o compromisso e a satisfação no trabalho. O
trabalho começa a ser concebido como uma experiência de convivência sadia, de
respeito e compromisso, na contribuição para a melhoria da qualidade de vida.
Como o trabalho é parte integrante da vida, ocupando uma parcela significativa
de tempo, é necessário que se estabeleça uma boa relação entre o indivíduo e a
empresa. É também a forma como o homem interage e transforma seu meio
ambiente, assegurando a sobrevivência e estabelece relações interpessoais, que
teoricamente serviriam para reforçar sua identidade e o senso de contribuição.
19
O trabalho pode ser fonte de adoecimento quando contém fatores de risco
para a saúde e o trabalhador não dispõe de instrumental suficiente para se proteger
destes riscos. Ao mesmo tempo, também é uma das fontes de satisfação de
diversas necessidades humanas, como auto-realização, manutenção de relações
interpessoais e sobrevivência (Murta & Tróccoli, 2004).
Acredita-se que se o indivíduo o obtiver no trabalho a satisfação de suas
necessidades descritas acima este proporcionará um alto grau de sobrecarga e
insatisfações que podem vir a desencadear um quadro de stress organizacional.
O stress organizacional
Conforme sustentado por Coutinho (2006), as organizações tem passado por
transformações profundas nas últimas décadas, paralelamente a mudanças políticas
e econômicas mais amplas. A globalização da economia e o acirramento da disputa
de mercados, em âmbito mundial, são alguns dos fatores que ajudam a explicar a
crescente competitividade das empresas capitalistas que, preocupadas em defender
as demandas de mercado, recorrem a diferentes estratégias de modernização. A
modernização hoje está associada a novas estratégias de gestão da força de
trabalho, tanto em termos de reorganização do processo produtivo, como em termos
de políticas de recursos humanos.
Vieira, Guimarães e Martins (2003) da mesma forma salientam que o
panorama brasileiro é marcado por inúmeras mudanças políticas, econômicas e
sociais, aumento de desemprego, competitividade exacerbada e isso também
mantém o trabalhador em constante estado de tensão, gera insatisfação no trabalho
e produz stress.
20
Hoje busca-se cada vez mais o aumento da produtividade, com automatização,
mecanização e informatização dos maquinários, porém deve-se pensar também em
tornar o ambiente de trabalho mais agradável e menos lesivo à saúde do
trabalhador. Conforme Maslach e Leiter (1999), empregados desgastados,
provavelmente permaneçam no emprego contribuindo minimamente, limitando o
potencial de seu grupo de trabalho. Uma empresa que está preocupada em
produtividade não pode ignorar o funcionário.
Nas últimas décadas a sociedade tem assistido a um aumento na
complexidade das tarefas laborais. Sendo assim, é importante entender melhor o
modo como a saúde pode ser afetada quando as condições psicossociais de
trabalho são predominantes adversas, gerando o stress ocupacional (Elias &
Navarro, 2006; Ferreira & Assmar, 2008; Macedo, 2005; Murofuse, Abranches &
Napoleão, 2005). O stress ocupacional é reconhecido mundialmente como um dos
principais fatores de redução da qualidade de vida no trabalho (Cruz, 2008).
Para Greenberg (2002) uma estimativa de que as empresas americanas
gastam por ano 200 bilhões de dólares com custos que incluem salários pagos a
funcionários enfermos, despesas de hospitalização e cuidados ambulatoriais e
custos ligados à queda de produtividade. Além disso, os funcionários estão sujeitos
a tomar decisões erradas, faltar ao trabalho, abusar de substâncias químicas e
álcool e terem que ser substituídos por funcionários que deverão ser treinados,
gerando altos custos à empresa. Estatísticas européias referem que, entre os
países membros da União Européia, o stress laboral afeta pelo menos 40 milhões
de trabalhadores, envolvendo um custo anual aproximado de 20 milhões de euros
(Comisión Europea, 2002), sendo que estudos nestes países evidenciam que de 50
a 60% das ausências no trabalho se devem ao stress (Cox, Griffiths, Barlow,
21
Randall, Thomson, & Rial-Gonzalez, 2000). No Brasil, estatísticas recentes do
Ministério da Saúde colocam os transtornos mentais em terceiro lugar no ranking de
causas de concessão de benefícios previdenciários como auxílio doença,
afastamentos do trabalho e aposentadorias por invalidez (Ferreira & Assmar, 2008).
Outros trabalhos realizados nos Estados Unidos e Inglaterra, também mostram
que o stress ocupacional tem um alto custo tanto individual como organizacional.
Estimou-se que o estresse causa a metade do absentismo, 40% da rotatividade e
tem consequências significativas na produtividade laboral. Todos estes efeitos são
devido a problemas de saúde que poderiam ser prevenidos e que são relacionados
ao estresse ocupacional (Guic, Bilbao & Bertin, 2002).
As estatísticas revelam que em 1995 as empresas brasileiras gastaram US$
412 com custos relativos a stress por funcionário. Em 2000 o custo extrapolou para
US$ 1.850 por ano (Polito & Bergamaschi, 2002).
Alguns estudos dão ênfase ao estilo de vida que o indivíduo possui,
principalmente em relação ao seu trabalho como uma causa do stress excessivo
(Everly, 1989). Os sintomas de stress se manifestam tanto a nível organizacional
como individual, de acordo com o modelo elaborado por Cooper (1986) e Cooper e
Marshall (1982). Os sintomas individuais têm a forma de humor depressivo,
irritabilidade, hipertensão arterial, entre outros (Lipp et al., 1996).
Em função das perdas econômicas e humanas associadas ao stress
ocupacional, as intervenções tornam-se necessárias para sua prevenção e controle.
Programas de manejo de stress na organização e no trabalho se fazem
necessários, porém devem ocorrer intervenções focadas para modificação dos
estressores do ambiente de trabalho e para isso é necessário instrumentos para
reconhecê-los (Murta & Tróccoli, 2004).
22
Existem várias teorias que definem o stress ocupacional, mas sabe-se que de
forma geral ele constitui um complexo estado físico-psíquico derivado das
exigências e inadequações dos fatores ambientais, organizacionais e humanos
(como percepções e comportamentos do indivíduo) do ambiente de trabalho e tem
como conseqüência respostas fisiológicas, psicológicas e comportamentais dos
indivíduos aos estressores (Bittar et al., 2004; Cruz, 2008; Grandjean, 1998; Jex,
1998; Perkins, 1995).
Tanto a teoria de ajustamento pessoa-ambiente (Edwards & Cooper, 1990)
quanto a teoria cibernética (Edwards, 1988, 1992) consideram o stress ocupacional
como uma relação entre o indivíduo e seu ambiente de trabalho, caracterizada por
uma discrepância entre o que o indivíduo deseja e o que percebe como sendo real.
A teoria cibernética, porém, ressalta o critério de referência relevante do indivíduo,
isto é, a presença da discrepância deve ser considerada importante pelo
empregado. De acordo com estas duas teorias, ao perceber estas discrepâncias o
indivíduo tenta ajustar-se à situação e alterar o ambiente para diminuí-las ou
eliminá-las.
De forma semelhante, Lazarus (1995) propõe também que o stress
ocupacional tem relação com a percepção das demandas do trabalho como
excessivas para os recursos de enfrentamento que possui. Mas este autor coloca
que nem todas as pessoas se desgastam com os mesmos estressores, o que vai
determinar o stress é a conjunção do ambiente com características específicas de
cada pessoa. As pessoas que têm tendência à depressão, por exemplo, teriam
tendência a reagir mais intensamente aos estressores organizacionais, o que
resultaria em problemas como absenteísmo, baixo desempenho e disfunções
emocionais. Este mesmo enfoque em relação às demandas é dado por Paschoal e
23
Tamayo (2005) que afirmam que os estudos desta área residem no estilo de
enfrentamento (estilo de coping) do empregado frente aos eventos estressores,
variáveis individuais como o locus de controle, o padrão de comportamento tipo A e
a auto-estima também têm chamado a atenção dos pesquisadores. Sabe-se que
indivíduos que têm autocontrole em situações de grandes demandas psicológicas
estão menos propensos a relatar stress ocupacional (Pinheiro, Tróccoli & Tamayo,
2003).
Dentro da questão ainda sobre as demandas, foi estudada sua relação com a
latitude de decisão. Acredita-se que situações de trabalho onde existam grandes
demandas e estreita latitude de decisão levam ao esgotamento dos trabalhadores.
Ao contrário, condições com alto nível de demandas, porém oferecendo aos
trabalhadores ampla latitude de decisão, induzem menores taxas de esgotamento
(Palácios, Duarte & Câmara, 2002).
As várias teorias que conceituam o stress ocupacional como um processo e
enfocam seu caráter relacional, concordam em considerar as percepções individuais
como mediadoras de suma importância do impacto do ambiente de trabalho sobre
as respostas do indivíduo (Cooper, Dewe & O'Driscoll, 2001; Edwards, 1992;
Edwards & Cooper, 1990; Jex, 1998; Kahn & Byosiere, 1992; Lazarus, 1995).
Este impacto pode ocorrer pela discrepância em relação aos valores
individuais. No momento que as pessoas se inserem nas organizações, criam-se
expectativas e motivações que se orientam a partir de valores profundamente
arraigados. Quando estes valores pessoais entram em conflitos com os valores
organizacionais pode ocorrer a diminuição da motivação para cooperar e se
comprometer com as demandas da organização (Gondim & Silva, 2004; Tamayo,
1998).
24
Uma das reações afetivas crônicas ao stress ocupacional é o burnout,
síndrome de natureza tridimensional, caracterizada por sentimentos de exaustão
emocional, de cinismo e desapego ao trabalho (despersonalização) e de ineficácia e
falta de realização pessoal (Maslach, Schaufeli & Leiter, 2001). Embora inicialmente
considerado um fenômeno que acometia profissionais que prestavam serviços ao
público em geral e cuidados com os outros (professores, médicos, enfermeiros, etc),
o burnout é considerado atualmente como uma reação que pode ser encontrada em
qualquer categoria ocupacional cujas condições de trabalho se mostrem propícias
ao surgimento da síndrome (Ferreira & Assmar, 2008).
Uma definição semelhante é dada por outros autores como Carlotto e Gobbi
(1999) e Gómez et al. (2005) que descrevem o burnout com três dimensões: a
exaustão emocional, a despersonalização, que se caracteriza pela insensibilidade
emocional do funcionário quanto à organização, e a diminuição da realização
pessoal no trabalho, que se caracteriza pela tendência do trabalhador a auto avaliar-
se de forma negativa. Esta exaustão emocional do trabalho é definida como uma
resposta ao stress ocupacional crônico, caracterizada por sentimentos de desgaste
físico e emocional (Tamayo & Tróccoli, 2002).
Os sintomas organizacionais de stress se referem ao absenteísmo, abandono
do emprego, dificuldade nas relações pessoais, pouco controle de qualidade, baixa
motivação, diminuição da satisfação, do rendimento e da produtividade.
Estressores organizacionais
O esforço principal dos pesquisadores no campo do stress organizacional está
voltado para a identificação dos estressores, ou seja, eventos que provocam
25
respostas indicativas de stress e interferem no bem estar, saúde e desempenho do
indivíduo, tais como mudanças fisiológicas, sintomas físicos e tensão psicológica, na
maioria das pessoas expostas a estas condições. Interessam os efeitos psicológicos
do stress, como insatisfação no trabalho, ansiedade, depressão, burnout, fadiga,
irritação, hostilidade, etc. Outras conseqüências como afastamento da organização
e intenção de abandoná-la estão presentes também no stress organizacional (Codo,
Soratto & Vasques-Meneses, 2004; Kahn & Byosiere, 1992).
De forma geral, os autores concordam que o stress organizacional pode ser
desencadeado por fatores internos e externos (Carlotto & Gobbi,1999; Lipp, 2001b;
Lipp & Malagris, 2001; Murta, Laras & Tróccoli, 2005). Existem os estressores
externos que são de origem laboral, ambiente físico e condições de trabalho que
afetam o organismo e muitas vezes independem do mundo interno da pessoa. Em
contrapartida, os estressores internos são determinados pelo próprio indivíduo,
constituem parte do modo de ser da pessoa.
Everly (1989) utiliza outra classificação que foi referida pelos autores
anteriores. Este autor descreve alguns tipos de estressores: os psicossociais são
decorrentes da interação complexa entre comportamento social e interpretação
destes comportamentos com base em experiências passadas e processos de
aprendizagem que abrangem adaptação, frustração, sobrecarga e privação. Outro
tipo de estressores são os bioecológicos decorrentes da interação do indivíduo com
estímulos do ambiente, como ritmos biológicos, hábitos nutricionais e ruídos
excessivos. Outros seriam estressores relacionados à personalidade como
autoconceito, padrões de comportamento e ansiedade excessiva.
Além destes estressores individuais, existem vários tipos de estressores
ocupacionais. Ao longo dos últimos anos, pesquisas levantaram imeros fatores
26
que seriam provocadores do stress no ambiente de trabalho. Alguns autores
consideram a classificação dos estressores organizacionais da seguinte forma:
1) Estressores das condições ambientais como: o ruído, a iluminação, a
temperatura, iluminação e poluição (Codo, Soratto & Vasques-Meneses, 2004;
Chiavenato, 1999; Everly, 1989; Grandjean,1998; Peiró, 1999a; Preston, Ivancevich
& Matteson, 1981).
Segundo Everly (1989) os ruídos excessivos fazem com que ocorra um
aumento de estímulo no sistema nervoso simpático, provocando irritabilidade,
diminuindo o poder de concentração e alteração de sono.
2) Fontes intrínsecas ao trabalho: turno, longas jornadas, sobrecarga de
atividades, rotina de trabalho, a exposição a riscos, condições de trabalho, falta de
férias e perda de emprego (Chiavenato, 1999; Cooper, 1986; Konopatzki et al.,
2001; Lipp, Malagris & Novaes, 2007; Peiró, 1999a)
3) Os conteúdos do trabalho ou as características das tarefas, como atividades
monótonas, repetitivas e fragmentadas: deve-se utilizar as habilidades que
permitem a realização das tarefas, o feedback que se recebe pela própria execução
do trabalho, a identidade da tarefa e a complexidade do próprio trabalho (Codo,
Soratto & Vasques-Meneses, 2004; Deliberato, 2002; Konopatzki et al., 2001; Peiró,
1999a).
Problemas como alta rotatividade, absenteísmo e baixo desempenho o
resultados de respostas ao stress e tensão, resultantes da influência do ambiente de
trabalho, da estrutura da organização e diversos outros fatores relacionados ao
emprego e empregado, conforme ressalta Rossi (2007).
27
4) O desempenho de papéis: sobrecarga, conflitos, ambiguidade e
responsabilidades do papel (Appel & Pucci, 2007; Codo, Soratto & Vasques-
Meneses, 2004; Cooper, 1986; Cruz, 2008; França & Rodrigues, 1997; Greenberg,
2002; Kahn & Byosiere, 1992; Lipp, Malagris & Novaes, 2007; Peiró, 1999a;
Preston, Ivancevich & Matteson, 1981; Silva, 2004; Sousa, 2002).
Se estressores persistirem, e se os indivíduos perceberem insuficientes suas
capacidades de enfrentamento desses estressores, cria-se um campo favorável
para a manifestação de reações físicas e psicológicas, contribuindo para o
desenvolvimento de doenças ocupacionais e afastamentos no trabalho (Cruz, 2008).
Este mesmo autor cita algumas estressores que podem levar à esta situação,
como as exigências no trabalho, o excesso de tarefas, a redução de funcionários, a
necessidade de manter-se empregado e a deterioração das relações de trabalho.
5) As relações interpessoais e grupais: relações com os superiores, com os
colegas, subordinados, clientes, autoritarismo do chefe (Camelo & Angerami, 2008;
Chiavenato, 1999; Cooper, 1986; Dejours, 1992; França & Rodrigues,1997; Lipp,
Malagris & Novaes, 2007; Moscovici, 2000; Peiró, 1999a; Sousa, 2002).
O relacionamento limitado e insuficiente com os supervisores, o conflito
interpessoal, a falta de suporte social e a violência no trabalho são estudados nesta
categoria como estressores psicossociais do ambiente de trabalho (Camelo &
Angerami, 2008).
Um dos fatores que leva à frustração na organização é a falta de valorização
que gera um sentimento de inutilidade, remetendo à falta de qualificação e de
finalidade do trabalho (Dejours, 1992). Um estilo de supervisão autoritário, arbitrário,
onde o ritmo, as opiniões e necessidades dos funcionários são desconsiderados,
28
com falta de diálogo e excesso de feedback negativo, sem nenhuma assistência
para os problemas identificados, causam o stress organizacional, acarretando em
insatisfação, baixa da produtividade e qualidade do trabalho e insatisfação do
trabalhador e da própria empresa.
Vários autores, em estudos realizados com enfermeiras de Unidade Intensiva,
Emergência e Saúde coletiva, também identificaram o relacionamento interpessoal
como sendo um importante agente estressor organizacional, tanto em razão de
incongruências e falta de adaptação entre as pessoas, como dificuldade da própria
comunicação entre o grupo (Haché-Faulkner & Mackay, 1985; Hawley, 1992;
Norbeck, 1985; Preston, Ivancevich & Matteson, 1981).
Segundo Moscovici (2000), ao introduzir-se na organização, o indivíduo tem
um alto nível de motivação pelas novidades que enfrentará no trabalho e o interesse
passa a ser grande. No início, a pessoa faz planos, sonha com formas de se
realizar, idealizando uma carreira invejável, todavia, aos poucos, com o convívio
adentro da mesma, vai conhecendo uma realidade diferente, observando que será
mais difícil do que imaginou concretizar seus sonhos. Dificuldades nas relações
interpessoais podem começar a surgir e estas se corroerem e o apoio inicial das
chefias pode ficar comprometido. Desta forma, o indivíduo passa a vivenciar
insegurança e falta de compreensão da forma de comunicação que se estabelece
dentro da organização. Com isso, a motivação para se trabalhar de forma
adequada, sua iniciativa, criatividade e a obtenção de sucesso são prejudicados.
6) O desenvolvimento da carreira: insegurança no trabalho, falta de
perspectiva de progresso profissional, insatisfação pessoal e profissional, as
diferentes transições do papel, as situações das diferentes etapas de
29
desenvolvimento, avaliação de desempenho profissional e as promoções
excessivamente rápidas (Chiavenato, 1999; Cooper, 1986; Peiró, 1999a).
As reações que o indivíduo manifesta nas situações organizacionais sofrem
influência de vários fatores que são determinantes de seu comportamento. As
interações dentro e fora do contexto organizacional estão associadas aos
determinantes pessoais que retratam as posições que os indivíduos ocupam no
contexto social. Os procedimentos, contratos, necessidades de atingir metas,
prazos, comuns nas organizações, incidem sobre o comportamento e podem levar
as pessoas ao sofrimento, se desempenham papéis que estejam aquém de sua
capacidade (Appel & Pucci, 2007).
7) Diferentes aspectos relacionados com as novas tecnologias (Cooper, 1986;
Everly, 1989; Peiró, 1999a).
As mudanças constantes determinadas pela empresa o grandes
estressoras. Exemplos disto seria uma nova chefia, nova orientação da empresa,
fusão ou aquisição de outra empresa e implantação de novas tecnologias. Também
podem ocorrer exigências que a pessoa faz a si própria que contribuem para o nível
de stress (Everly, 1989).
8) Componentes da estrutura ou do clima organizacional: excessiva
centralização ou um clima muito burocratizado ou de pouco apoio social entre os
membros da organização, falta de harmonia no ambiente de trabalho, grau de
participação na tomada de decisões, sentimentos de pertença, falta de
reconhecimento, apoio e confiança (Appel & Pucci, 2007; Chiavenato, 1999;
Cooper, 1986; Gondim & Silva, 2004; Grandjean, 1998; Greenberg, 2002; Kahn &
30
Byosiere, 1992; Konopatzki et al., 2001; Noriega, 1995; Peiró, 1999a, 2001; Preston,
Ivancevich & Matteson, 1981; Spíndola, 2000; Tamayo, Lima & Silva, 2002;
Theorell, 1996, 2000).
Segundo Tamayo, Lima e Silva (2002) e Peiró (2001), uma das variáveis que
interferem na forma como o indivíduo responde ao stress ocupacional é o impacto
do suporte social, que pode ser tanto benéfico ou prejudicial. Quanto maior o nível
de suporte social no ambiente organizacional, menor o nível de stress no trabalho.
Por outro lado, quando o suporte social é inexistente ou deficitário na organização,
este fator transforma-se num estressor. Pertencer a uma equipe de trabalho ou a
uma rede social aumenta o afeto positivo e reduz o nível de stress, mesmo que seus
membros não dêem suporte emocional ou assistência prática (Payne & Cooper,
2001).
Em contrapartida, as discordâncias num grupo quanto a metas, meios e
procedimentos em relação à realização das tarefas podem conduzir a discussões e
conflitos, ativando sentimentos e emoções intensos, que afetam a objetividade e o
clima emocional do grupo. A partir das divergências de percepção e ideias, as
pessoas se colocam em posições antagônicas, caracterizando uma situação
conflitiva. O conflito não é patológico ou destrutivo: ele previne a estagnação,
estimula o interesse e curiosidade pelo desafio da oposição, descobre os problemas
e demanda soluções. É a raiz de mudanças pessoais, grupais e sociais. A
compreensão e possível manejo dos conflitos interpessoais que podem surgir nas
empresas são fundamentais para se lidar melhor com o cotidiano organizacional. As
diferenças individuais como personalidades e culturas (valores, hábitos e crenças)
são alguns dos fatores que exercem poder sobre essa realidade (Gondim & Silva,
2004).
31
Spíndola (2000) também corrobora que o conflito no grupo de trabalho pode
ser positivo, quando estimula a busca de soluções para o problema; no entanto,
caso a situação de conflito seja contínua e ocorra a falta de coesão, poderá causar
frustrações e insatisfação e favorecer o aparecimento de moléstias somáticas.
Em contrapartida, quando os membros de uma organização conseguem ter
uma comunicação eficaz, a satisfação no trabalho e o desempenho são
incentivados: as pessoas compreendem melhor suas tarefas e sentem-se mais
envolvidas com elas. É através da análise da comunicação de uma empresa que se
pode perceber o pensar e o sentir da organização, seus valores, normas, crenças
compartilhadas, símbolos e rituais (Appel & Pucci, 2007).
9) Fatores externos (condições de trabalho) e exigências físicas e mentais da
atividade (organização do trabalho): pressão para produtividade, retaliação,
condições desfavoráveis à segurança no trabalho, indisponibilidade de treinamento
e orientação, falta de controle sobre a tarefa e ciclos trabalho-descanso incoerentes
com limites biológicos (Carayon, Smith e Haims,1999; Chiavenato, 1999; Dejours,
1994; França & Rodrigues,1997; Schabracq, Winnubst, & Cooper, 2002; Seligmann-
Silva, 1994).
10) A interface casa-trabalho
Para alguns autores, a existência de conflito entre papéis desempenhados
nessas duas dimensões pode ser tratada como um estressor organizacional
(Cooper, 1986; Cooper, Sloan & Williams, 1988). Em pesquisa realizada por
Oyarzún, González, Soto, Tapia & Trucco, (1999) foi observado que 27% dos
32
estressores de seus voluntários tinham origem laboral, 23% estavam relacionados
aos conflitos pessoais, 13% aos fatores organizacionais e 1% ao ambiente físico.
Independente do tipo de estressor vivenciado, estas circunstâncias impõem ao
trabalhador uma alta demanda a ser enfrentada. Se o indivíduo apresentar um
repertório deficitário de enfrentamento, será, então, desencadeado o stress
ocupacional. Além disso, ele pode ser desencadeado pela percepção do ambiente
como ameaçador às suas necessidades de realização pessoal e profissional,
prejudicando sua interação com suas funções e ambiente de trabalho (Carayon,
Smith & Haims,1999; França & Rodrigues, 1997).
Conforme também aponta Savoia (1999) os estressores podem ser
encontrados no local de trabalho, ou estar ligados a assuntos pessoais e do meio
ambiente. No primeiro caso, constituem exemplos as pressões de tempo, os
conflitos inter e intrapessoais, os aspectos físicos negativos do local de trabalho e
no segundo, as preocupações financeiras, os problemas com os filhos, os
problemas conjugais, as preocupações de saúde; em relação ao meio ambiente, o
local onde a pessoa reside, etc.
Em muitas pesquisas investigam-se quais impactos o stress ocupacional pode
ter na família e como se dá esse processo (Perry-Jenkins, Repetti & Crouter, 2000).
A direção contrária, porém, também pode ser estabelecida, ou seja, de que modo
acontecimentos na família podem ter impacto na vida profissional do indivíduo
(Frone, Yardley & Markel, 1997; MacEwen & Barling, 1994), o que tem sido menos
explorado.
Deve-se ressaltar que as pessoas têm diferentes níveis de tolerância a
situações estressantes. Algumas são perturbadas pela mais ligeira mudança ou
33
emergência, outras são afetadas apenas por estressores de maior magnitude ou
quando a exposição a eles é muito prolongada (Savoia, 1999).
Ao levar em consideração todos estes estressores que influenciam o cotidiano
organizacional e as estratégias de enfrentamento individuais, algumas mudanças no
ambiente organizacional podem produzir resultados rápidos e eficazes na promoção
da saúde (Stokols, 1992). As intervenções focadas no trabalhador podem também
contribuir para a prevenção de doenças, ao atuarem como ferramenta auxiliar em
programas multidisciplinares de promoção de saúde no trabalho.
É importante ressaltar que a avaliação das necessidades dos trabalhadores
aumenta as chances de eficácia e eficiência da intervenção por detectar as
demandas da população-alvo do programa. Pode ser feita através de entrevistas,
questionários ou usando indicadores organizacionais, tais como incidência de uma
dada doença ocupacional ou freqüência de licenças para tratamento de saúde
(Murta & Tróccoli, 2004).
As intervenções atuais de stress constituem-se principalmente em prevenção
secundária e terciária, ou seja, elas são de natureza post hoc (reativa), por exemplo:
aconselhamento de trabalhadores estressados, psicoterapia individual, relaxamento
ou biofeedback. A prevenção primária (“extirpar os riscos”) é rara. Relacionado a
isso, o alvo principal é o trabalhador individual, em lugar do ambiente de trabalho ou
da organização.
O conteúdo da maioria dos programas de intervenção, com sua ênfase nas
abordagens individuais, reflete as atitudes e valores do gerenciamento empresarial.
Os gestores o frequentemente inclinados a culpar fatores de personalidade e o
estilo de vida dos empregados por suas ausências do trabalho ou pelas queixas de
34
saúde que reportam. Menos frequentemente se levanta a questão de como seu
estilo de liderança pode afetar o absenteísmo e as queixas de saúde.
Ao combater o stress através de metas realistas, as empresas propiciam uma
melhoria do ambiente de trabalho e da comunicação, aumento do envolvimento dos
funcionários nas decisões, implantação de programas de bem-estar, diminuição de
ruídos no local de trabalho, reconhecimento e recompensa aos colaboradores e
redução de conflitos pessoais (Chiavenato, 1999).
Se for considerado o grande prejuízo causado pelo stress, há de se entender a
preocupação atual com a aplicação de medidas anti-stress. As empresas, ao
detectar os estressores ocupacionais e tomar medidas de prevenção ou tratamento,
não apenas para promover maior produtividade, menor absenteísmo e menores
custos médicos, podem contribuir para promover melhor qualidade de vida na
família, no trabalho e na sociedade no geral.
Além destes aspectos, Rossi (2007) pontua que a maioria dos estudos
relacionados a estresse ocupacional é restrita a pesquisas realizadas com
profissionais americanos e do sexo masculino, sendo assim, seria importante
comparar e contrastar o estresse ocupacional entre profissionais do sexo masculino
e feminino. Tal pesquisa ajudaria a esclarecer o papel aparente da percepção de
gênero em termos de sua influência na saúde física e psicológica.
Stress e Relações interpessoais
Relações interpessoais no trabalho
A vida no trabalho faz-se em cenário de atitudes, emoções e sentimentos de
enorme diversidade, reproduzindo as características de cada indivíduo lidar com a
35
realidade. O clima que se vive no ambiente de trabalho repercute na forma de
tratamento entre os membros, de discutir os problemas, na forma como os líderes
conduzem as tarefas e lidam com as pessoas, com o erro, na disponibilidade para
ouvir e a reconhecer os ganhos (Bom Sucesso, 2002).
A história de vida do indivíduo em grande parte determina esta forma de reagir,
que configura como a pessoa lida com emoções que permeiam as relações
interpessoais e afetam a qualidade de vida.
O auto-conhecimento e o conhecimento do outro são componentes essenciais
na compreensão de como a pessoa atua no trabalho, dificultando ou facilitando as
relações. As dificuldades no estabelecimento do diálogo fundamentam-se em raízes
culturais. Nas organizações, as práticas inadequadas de lidar com o erro e a crítica
provocam discussões ou silêncio, permeados pelo medo e pela raiva. Ambos o
expressos de forma inadequada, dificultando um diálogo, pois criam obstáculos para
uma abertura e confiança, indispensáveis para o estabelecimento da conversa no
ambiente de trabalho. As emoções positivas, como o afeto, têm papel fundamental
na qualidade das relações organizacionais (Bom Sucesso, 2002).
Esta autora refere que o medo pode surgir no ambiente de trabalho e faz com
que o indivíduo evite situações que poderiam resultar em êxito e de enfrentar novos
desafios. Algumas condutas gerenciais propiciam esse sentimento, como punições,
dificuldade em lidar com o poder, condutas agressivas e comportamento
imprevisível, quebra de confiança (não cumprimento de promessas) e dificuldade
em ouvir. O medo também pode surgir entre os colegas da equipe, em função de
fofocas e delação, falsidade, disputas por prestígio e poder e agressividade.
Percebe-se que o medo persiste nas relações de trabalho, afetando o
comprometimento, a motivação e a confiança. As maiores provas da presença do
36
medo têm sido a dificuldade em falar com franqueza sobre os problemas, a recusa
em apresentar sugestões e o temor em discordar. As situações e razões pelas quais
as pessoas não conseguem expressar abertamente seus sentimentos têm sido
investigadas, a fim de se encorajar relações de mais confiança e diminuir o stress
interpessoal que relações inadequadas podem gerar.
Stress interpessoal
Apesar da extensa bibliografia sobre as relações interpessoais e suas variáveis
no ambiente de trabalho, poucos estudos foram encontrados que relacionam este
aspecto com o stress organizacional. Uma das referências encontradas é o trabalho
de Matthews e Zeidner (2002) que objetivou explorar o conceito de inteligência
emocional no campo do stress. Os autores demonstraram que uma inteligência
emocional mais desenvolvida pode ser preditora de menos stress apenas para
certos tipos de personalidade.
A influência dos fatores individuais, da organização e da cultura nos
relacionamentos e no stress foi estudada também pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT, 1984), na qual acredita que os riscos psicossociais no trabalho
consistem, por um lado, na interação entre o trabalho, seu ambiente, a satisfação no
trabalho e as condições de sua organização; e por outro, nas capacidades do
trabalhador, suas necessidades, sua cultura e sua situação pessoal fora do trabalho,
o que, afinal, através de percepções e experiências, pode influir na saúde, no
rendimento do trabalhador e, consequentemente, no nível de stress experimentado
por ele. Estes riscos psicossociais podem ser definidos tanto segundo aspectos de
organização e gerenciamento do trabalho como no seu contexto social e ambiental,
37
que têm potencial para causar prejuízos físicos ou psicológicos, contribuindo assim
para o stress ocupacional (Camelo & Angerami, 2008).
De acordo com estes autores, os riscos podem ser agrupados em categorias
relacionadas ao contexto e conteúdo do trabalho. Uma das categorias é a de cultura
e função organizacional, aonde estão inseridos fatores associados ao stress, como
a deficiência na comunicação, suporte precário para resolução de problemas e para
o desenvolvimento pessoal e indefinição de objetivos organizacionais. Quando a
organização é percebida pelos trabalhadores como um ambiente precário,
provavelmente isto estará relacionado a um aumento do stress; contudo, se a
organização for considerada como um local para a resolução de problemas e a
realização de tarefas e como um local em desenvolvimento, a relação entre a
experiência do estresse e o registro dos sintomas da doença será atenuada.
Concluem no seu estudo que o sucesso de uma organização depende da
performance individual, da qualidade da interação da associação no trabalho e da
comunicação efetiva entre os trabalhadores (Warren & Toll, 1998). A qualidade das
relações interpessoais é fator importante na hora de determinar o potencial
estressor.
Neste sentido também, em um estudo de Coronetti, Nascimento, Barra e
Martins (2006) sobre o stress na equipe de enfermagem, constatou-se que o
relacionamento entre os profissionais era uma das fontes estressoras, assim como a
falta de cooperação, comunicação deficiente e privilégios. Constatou-se que a falta
de um bom relacionamento interfere diretamente na assistência prestada e na
satisfação no trabalho, ao qual gera maior stress para a equipe de enfermagem,
assim como interfere na forma do cuidado ao paciente.
38
Percebeu-se neste estudo que prevaleceram as manifestações psicológicas
que, conseqüentemente, geram dificuldade no relacionamento e insatisfação no
trabalho. Foi citado muitas vezes pelos participantes que o coleguismo seria um pré-
requisito fundamental para a colaboração mútua, o qual estimula o enfrentamento
de riscos, comum no momento de stress. Observou-se pelos depoimentos que as
dificuldades de relacionamento resultam em transtorno para a equipe e,
conseqüentemente, no trabalho desempenhado.
Assim como os autores acima, Camelo e Angerami (2004) também
encontraram que, no contexto organizacional, a presença de trabalhadores
estressados na equipe pode provocar o desenvolvimento das atividades com
ineficiência, comunicação deficitária, desorganização do trabalho, insatisfação e
diminuição da produtividade.
Seguindo esta mesma linha, outro estudo de Barbosa (1999) fez um
levantamento das situações que provocam stress e notou que a maior parte delas
refere-se à interação com outras pessoas, que pode tornar-se ameaçadora. Isto
devido à forma de se posicionar e à falta de expressão de sentimentos,
pensamentos e opiniões que muitas vezes produz um mal estar geral, constantes
discussões e conflitos.
A conclusão deste trabalho foi que a comunicação eficiente é fundamental para
uma boa relação interpessoal. As dificuldades nessa área podem surgir algumas
vezes por falta de modelos adequados ou por experiências negativas relacionadas
ao contato social. Ao adotar uma postura assertiva aumenta-se a chance de lidar
com conflitos e com o stress gerado pelas dificuldades inerentes às relações
humanas.
39
Em outro estudo realizado sobre a manifestação emocional em situações de
stress com pacientes hipertensos, Castro e Scatena (2004) concluíram que o stress
é um fator agravante ao bem-estar biopsicossocial deste tipo de paciente. As
manifestações de stress favoreceram o aparecimento de distúrbios relacionados à
capacidade de compreensão, interação com o meio no qual o paciente estava
inserido, provocou descontroles emocionais como irritabilidade, preocupação,
distúrbios de humor, ansiedade, dificuldade para relaxar, distúrbios do sono,
sensação de medo e depressão, fatores os quais podem interferir no seu
relacionamento interpessoal.
Outro fator que pode levar ao stress em algumas pessoas é a dificuldade de
conseguirem se ligar afetivamente a alguém, o relacionamento interpessoal pode
tornar-se tedioso e não conseguem se preencher com eles, buscam sempre algo
novo, mais excitante, que se frustram, pois não conseguem se preencher de
qualquer forma: o que era excitante no início passa a ser tedioso também. Essa
busca não preenchida torna-se estressante. Outra forma de se estressar nos
relacionamentos interpessoais é a busca incessante e exagerada por aprovação,
reconhecimento e aceitação. Quando não conseguem o que buscam o stress
interno pode se desenvolver e muitas vezes não ser identificado (Lipp, 2000).
De acordo com os estudos apresentados anteriormente, parece haver acordo
quanto a que o stress de alguma forma interfere negativamente nas relações
interpessoais, tanto pelo descontrole emocional que ele pode provocar, assim pela
falta de compreensão e dificuldade na comunicação. Os autores Bar-On, Brown,
Kirkcaldy e Thomé (2000) estudaram as possíveis diferenças entre os gêneros no
que se refere às habilidades interpessoais. No seu estudo não houve diferença
significativa entre homens e mulheres na inteligência emocional. Entretanto,
40
aparentemente as mulheres tinham significativamente melhores habilidades
interpessoais que os homens enquanto que os homens tiveram melhor tolerância ao
stress e talvez controle de impulso. Estas diferenças entre homens e mulheres o
confirmadas em resultados de vários países.
Rose (1995) também encontrou em seus estudos que homens são mais
hábeis para lidar com eventos adversos e situações estressantes e também têm
mais habilidade de controlar suas emoções do que as mulheres. Estes achados
estão de acordo com as pesquisas em que as mulheres parecem mais inclinadas a
usar as oportunidades nas interações sociais com mais contatos sociais que
aumentam seu senso de bem estar e felicidade no trabalho.
Diante do exposto anteriormente, chega-se à conclusão da importância de se
desenvolverem habilidades adequadas para aumentar a competência interpessoal e
minimizar a chance de aumentar o nível de stress nos relacionamentos no ambiente
do trabalho.
As competências interpessoais no trabalho
Esta é uma época de muitos avanços tecnológicos em todas as áreas
profissionais. Os avanços tecnológicos geram mudanças cada vez mais aceleradas.
Estas constantes mudanças aliadas ao mundo globalizado e riscos cada vez mais
crescentes obrigam indivíduos a estarem em constante desenvolvimento e
aperfeiçoamento, que se traduziria em vantagem competitiva. Atualmente, sob este
ponto de vista, investe-se no desenvolvimento de profissionais com determinadas
características, tais como habilidades de automotivarem-se, de assumirem riscos e
responsabilidades pelos acontecimentos diários, de terem habilidade de lidar com
41
pessoas e resolverem conflitos, de serem tolerantes a frustrações, de terem
consciência do seu papel dentro da organização, que façam gestão participativa e
estimulem a produção em grupos (Alvarenga, Pádua & Silveira, 2002; Chiavenato,
1997).
Atualmente o mais importante não é obter um emprego duradouro, mas
tornar-se empregável, mantendo-se competitivo em um mercado de mudanças. A
empregabilidade segundo Chiavenato (1997, p.85) “é o conjunto de competências e
habilidades necessárias para uma pessoa manter sua colocação dentro ou fora da
empresa. (...) o profissional tem que estar atento às mudanças e se adaptar a elas”.
Conforme salientam Marquardt e Engel (1993), em nenhuma outra época na
história das organizações, as pessoas com suas competências e talentos foram tão
valorizadas como atualmente. Com o intuito de fazerem frente às atuais
transformações do mundo dos negócios, as empresas têm necessitado de
indivíduos cada vez mais talentosos e competentes.
O conceito de competência foi definido por McClelland (1973) como uma
característica subjacente a uma pessoa que é casualmente relacionada com
desempenho superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação.
Diferenciava assim competência de aptidões, que seria o talento natural da pessoa,
o qual pode vir a ser aprimorado, de habilidades, demonstração de um talento
particular na prática e conhecimentos, tudo o que as pessoas precisam saber para
desempenhar uma tarefa (Mirabile, 1997).
Em contrapartida, outros autores também contribuíram para este conceito.
Fleury e Fleury (2001) definiram competência como um saber agir responsável e
reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e
habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao
42
indivíduo. O conceito de competência é pensado como conjunto de conhecimentos,
habilidades e atitudes (isto é, conjunto de capacidades humanas) que justificam um
alto desempenho, acreditando-se que os melhores desempenhos estão
fundamentados na inteligência e personalidade das pessoas.
Richardson (1999) levantou um elenco de quinze competências mais
reiteradamente apontadas nos trabalhos revisados: domínio de novos
conhecimentos técnicos associados ao exercício do cargo ou função ocupada;
capacidade de aprender rapidamente novos conceitos e tecnologias; criatividade;
capacidade de inovação; capacidade de comunicação; capacidade de
relacionamento interpessoal; capacidade de trabalhar em equipes; autocontrole
emocional; visão de mundo ampla e global; capacidade de lidar com situações
novas e inusitadas; capacidade de lidar com incertezas e ambigüidades; iniciativa
de ação e decisão; capacidade de comprometer-se com os objetivos da
organização; capacidade de gerar resultados efetivos e capacidade empreendedora.
Devido à incerteza, às mudanças constantes e à pressão do tempo, o ambiente
contemporâneo exige das pessoas características como praticidade, flexibilidade e
capacidade de resolver conflitos. Presume-se que o preparo para lidar com esse
turbilhão de emoções contribui para um maior sucesso pessoal e profissional. O
perfil exigido atualmente para o funcionário é para que este seja, ao mesmo tempo,
competitivo e cooperativo, individualista e capaz de trabalhar em equipe, tomar
iniciativa e conformar-se às regras. Seja qual for o nível ocupacional dos sujeitos, do
gerencial ao operacional, todos são chamados a atuarem de forma ativa, criativa e
crítica. A competência interpessoal passa a ser um requisito imprescindível a todos
os níveis ocupacionais de uma empresa, desde aquele que atende à comunidade
externa à empresa como aos clientes e ao público em geral, até aqueles que
43
convivem diariamente com o público interno, no mesmo setor (os colegas e a chefia
imediata) e intersetores (Lima, 1995).
Nos últimos anos, constatou-se um aumento de trabalho em equipe e das
equipes de trabalho, requerendo outro tipo de competências para um bom
desempenho. Por outra parte, é cada vez mais freqüente que uma mesma pessoa
necessite trabalhar ao longo de sua jornada laboral com diferentes equipes que
apresentam características e missões bem diversas. Nesta situação, é necessário
para o trabalhador dispor de competências que lhe permitam utilizar as
competências para o trabalho em equipe, relevantes em cada caso. Em função das
transformações do trabalho, houve a necessidade do desenvolvimento de uma
maior flexibilidade e também maior polivalência nas habilidades e competências.
Esta polivalência permite, por sua vez, uma maior flexibilidade e versatilidade
organizacional (Peiró, 2001).
Além da inteligência intelectual e da emocional deve também existir e
desenvolver-se a inteligência interpessoal, que segundo Gardner (1995, p.15) “é a
capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham,
como trabalhar cooperativamente com elas”. Moscovici (1995) define a competência
interpessoal como a habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de
lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às
exigências da situação.
Alguns indivíduos têm estas habilidades intuitivamente e outros precisam de
treinamento para desenvolvê-las. A competência interpessoal é um processo de
qualificação profissional primordial para funções de liderança e outras funções de
predominância de intercâmbio social.
44
Segundo esta mesma autora, as diferenças entre as pessoas podem trazer
benefícios ao grupo e ao indivíduo, outras vezes prejuízo, reduzindo-lhes a
eficiência. Propiciam uma riqueza de opções de maneiras de reagir a qualquer
situação ou problema.
Moscovici (1985) sugere que sentimentos positivos de simpatia e atração
produzem aumento de interação e cooperação, influenciando positivamente na
realização de tarefas e produtividade. Os sentimentos de antipatia e rejeição
acarretam a diminuição das interações e da comunicação e o distanciamento,
favorecendo a redução da produtividade em geral. Esta correlação pode afetar a
competência técnica do indivíduo, por influência do grupo e da situação de trabalho.
A autora afirma que a maneira de lidar com as diferenças individuais cria um
determinado clima entre os indivíduos e tem grande impacto sobre as formas de
comunicação, relações interpessoais, produtividade e comportamento
organizacional.
Esta autora acredita que quando as diferenças individuais são respeitadas, a
comunicação flui e as pessoas ouvem e conseguem ouvir e têm maiores chances
de dar e receber feedback. Quando estas diferenças são negadas, a comunicação
torna-se difícil e falha levando às distorções.
Garner (1995) sugere que quatro componentes da inteligência interpessoal:
organizar grupos, negociar soluções, relacionamento pessoal e análise social.
Vieira, Ikissima, Gomes e Assis Júnior (2004) acreditam que o apenas dois
componentes básicos: a percepção e a habilidade de lidar com soluções
interpessoais. A percepção precisa ser treinada para o exercício de receber o
feedback, de modo que possibilite a saída dos limites restritos da conduta
estereotipada do dia-a-dia. A habilidade engloba: (a) flexibilidade perceptiva e
45
comportamental (ver a situação de vários ângulos e atuar de forma não rotineira),
que permite o desenvolvimento da capacidade criativa e de propostas menos
convencionais; e (b) dar e receber feedback.
De qualquer forma, a competência interpessoal é revelada na relação
indivíduo-indivíduo e nas relações indivíduo-grupo(s), englobando assim atitudes
individuais e coletivas que são indissociáveis. É na interação com o outro que a
percepção da realidade e das suas variáveis são introjetadas (Rodrigues, Imai &
Ferreira, 2001).
Durante a evolução humana nos relacionamos com os indivíduos, tanto por
necessidade como por contato social, portanto a competência interpessoal se torna
fundamental. De acordo com Z. Del Prette et al. (2004) as pessoas que se isolam
desta interação ficam mais propensas aos problemas psiquiátricos, doenças sicas,
estresse crônico e tendência ao suicídio. Em contrapartida, os indivíduos
socialmente competentes tendem a apresentar relações pessoais e profissionais
mais produtivas, satisfatórias e duradouras, além de melhor saúde física e mental e
bom funcionamento psicológico As demandas das relações interpessoais no
trabalho foram estudadas por A. Del Prette e Z. Del Prette (2001b, p. 57): “os novos
paradigmas organizacionais que orientam a reestruturação produtiva têm priorizado
processos de trabalho que remetem, diretamente, à natureza e à qualidade das
relações interpessoais”.
As habilidades sociais no ambiente profissional foram definidas por estes
mesmos autores como “aquelas que atendem às diferentes demandas interpessoais
do ambiente de trabalho objetivando o cumprimento de metas, a preservação do
bem-estar da equipe e o respeito aos direitos de cada um” (A. Del Prette & Z. Del
Prette, 2001b, p.89).
46
Em relação às habilidades interpessoais mais valorizadas nas organizações,
estes autores destacam a valorização do trabalho em equipe, intuição, criatividade,
autonomia na tomada de decisões, reconhecimento da qualidade de vida e
preocupação com a auto-estima.
Segundo esses autores estes aspectos requerem habilidades como liderar e
coordenar grupos, dissolver conflitos interpessoais e intergrupais, manejo de
estresse, tomada de decisões, organização de atividades, incentivo da criatividade
da equipe e competência para falar em grupo. Para isso, o saber ouvir, dar
feedback, pedir mudança de comportamento, perguntar e responder o
fundamentais.
Além das habilidades individuais necessárias acima descritas, existem algumas
variáveis que são da própria organização e que devem ser consideradas, como o
clima, as normas, a liderança, o gerenciamento, a comunicação, enfim tudo o que
faz parte do ambiente empresarial. Outra variável a ser considerada é a cultura,
posto que, a mesma mostra o grau de formalidade e de informalidade existentes nos
ambientes organizacionais, ocasionando numa maior ou menor flexibilidade nas
relações (Kanaane, 1999).
Em qualquer relação interpessoal são requeridas habilidades para que a
convivência seja satisfatória aos envolvidos na interação. Tais habilidades são
chamadas de habilidades sociais (HS), definidas como classes de comportamentos
presentes no repertório de um indivíduo que constituem um desempenho
socialmente competente. Qualquer desempenho que ocorre em uma situação
interpessoal é considerado um desempenho social, podendo ser caracterizado
como socialmente competente ou não (Magalhães & Murta, 2003). Estas
habilidades podem ser desenvolvidas com um treinamento específico, minimizando
47
os efeitos negativos da falta de habilidades, principalmente no que se refere aos
relacionamentos interpessoais e, consequentemente, ao stress organizacional inter-
relacionado à eles.
As Habilidades Sociais
Muitas teorias da Psicologia abordam a questão da importância das relações e
interações sociais como fatores de saúde mental. O déficit de habilidades sociais
(HS) pode acarretar problemas psicológicos no decorrer da vida do indivíduo e
dificultar o sucesso de suas relações interpessoais (A. Del Prette & Z. Del Prette,
2001b).
Alguns pesquisadores associados a Argyle (1994) iniciaram o uso do termo
“habilidades sociais” (HS) na década de 60. Este pesquisador demonstrou interesse
na área de interações sociais, especialmente na Psicologia Social do Trabalho,
aplicando este conceito nas interações homem-máquina. A partir da década de 80
houve um crescente de publicações na área de desempenho interpessoal dentro da
Psicologia associados a uma grande variedade de terminologias (Z. Del Prette & A.
Del Prette, 1999).
Os termos habilidades sociais, desempenho social e competência social se
diferenciam. O desempenho social refere-se à emissão de um comportamento ou
seqüência de comportamentos em determinada situação social. O indivíduo com um
bom desempenho social é aquele que expressa e decodifica corretamente as
habilidades esperadas pelo ambiente.
A competência social tem sentido avaliativo sobre os efeitos do desempenho
social nas situações vividas pelo indivíduo. O comportamento socialmente
48
competente ou habilidoso é um conjunto de comportamentos emitidos por um
indivíduo em um contexto interpessoal na qual organiza pensamentos, sentimentos,
opiniões e ações de acordo com seus objetivos e valores somando-se às demandas
do ambiente, contribuindo na maximização dos ganhos e na minimização de perdas
para si e para aquelas com quem interagem, geralmente solucionando os problemas
imediatos da situação e diminuindo a probabilidade de futuros problemas (Caballo,
2003; A. Del Prette & Z. Del Prette, 2001b).
Para afirmar que a competência social nos desempenhos interpessoais é
efetiva, deve-se atender aos seguintes critérios: a) os objetivos da interação foram
alcançados; b) manutenção ou melhora da auto-estima; c) manutenção e/ou
melhora da qualidade da relação; d) maior equilíbrio de ganhos e perdas entre os
parceiros da interação. E) respeito e ampliação dos direitos humanos básicos (A.Del
Prette & Z.Del Prette, 2001b).
o termo habilidades sociais refere-se às diferentes classes de
comportamentos sociais no repertório da pessoa para lidar de maneira adequada
com as demandas das situações interpessoais. A pessoa pode ter a habilidade e
não usá-la em determinada situação por algumas dificuldades ou crenças que a
impedem de fazê-lo. Este conceito também envolve a maximização de
conseqüências positivas, tanto para o indivíduo, quanto para a relação. O indivíduo
socialmente habilidoso é capaz de “(a) obter ganhos com maior freqüência, (b)
desempenhar minimamente tarefas indesejáveis e (c) desenvolver e manter
relacionamentos mutuamente benéficos e sustentadores” (Bedell & Lennox, 1997,
p.42). Para isto ocorrer, a pessoa deve saber quando, onde e como se comportar
apropriadamente, que as habilidades sociais envolvem perceber e analisar sinais
49
sutis que definem a situação e o repertório apropriado de resposta (Bellack, Mueser,
Gingerich & Agresta, 1997).
Para A. Del Prette e Z. Del Prette (2001b) as HS reúnem componentes
comportamentais (verbais de forma, verbais de conteúdo e não verbais), cognitivo-
afetivos mediadores (habilidades e sentimentos envolvidos na decodificação das
demandas interpessoais da situação, na decisão sobre o desempenho requerido
nessa situação e na elaboração e automonitoria desse desempenho) e fisiológicos
(ex.: respiração e taxa cardíaca), processos sensoriais, de regulação ou controle
autonômico e aparência pessoal e atratividade física
Os aspectos verbais observáveis referem-se às classes comportamentais
amplas como fazer e responder a cumprimentos e elogios, expressar opiniões e
discordâncias, iniciar, manter e encerrar conversações, fazer críticas e responder à
elas, pedir ajuda, fazer e responder a perguntas, fazer e recusar pedidos, defender-
se,expressar sentimentos, agrado e desagrado, pedir mudança no comportamento
do outro e pedir desculpas e escutar empaticamente, dentre outros (Caballo, 2003;
Del Prette et al., 2004; Falcone, 2002). Estes comportamentos incluem também os
componentes não verbais, como tom de voz, contato visual, gestos e postura.
Segundo Caballo (1993) uma conceituação adequada do comportamento
socialmente habilidoso deve incluir a especificação de três componentes: o
comportamental (tipo de habilidade), o cognitivo (variáveis do indivíduo) e o
situacional (contexto ambiental).
Outros autores colocam uma definição de categorias de HS, que incluem as
cognitivas (percepção e processamento da informação que definem, organizam e
guiam o comportamento) e as comportamentais (comportamentos sociais, verbais e
não verbais, que implementam a decisão derivada dos processos cognitivos). As
50
habilidades de percepção social e de processamento de informação permitem (a)
reconhecer informação relevante e essencial no ambiente e (b) processar essa
informação e decidir o modo apropriado de ação (Bedell & Lennox, 1997).
Em contrapartida a estes autores, Z. Del Prette e A. Del Prette (1999)
consideram que existem três dimensões importantes na análise das habilidades
sociais: a pessoal, a situacional e a cultural. Elas estão sempre presentes na
interação social e o comportamento social depende da combinação harmoniosa
destas.
A dimensão pessoal consiste no repertório do indivíduo em seus componentes
comportamental, cognitivo-afetivo e fisiológico. As características
sociodemográficas, como idade, sexo, aparência física, escolaridade, sinalizam
diferenças nas expectativas e normas que avaliam as habilidades sociais nas
relações interpessoais.
Os termos molar e molecular significam os níveis de avaliação dos aspectos
comportamentais da dimensão pessoal. O nível molar supõe habilidades globais,
como expressão de sentimentos, enquanto que o nível molecular refere-se a
habilidades como volume da voz, contato visual, expressão facial e outros
componentes verbais.
Ao se avaliar o desempenho social tem-se que levar em consideração também
a dimensão situacional, visto que se parte do princípio de que diferentes situações
criam demandas sociais diferenciadas. Outra dimensão a ser considerada é a
cultural. Alguns desempenhos sociais podem ser generalizados para diferentes
culturas, enquanto outros não. Sabe-se que diferentes culturas possuem
desenvolvimentos de repertórios sociais competentes.
51
Z. Del Prette e A. Del Prette (1999) também distinguem as HS em duas
vertentes: a primeira supõe o comportamento socialmente habilidoso como um traço
ou uma característica de personalidade e a segunda como característica do
desempenho numa determinada situação interpessoal. Na primeira situação a
habilidade social é vista como uma característica inata e na segunda como a
relação entre o indivíduo e a situação específica.
Portanto, pode-se concluir que as habilidades o afetadas por variáveis do
ambiente (características físicas, sociais, culturais) e, também, por variáveis
intrapessoais (crenças, percepções, sentimentos). A pessoa socialmente
competente apresenta várias classes de comportamentos sociais para perceber e
lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais. Para
isso, deve-se focalizar na consecução dos objetivos da interação, na manutenção
ou melhora da auto-estima, manutenção e/ou melhora da qualidade da relação,
maior equilíbrio entre ganhos e perdas dos parceiros da interação e, por último,
respeito e ampliação dos direitos humanos básicos (Del Prette et al., 2004).
Como foi relatado, a HS é determinada pela relação entre fatores
hereditários e o ambiente. Durante toda a evolução da sua vida o indivíduo tem que
aprender novas habilidades em função da contínua transformação do ambiente
social. Grande parte desta aprendizagem ocorre através da observação dos
comportamentos dos pais em várias situações, que modelam o comportamento dos
filhos e fornecem instruções (Forness, Kavale & Lopez, 1993). Cada ciclo vital tem
suas próprias demandas de comportamentos socialmente habilidosos e requerem
sua aprendizagem ao longo de toda a vida. Torna-se necessário um constante
exercício de troca de papeis e assimilação de normas culturais de acordo com
determinadas demandas.
52
As práticas educativas parentais, como estratégias de controle, modos de
comunicação, qualidade e quantidade de exigências de amadurecimento e
demonstração de afeto na relação com os filhos, influenciam o desenvolvimento das
HS desde a infância (Murta, 2005). Com a passagem para a escola, a criança
consolida as habilidades aprendidas e necessita aprender outras, principalmente
para interagir com os iguais. Na adolescência, espera-se que o jovem apresente
comportamentos sociais mais elaborados e, na vida adulta, habilidades profissionais
e sexuais são requeridas em prol da independência e do intercâmbio cultural (A. Del
Prette & Z. Del Prette, 2001b).
Este repertório habilidoso pode acontecer em interações em contextos naturais
sem treinamento formal, como no relacionamento entre pais e filhos, irmãos,
colegas de escola, amigos e cônjuges (Gomide, 2003; Pacheco, Teixeira & Gomes,
1999). Em algumas situações podem ocorrer falhas nesta aprendizagem que
ocasionam déficits relevantes nas habilidades sociais. Existem alguns estudos que
apontam que estas falhas podem estar correlacionadas com fraco desempenho
acadêmico, delinqüência, abuso de drogas, crises conjugais e desordens
emocionais variadas, como transtornos de ansiedade (A. Del Prette & Z. Del Prette,
2001a, 2003; Z. Del Prette & A. Del Prette, 2002, Marlatt, 1993).
Embora existam inúmeros contextos favorecedores da aprendizagem de HS ao
longo da vida, déficits podem decorrer de longos períodos de isolamento e desuso,
perturbações cognitivas e afetivas (Bellack, Mueser, Gingerich & Agresta, 1997) e
práticas educativas parentais excessivamente coercitivas (Papalia & Olds, 2000).
Com isso, percebe-se que as HS se correlacionam intimamente com as
relações interpessoais. Segundo Del Prette et al. (2004), um repertório variado de
habilidades sociais pode contribuir para uma competência social e qualidade nas
53
relações interpessoais. Dentre estas habilidades estariam a habilidade social de
comunicação, de civilidade, assertivas, direito e cidadania, de trabalho, de
expressão de sentimento positivo e empáticas.
Algumas pesquisas no campo das HS indicam que as pessoas socialmente
hábeis apresentam relações pessoais e profissionais mais produtivas satisfatórias e
duradouras, além de melhor saúde física e psicológica. Os atuais processos de
trabalho estão baseados na qualidade das relações interpessoais e exigem, além
das competências técnicas, a competência social nas interações profissionais (A.
Del Prette & Z. Del Prette, 2001b).
As interações com as outras pessoas fazem parte de qualquer atuação
profissional, onde o requeridas várias habilidades sociais, componentes da
competência técnica e interpessoal. Em função disso, os novos modelos
organizacionais têm priorizado o processo de realização do trabalho ligando-o à
qualidade das relações interpessoais. Nestes modelos são valorizados o trabalho
em equipe, intuição, criatividade, autonomia na tomada de decisões, importância da
qualidade de vida, auto-estima e ambiente e cultura organizacionais (A. Del Prette &
Z. Del Prette, 2001b). Por isso, as habilidades sociais no ambiente profissional são
aquelas que atendem às diferentes demandas interpessoais a fim de obter o
cumprimento de metas, a preservação do bem estar da equipe e o respeito aos
direitos de cada um. Valorizam-se as capacidades de boa comunicação, controle
emocional, mente criativa e aberta para críticas, facilidade em trabalhar em equipe,
para reconhecer a qualidade dos outros, prover elogios, feedback, liderar de forma
construtiva, coordenar grupos, liderar equipes, manejo de estresse e de conflitos
interpessoais, organização de tarefas, resolução de problemas e tomada de
decisões (A. Del Prette & Z. Del Prette, 2003).
54
Outra habilidade social apontada como importante para as relações
interpessoais bem sucedidas refere-se à empatia. O comportamento empático inclui:
a) um componente cognitivo, caracterizado por uma capacidade de compreender
acuradamente a perspectiva e os sentimentos dos outros; b) um componente
afetivo, caracterizado por sentimentos de compaixão/preocupação com a outra
pessoa e c) um componente comportamental, entendido como manifestões verbal e
não verbal de compreensão dos estados internos da outra pessoa (ver Barrett-
Lennard, 1993; Davis, 1980, 1983a, 1983b; Egan, 1994; Feschbach, 1992, 1997;
Greenberg & Elliott, 1997, para uma compreensão mais detalhada do assunto).
Outros autores concordam com a importância das HS e a relacionam também
com uma melhor qualidade de vida, com relações interpessoais mais gratificantes,
maior realização pessoal e sucesso profissional (Caballo, 1987, 1991; Collins &
Collins, 1992; Goleman, 1995; Ickes, 1997). Por outro lado, deficiências em interagir
socialmente parecem também estar relacionadas a uma variedade de transtornos
psicológicos (Mc Fall, 1982; Trower, O’Mahony & Dryden, 1982).
Em função de tudo que foi exposto, percebe-se que a identificação de
habilidades sociais como um fator de proteção no curso do desenvolvimento
humano (Cecconello & Koller, 2000) tem estimulado intervenções para a
aprendizagem destas habilidades entre grupos e contextos distintos, com
populações clínicas e não clínicas.
A conduta assertiva como habilidade social
Existem várias controvérsias na literatura sobre o papel da assertividade em
relação às habilidades sociais. Segundo Z. Del Prette e A. Del Prette (1996, p. 6) “as
55
habilidades sociais correspondem a um universo mais abrangente das relações
interpessoais e se estendem para além da assertividade, incluindo as habilidades de
comunicação, de resolução de problemas, de cooperação” e aquelas próprias da
subcultura social.
O conceito de assertividade caracteriza-se por uma conduta baseada na
sinceridade, honestidade e respeito a si e ao outro. Implica na expressão de
sentimentos e emoções, defesa de seu ponto de vista e direitos, reconhecer as
diferenças individuais e assumir a responsabilidade pelo seu comportamento. Na
postura assertiva pode-se pensar diferente e isso não ser fonte de desgaste e
conflito (Bom Sucesso, 2002).
Segundo a autora, comportar-se de forma assertiva é antes de tudo agir com
base na referência interna, sem se deixar levar pelo comportamento ou ponto de
vista do outro. Através da auto-observação do próprio comportamento ou do outro,
podem-se descobrir atitudes pessoais e posturas que facilitam ou dificultam as
relações interpessoais. A conduta assertiva tem como pressuposto a
responsabilidade pelos próprios sentimentos, aprendendo a valorizar seus desejos.
É muito importante considerar a dimensão cultural (Z. Del Prette & A. Del
Prette, 1999, 2001), tanto para a explicitação de objetivos para um treinamento de
assertividade quanto na elaboração de procedimentos de intervenção.
Mesmo ao considerar este aspecto cultural, de forma geral, podemos afirmar
que para que as relações sejam mais sinceras recomenda-se que as pessoas usem
uma comunicação mais direta, conversando sobre suas dificuldades. Expressar
claramente a crítica, os sentimentos e as opiniões é um caminho inevitável para se
criar um ambiente mais harmônico e confiável, livre de medo e também de
agressividade, independente da cultura e do contexto em que a pessoa se encontra.
56
No contexto profissional, observa-se o hábito de adiar conversas
desagradáveis, fazendo com que muitos conflitos se instalem. Para que um diálogo
seja efetivo neste tipo de relação é necessário rapidez para tratar dos problemas e o
momento adequado. À medida que o tempo passa o conflito latente vai se
instalando. Ao mesmo tempo, cobrar trabalho ou discutir problemas quando a
pessoa está sobrecarregada e irritada pode ser correto apenas pelo não adiamento,
mas inoportuno em função do momento (Bom Sucesso, 2002).
Nesse sentido, a autora afirma que muitas vezes os conflitos resultam do
hábito de se focalizar nas características individuais e não no comportamento do
outro, fazendo-se julgamentos precipitados. Quando se comunica a partir de fatos é
possível ouvir, pedir e dar esclarecimentos, checar pontos de vista e dúvidas,
questionar e superar mal entendidos. Isto pode ser feito baseado no respeito,
configurando um ambiente de trabalho com bem estar.
O comportamento não assertivo é considerado tanto o comportamento passivo
como agressivo. A conduta passiva é aquela aonde a pessoa busca agradar ao
outro. Em princípio, esta conduta parece adequada e é aceita socialmente por servir
aos outros. Em contrapartida, geralmente não se sente bem consigo mesmo, age
com insegurança, adoece com freqüência e tem dificuldade em tomar decisões. Por
outro lado, dificilmente é escolhido para cargos ou tarefas importantes, pois é
considerado inseguro e incapaz de conduzir equipes.
As pessoas passivas tendem a ter dificuldade em afirmar seus direitos ou agir
de acordo com seus valores e sentimentos. Não perturbam os outros, sentem-se
culpados quando negam algo a alguém, sentem que não têm idéias próprias e estão
sempre com medo dos outros. Geralmente têm baixa auto-estima e se sentem
inadequados com freqüência. Caballo (1996) cita algumas conseqüências do
57
comportamento passivo, como conflitos interpessoais, depressão, solidão, perda de
oportunidades, tensão, auto-imagem empobrecida, entre outros.
Ao mesmo tempo, o indivíduo que apresenta um comportamento agressivo
demonstra desinteresse pelos sentimentos e pensamentos do outro, tendo
dificuldade em ouvir. o aceita ser criticado, apesar de fazê-lo. Tem grande
dificuldade em aceitar ordens e julga-se melhor que os outros, por isso é muito
competitivo. Tem atritos com as pessoas com quem se relaciona, é extremamente
sensível à crítica e se sente rejeitado a maior parte do tempo e pode ter explosões
emocionais. Em função disso, possui poucos amigos e dificuldade de receber afeto
e admiração das pessoas e suas tentativas de estabelecer um relacionamento são
frustrantes, principalmente decorrentes de seu comportamento abusivo.
A pessoa que tem dificuldade em expressar sentimentos e pensamentos
provavelmente terá problemas no relacionamento social em geral, no conjugal em
particular e mesmo no profissional (Mestre, 2001). Caballo (1996) aponta como
conseqüências deste comportamento os conflitos interpessoais, frustração, culpa,
tensão, prejuízo aos demais, perda de oportunidades, ausência de auto-controle,
entre outros.
Quando uma pessoa costuma se comportar assertivamente, ela facilita a
solução de problemas interpessoais; aumenta o senso de auto-eficácia e a auto-
estima; melhora a qualidade dos relacionamentos e sente-se mais tranqüila. O
comportamento agressivo geralmente gera conflitos interpessoais; perda de
oportunidades; dano aos outros; sensação de estar sem controle, auto-imagem
negativa; culpa; frustração; tensão; rejeição dos outros e solidão. O comportamento
passivo promove efeitos tais como: conflitos interpessoais; auto-imagem negativa;
58
dano a si mesmo; perda de oportunidades; incontrolabilidade, desamparo e
depressão; tensão; solidão (Caballo, 1991, p. 415).
Um dos fatores que determina se o indivíduo tem um comportamento
agressivo ou inassertivo são os valores e crenças que as pessoas possuem,
responsáveis por muitas das dificuldades, desentendimentos e o mal estar nas
relações de trabalho. Estas posturas acarretam maneiras inadequadas de
comunicação e expressão de sentimentos e percepções.
Concluindo, os programas recentes de treinamento em habilidades sociais não
mais se restringem ao desenvolvimento de assertividade. A empatia e a solução de
problemas também têm sido largamente utilizadas nos programas que visam
aumentar competências sociais, conforme já foi citado anteriormente. Outra
inovação refere-se ao treinamento de habilidades cognitivas, que potencializam o
desempenho comportamental.
O Treinamento em Habilidades Sociais
Dado o impacto negativo dos déficits em HS sobre a saúde e a qualidade de
vida das pessoas, intervenções têm sido desenvolvidas nesta área com a
denominação geral de Treinamento de Habilidades Sociais (THS). O THS consiste
no ensino padronizado, direto e sistemático de um conjunto de técnicas e
procedimentos orientados para a promoção de habilidades interpessoais com o
propósito de aperfeiçoar a competência individual e interpessoal em situações
sociais (Caballo, 2003; Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999).
A partir da década de 80 houve um considerável aumento de publicações de
programas de intervenção em habilidades sociais em diversos países. Ao mesmo
59
tempo, estes estudos ampliaram este conceito e também propuseram a
necessidade de uma teoria geral do relacionamento interpessoal e a estruturação de
um sistema de classificação das habilidades sociais (Bedell & Lennox, 1997; Segrin,
1993; Trower, 1995).
A produção brasileira em Treinamento de Habilidades Sociais (THS) teve início
em meados da década de 1990 e vem crescendo nos últimos anos, mas permanece
pequena se comparada à produção de países de língua inglesa e mesmo espanhola
(Murta, 2005).
Tal treinamento pode ser voltado tanto para crianças como medida de
prevenção, quanto para adultos com esquiva de situações sociais e déficits já
instalados. Esta mesma flexibilidade existe na forma como ele é realizado, que
foram criados programas tanto na forma individual quanto em grupo (ex., Argyle,
1974, 1984; Bedell & Lennox, 1997; Bellack, Mueser, Gingerich & Agresta, 1997;
Caballo, 1991, 1993; Collins & Collins, 1992; Hazel, Sherman, Schumaker & Seldon,
1985; Rose & LeCroy, 1985).
Segundo Z. Del Prette e A. Del Prette (1999) os programas de THS
apresentam grande variedade em sua estrutura (formato grupal ou individual,
duração, objetivos, quantidade de participantes, homogeneidade ou
heterogeneidade de problemas e tipo de clientela) e em sua dinâmica (organização
das sessões, modo de aplicação das técnicas, papel do terapeuta, entre outros).
Ao fazer uma síntese de diversos autores sobre os objetivos do THS, Caballo
(1993, p. 183) destacou: a) treinamento em habilidades sociais; b) redução da
ansiedade; c) reestruturação cognitiva; d) treinamento em solução de problemas.
Além destes objetivos destaca-se o desenvolvimento da auto-estima e disposição
de ajuda ao outro.
60
De acordo com estes objetivos são treinadas algumas habilidades como
expressar sentimentos e empatia, prover feedback, elogiar e aceitar elogios, iniciar e
manter conversação, abordar pessoas de autoridade, etc. Algumas habilidades
também no contexto profissional seriam: aceitar, fazer e rebater críticas, coordenar
grupos de trabalho, falar em blico defendendo projetos, expor e depender as
próprias idéias em reuniões de equipe e com diretores, etc. Durante todo o
treinamento são enfatizadas habilidades de identificar comportamentos verbais e
não verbais, prover feedback e expressar opiniões e sentimentos, consideradas
como parte das habilidades de processo (A. Del Prette & Z. Del Prette, 2001a).
Durante as sessões são discutidos temas como “relações entre emoção,
pensamento e comportamento”, “comunicação verbal e não verbal”, “feedback,
“resolução de problema e tomada de decisão”.
Além destes objetivos, o treino assertivo (TA) e o treinamento em habilidades
sociais (THS) têm como foco os problemas interpessoais. Atualmente, estes dois
movimentos vêm crescendo em função das avaliações positivas dos resultados
obtidos em suas aplicações e também pelas novas teorias e investigações que
confirmam algumas de suas hipóteses (A. Del Prette & Z. Del Prette, 2001a).
O THS é realizado sob diversos enfoques teóricos: o humanista, o
comportamental, o cognitivo-comportamental e o sistêmico (Arón & Milicic, 1994).
Apesar de ser utilizado em outras teorias, predomina o uso de técnicas cognitivo-
comportamentais em intervenções na área, que abordam os aspectos do
comportamento, cognitivos e também fisiológicos típicos dos déficits em habilidades
sociais (Caballo, 2003; Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999), tanto de forma individual
como em caso de intervenções grupais e vivências (A. Del Prette & Z. Del Prette,
2001b; Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999).
61
As técnicas comportamentais englobam: a) o ensaio comportamental, que
permite o tanto a observação dos comportamentos pelo terapeuta como o
desenvolvimento de novos comportamentos pelo paciente através da auto-
observação; b) reforçamento positivo, utilizado para instalar, desenvolver e
fortalecer desempenhos sociais; c) modelagem, onde se reforça os desempenhos
progressivamente mais semelhantes ao desempenho final pretendido; d)
modelação, onde o indivíduo deve observar alguém desempenhando os
comportamentos-alvo; e) feedback, permite que o indivíduo perceba como ele está
se comportando e como esse comportamento afeta o interlocutor; f) relaxamento,
podem ser usadas as técnicas muscular, respiratória e imaginária para diminuir a
ansiedade nas situações interpessoais; g) tarefas de casa, onde tem a possibilidade
de aperfeiçoar o que foi aprendido, generalizando as habilidades treinadas para
outros contextos sociais; h) dessensibilização sistemática, com o objetivo de
eliminar o medo e ansiedade nas relações interpessoais (Z. Del Prette & A. Del
Prette, 1999).
As técnicas cognitivas visam o desenvolvimento de um conjunto de atitudes e
de habilidades cognitivas que favoreçam a valorização dos seus próprios direitos e
dos outros, a identificação das cognições inadequadas e a busca de cognições mais
realistas.
As técnicas de reestruturação cognitiva são utilizadas pra modificar cognições
que prejudicam o desempenho interpessoal. As crenças que desenvolvemos sobre
o que vai ocorrer numa situação interpessoal interferem no nosso desempenho e
podem causar ansiedade nessas situações.
Em função disso, este treinamento também busca sanar uma demanda na
formação profissional no que se refere ao desempenho social. Os programas de
62
habilidade sociais o voltados para o treinamento e a profilaxia (A. Del Prette & Z.
Del Prette, 2001a; Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999).
Argyle (1967/1994, 1980) propôs a inclusão do THS no treinamento de
profissionais, visto que diferentes tipos de atividades (como vendas, ensino e
psicoterapia) demandam algumas classes de habilidades sociais.
Outro tipo de programa que as organizações têm implantado para melhorar as
relações no trabalho é o Programa de Treinamento em Inteligência Emocional tanto
para gerentes como funcionários. Estes programas têm sido muitas vezes eficazes
no seu objetivo e percebe-se tanto uma melhora nas relações interpessoais entre
chefia e subordinados, quanto no rendimento, na produtividade e na satisfação no
trabalho. Através deste processo, em geral, podem ser identificadas fraquezas e
potencialidades das pessoas e serem desenvolvidas novas estratégias para
incrementar sua perfomance global através de um melhor uso de suas capacidades
emocionais (Alvarenga, Pádua & Silveira, 2002).
Dentre os estressores que foram citados anteriormente, optou-se por estudar
mais profundamente a relação e o impacto das relações interpessoais no stress
organizacional e como algumas intervenções nesta área poderiam amenizar as
conseqüências negativas do stress emocional no organismo e no seu ambiente
profissional.
Em função disso, percebeu-se a relevância de se desenvolver um treino de
relações interpessoais no trabalho, a fim de fornecer ferramentas para que os
indivíduos se relacionem melhor no ambiente profissional. Isto, de acordo com a
literatura levantada, poderia aumentar a qualidade de vida, a capacidade de
comunicação, troca de feedback, harmonia, cumprimento de metas e,
conseqüentemente, o aumento de produtividade nas empresas.
63
Visto que o stress pode prejudicar não a saúde da pessoa, assim como a
qualidade de vida e as relações interpessoais, considerou-se fundamental avaliar o
nível de stress dos participantes a fim de verificar se, ao passar pelo treino de
relações interpessoais, o indivíduo poderia adquirir estratégias de enfrentamento de
situações que minimizariam este nível de stress no futuro e se este treinamento
seria mais eficaz de forma individual ou grupal. Com isso, poder-se-ia pensar na
profilaxia do stress em determinadas situações.
64
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Verificar a influência do “Treino psicológico de controle do Stress–Adaptado
para Relações Interpessoais no Trabalho”.
Objetivos Específicos
Verificar a associação entre o nível de stress e as habilidades sociais
Verificar a diferença entre níveis de stress antes e após o Treino de Controle
do Stress- Adaptado para Relações Interpessoais no Trabalho tanto nos
participantes que tiveram o tratamento em grupo como nos que passaram por
uma intervenção individual;
Verificar se o Treino de Controle do Stress - Adaptado para Relações
Interpessoais no Trabalho produz mudanças significativas nas habilidades
sociais em cada grupo e nos gêneros;
Verificar se associação entre o stress emocional e a qualidade das
relações interpessoais no trabalho;
Comparar os dois gêneros em quanto a todas as variáveis estudadas;
Verificar se há diferença na aplicação do treino individual e em grupo.
65
MÉTODO
Participantes
Participaram deste estudo 29 adultos que receberam uma divulgação sobre o
trabalho, de ambos os sexos, e que concordaram com os objetivos da pesquisa e
tinham a expectativa de desenvolver estratégias de relacionamento interpessoal e
controle de stress.
Os participantes, vinte do sexo feminino e nove do masculino, foram divididos
em dois grupos: dezessete pessoas participaram do treinamento em grupo (doze
mulheres e cinco homens) e as outras doze fizeram o treinamento individualmente
(oito mulheres e quatro homens).
A idade média de ambos os grupos foi de 35,11 anos (com desvio padrão de
7,97), sendo que a idade dos homens variou de 26 a 45 anos (média de 31,44 anos)
e das mulheres variou de 21 a 49 anos (média de 35 anos).
A amostra foi composta de 65,52% de participantes casados e 34,48% não
casados, entre eles solteiros ou separados.
Não houve no estudo uma homogeneidade quanto à profissão dos
participantes, variando desde cargos de gestão, técnicos, autônomos, analistas,
bancários, entre outros.
Os critérios de inclusão utilizados foram:
1) Pertencerem a uma faixa etária entre 18 e 50 anos. Tal critério de escolha se
deve ao fato de que nesta idade provavelmente as pessoas passaram
pelas mudanças psicológicas e sociais características da adolescência que
possam interferir tanto na avaliação do stress como das habilidades sociais e
66
crenças irracionais. Isto se deve também ao fato de que o Inventário de
Stress utilizado (ISSL) foi validado e padronizado para a população adulta.
Para delimitar a faixa etária considerou-se a média dos clientes que procuram
o IPCS;
2) Estarem inseridos no mercado de trabalho, exercendo qualquer tipo de cargo
ou função dentro de uma empresa, sem distinção de faixa salarial;
3) Não apresentarem transtornos psiquiátricos conhecidos que pudessem
interferir na avaliação tanto do stress como das habilidades sociais;
4) Estarem cientes da pesquisa e terem concordado, espontaneamente, em
participar do protocolo
Material
Os instrumentos de avaliação psicológica que foram utilizados tanto com o
grupo como individualmente são:
1. Inventário de Sintomas de Stress para Adultos - ISSL (Lipp, 2000)
O Inventário de Sintomas de Stress para Adultos ISSL (Lipp, 2000) foi usado
para avaliar o stress dos participantes. O ISSL foi elaborado a partir de ampla
experiência clínica e de pesquisa na área do stress e foi validado por Lipp e
Guevara em 1994 e tem sido usado em dezenas de pesquisas e trabalhos clínicos
na área do stress. Ele permite realizar um diagnóstico preciso de stress, determinar
em que fase a pessoa se encontra (alerta, resistência, quase-exaustão ou exaustão)
e se o stress se manifesta mais por meio de sintomatologia na área física ou
psicológica, o que viabiliza uma atenção preventiva em momentos de maior tensão.
67
Destina-se ao uso com jovens e adultos, uma vez que a avaliação do stress infantil
requer um instrumento especializado.
O ISSL leva cerca de dez minutos para ser administrado e é composto de 53
sintomas físicos e psicológicos divididos em ts partes que se referem às fases do
stress anteriormente designadas. Em cada uma das partes a pessoa deve assinalar
os sintomas físicos ou psicológicos das últimas 24 horas, da última semana ou do
último mês, respectivamente. A seqüência dos itens que compõe o inventário segue
uma ordem hierárquica de intensidade de sintomas, pois é comum a sintomatologia
aparecer na fase de alerta, com pequena intensidade ou freqüência, desaparecer na
fase de resistência (houve o enfrentamento ou adaptação ao agente estressor) e
reaparecer na fase de quase-exaustão ou exaustão com maior intensidade (Lipp &
Malagris, 1995).
O número de sintomas físicos é maior do que os psicológicos e varia de fase a
fase porque a resposta de stress é assim constituída e é por isto que não se pode
simplesmente utilizar o número total de sintomas assinalados para fazer o seu
diagnóstico. Estudos revelaram uma correlação alta entre os sintomas que compõe
o ISSL indicando a existência de um constructo subjacente que é o stress.
As análises estatísticas de validação do inventário foram realizadas levando-se
em consideração 1.843 respondentes voluntariamente selecionados na
comunidade, sendo 64% do sexo feminino e 36% do masculino. Aplicando a alise
de confiabilidade obteve-se o Coeficiente Alfa de 0,9121, o que significa uma alta
confiabilidade do instrumento os itens refletem o verdadeiro valor para o conceito
intencional, medir o nível de stress.
Aplicou-se a extração fatorial pelo método de correspondências múltiplas (as
respostas aos itens são dicotômicas) e evidenciou-se dois eixos fatoriais
68
importantes para determinar as relações dos itens, com altas contribuições nesses
fatores. Estes fatores foram designados de sintomas físicos e psicológicos.
O ISSL foi aplicado em diversas cidades e Estados do Brasil, tanto interior
como capitais. Um estudo de metánalise de produção científica publicado pela Dra
Helga Reinhold no Congresso Brasileiro de Stress em 2003, revelou que 61,2% das
129 pesquisas apresentadas fizeram uso do ISSL, comprovando a aceitação e a
utilidade deste instrumento de mensuração do stress.
2. Inventário de Habilidades Sociais IHS-Del Prette (A. Del Prette & Z. Del
Prette, 2001)
O IHS-Del Prette foi elaborado, testado e validado por um grupo de
pesquisadores em vários estudos e aplicações nos últimos anos como, por exemplo,
Bandeira, Costa, Z. Del Prette, A. Del Prette e Gerk-Carneiro (2000) e Z. Del Prette,
A. Del Prette e Barreto (1998). Este inventário foi idealizado com base no interesse
crescente pelo desempenho social e após a constatação da inexistência de
instrumentos dessa natureza em nosso país e tem se mostrado confiável para o
contexto brasileiro.
O IHS- é um instrumento de fácil aplicação e tabulação e identifica as classes
de habilidades sociais deficitárias ou adequadas no repertório do respondente. Tem
como objetivo caracterizar o desempenho social em diferentes situações (trabalho,
escola, família, cotidiano) possibilitando diagnóstico para uso na clínica, na
educação, na seleção de pessoal e no treinamento profissional.
O IHS foi elaborado por A. Del Prette e Z. Del Prette a partir da análise da
literatura a respeito das situações e demandas abrangidas pelo conceito de
habilidades sociais (Z. Del Prette, A. Del Prette & Barreto, 1998) e de estudos de
69
levantamento feitos com estudantes universitários (Z. Del Prette & A. Del Prette,
1983; A. Del Prette, Z. Del Prette & Castelo Branco, 1992; Z. Del Prette, A. Del
Prette & Correia, 1992). A partir destes estudos foram compostos 38 itens que
enfocam diversos contextos (privado, público ou indefinido), variados interlocutores
(autoridade, família, desconhecidos, etc) e algumas demandas interpessoais como
reações a comportamentos desejáveis ou indesejáveis do interlocutor, além de
emissões que independem da ação explícita do interlocutor (Bandeira, Costa, Z. Del
Prette, A. Del Prette & Carneiro, 2000). Embora validado na população universitária,
tem sido utilizado em adultos com formação de segundo e terceiro graus e
adolescentes.
A partir das respostas de uma amostra formada por 527 alunos de graduação
de uma instituição blica e de uma particular da cidade de Uberlândia (MG), as
características psicométricas do IHS foram estudadas e foi priorizada a análise da
estrutura fatorial e da consistência interna do inventário (Z. Del Prette, A. Del Prette
& Barreto, 1998). Este trabalho aponta as qualidades psicométricas adequadas ao
IHS.
Os resultados dos estudos psicométricos mostraram que o inventário
apresentou capacidade discriminativa adequada dos itens, uma consistência interna
satisfatória (alpha de Cronbach = 0,75) e uma estrutura multidimensional que incluía
5 fatores: enfrentamento com risco, auto-afirmação na expressão de afeto positivo,
conversação e desenvoltura social, auto-exposição a desconhecidos ou a situações
novas e autocontrole da agressividade em situações aversivas (Bandeira, Costa, Z.
Del Prette, A. Del Prette & Gerk-Carneiro, 2000).
Uma pesquisa envolvendo 104 estudantes de Psicologia que responderam ao
IHS e a Escala de Assertividade de Rathus demonstrou que houve uma relação alta
70
e significativa (r=0,90, p=0,001) entre as duas aplicações do IHS, comprovando a
qualidade e fidedignidade ou estabilidade temporal do mesmo.
De acordo com a freqüência com que os sujeitos reagem em cada item, o IHS
avalia as habilidades sociais específicas. Normalmente é auto-aplicado, mas pode
também ser feito através das respostas emitidas a um avaliador. O tempo de
aplicação médio é de 30 minutos, podendo ser aplicado em indivíduos com segundo
grau completo, tanto individualmente ou em grupo.
As instruções apontam que o participante deve dar uma estimativa da
freqüência com que ele reage em cada item baseando-se numa escala com 5
pontos, que oscila entre nunca ou raramente (em cada situação desse tipo, reage
dessa forma no máximo 2 vezes) até sempre ou quase sempre (em cada 10
situações desse tipo, reage dessa forma 9 a 10 vezes).
Os resultados podem ser interpretados considerando-se, o escore total, os
fatoriais e os valores de cada item. Os escores fatoriais referem-se a diferentes
habilidades sociais requeridas em situações específicas.
O escore fatorial 1 refere-se à capacidade do sujeito de apresentar habilidades
de enfrentamento com risco, isto é, ter condições de afirmação e defesa de direitos
e auto-estima, com risco de reação desagradável por parte do interlocutor.
O escore fatorial 2 identifica habilidade de auto-afirmação na expressão de
afeto positivo, isto é, avalia as habilidades do sujeito ao lidar com expressão de
afeto positivo e de afirmação da auto-estima, não envolvendo risco interpessoal.
Relacionando-se às habilidades de conversação e desenvoltura social, o
escore fatorial 3 permite avaliar a capacidade do sujeito de atuar em situações
sociais cotidianas, com risco mínimo de reação negativa por parte do outro.
71
O escore fatorial 4 refere-se às habilidade de auto-exposição a desconhecidos
ou a situações novas e inclui a abordagem a pessoas desconhecidas. Apresenta
maior risco de reações desagradáveis dos demais.
Quanto ao escore fatorial 5, este indica as habilidades de autocontrole da
agressividade em situações aversivas, isto é, a capacidade de controlar a raiva e
agressividade diante de estimulações aversivas do outro (A. Del Prette & Z. Del
Prette, 2001a).
O escore total e os escores de cada fator obtidos no grupo amostral foram
convertidos em percentis para o sexo masculino e feminino. Com essa informação é
possível comparar o resultado de qualquer indivíduo com os escores do grupo de
referência deste estudo.
Bandeira, Costa, Z. Del Prette, A. Del Prette e Gerk-Carneiro (2000) concluíram
que as avaliações efetuadas através deste inventário são confiáveis e que este
possui as qualidades psicométricas necessárias para ser utilizado no contexto
universitário brasileiro, visando objetivos clínicos ou de pesquisa que envolvam as
habilidades sociais.
3. BAI (Beck Anxiety Inventory – Cunha, 2001)
As Escalas Beck consistem em quatro medidas escalares o Inventário de
Depressão (BDI), o Inventário de Ansiedade (BAI), a Escala de Desesperança
(BHS) e a Escala de Ideação Suicida (BSI). Foram todas desenvolvidas por Beck e
seus colegas no Center for Cognitve Therapy (CCT) da Universidade da
Pennsylvania, na Philadelphia, Estados Unidos. As Escalas são indicadas para
sujeitos entre 17 e 80 anos de idade e podem ser usadas separadamente ou não.
72
O BAI (Cunha, 2001) é uma escala de auto-relato, que mede a intensidade de
sintomas de ansiedade e foi criado por Beck, Epstein, Brown e Steer em 1988. Foi
criado originalmente para a população psiquiátrica, mas já foi usado em vários
contextos, inclusive em estudantes.
Os dados sobre fidedignidade e validade, baseados em dados de amostras
originais e apresentados no Manual (Beck & Steer, 1993), são amplamente
satisfatórios.
O inventário é constituído por 21 itens, que são “afirmações descritivas de
sintomas de ansiedade” pelo sujeito com referência a si mesmo, numa escala de 4
pontos que refletem níveis de gravidade crescente de cada sintoma: 1)
absolutamente não; 2) levemente: não me incomodou muito; 3) moderadamente: foi
muito desagradável, mas pude suportar; 4) gravemente: dificilmente pude suportar.
O escore total é o resultado da soma dos escores individuais e permite a
classificação em níveis de intensidade da ansiedade. O tempo para seu
preenchimento varia de 5 a 10 minutos e é auto-administrável.
A versão em português das Escalas Beck (Cunha, 2001) foi traduzida levando-
se em conta a equivalência idiomática das expressões utilizadas e contou com
juízes para chegar a uma formulação consensual e foi testada em um grupo
bilíngüe, tanto na versão em inglês como em português.
As propriedades psicométricas de cada escala foram estudadas, originalmente,
com base nos dados colhidos em pacientes psiquiátricos. Para os estudos iniciais
do BAI foi utilizada uma amostra de 160 pacientes ambulatoriais, com diagnóstico
misto. A seguir, foi selecionada uma amostra de pacientes ambulatoriais, com
diagnósticos de transtorno de ansiedade.
73
Segundo os autores, o BAI compreende itens que são representativos de
ansiedade e ao mesmo tempo evitando incluir sintomas compartilhados com
quadros depressivos. Estudos demonstram que o BAI está relacionado não só
significativa, mas também substancialmente, com outras medidas aceitas de
ansiedade auto-relatada e clinicamente avaliada.
Com a versão brasileira, foram desenvolvidos estudos para estimar a
correlação entre o BAI e o IDATE (Spielberger, Biaggio & Natalicio, 1979),
verificando-se que apresenta a relação significante com A-Traço (r=0,78; p<0,001) e
com A-Estado (r=0,76; p<0,001).
4. Escala de Crenças Irracionais (Malouff & Schutte,1986) (Anexo C)
Este inventário foi elaborado por Malouff e Schutte (1986) e foi adaptado e
validado para a população brasileira por Yoshida e Colugnati (2002). Vários
instrumentos para se avaliarem as crenças foram desenvolvidos, mas com alguns
problemas na sua validade. Para a validade deste instrumento, Yoshida e Colugnati
(2002) avaliariam sua consistência interna (alpha=0,80) com uma amostra de 300
universitários, dos quais 192 eram homens e 108 mulheres (idade média= 18,76 e
dp= 1,87), não tendo sido observada diferença significante nos escores médios de
homens e mulheres.
Estudos indicaram associação da escala com outras medidas de crenças
irracionais. Por exemplo, estimou-se os coeficientes de correlação entre esta escala
e o Irrational Beliefs Test de Jones (1969, citado em Malouff & Schutte, 1986), em
amostra composta por 31 homens e 25 mulheres, sendo que se obteve o r(55)=
0,55, p<0,001.
74
As diversas pesquisas que foram realizadas sugerem que este instrumento,
dentre os disponíveis, seria o que representa melhor validade enquanto instrumento
de avaliação de crenças irracionais (Yoshida & Colugnati, 2002).
Para estimar a consistência interna do instrumento estes autores utilizaram o
alpha de Cronbach e a correlação média inter-item, calculados para ambos os sexos
e a amostra geral.
O
alpha masculino é ligeiramente mais alto que o feminino,
respectivamente, 0,78 e 0,76, enquanto que para a amostra geral é 0,73.
A ECI é constituída de 20 frases que representam as crenças, valores ou
formas de pensar das pessoas no geral. O participante deve assinalar em cada uma
delas de acordo com uma escala Likert de 5 pontos se: (1) Discorda fortemente, (2)
Discorda um pouco, (3) Não concorda nem discorda, (4) Concorda um pouco e (5)
Concorda fortemente com cada uma delas. A soma dos pontos pode variar entre 20
e 100 pontos, estando os maiores índices associados a mais crenças irracionais.
5. Inventário de Afetividade (Anexo D)
Saber expressar a afetividade não é parte de ser assertivo, mas também
demonstra o nível de conforto que a pessoa tem em relação à intimidade e com
relação a si pprio como um ser que sente, que sofre e que lida com as situações
da vida.
Muitas pessoas não se permitem entrar em contato com suas emoções e isso
pode ser causa de muitos conflitos interpessoais e stress. Em função disso, Lipp e
Rocha (1994) elaboraram um Inventário de Afetividade a fim de avaliar se a pessoa
sente e se demonstra afetividade em situações específicas.
75
São quinze afirmações sobre as quais o indivíduo deve assinalar em duas
colunas, se sente e se demonstra afetividade nestas situações. É feita uma análise
qualitativa para analisar quantos itens a pessoa sente e demonstra, que seria
considerada a resposta ideal, quanto maior este número melhor. É importante
identificar as situações onde a pessoa sente e tem dificuldade de demonstrar sua
afetividade para que esta seja trabalhada durante o treino.
6. Treino de Controle de Stress (TCS)
O Treino de Controle do Stress (TCS) foi elaborado e relatado em detalhes por
Lipp e Malagris (1995) e é um tratamento construído com base em princípios
cognitivo-comportamentais e tem como objetivos a redução do nível de stress e a
melhoria da qualidade de vida dos pacientes nos quadrantes social, afetivo, saúde e
profissional, assim como reduzir os efeitos do stress ao conscientizar os pacientes
de suas fontes externas e internas de stress. Neste treinamento são ensinadas
estratégias tanto de manejar como de eliminação de fontes de stress (Alcino, 1996;
Lipp, 1984; 1989; 1991; 1998; 2003).
O TCS tem como objetivo levar o paciente a: entender o que é stress e
identificar seus sintomas, percebendo assim sua sobrecarga de tensão; reconhecer
suas fontes de stress em potencial e tentar eliminar as que forem passíveis de
mudança; reestruturar seu modo de pensar e de ver o mundo; lidar com sua
ansiedade; ser assertivo, sem experimentar desconforto ou se estressar; manter a
calma e resolver os problemas no trabalho e na família sem grandes aumentos no
seu nível de stress; adquirir técnicas de manejo de situações de stress que não
possam ser evitadas; utilizar o stress a seu favor para atingir bons níveis de
76
produtividade e criatividade; reconhecer seus limites e respeitá-los; estabelecer
prioridades e melhorar sua qualidade de vida em geral (Malagris, 2004).
O TCS é um conjunto de procedimentos que consiste na análise funcional dos
estressores e atua objetiva e diretamente no que se designou dos quatro pilares do
controle de stress: relaxamento, atividade física, alimentação e reestruturação
cognitiva. Utiliza alguns dos princípios do treino de inoculação de stress de
Meichenbaum (1985), da terapia racional emotiva de Ellis (1973), além de outras
técnicas e procedimentos comportamentais, tais como resolução de problemas,
treino de assertividade, treino de controle de ansiedade, controle do Pado Tipo A
de comportamento, manejo do tempo e da pressa, discussão do que designaram de
“quatro revelações da vida adulta”, relaxamento, exercícios de visualização,
identificação e modificação de pensamentos que agem como estímulos
discriminativos para que a resposta de stress se desenvolva. Este último é baseado
nos princípios da Terapia Comportamental Cognitiva, que acredita que os distúrbios
emocionais não são causados pelas situações em si, mas como se lida e interpreta
estas situações. Portanto, no controle do stress, enfoca-se a mudança cognitiva
visto que é considerada uma das maiores fontes internas de stress. Quando o TCS
é aplicado em grupo, os aspectos psicológicos abordados são os que surgiram nas
avaliações individuais.
Cada indivíduo é tratado de acordo com suas necessidades específicas
levantadas durante a avaliação do caso. O plano de tratamento é sempre
individualizado e pode ou não incluir todos os componentes mencionados acima.
O TCS exige uma avaliação do nível de stress e das fontes geradoras deste
antes do tratamento, assim como uma reavaliação ao término do tratamento para
verificar sua eficácia. É realizado, em geral, em 15 sessões, embora possa ser
77
expandido quando necessário. A experiência mostrou que o stress pode ser tratado
neste número de sessões, se não estiver na fase de exaustão, quando a pessoa
apresenta uma boa aderência ao tratamento. Se estiver nesta fase, devido ao fato
de doenças físicas já terem sido desenvolvidas, o tratamento necessita ser conjunto,
por parte de médicos e psicólogos (Lipp & Malagris, 1995).
Sessões de testagem são feitas após uma avaliação geral com o objetivo de
analisar com precisão o quadro sintomatológico de stress que a pessoa se encontra
e as fontes internas e externas presentes. Avalia-se também o modo típico da
pessoa de lidar com a tensão. A Escala de Reajustamento Social de Holmes e Rahe
(1967) é utilizada para avaliar as fontes externas. Este tratamento restringe-se a
mudar os aspectos que estejam relacionados ao stress.
Este método de tratamento tem sido utilizado há mais de 20 anos com milhares
de pessoas em diversas pesquisas no Instituto de Psicologia e Controle do Stress e
no Laboratório de Estudos Psicofisiológicos de Stress da Puc Campinas. Foi
utilizado com eficácia em pacientes com psoríase (Dias, 1998; Lipp, Nogueira &
Nery, 1991), hipertensão arterial essencial (Lipp, 1991; Lipp, Bignotto & Alcino,
1997), gestantes estressadas (Torrezan, 1999), retocolite ulcerativa (Brasio, 2003),
mães chefes do lar (Tanganelli, 2000) e casais (Vilela, 2001).
7. Roteiro para Entrevista estruturada para Habilidade Social (Alves, 2003)
(Anexo B)
O instrumento foi elaborado a partir de adaptações feitas da Entrevista Dirigida
para Habilidades Sociais (Caballo, 1987, apud Caballo, 1993), da Entrevista
78
Estruturada para Habilidade Empática (Falcone, 1998), além de dados baseados na
literatura para Habilidades Sociais.
Este instrumento foi utilizado por Alves (2003) em um estudo onde avaliou as
habilidades sociais em profissionais de empresas filiais e franqueadas. Foi escolhido
para ser utilizado pela proximidade da população deste estudo, como um
instrumento para coletar informações e avaliar a auto-percepção das relações
interpessoais dos participantes.
Trata-se de um instrumento composto por 22 questões. Além da ficha de
identificação, várias questões abertas foram propostas visando identificar aspectos
gerais dos relacionamentos (amigos, colegas de trabalho, familiares,
relacionamentos afetivos, etc), sendo que o enfoque maior foi dado especificamente
às relações de trabalho. As questões de uma forma geral abordam a autopercepção
de suas dificuldades e pontos positivos na sua forma de interagir com colegas de
trabalho e chefia, como resolve os conflitos, com quem se relaciona melhor e/ou
pior, as conseqüências de suas atitudes nas relações e o relacionamento social e
familiar de forma geral.
8. Manual para o Treino de Controle de Stress para Relações Interpessoais
(TCS-RI)
Este treino é uma adaptação do Treino de Controle de Stress (TCS) de Lipp
(1984) e foi construído para servir de guia no tratamento psicológico de pacientes
com dificuldades nos relacionamentos interpessoais, a fim de promover estratégias
para lidar com o stress excessivo e, conseqüentemente, amenizar possíveis
problemas nas relações interpessoais.
79
De acordo com as necessidades específicas destes pacientes, o TCS foi
realizado com um número menor de sessões e foram aprofundados temas mais
específicos das relações interpessoais, como a assertividade, habilidades sociais,
expressão de afeto e as crenças associadas a estas dificuldades.
O TCS-RI constou de 10 sessões grupais com freqüência quinzenal e duração
de 90 minutos. A elaboração dos temas e a sequência destes foram previamente
programadas. As sessões abordaram informações sobre stress, seus sintomas
físicos e psicológicos, reconhecimento de fontes internas e externas, estratégias de
enfrentamento, informações sobre atividade física, alimentação, relaxamento
muscular e mental e respiração profunda, identificação da ansiedade e hostilidade e
estratégias cognitivo-comportamentais para seu enfrentamento, reestruturação de
crenças irracionais e diversos componentes do comportamento assertivo, como
assertividade, feedback, empatia, como lidar com críticas, entre outros.
As sessões constavam de explicação e orientação sobre cada tema específico,
assim como dinâmicas aonde os participantes pudessem vivenciar, refletir e
posteriormente discutir as alternativas de uma atuação melhor e as dificuldades
vivenciadas em cada situação. Estas vivências foram baseadas no treinamento em
habilidades sociais descrito por A. Del Prette e Z. Del Prette (2001b).
O trabalho individual foi composto por dez sessões semanais de 60 minutos
cada e com os mesmos temas do trabalho em grupo. A elaboração dos temas e sua
sequência também foram programadas. Nesta parte do trabalho não foram
utilizadas dinâmicas pela limitação de ter sido realizado individualmente e nenhuma
delas permitiria que fosse utilizada desta forma.
A programação das 10 sessões, tanto individuais como as grupais, foi como se
segue:
80
1º Encontro:
1. Apresentação da proposta de trabalho
2. Levantamento de expectativas
3. Discutir sobre os objetivos do TCS
4. Responder aos questionários: ISSL, BAI, Inventário de Habilidades Sociais,
Inventário de Crenças Irracionais, Entrevista estruturada para habilidades
sociais, Inventário de Afetividade
5. Estabelecer contrato de funcionamento: faltas, pontualidade, horários, etc
6. Explicar sobre a importância das relações interpessoais em sua vida no geral,
em vários contextos
As RI se desenvolvem como decorrência da interação humana, tanto em
comportamentos verbais e não verbais
A competência interpessoal é a habilidade de lidar com outras pessoas
de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da
situação. Não é um dom ou talento inato, mas sim uma capacidade que
pode-se desenvolver com treinamento próprio
As RI envolvem inúmeras variáveis que interferem na produtividade,
comunicação, coesão, cooperação entre as pessoas, tanto em situações
profissionais como pessoais.
Num grupo os indivíduos trazem as diferenças de opiniões expressas
em discordâncias, quanto às percepções de tarefas, metas, meios ou
procedimentos. Podem conduzir a discussões, tensões, insatisfações e
conflitos abertos, ativando sentimentos e emoções que reduzem a
objetividade.
81
Se as pessoas aprendessem a se relacionar profissionalmente de forma
correta, poderíamos evitar muitos problemas nos locais de trabalho
A base concreta para um bom relacionamento é ter percepção dos
nossos deveres e obrigações, e dos limites e regras que fazem a
relação social ser harmônica
A pessoa com stress tem um prejuízo nas RI, pois fica irritada, sem
paciência, agressiva e menos interessada em assuntos que não a
afetam diretamente
Tarefa: Observar sua forma de interagir com as pessoas
2º Encontro:
1. Dar informações sobre o stress, sintomas e fontes e os 4 pilares do TCS:
alimentação, relaxamento, exercício físico e reestruturação cognitiva
2. Pedir para fechar os olhos e trazer na memória acontecimentos positivos e
negativos que teve no último ano. Verificar em quantas destas situações
estava se relacionando de alguma forma com alguém, ou seja, quais
situações envolviam o relacionamento interpessoal
3. Discutir quais foram os sintomas fisiológicos que sentiu neste momento de
stress
4. Discutir como situações estressantes afetam o organismo, tanto em nível
físico como psicológico
5. Discutir a importância da alimentação e da atividade física no controle do
stress
Tarefa: Solicitar que fique atento a situações estressantes e sintomas associados
82
3º Encontro:
1. Discutir sobre o stress interno e externo e como os pensamentos influem
nas nossas emoções
2. Explicar sobre as crenças irracionais como fonte interna de stress e
relacioná-las com as dificuldades de relacionamento interpessoal
3. Solicitar ao participante exemplos de situações de vida diária para trabalhar
com as crenças
Tarefa: Identificar seus pensamentos e emoções ao longo da semana e sua relação
com situações de stress interpessoal
4º Encontro:
1. Retomar o conceito de como os pensamentos influem nas emoções (fontes
internas de stress)
2. Visualizar uma situação de ansiedade que passou e tentar identificar os
pensamentos, emoções e comportamentos que teve no momento
3. Explicar sobre a ansiedade e sua relação com sintomas fisiológicos de
stress
Reconheça os sinais iniciais de ansiedade (tensão, mãos frias,
sudorese, aperto no estômago, etc.)
Identifique os pensamentos inadequados que geralmente os
acompanham
Substitua estes pensamentos por mais adequados e positivos
Respire fundo, relaxe e utilize os pensamentos positivos e/ou cenas
agradáveis (que devem ser planejadas anteriormente)
83
4. Discutir sobre as diferentes formas de lidar com a ansiedade e ensinar
algumas estratégias
5. Fazer o participante vivenciar um relaxamento associado à respiração
profunda e explicar qual o seu efeito na ansiedade e no stress
6. Discutir outras formas de relaxamento que poderia utilizar em casa
Tarefa: Solicitar que identifique situações rotineiras que lhe causa ansiedade e que
faça algum tipo de relaxamento em casa
5º Encontro:
1. Explicar sobre a assertividade e o medo de desagradar ao outro
2. Discutir sobre a dificuldade de expressar e exteriorizar sentimentos tanto
positivos como negativos (afeto e raiva) e a necessidade de controle
emocional
Tarefa: Pedir para o grupo anotar durante a semana as situações que tiveram
dificuldade de apresentar um comportamento assertivo e trazer para a discussão no
grupo.
6º Encontro:
1. Discutir a importância de dar e saber receber elogios e carinho para as
relações interpessoais: como nos sentimos quando isso ocorre, qual são os
ganhos, etc
2. Dar informações sobre a importância do feedback e quais as formas mais
adequadas para isso
84
3. Refletir sobre a necessidade de se desenvolver a empatia para podermos
expressar nossas emoções (tanto positivas como negativas) de forma a
respeitar o espaço do outro
Tarefa: Dar um feedback a um colega de trabalho durante a semana utilizando o
que foi exposto neste encontro.
7º Encontro:
1. Discutir como foi a experiência da tarefa de casa
2. Relacionar a empatia como um elemento para um feedback adequado
3. Discutir se considera-se uma pessoa empática, em que situações e quais
os obstáculos que a impedem de exercer sua empatia e quais as
conseqüências que percebe quando isso ocorre
4. Relacionar como o stress e a sobrecarga de problemas e tarefas afeta na
habilidade de dar feedback e ter empatia com os colegas: irritação,
hostilidade, pressa, falta de paciência, achar que o problema alheio é
irrelevante, etc
5. Discutir a importância e as dificuldades em aceitar e recusar pedidos
Tarefa: Experimentar fazer ou recusar um pedido a um colega
8º Encontro:
1. Discutir a importância de aceitar, fazer e rebater críticas: para crescimento
pessoal e profissional, construtiva
2. Descrever a técnica do “sanduíche” e dar exemplos
85
Apresentar uma expressão positiva antes e/ou depois de uma negativa.
Isto se faz para suavizar a expressão negativa e para aumentar a
postura de escuta do receptor, com o mínimo de aborrecimento
3. Trazer uma situação aonde foi criticado e discutir qual foi sua reação, se
teria alguma outra forma mais adequada de reagir, como se sentiu, se foi
impulsivo ou o ao responder à crítica e como o fez. Houve concordância
da sua parte? Discute-se, também, a dificuldade de controlar a impulsi-
vidade (em responder imediatamente), os sentimentos envolvidos e a
importância de ouvir atentamente as críticas, refletir sobre sua justeza e
optar por respondê-las ou não
4. Discutir sobre as estratégias usadas atualmente pelo participante para
tomar uma decisão ou para a resolução de um problema
5. Explicar a técnica de resolução de problemas
6. Discutir a importância da cooperação e autocontrole para a resolução de
conflitos
Tarefa: Aplicar a estratégia de solução de problemas em alguma situação
estressante que enfrentar ou que vem enfrentando sem sucesso
9º Encontro:
1. Discutir sobre as dificuldades em se expor, ou falar em público e defender
seus projetos e idéias: quais o os medos, receios, dificuldades e
estratégias para superá-los.
2. Levantar as formas de lidar com a autoridade (por exemplo: chefia) que
utilizam e as dificuldades que se deparam
86
3. Fazer um role-play de uma situação hipotética aonde a pessoa tem que
convencer o entrevistador a lhe dar o emprego. Observar a postura, tom de
voz, gestos e pedir para refazer quando não estiver adequado
4. Apresentar as habilidades necessárias para se fazer uma boa
argumentação e postura adequada nestas situações
Tarefa: Expor suas idéias em várias situações – primeiro para alguém de sua
confiança, depois para um colega de trabalho e por último para alguma figura de
autoridade e perceber sua postura e dificuldades
10º Encontro:
1. Discutir sobre a importância da participação de todos em uma tarefa de
responsabilidade coletiva: trabalho em equipe
2. Revisar os quatro pilares de Controle do Stress
3. Reaplicar os inventários ISSL, IHS e a Entrevista Final
4. Avaliar o trabalho realizado
9. Roteiro para Entrevista final para Habilidade Social (Elaborado pela
autora) (Anexo E)
A entrevista final constou de sete questões e foi baseada na entrevista inicial
e teve como objetivo reavaliar alguns aspectos que foram abordados no início do
trabalho. Esta entrevista foi resumida e aleatoriamente optou-se por algumas
questões que descreveriam o panorama geral dos relacionamentos interpessoais
atualmente do participante, visto que não tínhamos outro instrumento para tal
comparação.
87
Algumas das questões avaliadas foram como o participante avaliava seu
modo de interagir com as pessoas no trabalho atualmente, se os seus
comportamentos mudaram com o treino, como está o relacionamento com colegas e
chefias, como os conflitos têm sido resolvidos e que aspectos ainda mudaria de seu
comportamento.
Assim como na entrevista inicial, as respostas foram categorizadas de forma
semelhante para a análise estatística, de acordo com ts juízes.
10. Termo de Consentimento (Anexo A)
Utilizou-se um Termo de Consentimento que obedece às normas
estabelecidas pela Resolução do Conselho Federal de Psicologia, publicada em
Dezembro de 2000, as Diretrizes 196/96 do Ministério da Saúde e as Normas do
Comitê de Ética da PUC-Campinas, e que foi apresentado em duas vias: uma para
o participante que livremente concordasse em fazer parte do estudo e outra para a
pesquisadora. Uma ficha de identificação contendo dados pessoais foi também
usada.
Local
Foi utilizada uma sala de aula para o estudo em grupo e uma sala de
atendimento psicológico para o individual, ambas situadas no Instituto de Psicologia
e Controle do Stress (IPCS) em Campinas.
O IPCS oferece três tipos de serviços altamente especializados: tratamento e pesquisas sobre
o stress emocional, psicoterapia e cursos em Terapia cognitivo-comportamental.
É entidade pioneira na América Latina que se destina a promover a profilaxia e o tratamento do
stress excessivo - individual ou em grupo - às pessoas que apresentam sintomas de stress. Mais de
88
15 mil pessoas foram tratadas pelo Instituto. Adicionalmente, o treino de controle do stress, em
nível preventivo, é também oferecido. O IPCS também conduz pesquisas na área do stress e publica
artigos, apostilas e testes que facilitam o manejo do stress.
Pessoal
A própria pesquisadora conduziu todo o trabalho de avaliação e tratamento.
Juízes
Utilizou-se três juízes para a elaboração de categorias dos conteúdos das
respostas qualitativas. Estes juízes são psicólogos clínicos com mais de dez anos
de formação.
Procedimento
O estudo foi dividido em duas partes: primeiramente foi realizado o trabalho em
grupo e posteriormente foi utilizado o mesmo procedimento inicial para os
atendimentos individuais. O procedimento de primeiro terminar um tipo de
tratamento e depois iniciar o outro se deu porque seria inviável para a pesquisadora
naquele momento fazer os dois trabalhos ao mesmo tempo.
Todos os participantes da pesquisa foram captados por meio de divulgação
entre pacientes do IPCS e pessoas conhecidas que demonstraram interesse ao
ficarem sabendo do estudo. Foram feitos folders e emails com breves informações
sobre o objetivo do trabalho e sua metodologia.
As pessoas interessadas entraram em contato com a pesquisadora por email
ou telefone para agendar uma entrevista inicial para explicação mais detalhada do
trabalho, para sua seleção prévia e para verificar se a pessoa preenche os critérios
de inclusão, considerando também que os interesses sejam semelhantes, assim
como a disponibilidade e condições emocionais para sua continuidade.
89
Nesta primeira entrevista enfatizou-se a necessidade do comprometimento em
relação às faltas e à finalização do trabalho, à necessidade de utilizar as
ferramentas passadas e à questão da ética e sigilo. Foi explicado que independente
de apresentarem um quadro de stress poderiam participar, bastava o desejo de
obter estratégias para controlar o stress e também para aprenderem a se relacionar
melhor no seu ambiente profissional.
Os dez encontros grupais ocorreram quinzenalmente aos sábados para que
fosse mais fácil para todos os participantes em função do trabalho. As datas de
cada encontro foram entregues no primeiro dia para que todos se programassem
quanto a isso.
Os encontros individuais foram agendados conforme a disponibilidade de cada
participante e da pesquisadora, podendo variar conforme a necessidade.
As respostas sobre a auto-percepção da habilidade social e relações
interpessoais dadas nas entrevistas estruturadas foram categorizadas e avaliadas
por três juízes a fim de se verificar a confiabilidade das categorias sugeridas.
90
RESULTADOS
Método de Análise dos Resultados
Os resultados deste estudo foram analisados em vários momentos distintos:
antes e após o Treino de Controle de Stress e nos dois grupos (individual e grupal).
A análise estatística foi baseada nos seguintes objetivos:
1. Descrever o grupo de n=29 sujeitos para as variáveis sócio-demográficas, de
stress emocional (ISSL), afetividade, crenças, ansiedade, habilidades sociais e
relações interpessoais no trabalho, com treino em aplicação individual e em
grupo, nos momentos pré e pós-treino.
2. Análise de consistência interna das escalas de afetividade e de crenças.
3. Comparar as principais variáveis entre os grupos com treino individual e em
grupo, entre os gêneros, e entre os momentos pré e pós-intervenção.
4. Analisar a relação entre stress emocional, habilidades sociais e relações
interpessoais.
Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo, foram
feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas (sexo, stress, ...), com valores
de frequência absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas descritivas das variáveis
contínuas (idade, escores das escalas, ...), com valores de média, desvio padrão,
valores mínimo e máximo, mediana e quartis.
Para a análise de consistência interna das escalas de afetividade e crenças
foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach. Valores de alfa maiores que 0.70
indicam alta consistência.
Para comparação das variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-Quadrado
de Pearson, ou o teste exato de Fisher, na presença de valores esperados menores
91
que 5. Para comparar as variáveis contínuas entre 2 grupos foi utilizado o teste de
Mann-Whitney, devido à ausência de distribuição Normal das variáveis. Para
analisar a relação entre as variáveis numéricas foi utilizado o coeficiente de
correlação de Spearman, devido à ausência de distribuição normal das variáveis.
Para comparar as variáveis categóricas entre as avaliações pré e pós-treino
foi utilizado o teste de McNemar (para 2 categorias) e o teste de simetria de Bowker
(para 3 ou mais categorias), e para comparar as variáveis numéricas entre as 2
avaliações foi utilizado o teste de Wilcoxon.
O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja,
p<0.05.
Para a realização da análise estatística das respostas qualitativas das
Entrevistas Estruturadas de Relacionamento Interpessoal, todas as respostas foram
agrupadas em categorias, de acordo com o consenso de três juízes. De forma geral
foram escolhidas de duas a quatro categorias que representassem diversas
respostas qualitativas dadas para cada questão.
Por exemplo, na questão que pede a autopercepção de sua forma de interagir
com as pessoas, as respostas foram agrupadas como “adequada”, “inadequada” ou
“inconsistente”. A resposta “comunicativo” foi considerada na categoria “adequada”;
a resposta “com dificuldade” foi considerada inadequada” e “controlada, mas que
perde às vezes o controle” foi considerada “inconsistente”.
Outras categorias usadas freqüentemente foram: “imposição de idéias”, para
respostas como “querer provar que meu ponto de vista está certo”; “impulsividade”,
como “falar demais”; e “passividade”, em respostas como “dificuldade em expressar
opinião”, todas para representar respostas sobre a assertividade e forma de se
comunicar com as pessoas no trabalho.
92
As categorias “submissão” e “diálogo” foram usadas para representar as
formas de lidar com os conflitos, assim como “comunicação”, “empatia e
“profissionalismo” como comportamentos adequados que julgavam necessários
para um bom relacionamento interpessoal.
Dados Demográficos
Quanto à distribuição geral do gênero, houve diferença, uma vez que
participaram do estudo 20 mulheres (68,97%) e nove homens (31,03%). No entanto,
ao usar o Teste Exato de Fisher para comparar a prevalência de mulheres e
homens nas duas amostras, percebeu-se que não houve diferença significativa no
número de homens e mulheres entre os dois grupos estudados (p=1.000). No
grupo TI foram oito mulheres (66,67%) e quatro homens (33,34%) e no grupo de TG
foram 12 mulheres (70,59%) e cinco homens (29,41%).
A idade média foi de 35,11 anos (com desvio padrão de 7,97), variando de 21 a
49 anos, com mediana de 34,50. A idade dos homens variou de 26 a 45 anos
(média de 31,44 anos) e das mulheres variou de 21 a 49 anos (média de 35 anos).
O grupo TI apresentou idade média de 34 anos, sendo a mínima de 28 e máxima de
44 anos. O grupo TG apresentou idade média de 33,82 anos, sendo a mínima de 21
e máxima de 49 anos. As médias dos grupos foram comparadas pelo teste de
Mann-Whitney e a diferença não foi significativa (p=0,546).
A distribuição das faixas etárias dos dois grupos pode ser observada na Tabela
1 e percebe-se que houve uma homogeneidade nesta distribuição e não houve
diferença significativa entre eles segundo o Teste Exato de Fisher (p=1.000). Um
93
dos participantes do grupo não preencheu a idade, por isso a Tabela 1 conta com
somente 28 respondentes.
Tabela 1
Distribuição da faixa etária entre os participantes
Idade
Individual (TI)
Grupo (TG)
<30
4 5
(33,33%) (31,25%)
30-39 4 6
(33,33%) (37,50%)
>= 40
4 5
(33,33%) (31,25%)
Total
12 16
Quanto ao estado civil na amostra geral observou-se um predomínio da
condição de casado e ao compararmos os dois grupos pelo Teste Exato de Fisher a
diferença entre as amostras não é significativa (p=0,126). Na amostra total, 65,52%
eram casados e 34,48% não casados (considerados os solteiros, viúvos ou
separados). No grupo TI, 83,33% eram casados e 16,67% não casados; no TG,
52,94% eram casados e 47,06% não casados.
Na Tabela 2 pode-se observar que o nível de escolaridade na amostra global
predominou o Superior Completo (44,83%), seguido da Pós Graduação (37,93%),
Ensino Médio Completo (10,34%) e Superior Incompleto (6,90%). Em relação a
cada grupo, 16,67% no TI e 5,88% no TG tinham o Ensino Médio Completo; 8,33%
e 5,88% o Superior Incompleto no TI e TG, respectivamente; 50% no TI e 41,18%
94
no TG o Superior Completo; e 25% no TI e 47,06% no TG tinham Pós-Graduação.
Na comparação entre os dois grupos, de acordo com o Teste Exato de Fisher, não
houve diferença quanto à escolaridade entre eles (p=0,434).
Tabela 2
Distribuição dos participantes quanto ao nível de escolaridade
Grupo
Ensino Médio
Completo
Superior
Incompleto
Superior
Completo
Pós
-
Graduação
Individual (TI) 2 (16,67%) 1 (8,33%) 6 (50%) 3 (25%)
Grupo (TG) 1 (5,88%) 1 (5,88%) 7 (41,18%) 8 (47,06%)
Total (TI + TG)
3 (10,34%) 2 (6,9%) 13 (44,83%) 11 (37,93%)
Do total de participantes da amostra 72,41% encerraram sua participação no
estudo na décima sessão conforme o planejado inicialmente, sendo que 27,59%
não encerraram o estudo alegando rios motivos, principalmente compromissos
profissionais e falta de disponibilidade de horário.
Quanto à ocupação dos participantes, não houve no estudo uma
homogeneidade, variando desde cargos de gestão, técnicos, autônomos, analistas,
bancários, entre outros. Ao agrupar as ocupações na amostra geral encontrou-se
que 58,62% eram Analistas ou Técnicos, 17,24% eram Gestores, 10,34% eram
Auxiliares e 10,34% Autônomos.
95
Outras comparações
Na Tabela 3 pode-se verificar as sessões nas quais as desistências ocorreram
na amostra geral. Percebeu-se que no TI apenas 8,33% não terminaram o treino,
contra 91,67% que terminaram. No TG, 58,82% pessoas terminaram e 41,18% não
encerram o trabalho. A desistência foi menor no TI, provavelmente pela flexibilidade
maior de horários dos encontros, mas este resultado não foi significativo de acordo
com o Teste Exato de Fisher (p=0,093).
Tabela 3
Distribuição dos participantes quanto à sessão na qual houve desistência do estudo
Sessão da qual as
Desistências
ocorreram
N
o.
participantes
desistentes
no grupo
N
o.
participantes
desistentes
individual
Porcentagem
1 3 0 10,34
2 2 0 6,90
4 1 1 6,90
8 1 0 3,45
10 21 0 72,41
A análise estatística comparando o tratamento em grupo com o individual
revelou não haver diferença significativa no que se refere a: nível de stress e tipo de
sintomas, habilidade social, afetividade, ansiedade e crenças, sendo assim, os
dados referentes a estas variáveis são apresentados somente quanto à amostra
96
como um todo. As análises detalhadas referentes à amostra que teve tratamento
individual e em grupo, separadamente, são apresentadas no Anexo F.
A seguir, inicialmente são apresentados os dados obtidos no período pré-
tratamento, e depois os resultados do pós-tratamento e finalmente se compara os
dois momentos.
97
DADOS OBTIDOS NO PRÉ-TREINAMENTO
Prevalência e nível de stress
Ao analisar os resultados quanto ao nível de stress da amostra global antes do
tratamento encontrou-se que 41,38% não apresentavam sintomas significativos de
stress, enquanto 58,62% se encontravam em alguma das quatro fases de stress.
Com relação às fases de stress dos participantes com stress, conforme pode
ser visto na Tabela 4, 44,83% estavam na fase de Resistência, 6,90% em Quase
Exaustão, 6,90% em Exaustão. A prevalência de sintomas físicos da amostra geral
foi de 23,53% e de psicológicos 76,47%.
Tabela 4
Distribuição dos participantes quanto ao nível de stress apresentado antes do treino
Fase do Stress
Número de
participantes
Porcentagem
Sem stress 12 41,38
Alerta
Resistência
0
13
0
44,83
Quase Exaustão 2 6,90
Exaustão 2 6,90
Ao se analisar os itens mais freqüentes em cada fase de stress, verificou-se
que na fase de Alerta os mais freqüentes foram: vontade súbita de iniciar novos
projetos, entusiasmo bito, tensão muscular, boca seca e no estômago,
98
respectivamente. na fase de Resistência foram: sensação de desgaste físico
constante, pensar constantemente em um só assunto, problemas com a memória,
diminuição da libido. Na fase de Exaustão os mais mencionados foram: cansaço
excessivo, pensar/falar constantemente em um só assunto, angústia/ansiedade
diária, pesadelos, vontade de fugir de tudo, irritabilidade sem causa aparente.
No geral, os sintomas psicológicos mais comuns foram: pensar
constantemente em um só assunto, vontade súbita de iniciar novos projetos e
diminuição da libido, respectivamente; os físicos foram: problemas com a memória,
sensação de desgaste físico constante e cansaço constante.
Em relação ao número total de sintomas de stress apresentado por todos os
participantes, verificou-se que a média foi de 12,52 e mediana de 11 (desvio padrão
de 7,88), variando de um a 29 sintomas.
Presença de Ansiedade
A variável ansiedade foi avaliada apenas no início do trabalho. Os dados da
amostra total mostram que 27,59% dos participantes apresentaram ansiedade
Mínima, 41,38% Leve, 24,14% Moderada e 6,90% Grave.
Houve diferença significativa quanto à variável ansiedade na amostra de
participantes com e sem sintomas significativos de stress (p=0,008), sendo que os
estressados possuíam um nível de ansiedade maior. Assim sendo, conforme a
Tabela 5, 58,33% participantes sem stress tinham ansiedade nima, contra 5,88%
com stress. No nível leve de ansiedade, 16,67% estavam sem stress e 58,82% com
stress; nos níveis moderado e/ou grave encontrou-se 25% pessoas sem stress e
35,29% com stress.
99
Tabela 5
Distribuição dos níveis de Ansiedade na amostra total com e sem stress
Nível
Ansiedade
Mínima Leve Moderada
e/ou Grave
Total
Com stress 1 10 6 17
5,82% 58,82% 35,29%
Sem stress
7 2 3 12
58,33% 16,67% 25%
Total 8 12 9 29
Afetividade
A consistência interna do Inventário de Afetividade foi avaliada utilizando-se o
α de Cronbach para medir a confiabilidade do Inventário e verificou-se alta
consistência interna deste. A escala é composta por 15 itens e o Coeficiente alfa de
Cronbach para escalas ordinais (Likert) ou KR20 de Kuder-Richardson para escalas
dicotômicas é de 0,826.
Nesta escala o participante deveria assinalar se sente e/ou demonstra emoção
em cada uma das 15 situações afetivas descritas. Para cada item que ele não sente
e/ou demonstra a emoção é computado um ponto. Vinte e oito participantes
preencheram esta escala e o escore médio foi de 6,68 (com desvio padrão de 3,85),
variando de um a 15 e mediana de 5.
Foram utilizados os valores de tercis para a divisão de categorias em abaixo
da dia(<=4 pontos), média (5-7 pontos) e acima da dia (>7 pontos). Dos 28
100
participantes que preencheram, 39,28% estavam abaixo da média, 28,57% na
média e 32,14% acima da média quanto à afetividade.
O sentimento que menos os participantes demonstraram foi desprezo por
pessoas maldosas (71,43% não o faziam), seguido de remorso por certos atos
praticados e desilusão com determinadas pessoas (64,29% cada). O que mais
demonstraram foi vontade de acariciar pessoas queridas (78,57%).
Verificou-se que o houve diferença significativa de afetividade quando foi
comparada a amostra com e sem sintomas significativos de stress.
Crenças Irracionais
A consistência interna da Escala de Crenças Irracionais foi avaliada utilizando-
se o α de Cronbach para medir a confiabilidade da escala e verificou-se alta
consistência interna desta. A escala é composta por 20 itens e o Coeficiente alfa de
Cronbach para escalas ordinais (Likert) ou KR20 de Kuder-Richardson para escalas
dicotômicas é de 0,859.
A escala tem 20 itens, cada um valendo de um a cinco pontos, portanto o
escore máximo seria de 100. O escore médio da amostra total foi de 59,69 pontos
(desvio padrão de 13,25), variando de 32 a 84 pontos e mediana de 57.
As cinco crenças que tiveram escore mais alto, respectivamente, foram:
“Preciso estar realizando algo para estar satisfeito comigo mesmo” (média de 4,17),
“Detesto quando não posso eliminar uma dúvida” (média de 4,07), “Quando parece
que alguma coisa pode dar errado, é razoável ficar bastante preocupado” (média de
3,66), “Não gosto de ter incertezas sobre meu futuro” (média de 3,66) e “Para ser
101
uma pessoa de valor preciso ser totalmente competente em tudo o que faço” (média
de 2,93).
Para a escala de crenças foram utilizados os valores de tercis para divisão das
categorias em abaixo da média (<=53 pontos), média (53-67) e acima da média
(>=68). Dos participantes, 31,03% tiveram escore abaixo da média, 34,48% na
média e 34,48% acima da média.
O escore de crenças irracionais foi comparado entre os participantes com e
sem stress e percebeu-se que, apesar de ter sido verificada uma leve tendência dos
participantes com stress a terem um número maior de crenças, este resultado não
foi significativo (p=0,072).
Habilidades Sociais
Na avaliação inicial das habilidades sociais constatou-se que cinco
participantes da amostra geral não preencheram este inventário. Por isto a Tabela 6
contém somente 24 participantes. Quatro destes voluntários foram, então, avaliados
quanto às habilidades sociais na segunda sessão.
Os escores do inventário são divididos em seis categorias: escore geral e mais
cinco escores fatoriais. O resultado do escore geral da amostra de 24 participantes
que responderam ao inventário ficou distribuído da seguinte forma: 29,17%
altamente elaborado, 8,33% bastante elaborado, 41,67% bom repertório, 12,50%
médio inferior e 8,33% abaixo da média inferior (conforme Tabela 6).
102
Tabela 6
Distribuição dos participantes quanto ao escore geral de Habilidades Sociais antes
do treino
Escore geral Número de
participantes
Porcentagem
Altamente elaborado 7 29,17
Bastante elaborado 2 8,33
Bom repertório 10 41,67
Médio inferior 3 12,50
Abaixo da média
inferior
2 8,33
Ao analisar cada escore fatorial da amostra geral verificou-se que no F1, que
se refere à capacidade do sujeito de apresentar habilidades de enfrentamento com
risco, a freqüência ficou distribuída da seguinte maneira: 8,33% altamente
elaborado, 25% bastante elaborado e 66,67% bom repertório. No escore F2, que
corresponde à habilidade de auto-afirmação na expressão de afeto positivo, 20,83%
tiveram escore altamente elaborado, 12,50% bastante elaborado, 45,83% bom
repertório, 16,67% médio inferior e 4,17% abaixo da média inferior.
No que se refere à habilidade de conversação e desenvoltura social (F3),
37,50% tiveram um resultado altamente elaborado, 16,67% bastante elaborado,
25% bom repertório, 12,50% médio inferior e 8,33% abaixo da média inferior. No F4,
habilidade de auto-exposição a desconhecidos ou a situações novas, 29,17%
obtiveram um escore altamente elaborado, 12,50% bastante elaborado, 41,67%
bom repertório, 4,17% médio inferior e 12,50% abaixo da média inferior. Por último,
103
no F5 que avalia as habilidades de autocontrole da agressividade em situações
aversivas, apenas 4,35% tiveram o repertório altamente elaborado, 30,43%
demonstraram ter bom repertório, 26,09% médio inferior e 39,13% abaixo da média
inferior.
Tanto os escores gerais como os fatoriais foram comparados nas amostras de
participantes com e sem sintomas de stress e constatou-se que não houve diferença
significativa entre elas em nenhuma das variáveis analisadas. No escore fatorial 3
(habilidade de conversação e desenvoltura social) houve uma diferença razoável
entre as amostras, demonstrando que os participantes estressados tinham uma
tendência a ter um escore mais baixo, mas esta diferença não foi significativa
(p=0,061).
Relações Interpessoais
A auto-percepção das habilidades sociais e das relações interpessoais de
cada participante foi investigada na entrevista estruturada com 22 questões
realizada antes do tratamento. A análise das categorias atribuídas às respostas da
amostra total é explanada a seguir.
Na primeira questão, ao ser questionado qual é a forma que se auto-avalia na
interação, dos 28 participantes que a responderam, 57,14% afirmaram que
adequadamente e 42,86% se auto-avaliaram de forma inadequada ou inconsistente.
A segunda questão se referia à dificuldade em relacionar-se com determinadas
pessoas em várias situações: 55,17% dos participantes responderam que têm
dificuldade e 44,83% disseram que não têm ou apenas em algumas situações.
104
A terceira pergunta se referia aos pontos positivos que reconhecia na sua
forma de interagir com as pessoas. Ter uma atitude positiva para com o outro foi
apontada por 89,29% dos participantes e ter uma atitude voltada à tarefa por
10,71%. Ao levantar os pontos negativos na quarta questão foram citados imposição
de idéias (50%), impulsividade (23%) e passividade (26,93%).
As conseqüências percebidas na sua forma de se relacionar foram avaliadas
na questão cinco. Para 79,31% dos participantes sua forma de interação traz
conseqüências e para 20,69% não. A questão seis revelou as melhorias que os
participantes julgavam necessárias para seu convívio interpessoal se tornar mais
gratificante. A grande maioria (76,92%) acreditava que a imposição de idéias seria
uma delas, 7,69% acreditavam que deveriam melhorar a impulsividade, 11,54% a
expressão de afeto e apenas 3,85% acreditava que sua passividade era seu maior
desafio para superar.
A questão 7 averiguou se o participante faz amizade facilmente, sendo que
62,07% disseram que sim e 37,93% alegaram que razoavelmente ou não. Na
questão 8 foi questionado como resolve os conflitos com amigos. Setenta e cinco
por cento da amostra respondeu que com diálogo e 25% sendo submisso e não se
posicionam.
Foi questionado na questão 9 se o participante considerava sua vida
gratificante, sendo que 68,97% a consideravam gratificante e 31,04% não a
consideravam ou apenas em algumas situações. Ao indagar as qualidades que lhe
atribuem na questão 10, 57,69% disseram que competência e 42,31% afetividade.
Quanto aos defeitos, 53,85% disseram autoritarismo, 30,77% perfeccionismo e
15,38% deram outras respostas na questão 11.
105
O trabalho exercido foi considerado gratificante para 68,97% e apenas
31,03% disseram que não o consideravam assim ou apenas algumas vezes,
segundo a questão 12. A visão que os participantes tinham de como era seu
relacionamento com os colegas variou (questão 13), sendo que 27,59% o
consideravam muito bom, 48,28% bom, 20,69% razoável e apenas 3,45% ruim.
A questão 14 questionou quais os comportamentos que a pessoa considera
adequados para um bom relacionamento no trabalho e 21,43% disseram que era a
comunicação, 42,86% a empatia e 35,71% o profissionalismo. Os comportamentos
inadequados também foram investigados na questão 15 e encontrou-se que a falta
de empatia era importante para 42,86% dos participantes, a falta de profissionalismo
para 39,29% e a impulsividade para 17,86%.
A possibilidade de melhorar algum ponto em seu comportamento para ter um
convívio no trabalho mais harmonioso foi investigada na questão 16 e encontrou-se
que 42,86% acreditavam que poderiam melhorar a flexibilidade, 28,57% a
comunicação, 17,86% deram outras respostas e 10,71% disseram o haver nada
que pudessem melhorar. Esta mesma possibilidade, mas em relação aos colegas
de trabalho foi avaliada na questão 17. A flexibilidade também foi citada por 32,14%
das pessoas, a comunicação por 14,29%, comprometimento por 25% e outras
repostas por 28,57%.
Verificou-se como os conflitos são resolvidos no trabalho na questão 18 e a
maioria (68,97%) afirmou resolvê-los com diálogo, 24,24% com negação destes e
6,90% referem que quando isso ocorre a saída utilizada é a mudança de algum
membro da equipe. A questão 19 investigou quais seriam os problemas de
relacionamento que tem no trabalho e 13,79% dos indivíduos referiram serem
106
problemas em virtude de dificuldades pessoais, 62,07% dificuldades com as outras
pessoas e 24,14% afirmaram não ter nenhum problema de relacionamento.
As causas dos problemas de relacionamento no trabalho foram verificadas na
questão de número 20 e levantaram-se duas possíveis causas: atributos pessoais
(44,83%) e atributos dos outros (24,14%), sendo que 31,03% responderam que não
saberiam explicar estas causas. Foi questionado com quem se relaciona melhor no
trabalho e 25% afirmaram ser a chefia, 67,86% colegas de mesmo nível hierárquico
e 7,14% colegas de nível hierárquico inferior. E com quem consideravam que se
relaciona pior, 42,86% responderam que seria a chefia, 25% colegas de mesmo
nível hierárquico, 10,71% colegas de nível hierárquico inferior e 21,43% com
ninguém.
Comparando-se as variáveis dos relacionamentos interpessoais estudadas,
verificou-se diferença significativa entre os tipos de treino (individual e em grupo)
apenas no que se refere a questão “Com quem se relaciona pior no trabalho” (maior
freqüência de chefia no treino em grupo). No TI, 8,33% dos participantes relataram
se relacionar pior com o chefe, 33,33% com pessoas do mesmo nível, 25% com
nível inferior e 33,33% com ninguém. Já no treino em grupo (TG), 68,75% se
relacionavam pior com a chefia, 18,75% com mesmo nível, 12,5% com ninguém e
nenhuma com nível inferior. A comparação foi feita pelo Teste Exato de Fisher
(p=0,004).
As variáveis do relacionamento interpessoal entre os participantes com e sem
sintomas significativos de stress no pré- treino também foram comparadas pelo
Teste Exato de Fisher e não se encontrou diferença significativa entre eles em
nenhuma variável estudada.
107
Análise Comparativa entre os gêneros
Todas as variáveis categóricas e numéricas foram comparadas entre os
gêneros (masculino e feminino). Verificou-se que não houve diferença significativa
entre os gêneros no que se refere às variáveis demográficas como idade, estado
civil, nível educacional e término do treinamento.
A análise estatística comparando os dados obtidos entre os gêneros
demonstrou que da mesma forma não houve diferença significativa entre as
amostras no que se refere a: nível de stress e prevalência de sintomas, ansiedade,
habilidade social e afetividade, com exceção da variável de crenças que se
encontrou diferença entre homens e mulheres (Teste Exato de Fisher, p=0,021).
Na variável das crenças irracionais, 55,56% dos homens e 20% das mulheres
tiveram escore abaixo da média, 44,44% dos homens e 30% das mulheres na
média e nenhum homem e 50% das mulheres acima da dia. A Figura 1 revela a
distribuição das crenças de acordo com o gênero avaliado.
0
10
20
30
40
50
60
Acima
Média
Abaixo
Sexo (%)
Crenças
Masculino
Feminino
30
40
50
60
70
80
90
Feminino
Masculino
Sexo
Escore de crenças
Figura 1. Distribuição das crenças quanto ao gênero avaliado
A Tabela 7 a seguir demonstra a comparação entre os gêneros de algumas
variáveis estudadas.
108
Tabela 7
Comparação entre os gêneros das variáveis estudadas
Masc.
Fem.
Variável N Média DP Mín Mediana Máx Variável N Média DP Mín Mediana Máx Valor p*
Idade 8 35,38 8,35 26 35 45 Idade 20 35 8,03 21 34,50 49 0,899
No Sint 1 9 9,89 6,97 2 8 25 No Sint 1 20 13,70 8,14 1 12,50 29 0,278
Crenças 9 51,11 10,07 32 51 66 Crenças 20 63,55 12,86 40 64 84 0,030
Afetiv. 9 6,11 3,44 1 5 12 Afetiv. 19 6,95 4,09 3 5 15 0,785
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre tipos de treino (Individual vs Grupo).
Na comparação entre os gêneros no que se refere ao relacionamento
interpessoal avaliado pela entrevista estruturada, percebeu-se que algumas
diferenças nas variáveis mostraram-se ser significativas quando comparadas pelo
Teste Exato de Fisher: ponto no comportamento que possa ser melhorado (maior
freqüência de flexibilidade e comunicação no sexo feminino), problemas de
relacionamento no trabalho (maior freqüência de nenhum no sexo masculino), com
quem se relaciona pior (maior freqüência de chefia no sexo feminino).
De acordo com este resultado, uma destas diferenças especificamente foi
sobre a pessoa acreditar que possa melhorar algum ponto no seu comportamento
para ter um convívio mais harmonioso no trabalho (p=0,038). A metade das
mulheres respondeu que poderia melhorar a flexibilidade, sendo que nos homens
apenas 25% responderam desta forma. Trinta e cinco por cento das mulheres e
12,50% dos homens disseram poder melhorar a comunicação, 10% das mulheres e
12,50% dos homens não encontraram nada a melhorar e 5% das mulheres e 50%
dos homens se referiram a outros comportamentos distintos que seriam importantes
para serem melhorados.
A percepção dos problemas no relacionamento no trabalho variou de forma
significativa (p=0,002) ao comparar os dois gêneros. Para a maioria dos homens
(66,67%) não havia problemas desta natureza, mas em contrapartida apenas para
109
uma mulher isso não ocorria (5%). Vinte por cento das mulheres e nenhum homem
acreditavam que os problemas eram fruto de dificuldades pessoais e 75% das
mulheres e 33,33% dos homens de dificuldades dos outros.
Outra questão na qual se encontrou diferença significativa foi com quem se
relaciona pior no ambiente de trabalho (p=0,031). Cinqüenta e cinco por cento das
mulheres e 12,50% dos homens disseram que era com a chefia, 20% das mulheres
e 37,50% dos homens com colegas do mesmo nível hierárquico, 15% das mulheres
e nenhum homem com pessoas do mesmo nível e finalmente 10% das mulheres e
50% dos homens disseram que não têm uma pessoa específica que se relacionam
pior no trabalho.
110
DADOS OBTIDOS NO PÓS-TREINAMENTO
Prevalência e nível de stress
Após a intervenção de dez sessões foi reavaliado o nível de stress dos
participantes em ambos os grupos e constatou-se que neste momento 76,19% dos
participantes não apresentavam sintomas significativos de stress, enquanto 23,81%
se encontravam com sintomas de stress. Neste momento, oito pessoas não
preencheram o inventário por terem desistido do trabalho durante a realização
deste. A Tabela 8 mostra a distribuição entre as fases de stress desta amostra
estressada após o treino, na qual todos os 23,81% estavam na fase de Resistência,
sendo que nenhum participante se encontrava em fases mais avançadas de stress.
A prevalência maior (60%) foi de sintomas psicológicos e a de físicos foi de 40%.
Em relação ao número total de sintomas de stress apresentado por todos os
participantes após o treino, verificou-se que a média foi de 6,76 e mediana de 6
(desvio padrão de 4,89), variando de zero a 20 sintomas.
Tabela 8
Distribuição dos participantes quanto ao nível de stress apresentado após o treino
Fase do Stress
Número de
participantes
Porcentagem
Sem stress 16 76,19
Resistência 5 23,81
Quase Exaustão 0 0
Exaustão 0 0
111
Habilidades Sociais
Após a intervenção do Treino de Habilidades Sociais o Inventário de
Habilidades Sociais foi reaplicado e os dados reavaliados. O resultado do escore
geral da amostra dos 21 participantes que responderam ao inventário neste
segundo momento ficou distribuído da seguinte forma: 47,62% altamente elaborado,
28,57% bastante elaborado, 19,05% bom repertório e apenas 4,76% médio inferior
(conforme Tabela 9).
Tabela 9
Distribuição dos participantes quanto ao escore geral de Habilidades Sociais após o
treino
Escore geral Número de
participantes
Porcentagem
Altamente elaborado 10 47,62
Bastante elaborado 6 28,57
Bom repertório 4 19,05
Médio inferior 1 4,76
A análise do escore fatorial F1 na amostra global demonstrou que 28,57% dos
participantes tiveram um repertório altamente elaborado, 33,33% bastante
elaborado e 38,10% bom repertório. No escore F2, 23,81% tiveram escore
altamente elaborado, 23,81% bastante elaborado, 42,86% bom repertório, 4,76%
médio inferior e 4,76% abaixo da média inferior.
112
No que se refere ao escore fatorial F3, 33,33% tiveram um resultado altamente
elaborado, 19,05% bastante elaborado, 42,86% bom repertório e 4,76% médio
inferior. Obtiveram repertório altamente elaborado 38,10% no escore fatorial F4,
28,57% bastante elaborado, 28,57% bom repertório e apenas 4,76% abaixo da
média inferior. O último escore avaliado foi o F5 na qual sua distribuição dos
repertórios ficou da seguinte forma após a intervenção: 57,14% tiveram bom
repertório, 19,05% médio inferior e 23,81% abaixo da média inferior.
Relações Interpessoais
Após o treinamento, foi realizada outra entrevista estruturada para a
reavaliação das relações interpessoais no trabalho. Esta entrevista constava de sete
questões, algumas semelhantes às que foram avaliadas antes do treino.
A primeira questão era sobre como avaliava sua forma de interagir com as
pessoas no trabalho atualmente, sendo que 52,38% dos participantes disseram que
melhor, 19,05% mais assertiva e 28,57% mais empática. Ou seja, todos os
participantes de alguma forma se auto-avaliaram de forma mais adequada que no
pré-treino.
Foi questionado também quais os aspectos do seu comportamento que
mudaram após o período em que participou do treino. As respostas revelaram que
38,10% dos participantes referiram que se tornaram menos impulsivos, 42,86% que
melhoraram sua assertividade, 9,52% seu comportamento de forma geral e da
mesma forma, 9,52% deram outras respostas.
Ao serem indagados sobre como está seu relacionamento atualmente com os
colegas, 57,14% dos participantes responderam que melhor e 42,86% que estava
113
bom. Nenhum participante relatou problemas de relacionamento atualmente. A
mesma indagação foi feita em relação às chefias e o resultado dos que
responderam foi: 42,11% melhor, 47,37% bom e 10,53% distante. Da mesma forma
que com os colegas, nenhum participante relatou problemas de relacionamento
atualmente.
Uma outra questão levantou alguns aspectos que os participantes ainda
gostariam de mudar para um convívio mais harmonioso. As respostas foram: ter
mais empatia (38,10%), ser menos impulsivo (28,57%) e nenhum outro aspecto teria
que melhorar (33,33%).
A forma que a pessoa resolve atualmente os conflitos no trabalho foi
averiguada e constatou-se que a grande maioria (80,95%) estava solucionando-os
com diálogo e 19,05% de outras formas. Este resultado foi percebido também na
última questão quando os participantes avaliaram sua participação no grupo. Nessa
avaliação, 61,90% referiram que o grupo proporcionou mais autoconhecimento e
38,10% que se tornaram mais assertivos. Nenhum membro avaliou negativamente
sua participação. Estes resultados podem ser observados na Tabela 10 a seguir.
Tabela 10
Avaliação do resultado final do treino pelos participantes
Número de
participantes
Porcentagem
Auto-conhecimento 13 61,90
Mais assertividade 8 38,10
114
Ao comparar todas as questões da entrevista pós-treino pelo Teste Exato de
Fisher, constatou-se que em apenas uma delas houve diferença significativa
(p=0,030) entre o treino individual (TI) e o em grupo (TG). Quando se questionou
como estava seu relacionamento atual com colegas, houve uma maior freqüência
de respostas “melhor” no TI (81,82%) do que em relação ao TG (30%). Em
contrapartida, 70% dos membros do TG responderam que tinham um bom
relacionamento, contra 18,18% do TI.
Observou-se que não houve diferença significativa nas respostas às questões
dos participantes estressados ou não estressados.
Análise Comparativa entre os gêneros
Após a intervenção de dez sessões foi reavaliado o stress e comparado seu
nível entre os homens e mulheres da amostra, sendo que não houve diferença
significativa entre os sexos nesta variável (Teste Exato de Fisher, p=0,262). Todos
os homens da amostra geral (100%) não tinham stress no final do tratamento e nas
mulheres, 66,67% estavam sem stress e 33,33% em fase de Resistência.
Ao identificar o número de sintomas no final do tratamento, percebeu-se que,
nos homens, houve uma média de 4,67 de sintomas (DP=1,86), sendo que o
número mínimo de sintomas foi de três e o máximo de sete. Nas mulheres, a média
de sintomas foi de 7,60 (DP=5,50), sendo o mínimo de zero e o máximo de 20
sintomas. A diferença não foi significativa (p=0,196).
Das mulheres com stress após a intervenção, 40% tinham prevalência de
sintomas físicos e 60% psicológicos. Como a amostra era homogênea, não foi
realizado nenhum teste estatístico.
115
Após o treino também não houve diferença significativa entre os neros no
que se refere aos escores de repertório social (Teste Exato de Fisher, p=0,195).
Apresentaram após o treino um repertório altamente ou bastante elaborado 83,33%
dos homens e 73,33% das mulheres, nenhum homem e 26,67% mulheres bom
repertório e apenas 16,67% dos homens apresentou repertório médio e/ou abaixo
da média inferior, sendo que nenhuma mulher teve repertório abaixo da média.
Na comparação entre os gêneros no que se refere às variáveis do
relacionamento interpessoal no trabalho, conclui-se que não houve diferença
significativa entre homens e mulheres em nenhuma das questões da entrevista
estruturada final.
116
COMPARAÇAO ENTRE A AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL
Os dados a seguir apresentam as análises comparativas quanto às variáveis
psicológicas entre as avaliações pré e pós treino para a amostra geral. Pelos
resultados, verifica-se diferença significativa entre as avaliações pré e pós treino
para as seguintes variáveis: stress (redução do stress no treino individual) e
habilidades sociais no escore total (aumento do repertório na amostra total e no
sexo feminino).
Análise Comparativa entre Prevalência e nível de stress
Os dados mostram que o Treino de Controle do Stress foi eficaz na redução do
stress ao comparar a primeira e segunda avaliação, segundo o Teste de McNemar
(S=3,60; GL=1; p=0,058). Na primeira avaliação, 47,62% dos participantes que
permaneceram na pesquisa não tinham stress e 52,38% tinham; na segunda,
76,19% não apresentavam stress e 23,81% tinham sinais significativos de stress.
Note-se que na primeira avaliação que incluiu todos que compareceram, inclusive
os que mais tarde desistiram da pesquisa, o percentual com stress era 41,38%.
O TCS se mostrou mais eficaz individualmente, que houve diferença
significativa entre as avaliações, reduzindo-se o número de sintomas de stress
(Teste de McNemar: S=5,00; GL=1; p=0,025).
Outro dado importante em relação ao stress entre as avaliações é que os cinco
participantes que ainda apresentavam stress no final do trabalho estavam na fase
de Resistência, ao contrário do que no inicio do trabalho, na qual três participantes
117
estavam em Quase Exaustão ou Exaustão, fases mais avançadas de stress. Na
Figura 2 podem ser observados os níveis de stress antes e após o treino.
0
10
20
30
40
50
60
Treino
em grupo
Treino
individual
Amostra
total
Stress emocional (%)
Pré-treino
Pós-treino
Figura 2. Análise comparativa do nível de stress antes e após o treino
Pelos resultados das comparações das principais variáveis entre os sujeitos
com e sem sintomas de stress no pós-treino, verificou-se diferença significativa
entre os com e sem stress na variável ansiedade (maior freqüência de ansiedade
leve, moderada ou grave nos com stress emocional no pré-treino). A análise foi feita
pelo Teste Exato de Fisher (p=0,008).
Dos participantes sem sintomas significativos de stress, 58,33 tiveram
ansiedade mínima, 16,67% leve e 25% moderada ou grave. Em contrapartida,
apenas 5,88% com sintomas de stress tiveram ansiedade mínima, 58,82% leve e
35,29% moderada ou grave. Na Figura 3 observam-se estes resultados que foram
significativos.
118
0
10
20
30
40
50
60
70
Moderada/
Grave
Leve
Mínima
Stress emocional no pré-treino (%)
Ansiedade
Sem stress
Com stress
Figura 3. Comparação do nível de stress e ansiedade dos participantes
A Tabela 11 mostra a comparação das variáveis estudadas nos grupos com e
sem stress, demonstrando que não houve diferença significativa entre elas.
Tabela 11
Comparação das variáveis entre stress
Sem stress
Com
stress
Variável N Média DP Mín Mediana Máx Variável N Média DP Mín Mediana Máx Valor p*
Idade 12 36,58 8,32 21 38,50 48 Idade 16 34 7,78 23 31,50 49 0,296
Crenças 12 55,92 12,85 32 55,50 80 Crenças 17 62,35/ 13,24 40 60 84 0,258
Afetiv. 12 6,75 3,31 3 6,50 14 Afetiv. 16 6,63 4,32 1 5 15 0,743
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre stress (Com vs Sem).
Análise Comparativa entre Habilidades Sociais
Em relação ao escore total do IHS, a comparação entre os dois momentos do
estudo mostrou que houve diferença significativa entre o repertório social antes e
após o treinamento (Teste de Simetria: S=9,00; GL=3; p=0,029). No início do
119
trabalho, 42,86% tinham repertório altamente ou bastante elaborado, 42,86% bom
repertório e 14,29% repertório médio ou médio inferior. No final da intervenção,
76,19% tinham repertório altamente ou bastante elaborado, 19,05% bom repertório
e 4,76% médio ou abaixo da média inferior. A Tabela 12 mostra a distribuição no pré
e pós treino de cada escore da amostra geral.
Tabela 12
Distribuição dos participantes quanto aos escores de HS antes e s-treino em
porcentagem
Escores
ET
F1
F2
F3
F4
F5
Pré
Pós
Pré
Pós
Pré
Pós
Pré
Pós
Pré
Pós
Pré
Pós
Altamente/Bastante
elaborado
42,6 76,19
38,10
61,90
38,10
47,62
57,14
52,38
47,62
66,67
5 0
Bom repertório 42,6 19,05
61,90
38,10
47,62
42,86
23,81
42,86
38,10
28,57
25 55
Médio/Abaixo
inferior
14,29
4,76 0 0 14,29
9,52 19,05
4,76 14,29
4,76 70 45
Nas figuras 4 e 5 observam-se os resultados do que se refere à habilidade
social tanto na amostra geral como nos sexos masculino e feminino.
120
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
B o m
A lta m e n te /
B a s ta n t e e la b o r a d o
M é d io in f e rio r/
a b a ix o d a m é d ia
Habilidades Sociais ET (%)
(amostra total)
R e p e r t ó rio
P r é - tre in o
P ó s - tr e in o
Figura 4. Comparação do repertório social pré e pós treino da amostra total
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Bom
Altamente/
Bastante elaborado
Médio inferior/
abaixo da média
Habilidades Sociais ET (%)
(sexo feminino)
Repertório
Pré-treino
Pós-treino
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Bom
Altamente/
Bastante elaborado
Médio inferior/
abaixo da média
Habilidades Sociais ET (%)
(sexo masculino)
Repertório
Pré-treino
Pós-treino
Figura 5. Comparação do repertório social pré e pós treino do sexo feminino e
masculino
Ao analisar cada escore do IHS entre as avaliações, verificou-se que o escore
fatorial F1, que corresponde à capacidade do sujeito de apresentar habilidades de
enfrentamento com risco, apresentou diferença significativa entre as avaliações
(Teste de McNemar: S=3,57; GL=1; p=0,059).
Foram comparados os resultados dos escores totais e fatoriais tanto do treino
individual como grupal, pré e pós treino. Os resultados demonstraram que não
houve diferença significativa entre os tipos de treino, ambos mostrando-se eficazes.
121
Análise Comparativa entre Relações Interpessoais
Algumas questões da entrevista estruturada sobre as relações interpessoais
utilizadas no pré e pós-treino foram comparadas. Nos dois momentos foi
questionado como o participante avaliava o seu modo de interagir com as pessoas
no trabalho atualmente. No pré-treino, 56,25% dos participantes se avaliaram
adequadamente, contra 43,75% de forma inadequada ou inconsistente. Ao
comparar esta questão no segundo momento pós-treino, verificou-se que todos os
participantes se avaliaram de forma positiva, respondendo que estavam melhor,
mais assertivos ou mais empáticos, sendo que nenhum acreditava que sua
interação era inadequada. A seguir pode-se observar na Figura 6 a auto-avaliação
das habilidades interpessoais no trabalho após o tratamento.
Figura 6. Porcentagem de participantes que alegaram mudanças para melhor em
função do treino
Resultado semelhante encontrou-se na questão como a pessoa se relaciona
com os colegas de trabalho. No pré-treino, 75,87% avaliaram seu relacionamento
0
10
20
30
40
50
60
52,38
28,57
19,05
Melhor
Empático
Assertivo
122
como muito bom ou bom e 24,14% como razoável ou ruim. no pós-treino, todos
os participantes responderam que seu relacionamento estava melhor ou bom, sendo
que nenhum respondeu de forma negativa.
No pré-treino foi questionado se a pessoa acreditava que haveria algum ponto
em seu comportamento que pudesse ser melhorado. Foram citados pela maioria
(89,29%) alguns aspectos a serem melhorados, principalmente a falta de
flexibilidade e comunicação. No pós-treino, 66,67% citaram outros aspectos, entre
eles a empatia e a impulsividade. Verificou-se que no início apenas 10,71%
disseram que não haveria nada para melhorar e no final este número passou para
33,33%.
A última questão se refere a como os conflitos eram resolvidos no trabalho. No
início, 24,14% dos conflitos eram tratados pela negação destes e 68,97% pelo
diálogo. No final, o diálogo foi utilizado por 80,95% dos participantes como recurso
para resolver os conflitos e 19,05% os resolviam de outras formas.
123
DISCUSSÃO
Este trabalho visou estudar o impacto do stress tanto nas relações
interpessoais como nas habilidades sociais e de que forma a aplicação de um
treinamento em habilidades sociais e controle do stress poderia amenizar este
impacto e, conseqüentemente, reduzir as conseqüências negativas deste.
A eficácia do TCS está condicionada à realização de uma adequada análise
funcional das fontes internas e externas de stress (Lipp & Malagris, 1995). Em
função disto, foi realizada a avaliação psicológica dos participantes por meio de um
levantamento das crenças irracionais, habilidades sociais, ansiedade e afetividade.
Esta avaliação mostrou que os participantes do estudo estavam na sua maioria na
fase de resistência de stress, com predominância de sintomas psicológicos,
apresentaram um alto índice de crenças irracionais e um escore total razoável de
habilidades sociais.
Em função disto, percebe-se a necessidade de se fazer uma intervenção para
melhorar estes aspectos. Deste modo, testar o TCS em sua forma original e o
Treino Controle do Stress e Relações Interpessoais (TCS-RI) desenvolvido pela
autora, tornou-se relevante, visto que este treino poderia diminuir o nível de stress e
de ansiedade, reestruturar as crenças irracionais e desenvolver um repertório
adequado de habilidades sociais e de assertividade. Esta escolha baseou-se em
uma tendência geral da literatura de avaliação conforme o princípio da triangulação,
isto é, de associar instrumentos e fontes de informação diferentes para verificação
do mesmo objetivo. Tal tendência favorece o fornecimento de informações mais
completas sobre a efetividade destas intervenções (Murta, 2005).
124
Os dados iniciais obtidos mostram que um número relativamente maior de
mulheres procurou o tratamento, o que se leva à hipótese de que este gênero é
menos resistente à busca de ajuda e talvez tenha uma melhor autopercepção de
seus problemas, dificuldades e limites para resolvê-los.
A grande maioria do grupo tinha um alto nível de escolaridade, ou com terceiro
grau completo ou com Pós Graduação. Este resultado pode ser explicado pois, na
maioria das vezes, estes participantes foram recrutados e encaminhados pelos
pacientes do Instituto de Psicologia e Controle do Stress. Sendo este Instituto uma
clínica particular atende a classes sociais mais favorecidas e, conseqüentemente,
com nível escolar mais alto.
A desistência da participação no estudo mostrou que a maior parte dos
participantes do treino individual terminou o tratamento, sendo que no treino em
grupo houve mais desistências e muitas faltas de alguns membros durante o estudo.
Este dado pode ser explicado por diversos motivos: o treino individual era realizado
durante horários que fossem convenientes a cada pessoa e quando este não
poderia comparecer outro horário era remarcado. Portanto, não houve faltas dentre
os que receberam atendimento individual. Apenas uma pessoa desistiu por motivos
de mudança de cidade. Em contrapartida, o tratamento em grupo foi realizado
sempre aos sábados quinzenalmente e em horários pré-determinados sem a
possibilidade de mudança de data, visto que foi necessária uma organização prévia
de cada pessoa para participar. Com isso, em muitas situações os participantes
justificavam suas faltas por motivos diversos, muitas vezes devido a assuntos
particulares que teriam que resolver durante o final de semana.
Mesmo com as desistências, optou-se por não incluir outros participantes após
o início do trabalho devido ao planejamento pré-estabelecido que poderia ser
125
prejudicado. Esta escolha foi enfatizada por Z. Del Prette e A. Del Prette (1999) ao
afirmarem que é importante que o grupo seja “fechado” na primeira ou segunda
sessão, pois a entrada de um novo membro depois disso pode atrapalhar o clima de
amizade e confiança que o grupo desenvolve ao longo dos encontros e gerar
resistência em alguns membros.
As desistências e faltas podem ter prejudicado o resultado final do grupo, visto
que as faltas e o conteúdo não assimilado podem comprometer a aquisição de
habilidades e, com isso, a avaliação dos resultados finais. Dos participantes que
desistiram do trabalho, a maioria o fez até o quarto encontro.
No momento de fechar o grupo houve a preocupação do mero de
participantes. Optou-se por um número um pouco maior do ideal justamente pela
possibilidade das desistências ocorrerem. Em relação ao tamanho do grupo, na
literatura não se encontra um consenso do tamanho ideal. Liberman et al. (1975)
defendem a composição do grupo com quatro a quinze participantes, Alberti e
Emmons (1978) falam entre dez e doze, Hidalgo e Abarca (1992) entre doze e
quinze. Del Prette e Del Prette (1999) preferem entre oito e doze, apesar de já terem
feito o treinamento com grupos maiores.
Tanto o stress como as habilidades sociais e as relações interpessoais foram
avaliadas no pré e pós teste. Optou-se por avaliar no início e final do treinamento a
fim de se verificar a eficácia deste. Grande parte dos programas descritos na
literatura também utilizou delineamento pré-experimental com pré e pós-teste
(Murta, 2005). A avaliação inicial ou diagnóstica é fundamental em qualquer
intervenção, à medida que define e especifica o problema, assim como as variáveis
ambientais associadas a ele e que devem sofrer intervenção (Alves, 2003).
126
Nesta amostra verificou-se que a porcentagem de participantes com stress
(58,62%) estava acima do que se encontra na maior parte da literatura. Pode-se
levantar a hipótese de que este índice tem relação com uma possível
autopercepção do stress nestes participantes, o que provavelmente os motivou a
buscar o treino proposto, ou seja, não foi uma avaliação ao acaso e sim de pessoas
que buscaram ajuda para controlar seu stress. Na cidade de Campinas, onde foi
realizado este estudo, 24% dos homens e 56% das mulheres apresentaram stress
(Lipp, 2000).
Lipp, Pereira, Flokstrumpf, Muniz & Ismael (1996), numa amostra de 1.818
pessoas que circulavam pelo Aeroporto Internacional de Cumbica, pelo Conjunto
Nacional e pelo escritório da IBM, na cidade de São Paulo, constataram que 19%
das mulheres e 13% dos homens apresentavam sintomatologia significativa de
stress, no total, 32% da amostra tinha stress. Em 2001 pesquisas não clínicas
encontraram um índice na cidade de São Paulo de 21% de stress entre homens e
de 41% entre as mulheres (Lipp & Malagris, 2004).
Pesquisa realizada pela UFRJ em 2003 no Rio de Janeiro mostrou que 74%
da amostra de 327 adultos estava estressada, sendo que o stress se manifestou de
forma diferente para homens e mulheres, cujo índice de stress foi 77,7% e 67%
respectivamente. Em 2004 outra pesquisa do Centro Psicológico de Controle de
Stress na cidade de São Paulo com funcionários de várias empresas que não
ocupavam cargo de chefia, verificou que 40% do total dos entrevistados tinham
sintomas de stress, sendo que 38% eram homens e 46% mulheres (Lipp & Malagris,
2004).
Esta diferença na maioria dos estudos entre os gêneros na sintomatologia do
stress pode ser explicada devido ao fato do homem estar cada vez mais ausente na
127
vida familiar, por conseqüente, o desempenho dos papéis atribuídos a ele passa a
ser função da mulher, o que pode levá-la à sobrecarga e, assim, ao stress
(Tanganelli, 2004). Larson e Almeida (1999) concluíram que as mulheres no papel
de chefes de família enfrentam estressores diários mais importantes do que os de
pais casados.
Da mesma forma, Oliveira (2004) afirma que esta diferença entre os gêneros
pode vir de fatores como predominância de diferentes fontes de stress no cotidiano
masculino e feminino, características próprias de personalidade, diferenças
socioculturais e psicobiológicas. Neste estudo, esta autora encontrou um índice de
79% de sintomas significativos de stress nas mulheres e 60% nos homens.
Lipp e Tanganelli (2002) também citam as condições sociais como fator de
maior incidência de stress nas mulheres e citam a tripla jornada feminina como um
desencadeante para isso. Estas autoras analisaram a diferença entre juízes de
acordo com o sexo e verificaram que o stress é maior no sexo feminino. As
diferenças de gênero encontradas podem significar que, além da função exercida,
as condições sociais levam as juízas a ter que despender um esforço maior para
lidarem com as exigências da vida diária, quer no seio da família, quer no seu
ambiente de trabalho. Dentre estes fatores contribuintes para um nível de stress
patológico pode se apontar o que é conhecido como a jornada tripla de trabalho que
ocasiona uma redução no número de horas do sono e que, conseqüentemente,
pode acarretar uma série de problemas de saúde (Lipp, 2001a).
Além das pesquisas anteriores, Calais, Andrade e Lipp (2003) acrescentaram
a variável escolaridade na diferença entre gêneros, o que não tinha sido citado
pelas pesquisas anteriores. Estes autores concluíram que as mulheres
apresentaram maior nível de stress que os homens, independente do nível de
128
escolaridade e idade. Surpreendentemente, no nosso estudo não houve diferença
significativa entre os gêneros quanto ao vel de stress, mas constatou-se que as
mulheres apresentaram um nível um pouco maior, principalmente no que se refere à
fase de stress mais avançada. Isto se deve provavelmente ao fato de que tanto
homens como mulheres da amostra haviam voluntariamente procurado tratamento
para o stress.
Na distribuição entre as fases de stress da amostra constatou-se que a
grande maioria estava na fase de Resistência do stress. Esta maior incidência na
segunda fase de stress foi relatada em outros estudos (Calais, Andrade & Lipp,
2003). Este resultado também apareceu na validação do ISSL (Lipp, 2000) que foi
realizada em vários estados brasileiros e verificou-se que 53% da amostra estavam
na fase de resistência do stress. Além disso, 59% das mulheres se encontravam em
resistência contra 41% dos homens, no geral, mostrando ser esta diferença
significativa.
Esta fase é conceituada por Selye (1956) como aquela em que a pessoa utiliza
suas reservas de energia para se reequilibrar, ou seja, nela ocorre uma ação
reparadora do organismo tentando restabelecer o equilíbrio interno. Nesta fase, dois
sintomas que muitas vezes passam despercebidos ao clínico, aparecem de modo
bastante freqüente: a sensação de desgaste físico constante sem causa aparente e
dificuldades com a memória. No nível fisiológico, muitas mudanças ocorrem
principalmente em termos do funcionamento das glândulas supra-renais: a medula
diminui a sua produção de adrenalina e seu córtex produz mais corticosteróide
podendo o sistema imunológico ficar afetado, o que aumenta a probabilidade da
pessoa adoecer (Calais, Andrade & Lipp, 2003). Os participantes deste estudo
129
tinham, portanto, uma probabilidade de virem a adoecer devido ao gasto de energia
envolvido para lidarem com os estressores do momento.
Assim como neste estudo, no de Lipp e Tanganelli (2002) também a grande
maioria dos juízes entrevistados se encontrava na fase de resistência do stress
(68%). Esta fase, a intermediária no processo do stress, se caracteriza pelo cansaço
físico e mental, dificuldades com a memória e uma maior vulnerabilidade a que
doenças geneticamente programadas ou infecciosas ocorram devido à baixa no
funcionamento do sistema imunológico. A produtividade pode também ser reduzida
devido aos sintomas que aparecem. Se o organismo não consegue reverter o
processo, a pessoa entra na fase de exaustão quando ela fica quase que
impossibilitada de exercer suas funções.
Neste estudo percebeu-se que na avaliação inicial, além da maioria da
amostra estressada estar na fase de resistência, ainda havia alguns participantes
nas fases de quase exaustão e exaustão, fases mais avançadas do stress. Em
contrapartida, no pós-treino observou-se que estes participantes melhoraram seu
nível de stress, visto que não houve nenhum participante nestas duas fases mais
avançadas. Todos que permaneceram com stress no final estavam na fase de
resistência, que apesar do desgaste do organismo, não é uma fase o danosa à
saúde física e emocional. Levanta-se a hipótese de que provavelmente alguns
participantes mantiveram em suas vidas fontes estressoras, o que não propiciou a
melhora total do quadro, mas talvez tenham aprendido de alguma forma estratégias
para minimizá-las e controlar o nível de stress e desgaste causado por elas.
Estes dados mostram que o tratamento utilizado (TCS-RI) foi eficaz na redução
do stress ao comparar a primeira e segunda avaliação, principalmente no treino
individual, que se mostrou mais eficiente que o treino em grupo. Em contrapartida,
130
os resultados mostram que não deveria ter havido diferença no tratamento individual
ou grupal, visto que em ambos os grupos não houve diferenças entre o nível de
escolaridade, fases do stress e prevalência de sintomas. Supõe-se que outras
variáveis podem ter influenciado este resultado, entre elas a hipótese da desistência
e adesão discutida.
Algumas vantagens do treinamento individual são citadas por Bulkeley e
Cramer (1994): avaliação contínua do desempenho do cliente, possibilidade de
ensaios extensos e repetitivos e maior disponibilidade do terapeuta para a
modelagem.
Mesmo assim, muitos autores defendem o formato grupal do THS (Bellack &
Hersen, 1977; A. Del Prette, 1978; A. Del Prette & Z. Del Prette, 1997; Falcone,
1995; Lange & Jakubowski, 1976; Liberman, King, De Risi & McCann, 1975). Entre
as vantagens destacadas para este formato destacam-se: a) maior facilidade de
aceitação do direito de agir assertivamente, pois os membros do grupo justificam
essa aceitação; b) escolher diferentes tipos de respostas sugeridas pelo grupo; c) o
grupo traz situações similares à da vida cotidiana; d) utilização de um maior número
de situações problema propiciando mais experiências; e) maior possibilidade de
feedback e reforçamento; f) menor despesa para cada participante; g) maior
motivação dos participantes; h) aumento da possibilidade de aprendizagem por
observação e aplicação das técnicas.
Este estudo corrobora várias evidências científicas da eficácia do TCS o qual
foi avaliado em vários contextos clínicos (Andrade, 2003; Brasio, 2000; Lipp &
Anderson, 2000; Tanganelli, 2000; Torrezan, 1999; Vilela, 2000). Em um destes
contextos em que o TCS foi avaliado seria como coadjuvante no tratamento de
várias doenças como, por exemplo, psoríase (Lipp, Nogueira & Neri, 1991; Dias,
131
1998), retocolite ulcerativa inespecífica (Brasio, 2000) e hipertensão arterial
essencial (Lipp & Anderson, 2000; Lipp, 2001a).
Brasio (2000) verificou a eficácia do TCS na redução do nível de stress em
pacientes com Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI). Esta autora avaliou o nível
de stress em pacientes em grupo experimental que passaram pelo treino e
comparou com um grupo controle que não obteve o tratamento. Verificou-se que os
pacientes sem tratamento tiveram um aumento do nível de stress após as 10
semanas, o que era de se esperar, pois o stress não tratado tende a piorar e se
tornar uma condição crônica. A autora supôs que o aumento de stress neste grupo
controle ocorreu em função da persistência de eventos estressantes, tanto internos
como externos, e a ausência de estratégias eficazes de enfrentamento do stress.
Em um contexto diferente do anterior, Torrezan (1999) utilizou o TCS com 30
gestantes com o objetivo de verificar a incidência de stress antes e depois do parto,
as condições de nascimento da criança e os sentimentos das mães após o parto. As
participantes deste estudo tiveram uma melhora significativa na avaliação do pós-
parto e concluiu-se que o TCS contribuiu para que as mães administrassem esse
stress e colaborar para o nascimento de uma criança saudável.
Além do contexto de saúde, o TCS foi utilizado para casais e apontou-se, da
mesma forma que os estudos anteriores, uma melhora significativa dos sintomas de
stress entre a avaliação inicial e após a intervenção nos casais que receberam o
treino, ao compará-los com os que não receberam. Tanto os sintomas físicos como
principalmente os psicológicos decaíram após o tratamento (Vilela, 2004).
O estudo de Malagris (2004) deu uma nova e diferente dimensão na área de
pesquisa do stress em relação aos estudos realizados anteriormente. Da mesma
forma que as pesquisas anteriores, o TCS foi testado em pacientes hipertensas
132
estressadas e houve uma redução do stress em 71,4% da amostra após o treino.
Este estudo trouxe uma nova informação em relação ao efeito que a redução dos
sintomas de stress pode causar no organismo. Segundo esta autora, esta redução
restaurou os níveis de transporte de L-arginina por meio do sistema y+ a níveis
observados em pacientes hipertensas não estressadas. Assim, o estudo mostrou
que o transporte de L-arginina é alterado tanto pela hipertensão como pelo stress.
Como a L-arginina é um aminoácido precursor do óxido nítrico, é possível que a
redução do stress aumente a produção do óxido nítrico, trazendo benefícios para o
hipertenso graças a seus efeitos vasodilatadores.
Pelo exposto acima, percebe-se que o TCS foi avaliado em diversos contextos
e sempre com eficácia comprovada, mas nunca havia ainda sido testado como
coadjuvante para a melhoria das relações interpessoais. A redução significativa do
nível de stress nos participantes após o TCS deu-se provavelmente pelo fato do
treino ter fornecido diversas estratégias de enfrentamento do stress, assim como
técnicas de melhoria da assertividade e habilidade social.
Além da eficácia para a redução do nível de stress, confirmou-se também a
relevância do Treino de Controle de Stress (TCS) adaptado utilizado neste estudo
(TCS-RI) para a redução da ansiedade, da reestruturação de crenças irracionais e
para desenvolver um repertório assertivo. Comparou-se estas variáveis psicológicas
entre os participantes do Treino Individual (TI) e o Treino em Grupo (TG) antes do
período de 10 sessões e verificou-se que ambos os grupos demonstraram-se
homogêneos. Com isso, os grupos apresentaram condições semelhantes antes do
TCS, o que se revelou fundamental para a possibilidade de verificar o efeito do TCS
no pós-treino.
133
No que se refere à variável ansiedade, percebeu-se que os participantes
estressados apresentaram um nível de ansiedade maior que os que não possuíam
sintomas significativos de stress. Esta variável não foi avaliada no pós-treino, pois
as variáveis mais importantes eram stress, habilidades sociais e relacionamento
interpessoal e por isso a necessidade de reavaliá-las no final e não a todas elas. De
acordo com determinadas pesquisas, o TCS na sua adaptação utilizada é eficaz
também para a redução da ansiedade, devido à aquisição de estratégias para lidar
com esta.
A ansiedade é considerada como uma importante fonte interna de stress por
Lipp e Malagris (1995), em função disto ela é enfocada no TCS. O TCS também
contribuiu para a redução do nível de ansiedade no estudo de Brasio (2000). Esta
relação entre stress e ansiedade também é citada por Spielberger (1981, apud
Rezende Neto, 2004) que a formula da seguinte forma: stress é o processo
responsável pelo surgimento de um estado de ansiedade que envolve uma
seqüência completa de eventos internos. O processo pode ser iniciado por
estímulos externos que, se cognitivamente avaliados como ameaçadores, evocarão
uma reação de ansiedade como estado. Contudo, a intensidade e a duração dessa
reação emocional serão proporcionais ao grau de ameaça que a situação opõe ao
indivíduo, bem como à persistência dos estímulos que a evocam.
O TCS tem como um dos seus objetivos a reestruturação cognitiva das
crenças irracionais, que muitas vezes funcionam como uma importante fonte interna
de stress e de dificuldades para o treino da assertividade e das habilidades sociais.
A importância desta reestruturação foi citada por Lipp (1990) que verificou uma
relação entre o nível de stress a interpretação que o indivíduo realiza sobre o evento
estressante. Deste modo, se a interpretação for baseada em uma crença irracional,
134
pode desencadear distúrbios emocionais. Ellis (1973) defendia o pressuposto de
que os distúrbios emocionais estão estritamente ligados às idéias irracionais e
afirmava que o acontecimento em si não torna o indivíduo irritado, mas o seu
pensamento sobre o ocorrido é que causa o problema em si.
As crenças, de acordo com Lipp e Malagris (1995) são consideradas um dos
tipos de estressores internos, assim como as cognições do indivíduo, seu modo de
ver o mundo, seu vel de assertividade, seus valores, características pessoais,
suas vulnerabilidades, sua ansiedade e seu esquema de reação à vida. Quanto
mais crenças irracionais o indivíduo possui provavelmente maior será sua fonte
interna e, conseqüentemente, sua vulnerabilidade para desenvolver um quadro de
stress excessivo, devido à sua interpretação distorcida dos fatos.
Da mesma forma, o que pensamos de nós mesmos o autoconceito está
moldado por experiências passadas e influencia o modo como lidamos com
estímulos estressantes. Bandura (1977) foi o primeiro a falar sobre uma crença
relativa a si mesmo denominada de auto-eficácia. É a crença de que a pessoa pode
controlar acontecimentos ou enfrentar as demandas estressantes e muitas vezes
ela afeta sua iniciativa de enfrentamento. A forte crença na eficácia do
enfrentamento conduz, normalmente, a menores níveis de stress. As valorações
errôneas podem produzir conseqüências indesejáveis, como a ansiedade e a
disfunção comportamental.
De acordo com esta afirmação anterior, Lipp (2009) coloca que as pesquisas
indicam que altos níveis de stress o auto-produzidos, sendo que o pensamento e
a ótica pela qual o mundo é visto têm papel fundamental nesse processo.
Raramente o evento por si só pode gerar o stress, na maioria das vezes sua
135
presença é magnificada pela nossa interpretação do seu valor. Agimos de acordo
com o que pensamos e sentimos.
Na avaliação das crenças verificou-se que praticamente um terço da amostra
tinha um escore dentro da média e outro acima da média. Podemos supor com isso
que as crenças irracionais poderiam estar excessivas e, com isso, prejudicar o nível
de stress e as dificuldades nas habilidades sociais dos participantes. Entretanto, ao
comparar o escore de crenças nos participantes com e sem stress, percebeu-se
uma inclinação um pouco maior nesse escore para aqueles que apresentavam
stress, mas não de forma significativa.
Neste estudo, as crenças mais citadas pelos participantes podem ter relação
com este conceito de auto-eficácia e, com isso, interferir no enfrentamento de
situações estressantes como, por exemplo: “Preciso estar realizando algo para estar
satisfeito comigo mesmo”, “Detesto quando o posso eliminar uma dúvida”, “Não
gosto de ter incertezas sobre meu futuro” e “Para ser uma pessoa de valor preciso
ser totalmente competente em tudo o que faço”. Percebe-se que são crenças ou
formas de pensar que demonstram uma dificuldade em lidar com ambivalência e
controle, habilidades fundamentais para um relacionamento interpessoal adequado.
Esta possível dificuldade em lidar com a falta de controle de forma geral pode
causar frustração, raiva e revolta, o que interfere provavelmente no controle
emocional, motivação e na disponibilidade em se relacionar com outras pessoas.
Estudos realizados por Lichtenberg, Johnson e Arachtingi (1992) mostraram
que existe uma correlação entre sexo, idade, a presença de crenças irracionais e a
freqüência e o tipo de doença física. Neste estudo, não houve diferença na
presença de crenças entre os grupos TI e TG, mas sim houve diferença entre os
136
gêneros, sendo que as mulheres apresentaram mais crenças irracionais que os
homens.
As crenças irracionais não foram avaliadas posteriormente ao treino, mas
pode-se supor que, como foi ensinada a reestruturação cognitiva e houve uma
melhora significativa da assertividade e habilidade social de forma geral após o
treino, o trabalho com as crenças tenha sido relevante para este resultado.
Outra variável avaliada foi a afetividade, a qual reflete o modo como a pessoa
relaciona as experiências emotivas para reagir diante do mundo e das pessoas, com
aproximação ou afastamento. É um pano de fundo que está presente nas relações
interpessoais (Lipp, 2009).
Esta variável provavelmente não foi um fator que interferiu no nível de stress e
nas habilidades sociais neste estudo, pois a maior parte deles tinha uma afetividade
na média ou acima dela. Este dado é importante visto que a expressividade de
sentimentos positivos e negativos é uma das habilidades avaliadas no THS e
necessária à assertividade e habilidade social. As demandas da afetividade fazem
parte das relações em que a expressão de emoções torna-se fundamental para a
satisfação ou manutenção de relacionamentos saudáveis. Contribui para a
qualidade de vida, o equilíbrio emocional e a harmonia entre as pessoas. Elas estão
relacionadas com valores e atitudes das pessoas e são as que mais requerem
coerência entre sentimento, pensamento e ação (A. Del Prette & Z. Del Prette,
2001b). Pela experiência destes autores, as pessoas são capazes de contradizer,
defender-se, criticar, mas apresentam grande dificuldade de manifestar aprovação
genuína, amor e compaixão. Em função disto, eles têm dado maior atenção à
expressão de afeto positivo, especialmente às habilidades sociais empáticas.
137
Ao mesmo tempo, os autores acima afirmam que muitas emoções negativas,
como a raiva, o desagrado e a decepção dificilmente são expressos sem afetar os
relacionamentos interpessoais. A raiva contida, por exemplo, pode resultar em uma
“explosão” diante de situações rotineiras ou pode levar à somatizações diversas.
Portanto, é fundamental a expressão adequada dos sentimentos negativos, seja
para evitar sintomas orgânicos ou garantir uma boa relação interpessoal.
Neste estudo constatou-se que os sentimentos negativos como desprezo,
remorso e desilusão foram os que menos foram expressos pelos participantes,
corroborando o estudo citado acima de A. Del Prette e Z. Del Prette (2001b). Os
participantes apresentaram um alto nível de stress e a relação interpessoal
prejudicada, portanto pode-se supor que a dificuldade de expressar estes
sentimentos possa interferir neste panorama. Imagina-se que o stress pode ocorrer
não apenas ao expressar de forma negativa estes sentimentos, mas também ao
suprimi-los. O sentimento que mais foi demonstrado foi de vontade de acariciar
pessoas queridas.
Em contrapartida, este estudo é contrário aos achados de A. Del Prette e Z.
Del Prette, (2001b), visto que estes autores afirmaram que os indivíduos têm mais
dificuldade em expressar amor do que criticar e demonstrar sentimentos negativos.
Estes resultados demonstraram justamente ao contrário.
A desilusão citada pelos participantes pode-se traduzir muitas vezes por
frustração, ou uma expectativa que não é realizada. Malagris (2009) as reações à
frustração podem trazer danos ou benefícios para a vida da pessoa e podem estar
associadas à depressão ou mesmo ao stress excessivo. Quanto mais a pessoa
conseguir lidar com seus sentimentos negativos, entre eles a frustração, mais
estratégias de enfrentamento ela desenvolve para lidar com o stress.
138
Segundo Lipp (2009) alguns sentimentos como raiva, frustração e outros que
surgem em face das dificuldades de relacionamentos criam um estado de tensão
interior de grande intensidade que pode interferir na vida do indivíduo, originando
inúmeras doenças psicossomáticas. A avaliação que um indivíduo faz de um evento
determina a natureza e a intensidade da emoção diante dele, conseqüentemente, o
comportamento vai variar de acordo com o pensamento e a emoção dele resultante.
Esta mesma autora ainda afirma que separar stress emocional e emoção é
impossível, pois toda condão estressante passa por um processo de avaliação e
de emoção, seja ela positiva ou negativa.
Testou-se a hipótese neste estudo de que uma adaptação do Treino de
Controle de Stress (Lipp, 1984; Lipp & Malagris, 1995) seria eficaz tanto para a
redução da sintomatologia do stress, assim como para a melhoria das relações
interpessoais e habilidades sociais, visto que um aspecto provavelmente interfere no
outro. Sadir e Lipp (2009), ao fazerem a análise das doze fontes de stress mais
citadas por diversas categorias profissionais, perceberam que a maioria delas
envolve algum aspecto das relações interpessoais, como por exemplo: dificuldades
interpessoais, dificuldade em lidar com chefe, pessoas desorganizadas e sem
preparo, conflitos de interesses e valores, falta de cooperação, entre outras. Isto nos
faz pensar que para os participantes desta pesquisa as relações interpessoais de
uma forma geral foram a grande fonte de stress no ambiente organizacional, tanto
direta como indiretamente, portanto corrobora a importância do TCS-RI.
Ao fazer um estudo sobre a produção nacional da aplicação do THS no Brasil,
Murta (2005) destaca que estas intervenções poderiam incluir contextos que lidam
com condições como hipertensão, stress, controle do tabagismo, as quais poderiam
beneficiar o desenvolvimento de habilidades de autocuidados e promoção de
139
qualidade de vida. Neste sentido, torna-se importante correlacionar as habilidades
sociais com o stress.
A importância das habilidades sociais nas relações interpessoais vem sendo
relatada algum tempo (Emmons, 1986; Argyle, 1973, 1976, 1987, 1991; Caballo,
1993, 1996, entre outros). No entanto, ainda existe uma lacuna no tema, tal como
uma teoria geral que abranja uma definição, evolução e desenvolvimento.
Estas habilidades estão cada vez mais valorizadas de acordo com os novos
paradigmas das organizações. Atualmente não se valoriza apenas as competências
técnicas como no passado, mas também às competências sociais (A. Del Prette &
Z. Del Prette, 2001b). O enfoque atual é o trabalho em equipe para se atingir de
maneira eficiente os objetivos, integrando a produtividade com a qualidade das
tarefas (Alves, 2003; A. Del Prette & Z. Del Prette, 2001b), assim a intuição,
criatividade, autonomia na tomada de decisões, reconhecimento da qualidade de
vida e preocupação com a auto-estima (A. Del Prette & Z. Del Prette, 2001b).
Da mesma forma, muitas teorias da Psicologia abordam a questão da
importância das relações e interações sociais como fatores de saúde mental. O
déficit de habilidades sociais poderia acarretar problemas psicológicos no decorrer
da vida do indivíduo (Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999).
Em função disto, os programas de desenvolvimento de habilidades sociais
podem ser uma ferramenta valiosa em todos os níveis de atuação em saúde
(Jeffery, 1989), sendo útil para minimizar fatores de risco e incrementar fatores de
proteção ao desenvolvimento humano, tratar problemas instalados passíveis de
remissão e reduzir o impacto de déficits graves em habilidades sociais em pessoas
portadoras de condições crônicas (Murta, 2005).
140
Ao analisar o escore total de habilidades sociais dos participantes deste
estudo, observou-se que houve diferença significativa do resultado antes e após a
intervenção de dez sessões, demonstrando menor dificuldade no pós-treino, tanto
no escore geral como no escore que corresponde à capacidade do sujeito de
apresentar habilidades de enfrentamento com risco. Além disso, apesar de não
atingir significância, todos os escores fatoriais foram melhores no pós-treino,
mostrando que houve uma redução da dificuldade. O fato de terem sido treinadas
estratégias de enfrentamento das situações temidas, pode explicar este resultado,
demonstrando que os participantes se sentiram mais seguros para enfrentar
determinadas situações.
O escore fatorial que apresentou uma melhora mais significativa foi o de
habilidades de autocontrole da agressividade em situações aversivas,
provavelmente uma habilidade bastante utilizada na rotina profissional.
Embora um número relativo de participantes apresentasse um bom escore de
habilidades sociais, provavelmente no seu dia-a-dia poderiam apresentar dificuldade
em colocá-las em prática, visto que procuraram ajuda voluntariamente para este
treino. Outra questão a ser destacada é que o indivíduo pode ter o repertório de
habilidades e não usá-lo ou o próprio nível excessivo de stress pode fazer que não
tenha sucesso nesta prática. Com isso, levanta-se a hipótese de que possuir um
repertório elaborado não garante a sua utilização em momentos de stress
interpessoal ou de que o próprio stress interpessoal gere dificuldades no acesso do
repertório das habilidades sociais existentes.
Os resultados deste estudo estão de acordo com os da literatura, nos quais
comprovam a eficácia do THS em diversas populações clínicas e o clínicas. Os
autores A. Del Prette e Z. Del Prette (2001b) vêm utilizando programas de
141
treinamento de habilidades sociais de forma efetiva em vários contextos,
contribuindo para o desenvolvimento e compreensão das relações humanas em
geral. Em um estudo destes mesmos autores (2003) foi utilizado o THS no contexto
profissional e se verificou que houve redução da dificuldade em habilidades
requeridas neste contexto e também em outras que, se deficitárias, poderiam afetar,
indiretamente, o desempenho profissional.
Resultados positivos do THS também foram encontrados em um Programa de
Desenvolvimento Interpessoal Profissional (PRODIP) implementado em professores
durante 12 sessões grupais aonde foram treinadas habilidades sociais básicas e
complexas. Todos os professores apresentaram progressos em algum componente
verbal, expressão facial e entonação após a intervenção. Esta melhora acarretou
uma melhoria no repertório de habilidades sociais em suas relações no trabalho,
bem como nas relações familiares e sociais (A., Del Prette, Z. Del Prette, Torres &
Pontes, 1998). Isto também ocorreu neste estudo ao analisarmos especificamente
as relações interpessoais mais adiante.
Outra pesquisa onde se evidenciou melhora do THS foi implementada por Z.
Del Prette, A. Del Prette e Barreto (1999) com estudantes de psicologia que foram
treinados em habilidades para redução da ansiedade, reestruturação cognitiva,
solução de problemas e habilidades sociais de forma geral. Os resultados foram
avaliados na pré e pós-intervenção ao IHS e houve melhora significativa destas
habilidades. Outros estudos semelhantes também foram desenvolvidos, utilizando-
se delineamento pré-experimental com pré e pós-teste do THS e com resultados
próximos (Magalhães & Murta, 2003; Vila, Silveira & Gongora, 2003).
Assim como neste estudo houve uma melhora no enfrentamento de situações
de risco, Gorayeb, Cunha Netto e Bugliani (2003) desenvolveram um programa para
142
adolescentes e professores com o objetivo de treinar habilidades para lidar com
situações de risco que podem culminar em abuso de drogas, doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez e violência. No programa foram treinadas habilidades de
tomada de decisões, resolução de problemas, comunicação eficaz, relacionamento
interpessoal, empatia, lidar com emoções e com o stress. As avaliações feitas
evidenciaram melhora na interação grupal e no estabelecimento de relações
interpessoais fora do grupo.
Em relação à duração do programa, não existe uma duração ideal, isto vai
depender do planejamento inicial feito através da avaliação inicial das dificuldades.
De qualquer forma, o THS é considerado breve e bons resultados podem ser
esperados com duas sessões de uma hora e meia a duas horas por semana, com
duração aproximada de quatro a cinco meses, ou programa com duração de seis a
oito meses, no caso de uma sessão semanal (Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999).
Neste estudo foram realizadas apenas dez sessões de atendimento, sendo de 90
minutos cada no caso dos grupos e de uma hora individualmente, e foi verificada
uma melhora significativa com pouco tempo de intervenção. Levanta-se a hipótese
de que se o estudo tivesse sido um pouco mais longo estas habilidades poderiam
ter sido mais significativas ainda e com maior assimilação dos seus resultados.
Mesmo assim, obteve-se bons resultados se compararmos a estes estudos citados
anteriormente com um tempo significativamente maior.
No que se refere à diferença entre os gêneros quanto à habilidade social,
verificou-se que tanto homens como mulheres apresentaram escores semelhantes
em todas as áreas avaliadas. Este resultado não corresponde a alguns estudos da
literatura que afirmam que as diferenças de competência social de homens e
mulheres ocorrem desde a infância (LaFrenière et al., 2002), embora localizados em
143
fatores ou itens específicos. Alguns estudos citados por Caballo (1993) mostram
que as mulheres são mais habilidosas na expressão de sentimentos positivos e os
homens na expressão de sentimentos negativos e na habilidade de fazer
solicitações, o que também se verificou em estudos realizados no Brasil (Z. Del
Prette & A. Del Prette, 2001a). Acredita-se que as variáveis sócio-demográficas
afetam o desempenho social, porém o peso dessa influência pode ser diferente sob
contextos culturais diversos (Z. Del Prette & cols., 2004).
Para uma boa relação interpessoal é necessário também desenvolver a
habilidade de assertividade, que fez parte deste treinamento com resultados
positivos. Esta variável é enfocada tanto no TCS como no THS e existem evidências
de sua importância para ambos. O comportamento inassertivo implica não
expressar os sentimentos, necessidades e opiniões para os outros. Galvin (1995)
verificou que geralmente os indivíduos desenvolvem este padrão de comportamento
por medo da avaliação negativa do outro e pela existência de crenças irracionais.
Deste modo, este autor parece correlacionar a inassertividade com as crenças
irracionais.
Outros autores afirmaram também que um dos motivos para o
desenvolvimento do comportamento inassertivo é a presença de estilos
disfuncionais do processamento de informações e avaliações cognitivas (Rizo,
Perez, Roldan & Ferree, 1988). Portanto, conclui-se que a reestruturação cognitiva
das crenças é fundamental no treino da assertividade (Azais & Granger, 1995;
Masson & Dal Mas, 1995). Como neste estudo foram ensinadas técnicas de
reestruturação cognitiva, que fazem parte do TCS, acredita-se que isto possa ter
contribuído para a melhoria da assertividade e das habilidades sociais entre as
avaliações.
144
Da mesma forma, estudo realizado por Brasio (2000) comprovou que o TCS foi
eficaz para o desenvolvimento de um repertório de comportamento assertivo. Lipp,
Nogueira e Nery (1991) haviam identificado a inassertividade como uma fonte
interna de stress e verificaram a sua relação com o desencadeamento e recidivas
dos sintomas físicos de doenças, no caso, a psoríase.
Este resultado do estudo de Brasio (2000) foi comprovado neste trabalho ao
comparar os dados obtidos nas entrevistas sobre a autopercepção das relações
interpessoais no trabalho. No final do TCS-RI constatou-se que todos os
participantes se avaliaram de forma mais positiva do que no início do trabalho,
respondendo que estavam melhor, mais assertivos ou mais empáticos, sendo que
nenhum acreditava que sua interação era inadequada ao término de treino.
Da mesma forma, a totalidade dos participantes acreditava que seu
relacionamento com colegas de trabalho estava melhor ou bom, tomando por base
o seu relacionamento anterior. Nenhum deles relatou, como no início do trabalho,
que não tinha um bom relacionamento. O relacionamento com a chefia para a
grande maioria destes também estava adequado. No estudo de Alves (2003) os
resultados mostram que em sua maioria os participantes avaliaram-se positivamente
na forma de relacionarem-se com os colegas de trabalho e conseguiram identificar
pontos que acreditavam serem fundamentais para a manutenção das amizades e de
um bom relacionamento no trabalho. A comunicação, a sinceridade, diálogo,
capacidade de ajudar o outro, respeito, atenção, cumprimento de metas e
principalmente comportar-se de forma que o trabalho de equipe fosse mais
importante que atos isolados foram respostas praticamente unânimes. Estes dados
também confirmam os de Melo (1978), Moscovici (1985), Boog (1991) e A. Del
Prette e Z. Del Prette (2001b), quanto às habilidades requeridas para um ambiente
145
de trabalho mais harmonioso e construtivo. Estes estudos corroboram os achados
deste estudo, quando a grande maioria dos participantes no final do treino afirmou
que o diálogo estava sendo a forma mais usada para a resolução de conflitos no
trabalho.
No final do trabalho o número de participantes que acreditava não haver nada
para melhorar no que se refere aos relacionamentos interpessoais aumentou,
demonstrando que muitas dificuldades foram superadas com o TCS-RI. A maioria
referiu que o treino proporcionou mais autoconhecimento e que se tornaram mais
assertivos e nenhum participante avaliou negativamente sua participação.
A comparação entre gêneros no que se refere às relações interpessoais
demonstrou que existe diferença entre eles em alguns aspectos. As mulheres
enfocaram mais na comunicação e flexibilidade como pontos importantes a serem
melhorados para o convívio mais harmonioso no trabalho, ao mesmo tempo em que
os homens na maioria das vezes perceberam diversos pontos a serem melhorados.
Da mesma forma, a maioria das mulheres percebeu que os problemas no trabalho
se devem mais às dificuldades com as outras pessoas que às dificuldades pessoais
e os homens, parte acredita nisso, mas a grande parte acredita que não tem
problemas no seu relacionamento no trabalho. Por último, boa parte das mulheres
acredita que se relaciona pior com a chefia do que com os colegas e os homens
acham que o se relacionam mal com ninguém. Estes dados nos levam a levantar
a hipótese de que homens e mulheres percebem seus problemas de relacionamento
interpessoal de forma diferente. Uma hipótese a ser levantada é a de que as
mulheres enxergaram de forma mais realista suas dificuldades e os homens
neguem mais isto. Outra hipótese a se considerar é de que talvez os homens
tenham de fato menos dificuldade de lidar com chefes e colegas.
146
Tanto no Grupo Amostral do IHS (A. Del Prette & Z. Del Prette, 2001a) e na
pesquisa de Alves (2003) foram encontradas diferenças significativas em relação ao
sexo no que se refere às habilidades sociais. Entretanto, diferentemente do Grupo
Amostral, no estudo de Alves (2003) as mulheres apresentaram resultados mais
altos que os homens. Isto pode ser umas das explicações para a diferença
encontrada neste estudo. Este resultado sugere a necessidade de outras pesquisas,
considerando-se outras variáveis como tipo de atividade exercida, nível de instrução
e idade, entre outras.
É importante ressaltar, de acordo com Alves (2003), que avaliar as habilidades
sociais apenas do ponto de vista do participante (auto-avaliação) pode ser
questionável, uma vez que pode ser diferente da avaliação do outro. Isto foi
verificado no estudo desta autora ao comparar as respostas dos participantes com
os resultados com os de colegas obtidos por meio do uso de sociogramas, aonde
em algumas situações foi verificada discrepância entre a auto-avaliação e a
avaliação dos pares.
Os dados da pesquisa citada acima apontam a importância de se avaliar as
Habilidades Sociais através de mais de um instrumento de avaliação, a fim de que
os diferentes aspectos das habilidades sociais possam ser identificados para
possíveis intervenções no campo do THS, que atualmente se fazem tão necessárias
quanto os treinamentos técnicos específicos exigidos em todas as profissões.
147
CONCLUSÃO
A análise dos dados obtidos neste estudo propiciou alcançar os objetivos
propostos inicialmente, ou seja, verificar a eficácia do Treino Psicológico de Controle
do Stress –Adaptado para Relações Interpessoais no Trabalho (TCS-RI) e verificar
se há diferença na sua aplicação individual e em grupo.
Este trabalho mostrou que os participantes inicialmente estavam na sua
maioria estressados e na fase de resistência de stress, apresentavam um alto índice
de crenças irracionais e um escore total razoável de habilidades sociais, o que
enfatizou a necessidade do treinamento.
Apesar da literatura de forma geral demonstrar o contrário, neste estudo o
houve diferença significativa entre os neros quanto ao nível de stress, mas
constatou-se que as mulheres apresentaram um nível um pouco maior e se
encontravam em uma fase mais avançada.
O Treino de Controle do Stress (TCS) desenvolvido por Lipp (1984), adaptado
para as Relações Interpessoais (TCS-RI), utilizado neste estudo, se mostrou eficaz
na redução do stress ao comparar a primeira e segunda avaliação, principalmente
no treino individual, que se mostrou mais eficiente que o treino em grupo. Este treino
também foi relevante para a redução da ansiedade, na reestruturação de crenças
irracionais e para desenvolver um repertório assertivo.
No que se refere às habilidades sociais dos participantes, percebe-se que
houve diferença significativa do resultado antes e após a intervenção, demonstrando
melhora das dificuldades no pós-treino, tanto no escore geral como no escore de
habilidades de enfrentamento com risco. Além destes dois escores, todos os outros
148
também obtiveram de alguma forma uma redução das dificuldades nas habilidades
específicas de cada um.
No final do TCS-RI todos os participantes alegaram que seus relacionamentos
interpessoais com colegas ou chefias estavam melhores do que no início do
trabalho, se encontravam mais assertivos ou mais empáticos e todos acreditavam
que sua interação com as pessoas era adequada neste momento.
Da mesma forma, houve uma avaliação positiva do trabalho em geral e
afirmaram que este treinamento contribuiu de forma significativa para adquirir novas
habilidades de enfrentamento de situações interpessoais.
Apesar desta avaliação positiva, percebe-se que a desistência na participação
e as faltas no estudo, que ocorreram principalmente no treino em grupo, podem ter
prejudicado o resultado final do grupo, visto que este demonstrou o ser tão eficaz
quanto o treinamento individual.
Conclui-se que habilidades sociais mais adaptativas podem ser alcançadas,
maximizando potenciais e favorecendo a manutenção do equilíbrio entre a família,
os relacionamentos afetivos e interpessoais no trabalho. É fundamental a aquisição
das habilidades sociais para que as relações interpessoais que se estabelecem no
âmbito profissional não sejam prejudicadas por déficits comportamentais que
possam comprometer o objetivo final.
Percebe-se que novos espaços para a aplicação do Treinamento de
Habilidade Social têm sido abertos em nível organizacional, visto que as empresas
têm valorizado a gestão compartilhada, o trabalho em equipe e a redução da rigidez
hierárquica como fatores de maior produtividade. Com isso, novos critérios de
avaliação profissional foram criados, privilegiando um conjunto de habilidades
149
sociais paralelas aos requisitos técnicos do cargo ocupado, o que valoriza ainda
mais os resultados deste trabalho e a continuidade de estudos semelhantes.
Vale ressaltar ainda que o instrumento adaptado (TCS-RI) se mostrou eficaz e
pode servir de parâmetro para que mais estudos possam ser realizados na área,
ampliando assim o conhecimento e aperfeiçoando o TCS-RI.
150
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176
ANEXOS
177
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do estudo: A influência do Treino de Controle do Stress nas relações
interpessoais no trabalho
Pesquisadora: Maria Angélica Sadir
Orientadora da Pesquisa: Profa. Dra Marilda E. Novaes Lipp
Instituição: PUC Campinas
Local de realização:
Natureza do Estudo
Você está sendo convidado a participar de um trabalho que visa investigar se
as relações interpessoais são fonte de stress no trabalho e se um treino de
relacionamento amenizaria estes sintomas de stress nos participantes.
Participantes do Estudo
A participação será voluntária, com o devido consentimento por escrito de
cada um para o uso dos dados coletados somente para fins científicos.
Envolvimento dos participantes do estudo
A participação neste estudo consiste em passar por uma entrevista com a
psicóloga pesquisadora, responder a testes psicológicos e passar por encontros
semanais nos quais serão treinadas técnicas para melhorar as relações
interpessoais.
Você tem a liberdade de recusar a participar e pode ainda se recusar a
continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para
você.
Riscos e desconforto
A participação não traz complicações e os procedimentos utilizados nesta
pesquisa seguem normas éticas, não oferecendo riscos de qualquer natureza.
Confidencialidade
Todas as informações coletadas neste estudo serão estritamente
confidenciais sendo divulgados apenas resultados gerais e o resultados
individuais. Seu nome nunca será revelado.
178
Benefícios
Ao participar desta pesquisa você terá o benefício direto de aprender técnicas
de manejo do stress e melhoria das relações interpessoais.
Pagamento
Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E nada
será pago por sua participação.
Observação
Caso sejam necessários maiores esclarecimentos sobre este estudo e sua
participação, entrar em contato com a pesquisadora no telefone: (19) 32340288
ou com o Comitê de Ética, pelo telefone: (19) 33436777, o qual autorizou a
realização deste estudo.
Cópia: Este termo está sendo assinado em duas vias, uma delas permanecerá
com o participante.
Declaração
Declaro que entendi o objetivo e o procedimento da pesquisa e que concordo
voluntariamente em participar da mesma sabendo que poderei interromper minha
participação na hora que desejar, sem qualquer problema para mim e que meus
dados serão mantidos sigilosos quanto a minha identidade.
Nome e assinatura do participante: _________
RG:
Endereço: _________
Data: / /___
Assinatura da investigadora
179
ANEXO B
ENTREVISTA ESTRUTURADA PARA HABILIDADE SOCIAL
Alves, E.A.B. (2003)
Dados Gerais:
Nome: __________________________________________________ Sexo: _____
Idade: ______________ Estado Civil: _________________________
Profissão: ____________________________Cargo: _________________________
Nível de escolaridade: ________________
Local de trabalho: ____________________________________________________
Há quanto tempo trabalha nessa empresa: _________________________________
Data: _______________________
1) Como você se avalia no seu modo de interagir com as pessoas?
2) Tem dificuldades de relacionar-se com determinadas pessoas ou em certas
áreas sociais (Exemplo: área afetiva, trabalho, etc)?
3) Quais são os pontos positivos da sua forma de interagir com as pessoas?
4) E os negativos?
5) Percebe algumas conseqüências da sua forma de se relacionar com as pessoas
no seu dia-a-dia?
6) No seu entender, quais os pontos em seu comportamento que deveriam ser
melhorias para que seu convívio interpessoal fosse mais gratificante?
7) Faz amizades facilmente? Você as mantém?
180
8) Como costuma resolver conflitos com seus amigos?
9) Você considera sua vida familiar e afetiva gratificante?
10) Quais as qualidades que lhe atribuem?
11) E os defeitos?
12) Seu trabalho atual lhe é gratificante?
13) Como se relaciona com seus colegas de trabalho?
14) Quais são os comportamentos que você considera adequados para manter um
bom relacionamento no seu trabalho?
15) E os inadequados?
16) Acredita que exista algum ponto em seu comportamento que possa ser
melhorado para um convívio mais harmonioso no trabalho?
17) E em seus colegas?
18) Geralmente como os conflitos no trabalho são resolvidos?
19) Quais os problemas de relacionamento que você tem no seu trabalho?
181
20) Você pode levantar alguma hipótese sobre o que os causa?
21) Com quem você se relaciona melhor no seu trabalho? (Nome e Cargo)
22) Com quem você se relaciona pior?
182
ANEXO C
Escala de Crenças
(John M Malouff & Nicola S. Schutte,1986)
Por favor, use a escala abaixo para expressar o quanto voconcorda com cada uma das seguintes
afirmações. Escreva a sua resposta ao lado do número da afirmação.
1. Discorda fortemente
2. Discorda um pouco
3. Não concorda nem discorda
4. Concorda um pouco
5. Concorda fortemente
_______1. Para ser uma pessoa de valor preciso ser totalmente competente em tudo o que faço.
_______2. Minhas emoções negativas são resultado de pressões externas.
_______3.Para ser feliz, preciso manter a aprovação de todas as pessoas que considero significante
_______4. A maioria das pessoas que têm sido injustas comigo são em geral ruins.
_______5. Algumas das minhas maneiras de agir são tão arraigadas que nunca poderia mudá-las.
_______6. Quando parece que alguma coisa pode dar errado, é razoável ficar bastante preocupado
_______7. A vida deveria ser mais fácil do que é.
_______8. É terrível quando algo que eu quero que aconteça não ocorre.
_______9. É melhor esperar do que tentar melhorar uma situação ruim da vida.
______10. Detesto quando não posso eliminar uma dúvida.
______11.Muitos eventos de meu passado me influenciam tão intensamente que é impossível mudar
______12. Pessoas que tiram injustamente vantagem de mim deveriam ser punidas.
______13. Se há um risco de que algo de ruim possa acontecer, faz sentido ficar aborrecido.
______14. É terrível quando as coisas não ocorrem da forma que eu gostaria.
______15. Preciso estar realizando algo para estar satisfeito comigo mesmo.
______16. As coisas deveriam acabar melhor do que elas usualmente acabam.
______17. Não tenho controle dos meus sentimentos quando tudo está saindo errado.
______18. Para ser feliz preciso ser amado pelas pessoas que são importantes para mim.
______19. É melhor ignorar os problemas pessoais do que tentar resolvê-los.
______20. Não gosto de ter incertezas sobre meu futuro.
183
ANEXO D
Nome:
INVENTÁRIO DE AFETIVIDADE
(Lipp & Rocha, 1996)
Sinto
Demonstro
1 Vontade de acariciar pessoas queridas
2 Pena de alguma pessoa em dificuldade
3 Emoção ao ler certas notícias
4 Remorso por certos atos praticados
5 Desilusão com determinadas pessoas
6 Desprezo por pessoas maldosas
7 Admiração por certas pessoas
8 Raiva em certos momentos
9 Agressividade quando o irritam
10
Emoção ao ver alguns filmes
11
Felicidade
12
Vontade de falar com carinho com as pessoas queridas
13
Tristeza
14
Mágoa quando alguém o trata injustamente
15
Esperança
184
ANEXO E
ENTREVISTA FINAL SOBRE HABILIDADES SOCIAIS NO TRABALHO
1) Como você avalia seu modo de interagir com as pessoas no trabalho
atualmente?
2) No seu ambiente profissional, quais os aspectos do seu comportamento que
mudaram durante o período em que participou do grupo?
3) Como está seu relacionamento com seus colegas de trabalho atualmente?
4) Como está seu relacionamento com suas chefias atualmente?
5) Que aspectos do seu comportamento no trabalho gostaria de mudar no
momento para um convívio mais harmonioso?
6) Como os conflitos no seu trabalho têm sido resolvidos?
7) A sua participação neste grupo foi de ajuda? Em que aspectos?
185
ANEXO F
Comparação das variáveis categóricas entre tipos de treino.
Sexo Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
MASCULIN , 4 , 5 , 9
, 33.33 , 29.41 ,
---------+--------+--------+
FEMININO , 8 , 12 , 20
, 66.67 , 70.59 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=1.000
Idade Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
<30 , 4 , 5 , 9
, 33.33 , 31.25 ,
---------+--------+--------+
30-39 , 4 , 6 , 10
, 33.33 , 37.50 ,
---------+--------+--------+
>=40 , 4 , 5 , 9
, 33.33 , 31.25 ,
---------+--------+--------+
Total 12 16 28
TESTE EXATO DE FISHER: P=1.000
EstCivil Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
CASADO , 10 , 9 , 19
, 83.33 , 52.94 ,
---------+--------+--------+
NÃO CASA , 2 , 8 , 10
, 16.67 , 47.06 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.126
Escolari Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
2GR/SUPI , 3 , 2 , 5
, 25.00 , 11.76 ,
---------+--------+--------+
3GR COMP , 6 , 7 , 13
, 50.00 , 41.18 ,
---------+--------+--------+
PÓS-GRAD , 3 , 8 , 11
, 25.00 , 47.06 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.434
Encerrou Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
SIM , 11 , 10 , 21
, 91.67 , 58.82 ,
---------+--------+--------+
NÃO , 1 , 7 , 8
, 8.33 , 41.18 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.093
STRESS1 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
NÃO , 4 , 8 , 12
, 33.33 , 47.06 ,
---------+--------+--------+
SIM , 8 , 9 , 17
, 66.67 , 52.94 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.703
ISSLFase1 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
S/STRESS , 4 , 8 , 12
, 33.33 , 47.06 ,
---------+--------+--------+
RESISTÊN , 5 , 8 , 13
, 41.67 , 47.06 ,
---------+--------+--------+
QUAS/EXA , 3 , 1 , 4
, 25.00 , 5.88 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.446
PrevSint1 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
FÍSICO , 1 , 3 , 4
, 12.50 , 33.33 ,
---------+--------+--------+
PSICOLÓG , 7 , 6 , 13
, 87.50 , 66.67 ,
---------+--------+--------+
Total 8 9 17
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.577
STRESS2 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
NÃO , 9 , 7 , 16
, 81.82 , 70.00 ,
---------+--------+--------+
SIM , 2 , 3 , 5
, 18.18 , 30.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.635
ISSLFase2 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
S/STRESS , 9 , 7 , 16
, 81.82 , 70.00 ,
---------+--------+--------+
RESISTÊN , 2 , 3 , 5
, 18.18 , 30.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.635
PrevSint2 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
FÍSICO , 1 , 1 , 2
, 50.00 , 33.33 ,
---------+--------+--------+
PSICOLÓG , 1 , 2 , 3
, 50.00 , 66.67 ,
---------+--------+--------+
Total 2 3 5
TESTE EXATO DE FISHER: P=1.000
Ansiedade Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
MÍNIMA , 4 , 4 , 8
, 33.33 , 23.53 ,
---------+--------+--------+
LEVE , 3 , 9 , 12
, 25.00 , 52.94 ,
---------+--------+--------+
MOD/GRAV , 5 , 4 , 9
, 41.67 , 23.53 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.361
ET1 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 6 , 3 , 9
, 50.00 , 25.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 4 , 6 , 10
, 33.33 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 2 , 3 , 5
, 16.67 , 25.00 ,
---------+--------+--------+
Total 12 12 24
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.570
F11 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 4 , 4 , 8
, 33.33 , 33.33 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 8 , 8 , 16
, 66.67 , 66.67 ,
---------+--------+--------+
Total 12 12 24
TESTE EXATO DE FISHER: P=1.000
F21 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 6 , 2 , 8
, 50.00 , 16.67 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 3 , 8 , 11
, 25.00 , 66.67 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 3 , 2 , 5
, 25.00 , 16.67 ,
---------+--------+--------+
Total 12 12 24
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.136
F31 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 6 , 7 , 13
, 50.00 , 58.33 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 2 , 4 , 6
, 16.67 , 33.33 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 4 , 1 , 5
, 33.33 , 8.33 ,
---------+--------+--------+
Total 12 12 24
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.413
186
(cont). Comparação das variáveis categóricas entre tipos de treino.
F41 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 6 , 4 , 10
, 50.00 , 33.33 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 5 , 5 , 10
, 41.67 , 41.67 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 1 , 3 , 4
, 8.33 , 25.00 ,
---------+--------+--------+
Total 12 12 24
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.663
F51 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 1 , 0 , 1
, 8.33 , 0.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 3 , 4 , 7
, 25.00 , 36.36 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 8 , 7 , 15
, 66.67 , 63.64 ,
---------+--------+--------+
Total 12 11 23
TESTE EXATO DE FISHER: P=1.000
ET2 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 9 , 7 , 16
, 81.82 , 70.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 2 , 2 , 4
, 18.18 , 20.00 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 0 , 1 , 1
, 0.00 , 10.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.781
F12 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 7 , 6 , 13
, 63.64 , 60.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 4 , 4 , 8
, 36.36 , 40.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=1.000
F22 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 6 , 4 , 10
, 54.55 , 40.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 5 , 4 , 9
, 45.45 , 40.00 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 0 , 2 , 2
, 0.00 , 20.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.480
F32 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 7 , 4 , 11
, 63.64 , 40.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 4 , 5 , 9
, 36.36 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 0 , 1 , 1
, 0.00 , 10.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.505
F42 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ALT/BAST , 9 , 5 , 14
, 81.82 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
BOM REPE , 1 , 5 , 6
, 9.09 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 1 , 0 , 1
, 9.09 , 0.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.098
F52 Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
BOM REPE , 7 , 5 , 12
, 63.64 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
MÉD/BAIX , 4 , 5 , 9
, 36.36 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
Total 11 10 21
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.670
Crencas Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ABAIXO , 3 , 6 , 9
, 25.00 , 35.29 ,
---------+--------+--------+
MÉDIA , 3 , 7 , 10
, 25.00 , 41.18 ,
---------+--------+--------+
ACIMA , 6 , 4 , 10
, 50.00 , 23.53 ,
---------+--------+--------+
Total 12 17 29
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.408
Afetividade Grupo
Frequency,
Col Pct ,INDIVIDU,GRUPO , Total
---------+--------+--------+
ABAIXO , 4 , 7 , 11
, 36.36 , 41.18 ,
---------+--------+--------+
MÉDIA , 4 , 4 , 8
, 36.36 , 23.53 ,
---------+--------+--------+
ACIMA , 3 , 6 , 9
, 27.27 , 35.29 ,
---------+--------+--------+
Total 11 17 28
TESTE EXATO DE FISHER: P=0.790
OBS: PARA CRENÇAS E AFETIVIDADE FORAM
UTILIZADOS OS VALORES DOS TERCIS PARA DIVISÃO
DAS CATEGORIAS EM ABAIXO DA MÉDIA, MÉDIA E
ACIMA DA MÉDIA.
CRENCAS: 1º TERCIL=53; 3º TERCIL=68
ABAIXO: <=53 PONTOS
MÉDIA: 53-67 PONTOS
ACIMA: >=68 PONTOS
AFETIVIDADE: 1º TERCIL=4; 3º TERCIL=7
ABAIXO: <=4 PONTOS
MÉDIA: 5-7 PONTOS
ACIMA: >7 PONTOS
Comparação das variáveis numéricas entre tipos de treino.
INDIVIDUAL
VARIÁVEL N MÉDIA D.P. MÍN MEDIANA MÁX
---------------------------------------------------------
Idade 12 34.00 7.05 23.00 32.00 44.00
NumTotSintom1 12 15.25 9.31 1.00 18.00 29.00
NumTotSintom2 11 6.36 5.94 0.00 6.00 20.00
Crencas 12 63.67 12.89 43.00 63.50 84.00
Afetividade 11 6.00 2.53 3.00 5.00 10.00
GRUPO
VARIÁVEL N MÉDIA D.P. MÍN MEDIANA MÁX VALOR-P*
--------------------------------------------------------- -------
Idade 16 35.94 8.73 21.00 36.50 49.00 P=0.546
NumTotSintom1 17 10.59 6.29 1.00 11.00 24.00 P=0.162
NumTotSintom2 10 7.20 3.68 1.00 7.00 14.00 P=0.478
Crencas 17 56.88 13.14 32.00 55.00 80.00 P=0.223
Afetividade 17 7.12 4.53 1.00 5.00 15.00 P=0.740
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre tipos de treino (Individual vs Grupo).
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