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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
AUGUSTA PELINSKI RAIHER
A EVOLUÇÃO DO CAPITAL HUMANO E SUA IMPORTÂNCIA NO
CRESCIMENTO ECONÔMICO DAS MICRORREGIÕES PARANAENSES NO
PERÍODO DE 1999 A 2006
PORTO ALEGRE
2009
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AUGUSTA PELINSKI RAIHER
A EVOLUÇÃO DO CAPITAL HUMANO E SUA IMPORTÂNCIA NO
CRESCIMENTO ECONÔMICO DAS MICRORREGIÕES PARANAENSES NO
PERÍODO DE 1999 A 2006
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como requisito
parcial para a obtenção do grau de doutora em
Economia.
Orientador: Ricardo Dathein
PORTO ALEGRE
2009
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R149i Raiher, Augusta Pelinski
A evolução do capital humano e sua importância no crescimento
econômico das microrregiões paranaenses no período de 1999 a 2006 /
Augusta Pelinski Raiher. – Porto Alegre, 2009.
141 f. : il.
Orientador: Ricardo Dathein.
Tese (Doutorado em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Faculdade de Ciências Econômicas, Programa de Pós-Graduação em
Economia, Porto Alegre, 2009.
1. Capital humano : Paraná. 2. Crescimento econômico : Paraná. I. Dathein,
Ricardo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Ciências Econômicas. Programa de Pós-Graduação em Economia. III. Título.
CDU 330.354
AUGUSTA PELINSKI RAIHER
A EVOLUÇÃO DO CAPITAL HUMANO E SUA IMPORTÂNCIA NO
CRESCIMENTO ECONÔMICO DAS MICRORREGIÕES PARANAENSES NO
PERÍODO DE 1999 A 2006
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como requisito
parcial para a obtenção do grau de doutora em
Economia.
Porto Alegre, 03 de dezembro de 2009.
____________________ ________________________
Prof. Dr. Ricardo Dathein Prof. Dra. Izete Pengo Bagolin
(PPGE/UFRGS) (PUCRS)
________________________ __________________________
Prof. PhD Jandir Ferrera de Lima Prof. Dr. Sérgio Marley Modesto Monteiro
(UNIOESTE) (PPGE/UFRGS)
AGRADECIMENTOS
Ao professor Ricardo Dathein, pelo seu tempo destinado à correção e orientação dessa tese,
sempre me incentivando e fazendo acreditar que ia dar tudo certo. MUITO OBRIGADO!
Ao professor Luiz Alberto Esteves, por todas as aulas de econometria. OBRIGADO
MESMO!
Ao professor Luciano Nakabashi, sempre disposto a tirar minhas dúvidas com relação à sua
tese. VALEU!
Em especial ao meu marido, Gilmar Raiher, por estar sempre me incentivando, deixando de
lado os seus afazeres, seus divertimentos para cuidar do nosso filhinho. MUITO, MUITO
OBRIGADO!
E a todos que de qualquer forma me auxiliaram, sugerindo, criticando..... VALEU GENTE!!
RESUMO
Muitos estudos dão suporte à idéia de que o capital humano possui um papel importante na
determinação da taxa de crescimento econômico de uma região. Entretanto, é discutível a
maneira como esse fator afeta o dinamismo econômico: se é diretamente, via o aumento da
produtividade dos trabalhadores; se é através das novas inovações; ou indiretamente, por meio
da difusão tecnológica. Além disso, alguns trabalhos vêm dando destaque quanto às
diferenciações da ação do capital humano sobre a renda quando se considera os seus aspectos
quantitativos e quando se leva em conta os seus aspectos qualitativos. Neste contexto, o
objetivo deste estudo é analisar a influência do capital humano na taxa de crescimento
econômico per capita das microrregiões paranaenses, entre 1999 e 2006. Mais precisamente,
buscou-se mensurar o estoque de capital humano em cada microrregião paranaense,
caracterizando a sua distribuição espacial e a sua evolução, analisando as semelhanças
existentes entre as microrregiões frente a essa variável. Em seguida, analisou-se a relação
existente entre o capital humano e a taxa de crescimento econômico per capita, identificando
os canais de sua ação e a importância das variáveis qualitativas e quantitativas do capital
humano nesta relação. Como resultado, entre 1999 e 2006, o estoque de capital humano em
todas as microrregiões se elevou, existindo ainda diferenças significativas, entretanto, essas
diferenças se reduziram consideravelmente. Desse modo, num período de seis anos, houve um
aumento significativo quanto a habilidade e o conhecimento dos paranaenses, principalmente
no que concerne à qualidade desse capital humano formado. Na sequência, analisando-se a
relação entre o capital humano das microrregiões e as suas taxas de crescimento do PIB per
capita, observou-se que a sua ação não se por meio da criação de tecnologias.
Indiretamente, via difusão de tecnologia, o seu efeito é percebido apenas quando se considera
a qualidade do capital humano. Diretamente, por meio do aumento das habilidades e
capacitações dos agentes envolvidos na produção, a sua ação também é captada, entretanto,
apenas quando se leva em conta a qualidade da força de trabalho ou quando se considera a
qualidade e a quantidade de capital humano em conjunto, ou seja, a quantidade, por si só, não
afeta a taxa de crescimento do PIB per capita das microrregiões paranaenses.
PALAVRAS-CHAVE: Capital humano. Crescimento econômico. Aspectos quantitativos e
qualitativos. Economia paranaense. Economia regional.
ABSTRACT
Many studies support the idea that the human capital has an important role in the assessment
of economic growth in a region. Although, it is questionable how this factor affects the
economic dynamism: if it is direct, through the raise of workers’ productivity or through new
innovations; or indirectly, by the technological diffusion. Moreover, some papers focus on the
differences of human capital actions on the income considering quantitative aspects and
considering qualitative aspects. In this context, the objective of this study is to analyze the
influence of human capital in the economic growth per capita of the Parana’s micro regions
between 1999 and 2006. More precisely, we attempted to measure the stock of human capital
in each micro region of Parana, characterizing the spatial distribution and its evolution,
analyzing the similarities among these micro regions according to this variable. Next, we
studied the relationship between human capital and economic growth rate per capita,
identifying the channels of their action and the importance of the qualitative and quantitative
human capital in this relationship. As result, between 1999 and 2006, the stock of human
capital in all the regions rose, and there are significant differences, however, these differences
were considerably reduced. Thus, during a period of six years, there was a significant increase
on the skill and knowledge of Parana, especially when we talk about the quality of human
capital that was formed. After analyzing the relationship between human capital for the micro
and its growth rates of GDP per capita, we found that its action does not occur through the
creation of technologies. Indirectly, via diffusion of technology, its effect is just seen when
one considers the quality of human capital. Directly, by increasing the skills and capabilities
of those involved in the production, its action is also captured, however, only when one takes
into account the quality of the workforce or when considering the quality and quantity of
human capital together, i.e. the amount by itself does not affect the growth rate of GDP per
capita of micro regions of Parana.
Key-words: Human capital. Economic growth. Quantitative and qualitative aspects. Economy
of Parana. Regional economy.
LISTA DE FIGURAS
1 Índice de desenvolvimento humano – microrregiões paranaenses......................... 13
2 Mapa das microrregiões paranaenses......................................................................
20
3 População estimada das microrregiões paranaenses – 2006................................... 21
4 Taxa de crescimento anual da população microrregiões paranaenses 1999 a
2006.........................................................................................................................
22
5 Fluxo migratório das mesorregiões paranaenses – 1986/1991............................... 24
6 PIB per capita das microrregiões paranaenses – 2006........................................... 25
7 Taxa de crescimento anual do PIB per capita microrregiões paranaenses
1999 a 2006.............................................................................................................
26
8 Quociente locacional (QL) referente ao emprego formal da agricultura (a),
indústria de transformação (b), serviço (c), comércio (d) e administração pública
– 2006......................................................................................................................
28
9 Relação entre salário e idade de pessoas com e sem treinamento.......................... 34
10 Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQT – 1999...................... 75
11 Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQT – 2006...................... 76
12 Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQL – 1999...................... 85
13 Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQL – 2006...................... 86
14 Classificação das microrregiões em quartis quanto ao KH – 1999........................ 90
15 Classificação das microrregiões em quartis quanto ao KH – 2006........................ 91
16 Necessidades das microrregiões quanto à infra-estrutura pública......................... 121
LISTA DE GRÁFICOS
1 Anos médios de estudo dos trabalhadores formais microrregiões paranaenses
– 1999 e 2006.........................................................................................................
66
2 Taxa de rotatividade da mão-de-obra – microrregiões paranaenses – 1999 e
2006.........................................................................................................................
68
3 Percentual de trabalhadores que receberam treinamento microrregiões
paranaenses – 1999 e 2006 ....................................................................................
70
4 Índice das variáveis quantitativas que compõe o capital humano – microrregiões
paranaenses – 1999 e 2006.....................................................................................
73
5 Média de alunos por sala de aula do ensino fundamental e médio das
microrregiões paranaenses – 1999 e 2006..............................................................
78
6 Percentual de professores do ensino fundamental e médio que possuíam ensino
superior nas microrregiões paranaenses – 1999 e 2006.........................................
79
7 Notas do Enem para cada microrregião paranaense – 1999 e 2006....................... 80
8 Índice das variáveis qualitativas que compõe o capital humano (VQL)
microrregiões paranaenses – 1999 e 2006............................................................
83
9 Taxa de crescimento e evolução do KH no Estado do Paraná 1999 a
2006........................................................................................................................
88
10 Índice do Estoque de capital humano nas microrregiões paranaenses 1999 e
2006.........................................................................................................................
89
LISTA DE TABELAS
1 Correlação de Spearman entre o PIB per capita, a população e o QL da
indústria, serviço, agricultura e comércio - microrregiões paranaenses – 2006.....
29
2 Variância explicada pelos componentes principais – VQT e VQL....................... 63
3 Matriz de coeficiente ou autovetores da matriz de correlação – VQT e VQL....... 63
4 Pesos para as variáveis que compõe o VQL e o VQT........................................... 63
5 Centro dos conglomerados para as variáveis quantitativas microrregiões
paranaenses – 1999.................................................................................................
71
6 Centro dos conglomerados para as variáveis quantitativas microrregiões
paranaenses – 2006.................................................................................................
72
7 Modelo de regressão, tendo como variável dependente a nota do Enem e como
variáveis independentes o percentual de professores com ensino superior e a
média de alunos por sala de aula – microrregiões paranaenses – 1999 a 2006......
81
8 Centro dos conglomerados para as variáveis qualitativas microrregiões
paranaenses – 1999.................................................................................................
81
9 Centro dos conglomerados para as variáveis qualitativas microrregiões
paranaenses – 2006.................................................................................................
82
10 Centro dos conglomerados para as variáveis quantitativas e qualitativas
microrregiões paranaenses – 1999.........................................................................
94
11 Centro dos conglomerados para as variáveis quantitativas e qualitativas
microrregiões paranaenses – 2006.........................................................................
97
12 Efeitos direto e indireto do capital humano sobre a taxa de crescimento per
capita....................................................................................................................
110
LISTA DE ABREVIATURAS
Ah: Distância tecnológica em relação à fronteira tecnológica multiplicada pelo capital
humano;
EMN: Empresas multinacionais;
ENEM: Exame nacional de ensino médio;
FDI: Investimento direto estrangeiro;
KH: Índice do estoque de capital humano;
IKH: Investimento em capital humano;
IKF: Investimento em capital físico por habitante;
IDH: Índice de desenvolvimento humano;
n: Taxa de crescimento populacional;
PIB: Produto Interno Bruto;
PTF: Produtividade total dos fatores;
P&D: Capital humano alocado em pesquisa e desenvolvimento;
QL: Quociente Locacional;
VQL: Índice das variáveis qualitativas;
VQT: Índice das variáveis quantitativas;
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................
12
2 AS MICRORREGIÕES PARANAENSES: CARACTERÍSTICAS
ECONÔMICAS..................................................................................................
19
2.1
Formação das Microrregiões............................................................................ 19
2.2
Características das Microrregiões Paranaenses............................................. 20
2.3
Considerações Finais.......................................................................................... 29
3
AS TEORIAS E ANÁLISES ACERCA DO CAPITAL HUMANO............. 31
3.1
Capital Humano e Rendimentos ...................................................................... 31
3.2
Capital Humano e Tecnologia .......................................................................... 35
3.3
Tecnologia, Capital Humano e Crescimento Econômico................................
39
3.3.1 O Modelo de Mankiw, Romer e Weil (1992).......................................................
40
3.3.1.1
O modelo de Solow (1956)...................................................................................
41
3.3.1.2
Modelo de Solow Ampliado.................................................................................
42
3.3.2 O Modelo de Romer (1990a)................................................................................
44
3.3.3 O Modelo de Lucas (1988)................................................................................... 49
3.4
Considerações Finais.......................................................................................... 54
4 EVOLUÇÃO DO CAPITAL HUMANO NAS MICRORREGIÕES
PARANAENSES ................................................................................................
56
4.1
Capital Humano no Paraná: Elementos Metodológicos................................. 57
4.2 Evolução Espacial e Intertemporal do Capital Humano nas Microrregiões
Paranaenses.........................................................................................................
64
4.2.1 Variáveis Quantitativas........................................................................................ 64
4.2.2 Variáveis Qualitativas.......................................................................................... 76
4.2.3 Estoque de Capital Humano nas Microrregiões Paranaenses ..............................
87
4.3
Considerações Finais.......................................................................................... 97
5 CAPITAL HUMANO E A TAXA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO
NO PARANÁ......................................................................................................
98
5.1
Capital humano e Crescimento Econômico: Elementos Metodológicos....... 99
5.1.1 O Modelo.............................................................................................................. 101
5.1.2 Mensuração dos Efeitos Diretos e Indiretos do Capital Humano nas
Microrregiões Paranaenses...................................................................................
103
5.2 Os Efeitos Diretos e Indiretos do Capital Humano no Crescimento
Econômico das Microrregiões do Paraná.........................................................
109
6
CONCLUSÃO.....................................................................................................
116
REFERÊNCIAS …………………………………………………………… 123
APÊNDICE A- Hierarquização das microrregiões de acordo com a
proximidade das variáveis quantitativas – 1999 .............................................
131
APÊNDICE B- Hierarquização das microrregiões de acordo com a
proximidade das variáveis quantitativas – 2006 .............................................
132
APÊNDICE C - Índice das variáveis quantitativas que compõe o estoque
de capital humano – Microrregiões Paranaenses – 1999 a 2006 ...................
133
APÊNDICE D- Hierarquização das microrregiões de acordo com a
proximidade das variáveis qualitativas – 1999 ...............................................
134
APÊNDICE E- Hierarquização das microrregiões de acordo com a
proximidade das variáveis qualitativas – 2006 ...............................................
135
APÊNDICE F - Índice das variáveis qualitativas que compõe o estoque de
capital humano - Microrregiões Paranaenses – 1999 a 2006 .........................
136
APÊNDICE G - Índice do estoque de capital humano Microrregiões
Paranaenses – 1999 a 2006 ................................................................................
137
APÊNDICE H- Hierarquização das microrregiões de acordo com a
proximidade das variáveis qualitativas e quantitativas – 1999 .....................
138
APÊNDICE I- Hierarquização das microrregiões de acordo com a
proximidade das variáveis qualitativas e quantitativas – 2006 .....................
139
APÊNDICE J -Testes Econométricos referente às regressões da Tabela 12
140
APÊNDICE L - Estimação da taxa de crescimento do PIB per capita das
microrregiões paranaenses considerando algumas variáveis explicativas
mais a defasagem da variável dependente .......................................................
141
12
1 INTRODUÇÃO
Embora o Paraná, em relação aos demais Estados do Brasil, ocupe uma
posição de destaque quanto ao desenvolvimento socioeconômico, regionalmente, grandes
desigualdades são verificadas. E essas desigualdades, segundo Moura et al. (2006), são
resultado do movimento do capital no espaço, buscando mercados, selecionando localizações,
excluindo segmentos ou regiões, organizando, ao seu modo, a distribuição das atividades
econômicas.
Neste sentido, se analisar o índice de desenvolvimento humano (IDH) do
Paraná em 1991 e em 2000 observar-se-á uma evolução positiva, passando de 0,71 para 0,79,
encontrando-se na sexta posição no ranking brasileiro. Entretanto, 51% das microrregiões
paranaenses possuíam, em 2000, um IDH inferior à média nacional, abrangendo 37% da
população paranaense. Além disso, entre as microrregiões, a discrepância quanto a esse
índice
1
consistia num montante igual 0,04, com valor máximo chegando a 0,79, e mínimo
igual a 0,62.
Visualmente, por meio da Figura 1, fica tida a concentração do IDH,
principalmente no envoltório do Estado, formando um grande vazio no seu Centro. Mais do
que isso, se analisar a magnitude do IDH de cada quartil, se constatará a desigualdade quanto
a esse índice, em que o intervalo do primeiro quartil, que abrangia 25% das microrregiões
com os mais baixos valores, era superior ao intervalo dos outros três quartis juntos. Isso
demonstra que uma parcela de microrregiões sustentava um índice de desenvolvimento
humano muito aquém das demais regiões.
1
Referindo-se ao desvio padrão.
13
Figura 1: Índice de Desenvolvimento Humano - Microrregiões do Paraná – 2000
Fonte: Dados originais da PNUD, mensurados pela pesquisa
No caso dos aspectos sociais, diferenças internas significativas são
observadas. Por exemplo, no ano de 2000 o Estado apresentava uma mortalidade infantil
menor que à nacional, entretanto, regionalmente, o comportamento dessa variável era bastante
desigual: as microrregiões de Flore Maringá, que possuíam os menores valores para esse
índice, tinham onze óbitos para cada mil nascidos vivos; no outro extremo, Cerro Azul, que
apresentava o pior resultado, tinha uma relação de trinta e nove mortes para cada mil nascidos
vivos. Além disso, 53% das microrregiões paranaenses possuíam uma mortalidade infantil
maior que a média estadual, destacando-se que essas microrregiões detinham 55% da
população paranaense (IPARDES, 2009).
Se considerar a concentração de renda, o Paraná possuía, em 2000, um
coeficiente de Gini no valor de 0,60, estando na quarta posição em relação aos melhores
colocados do país. Porém, regionalmente, 12% da sua população se localizavam em
microrregiões cujos valores desse coeficiente eram superiores à média brasileira. Analisando-
se as microrregiões, a discrepância era igual 0,04 pontos, obtendo-se um valor mínimo igual a
0,47, enquanto que o máximo era de 0,66. Destaca-se que mais de 45% dos paranaenses
estavam localizados em microrregiões nas quais o coeficiente de Gini obtido era superior à
14
média estadual, demonstrando que boa parte da população concentrava-se em regiões onde o
grau de desigualdade quanto à distribuição de renda era relativamente alto quando comparado
com o Paraná como um todo.
Por fim, em termos econômicos, o Paraná apresentou ao longo da década de
1990, um crescimento moderado, ainda que superior ao do país. O seu PIB cresceu a uma taxa
de 3,4% ao ano, enquanto que a do Brasil foi de 3%, mantendo-se como a quinta economia do
país, contribuindo com 6% do PIB nacional no ano de 2000 (IPARDES, 2003). Contudo,
internamente, grandes diferenças existiam, em que, apenas 7,7% das microrregiões eram
responsáveis por mais de 50% do PIB estadual. Além disso, a discrepância quanto ao PIB per
capita chegava a R$ 1.760,00, com valor máximo igual a R$ 11.453,00 e mínimo de apenas
R$ 3.204,00 (IPEA, 2009).
Diante deste cenário pode-se afirmar que o crescimento econômico no
Paraná não vem ocorrendo em todos os lugares ao mesmo tempo, manifestando-se em
algumas regiões, com intensidades variáveis. Uma hipótese plausível para explicar essas
diferenças regionais, principalmente no que concerne à dinâmica econômica interna do
Estado, é a evolução do capital humano.
Na recente literatura do crescimento econômico a acumulação do capital
humano vem ganhando um papel central. Por exemplo, no modelo de Romer (1990a), o
capital humano é um determinante da oferta de novas idéias e de novas tecnologias, tornando-
se fundamental ao permitir avanços tecnológicos, influenciando a taxa de crescimento
econômico.
Para Nelson e Phelps (1966), o capital humano é visto como a principal
fonte de inovação, enfatizando-se o seu papel no aumento da capacidade de inovar, bem como
na possibilidade de adaptar-se às novas tecnologias. Neste contexto, a taxa de crescimento
passa a depender da taxa de inovação e, consequentemente, do nível de capital humano
presente na economia.
No caso de Lucas (1988), o seu modelo elenca o capital humano como
sendo o motor do crescimento econômico, inferindo que o acréscimo de capital humano de
um indivíduo não beneficia apenas a ele, mas a toda sociedade, dado que o nível agregado de
capital humano, associado à produtividade de todos os outros fatores de produção, gera
externalidade, responsável pela taxa de crescimento positiva do produto per capita no longo
prazo.
Além disso, no domínio empírico um grande mero de investigações vem
sendo desenvolvido, comprovando a importância do capital humano no crescimento
15
econômico. Por exemplo, Mankiw, Romer e Weil (1992), com o intuito de melhorar o
desempenho do modelo de Solow (1956)
2
, acrescentaram a variável “acumulação de capital
humano”, obtendo como resultado a presença de uma correlação entre capital humano e o
crescimento da população e entre o capital humano e a poupança
3
, melhorando o poder de
explicação do modelo.
Miles e Scott (2005), por sua vez, observaram a escolaridade média per
capita de diversos países em 1960 e seu correspondente PIB (Produto Interno Bruto) per
capita em 1985 e concluíram que os países com maiores níveis de escolaridade em 1960
tiveram níveis mais elevados de PIB per capita em 1985.
Krueger e Lindahl (2001) investigaram se a mudança e o nível inicial da
educação estavam correlacionados com o crescimento e encontraram como resultado uma
relação positiva. Mais especificadamente, os resultados sugeriram que a educação está
associada especialmente com o crescimento subsequente dos países com baixo nível de
ensino, destacando que o efeito do nível inicial da educação sobre o crescimento é um
fenômeno limitado essencialmente aos países com baixa produtividade.
Benhabib e Spiegel (2002), generalizando o modelo de Nelson e Phelps
(1966) quanto à difusão de tecnologia facilitada por níveis de capital humano, chegaram à
conclusão de que este último é um fomentador da inovação. Numa análise inicialmente
simples, relacionando o nível de capital humano e o crescimento subsequente da
produtividade, observaram a existência de uma relação positiva, em que, a nação que tem um
maior nível de capital humano tende a exibir uma produtividade total dos fatores (PTF) mais
elevada. Além disso, os resultados sugerem que um nível baixo de capital humano inicial de
um país faz com que este esteja, com o passar do tempo, mais distante do país líder em
relação à PTF. Ao mesmo tempo, o país que tem baixa PTF inicial e baixo nível de capital
humano em relação ao país líder tem, proporcionalmente, baixo crescimento econômico.
Da mesma forma, Hanushek e Kimko (2000) identificaram que a taxa de
crescimento econômico é afetada pelas inovações, relacionadas diretamente às ações do
capital humano e/ou às atividades de P&D. Esta formulação não só explicou porque o nível de
produção é mais alto quando um país possui mais capital humano, mas também porque sua
taxa de crescimento é mais elevada.
2
Os autores, ao testar empiricamente o modelo de Solow (1956), chegaram à conclusão de
que a taxa de poupança e a taxa de crescimento da população afetam o rendimento na direção prevista por Solow
(1956); contudo, a magnitude desses efeitos não estava corretamente prevista.
3
Variáveis que no modelo de Solow (1956) afetam o rendimento, a primeira negativamente
e a segunda de forma positiva.
16
Por sua vez, Foster e Rosenzweig (1996), ao analisar o período da
Revolução Verde na Índia, verificaram que, além de ser provável que nas propriedades onde
havia pelo menos uma pessoa com escolaridade primária foram usadas as novas sementes
(tecnologicamente avançadas da Revolução), é provável que elas tenham sido adotadas
primeiramente. Contudo, os autores também identificaram uma relação de bicausalidade entre
capital humano e crescimento econômico, destacando que os retornos para a escolaridade são
afetados pela mudança tecnológica, onde não só os retornos da escolaridade se elevam
primeiramente com a mudança tecnológica, mas os retornos aumentam a uma taxa mais alta
nas áreas que se tem um crescimento mais rápido. A partir desses resultados, os autores
inferiram que a mudança tecnológica tem um efeito maior no retorno da escolaridade para os
indivíduos mais instruídos e, portanto, a distribuição inicial do capital humano intervém nas
taxas subsequentes do crescimento econômico, destacando, porém, que essa distribuição
inicial é resultado de mudanças tecnológicas e de distribuições de renda anteriores.
Assim, partindo de toda essa argumentação teórica e empírica acerca da
importância do capital humano no desempenho econômico de uma região e considerando as
diferenças regionais existentes no Paraná, é que se tem como hipótese base que “as taxas de
crescimento econômico per capita das microrregiões paranaenses são influenciadas pelo
capital humano, de tal forma que quanto mais elevado for o investimento em capital humano
maior tende a ser a taxa de crescimento por habitante resultante”. Neste sentido, o objetivo
central deste estudo consistiu-se em analisar a influência do capital humano nas taxas de
crescimento econômico per capita das microrregiões do Paraná, no período de 1999 a 2006.
Ao investigar essa relação, mensurou-se, inicialmente, o estoque de capital
humano em cada microrregião paranaense, abrangendo alguns dos seus fatores qualitativos e
quantitativos. Como muitos trabalhos, como o de Hanusherk e Kimko (2000), inferem que
mais importante que as variáveis quantitativas são as variáveis qualitativas do capital humano,
então foram calculadas três proxies: uma que está estritamente ligada com a quantidade de
capital humano; outra se referindo à sua qualidade, e; a última que faz a junção desses dois
aspectos, qualitativo e quantitativo. Tal mensuração visava identificar ex post se,
regionalmente, a qualidade do capital humano é mais importante que a quantidade e/ou se o
efeito conjunto de ambas é que influencia o crescimento econômico.
Como na análise regional a distribuição dos recursos é importante na
determinação do dinamismo local, então, mensurado o estoque de capital humano para o
período de 1999 a 2006, fez-se uma análise quanto à sua distribuição espacial e intertemporal.
Mais do que isso, por meio da análise de clusters, hierarquizou-se as microrregiões em
17
conglomerados de acordo com as características mais semelhantes. Ao fazer essa distribuição
espacial e ao hierarquizá-las, identificaram-se os focos de concentração do capital humano ao
longo de todo o Estado; por sua vez, a análise da sua evolução demonstrou o comportamento
dessas proxies do capital humano, caracterizando um aumento (ou não) da produtividade da
força de trabalho paranaense.
Essa primeira análise, proeminentemente regional, construiu um cenário
propício para a investigação central deste trabalho, referindo-se a análise quanto à existência
de uma relação entre o capital humano e as taxas de crescimento econômico per capita das
microrregiões paranaenses, no período de 1999 a 2006.
Desta forma, tendo o estoque de capital humano e a sua distribuição espacial
e intertemporal, determinou-se por quais vias essa relação se efetiva. Ou seja, se o capital
humano indiretamente afeta a taxa de crescimento econômico por habitante, via difusão de
tecnologia, ou se o canal de sua ação se por meio da criação de inovações, ou, ainda,
diretamente por meio do aumento das habilidades e capacitações dos agentes envolvidos na
produção. É importante ressaltar que esse enfoque acerca da ação do capital humano por
diferentes vias foi feita para cada proxy construída, almejando diferenciar a relevância de sua
atuação quando se está tratando da quantidade, da qualidade e da junção desses dois aspectos.
Assim, por meio da mensuração do estoque de capital humano em suas
diferentes proxies para cada microrregião, entre 1999 e 2006, e por meio da caracterização
quanto à sua distribuição espacial e intertemporal, analisaram-se seus efeitos diretos e
indiretos sobre a taxa de crescimento econômico per capita, auferindo, deste modo, o objetivo
deste estudo.
Mais especificadamente, a obtenção de tal objetivo adveio por meio da
construção de seis capítulos, incluindo este. No capítulo dois fez-se uma descrição resumida
das características econômicas das microrregiões paranaenses, visando compreender melhor o
espaço a ser analisado. No capítulo seguinte, apresentou-se uma breve revisão de literatura
acerca do capital humano e sua relação com o crescimento econômico, conceituando-se,
inicialmente, o capital humano, e na sequência, relacionando-o com a tecnologia,
essencialmente com a apresentação dos dois modelos de Nelson e Phelps (1966).
Posteriormente, por meio da exposição dos modelos de Mankiw, Romer e Weil (1992),
Romer (1990a) e de Lucas (1988), teoricamente relacionou-se o capital humano, a tecnologia
e o crescimento econômico.
No quarto capítulo, apresentou-se primeiramente a metodologia utilizada
para a construção das proxies do capital humano e os demais elementos metodológico
18
utilizados na análise quanto à evolução do capital humano regionalmente e
intertemporalmente. Na sequência deste capítulo, explicitou os resultados quanto ao estoque
de capital humano nas microrregiões paranaenses, calculando-o para as três proxies: variáveis
quantitativas, qualitativas e junção de ambas. Mais precisamente, fez-se uma análise da
distribuição dessas três proxies ao longo do Estado, hierarquizando as microrregiões segundo
suas características semelhantes, e analisando suas evoluções, determinando, assim, os focos
de concentração espacial do capital humano no Paraná.
No quinto cinco, identificou-se a importância do capital humano na taxa de
crescimento econômico per capita das microrregiões parananenses, analisando-se os seus
efeitos direto e indireto, separadamente para cada proxy. Desta forma, com o fechamento
deste capítulo, conseguiu-se captar os canais pelos quais o capital humano afeta a dinâmica
econômica regional e qual a importância da qualidade e da quantidade de capital humano para
essa influência.
Por fim, apresentaram-se as conclusões (capítulo seis), explicitando os
principais resultados auferidos, em que, mesmo não sendo o objetivo deste estudo, como
resultado útil, diagnosticou-se pontos relevantes para ação de políticas públicas voltadas para
a fomentação do capital humano no Estado.
19
2 AS MICRORREGIÕES PARANAENSES: CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS
O objetivo deste capítulo é fazer uma descrição resumida das características
econômicas das microrregiões paranaenses, visando compreender melhor o espaço a ser
analisado. Para isso, inicialmente faz-se um relato sobre o que são microrregiões e sua
relevância na análise regional e, na sequência, alguns aspectos econômicos do Paraná, para o
ano de 2006, são abordados.
2.1 Formação das Microrregiões
Por meio da divisão regional feita pelo IBGE (1991) definiram-se os
espaços microrregionais do Brasil a partir da subdivisão dos espaços mesorregionais. De
acordo com Clemente e Higachi (2002), as mesorregiões são estabelecidas com base no
conceito de organização espacial, referente às diferentes estruturas espaciais resultantes da
dinâmica da sociedade sobre um suporte territorial. São definidas pelas seguintes dimensões:
o processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e, a rede de
comunicação e de lugares, como elemento de articulação espacial. Estas três dimensões
possibilitam que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma identidade regional.
Partindo das mesorregiões, as microrregiões são definidas como partes
destas que apresentam especificidades referentes à estrutura de produção agropecuária,
industrial, de extrativismo mineral, ou de pesca. As peculiaridades das estruturas de produção
microrregionais estão ligadas à presença tanto de elementos da natureza, como de relações
sociais e econômicas particulares, englobando a produção, a distribuição, a troca e o consumo,
referindo-se tanto às atividades urbanas como também rurais. Com isso, o IBGE (1991)
identifica a microrregião pela interação entre as áreas de produção e os locais de
beneficiamento, e pela possibilidade de atender às populações através do comércio de varejo
ou atacado ou dos setores básicos. Desta forma, o ponto fundamental para determinar os
espaços microrregionais é a estrutura produtiva existente.
Diante desta definição, Breitbach (2008) defende o uso das microrregiões
como espaço de análise, principalmente pela possibilidade de se ter um grau de aproximação
mais adequado para captar as relações econômicas e sociais que caracterizam o “meio local”,
20
entendido como um espaço suficientemente pequeno, em que a proximidade entre os agentes
favorece uma ampla gama de sinergias capazes de manter em funcionamento um sistema
econômico localizado. Neste contexto, a área de estudo utilizada neste trabalho envolveu as
trinta e nove microrregiões paranaenses (Figura 2), analisando-as no período de 1999 a 2006.
Figura 2: Mapa das Microrregiões Paranaenses
Fonte: Ipardes (2009)
2.2 Características das Microrregiões Paranaenses
A concentração de agentes econômicos numa região geralmente indica o seu
dinamismo quanto às atividades econômicas ali desenvolvidas. Singer (1982), neste sentido,
argumenta que como as populações desejam ter acesso às oportunidades profissionais,
educacionais e de outras ordens, e como essas oportunidades, na sua maioria, se encontram
em regiões de certo porte, então, a localização espacial dos agentes representa, na sua
essência, as oportunidades econômicas que estão disponíveis numa região. Enfatiza-se que
21
essa argumentação foi comprovada pelo autor quando analisando a concentração populacional
no Brasil na década de 1970-1980, conclui que a sua distribuição espacial é regida cada vez
mais pelo fator econômico.
Desta forma, se analisar a distribuição da população paranaense em 2006,
que estava estimada em 10.387.378 habitantes, verificará a existência de uma significativa
concentração populacional em alguns pontos do Estado (Figura 3): 64,46% dos habitantes
estavam presentes nas microrregiões pertencentes ao quarto quartil
4
, 19,26% no terceiro,
10,40% e 5,88% no segundo e primeiro quartil, respectivamente. Isso demonstra que a grande
maioria da população localizava-se em poucas microrregiões, dando destaque a Curitiba que
possuía mais de 37% da população paranaense. Entretanto, a comparação da Figura 3 com a
Figura 1, a qual apresenta o IDH de 2000, demonstra que nem todas as microrregiões que
apresentavam um grau de concentração populacional elevado tinham um alto índice de
desenvolvimento humano.
Figura 3: População estimada das microrregiões paranaenses – 2006
Fonte: Ipardes (2009), com mapa construído pelo autor
4
Dividiu-se as microrregiões em quartis, ressaltando que, de acordo com Sartoris (2003),
os quartis são elementos que dividem o conjunto em quatro partes iguais. Assim, o primeiro quartil é aquele
elemento que é menor que ¾ dos elementos; o segundo é aquele que divide 2/4 para cima e 2/4 para baixo e o
terceiro quartil é aquele elemento que tem ¾ abaixo de si e ¼ acima.
22
Se considerar a taxa de crescimento
5
populacional em cada microrregião no
período de 1999 a 2006 (Figura 4) e comparar com a Figura 3, verificar-se-á que a maioria
das microrregiões com a maior concentração de habitantes em 2006 foram as que obtiveram
as maiores taxas de crescimento populacional. Aquelas microrregiões que estavam no quarto
quartil da Figura 4 e que, portanto, apresentavam as mais elevas taxas de crescimento de sua
população, detinham 54% da população paranaense em 1999. Em 2006, essas mesmas
microrregiões passaram a ter 65% da população do Estado. Ou seja, uma minoria de
microrregiões que detinham a maior parte dos habitantes em 1999 foram as que mais
cresceram no período seguinte, evidenciando uma concentração espacial ainda maior no
Estado.
Figura 4: Taxa de crescimento anual da população – microrregiões paranaenses – 1999 a 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Essa relação entre o tamanho da população de cada microrregião e sua
correspondente taxa de crescimento foi comprovado por meio da correlação positiva
6
5
Obtida por meio da função exponencial, regressão que relacionou a população de cada
microrregião (variável dependente) com o tempo (variável independente).
6
Calculou-se o coeficiente de correlação de Spearman (1) de acordo com Bisquera,
Sarriera e Martínez (2004), obtendo um valor de 0,48, significativo a 1%.
23
encontrada entre elas, inferindo que quanto maior era a densidade demográfica de uma
microrregião em 1999, mais elevada tendia a ser sua taxa de crescimento populacional.
Destaca-se que essa tendência do fluxo migratório paranaense se deslocar
para algumas regiões do Estado foi diagnosticado em períodos anteriores. Na análise feita
por IPARDES (2003) para o final dos anos de 1980 e início dos anos de 1990, identificou-se
um crescimento populacional orientado pela urbanização, expresso na configuração de
espacialidades de concentração e esvaziamento. Num extremo, as aglomerações conjugavam
regiões cada vez mais populosas, com crescimento da população elevado e contínuo, e no
outro extremo, um grande número de regiões apresentava um decréscimo populacional
(Figura 5).
Segundo IPARDES (2003), dentre os fatores que impulsionaram esses
deslocamentos no Paraná, a maioria estava ligada às exigências de novos padrões produtivos
que restringiam a participação de pequenos produtores, ao lado da crescente concentração
econômica e espacial das atividades urbanas.
Assim, se comparar a Figura 5, que traz o fluxo migratório nos anos 1980-
1990, com a Figura 3, que traz a concentração espacial da população paranaense em 2006,
observar-se-á que as grandes tendências migratórias dos anos 1980-1990 se davam
praticamente nas mesmas regiões onde a localização populacional era mais expressiva no ano
de 2006. Ou seja, essa concentração em poucos espaços do Estado que é visualizada hoje é
um fenômeno que vem ocorrendo a algum tempo no Paraná, tornando-se nítida a transferência
dos agentes econômicos das regiões periféricas para as mais prósperas.
)1(
6
1
2
2
=
nn
d
r
i
(1)
Em que: r é coeficiente de correlação de Spearman; di é diferença de postos para cada par de observações; n é
número de pares.
24
Figura 5: Fluxo migratório das mesorregiões paranaenses – 1986/1991.
Fonte: IPARDES (2003), p. 23.
No caso do PIB paranaense, em 2006, o seu valor chegou a R$ 136,7
bilhões. Entretanto, apenas 8% das suas microrregiões eram responsáveis por mais de 50% de
sua formação. Isso significa que a dinâmica econômica estava localizada em apenas algumas
regiões do Estado. Mais especificadamente, essas poucas microrregiões detinham 42% da
população paranaense, reforçando a argumentação de Singer (1982) de que a distribuição
espacial dos agentes é regida cada vez mais pelo fator econômico.
Em termos de PIB per capita, a sua distribuição é apresentada na Figura 6,
alcançando um valor máximo de R$ 18.390,00 na microrregião de Paranaguá e um valor
mínimo de R$ 6.055,00 em Pitanga. Ressalta-se que enquanto a população paranaense
apresentou um desvio padrão de 498.015 habitantes, equivalente a 187% da média
7
, o PIB per
capita apresentou um desvio padrão de R$ 2.822,00, com um coeficiente de variação de
apenas 27%, demonstrando uma dispersão significativamente menor para este último.
Vale frisar que como a renda é apenas um dos componentes que formam o
IDH, então, ao comparar a Figura 6 com a 1 percebe-se que aquelas regiões que tiveram os
7
Essa proporção foi obtida por meio da divisão do desvio-padrão pela média, chamado de
coeficiente de variação (SARTORIS, 2003).
25
maiores PIBs per capita não necessariamente foram as que obtiveram os maiores valores para
o IDH, ou seja, nem todas as microrregiões economicamente dinâmicas apresentavam
aspectos sociais favoráveis à sua população.
Figura 6: PIB per capita das microrregiões paranaenses - 2006
Fonte: Ipardes (2009), com mapa construído pelo autor
Ao comparar a distribuição do PIB per capita ao longo do Estado (Figura 6)
com a da população (Figura 3), verifica-se que a grande maioria das microrregiões que
detinham os maiores PIBs per capita eram praticamente as mesmas com concentração
populacional elevada em 2006, apresentando uma correlação positiva e significativa ao nível
de significância de 1%, o que denota que a população e o PIB per capita no Estado do Paraná
caminham na mesma direção, em que, ao elevar uma, tem-se o aumento da outra, e vice-
versa.
Analisando a taxa de crescimento anual do PIB per capita
8
de cada
microrregião entre 1999 e 2006 (Figura 7), percebe-se uma grande diferença, chegando
algumas microrregiões a alcançar um crescimento anual negativo de -4,6%, enquanto outras
8
Obtida por meio da função exponencial, regressão que relacionou o PIB per capita de
cada microrregião (variável dependente) com o tempo (variável independente).
26
auferiram 5,8% ao ano, com um desvio padrão de 2,1%. Além disso, se relacionar essa taxa
de crescimento com o PIB per capita auferido em 1999, evidenciar-se-á a presença de uma
correlação negativa
9
, o que significa que grande parte das microrregiões com os menores PIBs
per capita de 1999 apresentaram, em geral, taxas de crescimento econômico elevada para o
período, evidenciando um processo de convergência de renda no Estado.
A comparação das Figuras 7 e 4 demonstra que o crescimento econômico de
muitas regiões se deu em boa parte pelo esvaziamento populacional, em que, grande parte das
microrregiões que possuíam taxas de crescimento do PIB per capita elevadas foram
justamente as que tiveram as menores taxas de crescimento populacional para o período 1999
a 2006. Mais do que isso, as Figuras 7 e 1 evidenciam que parte das regiões que obtiveram os
menores valores para o IDH foram as que mais evoluíram em termos econômicos.
Figura 7: Taxa de crescimento anual do PIB per capita – microrregiões paranaenses – 1999 a 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Por fim, analisando as atividades desenvolvidas ao longo do Estado
observa-se que o setor primário e o setor público eram os mais difusos entre as microrregiões
9
Obteve-se um coeficiente de correlação de Spearman igual a - 0,39, significativo a um
nível de 5%.
27
paranaenses em 2006, sendo os setores mais significativos em termos de adensamento relativo
de mão-de-obra empregada. Destaca-se que o padrão de localização do setor primário,
determinado pela análise do quociente locacional
10
, era extremamente importante em todas as
microrregiões, com exceção apenas de Curitiba, Paranaguá, Londrina, Maringá, Foz do
Iguaçu, Francisco Beltrão, Irati, União da Vitória e Apucarana (Figura 8a); no caso do setor
público, as únicas microrregiões que não o tinham como propulsor da economia eram
Curitiba, Ponta Grossa, Jaguariaíva, Maringá, Londrina, Apucarana e Foz do Iguaçu (Figura
8e).
Na sequência, o comércio e a indústria de transformação consistiam nos
ramos que mais dinamizavam o emprego na economia paranaense, sendo extremamente
importante para 33% e 32% das microrregiões, respectivamente, formando um encadeamento
entre os que detinham-nos como setores sobre-representados, localizando-se principalmente
no envoltório do Estado (Figura 8d e 8b). Por fim, o setor de serviços tinha o padrão de
localização mais concentrado dentre todos os setores, sendo significativamente importante
apenas para Paranaguá, Curitiba, Foz do Iguaçu, Maringá e Londrina.
A comparação entre as Figuras 8 e 1 demonstra uma tendência quanto a se
ter os maiores valores do IDH exatamente para aquelas microrregiões que não possuíam o
setor primário e a administração pública como ramos dinamizadores do emprego,
apresentando valores relativamente elevado principalmente para as quais o setor de serviço
estava sobre-representado.
10
O padrão de localização foi determinado por meio do Quociente Locacional (2), que é
utilizado para comparar a participação percentual da mão-de-obra de uma microrregião com a do Estado. Ele
pode ser analisado a partir de ramos específicos ou no seu conjunto. Se uma microrregião apresenta um QL > 1
para determinado setor, então, representatividade desse setor nesta microrregião. Além disso, valores iguais
ou maiores que a unidade indicam os ramos de atividades que são motores, ou seja, os ramos básicos (exógenos)
(Haddad, 1989). Ao contrário, quando QL < 1, as atividades são não básicas ou endógenas (COSTA, 2002). De
acordo com Vollet e Dion (2001), os setores básicos de uma região representam o motor da economia regional.
t
i
i
N
N
St
S
QL =
(2)
Destacando que S
i
é o emprego formal no ramo i na microrregião; S
t
é o emprego formal total na microrregião;
N
i
é o emprego formal no ramo i do Paraná; N
t
é emprego formal total no Paraná.
28
Figura 8: Quociente locacional (QL) referente ao emprego formal da agricultura (a), indústria de transformação
(b), serviço (c), comércio (d) e administração pública (e) – 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa, com dados originais RAIS (2009)
Comparando a distribuição do QL de cada setor da Figura 8 fica visível que
a maioria das microrregiões que possuíam o setor de serviço, de comércio e/ou a indústria
como ramos básicos não concentravam a agricultura e nem o setor público; por outro lado,
aquelas que tinham a agricultura como motor da economia possuíam também o setor público
como fomentador do dinamismo local. Essa constatação visual é comprovada ao analisar a
(a)
(b
)
(d
)
(c
)
(e
)
29
Tabela 1, verificando-se uma correlação positiva entre a agricultura e o setor público e uma
relação negativa entre essas duas e o setor de serviço, a indústria e o comércio.
É importante ressaltar que, ao fazer a correlação entre o PIB per capita dos
paranaenses e o valor do QL obtido em cada microrregião para cada setor, encontrou-se uma
relação negativa para com a agricultura e para com o setor público e uma correlação positiva
para com o setor de serviços, não sendo significativa essa associação para os demais setores
(Tabela 1). Relacionado o tamanho da população com todos os ramos analisados, observou-se
que quanto maior é a concentração populacional maior é a importância do setor de serviço e
de comércio na dinâmica econômica e quanto menor é a população de uma microrregião mais
sobre-representada está a agricultura e o setor público, destacando que a população não possui
nenhuma relação com a localização da indústria. Assim, por meio desses resultados pode-se
inferir que quanto maior é a população de uma microrregião, maior é a importância do setor
de serviço como padrão de localização e mais elevado tende a ser o PIB per capita auferido;
ao contrário, microrregiões que concentram a agricultura e/ou o setor público tendem a ter
uma menor população e um menor PIB per capita, e vice-versa.
Tabela 1: Correlação de Spearman entre o PIB per capita, a população, e o QL da indústria,
serviço, agricultura, comércio e administração pública – microrregiões paranaenses – 2006
Variáveis PIB per
capita
Popula-
Cão
Agricul-
tura
Serviço Indústria Comer-
Cio
Administração
Pública
PIB per capita 1
População 0,5* 1
Agricultura -0,5* -0,6* 1
Serviço 0,6* 0,5* -0,8* 1
Indústria 0,2 0,3 -0,5* 0,2 1
Comércio 0,1 0,4* -0,7* 0,5* 0,3 1
Administração pública -0,7* -0,7* 0,7* -0,6* -0,4* -0,5* 1
Fonte: Resultado da Pesquisa
Nota: * significativo a 5%.
2.3 Considerações Finais
O objetivo deste capítulo foi descrever, resumidamente, as características
econômicas das microrregiões paranaenses. Assim, diante das evidências empíricas
analisadas, infere-se a existência de diferenças internas significativas no Paraná neste início
do século XXI. No campo populacional, a maioria localizava-se em poucas microrregiões,
30
sendo essas as que mais cresceram no período 1999-2006, concentrando ainda mais a
população em poucos pontos do Estado.
Além disso, poucas microrregiões contribuíram, em termos absolutos, para
formar o PIB estadual, enfatizando que em termos per capita, existe um forte indicativo de
que aquelas microrregiões com as maiores densidades demográficas foram exatamente as que
mais elevaram o seu PIB per capita. Em termos de crescimento, sua evolução foi bastante
desigual entre as microrregiões, observando uma relação negativa entre a taxa de crescimento
do PIB per capita e o seu valor absoluto, o que, por um lado, é um bom indicativo quanto à
convergência de renda no Estado.
Por fim, a análise quanto à distribuição das atividades ao longo do Estado
evidenciou que a localização do emprego estava ancorada essencialmente no setor primário e
na administração pública, ao contrário do setor de serviços, que apresentou um padrão de
localização bastante restrito. E é exatamente esse setor, mais concentrado, que possuía uma
correlação positiva com o PIB per capita, em contramão do setor primário e da administração
pública, cuja relação indica que um aumento da sua importância numa economia corresponde
a um PIB per capita relativamente menor, e vice-versa.
E é diante dessas diferenças regionais existentes no Paraná, com a
concentração da dinâmica econômica em alguns pontos, que se tem um cenário propício para
analisar se o capital humano existente em cada microrregião é um elemento importante para a
determinação da sua consequente taxa de crescimento econômico, ponto este que é o centro
deste trabalho.
31
3 AS TEORIAS E ANÁLISES ACERCA DO CAPITAL HUMANO
Este capítulo tem por objetivo apresentar, teoricamente, o capital humano e
suas relações com o crescimento econômico, enfatizado certas questões que serão abordadas
ao longo de todo o trabalho. Por isso, na primeira seção definiu-se o que é capital humano e
discutiu-se a relação existente entre o seu investimento e a busca por retornos futuros maiores.
Na sequência, apresentou-se a importância do capital humano na
determinação do nível tecnológico de uma economia, principalmente no que se refere ao
processo de difusão de tecnologia. Para isso, abordaram-se, basicamente, os dois modelos de
Nelson e Phelps (1966), nos quais, o capital humano tem um papel decisivo no processo de
difusão.
Por fim, a última seção relacionou o capital humano com o crescimento
econômico, discorrendo sobre as contribuições de Mankiw, Romer e Weil (1992), Romer
(1990a) e Lucas (1988). O primeiro modelo apresentado investiga as consequências da
inserção da acumulação de capital humano no modelo de Solow (1956) e a sua relação com o
crescimento econômico. No modelo Romer (1990a), o capital humano e a tecnologia são
tidos como fontes geradoras de crescimento, destacando que a quantidade de recursos e de
capital humano que é aplicado na pesquisa determina positivamente a taxa de crescimento
econômico de uma sociedade. Finalmente, no modelo Lucas (1988) o capital humano é
introduzido diretamente como um fator que induz o crescimento econômico, ressaltando que o
retorno externo é o principal diferencial entre o investimento em capital físico e o
investimento em capital humano.
3.1 Capital Humano e Rendimentos
Não consenso entre os economistas acerca do que é o capital humano,
todavia, em todas as análises se observa um ponto comum: qualquer fator que aumente o
retorno do trabalho, que aumente a produtividade, é entendido como capital humano, tornando
a definição significativamente ampla. Assim, a elevação da produtividade da mão-de-obra
seria o maior benefício de se investir em capital humano, uma vez que com ele é possível
ampliar o nível de conhecimento e de habilidades de toda uma sociedade. Para Schultz
32
(1961), a educação formal, a capacitação, a experiência, a própria alimentação, a saúde, a
migração (visando tirar proveito de melhores oportunidades de trabalho), o ambiente familiar,
cultural e a sociedade onde se vive, formam o capital humano de um indivíduo
11
.
Como o capital humano é parte do homem, ele torna-se um fator de
produção de propriedade intransferível, sendo humano por estar configurado no homem e
capital por ser uma fonte de satisfação futura ou por vislumbrar futuros rendimentos. Como é
de propriedade e titularidade intransferível, segue o seu proprietário e lhe assegura
determinado poder de barganha, tornando-se um insumo de “conhecimento”, rompendo com o
paradigma de que a mão-de-obra é um mero fator produtivo homogêneo, facilmente
substituível (PIRES, 2005).
Neste sentido, Becker (1962) argumenta que a teoria do comportamento da
empresa não focaliza o efeito da produtividade do trabalhador no processo produtivo,
destacando que a rentabilidade da mão-de-obra pode ser elevada a partir do momento em que
o trabalhador aprende as novas habilidades, aperfeiçoa as antigas ou, por meio de outros
mecanismos, majora o seu capital humano. Essa tendência da força de trabalho emergir como
uma mercadoria cujo preço depende cada vez mais das habilidades adquiridas, faz com que os
trabalhadores encarem cada vez mais a capacitação como a senha necessária para o ingresso e
para a permanência no mercado de trabalho. Da mesma forma, a possibilidade das empresas
afetarem suas receitas futuras por meio do seu comportamento no presente
12
, cria uma
conexão entre receitas no presente, no futuro e suas despesas.
Ressalta-se que em cada período os agentes recebem renda do seu trabalho e
também dos ativos que possuem. Em geral, parte dessa renda é usada tanto para as despesas
com bens de consumo como também para investimento em instrução formal
13
. Além de
decidir entre consumo e investimento, cada agente determina qual a fração do capital humano
que será alocada na instrução formal em detrimento do trabalho, aumentando o seu capital
humano e, consequentemente, sua renda futura (TENANI, 2004). Portanto, a formação do
capital humano possui custos diretos, referente a toda forma de investimento monetário feito
pelo agente, e indiretos, referindo-se ao custo de oportunidade.
11
No caso da saúde, ela tem um efeito quantitativo (crescimento populacional) e também
um efeito de aumentar a qualidade dos recursos humanos. A alimentação também é um fator de qualidade em
países subdesenvolvidos, ressaltando, porém, que o seu efeito diminui à medida que aumenta o seu consumo,
chegando a um ponto que qualquer adicional se torna puro consumo. Schultz (1960) argumenta que é possível
que o setor de saúde também tenha essa característica.
12
Por meio, por exemplo, do fornecimento de treinamento.
13
Considerado como escolaridade e treinamento.
33
Becker (1962), de forma bastante perspicaz, infere que essa formação do
capital humano não necessariamente precisa ser custeada somente pelo trabalhador. Ele faz
uma analogia considerando dois extremos: de um lado, quando é o trabalhador quem tem o
retorno da instrução formal, e de outro, quando é a empresa que fica com esse retorno.
Se a escolaridade, a aquisição de informações, e o próprio treinamento
(dentre outros fatores) elevam a produtividade do trabalhador, e essa mão-de-obra pode ser
alocada em diferentes firmas, então as empresas passam a não ter incentivos para investir na
formação do capital humano de seus empregados, devido à ausência de garantia de que terão
o retorno de tal investimento, considerando que as firmas sempre teriam perdas de capital se
seus trabalhadores fossem para outras empresas. Neste caso, a formação do capital humano
tende a ser paga pelos próprios trabalhadores, que tem um custo no presente (direto e
indireto), visando aumentar o seu rendimento no futuro.
Por outro lado, se o retorno do aumento da produtividade for capturado
apenas pelas empresas, na forma de lucros futuros maiores, é a empresa que tende a pagar os
custos dessa formação de capital. Esse efeito do investimento na produtividade do empregado,
especialmente no caso do treinamento, dependerá da condição de mercado e da natureza do
investimento: se o mercado de trabalho é perfeitamente competitivo, torna-se mais difícil ter-
se investimento por parte da empresa no seu trabalhador; agora, se a empresa é monopsonista
dessa mão-de-obra, praticamente todo investimento será realizado por ela. Becker (1962)
ressalta que essa decisão referente a investir no capital humano do empregado depende,
fundamentalmente, se o retorno esperado é maior do que o custo presente desta formação.
Assim, considerando apenas o treinamento custeado pelas empresas, Becker
(1962) argumenta que elas podem prover tal treinamento lucrativamente se as suas receitas
futuras forem suficientemente elevadas ou se as despesas futuras forem suficientemente
diminuídas. Ou seja (3):
Em que R é a receita, E é o custo (direto e indireto), n é o número de períodos e i é a taxa de
juros.
(3)
34
No caso do trabalhador, a mesma analogia se faz, essencialmente, quando se
considera a formação de capital humano como um investimento
14
, no qual o objetivo principal
está na obtenção de rendimentos futuros maiores.
Considerando a Figura 9, relacionando salário com a idade, Becker (1962)
supõe que uma pessoa sem treinamento recebe o mesmo salário independente da sua idade
(UU). Pessoas com treinamento recebem salários (líquido) mais baixo que UU no período
inicial, dado o custo do treinamento, tendo salários mais altos à medida que avança a idade,
em virtude do retorno do treinamento (TT), apresentando uma curva mais íngreme do que a
das pessoas “destreinadas” (por causa da recuperação do investimento) e mais côncava, dado
que a taxa de salário é afetada numa magnitude maior quando mais jovem do que em idades
mais avançadas. Mincer (1958), seguindo essa mesma linha de análise, infere que quanto mais
alto é o treinamento formal (treinamento e escolaridade), mais alto é o nível salarial e mais
íngreme é a curva idade-salário; porém, diferentemente de Becker (1962), Mincer (1958)
considera que uma pessoa que trabalha também pode elevar o seu salário à medida que se
tenha mais idade, em razão da experiência adquirida no trabalho (ou seja, a curva UU não
seria horizontal, mas seria ligeiramente inclinada, curva UU’). Contudo, independente de se
considerar um ganho salarial com o passar da idade, o que fica nítido tanto na análise de
Becker (1962) como na de Mincer (1958) é que trabalhadores com um treinamento formal
auferem, no geral, salários mais altos.
Figura 9: Relação entre salário e idade de pessoas com e sem treinamento
Fonte: Becker (1962, p.15) e Mincer (1958, p.289)
14
Ressalta-se que isso se aplica no caso de formação de capital humano como investimento,
tendo em vista que Pires (2005) enfatiza que a formação do capital humano pode ser vista tanto como um tipo de
consumo, na qual proporciona satisfação a quem com ela se deleita, ou como uma espécie de investimento,
realizada com o objetivo principal de adquirir capacitação, assegurando satisfação futura ou incrementos nos
rendimentos futuros, na expectativa de se obter retornos maiores do que os gastos que nela se aplica, correndo
riscos e abrindo mão do próprio consumo e de outras oportunidades de investimentos no presente.
35
3.2 Capital Humano e Tecnologia
Segundo Nelson e Phelps (1966), é consenso entre muitos economistas o
argumento de que o aumento da escolaridade de uma pessoa eleva a sua habilidade para
receber, decodificar e entender informações, e isso é extremamente relevante no processo de
aprendizagem e de execução de diversos trabalhos. O próprio Schumpeter (1976) infere que a
inovação tecnológica é o principal elemento da competição capitalista
15
, de tal forma que não
se teria espaço para unidades produtivas que não fossem inovadoras, necessitando cada vez
mais de capital humano, mão-de-obra com capacidade para criar, inovar e não apenas para
executar tarefas rotineiras, de baixa qualificação.
Em funções rotineiras (como, por exemplo, a montagem de veículos), a
forma de se trabalhar permanece praticamente constante ao longo do tempo, mas, Nelson e
Phelps (1966) argumentam que mesmo nestes gêneros de trabalho, a instrução formal é
importante para que se domine o processo e se tenha habilidades suficientes para desenvolver
tal atividade. Em outras funções inovadoras, que se exige um melhoramento contínuo da
tecnologia, a escolaridade é especialmente importante dada a necessidade de constante
adaptação à mudança, em que o crucial é aprender e entender as novas tecnologias.
De forma geral, Nelson e Phelps (1966) argumentam que a teoria do
crescimento econômico se concentrou implicitamente no papel que a instrução formal tem
sobre os trabalhos rotineiros. Em síntese, a teoria postula uma função de produção na qual a
produção depende do capital tangível e do trabalho efetivo. Esta especificação assume,
portanto, que as pessoas com uma instrução elevada são substitutas perfeitas das pessoas com
menor grau de escolaridade, ou seja, que a taxa marginal de substituição técnica entre elas é
constante. Nelson e Phelps (1966) concordam que pessoas com um grau de formação mais
elevado conseguem conduzir atividades que não requerem tanta instrução formal, porém,
existem perdas por se estar alocando desta forma a mão-de-obra. E é neste intuito que os
autores desenvolveram dois modelos, nos quais, a instrução formal tem um retorno positivo
somente se a tecnologia estiver melhorando.
A hipótese básica de Nelson e Phelps (1966) em ambos os modelos é a de
que, numa economia tecnologicamente progressiva, a administração da produção é uma
função que requer adaptação para a mudança, em que, quanto mais qualificado for o gestor,
15
Empurrando o sistema para um intermediário processo de destruição criadora
36
mais rápido ele introduz técnicas novas de produção. Por hipótese, considera-se que, pessoas
qualificadas são bons inovadores, de forma que a velocidade da instrução formal resulta no
processo de difusão tecnológica
16
. Os autores assumem a seguinte função de produção (4):
Q(t) = F (K(t), A(t) L(t)) (4)
Em que Q é a produção; K é o capital, L é o trabalho e A é o nível tecnológico “em prática”.
Nelson e Phelps (1966) supõem que o progresso tecnológico está disponível
para todos, contudo, esse progresso não necessariamente é adquirido por todos (a difusão
depende do capital humano). Além disso, os autores introduzem a noção de fronteira
tecnológica
17
, T(t), considerando que esta avança exogenamente a uma taxa exponencial
constante, λ.
No primeiro modelo, os autores consideram que o nível tecnológico de uma
região depende da sua distância com relação à fronteira tecnológica e do seu capital humano
(5), assumindo que quanto maior for o capital humano (h) da região, mais perto da fronteira
tecnológica ela se encontra (ou seja, w(h) é função decrescente de h).
A(t) = T(t – w(h)) (5)
O nível tecnológico em prática iguala o da fronteira tecnológica w anos
atrás. Reescrevendo (6),
A(t) = T
0
e
λ(t-w(h))
(6)
Pode-se inferir que o A(t) cresce na mesma proporção que o da fronteira
tecnológica e ele é uma função crescente de h, em que, com o aumento de h diminui a
defasagem do nível tecnológico da região em relação ao da fronteira
18
. Mesmo que o capital
humano fique constante, o A(t) da região aumenta conforme eleva-se o nível tecnológico da
fronteira. Derivando A(T) em relação a h tem-se (7):
16
Os autores citam como exemplo o caso dos agricultores dos Estados Unidos, em que, os
que possuem um alto nível de ensino tendem a adotar inovações produtivas mais cedo do que os com menos
instrução. Isso ocorre porque os agricultores mais instruídos conseguem mais facilmente visualizar ex ante um
maior retorno esperado de determinada inovação, além do que o risco também tende a ser menor dado que eles
são mais capazes de diferenciar idéias com uma maior tendência de sucesso das demais. os agricultores com
menor grau de instrução demoram para introduzir uma nova técnica, efetivando-as quando possuem
evidências concretas de sua rentabilidade.
17
É definido como sendo o melhor nível tecnológico que prevaleceria se a difusão
tecnológica fosse completamente instantânea. Ele mede a carga de conhecimento ou de técnica que está
disponível aos inovadores.
18
T
0
é a tecnologia da fronteira no período inicial.
37
ə A(t) = - λ w’(h) T
0
e
λ(t-w(h))
(7)
ə h
Ou seja, o capital humano só é efetivo se tiver uma economia dinâmica; se a
economia é estagnada (em termos tecnológicos), não adianta ter-se aumento do h que não se
terá aumento do nível tecnológico.
Nelson e Phelps (1966), no segundo modelo, assumem que a taxa de
crescimento do nível tecnológico de uma região depende do capital humano e da sua distância
com relação à fronteira tecnológica (8)
19
.
Å(t) = Φ(h) [T(t) –A(t)] (8)
A(t) A(t)
Em que: Φ(0) = 0 e Φ’(h) >0
O aumento do h afeta a taxa de crescimento do nível tecnológico e esse
crescimento é proporcional à distância que a região se encontra da fronteira. A elevação de h
aumenta a taxa de difusão tecnológica e, consequentemente, passa-se de um nível de
tecnologia para outro ao longo do tempo, enfatizando que esta difusão não ocorre
instantaneamente. Destaca-se ainda que quanto mais próximo a região estiver da fronteira
tecnológica, menos tende a crescer o seu nível tecnológico.
Quando a economia chega ao estado estacionário, o nível tecnológico cresce
a uma taxa constante, λ. Assim, após algumas transformações algébricas tem-se (9).
A*(t)= Φ(h) . T
0
e
λt
(9)
Φ(h) + λ
Ressalta-se, ainda, que quanto maior for o h, maior é o Φ (h) e mais
próximo da fronteira tecnológica se está; quanto menor for o h, menor é o Φ (h) e mais longe
se está da fronteira tecnológica. Ou seja, a distância da fronteira tecnológica é dada por (10):
T(t) –A*(t) = λ (10)
A*(t) Φ(h)
No primeiro modelo viu-se que a produtividade marginal da educação é
uma função crescente de λ e positiva se λ >0. Isso também é verdade no segundo modelo. A
equação (11) mostra que a elasticidade do nível tecnológico em prática em relação ao capital
humano aumenta em λ.
19
É importante ressaltar que a grande diferença do primeiro modelo para o segundo é que
neste último a difusão tecnológica não é instantânea, ocorrendo ao longo do tempo.
38
+
=
λφ
λ
φ
φ
)()(
)('
)(*
)(*
hh
hh
tA
h
h
tA
(11)
Nos dois modelos, Nelson e Phelps (1966) concluem que a taxa de retorno
da educação é maior quanto mais avançada tecnologicamente for a economia.
Benhabib e Sppiegel (2002), analisando o segundo modelo de Nelson e
Phelps (1966), inferem a existência de dois postulados importantes: 1º) enquanto o
crescimento da fronteira tecnológica, T(t), reflete uma taxa na qual são feitas novas
descobertas, o crescimento de A(t) depende da implantação dessas descobertas e varia
positivamente com a distância entre a fronteira tecnológica e o vel tecnológico em prática;
2º) que a distância entre a fronteira tecnológica e o nível tecnológico em prática depende do
nível de capital humano. Benhabib e Sppiegel (2002) analisaram empiricamente essas
proposições e concluíram que: o capital humano é um facilitador das inovações, conforme foi
predito pela teoria; países com níveis de capital humano baixo tendem a ficar, com o passar
do tempo, mais afastados da fronteira tecnológica em relação ao seu A(t); países que têm
baixo nível tecnológico em prática em relação à fronteira tecnológica e baixo nível de capital
humano têm, proporcionalmente, baixo crescimento e o capital humano tem um papel
positivo na determinação da taxa de crescimento do A(t) por influência do catch up
20
.
Foster e Rosenzweig (1996), buscando descrever o período da Revolução
Verde na Índia e relacionando as mudanças tecnológicas ocorridas neste período com a
escolaridade do país, encontraram resultados bastante semelhantes aos do modelo de Nelson e
Phelps (1966). Os resultados de Foster e Rosenzweig (1996) indicam que os retornos para a
escolaridade (primária) são afetados por mudança tecnológica, em que, o os retornos da
escolaridade se elevam com a mudança tecnológica, mas, também, os retornos aumentam a
uma taxa mais alta nas áreas que crescem mais rapidamente. Segundo os autores, esse
resultado advém porque indivíduos mais instruídos são capazes de administrar as novas
tecnologias ou aderem a essas inovações mais cedo do que os agentes com menos
escolaridade. Neste contexto, a distribuição inicial do capital humano intervém nas taxas
subsequentes do crescimento econômico.
Um segundo resultado encontrado é que mudanças tecnológicas resultam
em maiores investimentos privados na educação. Áreas que cresceram mais rapidamente se
20
Ressalta-se que essa suposição que Nelson e Phelps (1966) fizeram sobre o A de uma
região depender da sua distância tecnológica em relação à fronteira tecnológica e do seu capital humano,
hipótese testada por Benhabib e Sppiegel (2002), foi igualmente testada neste trabalho, conforme especificado na
metodologia.
39
beneficiaram do aumento no nível de escolaridade, da remuneração salarial, do acúmulo de
riquezas e da disponibilidade de escolas. Outro resultado: como o aumento na disponibilidade
de escolas na Índia, aumentou-se o nível de educação. Isso insinua que os baixos níveis de
educação no país em 1971 não eram simplesmente resultados do baixo retorno da educação.
Juntando esses dados ao fato de que os retornos da mudança tecnológica são mais altos para
níveis de escolaridade maiores, este resultado sugere que o investimento público na infra-
estrutura da educação tem um importante efeito no crescimento
21
.
Por fim, Foster e Rosenzweig (1996) concluem que nem o investimento na
educação é mais importante que o investimento em mudança técnica, e que nem o
investimento em mudança técnica é mais importante que o investimento em educação. Pelo
contrário, a evidência empírica sugere que as políticas que resultam em maior mudança
tecnológica devem ser complementares com crescentes investimentos na educação. Ou seja,
os retornos do investimento em mudanças tecnológicas serão, em geral, maiores quando a
escola for acessível, e os retornos do investimento em educação serão mais altos quando a
mudança tecnológica for mais rápida.
3.3 Tecnologia, Capital Humano e Crescimento Econômico
Possas (2005) argumenta que as divergências quanto ao crescimento
econômico e a renda per capita dos países, oriundas, supostamente, da distribuição não
uniforme das oportunidades tecnológicas e das fontes de progresso tecnológico, fizeram com
que o maistream neoclássico, a partir dos anos de 1980, se interessasse pelas relações
existentes entre o desenvolvimento tecnológico e o crescimento econômico. O autor alega que
esses novos modelos, de forma geral, apresentam alguns pontos em comum: tentam superar a
ocorrência de rendimentos decrescentes dos fatores de produção convencionais,
especialmente do capital; introduzem rendimentos crescentes na função de produção
agregada, associados ao conhecimento ou ao capital humano e incluem mecanismos capazes
de gerar progressos tecnológicos endógenos, geralmente os mesmos que geram rendimentos
crescentes.
21
Foster e Rosenzweig (1996) argumentam que como a localização das escolas influencia a
taxa de matrícula e como na Índia foram construídas escolas em áreas de alto crescimento, a política pública
reforçou as desigualdades do crescimento regional no país.
40
Para o autor, a persistência do atraso e do gap tecnológico existente nos
países em desenvolvimento se dá principalmente pela sua baixa eficiência dinâmica quanto ao
crescimento industrial, entendido como a capacidade de incrementar de forma sustentada a
produtividade e a competitividade industrial, além da reduzida taxa de acumulação
tecnológica na indústria, associada à insuficiência de sua acumulação e capacitação intra-
firmas, da infra-estrutura institucional e educacional e da capacidade de adaptar tecnologias
importadas.
Solow (1956), no final dos anos de 1950, analisou os elementos clássicos do
crescimento econômico (o estoque dos fatores capital e trabalho) e observou que o
crescimento não poderia ser explicado apenas recorrendo ao crescimento do capital e do
trabalho. Com isso, estabeleceu-se que havia outras fontes de crescimento econômico. O
conjunto destas outras fontes denominou-se de “resíduo de Solow”.
Na formulação da teoria do crescimento de Solow (1956), o conhecimento
tecnológico ganhou papel central, mas foi considerado elemento exógeno ao modelo. A partir
da nova teoria de crescimento, estabelecida principalmente por Romer (1990a), é que o
conhecimento passou a ser considerado como elemento explícito na teoria econômica. Até
então o conhecimento era considerado como variável externa à teoria econômica, embora
houvesse vários autores que supusessem o seu efeito sobre a produtividade do trabalho.
Neste contexto, a análise de alguns autores que relacionam crescimento
econômico, capital humano e/ou tecnologia é analisada na sequência.
3.3.1 O Modelo de Mankiw, Romer e Weil (1992)
22
No trabalho desenvolvido por Mankiw, Romer e Weil (1992), os autores
partem do modelo de Solow (1956), analisando-o empiricamente e, na sequência, melhoram-
no, acrescentando a acumulação de capital humano. Por isso, apresenta-se, inicialmente, o
modelo de Solow (1956) para que, a partir dele, formule-se o modelo de Mankiw, Romer e
Weil (1992).
22
Enfatiza-se que essa seção começou pela análise do modelo de Mankiw, Romer e Weil
(1992) tendo em vista que eles partem do modelo de Solow (1956), ampliando-o, acrescentando a acumulação de
capital humano. Assim, para o entendimento do modelo dos autores é necessária a apresentação razoavelmente
sucinta do modelo de Solow (1956). Como o modelo de Romer (1990a) e de Lucas (1988) também iniciam
abordando o modelo de Solow (1956), então, a apresentação ex ante do modelo de Mankiw, Romer e Weil
(1992) facilita o entendimento dos dois modelos que se seguem.
41
3.3.1.1 O modelo de Solow (1956)
Este modelo tinha por objetivo explicar a variação do crescimento
econômico entre os países. Tal modelo considera que as taxas de poupança (s), de
crescimento populacional (n) e do progresso tecnológico (g) são exógenas, além do que, a
função de produção adotada, do tipo Cobb-Douglas (12), possui dois insumos (capital e
trabalho), com a produção variando ao longo do tempo.
Y(t)
= K(t)
α
[(A(t) L(t)]
1-α
(12)
Em que 0<α<1; K é o capital físico; Y é a produção; A é a tecnologia e; L é o trabalho,
ressaltando que:
nt
eLtL )0()( = (13)
gt
eAtA )0()( = (14)
Em que L(0) é a população inicial e A(0) é a tecnologia no momento inicial.
Além disso, o modelo assume que o número de unidades efetivas de
trabalho, AL, cresce a uma taxa n+g, considerando que uma fração, s, do produto é investida
na economia, tendo k (15) e y (16) como sendo:
ALKk /
=
(15)
ALYy /
=
(16)
A dinâmica do modelo de Solow (1956) é exatamente a equação de
acumulação de capital, a qual é dada por (17), em que δ consiste na depreciação do capital.
)()()()( tkgntsytk
δ
++=
&
(17)
)()()()( tkgntsytk
δ
α
++=
&
(18)
Considerando a equação (12) em unidades efetivas, tem-se que (19):
y = k
α
(19)
Assim, substituindo (19) em (17), e admitindo que no estado estacionário
=0, tem-se (20).
42
[
]
α
δ
++=
1/1
)/(* gnsk (20)
Apropriando (20) em (19) e considerando o produto não em unidades
efetivas, mas sim por trabalhador e aplicando o logaritmo na mesma expressão, chega-se a
(21).
)ln(
1
)ln(
1
)0(ln
)(
)(
ln
δ
α
α
α
α
++
++=
gnsgtA
tL
tY
(21)
Ressalta-se que a taxa de crescimento de A é a mesma para todos os países,
porém, existe uma diferenciação desse A(0)
que pode ser outros elementos como, por
exemplo, as instituições de cada país, o clima, a dotação de recursos, etc. Assim:
ε
α
+
=
)0(ln A (22)
Em que o
α
é termo comum entre os países e є representa a especificidade.
Substituindo (22) em (21), obtém-se (23) que é a equação empírica básica
do modelo de Solow (1956).
εδ
α
α
α
α
α
+++
+=
)ln(
1
)ln(
1
ln gns
L
Y
(23)
3.3.1.2 Modelo de Solow Ampliado
Mankiw, Romer e Weil (1992), examinando empiricamente o modelo (23),
verificaram que a taxa de poupança e de crescimento populacional afeta a renda dos países na
direção que Solow (1956) enunciou, contudo, observaram que o modelo não prediz
corretamente a magnitude do efeito dessas duas variáveis (superestimando-as). Segundo os
autores, a exclusão do capital humano tornou a influência da poupança e do crescimento
populacional excessivamente grande, e isso se deu basicamente em virtude de dois motivos:
primeiro, para qualquer nível de capital humano, um maior nível de poupança ou uma menor
taxa de crescimento populacional representa um aumento na renda e, consequentemente, uma
elevação no nível de capital humano; segundo, considerando que o capital humano pode estar
43
correlacionado com a taxa de crescimento da poupança e da população, então, a sua omissão
tenderia a aumentar a influência dessas outras duas variáveis.
Diante disso, eles incluíram no modelo de Solow (23) a acumulação de
capital humano, obtendo a equação Cobb-Douglas (24).
Y(t)
= K(t)
α
H(t)
β
[A(t) L(t) ]
1-α-β
(24)
Considerando que 0<α<1; 0<β<1; 0<α+β<1 e; H é o capital humano;
O capital físico e o capital humano apresentam retornos decrescentes e, por
isso, no longo prazo, eles não constituem o motor do crescimento. A tecnologia continua a ser
o motor
23
, porém, ela não é defina por ela mesma (continua a ser exógena). O capital humano
entra de uma forma bastante simples no crescimento da renda, não considerando o seu efeito
sobre A, a qual a estimação encontra-se em ε.
A equação de acumulação de capital físico e do capital humano é dada por
(25) e (26), respectivamente.
)()()()( tkgntystk
k
δ
++=
&
(25)
)()()()( thgntysth
h
δ
++=
&
(26)
Em que h é igual a H/AL.
No estado estacionário e, considerando (24) em termos de
unidades efetivas, tem-se (27) e (28).
βα
ββ
δ
++
=
1/(1
1
*
gn
ss
k
hk
(27)
βα
αα
δ
++
=
1/(1
1
*
gn
ss
h
hk
(28)
Substituindo (27) e (28) em (24) e aplicando ln, obtém-se (29).
)ln(
1
)ln(
1
)ln(
1
)0(ln
)(
)(
ln
hk
ssgngtA
tL
tY
βα
β
βα
α
δ
βα
βα
+
+++
+
+=
(29)
Essa equação mostra como a renda per capita depende do crescimento
populacional e da acumulação de capital físico e humano. Empiricamente, Mankiw, Romer e
23
Da mesma forma que no modelo de Solow (1956).
44
Weil (1992), utilizando como proxy para a taxa de acumulação do capital humano dados
acerca da escolaridade de diferentes países, com informações oriundas da Unesco, para o
período 1960-1985, encontraram como resultado que a acumulação de capital físico influencia
a renda per capita, destacando que quanto mais alta for a taxa de poupança de uma economia
mais significativa é a sua relação com a renda e com a acumulação de capital humano. Além
disso, o crescimento populacional também afeta positivamente a renda e, principalmente,
observaram que o capital humano é significativamente importante para a mensuração da renda
per capita dos países. Neste contexto, a inclusão do capital humano no modelo de Solow
(1956) aumentou a explicação das variáveis de 59% para 78% para a economia mundial,
enfatizando que, a sua omissão implicaria em se ter uma estimação econométrica viesada dos
coeficientes.
3.3.2 O Modelo de Romer (1990a)
Romer (1990a) parte da função de produção de Solow (1956), na qual a
produção de uma economia é determinada pelo seu estoque de capital, por sua força de
trabalho e pelo conhecimento tecnológico que o trabalhador possui, ressaltando que esse
conhecimento é próprio do trabalhador. O autor parte de três premissas:
1) Progresso tecnológico, juntamente com a melhoria do conhecimento,
utilizado para combinar diferentes matérias-primas, constitui o
motor do crescimento econômico;
2) O progresso tecnológico depende, pelo menos parcialmente, das
ações dos agentes que reagem a incentivos, e, portanto, a mudança
tecnológica é endógena ao modelo e não exógena;
3) A característica da tecnologia é a de ser um bem não rival e
parcialmente excludente (e, a partir dessa premissa, têm-se
incentivos para se investir em tecnologia).
A segunda premissa implica que a mudança tecnológica ocorre porque as
ações dos agentes são conduzidas pelo seu auto-interesse, de modo que, melhorias
tecnológicas devem conferir benefícios que são, pelo menos parcialmente, exclusivos. E,
dessa segunda premissa, tem-se como resultado a tecnologia ser um bem não rival e
parcialmente excludente. A rivalidade e a exclusividade estão intimamente ligadas, tendo em
45
vista que não há possibilidade de um bem ser rival e ao mesmo tempo não excludente, ou seja,
para um bem rival, a capacidade de usá-lo implica, necessariamente, a possibilidade de
excluir o seu uso por outras pessoas. Portanto, a primeira premissa implica que o crescimento
é impulsionado fundamentalmente pela acumulação de um bem parcialmente excludente e
não rival. Neste sentido, o design, o projeto de um novo bem, é um bem não rival, mas a
habilidade, a capacidade de criá-lo não é, dado que, a habilidade de criar está intrinsecamente
vinculada a um objeto físico (corpo humano), ao contrário do design.
Neste contexto, a rivalidade significa que o capital humano é também
exclusivo. Assim, o capital humano pode ser provido privadamente e transacionado em
mercados competitivos, contrariamente, o design é não rival, independe de qualquer objeto
físico, podendo ser copiado e utilizado em atividades diferentes sem custos adicionais
24
.
Romer (1990a) argumenta que no modelo de Solow (1956) a tecnologia é
um bem público e não rival. Segundo o autor, este modelo é compatível com a primeira
premissa, na qual a mudança tecnológica é o condutor da economia, e é compatível com a
terceira premissa, mas não com a segunda, negando o papel dos agentes privados quanto ao
seu comportamento maximizador ao gerar mudanças tecnológicas. O autor afirma que a única
maneira de se ter as três premissas é retornar a sugestão de Schumpeter (1976) e introduzir o
poder de mercado e é isso que ele faz em seu modelo.
Assim, Romer (1990a), considerando quatro insumos de produção (capital
físico, trabalho qualificado, capital humano e tecnologia), separa a economia em três setores:
1ª) Produção de bens finais (concorrência perfeita)
.)(),,(
1
0
diixLHxLHY
YY
βα
βα
= (30)
Considerando que:
Y
é a produção final;
Hy
é o capital humano destinado à produção de bens
finais;
L
é o trabalho físico;
x
i
é o design do produto
i
(novo tipo de capital, por exemplo, uma
nova máquina).
Romer (1990a), visando simplificar o modelo, permite que o design,
x
i
,
entre de uma maneira separada e aditiva em (30), além do que, considera que o índice de
design seja uma variável contínua no tempo. Assim, se fosse produzido apenas um tipo de
x
i
,
ter-se-iam retornos decrescentes, contudo, quando se tem a produção de vários
x
i
o retorno
24
Uma vez que o custo de criação de um novo conjunto de conhecimento, tecnologia, tenha
sido efetuado, elas podem ser utilizadas sequencialmente sem custos adicionais.
46
marginal não é decrescente; isso porque, quando se tem um aumento de 100 unidades de x
1
para 200 unidades, Y aumenta à taxa decrescente; agora, quando se produz 100 x
1
e passa a
produzir também 100 unidades de x
2
, o impacto deste último sobre Y é igual a de x
1.
2ª) Produção de x (concorrência monopolística)
Cada x é produzido apenas por um produtor, em que, por ser concorrência
monopolística
25
, ele tem certo poder de mercado. Neste setor, produz-se uma grande
quantidade de bens (x
i
) que estão disponíveis para o uso da produção de bens finais. Destaca-
se que a função de produção desse setor é uma caixa preta, onde se entra com Y
i
26
e sai com
x
i
:
Y caixa preta x
i
sY
i
Ki x
i
Em que s é a taxa de poupança e K é capital (parte do produto destinado à produção de x
i
).
Assim, tem-se (31) e (32).
X
i
= 1 Y
i
(31)
Η
X
i
= 1 K
i
(32)
η
3ª) Produção de tecnologia (concorrência perfeita)
Por meio do setor de investigação (pesquisa) encontram-se novos bens
intermediários. As firmas que se ocupam com a investigação encontram novas idéias de bens
intermediários e elevam o número desses bens, disponibilizando-os para a produção dos bens
finais. Assim, a tecnologia entra diretamente na produção de novos x
i
(equação 31) e
indiretamente em (33).
Å
=
δ
H
A
A (33)
Levando em conta que: δ é o parâmetro de produtividade; HA
é o capital humano empregado
na pesquisa; A é o nível de tecnologia, considerando que seu preço (P
A
) é maior que zero.
25
O poder de mercado advém dado que cada produtor tem exclusividade da produção de
uma nova variedade de bens. Para o efeito, compram a patente do setor de P&D.
26
Y
i
é a parcela de Y destinado à produção de x
i
.
47
A produção de tecnologia depende da quantidade de capital humano
dedicado à pesquisa (H
A
) e depende também do estoque de conhecimento que está disponível
para o indivíduo fazer pesquisa (A). Assume-se que o capital humano e a tecnologia são
criados por ações conscientes no meio econômico. O capital humano torna-se fixo e sua oferta
é inelástica, através de sua alocação sob diferentes formas visando a sua determinação
endógena. A tecnologia é não fixa e o H
A
>0, podendo ser criado através da pesquisa gerada
pelo capital humano existente. Como δ e H
A
o positivos, a tecnologia pode crescer sem
fronteiras. Assume-se que a atividade de pesquisa é intensiva em capital humano e em
tecnologia, com nenhum capital e trabalho não qualificado engajado nesta atividade.
Dois pontos são fundamentais em (33): quanto maior é o capital humano
dedicado à pesquisa, tem-se uma taxa maior de produção de novos designs, e quanto maior é
o estoque de design e de conhecimento, maior é a produtividade de um engenheiro que
trabalha no setor de pesquisa. Assim, a descoberta passada de inovações também influencia a
quantidade de outras inovações.
A é o aspecto não rival da tecnologia e, como se vende o P
A
>0, o x
i
é a parte
excludente e é essa parte que dá incentivo para que se tenham novas tecnologias.
O conhecimento entra na produção de dois modos: um novo design entra na
produção de um novo bem que pode ser usado para produção de bens finais, ou um novo
design aumenta o estoque de conhecimento e assim aumenta a produtividade do capital
humano do setor de pesquisa. Desta forma, o conhecimento produzido é utilizado não
somente para aumentar a produtividade do setor de bens finais, mas, também, para elevar a
produtividade do setor de investigação.
O autor segue, apresentando a resolução e discussão do seu modelo.
Considerando que o preço do aluguel de x
i
é P
i
, então Romer (1990a) apresenta a
maximização dos lucros dos produtores de bens finais (34) visando identificar o quanto eles
demandariam de x
i
, exatamente para determinar qual seria esse P
i
.
[ ]
0
1
.)()()(max diixipixLH
Y
x
βαβα
(34)
Assumindo que H
y
e L são constantes e resolvendo (34), obtém-se (35).
βαβα
βα
= )()1()( ixLHip
Y
(35)
48
A maximização do lucro do produtor de x
i
será (36).
rnxxxp
x
= )(max
π
(36)
Destacando que
r
é o preço do
x
.
Substituindo (35) em (36) tem-se (37).
rnxixLH
Y
x
=
βαβα
βα
1
)()1(max
(37)
O resultado dessa maximização é:
)1/(
β
α
=
rnp (38)
Considerando que
)(tPde
A
t
rs
t
=
π
π
(39)
Diferenciando (39) em relação ao tempo se chega a (40)
27
.
A
Ptrt )()( =
π
(40)
Esta equação (40) diz que o excesso instantâneo de renda em relação ao
custo marginal é suficiente para cobrir o custo inicial do investimento de um design. O
fechamento do modelo requer especificar as preferências que insinuam uma relação paralela
entre a taxa de crescimento do consumo e a taxa marginal de substituição intertemporal (41).
dteCU
pt
0
)( com
σ
σ
=
1
1
)(
1
C
CU para
[
]
,0
σ
(41)
A estratégia para se ter um crescimento equilibrado do modelo é a de que as
variáveis
A
,
K
28
, e
Y
cresçam a taxas exponenciais constantes. No caso de
A
,
é possível que
cresça a uma taxa exponencial porque em (33)
Å
é linear em
A
, ressaltando que ele crescerá a
uma taxa constante se a quantia de capital humano (
H
A
) dedicado à pesquisa permanecer
constante. Tendo um caminho de crescimento equilibrado reduz-se o problema quanto aos
preços e salários, tendo em vista que
Hy
e
H
A
permanecem constantes da mesma forma que
Y
,
K
,
C
e
A
.
27
Por isso que este setor apresenta lucro normal.
28
Onde K é a parcela dos bens de capital utilizado para produzir um novo design.
49
Se A determina a gama de bens duráveis que podem ser produzidos na
economia e se η
ηη
η é a quantidade de unidades de capital requeridas por cada unidade de bem
durável, então, no estado estacionário, é possível resolver
x
da equação
xnAk
=
. Logo, a
produção de bens finais pode ser escrita como (42).
.)(),,(
1
0
diixLHxLHY
YA
βα
βα
=
βαβα
=
1
),,(
xALHxLHY
YA
βα
βα
=
1
),,(
nA
K
ALHxLHY
YA
11
)()()(),,(
+
=
βαβαβα
nKLAAHxLHY
YA
(42)
Da equação (42) observa-se que a produção cresce à mesma taxa como A se
L, Hy, e x forem fixos. Se x for fixo, então K tem que crescer à mesma taxa como A, dado
que o uso total de capital é nxA . Assumindo g como sendo a taxa de crescimento de A, Y, e
K e considerando que K/Y é constante, então a relação (43) também deve ser constante.
Y
K
K
K
Y
K
Y
C
&&
== 11 (43)
A taxa de crescimento de todas as variáveis, g, é dada por (44).
A
H
A
A
K
K
Y
Y
C
C
g
δ
=====
&
&&
&
(44)
Assim, a taxa de crescimento compatível com o estado estacionário é dada
por (44), em que, quanto maior é o capital humano aplicado à pesquisa maior tende a ser o
crescimento econômico do país e, consequentemente, o investimento em pesquisa conduzirá,
no longo prazo, a se ter um distanciamento entre os países, acarretando a existência de uma
divergência da renda per capita entre as economias.
3.3.3 O Modelo de Lucas (1988)
Segundo Lucas (1988), no modelo de Solow (1956) a tecnologia é um bem
não rival e não excludente, não sendo responsável pela diferença quanto à taxa de crescimento
50
econômico dos países. Desta forma, no estado estacionário, a taxa de crescimento tende a ser
a mesma para todas as economias, ressaltando que é a taxa de poupança (s) e de crescimento
populacional (n) quem determina o crescimento das nações, tendendo a chegar ao mesmo
estado estacionário (se s e n são iguais).
Contudo, Lucas (1988) diz que isso não é totalmente verdadeiro. Existe um
conhecimento geral que está livre, disponível para todas as economias, porém, nem todos
conseguem obtê-lo, em virtude de que a sua aquisição depende do conhecimento particular de
cada indivíduo. Desta forma, a tecnologia está livre, mas necessita de certo nível de capital
humano para entendê-la, para acessar essa tecnologia.
Por meio dessa argumentação, o autor prioriza o capital humano em relação
à tecnologia na determinação do crescimento econômico. Isso porque, como a tecnologia é
um bem público, acessível de maneira idêntica a todas as nações, não poderia explicar as
diferenças internacionais quanto ao crescimento econômico; ao contrário, o capital humano
ele é incorporado ao indivíduo, sendo propriedade individual. Assim, no modelo de Lucas
(1988) realça-se a importância da acumulação do capital humano para a determinação da
renda e para o crescimento econômico.
É importante destacar que por capital humano o autor entende como sendo o
nível de habilidade geral de cada indivíduo, de forma que um trabalhador com h(t) capital
humano equivale, em termos de produtividade, a dois trabalhadores com ½ h (t) capital
humano, ou a meio trabalhador com 2h(t).
Em seu modelo, o autor supõe existir N trabalhadores na economia, com
níveis de habilidade h, variando de zero ao infinito, admitindo que um trabalhador com
habilidade h dedica a fração u(h) do seu tempo de não-lazer para a produção, e 1 - u(h) para
acumulação de capital humano. Além disso, apresenta em seu modelo um papel dual para o
capital humano: a função interna (h), que está relacionada ao efeito individual do capital
humano, o qual afeta a produtividade de cada agente, e; a função externa (h
a
), que, dada a
união da produtividade de todos os fatores, gera externalidades na produção, com efeito de
transbordamento, responsável pela existência de uma taxa de crescimento positivo para a
produção per capita. Por simplificação, ele admite que todos os trabalhadores na economia
são idênticos e, neste caso, se todos os trabalhadores têm um nível de habilidade h, então a
mão-de-obra efetiva é dada por
N
e
= uhN
. Neste contexto, supondo que não existam
depreciação, nem setor público e que se trata de uma economia fechada, a função de produção
enunciada no modelo de Lucas (1988) é dada por (45):
51
[
]
γ
β
β
)()()()()()()()(
1
thtNthtutAKtKtctN
a
=+
&
(45)
Considerando que: N
t
é a quantidade total de trabalhadores; C
t
é o consumo por trabalhador;
K
t
é o valor total do capital físico; A
t
é o nível tecnológico, tido como constante; h
t
é o capital
humano de cada trabalhador em t (o autor faz a suposição de substitutos perfeitos, ou seja, um
indivíduo com o dobro de capital humano pode substituir dois indivíduos); u
t
é a quantidade
de tempo não lazer utilizada na produção de bens finais; h
at
é a quantidade média de capital
humano por trabalhador (efeito externo).
Se aumentar o capital físico e o capital humano por trabalhador dessa
economia, dado o efeito externo, tem-se um aumento mais que proporcional do produto (em
virtude do transbordamento do capital humano que mais que aumenta a produtividade).
Para completar o modelo, ele apresenta a função do capital humano, que é
expressa por (46).
))(1()()( tuGthth =
ξ
&
(46)
Em que 1-u
t
é o tempo não lazer destinado à acumulação de capital humano
Se:
ζ <1: a taxa de crescimento do capital humano tende a zero;
ζ = 1: a taxa de crescimento do capital humano é constante;
ζ >1: a taxa de crescimento do capital humano é explosiva.
Então, o autor faz a suposição de que ζ = 1 para se ter crescimento
equilibrado. Considerando G linear, tem-se (47).
))(1()()( tuthth =
δ
&
(47)
δ refere-se à eficiência no tempo alocado à acumulação de capital humano.
Portanto, a equação (47) assume que a produção de capital humano tem
como único fator o capital humano acumulado, existindo retornos constantes de escala.
Na presença do efeito externo h
a
(t)
γ
, a taxa de crescimento ótimo não
coincide com a taxa de crescimento de equilíbrio. Por um crescimento ótimo entende-se uma
escolha de K(t), h (t), H
a
(t), c(t) e u (t) que maximize a utilidade (48), sujeito a (47) e (45),
considerando h (t) = ha(t) para todo o t. Já, um caminho de crescimento equilibrado é mais
complexo de ser determinado.
52
[
]
dttNtce
pt
)(1)(
1
1
1
0
σ
σ
(48)
Primeiramente, considere que o indivíduo tem dois problemas de escolha
(maximização intertemporal): entre poupança (
s
) e consumo (
c
) e entre tempo destinado à
acumulação de capital humano e a produção. Ele tem duas variáveis de escolha que é o
c
e
u
,
em que, quando ele escolhe
c
ele determinou
s
e quando escolhe
u
determinou o tempo
destinado à acumulação de capital humano. Essas duas variáveis são, portanto, variáveis de
controle.
Usando a maximização intertemporal com restrição (hamiltonian):
),,,,,,(
21
tuchKH
θθ
O indivíduo maximiza sua utilidade por:
[
]
[ ]
)1()()1(
1
2
1
1
1
uhNchuNhAKc
N
++
=
δθθ
σ
γββσ
(49)
A condição de primeira ordem para esse problema é dada por (50) e (51).
1
θ
σ
=
c
(50)
hNhuNhAK
δθβθ
γββ
2
11
1
)()1(
=
+
(51)
O que significa que os bens devem ser alocados a fim de se ter iguais
valores, tanto para o consumo como para o investimento, e o tempo deve ser distribuído
igualmente para a produção e para a acumulação de capital humano. As taxas de mudança dos
preços
θ
1
e
θ
2
dos dois tipos de capital é dado por
γββ
βθρθθ
huNhAK
=
11
111
)(
&
(52)
)1()()1(
2
1
122
uhuNAK +=
+
δθγβθρθθ
γβββ
&
(53)
Derivando (50) em relação ao tempo, e considerando (50) e (52), obtém-se:
kthtNthtutAK
σρβ
γββ
+=
)())()()(()(
11
(54)
Como o capital deve crescer a uma taxa
K+λ
, então, considerando que a
taxa de poupança,
s
, num caminho de crescimento equilibrado é constante, tem-se (55).
53
k
k
tKtctN
tK
s
σρ
λβ
+
+
=
+
=
)(
)()()(
)(
&
&
(55)
O autor argumenta que se
)1();(/)( uvththv ==
δ
&
for considerado dentro de um contexto de caminho de crescimento equilibrado, (47) se
transforma em (56):
)1( uv
=
δ
(56)
Diferenciando (54), encontra-se que a taxa de crescimento tanto do consumo
como do capital per-capita é (57).
vk
+
=
β
γβ
1
1
(57)
Se pegar as equações (50) e (51) e derivar em relação ao tempo,
substituindo para θ
1
/θ
1
, e resolvendo para (53) e (51), encontrar-se-á:
up
δ
β
γ
δ
θ
θ
=
1
2
2
&
(58)
Trocando u por v, eliminando θ
2
/θ
2
de (58) e resolvendo v em termos de K
em (57), localizar-se-á a solução para a taxa de crescimento ótimo (59).
+
=
)(
1
1
*
1
λ
γβ
β
δσ
pv (59)
No caminho de crescimento equilibrado (53) em lugar de (58), chega-se a:
δ
θ
θ
= p
2
2
&
(60)
Por meio da qual se pode obter a taxa de crescimento de equilíbrio (61).
[
]
[
]
))()(1()1(
1
λδβγγβσ
+=
pv (61)
Como (57) fornece a taxa de crescimento do capital sico per capita, então,
se
γ = 0 tem-se que K = v; enquanto que, se γ > 0 obtém-se K > v, de forma que o efeito
54
externo induz a uma taxa de crescimento do capital físico mais rápido do que a do capital
humano. Para o caso de σ = 1, a diferença entre a taxa de crescimento de equilíbrio do capital
humano e sua taxa de crescimento ótima resulta em (62):
)(
1
*
λ
γβ
γ
+
= pvv (62)
Por meio de toda essa argumentação, Lucas (1988) enfatiza que uma
economia eficiente, que está num caminho de crescimento equilibrado, terá o mais alto nível
de capital humano, para qualquer nível de capital físico, desde que v *> v.
Pela relação apresentada em (57), países apresentarão uma taxa de
crescimento de longo prazo mais elevada não apenas porque v cresce continuamente, mas,
também, devido ao transbordamento desses incrementos, captados por γ. Como o que
determina o crescimento do capital humano é o tempo que é dedicado a u
t
, e como a taxa de
crescimento do capital humano determina a taxa de crescimento do consumo, do capital per
capita, então, estas tendem a ser maiores que a taxa de crescimento do capital humano em
virtude desse efeito de transbordamento (γ).
Ressalta-se que à medida que δ (eficiência da inversão em capital humano)
é elevada, o crescimento se dá mais rapidamente. Neste contexto, a taxa de crescimento ótimo
é maior que a taxa de crescimento de equilíbrio, diferença essa que se eleva com a
externalidade (γ). Como resultado, a presença dessa externalidade implica numa evolução
mais rápida do capital frente ao progresso do capital humano.
3.4 Considerações Finais
A construção deste capítulo teve como objetivo analisar teoricamente a
variável capital humano e sua relação com o crescimento econômico. Observou-se que
qualquer elemento que aumente a produtividade do trabalho é entendido como capital
humano, tornando sua definição significativamente ampla. Em virtude dessa característica, ele
é visto como um investimento, apresentando custos diretos e indiretos no presente, com a
expectativa de se obter retornos futuros maiores.
55
Os seus resultados podem beneficiar o trabalhador, via a elevação dos seus
rendimentos, como, também, a toda uma sociedade, por meio de sua ação sobre o crescimento
econômico.
Esse efeito global pode se dar diretamente, por meio do aumento das
habilidades do trabalhador, que consegue obter um produto final maior do que outro que não
esteja tão bem preparado, como também, indiretamente, afetando a produção por meio das
externalidades por ele geradas, atenuando os efeitos dos rendimentos decrescentes do capital,
conforme visto no modelo de Lucas (1988).
Além disso, o capital humano também pode influenciar, indiretamente, o
crescimento econômico, por meio da capacitação dos indivíduos que estão envolvidos nos
processos de criação de tecnologia, como demonstrado por Romer (1990a).
Por fim, foi visto, por meio dos modelos de Nelson e Phelps (1966) a sua
relevância via a difusão tecnológica, em que, embora a tecnologia esteja disponível para todos
os países, ela não necessariamente é adquirida de forma geral, tendo em vista que a sua
difusão depende do capital humano existente em cada nação. Ou seja, a síntese dos modelos
revela que os trabalhadores mais qualificados aceleram o processo de difusão tecnológica e,
indiretamente, contribuem para o crescimento econômico de uma economia.
No modelo de Mankiw, Romer e Weil (1992), o capital humano entra de
uma forma bastante simples, não considerando o seu efeito sobre a tecnologia e nem sobre a
difusão. Entretanto, a inclusão do capital humano reafirma a sua importância na determinação
do crescimento econômico por meio do seu efeito direto.
Com base nestas argumentações teóricas é que se desenvolveram os
capítulos que se seguem. Primeiramente, a proxy do capital humano, mensurada no capítulo
quatro, embasou-se na argumentação de que qualquer fator que eleve a produtividade
constitui o capital humano. Desta forma, tentou-se agregar, num único índice, variáveis
representativas da instrução formal (em termos qualitativos e quantitativos), do treinamento e
da experiência.
Além disso, os diferentes canais da ação do capital humano sobre o
crescimento econômico, que foram caracterizados nos modelos de Nelson e Phelps (1966),
Mankiw, Romer e Weil (1992), no modelo de Romer (1990) e de Lucas (1988), constituíram-
se, na sua maioria, a base da especificação feita por Nakabashi (2005), especificação essa
utilizada para analisar a influência do capital humano sobre a taxa de crescimento econômico
per capita das microrregiões paranaenses, realizada no capítulo cinco.
56
4 EVOLUÇÃO DO CAPITAL HUMANO NAS MICRORREGIÕES PARANAENSES
O capital humano é parte do homem e por isso é um fator de produção de
propriedade intransferível, sendo humano por estar configurado no homem e capital por ser
uma fonte de satisfação futura ou por vislumbrar futuros rendimentos. A sua formação
envolve uma ampla gama de fatores, indo desde a educação formal, a capacitação, a
experiência, a alimentação, a saúde, o ambiente familiar, cultural, bem como a própria
sociedade onde se vive. Isso significa que qualquer fator que eleve o retorno do trabalho é
entendido como capital humano.
Desta forma, ele é um determinante de novas idéias, novas tecnologias,
permitindo avanços tecnológicos, rompendo com o paradigma de ser mero fator produtivo
homogêneo, facilmente substituível. Neste sentido, a OECD (1998) entende que o capital
humano está intimamente ligado com a capacidade de manter ou aumentar a produtividade, a
inovação e o nível de emprego de uma economia.
Considerando essas argumentações, este capítulo tem por objetivo mensurar
três proxies para o capital humano: a primeira considera apenas a quantidade de capital
humano; a segunda, a qualidade; e a terceira faz a junção de ambas. Mais do que isso,
procurar-se-á analisar a evolução e a distribuição dessas três proxies entre as microrregiões
paranaenses nos anos de 1999 e 2006, agrupando-as de acordo com suas características mais
semelhantes (análise de clusters). Por meio dessa análise espacial e intertemporal, as
discrepâncias existentes entre as microrregiões poderão ser diagnosticadas, identificando as
áreas nas quais o capital humano se concentra e em quais regiões tem-se certo déficit desse
fator.
Assim, na primeira parte deste capítulo apresenta-se a metodologia usada na
construção dessas proxies para o capital humano dos paranaenses. Na seção seguinte faz-se a
análise quanto à evolução espacial e interegional dessas proxies, agrupando as microrregiões
de acordo com suas características semelhantes e, na última seção apresenta-se as
considerações finais.
57
4.1 Capital Humano no Paraná: Elementos Metodológicos
O capital humano é entendido como todas as habilidades e os
conhecimentos que ao longo do tempo são acumulados pelos indivíduos. Além disso, ele é
parte do homem e, por isso, é um fator de produção de propriedade intransferível, sendo
humano por estar configurado no homem e capital por ser uma fonte de futuros rendimentos
(PIRES, 2005).
Desta forma, o estoque de capital humano deveria abranger todos os
elementos que proporcionam um aumento da produtividade da mão-de-obra, incluindo a
educação formal, a experiência no trabalho, a educação recebida no lar, além de outras formas
de interação social que estimulem o aprendizado. Contudo, a maioria das proxies utilizadas
para o capital humano concentra-se na quantidade de educação formal que é recebida pelos
indivíduos, o que, de acordo com Carpena e Oliveira (2002), não é inadequado, dado à sua
constatação de que a escolaridade é a variável mais importante para determinar o capital
humano de uma sociedade. Neste sentido, Dias e Dias (1999) argumentam que o nível
educacional é o que diferencia o conceito comum de mão-de-obra do conceito de capital
humano, destacando que uma proxy, substituta verdadeira para a taxa de crescimento do
capital humano, pode ser dada por meio da taxa de crescimento no nível de escolaridade da
população.
E é por isso que a grande maioria das proxies para o capital humano
concentra-se apenas no seu aspecto quantitativo. Contudo, Hanushek e Kimko (2000)
argumentam que a qualidade da força de trabalho é extremamente importante na determinação
da produção per capita. Seus resultados sugerem que o papel das externalidades do capital
humano são significativamente mais fortes para a qualidade da força de trabalho do que para a
quantidade de capital humano de determinada região. Primeiramente, os autores relacionam a
quantidade de capital humano com o PIB per capita e obtêm um resultado positivo e
significante; porém, quando colocam variáveis de qualidade, os aspectos quantitativos
tornam-se não significativos, inferindo que as variáveis que compõem a qualidade do capital
humano são mais importantes que as de quantidade.
Da mesma forma, para Nakabashi e Salvato (2007) a qualidade do capital
humano é uma característica de extrema importância na análise quanto aos efeitos deste fator
sobre o nível e a taxa de crescimento da renda por trabalhador. Os autores, ao levar em conta
o efeito individual da qualidade e quantidade do capital humano em relação à renda por
58
trabalhador, verificaram que um ano a mais de estudo sem mudanças na qualidade resulta
num impacto menor sobre a variável dependente do que quando se considera simultaneamente
a qualidade e a quantidade, ressaltando que em todas as análises feitas pelos autores, essas
duas dimensões do capital humano são significativas para explicar a disparidade dos níveis de
renda nos Estados brasileiros.
Portanto, o estoque de capital humano das microrregiões paranaenses
29
considerou variáveis quantitativas, que formaram o índice das variáveis quantitativas (VQT),
e qualitativas, que constituiu o índice das variáveis qualitativas (VQL).
As variáveis quantitativas utilizadas foram: escolaridade média,
destacando que, devido à ausência de dados oficiais acerca da escolaridade média da
população acima de vinte e cinco anos em cada microrregião paranaense entre 1999 e 2006,
utilizou-se como proxy para essa variável a escolaridade média dos trabalhadores de todos os
setores da economia
30
, com dados fornecidos pela RAIS (2009); treinamento por
trabalhador, referindo-se ao percentual dos trabalhadores que receberam treinamento em
cada ano, com dados do Sesc, Sesi e Senai, e; taxa de rotatividade, sendo esta a proxy
utilizada para captar a experiência bem como o treinamento no ambiente de trabalho, com
dados originais da RAIS (2009), enfatizando que quanto menor é essa taxa, maior tende a ser
a sua contribuição para a formação do capital humano. Destaca-se que a taxa de rotatividade,
de acordo com o IBGE (2009), mede o percentual dos trabalhadores substituídos anualmente
em relação ao estoque vigente no primeiro dia do ano, em nível geográfico e setorial, contudo
não em nível ocupacional. O seu cálculo (63) foi obtido utilizando o menor valor entre o total
de admissões e desligamentos sobre o total de empregos no 1º dia do ano.
TR (t) = mínimo ( A(t) ; D(t) ) x 100 (63)
E(t)
Considerando que: TR é a taxa de rotatividade do ano t; A(t) é o total de admissões no ano
t; D(t) é o total de desligamentos no ano t e; E(t) é o total de empregos no 1º dia do ano.
29
Neste capítulo, o estoque de capital humano mensurado foi para os anos de 1999 e 2006 e
no capitulo cinco construiu-o para o período de 1999 a 2006.
30
Esse mesmo procedimento metodológico foi aplicado por Amorim, Scalco e Braga
(2008), os quais, para captar o estoque de capital humano total e entre cada setor da economia, utilizaram
informações sobre os anos de escolaridade dos trabalhadores ocupados em 2000 por meio da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS). Além deles, Kroth e Dias (2008) também utilizaram o grau de escolaridade dos
trabalhadores dos municípios do Sul do Brasil com dados da RAIS, com a justificativa de que os dados
fornecidos por ela possuem credibilidade em suas informações, além do que, os autores argumentam que o
espaço amostral da RAIS é bastante amplo, possibilitando assim um bom retrato da realidade e/ou da população
economicamente ativa.
59
No caso das variáveis qualitativas utilizou-se
31
: percentual de
professores com ensino superior, abrangendo todos os professores do ensino fundamental e
médio da rede pública; mero médio de estudantes por sala de aula, que também se
referiu a todas as salas de aula tanto do ensino fundamental como também do ensino médio
das escolas públicas, destacando que quanto menor for essa variável maior tenderia a ser sua
contribuição para a formação do capital humano; e nota média do ENEM (Exame Nacional
de Ensino Médio), que é uma prova que avalia as competências e habilidades desenvolvidas
durante a escolarização básica, aplicada apenas aos alunos que concluirão naquele ano
específico o ensino médio ou também para aquelas pessoas que concluíram o ensino médio
e que desejam fazer a prova. Enfatiza-se que os dados para todas as variáveis qualitativas
advieram do Ministério da Educação (INEP, 2009), ressaltando que no caso do ENEM, a base
de dados constituía-se de microdados
32
.
Como o objetivo deste capítulo centra-se na distribuição e evolução dessas
variáveis qualitativas e quantitativas nas microrregiões paranaenses para os anos de 1999 e de
2006, fez-se uso da estatística descritiva (média e desvio padrão) para analisá-las, buscando,
posteriormente, investigar as semelhanças existentes entre as microrregiões frente a essas
variáveis.
Para isso, foi utilizada a análise de cluster, cujo objetivo consiste em
agrupar objetos (variáveis) segundo suas características, formando grupos ou conglomerados
homogêneos. De acordo com Malhotra (2001), existem dois tipos de processos de
aglomeração: o hierárquico, que se caracteriza pelo estabelecimento de uma hierarquia ou
estrutura em forma de árvore, podendo ser aglomerativos ou divisivos, a qual identifica as
relações entre os n objetos tendo como base uma medida de semelhança ou de distância; e o
não-hierárquico, que determina ou assume um centro de conglomerado e em seguida agrupa
todos os objetos que estão a menos de um valor pré-estabelecido do centro.
Assim, inicialmente, fez-se uso da análise classificatória hierárquica,
obtendo um dendograma para cada índice (VQL e VQT) em 1999 e em 2006. Como o
objetivo da análise de cluster é agrupar objetos semelhantes, é necessário ter uma medida da
distância entre os mesmos. Os objetos com menor distância entre si são mais semelhantes,
31
A variável saúde é um dos elementos mais destacados, principalmente por Schultz (1960,
1961), na formação do capital humano de um indivíduo. No entanto, devido à ausência de dados microrregiões
acerca dessa variável, não foi utilizada-a na composição do estoque de capital humano dos paranaenses.
32
Como o ENEM começou a ser realizado apenas a partir de 1998 e como os dados acerca
do número de alunos por sala de aula e do percentual de professores do ensino médio e fundamental, estão
disponíveis a partir de 1999, então por isso que 1999 foi o ano inicial de todas as análises deste estudo.
60
logo, são aglomerados em um mesmo conglomerado, enquanto que, os mais distantes
participam de conglomerados distintos.
Existem diferentes formas de se medir a distância entre os objetos, porém, a
mais utilizada é a distância euclidiana
33
. Destaca-se que neste primeiro momento, utilizando a
distância euclidiana como coeficiente de comparação entre os elementos, fez-se uso do
critério de Ward, que é um método de variância derivado de um processo hierárquico e
aglomerativo, cuja finalidade é determinar uma medida de comparação entre classes.
Malhotra (2001) enfatiza que neste método de variância, os conglomerados são gerados de
modo a minimizar a variância dentro do grupo, ressaltando que o objetivo está em minimizar
o quadrado da distância euclidiana às médias dos conglomerados.
Após ter determinado quais microrregiões pertenciam a cada grupo
34
,
definiu-se, por meio do método não-hierárquico
35
, a relevância de cada uma das variáveis
qualitativas em cada grupo e a importância de cada uma das variáveis quantitativas em cada
conglomerado, com o objetivo mor de delinear melhor cada cluster. O critério de
agrupamento utilizado dentro da técnica não-hierárquica foi o K-means, que é obtido pela
minimização da soma do quadrado das distâncias euclideanas entre cada objeto e o seu centro
de grupo (MALHOTRA, 2001).
A técnica do K-mens consiste em obter os k clusters mais dissemelhantes
através de interações sucessivas, movendo os objetos (microrregiões) e determinando a
variância dentro e entre clusters em cada interação. Assim, cada elemento é classificado no
cluster que minimiza sua distância ao centróide em cada interação. Assim, por meio desse
processo definiram-se os centros dos conglomerados e então se pode determinar em quais
grupos cada microrregião pertencia e a relevância que cada variável do VQL e do VQT tinha
em cada conglomerado. Enfatiza-se que foi utilizado o software SPSS para a realização de
todos os cálculos, tanto do método hierárquico como a do não-hierárquico, obtendo
automaticamente os resultados à medida que foram especificados às metodologias a serem
utilizadas.
Neste contexto, tendo exposto a composição do índice das variáveis
qualitativas e quantitativas que compuseram o estoque de capital humano das microrregiões
paranaenses e explicitada a análise de classificação que foi feita das mesmas, apresenta-se,
33
A distância euclidiana é a raiz quadrada da soma dos quadrados das diferenças de valores
para cada variável.
34
Obtido por meio de um corte no dendograma.
35
No método não-hierárquico deve-se estipular o número de clusters que se deseja obter,
onde a definição deste adveio por meio do método hierárquico (primeira parte que foi feita), onde se definiu o
número de conglomerado existente no Paraná tanto para o VQL como, também, para o VQT.
61
então, a metodologia que foi empregada para o cálculo do índice do estoque de capital
humano
36
- KH - (64).
KH = VQT + VQL (64)
2
Considerando que:
VQT = (peso . escolaridade média) + (peso . treinamento por trabalhador) - (peso . taxa de
rotatividade ) (65)
VQL = (peso . % de professores com ensino superior) - (peso . média do número de alunos
por sala de aula) + (peso. nota média do ENEM) (66)
Com o objetivo de se ter a mesma unidade em todas as variáveis do VQL
(66) e do VQT (65), evitando discrepâncias, padronizou-se cada dado (67). Assim, cada
variável (X) poderia ter como valor máximo “um” e como valor mínimo “zero”.
X = x – x
mínimo
(67)
x
máximo
- x
mínimo
Em (65) e em (66) observa-se que cada X foi multiplicada por um peso. De
acordo com Jolliffe (1986), na construção de índices (I) muitos métodos são utilizados para
ponderar as variáveis, nos quais o objetivo é obter pesos que traduzam a importância relativa
de cada uma. Em análise estatística, uma medida de importância muito usada é a variância,
que, de certa forma, traduz a informação contida na variável. Ao construir um índice, é
desejável que este tenha a maior variância possível, ou seja, que contenha o máximo de
informação fornecida pelo conjunto de variáveis selecionadas. Jolliffe (1986) destaca que um
método que cria combinações lineares com essa propriedade (máxima variância) é a análise
de componentes principais. Por isso, esta foi a técnica utilizada para construção do VQL (66)
e do VQT (65).
A análise de componentes principais consiste essencialmente em reescrever
as coordenadas das amostras em outro sistema de eixo mais conveniente para a análise dos
dados. Em outras palavras, as n-variáveis originais geram, através de suas combinações
lineares, n-componentes principais, cuja principal característica, além da ortogonalidade, é
que são obtidos em ordem decrescente de máxima variância, ou seja, a componente principal
1 detém mais informação estatística que a componente principal 2, que por sua vez tem mais
36
O uso da média aritmética para a construção de (64) seguiu a metodologia adotada pela
PNUD(2009) na construção do IDH.
62
informação estatística que a componente principal 3 e assim por diante. Destaca-se que a
análise de componentes principais pode ser usada para julgar a importância das próprias
variáveis originais escolhidas, ou seja, as variáveis originais com maior peso (loadings) na
combinação linear das primeiras componentes principais são as mais importantes do ponto de
vista estatístico.
De acordo com Crocco et al. (2003), a análise de componentes principais
toma p variáveis X
1
, X
2
,...X
p
e encontra combinações lineares das mesmas produzindo os
componentes Z
1
, Z
2
, ...,Z
p
:
Zi = a
i1
X1
+ a
i2
X
2
+ ...+ a
ip
X
p
(68)
Que variam tanto quanto possível para os indivíduos, sujeitos à condição:
a
i12
+ a
i22
+ ... + a
ip2
=1 (69)
Para encontrar tanto as variâncias associadas a cada componente, bem como
os coeficientes das combinações lineares, identifica-se a matriz de covariância das variáveis,
destacando que as variâncias das componentes principais são os autovalores desta matriz,
enquanto que os coeficientes a
i1
, a
i2
, ... a
ip
são os seus autovetores associados. A matriz de
variância é simétrica e tem a seguinte forma (70).
Crocco et al. (2003) infere que a soma dos autovalores é igual à soma dos
elementos da diagonal principal da matriz de covariância, ou seja, ao traço desta matriz:
λ
1
+ λ
2
+ ... + λ
p
= c
11
+ c
22
+ ... + c
pp
(71)
Em que λ
i
são os autovalores, ou variância, de cada um dos i componentes.
Uma vez que cii é a variância de Xi, e λi é a dos Zi, tem-se que a soma das
variâncias de todas as variáveis originais é igual à de todos os componentes.
Infere-se que a obtenção dos pesos específicos de cada uma das variáveis do
VQT e do VQL adveio da utilização dos resultados preliminares da análise de componentes
principais, ou seja, não foram utilizados os valores dos componentes em si, mas os resultados
(70)
63
(disponibilizados pelo software SPSS) tanto da matriz de coeficientes (Tabela 3) como
também da variância dos componentes (Tabela 2), as quais permitiram conhecer qual a
importância de cada uma das variáveis para a explicação de 100% da variância total dos
dados. De acordo com Crocco et al. (2003), o número máximo de componentes que se deve
obter deve ser igual ao número de variáveis utilizadas, ou seja, no caso do VQL e do VQT
deve considerar três componentes, respectivamente.
Tabela 2: Variância explicada pelos componentes principais – VQT e VQL
Componente 1 2 3
Variância explicada pelo componente do VQT (β) 0,4563 0,3379 0,20580
Variância explicada pelo componente do VQL (β) 0,4494 0,3761 0,1739
Fonte: SPSS
Tabela 3: Matriz de coeficientes ou autovetores da matriz de correlação – VQT e VQL
Variável Componente 1 Componente 2 Componente 3
Treinamento por trabalhador 0,83 0,12 0,547
Taxa de rotatividade 0,02 0,989 0,147
VQT
Anos de Estudo 0,82 0,147 0,545
Alunos por sala de aula 0,40 0,84 0,365
Nota do Enem 0,64 0,65 0,411
VQL
Percentual de professores com ensino superior 0,88 0,09 0,469
Fonte: SPSS
Os pesos foram calculados da seguinte maneira: efetuou-se a soma dos
autovetores associados a cada componente (Tabela 3), obtendo C
1
, C
2
e C
3
tanto para o VQL
como também para o VQT [correspondendo as expressões (69), (70) e (71) formuladas
anteriormente]; em seguida, dividindo cada autovetor pela soma (Ci) auferiu-se um valor α
ij
,
onde i e j referem-se, respectivamente, ao componente e à variável analisada (CROCCO et
al., 2003). Diante disso, o peso final para cada variável adveio da soma dos produtos dos α
ij
pelo seu autovalor correspondente, ou seja, pelo β
i
da Tabela 2, obtendo-se as ponderações
finais (Tabela 4).
Tabela 4: Peso para as variáveis que compõe o VQL e o VQT
Índice Variáveis
Pesos
Nota média do Enem
0,36
Percentual de prof. com curso superior
0,29
VQL
Média de alunos por sala de aula
0,35
Anos médio de estudo
0,35
Taxa de rotatividade
0,30
VQT
Treinamento médio
0,35
Fonte: Resultado da Pesquisa.
64
Desta forma, por meio dos pesos apresentados na Tabela 4, construiu-se o
VQL (66) e o VQT (65), usando-os para formar o índice do estoque de capital humano de
cada microrregião paranaense (64). Uma vez que a soma dos pesos é igual à unidade, então, a
aplicação desses pesos não ponderou as variáveis de cada índice, como, também,
estabeleceu o limite máximo e mínimo que se poderia alcançar (um e zero, respectivamente).
Assim, (64), (65) e (66) ficaram:
KH = VQT + VQL (64)
2
Considerando que:
VQT = (0,35 . escolaridade média) + (0,35 . treinamento por trabalhador) - (0,30 . taxa de
rotatividade ) (65’)
VQL = (0,29 . % de professores com ensino superior) – (0,35 . média do número de alunos
por sala de aula) + (0,36. nota média do ENEM) (66’)
4.2 Evolução Espacial e Intertemporal do Capital Humano nas Microrregiões
Paranaenses
O objetivo dessa seção é apresentar o comportamento regional e
intertemporal das variáveis que formam o índice das variáveis quantitativas, o índice das
variáveis qualitativas e o índice do estoque de capital humano, agrupando as microrregiões de
acordo com suas características mais comuns frente a essas variáveis.
4.2.1 Variáveis Quantitativas
Muitos trabalhos têm sido direcionados para identificar a importância da
educação (instrução formal) sobre o crescimento econômico. Schultz (1961, 1960) demonstra
que a educação é uma poderosa ferramenta para se entender as relações (sociais e
econômicas) de um indivíduo com o seu meio. Para o autor, a instrução formal pode ser
65
entendida como um investimento à medida que aperfeiçoa as capacitações do indivíduo,
aumentando os seus futuros rendimentos. Essa aquisição de conhecimento, culminando com a
qualificação do indivíduo, apresenta um determinado valor econômico, que, quando
combinados com outros investimentos humanos, explicam o porquê da superioridade
produtiva (em termos tecnológicos) dos países mais avançados.
Empiricamente, isso é comprovado por trabalhos como o de Wolff (2000),
que analisando a existência de uma relação entre a escolaridade e a atividade tecnológica para
vinte e quatro países da OECD entre 1950 a 1990, demonstrou que o crescimento da
produtividade de determinada economia está relacionado intimamente com o avanço da
educação. Da mesma forma, Bassani e Scapetta (2001) investigaram o papel da acumulação
de capital humano na determinação do crescimento econômico de vinte e um países da
OECD, no período 1971-1998, tendo como proxy única para o capital humano a média dos
anos de estudos da população economicamente ativa, identificando um impacto positivo e
significante da acumulação de capital humano sobre o crescimento da renda per capita.
Igualmente, Mankiw, Romer e Weil (1992), relacionando a renda per
capita como sendo função da taxa de investimento do capital físico, da taxa de crescimento
populacional e do nível de capital humano da economia, também utilizaram como proxy para
a acumulação de capital humano dados acerca da escolaridade oriundos da Unesco. Como
corolário, observaram a existência de um forte impacto da acumulação do capital físico e do
capital humano na determinação da renda per capita de uma economia, destacando que este
último é tão importante para a mensuração da renda per capita quanto à própria acumulação
do capital físico.
Foster e Rosenzweig (1996), analisando o período acerca da Revolução
Verde na Índia, comprovaram que indivíduos mais instruídos são capazes de administrar
novas tecnologias ou aderir a essas inovações mais cedo do que os agentes com menos
escolaridade. Portanto, segundo os autores, a distribuição inicial da escolaridade (proxy
utilizada do capital humano) intervém nas taxa subsequentes do crescimento econômico. E é
neste sentido que Nelson e Phelps (1966) afirmam que o melhoramento do grau de
escolaridade de uma pessoa aumenta a sua habilidade para receber, decodificar e entender
informações, tornando-se extremamente relevante no processo de aprendizagem e de
execução de diferentes trabalhos.
Assim, essas argumentações deixam clara a relevância da educação formal
(escolaridade) no crescimento econômico de uma economia. Neste sentido, analisando o
comportamento desta variável ao longo do Estado do Paraná, nos anos de 1999 e 2006,
66
verificou-se (Gráfico 1) que apenas a microrregião de Porecatu regrediu quanto ao grau de
instrução de sua população, passando de 8,78 para 8,06 anos de estudo; as demais
microrregiões conseguiram aumentá-la entre 0,75 e 3,79 anos.
Como as que detinham os piores valores em 1999 foram exatamente as que
tiveram as maiores elevações no período, então, a dispersão
37
quanto ao grau de instrução
diminuiu, alterando-a de 0,87 para 0,70 anos de estudo, tornando mais homogênea essa
variável ao longo do Estado. Assim, dado que a educação formal é parte eminente da
formação do capital humano de um indivíduo (conforme ressaltado por diferentes autores),
pode-se dizer que o aumento geral da escolaridade da população paranaense representa uma
elevação quanto à acumulação de capital humano e também quanto à produtividade no
Estado.
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
Cerro Azul
Faxinal
Ibaiti
Cornelio
Jacarezinho
Cianorte
Ivaipora
Telemaco
Goioere
Guarapuava
Campo
Jaguariaiva
Prudentopolis
Astorga
Florai
Paranavai
Palmas
Uniao da
Lapa
Irati
Rio Negro
Pitanga
Sao Mateus
Wesceslau
Assai
Umuarama
Ponta Grossa
Apucarana
Foz do
Cascavel
Toledo
Pato Branco
Capanema
Paranagua
Maringa
Porecatu
Francisco
Londrina
Curitiba
Anos de estudo
1999 2006
Gráfico 1: Anos de estudo médio dos trabalhadores formais – microrregiões paranaenses – 1999 e 2006
Fonte: RAIS (2009)
Destaca-se que na argumentação de Schultz (1961) quanto aos diferentes
fatores que contribuem para a formação do capital humano de um indivíduo, ele considera a
experiência no trabalho, a capacitação, como um dos meios para se elevar o nível de
conhecimento e de habilidades de toda uma sociedade. Nesta mesma linha de pensamento,
Mincer (1958) também entende que a experiência no trabalho contribui positivamente para a
formação do capital humano de uma pessoa, em que, quanto mais tempo ela desenvolve uma
atividade, maior tende a ser a sua produtividade. Além disso, Gonzaga (1998) argumenta que
a alta produtividade da mão-de-obra não depende somente da alta qualificação geral da força
de trabalho, via educação, mas também do capital humano específico, desenvolvido através
do treinamento dentro do ambiente de trabalho. Esse treinamento promovido na própria firma
pode ser visto como um investimento conjunto entre o trabalhador e a empresa, onde as duas
37
Medida pelo desvio padrão.
67
partes podem ganhar; porém, tal inversão se converte num investimento de alto risco quando
possíveis incertezas quanto à apropriação dos retornos futuros dessa inversão surgem.
É neste sentido que Becker (1962) ressalta que quando a mão-de-obra
treinada pode ser alocada em diferentes firmas, as empresas passam a não ter incentivos para
investir na formação do capital humano de seus trabalhadores, devido à ausência de garantia
de que terão o retorno de tal investimento, considerando que as firmas sempre teriam perdas
de capital se seus trabalhadores fossem para outras firmas. Por outro lado, se o retorno do
aumento da produtividade for capturado apenas pela empresa na forma de lucros futuros
maiores, então, o trabalhador é quem não teria incentivos em arcar com esse investimento
38
,
tendo em vista que a firma poderia demiti-lo (dado, por exemplo, a uma piora das condições
de rentabilidade de seu produto), o qual poderia encontrar dificuldades em vender suas novas
habilidades para outras empresas, não obtendo, assim, os retornos futuros desse investimento.
Isso significa que, quanto mais fácil for para o trabalhador utilizar em outras
empresas as habilidades aprendidas numa firma específica, menores serão os incentivos desta
em financiar o treinamento do seu empregado. Por outro lado, se as habilidades aprendidas no
treinamento forem muito específicas a uma firma e se o produto desta firma for instável, o
trabalhador possivelmente poderá não querer dividir os custos desse treinamento.
Desta forma, a instabilidade dos mercados de produtos das firmas, a
especificidade do treinamento, em conjunto com a rotatividade da mão-de-obra, são as
variáveis que afetam a quantidade de investimento em treinamento e, consequentemente, o
crescimento da produtividade, ressaltando que, para Gonzaga (1998), a análise da taxa de
rotatividade é o elemento crucial para a averiguação da qualidade de empregos
39
de uma
economia. Essa qualidade do emprego, segundo o autor, depende fundamentalmente da alta
produtividade da mão-de-obra que, por sua vez, não depende apenas da alta qualificação geral
da força de trabalho (via educação), mas também do capital humano específico, obtido por
meio do treinamento e da experiência adquirida no ambiente de trabalho. Neste sentido, uma
alta rotatividade da mão-de-obra, ao prejudicar o investimento em treinamento, impede,
consequentemente, o aumento da produtividade do trabalho. Por fim, como na análise dos
seus resultados, Gonzaga (1998) evidenciou que a rotatividade da mão-de-obra no Brasil é
elevada, então, segundo ele, poucos incentivos para o investimento em treinamento existem,
38
Um dos meios pelo qual o trabalhador pode ajudar a custear o seu treinamento no
ambiente de trabalho se via um nível salarial mais baixo, reduzido enquanto o trabalhador está adquirindo
treinamento.
39
Gonzaga (1998) caracteriza um emprego como de qualidade quando ele tem baixa
produtividade e, consequentemente, oferece baixa remuneração. Além do que, empregos de baixa qualidade
tendem a oferecer péssimas condições de trabalho aos seus ocupantes.
68
acarretando, consequentemente, num baixo aumento da produtividade da força de trabalho no
país.
Assim, considerando todas essas argumentações acerca da relevância da
taxa de rotatividade quanto à determinação da formação do capital humano, apresenta-se, no
Gráfico 2, esse indicador para cada microrregião paranaense, inferindo-se que quanto maior é
a taxa de rotatividade menor tende a ser a sua contribuição para a formação do capital humano
no Estado
40
. Desta forma, em 1999 a taxa de rotatividade média ficou em 35%, enquanto que
em 2006 ela subiu para 39%, mantendo praticamente a mesma dispersão dos dados (desvio
padrão de 0,09). Em 1999, a maior taxa de rotatividade foi obtida por Jacarezinho (54%) e a
menor foi auferida por Pitanga, com 19,5%; no ano de 2006, Rio Negro passou a ter o maior
valor para esse indicador (59%), elevando-o significativamente, e Pitanga continuou a
apresentar a menor taxa de rotatividade, retraindo-a para 18%.
Gráfico 2: Taxa de rotatividade da mão-de-obra – microrregiões paranaenses – 1999 e 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa, calculado por (63), com dados originais RAIS (2009)
40
É importante frisar que essa relação negativa entre a taxa de rotatividade e a formação de
capital humano aqui considerada refere-se à argumentação teórica mencionada anteriormente, destacando existir
outras literaturas que acreditam existir uma relação positiva entre essas variáveis, as quais inferem que o
aumento do capital humano de um agente pode se dar à medida que ele passa de um emprego para outro, teoria
desconsiderada neste trabalho.
69
Se analisar a evolução desse indicador no período de seis anos, observar-se-
á que apenas oito microrregiões conseguiram melhorá-lo: Faxinal, que o diminuiu em 20%,
seguido por Goioerê, Prudentópolis, Jacarezinho, Pitanga, Astorga, Capanema e Maringá, que
o reduziram em 7,4%, 7%, 6,4%, 1,4%, 1%, 1% e 0,7%, respectivamente (Gráfico 2). Assim,
com exceção dessas microrregiões, todas as demais mantiveram ou elevaram esse indicador.
Como uma alta taxa de rotatividade da mão-de-obra, ao prejudicar o investimento em
treinamento e ao inibir a experiência adquirida no ambiente de trabalho, impede, em parte, o
aumento da produtividade da mão-de-obra, então, esses resultados sinalizam uma baixa
contribuição da experiência, da capacitação, para a acumulação do capital humano no Paraná
neste período de seis anos.
Mais especificadamente, a contribuição do treinamento, analisado não no
ambiente de trabalho, mas como sendo uma capacitação externa que o indivíduo busca
visando futuros rendimentos, resulta no Gráfico 3, o qual apresenta o percentual de
trabalhadores de cada microrregião que recebeu treinamento do Sesi, do Sesc e do Senai nos
anos de 1999 e em 2006
41
. Infere-se que 44% das microrregiões tinham menos de 1% de seus
trabalhadores recebendo treinamento em 1999, destacando que Irati, que auferiu o maior
percentual, apresentava um valor de apenas 6,2%. Com essas características, a média da
população paranaense qualificada no ano de 1999 ficou em 1,89%, com uma discrepância de
1,71%.
No ano de 2006, 62% das microrregiões conseguiram melhorar esse
percentual, passando a ter uma média de treinamento ao longo do Estado de 2,18%, com valor
máximo de 10,4% para Irati, que continuou a apresentar o maior contingente de trabalhadores
qualificados. Infere-se que o número de microrregiões com menos de 1% de seus
trabalhadores treinados diminuiu de 44% para somente 31%. Neste contexto, observa-se um
avanço quanto à qualificação profissional dos paranaenses e, consequentemente, uma melhora
quanto ao capital humano disponível no Estado.
Se cruzar os dados dos Gráficos 1, 2 e 3 verificar-se-á uma correlação
negativa e significativa entre a elevação da escolaridade no período de 1999 para 2006 e entre
a diminuição da taxa de rotatividade, não encontrando nenhuma correlação significativa entre
essas duas variáveis e o aumento do treinamento
42
. Isso significa que boa parte das
41
Portanto, essa variável é uma medida de fluxo, tendo em vista que considera a média de
trabalhadores que anualmente recebeu treinamento.
42
O coeficiente de correlação obtido para as variáveis foi: -0,5 para a escolaridade e a taxa
de rotatividade; 0,05 para a escolaridade e o treinamento, e; -0,08 para treinamento e taxa de rotatividade,
destacando que apenas o primeiro coeficiente foi significativo a um nível de 5%.
70
microrregiões que mais elevaram a média de anos de estudo de sua população foram as que
mais diminuíram a taxa de rotatividade, não sendo necessariamente as que mais aumentaram
o treinamento médio de seus trabalhadores.
0
2
4
6
8
10
12
Cerro Azul
Floraí
Astorga
Wesceslau Braz
Lapa
Ibaití
Rio Negro
Assaí
Goioe
Capanema
Faxinal
Poreca
Cornélio Procópio
São Mateus do
Palmas
Ivaipo
Pitanga
Prudenpolis
Uno da Vitória
Cianorte
Telêmaco Borba
Jaguariaíva
Apucarana
Toledo
Jacarezinho
Francisco Beltrão
Umuarama
Campo Mouo
Guarapuava
Curitiba
Foz do Iguu
Paranaguá
Londrina
Paranavaí
Maringá
Pato Branco
Cascavel
Ponta Grossa
Irati
Percentual
1999
2006
Gráfico 3: Percentual de trabalhadores que receberam treinamentos – microrregiões paranaenses – 1999 e 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa, com dados originais Sesc, Sesi e Senai
Feita a análise da disposição das variáveis quantitativas em cada
microrregião paranaense nos anos de 1999 e em 2006, investigou-se as semelhanças
existentes entre essas microrregiões frente a essas variáveis, utilizando a análise de cluster.
Inicialmente, por meio da análise classificatória hierárquica, obteve-se um dendograma
(Apêndice A) por meio do qual se identificou a formação de cinco grupos distintos para o ano
de 1999: o grupo um formado por Francisco Beltrão, Porecatu, Londrina, Maringá,
Capanema, Paranaguá, Pato Branco, Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu, Apucarana, Ponta
Grossa, Umuarama e Assaí; o conglomerado dois, composto por apenas Curitiba; o cluster
três, que tinha São Mateus do Sul, Wenceslau Braz, Irati, Pitanga, Lapa, Rio Negro, Palmas,
Paranavaí, União da Vitória, Jaguariaíva, Prudentópolis, Astorga, Campo Mourão,
Guarapuava e Floraí; o grupo quatro formado por Goioerê, Ivaiporã, Cianorte, Jacarezinho,
Telêmaco Borba, Cornélio Procópio; e, por fim, o conglomerado cinco, composto por
Faxinal, Ibaiti e Cerro Azul .
Definidas quais microrregiões pertenciam a cada grupo, determinou-se, por
meio do método não-hierárquico, a relevância de cada uma das variáveis quantitativas em
cada grupo com o objetivo mor de delinear melhor cada conglomerado (Tabela 5, com a
71
apresentação do procedimento metodológico expresso na seção 4.1
43
). Assim, pode-se inferir
que no grupo um a característica comum entre as microrregiões era a de ter uma baixa taxa de
rotatividade da mão-de-obra, o maior percentual de treinamento por trabalhador e a segunda
maior média de anos de estudo. Curitiba, que compunha o cluster dois, apresentou como
características a de ter a mais alta média de anos de estudo, uma baixa taxa de rotatividade e
um dos mais elevados níveis de treinamento. No grupo três, os pontos em comuns eram: uma
baixa taxa de rotatividade e um nível de escolaridade e de treinamento por trabalhador
intermediário. O conglomerado quatro possuía as maiores taxas de rotatividades do Estado e
o segundo menor nível de treinamento por trabalhador e de anos de estudo. Por fim, no grupo
cinco, as características comuns referiam-se à menor escolarização da população, o menor
percentual de treinamento e a segunda maior taxa de rotatividade, lembrando que uma taxa de
rotatividade elevada significa um menor nível de treinamento no ambiente de trabalho e de
experiência, não contribuindo para a formação de capital humano.
Tabela 5: Centros dos conglomerados para variáveis quantitativas microrregiões
paranaenses - 1999
Conglomerado (cluster) Variáveis
1 2 3 4 5
Escolaridade Média 8,50 9,62 7,60 6,84 5,89
Taxa de Rotatividade 0,33 0,33 0,33 0,42 0,34
Treinamento por trabalhador 0,03 0,03 0,02 0,01 0,00
Fonte: Resultado da Pesquisa
Fazendo o mesmo corte do ano de 1999 no dendograma que foi obtido para
2006, visualiza-se igualmente a formação de cinco grupos (Apêndice B). Cerro Azul e
Porecatu formavam o grupo um, apresentando as piores médias de anos de estudo, de
treinamento por trabalhador e de taxa de rotatividade (as maiores). No conglomerado dois,
concentravam as microrregiões de Ibaiti, União da Vitória, Ivaiporã, Jacarezinho, Paranavaí,
Lapa, Astorga, Jaguariaíva, Telêmaco Borba, Cianorte, Palmas, Goioerê e Prudentópolis,
tendo como características comuns: a segunda menor média de escolaridade e de treinamento
por trabalhador e um nível elevado quanto à taxa de rotatividade (Tabela 6). O grupo três era
composto por Floraí, Ponta Grossa, Campo Mourão, Capanema, Faxinal, Irati, Umuarama,
Toledo, Pitanga, Guarapuava, Wenceslau Braz, Cornélio Procópio, Assaí, Apucarana e Rio
Negro apresentando, comumente, a mais baixa taxa de rotatividade da mão-de-obra (ponto
43
Enfatiza-se que o cálculo, feito por meio do software SPSS, se dá basicamente por meio
da média de cada variável para cada grupo.
72
positivo para a formação de capital humano) e um percentual de treinamento e de média de
anos de estudos intermediários.
O cluster quatro, formado apenas por Curitiba, tinha o maior grau de
escolarização, um nível intermediário quanto à taxa de rotatividade e quanto ao percentual de
seus trabalhadores que recebeu treinamento. Finalmente, o último conglomerado era formado
por Londrina, Pato Branco, Maringá, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Paranaguá, Cascavel
e São Mateus do Sul, cujas características comuns eram a de ter o maior percentual de
treinamento, a segunda maior média de escolaridade e um nível intermediário quanto à taxa
de rotatividade (Tabela 6).
Tabela 6: Centros dos conglomerados para variáveis quantitativas microrregiões
paranaenses– 2006
Conglomerado (cluster) Variáveis
1 2 3 4 5
Escolaridade Média 7,88 8,67 9,38 11,17 10,07
Taxa de Rotatividade 0,44 0,43 0,36 0,37 0,40
Treinamento por trabalhador 0,00 0,02 0,02 0,02 0,03
Fonte: Resultado da Pesquisa
Feita a classificação das microrregiões de acordo com as semelhanças
existentes entre elas frente às variáveis quantitativas do estoque de capital humano,
mensuraram-se essas variáveis, por meio da equação (65’), formando parte do índice de
capital humano (denominado de índice das variáveis quantitativas que compõem o capital
humano – VQT – cujos resultados encontram-se no Apêndice C).
No Gráfico 4 é apresentado esse índice para 1999, verificando uma grande
discrepância (desvio padrão) quanto aos valores (0,11 pontos), com VQT máximo para Irati
(0,57) e mínimo para Faxinal (0,16), apresentando uma média igual à 0,39.
Se compararmos o Gráfico 4 com os resultados obtidos no Apêndice A,
inferir-se-á que as duas últimas colocações do ranking do VQT constituem-se exatamente das
duas microrregiões que faziam parte do grupo cinco, cujas características comuns eram a de
ter a menor escolarização da população, o menor percentual de treinamento e a segunda maior
taxa de rotatividade, ou seja, comparativamente às outras microrregiões, estas certamente
geraram, no ano de 1999, um menor estoque de capital humano, em termos de quantidade.
73
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
Faxinal
Ibaití
Astorga
Cianorte
Cornélio Procópio
Jacarezinho
Telêmaco Borba
Rio Negro
Cerro Azul
Prudentópolis
Goioerê
Palmas
Ivaipo
Jaguariva
União da Viria
São Mateus do
Lapa
Wesceslau Braz
Floraí
Paranav
Porecatú
Capanema
Guarapuava
Apucarana
Assaí
Pitanga
Campo Mourão
Marin
Umuarama
Londrina
Toledo
Francisco Beltrão
Foz do Iguu
Ponta Grossa
Pato Branco
Paranaguá
Curitiba
Cascavel
Irati
Índice
1999 2006
Gráfico 4: Índice das variáveis quantitativas que compõe o capital humano – microrregiões paranaenses 1999 e
2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Em 2006, Porecatu passou a apresentar o menor VQT (0,26), o qual
compunha o cluster um (Apêndice B), cujas características eram a de ter as piores médias de
anos de estudo, de treinamento por trabalhador e de taxa de rotatividade (as maiores), o que
justifica a sua colocação na última posição do ranking (Gráfico 4). No outro extremo
encontrava-se Irati (VQT igual a 0,82), pertencente ao grupo três do Apêndice B, cujas
características deste conglomerado eram a de ter: a mais baixa taxa de rotatividade da mão-
de-obra (ponto positivo para a formação de capital humano) e um percentual de treinamento e
de escolaridade intermediários. No caso específico de Irati, a apresentação de um nível de
treinamento por trabalhador significativamente maior que a de todas as outras microrregiões
foi o ponto central que a colocou na primeira posição quanto à classificação do VQT.
No geral, durante o período de seis anos teve-se uma elevação significativa
da média do VQT, passando de 0,39 para 0,48, destacando que Porecatu, Paranaguá,
Apucarana, Cascavel e Pato Branco foram as únicas microrregiões que não evoluíram em
termos deste índice, diminuindo-o, respectivamente, em 0,16; 0,01; 0,01; 0,01 e 0,002,
estando estas quatro últimas microrregiões praticamente com a quantidade de capital humano
estagnada neste intervalo de tempo. No outro extremo, Faxinal foi a que mais o elevou,
aumentando-o em 0,36. É importante frisar que em 1999 Porecatu pertencia ao grupo um,
cujas características quando comparado com os demais clusters eram a de ter uma baixa taxa
de rotatividade da mão-de-obra, o maior percentual de treinamento por trabalhador e a
74
segunda maior média de anos de estudo; contudo, num intervalo de seis anos, Porecatu passou
a pertencer ao conglomerado que apresentava as piores características no que se refere à
formação de capital humano. Mais especificadamente, os dados demonstram que esta
microrregião, em 2006, praticamente permaneceu com o mesmo percentual de treinamento de
1999, regredindo em termos da taxa de rotatividade e, principalmente, decaindo em termos da
escolaridade de sua população. Desta forma, possuindo essas características, Porecatu foi a
microrregião que mais regrediu quanto ao seu estoque de capital humano.
Classificando as microrregiões em quartis quanto ao VQT de 1999, observa-
se, por meio da Figura 10, que as microrregiões pertencentes ao melhor quartil (quarto)
estavam concentradas em alguns pontos do Estado, estando próximas entre si; enquanto que
as que pertenciam ao primeiro quartil localizavam-se, sobretudo, no Norte do Paraná (60%
pertenciam ao Norte Central, Noroeste e ao Norte Pioneiro) indo até a Região Metropolitana
de Curitiba.
Regionalmente, infere-se que a grande maioria das microrregiões do Norte
Pioneiro, do Sudeste, do Noroeste, do Centro Oriental e da Região Metropolitana de Curitiba,
concentrava-se nos dois piores quartis (primeiro e segundo), abrangendo, respectivamente,
80%, 75%, 67%, 67% e 60% das suas microrregiões. Num patamar intermediário, o Norte
Central e o Centro Ocidental detinham 50% das suas microrregiões nesta mesma
classificação. Por outro lado, todas as microrregiões do Oeste e do Sudoeste paranaense
pertenciam aos melhores quartis, ou seja, ao terceiro e quarto (Figura 10).
Se comparar a distribuição espacial do IDH de 2000 (Figura 1) com a do
VQT de 1999 notar-se-á certa divergência, em que, as microrregiões que concentravam a
maior quantidade de capital humano não necessariamente apresentavam os maiores valores
para o IDH. Ao contrário, aquela tendência migratória apresentada na Figura 5 corresponde
exatamente às regiões que obtiveram os maiores valores do VQT (Figura 10).
75
Figura 10: Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQT– 1999
Fonte: Resultado da Pesquisa
Em 2006, verificou-se pouca alteração quanto à distribuição das
microrregiões nos quartis quando comparado com 1999 (Figura 11 e 10). Isso é comprovado
quando analisado regionalmente, em que com exceção do Norte Pioneiro, que passou a ter
100% de suas microrregiões nos piores quartis, e do Sudeste, que aumentou para 50% o
número de suas microrregiões pertencentes aos dois melhores quartis – todas as demais
regiões permaneceram com o mesmo percentual.
Contudo, isso não significa que as microrregiões não evoluíram em termos
de VQT; ao contrário, o Gráfico 4 mostrou que, com exceção de apenas cinco microrregiões,
todas as demais avançaram quanto ao índice das variáveis quantitativas que compõem o
capital humano. Pelas próprias Figuras 10 e 11 consegue-se perceber esse progresso, em que,
a magnitude do primeiro quartil de 2006 corresponde ao primeiro e segundo quartil do ano de
1999. Desta forma, como se teve uma nítida evolução do VQT no decorrer desses seis anos,
então, essa baixa alteração quanto à distribuição das microrregiões nos quartis entre as regiões
paranaenses simplesmente reflete que o aumento desse índice na grande maioria das
microrregiões foi tal que conseguiu mantê-las no mesmo quartil, ou num quartil próximo.
76
Assim, em termos de concentração da quantidade de capital humano, pode-
se dizer que ela continuava concentrada, sobretudo, no Oeste e no Sudoeste Paranaense,
apresentando grandes vazios no Norte, principalmente no Norte Pioneiro.
Figura 11: Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQT– 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
4.2.2 Variáveis Qualitativas
Diversos autores, como Hanushek e Kimko (2000), inferem que mais
importante que as variáveis quantitativas são as variáveis qualitativas que compõem o capital
humano de uma região, tendo estas um papel de suma importância na determinação da
produção per capita. Da mesma forma, Lee e Barro (2001), analisando a qualidade do ensino
de alguns países, constataram que a quantidade de escolas de uma região tem um impacto
relevante no crescimento econômico, contudo, a qualidade das mesmas é igualmente
importante. Assim, os autores inferem que a renda, a educação dos pais, a remuneração dos
professores e o número de alunos por sala de aula têm um impacto direto no nível de
77
aprendizado dos alunos, interferindo significativamente no desempenho econômico de uma
região.
Desta forma, considerando essas argumentações acerca da importância da
qualidade da força de trabalho no crescimento econômico é que se analisou a qualidade do
capital humano ao longo do Paraná por meio de algumas variáveis.
Inicialmente, como evidências empíricas demonstram que quanto menor é o
número de alunos por sala de aula, melhor é o aprendizado escolar
44
, fez-se, então, a
caracterização quanto à evolução dessa variável no decorrer de seis anos (Gráfico 5).
Observa-se que todas as microrregiões conseguiram diminuir a razão professor-alunos,
inferindo que aquelas microrregiões que detinham a maior média quanto ao número de alunos
por sala de aula em 1999 foram, na sua maioria, as que mais evoluíram, regredindo
significativamente esse valor em 2006. Como resultado, obteve-se uma maior
homogeneização desta variável, onde a dispersão
45
que era de 2,55 alunos em 1999, com
valores máximos e mínimos chegando a 43 e 28 alunos, respectivamente, passou a ter uma
dispersão de apenas 1,73 alunos, apresentando valor máximo igual a 31 e mínimo de 23
alunos por sala de aula.
Ressalta-se que Curitiba, que apresentou as maiores médias de anos de
estudo tanto em 1999 como também em 2006, teve uma razão criança-professor bastante
elevada nos dois períodos, reduzindo pouco essa variável (em apenas 3,5 alunos). Ao
contrário, Cerro Azul, que apresentou o menor grau de instrução, foi a microrregião que mais
regrediu em termos de aluno por sala de aula (diminuiu em 19,3 alunos), passando da posição
de quem mais tinha, em 1999, para a de quem menos teve em 2006.
44
Conforme destacam Araújo et al. (2009) e Lemes, Paredes e Souza (2009).
45
Calculada pelo desvio padrão.
78
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
C
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p
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n
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A
z
u
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Alunos/sala
1999 2006
Gráfico 5: Média de alunos por sala de aula do ensino fundamental e médio das microrregiões paranaense – 1999
e 2006
Fonte: INEP (2009)
A segunda variável qualitativa considerada foi o percentual de professores
que possuía ensino superior. Albernaz, Ferreira e Franco (2002), fazendo uma análise para o
Brasil, identificaram um efeito positivo entre o nível de formação dos docentes e o
desempenho médio dos estudantes. Mais do que isso, eles encontraram uma correlação
positiva entre esse nível de formação e os salários obtidos pelos professores. Assim, concluem
que uma maior remuneração influi no nível de formação do professor, e este, por sua vez,
afeta o rendimento escolar dos alunos.
Neste sentido, a análise para o Paraná (Gráfico 6) revelou a existência de
um baixo percentual de professores do ensino médio e fundamental que possuíam curso
superior no ano de 1999. Em Cerro Azul apenas 32% dos docentes tinham o terceiro grau,
seguido por São Mateus (51%), Pitanga (53%) e Lapa (53%). No outro extremo, encontrava-
se Jacarezinho com o maior percentual (91%), vindo, na sequência, Maringá (85%) e
Londrina (81%). Assim, analisando graficamente fica evidente a grande discrepância
existente entre as microrregiões (desvio padrão igual a 11,6%), demonstrando principalmente
o baixo grau de qualificação dos professores ao longo do Estado.
Em 2006 essa situação mudou significativamente: a microrregião que
detinha o menor percentual de professores com ensino superior foi Lapa, apresentando 77%
dos seus docentes com terceiro grau completo, seguida por Cerro Azul (79%) e Guarapuava
(80%); Floraí passou a ser a microrregião com o maior percentual para essa variável (99% dos
professores), seguida por Londrina (98%), Umuarama (97%) e Maringá (96%); além disso, a
dispersão desta variável reduziu-se significativamente, caindo para 5,6%, destacando que
todas as microrregiões conseguiram elevar o número de professores com curso superior. Ou
79
seja, num espaço de seis anos as microrregiões ficaram mais homogêneas e todas melhoraram
a qualificação de seus docentes, o que é extremamente positivo no que se refere ao avanço da
qualidade educacional do Estado.
0
20
40
60
80
100
120
Cerro Azul
Sao Mateus
Pitanga
Lapa
Prudentopolis
Guarapuava
Rio Negro
Telemaco
Capanema
Francisco
Ibaiti
Paranagua
Palmas
Cascavel
Irati
Goioere
Curitiba
Pato Branco
Ivaipora
Assai
Wesceslau
Faxinal
Uniao da
Foz do
Jaguariaiva
Cianorte
Ponta Grossa
Paranavai
Campo
Astorga
Porecatu
Toledo
Florai
Cornelio
Umuarama
Apucarana
Londrina
Maringa
Jacarezinho
Percentual
1999 2006
Gráfico 6: Percentual de professores do ensino fundamental e médio que possuíam ensino superior em cada
microrregião paranaense – 1999 e 2006
Fonte: INEP (2009)
Por fim, a última variável qualitativa usada na composição do capital
humano refere-se à nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Esse exame é uma
avaliação de âmbito nacional, realizada anualmente, de caráter voluntário, aplicado aos alunos
que estão concluindo ou que concluíram o ensino médio, cujo objetivo é o de avaliar as
competências e habilidades desenvolvidas na escolarização básica. No Gráfico 7 são
apresentadas essas notas, ressaltando que nem todas as microrregiões conseguiram elevá-las
no intervalo entre 1999 e 2006: Jacarezinho teve queda nos resultados no montante de 0,6,
Curitiba regrediu em 0,6 e Londrina em 0,2. Observa-se, ainda, que aquelas microrregiões que
detinham as menores notas em 1999 conseguiram aumentá-las num patamar maior do que
aquelas que possuíam as maiores notas, diminuindo assim a dispersão dessa variável de 4,3
para 3,0 pontos.
80
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Cerro Azul
Ibaiti
Pitanga
Cornelio
Ivaipora
Telemaco Borba
Palmas
Paranagua
Faxinal
Florai
Goioere
Campo Mourao
Porecatu
Prudentopolis
Paranavai
Jaguariaiva
Cianorte
Pato Branco
Irati
Astorga
Wesceslau Braz
Toledo
Rio Negro
Capanema
Uniao da Vitoria
Francisco
Guarapuava
Assai
Lapa
Foz do Iguacu
Apucarana
Umuarama
Cascavel
Jacarezinho
Ponta Grossa
Sao Mateus do
Curitiba
Londrina
Maringa
Notas
1999 2006
Gráfico 7: Notas do Enem para cada microrregião paranaense – 1999 e 2006
Fonte: Dados tabulados pelo autor, com microdados fornecidos pelo INEP (2009)
Como o ENEM é uma prova que avalia as competências e habilidades
desenvolvidas durante a escolarização básica, isso significa que qualquer melhoria na
infraestrutura escolar, na qualificação dos docentes, deveria impactar nos resultados do
ENEM. Só que, por meio da Tabela 7, verifica-se que um aumento de um por cento no
número de professores com ensino superior eleva a nota do ENEM em 0,11 pontos; porém,
uma diminuição no mero de alunos por sala de aula não aumenta diretamente a nota do
ENEM, tendo em vista que tal variável não foi significativa a um nível de 5%. Isso significa
que a qualificação dos docentes é sentida imediatamente no desempenho dos estudantes, ao
contrário de uma redução do número de alunos por sala de aula, que pode exercer um efeito,
porém, ele não necessariamente é imediato e direto.
Um exemplo claro disso é o que ocorreu com a microrregião de Cerro Azul:
em 1999, ela apresentava a maior média de alunos por sala de aula (43 alunos), o menor
percentual de professores com ensino superior (32%) e a menor nota do ENEM (23,7); no
decorrer de seis anos, diminuiu significativamente a média de alunos por sala de aula (23,4
alunos), passando a ser a microrregião com a menor razão criança-professor, elevando o
percentual de professores com ensino superior (79%), contudo, ficando ainda na penúltima
posição, e sua nota do ENEM aumentou para 36,8, subindo apenas quatro posições na
classificação. Ou seja, por mais que o número de alunos por sala de aula tenha caído
significativamente, a sua classificação quanto ao resultado do ENEM não se elevou tanto, da
mesma maneira que sua posição quanto ao percentual de professores com ensino superior
também não aumentou consideravelmente.
81
Tabela 7
46
: Modelo de Regressão, tendo como variável dependente a “nota do Enem”, e como
variáveis independentes o “percentual de professores com ensino superior”, e a “média de
alunos por sala de aula” - Microrregiões paranaenses - 1999 a 2006
Variável Coeficiente Std. Err. Z
P
>|z|
Intercepto 33,503 3,364 9,960 0,00
Perc. de prof. com ensino superior 0,106 0,032 3,330 0,001
Alunos por sala de aula -0,075 0,056 0,182 -0,182
R
2
= 0,73
Fonte: Resultado da Pesquisa
Analisada a disposição das variáveis qualitativas em cada microrregião
paranaense nos anos de 1999 e em 2006, passou-se a investigar as semelhanças existentes
entre elas frente a essas variáveis. Utilizando inicialmente a análise classificatória hierárquica
(conforme especificado na seção 4.1), obteve-se um dendograma (Apêndice D) por meio do
qual se identificou a formação de três grupos distintos para o ano de 1999: o primeiro era
formado apenas por Cerro Azul; o segundo concentrava Londrina, Maringá e Curitiba; e o
terceiro grupo abrangia todas as demais microrregiões. Após ter determinado quais
microrregiões pertenciam a cada grupo, definiu-se, por meio do método não-hierárquico, a
relevância de cada uma das variáveis qualitativas em cada grupo com o objetivo principal de
delinear melhor cada conglomerado. Assim, pode-se inferir que no grupo dois as variáveis
“percentual de professores com ensino superior” e “nota do Enem” se sobressaiam,
apresentando os maiores valores em comparação com os demais grupos (Tabela 8). No caso
da variável “média de alunos por sala de aula” espera-se que quanto menor seja o seu valor,
melhor seja o aprendizado dos alunos; então, neste contexto, o conglomerado três tinha-a
como característica fundamental. Por fim, a característica marcante do grupo um consistia em
ter a maior “média de alunos por sala de aula”, o menor “percentual de professores com
ensino superior” e a menor “nota do Enem”, ou seja, apresentava os piores valores para as
variáveis qualitativas do capital humano, aqui consideradas.
Tabela 8: Centros dos conglomerados para variáveis qualitativas – microrregiões paranaenses
- 1999
Conglomerado (cluster) Variáveis
1 2 3
Percentual de prof. com ensino superior 32,00 81,00 70,00
Média de Alunos por sala de aula 42,70 33,60 32,28
Nota do Enem 23,73 45,40 34,53
Fonte: Resultado da Pesquisa
46
Utilizou-se o modelo de efeitos aleatórios dado que, no teste Hausman o qui-quadrado
obtido foi no valor de 6.5, aceitando H
0
ao nível de significância de 5%.
82
Fazendo o mesmo corte no dendograma que foi obtido para o ano de 2006,
visualiza-se a formação de cinco grupos (Apêndice E). O primeiro grupo concentrava
Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa, cuja característica comum era a de ter o maior
percentual de professores com ensino superior e a maior nota do Enem (Tabela 9). O segundo
grupo era formado por Pitanga, Ivaiporã e Cerro Azul, que se caracterizavam por apresentar a
mais baixa nota do Enem em relação aos demais grupos, um baixo percentual quanto ao
número de professores com ensino superior e, de forma favorável, tinham a menor média de
alunos por sala de aula.
No terceiro grupo concentravam-se Francisco Beltrão, Toledo, Capanema
e Lapa, em que, também era baixo o número de alunos por sala de aula, além do que, tinham
notas elevadas para o Enem. O quarto grupo era composto por Paranavaí, Telêmaco Borba,
Paranaguá, Ibaiti e Rio Negro, que possuíam o segundo menor número de professores com
ensino superior, a segunda menor média da nota do Enem e a segunda maior média de alunos
por sala de aula, ou seja, não apresentava nenhum resultado positivo para as variáveis
selecionadas. Por fim, o quinto grupo, que era formado pelas demais microrregiões do
Estado, possuía o segundo maior percentual de professores com ensino superior, uma média
de alunos por sala de aula não tão elevada e a uma nota do Enem intermediária (Tabela 9).
Tabela 9: Centros dos conglomerados para variáveis qualitativas – microrregiões paranaenses
- 2006
Conglomerado (cluster) Variáveis
1 2 3 4 5
Percentual de prof. com ensino superior 95,00 83,00 89,00 88,00 91,00
Média de Alunos por sala de aula 29,46 24,70 25,5 27,73 26,31
Nota do Enem 45,60 36,40 45,00 37,52 41,07
Fonte: Resultado da Pesquisa
Ao mensurar as variáveis qualitativas formou-se o índice das variáveis
qualitativas que compõem o capital humano (VQL), conforme especificado em (66’), a qual, a
sua essência advém da somatória do peso de cada variável qualitativa pelo seu correspondente
valor, apresentando-se os resultados do VQL para cada microrregião no Apêndice F.
Desta forma, ao calcular o VQL observa-se, por meio do Gráfico 8, que em
1999 o valor máximo auferido foi de 0,65 (Londrina), enquanto que o valor mínimo foi de
0,01 (Cerro Azul), apresentando uma dispersão de 0,12 pontos, com média igual a 0,49.
Verifica-se que Marine Londrina, que se classificaram no grupo dois em 1999 (Apêndice
D), apresentando como características principais um “percentual de professores com ensino
superior” e uma “nota do Enem” elevada em relação aos demais grupos, foram as que tiveram
83
os maiores valores do VQL em 1999 (Gráfico 8). Ao contrário, Cerro Azul, que apareceu com
características bastante distintas das demais microrregiões, constituindo sozinha o grupo um,
apresentando o pior “percentual de professores com ensino superior”, a maior média de
“alunos por sala de aula” e a menor “nota do Enem”, ficou na última posição do Gráfico 8.
No decorrer de seis anos, todas as microrregiões conseguiram elevar
significativamente esse índice, principalmente aquelas microrregiões que estavam nas últimas
colocações no ano de 1999, homogeneizando mais o VQL ao longo do Estado (dispersão de
apenas 0,05), aumentando o valor mínimo e máximo, respectivamente, para 0,60 (Paranaguá)
e 0,83 (Toledo), e elevando, consequentemente, a média para 0,73. Ressalta-se que Cerro
Azul foi a microrregião que mais progrediu quanto ao VQL, aumentando-o em 0,69 pontos;
seguida por Pitanga, Prudentópolis, Goioerê e Telêmaco Borba, que conseguiram incrementá-
lo em 0,40, 0,40, 0,34 e 0,31, respectivamente.
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
Cerro Azul
Pitanga
Prudentopolis
Telemaco
Palmas
Ibaiti
Guarapuava
Paranagua
Goioere
Rio Negro
Ivaipora
Sao Mateus do
Lapa
Uniao da
Faxinal
Irati
Campo Mourao
Wesceslau
Jaguariaiva
Francisco
Cianorte
Paranavai
Cascavel
Foz do Iguacu
Porecatu
Cornelio
Astorga
Pato Branco
Florai
Capanema
Curitiba
Assai
Toledo
Ponta Grossa
Apucarana
Umuarama
Jacarezinho
Maringa
Londrina
Índice
1999 2006
Gráfico 8: Índice das variáveis qualitativas que compõem o capital humano (VQL) das microrregiões
paranaenses – 1999 e 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Destaca-se que Toledo, Francisco Beltrão e Capanema passaram a ser as
microrregiões com os maiores valores para o VQL em 2006, ressaltando que estas
compunham o grupo três (Apêndice E), cujas características findavam em ter um baixo
número de alunos por sala de aula, além do que, apresentavam notas elevadas para o Enem.
No outro extremo, Paranaguá, Telêmaco Borba, Rio Negro e Ibaiti, que estavam inseridas no
quarto grupo e que apresentavam valores intermediários para as variáveis formadoras do
84
VQL, conjuntamente com Pitanga e Cerro Azul, que formavam o grupo doise que tinham
como características comum um baixo “percentual de professores com ensino superior” e as
menores “notas do Enem”, tendo, de forma favorável, a menor média de alunos por sala de
aula, ficaram nas últimas posições no ranking do índice apresentado no Gráfico 8.
Por fim, é importante destacar que a comparação dos Gráficos 8 e 4 revela
não existir nenhuma correlação entre aquelas microrregiões que mais elevaram o VQL e as
que mais aumentaram o VQT
47
. Isso significa que aquelas regiões que mais avançaram quanto
à qualidade do capital humano não necessariamente foram as mesmas que aumentaram a
quantidade de capital humano existente no seu interior, ou seja, a qualidade e a quantidade de
capital humano, em geral, não caminham na mesma direção no Paraná.
Classificando as microrregiões em quartis quanto ao VQL de 1999, observa-
se, por meio da Figura 12, que as que detinham os maiores valores se localizavam
principalmente no envoltório do Estado, contrastando com as que tinham os menores índices,
que estavam centradas principalmente no Centro do Paraná. Regionalmente, 100% das
microrregiões do Oeste e do Noroeste estavam nos dois melhores quartis, ressaltando que
75% das do Norte Central, 67% do Sudoeste e 60% das microrregiões do Norte Pioneiro
também se localizavam nestes dois quartis. Contudo, todas as microrregiões do Centro Sul, do
Centro Ocidental, do Sudeste, 80% das da Região Metropolitana de Curitiba e 67% das do
Centro Oriental, concentravam-se nos dois piores quartis (primeiro e segundo).
Neste contexto, pode-se inferir a existência de um grande vazio quanto à
qualidade educacional principalmente no Centro do Paraná, estendendo-se para o envoltório
do Estado até a Região Metropolitana de Curitiba. Além disso, verifica-se certa proximidade
entre as microrregiões com os piores valores do VQL, fenômeno este também observado entre
as microrregiões do terceiro e quarto quartil (maiores valores), que, no geral, encontravam-se
próximas entre si, demonstrando a existência de certo encadeamento entre elas.
A contraposição da Figura 1 com a 12 deixa explícito a existência de uma
associação entre o IDH de 2000 e a qualidade do capital humano de 1999, em que, aquelas
microrregiões nas quais a qualidade do capital humano era menos expressivo apresentavam,
de forma geral, um índice de desenvolvimento humano baixo. Assim, visualmente se percebe
que a quantidade de capital humano (Figura 10) não apresenta uma alta associação com IDH,
ao contrario da qualidade, que aparentemente tem uma relação positiva com esse índice.
47
Correlação não significativa a um nível de 5%, sendo igual a 0,2.
85
Figura 12: Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQL– 1999
Fonte: Resultado da Pesquisa
Analisando o ano de 2006 (Figura 13), pode-se inferir que o Centro
Ocidental, o Sudoeste e o Sudeste do Paraná tiveram uma melhora significativa de seus
resultados quando comparados com 1999, em que as duas primeiras passaram a centrar todas
as suas microrregiões nos dois quartis superiores, e o Sudeste passou a ter 50% nestes quartis.
O Centro Oriental e o Norte Central mantiveram o mesmo nível de microrregiões nos quartis
mais elevados, concentrando, sequencialmente, 33% e 75% das suas microrregiões nestes
quartis. O Centro Sul também sustentou o mesmo número de microrregiões nos quartis
superiores e inferiores, porém, isso significou uma manutenção de suas microrregiões nas
piores classificações, persistindo com 100% das microrregiões no primeiro e segundo quartil.
De forma negativa, a Região Metropolitana de Curitiba, o Norte Pioneiro, o
Noroeste e o Oeste regrediram quanto à posição em relação ao índice de VQL, elevando o
número de microrregiões com os piores valores, passando a ter, respectivamente, 100%, 80%,
33% e 33% das suas microrregiões nesta classificação.
86
Figura 13: Classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQL– 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Assim, os maiores vazios quanto à qualidade educacional continuaram no
Centro do Paraná, estendendo-se até a Região Metropolitana de Curitiba, ressaltando que, em
2006 este cenário alargou-se até o Norte Pioneiro do Estado. Infere-se que, da mesma forma
que em 1999 se identificava certa proximidade entre as microrregiões pertencentes aos quartis
mais elevados, tendo igualmente uma contiguidade entre as que estavam nos piores quartis,
em 2006 essa mesma relação também se verificava.
Agora, quando considerada a magnitude dos quartis de 2006 em
comparação com os de 1999 (Figura 12 e 13) fica visível a melhora que se teve em relação ao
VQL em todo o Paraná, em que o primeiro quartil de 2006 correspondia ao primeiro,
segundo, terceiro e quarto quartil obtidos para o ano de 1999, demonstrando a significativa
evolução desse índice entre todas as microrregiões e, principalmente, evidenciando o
progresso que se teve quanto à qualidade do capital humano no Paraná.
Assim, num contexto geral, pode-se afirmar que as microrregiões
paranaenses melhoraram quanto ao VQL num período de seis anos, demonstrando
principalmente uma grande homogeneização desse índice ao longo do Estado. Além disso, a
contraposição da Figura 13 com a 4 evidencia que as regiões onde a qualidade do capital
87
humano se sobressaiu foram, na sua maioria, as que tiveram os mais baixos fluxos
demográficos no período 1999-2006, indicando certa tendência de piora quanto a qualidade
do capital humano quando se tem uma alta taxa de crescimento populacional numa região.
Isso pode ocorrer ou porque o fluxo migratório que chega não tem qualificação, e/ou porque
os investimentos para fomentar essa qualificação permanecem os mesmos, além de outros
motivos.
4.2.3 Estoque de Capital Humano nas Microrregiões Paranaenses
A literatura econômica começou a discutir, com mais ênfase, o processo de
acumulação de capital humano durante os anos sessenta. Como um dos precursores, Schultz
(1961) chamou a atenção para o fato de que a ciência econômica, até aquele período, tinha
dificuldades de relacionar o indivíduo a uma forma de capital, principalmente em virtude da
conotação negativa que o conceito de capital humano apresentava, justificada pela experiência
americana com a escravidão. Porém, Schultz (1961) explica que esse capital humano,
defendido por ele e por outros autores, estaria relacionado com investimentos feitos em
educação, treinamento e saúde, inversões que tenderiam a elevar a produtividade, trazendo
melhores oportunidades e retornos individuais. Desta forma, conforme Becker (1962)
enfatiza, tanto a educação como o treinamento seriam as formas de investimentos mais
importantes dentro do capital humano. É importante ressaltar, contudo, que alguns autores
48
demonstram que a qualidade da educação e do treinamento fornecidos para os agentes é tão
importante ou mais na determinação da sua produtividade, estando intimamente ligada com o
nível de conhecimento, de aprendizado que é adquirido.
Nos anos recentes, diferentes trabalhos
49
demonstram a importância do
capital humano para o crescimento econômico de uma região, partindo da idéia de que os
indivíduos com maiores habilidades e conhecimentos tornam-se mais produtivos,
contribuindo para gerar um maior nível de produção, além de possibilitar a inovação das
técnicas de produção. Assim, a participação do capital humano no crescimento econômico
poderia advir tanto ex ante, com a formação de tecnologias mais avançadas, possíveis de
48
Como Hanushek e Kimko (2000).
49
Como os trabalhos de: Lucas (1988), Romer (1990a), Mankiw, Romer e Weil (1990),
Nakabashi (2005), dentre outros.
88
desenvolver somente se existir um conhecimento pré-acumulado, como, também, ex post,
com a existência de mão-de-obra qualificada para trabalhar essas novas tecnologias.
Desta forma, partindo da análise microeconômica dos anos de 1960, que
buscava mensurar os retornos dos investimentos realizados no capital humano, chegando até a
importância deste para o crescimento do produto de uma sociedade, encontra-se como ponto
comum o aumento da produtividade individual e de toda uma economia, oriunda de uma
elevação do capital humano existente.
Neste contexto, o aumento do índice do estoque de capital humano (KH) do
Paraná que é observado no Gráfico 9, o qual passou de 0,44 para 0,61, com taxa de
crescimento
50
anual positiva de 4%, torna-se um indicativo quanto à elevação da
produtividade dos paranaenses e, consequentemente, da economia como um todo do Estado.
Destaca-se que esse índice do estoque de capital humano apresentado no Gráfico 9 é o valor
médio do KH das microrregiões paranaenses, calculado por meio de (64), correspondendo à
média da soma do VQT e do VQL.
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Índice
Estoque de capital humano
Gráfico 9: Taxa de crescimento e evolução do KH no Estado do Paraná – 1999 a 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Mais especificadamente, todas as microrregiões conseguiram elevar o KH
no período de seis anos (Gráfico 10, com apresentação dos valores do KH para todo o período
1999-2006 no Apêndice G). Em 1999, Londrina era a microrregião com o mais elevado índice
(0,56), seguida por Curitiba (0,56) e Ponta Grossa (0,56); no outro extremo, encontrava-se
Cerro Azul, com um valor ínfimo, igual a 0,14. Destaca-se que quando foi analisado o VQT,
50
Obtida por meio da função exponencial, regressão que relacionou a média do estoque de
capital humano do Paraná (variável dependente) com o tempo (variável independente).
4%
89
inferiu-se que essa microrregião, em conjunto com Ibaiti e Faxinal, formava o cluster cinco,
apresentando a menor escolarização da população, o menor percentual de treinamento e a
segunda maior taxa de rotatividade. Na análise do VQL de 1999, Cerro Azul constituía
sozinha o conglomerado um, tendo como particularidades: a maior média de alunos por sala
de aula, o menor percentual de professores com ensino superior e a menor nota do Enem, ou
seja, apresentava os piores valores para as variáveis qualitativas do capital humano. Assim, a
sua presença em grupos cujas características comuns não beneficiavam a formação do capital
humano, justifica a sua posição na última colocação do KH de 1999.
Em 2006, percebe-se uma significativa melhora do KH em todas as
microrregiões, principalmente daquelas que se encontravam nas últimas posições em 1999,
diminuindo, desta forma, a discrepância existente (desvio padrão passou de 0,09 para 0,06
pontos), tornando mais homogêneo o estoque de capital humano ao longo de todo Estado
(Gráfico 10). A microrregião de Rio Negro ficou na última colocação em 2006, entretanto
com um índice do capital humano maior do que o obtido em 1999 (0,49). No outro extremo,
encontravam-se Irati, Ponta Grossa, Toledo e Francisco Beltrão, com valores iguais a 0,79,
0,68, 068 e 0,68, respectivamente.
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
Cerro Azul
Telemaco Borba
Ibaiti
Faxinal
Prudentopolis
Rio Negro
Pitanga
Palmas
Goioere
Cianorte
Cornelio Procopio
Astorga
Ivaipora
Sao Mateus do
Guarapuava
Lapa
Uniao da Vitoria
Jacarezinho
Jaguariaiva
Wesceslau Braz
Florai
Campo Mourao
Paranavai
Porecatu
Paranagua
Capanema
Francisco Beltrao
Assai
Apucarana
Foz do Iguacu
Toledo
Irati
Pato Branco
Umuarama
Maringa
Cascavel
Ponta Grossa
Curitiba
Londrina
Índice
1999 2006
Gráfico 10: Índice do estoque de capital humano das microrregiões paranaenses – 1999 e 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Classificando as microrregiões em quartis quanto ao índice do estoque de
capital humano de 1999, observa-se, por meio da Figura 14, que as que detinham os maiores
90
valores se localizavam principalmente no envoltório do Estado, estando essencialmente no
Centro as que pertenciam aos piores quartis (primeiro e segundo). Regionalmente, 100% das
microrregiões do Centro Sul se localizavam nas mais baixas classificações (primeiro e
segundo quartil), da mesma forma que a maioria das microrregiões do Norte Pioneiro (80%),
do Sudeste (75%), do Centro Oriental (67%) e da Região Metropolitana de Curitiba (60%).
Numa posição intermediária aparecia o Centro Ocidental com 50% das suas microrregiões no
primeiro e segundo quartil. No outro extremo, encontravam-se o Oeste e o Sudoeste, ambos
com 100% das suas microrregiões nas melhores posições (terceiro e quarto quartil), da mesma
maneira que o Noroeste e o Norte Central também concentravam a maioria de suas
microrregiões nestas classificações (tendo, respectivamente, 67% e 63%).
Figura 14: Classificação das microrregiões em quartis quanto ao KH– 1999
Fonte: Resultado da Pesquisa
Diante destes dados, pode-se inferir que em 1999 a grande massa do estoque
de capital humano estava centrada no Oeste, Sudoeste, no Noroeste e Norte Central do
Paraná, tendo as maiores lacunas especialmente no Centro Sul do Estado, no Norte Pioneiro,
no Sudeste, no Centro Oriental e na Região Metropolitana de Curitiba, distribuição espacial
esta que se assemelhando bastante com a distribuição do IDH do ano de 2000 (Figura 1).
91
Visualmente, isso significa a existência de certa proximidade entre as áreas que mais
concentravam capital humano e as que detinham certo déficit desse fator.
Comparando as Figuras 14 e 15, verifica-se que as microrregiões
pertencentes ao primeiro quartil deixaram de estar concentradas especialmente no Centro do
Paraná, espalhando-se principalmente em direção ao Norte. Regionalmente, nenhuma
mudança ocorreu quanto à disposição das microrregiões do Centro Oriental, do Oeste e do
Sudoeste paranaense em 2006. Já, o Centro Ocidental, o Sudeste e o Centro Sul evoluíram no
que se refere ao percentual de microrregiões pertencentes aos melhores quartis, passando a
ter, respectivamente, 100%, 75% e 33% nestas classificações. Contrariamente, o Norte
Pioneiro, a Região Metropolitana de Curitiba, o Noroeste e o Norte Central regrediram,
passando a ter 100%, 80%, 67% e 50%, respectivamente, de suas microrregiões nas piores
posições.
Figura 15: Classificação das microrregiões em quartis quanto ao KH– 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
Assim, em 2006 o estoque de capital humano estava concentrado,
sobretudo, no Oeste, Sudoeste, no Centro Ocidental e no Sudeste do Paraná, melhorando
especialmente para estas duas últimas regiões. Já os grandes vazios desse fator continuavam a
92
se localizar no Norte Pioneiro, na Região Metropolitana de Curitiba, no Centro Sul, no Centro
Oriental e no Noroeste do Estado.
Destaca-se, também, que por meio das Figuras 14 e 15 é possível comprovar
o resultado quanto à melhoria geral que todas as microrregiões do Paraná sofreram no
decorrer de seis anos. Ou seja, se analisar a magnitude dos quartis de ambos os anos,
verificar-se-á que o KH das microrregiões pertencentes ao primeiro quartil de 2006 abrangia
todos os quartis de 1999, o que significa que o Estado teve uma evolução significativa quanto
à formação do estoque de capital humano.
Analisada a disposição do KH em cada microrregião paranaense nos anos de
1999 e em 2006, passou-se a investigar as semelhanças existentes entre as microrregiões
frente às variáveis qualitativas e quantitativas, diagnóstico feito por meio da análise de
cluster. Assim, considerando todas as variáveis formadoras do capital humano [que estão
especificadas em (64), (65’) e (66’)] apresenta-se, por meio do Apêndice H, um dendograma
para 1999, com a formação visível de oito grupos, tendo algumas características comuns
(Tabela 10):
O grupo um, formado por Ibaiti, Ivaiporã, Cornélio Procópio e
Floraí, tinham o menor percentual de treinamento e o segundo menor
grau de escolaridade – todos sendo pontos negativos para a formação
de capital humano, explicando a posição dessas microrregiões,
sobretudo no primeiro e segundo quartil do KH;
No conglomerado dois, composto por Goioerê, Palmas, Telêmaco
Borba, Paranaguá e Prudentópolis, caracterizavam-se por ter um
baixo nível de professores com ensino superior e elevada média de
alunos por sala de aula, além do que tinham uma alta taxa de
rotatividade da mão-de-obra características essas que esclarecem a
colocação relativamente baixa dessas microrregiões;
O grupo três, que abrangia Londrina, Curitiba e Maringá, tinha-se
como características comuns as mais altas notas do Enem, o
percentual mais elevado de professores com ensino superior, a maior
média de anos de estudo e o maior nível de treinamento por
trabalhador, apresentando, como ponto negativo, a mais alta taxa de
rotatividade. Porém, considerando todas as características positivas
deste grupo, explica-se a colocação dessas três microrregiões
93
respectivamente no primeiro, segundo e quinto lugar do ranking do
KH (Gráfico 10), e;
Pitanga, que compunha sozinha o cluster quatro, apresentava a
menor taxa de rotatividade da mão-de-obra (ponto positivo para a
formação do KH), contudo, tinha, também, um baixo percentual de
treinamento, o segundo menor percentual de professores com ensino
superior, a segunda menor nota do Enem e a segunda maior média
de alunos por sala de aula, justificando o porquê de se encontrar nas
piores colocações quanto ao KH de 1999;
O grupo cinco, composto por Francisco Beltrão, Toledo, Pato
Branco, Ass e Capanema, apresentava como aspectos comuns a
mais baixa média de alunos por sala de aula, a segunda maior média
de anos de estudo, e valores intermediários para as demais variáveis
(Tabela 10), explicando a localização dessas microrregiões no
terceiro e quarto quartil do KH de 1999 (Figura 14);
O conglomerado seis era formado por Cascavel, Foz do Iguaçu,
Apucarana, Umuarama, Lapa, Ponta Grossa, São Mateus do Sul e
Jacarezinho, caracterizando por ter a segunda maior nota do Enem,
um nível intermediário de professores com ensino superior, o
segundo maior nível de treinamento por trabalhador e a segunda
menor média de alunos por sala de aula, com valores intermediários
para as demais variáveis (Tabela 10); justificando as suas colocações
nos dois melhores quartis, com exceção apenas de São Mateus do
Sul, Jacarezinho e da Lapa (Figura 14);
O conglomerado sete, que era composto por Cerro Azul, ao
contrário do grupo três, caracterizava por apresentar os piores
valores para todas as variáveis, com exceção apenas da taxa de
rotatividade, esclarecendo a sua posição na última colocação do
Gráfico 10.
No oito, formado por Irati, Rio Negro, Wenceslau Braz, Astorga,
Jaguariaíva, Paranavaí, Cianorte, Porecatu, Campo Mourão, Faxinal,
Guarapuava e União da Vitória, tinha-se valores intermediários para
94
a grande maioria das variáveis qualitativas e quantitativas (Tabela
10);
Neste contexto, em virtude das características positivas, principalmente dos
clusters três, cinco e seis, é justificável a colocação privilegiada da grande maioria dessas
microrregiões nas mais altas posições do ranking do KH de 1999, conforme foi apresentado
no Gráfico 10 e na Figura 14.
Tabela 10: Centros dos conglomerados para variáveis quantitativas e quantitativas
microrregiões paranaenses -1999
Variáveis Qualitativas Variáveis Quantitativas Cluster
Alunos por
sala de aula
Nota do
Enem
Percentual de professores
com 3º grau
Anos de
estudo
Treinamento
per capita
Taxa de
rotatividade
1 31,7 31,7 75 6,6 0,00 0,35
2 34,8 32,9 66 7,5 0,02 0,37
3 33,7 45,4 81 9,1 0,04 0,42
4 37,7 30,8 53 7,8 0,01 0,19
5 29,4 36,1 71 8,5 0,02 0,28
6 31,7 40,0 73 8,0 0,03 0,34
7 42,7 23,7 32 5,7 0,00 0,20
8 32,4 35,4 72 7,6 0,02 0,37
Fonte: Resultado da Pesquisa
Fazendo o mesmo corte no dendograma de 2006, identifica-se a existência
de nove conglomerados, conforme se verifica no Apêndice I, com as seguintes características
(Tabela 11):
No grupo um, formado por Faxinal, Irati, São Mateus do Sul,
Goioerê, Pato Branco e Wenceslau Braz, tinha-se como
características principais uma baixa taxa de rotatividade e de alunos
por sala de aula, além de um elevado nível de treinamento.
Especialmente no caso da microrregião de Irati, esta última
característica foi crucial para a sua colocação na primeira posição do
ranking do KH de 2006 (Gráfico10);
O conglomerado dois, que era composto por Jacarezinho, Palmas,
Prudentópolis, União da Vitória, Assaí, Cornélio Procópio, Campo
Mourão e Floraí, apresentavam valores intermédios para todas as
variáveis;
O cluster três compunha-se por Astorga, Guarapuava, Jaguariaíva,
Umuarama, Apucarana, Cianorte, Cascavel e Foz do Iguaçu, tendo
como aspectos comuns valores relativamente elevados para todas as
95
variáveis, com exceção apenas da taxa de rotatividade, a qual era a
mais alta, contribuindo negativamente para a formação do KH
dessas microrregiões;
No grupo quatro, formado por Francisco Beltrão, Toledo e
Capanema, as características centravam-se numa nota do Enem, num
percentual de professores com ensino superior e numa média de
escolaridade significativamente elevada, em conjunto com uma taxa
de rotatividade e uma média baixa de alunos por sala de aula. Tendo
esses aspectos favoráveis para a formação do estoque de capital
humano, justifica-se a posição destas microrregiões no melhor
quartil (conforme a Figura 15 apresenta);
Lapa compunha sozinho o cluster cinco, apresentando a maior nota
do Enem quando comparada à média dos outros grupos, porém,
tinha uma baixa escolaridade, um baixo percentual de treinamento e
o menor percentual de professores com curso superior aspectos
estes que restringiram a formação de capital humano, contribuindo
para a sua colocação no segundo quartil;
O sexto conglomerado era formado por Ivaiporã, Pitanga, Paranavaí,
Telêmaco Borba, Rio Negro, Ibaiti e Porecatu, caracterizados por
uma escolaridade, uma nota do Enem e um vel de treinamento
baixos, além de ter uma taxa de rotatividade alta, fatores que
contribuíram negativamente para o avanço do KH nestas
microrregiões, deixando-as nos piores quartis, sobretudo no
primeiro, com exceção apenas de Pitanga que pertencia ao terceiro
quartil (Figura 15);
Paranaguá constituía o grupo sete, cujos aspectos principais
referiam-se a uma alta escolaridade de sua população, contrapondo
com um elevado número de alunos por sala de aula, um baixo
percentual de professores com terceiro grau e a menor nota do
Enem, características que a colocaram nas piores posições,
localizando-a no pior quartil do KH;
O oitavo cluster, composto por Cerro Azul, apresentava como
aspectos positivos a menor taxa de rotatividade e a mais baixa média
96
de alunos por sala de aula, contudo, como aspectos negativos, tinha a
menor escolaridade e nível de treinamento por trabalhador, além de
um baixo percentual de professores com ensino superior e uma
reduzida nota do Enem. Essas últimas características contribuíram
negativamente para a formação do KH dessa microrregião,
deixando-a na 35º posição dentro do ranking apresentado no Gráfico
10;
Por fim, o nono grupo abrangia Maringá, Ponta Grossa, Londrina e
Curitiba, as quais, em comum, tinham a maior média de alunos por
sala de aula, apresentando, por outro lado, uma nota elevada para o
Enem e o maior nível de treinamento, de percentual de professores
com terceiro grau e a mais alta escolaridade. Desta forma, todos
esses aspectos positivos justificam suas posições no segundo e
principalmente no primeiro quartil quanto ao KH.
Assim, pode-se enfatizar que as características comuns, principalmente dos
conglomerados nove e quatro, foram os fatores primordiais para a colocação dessas
microrregiões nas melhores posições no que se refere ao índice do estoque de capital humano
de 2006.
Tabela 11: Centros dos conglomerados para variáveis quantitativas e quantitativas
microrregiões paranaenses -2006
Variáveis Quantitativas Variáveis Qualitativas
Cluster
Anos de
estudo
Taxa de
rotatividade
Treinamento
per capita
Alunos por
sala de aula
Percentual de professores
com 3º grau
Nota do
Enem
1
9.6 0.34 0.03 26 90.58 41.6
2
9.1 0.37 0.02 26 91.75 39.5
3
9.3 0.44 0.02 28 93.27 42.3
4
9.8 0.35 0.02 25 94.03 44.2
5
8.8 0.40 0.01 26 77.45 45.9
6
9.0 0.43 0.02 26 88.34 37.1
7
10.1 0.39 0.02 29 80.18 36.8
8
7.7 0.33 0.00 23 78.60 36.8
9
10.3 0.42 0.04 30 94.91 45.7
Fonte: Resultado da Pesquisa
97
4.3 Considerações Finais
Por meio de todos esses resultados, infere-se que no Paraná, durante o
período de seis anos, houve uma melhora significativa no estoque de capital humano, não
somente no que se refere às variáveis quantitativas, que em geral são uma prioridade
governamental, tendo em vista que suas evoluções são mais bem percebidas, mas
principalmente melhoraram-se as variáveis qualitativas. Mais precisamente, quando
analisadas as variáveis quantitativas, 97% das microrregiões elevaram a média de anos de
estudo, 62% aumentaram o nível de treinamento por trabalhador, e apenas 21% diminuíram a
taxa de rotatividade da mão-de-obra. No caso das variáveis qualitativas, 100% das
microrregiões conseguiram elevar o percentual de professores com ensino superior e todas
diminuíram a média de alunos por sala de aula, além do que, somente 8% não conseguiram
aumentar as suas notas médias do Enem.
Como diversas evidências empíricas demonstram que mais importante que
as variáveis quantitativas são as variáveis qualitativas na composição do capital humano e
consequentemente no aumento da produtividade de toda uma economia [conforme, por
exemplo, Lee e Barro (2001) destacam], então, pode-se afirmar a existência de um
significativo progresso do capital humano no Estado, restando apenas saber se esse avanço
tem alguma relação com a taxa de crescimento do PIB per capita paranaense.
98
5 CAPITAL HUMANO E A TAXA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO NO PARANÁ
De acordo com Pires (2005), o papel do indivíduo devidamente capacitado
na ampliação da produtividade e da riqueza sempre esteve presente no pensamento
econômico, desde a idéia de divisão social do trabalho de Adam Smith até as recentes teorias
que identificam o domínio do conhecimento tecnológico como a base da competitividade,
passando pela noção neoclássica de produtividade marginal do trabalho.
No entanto, apesar de se perceber a relevância do nível de habilidade dos
indivíduos sobre a produção das economias, esse fator não foi incorporado ao núcleo de
análise. Ao contrário, por muito tempo essa idéia foi ignorada pelo pensamento econômico
tradicional, em que, os aumentos de produtividade eram explicados ou pela capacidade
gerencial, pela intensificação do trabalho, pela eficiência da política econômica, ou, mais
frequentemente, pela incorporação do progresso tecnológico.
Por isso, formalmente, o conceito acerca do capital humano foi
construído no final da década de 1950 e início dos anos de 1960, fomentado principalmente
pelos autores Mincer (1958), Becker (1962) e Shultz (1960, 1961). Este último define de
diferentes formas o capital humano e procura sempre relacioná-lo ao processo de crescimento
econômico, identificando os mecanismos que podem levar à sua ampliação, seja por meio do
investimento público, ou por decisões individuais de se investir em capacitação, visando
retornos futuros melhores.
Entretanto, assim como Shultz, os demais teóricos do capital humano
consideraram que as contribuições da educação (proxy do capital humano) sobre a cultura e
outros benefícios sociais existiam, contudo, não trataram desses pontos com o intuito de
avançar sobre os efeitos econômicos desse fator. A partir do momento que o capital humano
foi considerado na análise econômica tornou-se, então, fundamental para o avanço da própria
ciência e para o entendimento de vários assuntos, sendo importantíssimo principalmente na
explicação quanto às diferenças existentes entre o crescimento da renda e dos fatores de
produção entre os países (NAKABASHI, 2005). E é por isso que na recente literatura do
crescimento econômico, a acumulação do capital humano ganhou um papel central. Por
exemplo, no modelo de Romer (1990a), o capital humano é entendido com um determinante
da oferta de novas idéias e de novas tecnologias, tornando-se fundamental ao permitir avanços
tecnológicos, influenciando a taxa de crescimento econômico. No caso de Lucas (1988), o seu
modelo elenca o capital humano como sendo o motor do crescimento econômico. De acordo
99
com o autor, um trabalhador com um nível de capital humano relativamente mais alto obtém
um produto final maior do que outro que não esteja tão bem preparado. Indiretamente, a
produção é afetada pelo capital humano, dadas as externalidades por ele geradas, além do que,
trabalhadores mais qualificados aceleram o processo de difusão, ressaltando, também, que
uma maior capacitação dos indivíduos ligados à criação de tecnologia, indiretamente, afeta o
crescimento econômico.
Porém, ao mesmo tempo em que um forte apoio teórico para o papel
fundamental do capital humano no processo de crescimento, as evidências empíricas não são
tão claras. Bassani e Scapetta (2001) argumentam que do mesmo modo que alguns estudos
microeconômicos baseado na função de Mincer demonstram a existência de retornos
significativos da educação na forma de salários maiores, conjuntamente com trabalhos que
evidenciam um impacto positivo do capital humano no crescimento econômico, existem, por
outro lado, estudos que não conseguem captar qualquer contribuição significativa do capital
humano sobre dinâmica econômica, principalmente quando se analisa a evolução ao longo do
tempo dessas duas variáveis.
Neste sentido, esse capítulo visa exatamente mensurar a relação existente
entre o capital humano e a taxa de crescimento per capita, extrapolando, contudo, a análise
para o campo regional, trabalhando com as microrregiões paranaenses, entre os anos de 1999
e 2006. Para isso, apresenta-se na primeira seção a metodologia por meio da qual tal objetivo
será alcançado, trazendo, na seção seguinte, os resultados quanto a influência, direta e
indireta, do capital humano sobre a taxa de crescimento econômico per capita das
microrregiões paranaenses.
5.1 Capital humano e Crescimento Econômico: Elementos Metodológicos
Nakabashi (2005), visando captar os efeitos diretos e indiretos do capital
humano sobre a taxa de crescimento da renda por trabalhador, construiu a especificação (72),
por meio da mensuração dos modelos de Mankiw, Romer e Weil (1992) e da especificação de
Benhabib e Spiegel (1994) que, segundo o autor, está baseada em Nelson e Phelps (1966) e
Romer (1990a), além do que, inseriram outras variáveis seguindo indicações como as dos
autores: Coe e Helpman (1995) e Javorcik (2004).
100
+++++++=
it
itt
itititititit
it
Ait
h
it
k
it
it
it
A
AT
hMhFDIMFDIh
A
H
ii
y
y
)()1(
5432
1
ϕϕϕϕϕ
π
βαβα
ξ
&
it
it
A
n
)1(
))((
β
α
δβα
+++ (72)
Em que:
H
Ait
é a quantidade de capital humano empregada em pesquisa e desenvolvimento;
T
é a fronteira tecnológica;
A
é o nível tecnológico,
h
it
é o capital humano expresso na forma de
crescimento do capital humano por unidade de trabalho;
FDI
é o investimento direto
estrangeiro;
M
é a importação e;
ε
é o erro aleatório
51
.
Destaca-se que em alguns modelos, como o de Romer (1990a), o capital
humano é o principal fator na criação de novas idéias e, portanto, é crucial para o avanço
tecnológico de uma região. Já, em modelos como o de Nelson e Phelps (1966), o capital
humano tem um papel decisivo no processo de difusão de tecnologias, no qual a suposição
que se faz é a de que a absorção e o uso de novas tecnologias são dependentes do nível de
escolaridade e do
gap
tecnológico existente entre o nível tecnológico do país
i
e a tecnologia
da fronteira. Porém, outros autores, como Keller (2004), argumentam que no processo de
difusão tecnológica o comércio internacional tem um papel de suma importância, em que,
quando determinado país importa bens de outros países está acessando, indiretamente, os
resultados de P&D externo (“
passive technology spillover
”). Neste sentido, o comércio
internacional conduz a um aumento da produtividade, em virtude de que todos os países
podem se beneficiar, por meio da importação, da inovação feita por um país
52
. Ainda, no que
se refere ao processo de difusão, existem muitos estudos que relacionam tal processo com a
presença de empresas multinacionais (EMN), ressaltando, porém, que os efeitos dessa relação
ainda não são claros, existindo autores, como Viotti (1997), que não conseguem observar essa
associação, enquanto que outros
[
como NAKABASHI, (2005)
]
vêem nas EMN a chave para a
difusão tecnológica
53
.
51
Ressalta-se que as variáveis representadas por letras minúsculas estão divididas pela
quantidade de trabalho.
52
Destaca-se que o país que importa tem acesso indireto a P&D externo, contudo, o
conhecimento tecnológico que está incorporado no bem importado não está disponível aos inventores domésticos
(KELLER, 2004).
53
Nakabashi (2005) argumenta que, dada a disponibilidade de novos conhecimentos,
iniciação de programas de treinamento no trabalho, fornecimento de insumos de alta qualidade, aumento da
concorrência, facilitação da imitação, criação de novas oportunidades de exportar e criação de linkagens para
trás, é de esperar que os fluxos de FDI tenham como resultado uma elevação na velocidade da difusão
tecnológica.
101
Levando em conta essas argumentações teóricas é que Nakabashi (2005),
por meio da especificação (72), determinou os pólos pelos quais o capital humano afeta a taxa
de crescimento por trabalhador, elencando três vias de ação: diretamente, na qual o
investimento em capital humano mensura a mudança nas habilidades dos trabalhadores que
estão empregados no processo de produção; por meio da criação de tecnologias, em que, o
importante é a quantidade de capital humano empregado em atividades de P&D e a
quantidade de tecnologias previamente acumulada; e facilitando o emprego de tecnologia
criada previamente (difusão de tecnologias) destacando que a importação e o investimento
direto estrangeiro podem ser cruciais neste processo, porém, o capital humano pode interagir
com esses dois canais e intensificar a difusão.
Como o objetivo deste estudo consiste em analisar a influência do capital
humano sobre a taxa de crescimento econômico per capita das microrregiões do Paraná, e
como através da especificação (72) consegue-se identificar os canais diretos e indiretos dessa
ação do capital humano na dinâmica econômica, então, a especificação (72) constituiu-se a
base deste trabalho. Diante disso, na subseção seguinte é feita a apresentação resumida do
modelo de Nakabashi (2005), apresentando, na subseção 5.1.2, todos os procedimentos
metodológicos que foram utilizados para determinar os efeitos do capital humano sobre o
crescimento econômico das microrregiões paranaenses.
5.1.1 O Modelo
Nakabashi (2005), com o objetivo de identificar os meios pelos quais o
capital humano se expressa no crescimento econômico, partiu da função de produção (73):
βαβα
=
1
)(
itititit
ALHKY
(73)
Em que: Y é o nível de renda, K é o nível de capital físico, H é o nível de capital humano, A é
o nível de tecnologia e L é a quantidade do fator trabalho usado no processo de produção. Os
subscritos i e t se referem ao país i no tempo t.
Derivando (73) em relação ao tempo, obteve-se (74).
it
it
it
it
it
it
it
it
it
it
L
L
A
A
H
H
K
K
Y
Y
&
&
&&&
)1()1(
βαβαβα
+++= (74)
102
Considerando que
X
&
corresponde a
tX
/ e
X
representa qualquer uma das variáveis na
equação (74).
Dividindo e multiplicando (74) por
L
e considerando x = X/L e
LLn /
&
= , a
equação foi escrita como:
it
it
it
it
it
it
it
it
A
A
h
h
k
k
y
y
&
&&
&
)1(
βαβα
++= (75)
Fazendo as mesmas suposições do modelo de Solow ampliado
54
quanto à
dinâmica da acumulação tanto do capital físico como do humano, e considerando-os em
termos de crescimento do capital por unidades efetivas de trabalho, e, em seguida,
substituindo-os na expressão (75), Nakabashi (2005) chegou a (76).
))(()1(
δβαβαβα
++++=
it
it
it
h
it
k
it
it
it
n
A
A
y
y
&
&
(76)
Considerando a especificação de Benhabib e Spiegel (1994), que é baseada
em Nelson e Phelps (1966) e Romer (1990a), então, a dinâmica do progresso tecnológico
pode ser representada por (77), a qual se for substituída em (76), resulta em (78).
εφπ
ξ
++= )(
itititAitit
AThAHA
&
(77)
Em que H
A
é a quantidade de capital humano empregada em pesquisa e desenvolvimento
(P&D) e T
t
é a fronteira tecnológica no tempo t.
))(()1(
)1(
1
δβαφβα
πβα
βα
ξ
++
+
++=
it
it
itt
it
it
Ait
h
it
k
it
it
it
n
A
AT
h
A
H
ii
y
y
&
ε
β
α
it
A
)1(
+ (78)
Essa especificação (78), segundo Nakabashi (2005), contempla os três
meios pelo qual o capital humano afeta a taxa de crescimento econômico por trabalhador:
diretamente, por meio do aumento das habilidades dos trabalhadores envolvidos no processo
de produção; por meio da criação de tecnologia, na qual o que importa é a quantidade de
54
Feito por Mankiw, Romer e Weil (1992).
103
capital humano empregada em atividades de P&D e a quantidade de tecnologia previamente
acumulada; e facilitando o emprego de tecnologia, por meio da difusão tecnológica.
Entretanto, o autor argumenta existirem outros canais para a difusão de
tecnologia numa região, onde a importação (M), o investimento direto estrangeiro (FDI) e a
interação dessas duas variáveis com o capital humano, são, também, possíveis vias para a
difusão tecnológica. Neste contexto, o autor determinou-as por meio de (79).
itit
itt
itititititit
it
Ait
it
it
AA
AT
hMhFDIMFDIh
A
H
A
A
ε
ϕϕϕϕϕ
π
ξ
+
+++++=
)(
5432
1
&
(79)
Além disso, Nakabashi (2005) faz a suposição de que os canais de difusão
são mais efetivos quando existe um maior vel de tecnologia que pode ser utilizada pela
região em questão, ou seja, quando ela está distante da fronteira tecnológica, por isso, a
expressão (79) está dividida por A
it
.
Empregando (79) em (76), chega-se a (72), ou seja:
+++++++=
it
itt
itititititit
it
Ait
h
it
k
it
it
it
A
AT
hMhFDIMFDIh
A
H
ii
y
y
)()1(
5432
1
ϕϕϕϕϕ
π
βαβα
ξ
&
it
it
A
n
)1(
))((
β
α
δβα
+++ (72)
5.1.2 Mensuração dos Efeitos Diretos e Indiretos do Capital Humano nas Microrregiões
Paranaenses
Como o objetivo deste estudo consiste em analisar a influência do capital
humano na taxa de crescimento econômico
per capita
das microrregiões paranaenses,
considerou-se, então, a relação apresentada na especificação (72) para identificar por quais
meios o capital humano afeta a dinâmica econômica paranaense.
Entretanto, a especificação (72) está basicamente construída em cima de
modelos de crescimento neoclássico, desenvolvidos para análise macroeconômica, contudo,
no presente estudo utilizou-a para um conjunto de dados regionais. No texto de Barro e Sala-
I-Martin (2005, p.461-462) tem-se toda uma argumentação de como um modelo de
crescimento neoclássico pode prover um vigamento útil para a análise empírica regional.
104
Primeiramente, Barro e Sala-I-Martin (2005) apresentam as principais
diferenças entre uma análise macro e uma análise regional. Segundo os autores, embora
existam diferenças de tecnologia, preferências, e instituições entre regiões, é provável que
estas diferenças sejam menores do que entre países. Além disso, as regiões compartilham de
um governo central e regional comum, tendo uma estrutura institucional e um sistema legal
único. Assim, os insumos tendem a possuir maior mobilidade entre regiões do que entre
países principalmente porque as barreiras institucionais são menores. Logo, Barro e Sala-I-
Martin (2005) argumentam que um modelo macro de crescimento econômico, que supõe uma
economia fechada ou aberta, poderia ser violado quando usado para um conjunto de dados
regionais. No entanto, esse mesmo modelo neoclássico de crescimento pode proporcionar
uma estrutura útil para a análise regional desde que uma fração do estoque de capital,
incluindo o capital humano, não tenha mobilidade ou não possa ser usado interregionalmente.
Em suma, se a suposição de que a mobilidade dos fatores de produção, sobretudo a do capital
humano, não é grande, a expectativa teórica será válida (BARRO E SALA-I-MARTIN,
2005).
E é considerando essa suposição de baixa mobilidade dos fatores de
produção que se utilizou a especificação (72)
55
. Assim, por meio de três modelos de
regressão
56
, com dados em painel, relacionou a taxa de crescimento econômico per capita
57
de
cada microrregião, nos anos de 1999 a 2006, com as variáveis: taxa de crescimento da força
de trabalho; capital humano alocado em P&D; investimento em capital físico por habitante;
investimento em capital humano; e distância tecnológica em relação à fronteira tecnológica
multiplicada pelo capital humano. As variáveis “investimento direto estrangeiro” e
“importação”, devido à ausência de dados para as microrregiões paranaenses, tiveram que ser
desconsideradas da análise. Mas especificadamente:
O estoque do capital humano foi calculado na primeira regressão por (64),
na segunda regressão considerou apenas o índice VQT obtido por meio de
(65’) e na terceira regressão considerou somente o VQL de (66’); assim, o
investimento em capital humano (IKH) teve como proxy na primeira
55
Parcialmente, essa suposição foi atendida ao usar dados em painel. De acordo com Kroth
e Dias (2008), quando se utiliza a metodologia de painéis contribui para resolução desse problema de mobilidade
dos fatores, ao levar em consideração os efeitos fixos das microrregiões.
56
Apresentou-se três regressões em virtude de que na primeira regressão, como proxy para
o capital humano, considerou as variáveis qualitativas e quantitativas (64), na segunda regressão considerou
apenas as variáveis quantitativas (65’) e na terceira regressão a proxy para o capital humano foram somente as
variáveis qualitativas (66’).
57
Destacando que as informações referentes ao PIB per capita de cada microrregião foram
fornecidas pelo IPARDES (2009).
105
regressão a variação de (64) para cada ano, na segunda a variação apenas do
VQT (65’) e na terceira regressão, somente a variação do VQL (66’);
O investimento em capital físico por habitante (IKF) teve como proxy o
consumo de energia elétrica de cada microrregião subtraído do consumo
residencial dividido pela população, com valores advindos do IPARDES
(2009), seguindo a metodologia de Nakabashi e Salvato (2007). Ressalta-se
que se fizesse uso do consumo de energia industrial como proxy para essa
variável não se levaria em consideração, de acordo com os autores, os setores
primários e terciários. Portanto, foi utilizado como proxy para capital físico o
total de consumo de energia subtraído do consumo residencial para cada
microrregião;
Já, o capital humano alocado em P&D (P&D) referiu-se ao número de
patentes por habitante
58
anualmente conseguidas, com fonte INPI. Griliches
(1990), a partir de uma análise acerca de uma função de produção do
conhecimento, obteve como resultado que a P&D é o insumo básico que
aumenta o conhecimento de uma economia. Esse estoque ampliado do
conhecimento gera, por sua vez, patentes, inferindo a existência de uma
relação positiva entre o número de patentes e os gastos com P&D,
enfatizando que os números de patentes são, portanto, bons indicativos de
inovações entre firmas
59
. Neste contexto, como proxy para as atividades
inovativas em cada microrregião paranaense utilizou o número de patentes
auferida por habitante;
O crescimento da força de trabalho (n) foi medido pelo crescimento da
população economicamente ativa, com dados da RAIS (2009).
Por fim, a distância tecnológica de cada microrregião em relação à
fronteira (T) foi calculada por meio das equações de regressão de efeitos
fixos baseadas nas regressões em nível, ou seja, de acordo com a
especificação (80). Ressalta-se que a proxy para o nível de tecnologia de
cada microrregião é o coeficiente da variável dummy de cada um deles (η),
pois esses coeficientes expressam as especificidades de cada microrregião
que não foram capturadas pelas variáveis explicativas. No entanto, de acordo
58
Conforme Nakabashi e Figueiredo (2008).
59
No caso brasileiro, um trabalho feito por Andreassi et al. (2000) relacionou os gastos com
P&D e o número de patentes auferido e obteve também uma correlação positiva entre essas variáveis.
106
com Nakabashi e Figueiredo (2008), pelo fato das variáveis de (80) estarem
em ln, o nível de tecnologia de cada microrregião foi medido pelo
exponencial do coeficiente das variáveis dummies. A distância tecnológica de
cada microrregião em relação à fronteira é a diferença do maior coeficiente
da variável dummy de todas as microrregiões, dividida pelo coeficiente da
variável dummy de cada microrregião (81). Dado que se têm três proxies para
capital humano, calcularam-se, também, três proxies para o nível de
tecnologia.
ititit
k
itiit
gnhSny
εδ
β
β
β
α
β
β
α
+++
+
+= )ln(
1
)ln(
1
)ln(
1
)ln(
**
(80)
Em que o * denota, segundo Nakabashi e Figueiredo (2008), que a variável se encontra no
estado estacionário, η
ηη
η= (1-α β)/(1- β), ε= η
ηη
η ε e α
i
é a variável dummy que representa as
especificidades de cada microrregião. As variáveis representadas por letras minúsculas estão
divididas pela quantidade de trabalho. Nessa representação, s
k
it
é a taxa de investimento em
capital físico e (δ+n+g) é a taxa de depreciação efetiva do capital.
T
t
-A
it
(81)
A
it
Na qual a proxy para T é o coeficiente da variável dummy da região da fronteira tecnológica e
A
it
é o coeficiente da variável dummy da microrregião em questão, no período t.
Portanto, considerando os dados da taxa de crescimento do PIB per capita e
de todas as demais variáveis mencionadas anteriormente para os anos de 1999 a 2006 nas
microrregiões do Paraná, rodaram-se três modelos de regressão, com dados em painel,
visando captar os efeitos diretos e indiretos do capital humano sobre a taxa de crescimento
econômico per capita, seguindo a mesma metodologia de Nakabashi (2005). Como resultado,
obteve-se para cada variável (explicativa) um coeficiente e seu nível de significância,
revelando o seu efeito sobre a taxa de crescimento econômico per capita das microrregiões do
Paraná.
Ressalta-se que ao utilizar dados em painel deve-se decidir entre efeitos
fixos e aleatórios. A estimação por efeito fixo assume que as diferenças entre as unidades de
análise podem ser consideradas como mudanças paramétricas da função de produção. O
método de estimação via efeitos aleatórios tem como suposição que a especificidade de cada
107
unidade de análise é distribuída de forma aleatória. A principal desvantagem desse método é a
suposição de que as especificidades de cada unidade de análise capturada por esse método de
estimação não são correlacionadas com os outros regressores (NAKABASHI, 2005). Como a
principal motivação para a utilização de dados de painel é justamente porque esses efeitos
individuais podem estar correlacionados com alguma outra variável independente, e como o
teste de Hausman indicou que o melhor método seria o de efeito fixo (última linha da Tabela
12), então, esse foi o método empregado nas três primeiras estimativas feitas.
É importante frisar que o teste de Hausman é usado para escolher entre dois
modelos: fixo ou aleatório. De acordo Gujarati (2006), a hipótese nula subjacente a este teste
é que os estimadores do modelo de efeitos fixos e do modelo de correção dos erros (efeitos
aleatórios) não diferem substancialmente, destacando que tal teste tem uma distribuição de
qui quadrado” assintótica. Se a hipótese nula for rejeitada, a conclusão é que o modelo de
correção de erros não é adequado e que é preferível empregar o modelo de efeitos fixos.
Assim, levando em conta os resultados encontrados quanto ao teste de Hausman e
considerando a argumentação inferida no parágrafo anterior, então, os três primeiros modelos
de regressão, que visaram captar os efeitos diretos e indiretos do capital humano sobre o
crescimento econômico per capita, foram obtidos via estimativas por efeito fixo (Tabela 12).
Entretanto, para dar mais robustez aos resultados, incluiu variáveis dummies
de tempo ao modelo, correspondendo às três últimas regressões que são apresentadas na
Tabela 12, utilizando a mesma especificação (72), cujo objetivo consiste em comparar os
resultados, investigando se alterações significativas são percebidas quanto à influência do
capital humano no crescimento quando se considera o efeito “tempo”
60
. Realizando o teste de
Hausman, aceitou-se a hipótese nula, sendo, portanto, o modelo de correção de erros o mais
adequado. Assim, as três primeiras estimativas da Tabela 12 foram feitas pela modelagem de
efeito fixo e as três últimas (considerando o tempo) foram realizadas por meio do efeito
aleatório.
Para verificar a qualidade quanto à estabilidade dos resultados obtidos nas
regressões foram realizados três testes sobre os resíduos: Durbin-Watson, visando identificar
a autocorrelação serial; Breusch-Pagan, testando a homocedatisticidade do modelo de
regressão; e Shapiro-Wilk, que objetivou identificar se os resíduos têm distribuição normal.
60
Destaca-se que o modelo de Nakabashi (2005), o qual está se seguindo, não considerou o
efeito tempo, por isso que as três primeiras estimativas foram apresentadas sem a dummy de tempo e, como
forma de comparação, foram regredidas novamente [especificação (72)], entretanto, levando em conta agora o
efeito tempo.
108
Destaca-se que todos os resultados estão no Apêndice J
61
e foram calculados por meio do
software Stata, da mesma forma que foi através deste software que se obteve os resultados das
regressões.
A presença de multicolinariedade nos modelos foi desconsiderada ao
analisar a matriz de correlação entre as variáveis explicativas (Apêndice J), onde a correlação
entre elas não passou de 0,85.
Por fim, no que se refere à causalidade reversa, seguindo a metodologia de
Dias et al. (2009), considerou os efeitos da própria taxa de crescimento econômico per capita
passado sobre o crescimento atual (painel dinâmico), ou seja:
Y
it
= α Y
it-1
+βX
it
+ε
it
(82)
Se o crescimento no período anterior reflete todas as variáveis que o
influenciaram, então, ao considerar a variável dependente defasada como variável explicativa,
tem-se um modelo capaz de capturar os efeitos do período anterior. Assim, os efeitos
remanescentes sobre a taxa de crescimento econômico por habitante devem estar associados
ao capital humano, estando de acordo com o modelo (72). Desta forma, rodaram-se
novamente as três primeiras regressões da Tabela 12, uma para cada proxy do capital humano,
incluindo a variável dependente defasada como mais uma variável explicativa, estimação feita
por meio do painel-dinâmico Arrellano-Bond (via software Stata), com o objetivo único de
identificar se essa relação de causalidade reversa existe, apresentando os resultados no
Apêndice L, os quais sinalizam a ausência dessa relação. Destaca-se que não se utilizou nas
próprias regressões da Tabela 12 variáveis instrumentais para controlar esse problema tendo
em vista a dificuldade de encontrar variáveis que estivessem relacionadas ao capital humano e
não com a taxa de crescimento do PIB per capita. Assim, os resultados do Apêndice L são
apenas um indicativo da ausência dessa relação, em que, este procedimento não resolve o
problema de causalidade reversa, entretanto, é um teste interessante para detectar tal
problema, destacando que o ideal seria determinar efetivamente variáveis instrumentais e
incluí-las no modelo, sendo essa uma limitação deste trabalho
62
.
61
Ressalta-se que na segunda e na quinta regressão (Tabela 12), que tinham como proxy
para o capital humano o VQT, o teste para ausência de heterocedasticidade não foi significativo, por isso
rodaram essas duas regressões novamente considerando a metodologia de erro robusto (opção do software
Stata).
62
É importante frisar que, de acordo com Nakabashi (2005), nas regressões onde a variável
dependente é o crescimento da renda per capita, não muitos motivos para se preocupar com dupla
causalidade, pelo menos nos casos em que a proxy para capital humano é uma medida de variação de estoque,
pois, segundo o autor, é de se esperar que o nível da renda afete o estoque de capital humano e não que a taxa de
crescimento o afete.
109
5.2 Os Efeitos Diretos e Indiretos do Capital Humano no Crescimento Econômico das
Microrregiões do Paraná
Se comparar a taxa de crescimento anual do PIB per capita para o período
de 1999 a 2006 (Figura7) com a classificação das microrregiões quanto ao índice do estoque
de capital humano em 2006 (Figura 15), observar-se-á certa semelhança, em que, boa parte
das microrregiões com os mais altos estoques de capital humano obtiveram uma taxa de
crescimento do seu PIB per capita elevado. Neste contexto, será que efetivamente o capital
humano exerce um efeito positivo sobre a taxa de crescimento do PIB per capita nas
microrregiões paranaenses, considerando a sua ação por meio dos seus efeitos diretos e
indiretos? Esta seção objetiva-se responder tal questão.
Na Tabela 12 encontram-se os resultados das regressões estimadas
utilizando a especificação (72), onde se tem como variável dependente a taxa de crescimento
do PIB per capita, com dados acerca das microrregiões paranaenses para o período 1999 a
2006. Na primeira coluna apresentam-se as variáveis explicativas. Destaca-se que na segunda,
terceira e quarta coluna não se está considerando a dummy de tempo e o método de estimação
da regressão é de efeitos fixos, método determinado por meio do teste de Hausman (última
linha da Tabela 12). Na quinta, sexta e sétima colunas considerou-se a dummy de tempo, e,
por meio do mesmo teste de Hausman, definiu-se que a estimação mais apropriada seria por
efeitos aleatórios. Observa-se que em ambas as metodologias, as estimativas são bastante
parecidas, mudando apenas a magnitude dos coeficientes; entretanto, a significância e o
sentido da relação praticamente permanecem as mesmas, dando credibilidade aos resultados
encontrados.
Ressalta-se que a primeira e a quarta regressão tem como proxy para o
estoque do capital humano à soma do índice das variáveis qualitativas do capital humano
(VQL) mais o índice das variáveis quantitativas (VQT), conforme especificado em (64), (65’)
e (66’)
63
. Na segunda e quinta estimativa utiliza-se como proxy para o estoque do capital
humano o VQT e na terceira e sexta levou-se em conta o VQL.
Em todas as regressões, o investimento em capital físico por habitante
(IKF) exerce um efeito positivo e significativo sobre a taxa de crescimento do PIB per capita,
sendo estável e elevado o seu valor, independente da proxy que foi utilizada para o
63
Destaca-se que os valores do VQT, VQL e do KH, calculados por (64), (65’) e (66’), encontram-se nos
Apêndice C, F e G.
110
investimento em capital humano e da metodologia de estimação; ressalta-se que esse
investimento em capital físico também pode ser uma maneira de aumentar o nível de
tecnologia de uma microrregião, desde que se esteja implementando máquinas e
equipamentos mais avançados tecnologicamente. Além disso, deve-se levar em conta a
possibilidade de uma melhor oferta da força de trabalho (considerando um nível maior de
capital humano) venha atrair empresas para determinada região, elevando o IKF e,
consequentemente, contribuindo para o crescimento econômico. Num trabalho feito por
Nakabashi e Felipe (2007) sobre os municípios paranaense, eles utilizaram a mesma proxy
para o capital físico e também encontraram um valor elevado para essa variável,
demonstrando efetivamente a sua importância para a determinação da dinâmica econômica
paranaense.
Tabela 12: Efeitos direto e indireto do capital humano sobre a taxa de crescimento per capita
Regressões
Variáveis Explicativas
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
IKF
0,43
(4,1)*
0,49
(4,3)*
0,47
(4,7)*
0,50
(5,8)*
0,57
(5,8)*
0,50
(6,5)*
n 0,27
(1,45)
0,21
(1,20)
0,17
(1,12)
0,06
(0,23)
0,04
(0,17)
0,02
(0,12)
P&D -1917
(-1,17)
-1918
(-1,14)
-1995
(1,34)
-467
(-0,4)
-516
(-0,44)
-443
(-0,40)
Ih
0,08
(2,23)*
0,01
(0,50)
0,03
(7,40)*
0,05
(2,3)*
0,01
(0,37)
0,02
(6,7)*
A. h 0,002
(0,43)
0,03
(0,30)
0,02
(3,5)*
0,001
(0,89)
0,003
(1,21)
0,01
(3,6)*
R
2
(%) 86 85 88 86 86 88
R
2
ajust. (%) 83 84 85 85 84 87
F 5,3* 4,2* 8,3* - - -
Χ
2
7,60* 6,8* 9,60* 2,37 2,11 1,93
Fonte: Resultado da Pesquisa.
Notas: Valores absolutos das estatísticas t estão entre parênteses nas três primeiras regressões e nas três últimas
encontram-se os valores absolutos para o z. * significativo ao nível de 5%. IKF é o investimento em capital
físico por habitante; n é a taxa de crescimento da força de trabalho; P&D é o número de patentes por habitantes;
Ih é o investimento em capital humano, onde na segunda e quinta regressão a proxy são as variáveis
quantitativas (IVQT), na terceira e sexta são as varáveis qualitativa (IVQL) e na primeira e quarta é a junção de
ambas (IKH); A.h é a distância tecnológica multiplica pelo capital humano, utilizando proxy distinta para o
capital humano em cada estimativa. R
2
é o coeficiente de determinação e o R
2
ajust. é o coeficiente de
determinação ajustado, χ2 é o qui-quadrado utilizado no teste de Hausman visando determinar a metodologia de
estimação (se é por efeitos fixos ou por efeitos aleatórios).
As colunas dois, três e quatro referem-se ao modelo
de regressão sem considerar a variável dummy para o tempo, estimados por efeitos fixos, e as três ultimas
colunas consideram esse efeito tempo, utilizando a estimativa por efeitos aleatórios (conforme determinado no
teste de Hausman).
No caso do crescimento da força de trabalho (n), embora não seja
significativa em nenhuma das estimativas, veio com o sinal contrário ao da teoria neoclássica
de crescimento. Nakabashi (2005), na sua análise acerca dos efeitos diretos e indiretos do
capital humano sobre a taxa de crescimento por trabalhador para alguns países selecionados,
111
também encontrou um coeficiente positivo para essa variável. Para o autor, a explicação
encontrar-se-ia na relação de causalidade existente, sendo provável que, ao invés de ser
exógena, ela estaria sendo determinada endogenamente. Assim, países que possuem
economias mais dinâmicas são justamente os que têm maior crescimento da força de trabalho,
o que explicaria a relação positiva entre esta variável e a taxa de crescimento do PIB por
trabalhador. No caso paranaense, se comparar a Figura 4, que traz a taxa de crescimento
populacional do período 1999 a 2006, com a Figura 6, que apresenta o PIB per capita de
2006, verificar-se-á que a grande maioria das microrregiões com os mais elevados PIB per
capita eram as que tinham as maiores taxas de crescimento populacional, dando indícios de
que a argumentação de Nakabashi (2005) se aplica no caso paranaense, justificando o
coeficiente positivo que foi obtido.
Por outro lado, o número de patentes por habitante, que é utilizado para
representar a quantidade de recursos alocados em P&D, apareceu com o sinal negativo,
embora não significativo, contrário ao argumento de que este seria o motor do crescimento
econômico, inferência defendida por diversos autores, como, por exemplo, Romer (1990a).
Assim, o papel do capital humano parece não ser relevante para estimular a economia do
Paraná por meio da inovação.
Neste sentido, Jones (1995), analisando o comportamento da P&D de alguns
países e sua correspondente taxa de crescimento econômico, observou que o número de
cientistas que atuam na área de P&D cresceu significativamente durante os últimos anos,
enquanto que as taxas de crescimento econômico desses países ou exibiram uma média
constante ou até mesmo recuaram. O autor destaca que a fonte do efeito escala desses
modelos de crescimento baseado em P&D está atrelada à dedução de que a produtividade
total dos fatores é proporcional ao número de indivíduos dedicados a P&D; no entanto,
empiricamente isso não é observado. Desta forma, por mais que existam externalidades
positivas que poderiam provocar esse efeito explosivo no crescimento econômico, Jones
(1995) argumenta existir externalidades negativas, travando esse crescimento, referindo-se à
própria duplicação e sobreposição de pesquisas, que faz com que o número de inovações
produzidas pelos cientistas seja menor do que o esperado.
112
Neste contexto, embora não significativo, encontrar um coeficiente negativo
para P&D no Paraná (Tabela 12) torna-se, até certo ponto, coerente com as evidências
empíricas observada por Jones (1995)
64
.
No caso do efeito indireto do capital humano sobre a taxa de crescimento do
PIB per capita, ele é captado em cada regressão pelas variáveis A.KH, A.VQT e A.VQL,
representado por A.h, no qual se supõe que o aumento do capital humano de uma região eleva
a taxa de difusão tecnológica e, consequentemente, passa-se de um nível de tecnologia para
outro ao longo do tempo, enfatizando que, quanto mais próxima a região estiver da fronteira
tecnológica, menos tende a crescer o seu nível tecnológico (NELSON E PHELPS, 1966).
Contudo, com exceção da terceira e da sexta regressão, em todas as demais estimativas esse
efeito indireto do capital humano não foi captado. Isso significa que a sua ação por meio da
difusão tecnológica é captada quando se considera a qualidade do capital humano, onde
quanto maior é essa qualidade, mais relevante é o efeito positivo sobre a taxa de crescimento
econômico per capita de se estar longe da fronteira tecnológica.
Quanto ao efeito direto do capital humano (Ih), representado pelo seu
investimento (IKH, IVQT e IVQL), observa-se que na primeira e quarta regressão
65
ele é
positivo e significativo, lembrando que a proxy utilizada para o estoque de capital humano
nestas estimativas refere-se à junção das variáveis qualitativas e quantitativas que compõem o
capital humano [conforme definido em (64)], considerando o período 1999 a 2006. Como esse
efeito direto mensura a mudança nas habilidades dos trabalhadores que estão empregados no
processo de produção, pode-se inferir que, no caso das microrregiões paranaenses, o aumento
da produtividade dos indivíduos afeta a taxa de crescimento do PIB per capita.
Na segunda e quinta estimativas, quando se considera apenas o índice das
variáveis quantitativas, os coeficientes obtidos são positivos, conforme prediz a especificação
(72), porém, não são significativos. Ou seja, quando se considera tal índice em conjunto com
as variáveis qualitativas do capital humano existe um efeito direto, contudo, isoladamente,
esse efeito não é sentido. Resultado semelhante se verifica na replicação do modelo de
Benhabib e Spiegel (1994) feita por Pereira (2004) para os Estados brasileiros no período
1970/2001, obtendo-se como resultado a não influência do capital humano (educação) sobre o
crescimento do produto dos Estados, além do que, tal coeficiente adveio com o sinal negativo.
64
Além disso, a não significância dessa variável sobre a taxa de crescimento econômico per
capita das microrregiões paranaenses pode estar vinculada também à ausência de oportunidades, freando o
processo inovativo no Estado.
65
Destacando que a única diferença desta última é o efeito tempo que é agregado na
regressão.
113
Da mesma forma, Pritchett (1996), utilizando séries acerca da escolaridade
para diferentes países, observou que as estimativas quanto ao crescimento da escolaridade
sobre a taxa de crescimento do PIB por trabalhador são pequenas e negativas. Mais do que
isso, o autor visando dar credibilidade aos seus resultados, analisou, primeiramente, dados
acerca da África, do Leste Europeu e dos países menos desenvolvidos como um todo.
Inicialmente, ele observou que o nível educacional da força de trabalho da África cresceu a
uma taxa maior que a de qualquer outra região analisada; contudo, o crescimento do PIB por
trabalhador foi a metade que o da América Latina e de apenas um quarto quando comparado
com as regiões que mais cresceram. Desta forma, o autor infere que o aumento da educação,
aparentemente, não afetou o crescimento econômico da África. Além disso, analisando o Sri
Lanka, Costa Rica, Jamaica e Kerala (Estado da Índia), infere que, ao mesmo tempo em que
estes países tiveram elevados níveis educacionais para o seu nível de rendimento, tiveram
níveis muito baixos de produções para os seus níveis educacionais. Por fim, analisando os
países menos desenvolvidos, observou-se uma expansão significativa da educação; no
entanto, as médias das taxas de crescimentos desses países foram estagnadas ou até mesmo
negativas.
Desta forma, Pritchett (1996) conclui que a relação entre crescimento e
educação não é tão óbvia como o explicitado por muitos autores. Pelo contrário, não existe
nenhum apoio por meio dos dados de que taxas mais rápidas de crescimento da educação
acarretem num maior crescimento de produção. Assim, no caso das microrregiões
paranaenses também não se consegue captar nenhum efeito significativo da quantidade de
capital humano sobre a taxa de crescimento do PIB per capita.
Igualmente, Portugal e Souza (1999), por meio da análise quanto aos fatores
de crescimento da Região Sul do Brasil, observaram que os gastos com infraestrutura social
básica, referindo-se à educação, cultura, saúde e saneamento, os quais fornecem uma
estimativa do impacto do capital humano sobre o crescimento econômico, não são relevantes
para o Paraná, o que, em parte, vai ao encontro com os resultados encontrados aqui acerca da
relevância do IVQT sobre a taxa de crescimento econômico per capita das microrregiões
paranaenses.
Entretanto, no trabalho feito por Nakabashi e Felipe (2007), considerando a
influência da educação no nível e na taxa de renda por trabalhador dos municípios
paranaenses, eles encontraram um coeficiente positivo e significativo, contrário ao
identificado neste estudo acerca das variáveis quantitativas do capital humano. No entanto,
deve-se levar em conta que os autores utilizaram apenas dois períodos (1991 e 2000), suas
114
variáveis explicativas estavam em nível, além do que, eles só mensuraram o impacto direto do
capital humano e utilizaram como proxy única para o capital humano a escolaridade.
Por fim, analisando a terceira proxy para o capital humano, que se refere ao
investimento na qualidade da força de trabalho (coluna quatro e sete da Tabela 12), verifica-se
que a sua ação sobre a taxa de crescimento per capita nas microrregiões paranaenses é
positiva e significativa, enfatizando que mesmo sendo pequeno o seu efeito sobre o
crescimento econômico, ele é estatisticamente diferente de zero. Ou seja, ao contrário do
IVQT que isoladamente não exerce nenhum efeito sobre a taxa de crescimento da economia,
as variáveis qualitativas que compõem o capital humano possuem uma relevância
significativa. Resultado semelhante foi encontrado por Hanushek e Kimko (2000), os quais
inferem que o papel das externalidades do capital humano é significativamente mais forte para
a qualidade da força de trabalho do que para a quantidade de capital humano de determinada
região, sendo a primeira extremamente relevante na determinação da produção per capita.
Neste sentido, os dados demonstram que não basta manter um indivíduo na escola, elevar seus
anos de estudo, seu nível de treinamento, é necessário que efetivamente ele aprenda, que
aumente seu nível de conhecimento.
O mais interessante é que, isoladamente, a quantidade de capital humano
das microrregiões do Paraná não acarreta em nenhum efeito sobre a taxa de crescimento per
capita, contudo, quando se faz a junção desta com a qualidade do capital humano, o efeito
sobre a variável dependente é positivo e significativo. Mais do que isso, esse efeito aparece
como sendo superior ao encontrado quando se faz a estimativa tendo como proxy para o
capital humano apenas o IVQL. Isso significa que embora não se capte nenhum efeito quando
o IVQT está sozinho, a sua ação conjunta com as variáveis qualitativas do capital humano é
importante para a determinação da taxa do crescimento do PIB per capita no Paraná. Ou seja,
um aumento da quantidade de capital humano atrelado a uma melhoria na qualidade deste,
acarreta num aumento da taxa de crescimento econômico por habitante. Ao contrário, um
aumento apenas da quantidade, não atrelado à qualidade deste capital humano, não exerce
nenhum efeito sobre a dinâmica econômica.
No trabalho feito por Nakabashi e Salvato (2007) inicialmente levou-se em
conta o efeito individual da qualidade e da quantidade de capital humano em relação à renda
do trabalhador, verificando que um ano a mais de estudo sem mudança na qualidade resulta
num impacto menor sobre a variável dependente do que quando se considera simultaneamente
a qualidade e a quantidade. No caso deste estudo, o efeito individual da quantidade de capital
115
humano não é percebido; entretanto, o efeito individual da qualidade existe e é, igualmente,
menor do que quando se analisa, conjuntamente, a qualidade e quantidade do capital humano.
Enfatiza-se que se comparar a Figura 7, que traz a taxa de crescimento do
PIB per capita para o período de 1999 a 2006, com a Figura 11 e 13, que trazem a
classificação das microrregiões em quartis quanto ao VQT e ao VQL de 2006,
respectivamente, observar-se-á que as microrregiões que obtiveram as maiores taxas de
crescimento do PIB per capita foram, em boa parte, microrregiões com elevados níveis de
VQL; ao contrário, a relação entre o VQT e a taxa de crescimento do PIB não é tão visível.
Isso justificaria a significância do VQL obtida na estimativa da Tabela 12 e a não
significância do VQT. Agora, quando se faz a junção desses dois índices (Figura 15), a
relação entre as microrregiões que possuíam as maiores taxas de crescimento do PIB por
habitante e as que possuíam o maior estoque de capital humano fica bastante nítida,
corroborando o resultado apresentado na Tabela 12.
Assim, de forma geral, não se conseguiu identificar um efeito do capital
humano no crescimento econômico per capita via influência sobre a produção de tecnologia;
entretanto, o seu efeito direto por meio da mudança nas habilidades dos trabalhadores que
estão empregados no processo de produção se verifica, principalmente no que concerne à
mudança na qualidade da força de trabalho, aumentando a produtividade dos indivíduos,
afetando diretamente a taxa de crescimento do PIB per capita. Além do que, indiretamente,
por meio da difusão de tecnologia consegue se verificar sua influência quando se trata dos
aspectos qualitativos do capital humano.
Desta forma, como nas microrregiões paranaenses o capital humano exerce
um efeito significativo sobre a taxa de crescimento econômico per capita, principalmente no
que se refere à qualidade desse capital humano, então melhorias na infraestrutura escolar, na
qualidade do ensino, na formação dos docentes, bem como no treinamento disponível para os
trabalhadores, além de outras ações que resultem num aumento da produtividade da mão-de-
obra, acarretar-se-á, consequentemente, numa elevação do desempenho econômico de cada
microrregião.
116
6 CONCLUSÃO
O Paraná, embora em relação aos demais Estados brasileiros apresente uma
situação econômica razoável, internamente desigualdades regionais elevadas são percebidas.
No campo populacional, em 2006, a grande maioria dos paranaenses localizava-se em poucas
microrregiões, cujas dinâmicas demográficas eram as mais intensas, concentrando ainda mais
a população em poucos pontos do Estado. Além disso, essas poucas microrregiões eram
responsáveis, em termos absolutos, pela formação de grande parte do PIB estadual, existindo
um forte indicativo de que aquelas regiões com maior densidade demográfica foram
exatamente as que mais elevaram o seu crescimento econômico por habitante.
Assim, este cenário de diferenças regionais internas criou um ambiente
favorável para examinar a hipótese de que o capital humano seja um dos determinantes desse
dinamismo econômico paranaense. Neste contexto, o objetivo deste trabalho consistiu em
analisar a influência do capital humano na taxa de crescimento econômico per capita das
microrregiões paranaenses entre 1999 e 2006. Mais precisamente, buscou mensurar o estoque
de capital humano em cada microrregião paranaense, caracterizando a sua distribuição
espacial e a sua evolução, hierarquizando as microrregiões de acordo com suas características
mais comuns no que se refere ao capital humano. Em seguida, analisou-se a relação existente
entre o capital humano e a taxa de crescimento econômico per capita, identificando a
importância das variáveis qualitativas e quantitativas do capital humano nesta relação.
Por definição, o capital humano é parte do homem e por isso é um fator de
produção intransferível, sendo humano por estar vinculado ao homem e capital por vislumbrar
futuros rendimentos. Como a sua formação envolve uma ampla gama de fatores, então,
qualquer elemento que aumente o retorno do trabalho é entendido como capital humano. Em
nível agregado, ele es intimamente ligado com a capacidade de manter ou aumentar a
produtividade, a inovação e o nível de emprego de uma economia.
Em geral, apenas os fatores quantitativos são levados em conta na formação
da proxy do capital humano, entretanto, diversos estudos demonstram que mais importante
que os aspectos quantitativos, são os elementos qualitativos que o compõem. Por isso,
construiu-se um índice do estoque de capital humano, abrangendo alguns fatores quantitativos
e qualitativos: média de anos de estudo, taxa de rotatividade, treinamento por trabalhador,
média de alunos por sala de aula, percentual de professores com ensino superior e nota média
do Enem. Desta forma, determinaram-se dois índices distintos
[índice das variáveis
117
qualitativas que compõe o capital humano (VQL) e índice das variáveis quantitativas (VQT)],
em que, juntos, formaram o índice do estoque de capital humano (KH) para cada microrregião
paranaense entre 1999 e 2006.
Analisando a disposição destas variáveis, qualitativas e quantitativas, em
1999 e 2006, observou-se que 97% das microrregiões elevaram a média de anos de estudo de
sua população, 21% diminuíram a taxa de rotatividade, 62% evoluíram quanto ao treinamento
por trabalhador, 100% diminuíram o número de alunos por sala de aula e aumentaram o
percentual de professores com terceiro grau, além do que, 92% melhoraram a nota do Enem.
Assim, mensurando-as, todas as microrregiões conseguiram aumentar o VQL e grande parte
elevou o VQT, aumentando, consequentemente, o seu estoque de capital humano.
Como diversas evidências empíricas demonstram que mais importante que
as variáveis quantitativas são as variáveis qualitativas na composição do capital humano e
consequentemente no aumento da produtividade de toda uma economia, e como todas as
microrregiões melhoraram esses aspectos qualitativos, além do que os próprios aspectos
quantitativos também avançaram, então, pode-se afirmar a existência de um significativo
progresso do capital humano ao longo de todo Estado.
Espacialmente, em 1999 a maior quantidade de capital humano estava
concentrada, sobretudo no Oeste e Sudoeste paranaense; os maiores vazios encontravam-se no
Norte indo até a Região Metropolitana de Curitiba. Em 2006 pouco se alterou quanto à
localização do capital humano em termos quantitativos, mantendo praticamente o mesmo
cenário quanto à distribuição de 1999.
Por outro lado, a concentração da qualidade do capital humano em 1999 se
dava principalmente no envoltório, detendo-se essencialmente no Oeste, Noroeste, Norte
Central, Sudoeste e Norte Pioneiro, com os piores índices se localizando no Centro,
estendendo-se até o extremo do Estado em direção à Região Metropolitana de Curitiba. Em
2006, houve significativas alterações, mantendo os maiores vazios quanto à qualidade do
capital humano no Centro do Paraná, indo até a Região Metropolitana e alargando-se até o
Norte Pioneiro.
A análise da distribuição espacial da qualidade e da quantidade do capital
humano em conjunto revelou que os maiores valores se encontravam principalmente no
envoltório do Estado, contrastando com o Centro que possuía os piores valores em 1999. Mais
precisamente, a grande massa do estoque de capital humano estava centrada no Oeste,
Sudoeste e no Noroeste do Paraná, tendo as maiores lacunas especialmente no Centro Sul, no
Sudeste, no Centro Oriental e no Norte Pioneiro. Visualmente, isso significava a existência de
118
certa proximidade entre as áreas que mais concentravam capital humano e entre as que
detinham certo déficit desse fator.
Em 2006, as microrregiões com os mais baixos valores do KH deixaram de
estar concentradas especialmente no Centro, espalhando-se principalmente em direção ao
Norte do Estado. As regiões que mais o detinham eram o Oeste, Sudoeste, Sudeste e Centro
Ocidental do Paraná. Por outro lado, os grandes vazios desse fator localizavam,
principalmente, no Norte Pioneiro, na Região Metropolitana de Curitiba, no Centro Oriental,
no Noroeste e no Centro Sul.
Assim, considerando as variáveis qualitativas, quantitativas e a junção de
ambas, infere-se que o Norte Pioneiro, a Região Metropolitana de Curitiba e o Centro Oriental
eram as regiões que apresentavam o maior percentual de suas microrregiões com os piores
índices tanto no que se refere à qualidade, quantidade, como também, quando considerada a
soma de ambas para o ano de 2006. Isso significa que estas eram as regiões nas quais se
percebiam os maiores déficits quanto ao estoque de capital humano, devendo, portanto, deter
um esforço maior para impulsionar esse fator nestas regiões, não com o intuito de torná-lo
mais homogêneo no Estado, mas principalmente visando impulsionar o crescimento
econômico destas microrregiões, haja vista a relação positiva que se encontrou entre o
crescimento econômico e o capital humano no Paraná.
Hierarquizando as microrregiões, observou-se que aquelas que obtiveram os
maiores valores do KH, tanto em 2006 como também em 1999, eram as que possuíam as mais
altas notas do Enem, o percentual mais elevado de professores com ensino superior, a maior
média de anos de estudo e o maior vel de treinamento por trabalhador. Ou seja, a taxa de
rotatividade e a média de alunos por sala de aula não foram relativamente relevantes na
determinação do KH no período de 1999 e 2006.
Neste contexto, a análise da distribuição espacial e intertemporal do capital
humano demonstrou existir ainda diferenças significativas quanto à sua distribuição ao longo
do Paraná; entretanto, se comparada com 1999 essas diferenças se reduziram bastante. Desse
modo, num período de seis anos, pode-se inferir que houve um aumento significativo quanto à
habilidade e o conhecimento dos paranaenses, principalmente no que concerne à qualidade
desse capital humano formado.
Mas, como esse capital humano se relaciona efetivamente com a taxa de
crescimento econômico per capita nas microrregiões paranaenses? Os resultados de todas as
estimações demonstraram que sua ação não se verifica por meio da criação de tecnologias
(P&D), encontrando um coeficiente negativo, embora não significativo, contrariando as
119
previsões dos modelos de crescimento endógenos que argumentam ser este o motor do
crescimento econômico. Desta forma, o papel do capital humano parece não ser relevante para
estimular a economia por meio da inovação.
Indiretamente, via difusão de tecnologia, se conseguiu captar o seu efeito
sobre a variável dependente quando se considerou a qualidade deste capital humano, dando
suporte à idéia de que quanto maior é a qualidade do conhecimento, da capacitação dos
indivíduos, maior é a aceleração do processo de difusão tecnológica. Neste sentido, a
quantidade de capital humano não é relevante para esse processo, mas sim a qualidade dessa
mão-de-obra para receber, decodificar e entender informações, processos que são essenciais
para essa difusão.
Diretamente, por meio do aumento das habilidades e capacitações dos
agentes envolvidos na produção, conseguiu-se identificar a sua ação. Ressalta-se, porém, que
esse efeito é sentido quando se leva em conta a qualidade da força de trabalho ou quando
se considera a qualidade e a quantidade de capital humano em conjunto. Separadamente, a
quantidade de capital humano não consegue influenciar a taxa de crescimento do PIB per
capita. Isso significa que, embora não se capte nenhum efeito quando a proxy VQT está
sozinha, a sua ação conjunta com as variáveis qualitativas do capital humano é importante
para a determinação da taxa do crescimento do PIB per capita no Paraná.
Então, se duas microrregiões têm o mesmo grau de instrução, o mesmo
nível de treinamento e a mesma taxa de rotatividade, ou seja, se têm a mesma quantidade de
capital humano, assim mesmo pode-se obter diferenças quanto à contribuição do capital
humano no crescimento econômico se a qualidade desse fator for distinta em cada uma dessas
microrregiões. Mais do que isso, se duas microrregiões têm as mesmas taxas de crescimento
do PIB per capita, uma melhora na qualidade da capacidade dos agentes terá um efeito final
muito maior do que se alterada apenas a quantidade de capital humano, enfatizando que o
ideal seria melhorar simultaneamente esses dois aspectos, tendo em vista que o efeito
conjunto sobre a dinâmica econômica é significativamente superior.
Assim, considerando a existência desse efeito direto e indireto do capital
humano e levando em conta que todas as microrregiões evoluíram quanto ao seu estoque de
capital humano, principalmente progredindo no que diz respeito às variáveis qualitativas, isso
significa a ocorrência de um aumento da produtividade da o-de-obra local e,
consequentemente, uma abertura para o seu crescimento econômico.
Mais do que isso, a evidência dessa relação entre capital humano e
crescimento econômico demonstra que se investimentos públicos na infraestrutura
120
educacional, principalmente aqueles que fomentem uma maior qualidade da educação, na
capacitação da população, forem efetivados, poder-se-á induzir a dinâmica econômica das
microrregiões paranaenses. Neste sentido, construiu-se um mapa (Figura 16) que revela a
carência de cada microrregião frente às variáveis qualitativas, quantitativas ou ambas
66
.
Observa-se que 28% das microrregiões paranaenses possuíam, em 2006, valores para seus
VQL e VQT inferiores à média do Estado, 23% tinham unicamente o índice VQT inferior à
média estadual, 13% possuíam somente VQL abaixo da média e 36% das microrregiões
tinham valores tanto para os aspectos qualitativos como quantitativos maiores que a média do
Paraná.
Isso não significa que essas últimas que não estavam abaixo da média não
requerem investimentos visando a elevação do seu estoque de capital humano. Simplesmente
esse mapa traz à tona as principais inversões que necessitam ser feitas para tornar mais
homogêneo o estoque de capital humano ao longo do Estado e, consequentemente, elevar a
taxa de crescimento do PIB per capita dessas microrregiões, tendo em vista que nas
estimativas obtidas se verificou que um aumento do KH conduz a uma elevação da taxa de
crescimento econômico por habitante. Como aquelas microrregiões que apresentam taxas de
investimentos do KH elevada, possuem taxa de crescimento do PIB per capita também
elevada, então, a elevação do estoque de capital humano nos seus aspectos mais precários
conduzirá, consequentemente, a uma maior equidade quanto ao crescimento econômico ao
longo do Paraná. Mais do que isso, o aumento principalmente da qualidade desse capital
humano tenderá a conduzir um efeito direto sobre a dinâmica dessas microrregiões e, também,
indireto, por meio da difusão tecnológica.
Dentre essas ações governamentais possíveis de se desenvolver visando a
melhoria do capital humano no Estado sugere-se: maior tempo dos alunos no ambiente
escolar, permanecendo em tempo integral, desenvolvendo atividades culturais, sociais e
educativas, além do fornecimento de refeições completas aos alunos, disponibilizando serviço
médicos e odontológicos periódicos dentro do próprio ambiente escolar; premiação continua
para os professores em virtude do nível de aprendizagem dos seus alunos; oferta de
treinamento em todos os municípios, evitando a necessidade dos trabalhadores terem de se
deslocar para os grandes centros, abrindo espaço para que nos pequenos municípios tenha-se
mão-de-obra especializada; a própria ampliação quanto ao fornecimento de água e de esgoto
66
Foi feita a média dos valores das variáveis qualitativas e quantitativas do Paraná, em que,
as microrregiões que apresentaram valores abaixo da média estadual foram consideradas como aspectos
relevantes para o investimento público.
121
ao longo de todo Estado; melhorias urgentes quanto à saúde pública, com a presença de mais
médicos, mais leitos hospitalares, mais remédios, dentre outras ações.
Figura 16: Necessidade das microrregiões paranaenses quanto à infra-estrutura pública (fomentação do KH) -
2006
Fonte: Resultado da pesquisa
Vale destacar, que ao interpretar todos os resultados econométricos
apresentados no capítulo cinco deve-se levar em conta a omissão de algumas variáveis, como
a importação e o investimento direto estrangeiro, que faziam parte da especificação (72), e
que, no entanto, devido à ausência desses dados a nível regional não foi possível considerá-
las. Além disso, outros elementos importantes que poderiam afetar a taxa de crescimento
econômico per capita também não foram considerados, como por exemplo, as instituições
existentes em cada microrregião e sua influência sobre o dinamismo econômico.
Por fim, destaca-se que a discussão acerca da relação existente entre o
capital humano e o crescimento econômico não se esgota com este trabalho, haja vista as
novas fontes de informações e as diferentes vias não investigadas por meio das quais essa
relação pode se dar. Mais do que isso, em termos regionais pouco se investigou, onde futuros
trabalhos podem se deter sobre os efeitos das políticas governamentais voltadas à elevação do
122
capital humano e sua ação sobre o crescimento econômico regional, bem como pode se focar
na diminuição do gap quanto ao estoque de capital humano entre as regiões mais
desenvolvidas do Paraná e as menos, podendo se deter também sobre as instituições e sua
relação com a formação do capital humano no Estado, dentro outros aspectos.
123
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APÊNDICES
131
APÊNDICE A - Hierarquização das microrregiões de acordo com a proximidade das
variáveis quantitativas – 1999
Fonte: Resultado da Pesquisa
132
APÊNDICE B - Hierarquização das microrregiões de acordo com a proximidade das
variáveis quantitativas – 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
133
APÊNDICE C - Índice das variáveis quantitativas que compõe o estoque de capital
humano – Microrregiões Paranaenses – 1999 a 2006
Microrregião 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Apucarana 0.43 0.42 0.44 0.45 0.43 0.41 0.39 0.42
Assaí 0.44 0.42 0.46 0.47 0.43 0.42 0.49 0.47
Astorga 0.23 0.26 0.19 0.32 0.33 0.32 0.31 0.35
Campo Mourão 0.45 0.47 0.43 0.47 0.46 0.51 0.54 0.58
Capanema 0.42 0.39 0.40 0.41 0.42 0.44 0.47 0.49
Cascavel 0.57 0.52 0.54 0.55 0.51 0.53 0.53 0.56
Cerro Azul 0.28 0.23 0.20 0.25 0.29 0.27 0.31 0.34
Cianorte 0.23 0.27 0.31 0.31 0.30 0.31 0.33 0.32
Cornélio Procópio 0.23 0.31 0.26 0.28 0.36 0.27 0.35 0.41
Curitiba 0.57 0.56 0.56 0.59 0.60 0.58 0.59 0.61
Faxinal 0.16 0.16 0.18 0.21 0.26 0.46 0.49 0.51
Floraí 0.39 0.39 0.43 0.44 0.46 0.48 0.47 0.55
Foz do Iguaçu 0.50 0.48 0.48 0.50 0.50 0.51 0.51 0.53
Francisco Beltrão 0.50 0.50 0.49 0.52 0.50 0.51 0.51 0.53
Goioerê 0.31 0.30 0.31 0.33 0.36 0.37 0.37 0.46
Guarapuava 0.43 0.44 0.45 0.48 0.45 0.47 0.50 0.53
Ibaiti 0.22 0.30 0.28 0.26 0.33 0.32 0.33 0.39
Irati 0.57 0.56 0.59 0.65 0.66 0.68 0.76 0.82
Ivaiporã 0.34 0.37 0.37 0.35 0.41 0.42 0.41 0.48
Jacarezinho 0.23 0.29 0.37 0.28 0.27 0.38 0.32 0.43
Jaguariaíva 0.36 0.35 0.40 0.43 0.42 0.38 0.35 0.42
Lapa 0.38 0.38 0.34 0.32 0.37 0.35 0.37 0.41
Londrina 0.48 0.46 0.47 0.47 0.49 0.51 0.50 0.53
Maringá 0.45 0.48 0.49 0.55 0.56 0.54 0.56 0.56
Palmas 0.31 0.35 0.28 0.29 0.12 0.11 0.22 0.32
Paranaguá 0.55 0.52 0.54 0.55 0.59 0.54 0.58 0.53
Paranavaí 0.42 0.42 0.46 0.39 0.47 0.45 0.47 0.45
Pato Branco 0.53 0.53 0.53 0.56 0.52 0.49 0.53 0.53
Pitanga 0.45 0.45 0.41 0.42 0.38 0.44 0.53 0.58
Ponta Grossa 0.52 0.51 0.54 0.61 0.56 0.55 0.59 0.60
Porecatu 0.42 0.37 0.41 0.46 0.46 0.44 0.32 0.26
Prudentópolis 0.31 0.35 0.30 0.33 0.36 0.36 0.42 0.48
Rio Negro 0.27 0.26 0.29 0.31 0.30 0.29 0.33 0.31
São Mateus do Sul 0.37 0.31 0.35 0.44 0.45 0.44 0.44 0.53
Telêmaco Borba 0.27 0.25 0.30 0.30 0.27 0.32 0.36 0.40
Toledo 0.48 0.48 0.49 0.47 0.49 0.54 0.51 0.53
Umuarama 0.47 0.48 0.49 0.47 0.48 0.49 0.50 0.56
União da Vitória 0.36 0.34 0.31 0.32 0.42 0.35 0.37 0.44
Wenceslau Braz 0.39 0.37 0.37 0.40 0.42 0.38 0.44 0.44
Fonte: Resultado da Pesquisa
134
APÊNDICE D - Hierarquização das microrregiões de acordo com a proximidade das
variáveis qualitativas – 1999
Fonte: Resultado da Pesquisa
135
APÊNDICE E - Hierarquização das microrregiões de acordo com a proximidade das
variáveis qualitativas – 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
136
APÊNDICE F - Índice das variáveis qualitativas que compõe o estoque de capital
humano - Microrregiões Paranaenses – 1999 a 2006
Microrregião 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Apucarana 0.59 0.61 0.58 0.56 0.66 0.59 0.64 0.76
Assaí 0.57 0.67 0.59 0.54 0.62 0.58 0.64 0.72
Astorga 0.54 0.58 0.55 0.54 0.61 0.57 0.66 0.75
Campo Mourão 0.49 0.56 0.53 0.51 0.62 0.57 0.65 0.75
Capanema 0.55 0.65 0.57 0.53 0.59 0.63 0.68 0.81
Cascavel 0.53 0.51 0.50 0.49 0.58 0.58 0.65 0.74
Cerro Azul 0.01 0.14 0.36 0.37 0.45 0.31 0.50 0.70
Cianorte 0.53 0.68 0.57 0.57 0.63 0.57 0.65 0.75
Cornélio Procópio 0.54 0.64 0.61 0.58 0.65 0.61 0.66 0.72
Curitiba 0.56 0.65 0.55 0.51 0.59 0.57 0.64 0.71
Faxinal 0.48 0.43 0.52 0.56 0.61 0.54 0.68 0.77
Floraí 0.54 0.58 0.55 0.53 0.59 0.55 0.67 0.75
Foz do Iguaçu 0.53 0.55 0.52 0.50 0.56 0.54 0.62 0.71
Francisco Beltrão 0.52 0.62 0.55 0.55 0.64 0.60 0.70 0.82
Goioerê 0.43 0.48 0.47 0.50 0.59 0.59 0.66 0.76
Guarapuava 0.41 0.51 0.49 0.45 0.53 0.47 0.53 0.69
Ibaiti 0.41 0.43 0.49 0.45 0.52 0.44 0.58 0.67
Irati 0.48 0.50 0.61 0.58 0.65 0.63 0.66 0.75
Ivaiporã 0.45 0.50 0.52 0.52 0.58 0.52 0.61 0.71
Jacarezinho 0.64 0.58 0.57 0.54 0.63 0.61 0.63 0.71
Jaguariaíva 0.51 0.54 0.53 0.54 0.60 0.52 0.63 0.74
Lapa 0.46 0.49 0.49 0.50 0.55 0.51 0.60 0.73
Londrina 0.65 0.63 0.60 0.58 0.67 0.62 0.65 0.75
Maringá 0.65 0.61 0.57 0.57 0.61 0.52 0.67 0.76
Palmas 0.41 0.48 0.55 0.51 0.56 0.52 0.59 0.70
Paranaguá 0.42 0.48 0.49 0.45 0.51 0.46 0.51 0.60
Paranavaí 0.53 0.54 0.55 0.56 0.62 0.55 0.65 0.71
Pato Branco 0.54 0.62 0.56 0.58 0.67 0.63 0.66 0.77
Pitanga 0.27 0.39 0.44 0.45 0.46 0.47 0.52 0.67
Ponta Grossa 0.59 0.70 0.62 0.59 0.70 0.66 0.67 0.75
Porecatu 0.53 0.55 0.51 0.53 0.58 0.60 0.68 0.73
Prudentópolis 0.35 0.41 0.54 0.54 0.59 0.55 0.57 0.74
Rio Negro 0.44 0.51 0.47 0.50 0.62 0.54 0.62 0.66
São Mateus do Sul 0.46 0.50 0.52 0.47 0.53 0.51 0.53 0.72
Telêmaco Borba 0.36 0.48 0.50 0.52 0.57 0.52 0.56 0.66
Toledo 0.58 0.66 0.63 0.63 0.70 0.67 0.73 0.83
Umuarama 0.61 0.60 0.60 0.58 0.68 0.61 0.66 0.76
União da Vitória 0.48 0.61 0.55 0.52 0.56 0.51 0.59 0.74
Wenceslau Braz 0.51 0.63 0.58 0.54 0.63 0.60 0.65 0.78
Fonte: Resultado da Pesquisa
137
APÊNDICE G - Índice do estoque de capital humano Microrregiões Paranaenses
1999 a 2006
Microrregião 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Apucarana 0.51 0.52 0.51 0.50 0.54 0.50 0.52 0.59
Assaí 0.51 0.54 0.53 0.51 0.53 0.50 0.56 0.60
Astorga 0.38 0.42 0.37 0.43 0.47 0.44 0.49 0.55
Campo Mourão 0.47 0.51 0.48 0.49 0.54 0.54 0.59 0.66
Capanema 0.49 0.52 0.48 0.47 0.51 0.54 0.58 0.65
Cascavel 0.55 0.51 0.52 0.52 0.55 0.55 0.59 0.65
Cerro Azul 0.14 0.18 0.28 0.31 0.37 0.29 0.40 0.52
Cianorte 0.38 0.47 0.44 0.44 0.47 0.44 0.49 0.54
Cornélio
Procópio 0.38 0.48 0.43 0.43 0.51 0.44 0.51 0.57
Curitiba 0.56 0.60 0.56 0.55 0.60 0.58 0.62 0.66
Faxinal 0.32 0.29 0.35 0.39 0.44 0.50 0.59 0.64
Floraí 0.47 0.49 0.49 0.48 0.53 0.51 0.57 0.65
Foz do Iguaçu 0.52 0.52 0.50 0.50 0.53 0.53 0.57 0.62
Francisco
Beltrão 0.51 0.56 0.52 0.53 0.57 0.55 0.60 0.68
Goioerê 0.37 0.39 0.39 0.41 0.48 0.48 0.51 0.61
Guarapuava 0.42 0.47 0.47 0.46 0.49 0.47 0.52 0.61
Ibaiti 0.31 0.37 0.39 0.36 0.42 0.38 0.46 0.53
Irati 0.53 0.53 0.60 0.61 0.65 0.66 0.71 0.79
Ivaiporã 0.39 0.43 0.45 0.43 0.50 0.47 0.51 0.59
Jacarezinho 0.44 0.43 0.47 0.41 0.45 0.49 0.48 0.57
Jaguariaíva 0.44 0.45 0.47 0.48 0.51 0.45 0.49 0.58
Lapa 0.42 0.44 0.41 0.41 0.46 0.43 0.48 0.57
Londrina 0.56 0.54 0.53 0.53 0.58 0.57 0.57 0.64
Maringá 0.55 0.54 0.53 0.56 0.58 0.53 0.61 0.66
Palmas 0.36 0.41 0.41 0.40 0.34 0.32 0.40 0.51
Paranaguá 0.48 0.50 0.52 0.50 0.55 0.50 0.54 0.57
Paranavaí 0.47 0.48 0.50 0.47 0.55 0.50 0.56 0.58
Pato Branco 0.54 0.57 0.54 0.57 0.60 0.56 0.60 0.65
Pitanga 0.36 0.42 0.42 0.43 0.42 0.45 0.53 0.62
Ponta Grossa 0.56 0.60 0.58 0.60 0.63 0.60 0.63 0.68
Porecatu 0.48 0.46 0.46 0.50 0.52 0.52 0.50 0.50
Prudentópolis 0.33 0.38 0.42 0.44 0.47 0.45 0.50 0.61
Rio Negro 0.36 0.38 0.38 0.40 0.46 0.42 0.47 0.49
São Mateus do
Sul 0.41 0.41 0.43 0.46 0.49 0.48 0.49 0.63
Telêmaco Borba
0.31 0.37 0.40 0.41 0.42 0.42 0.46 0.53
Toledo 0.53 0.57 0.56 0.55 0.60 0.61 0.62 0.68
Umuarama 0.54 0.54 0.55 0.52 0.58 0.55 0.58 0.66
União da
Vitória 0.42 0.47 0.43 0.42 0.49 0.43 0.48 0.59
Wenceslau Braz
0.45 0.50 0.48 0.47 0.53 0.49 0.54 0.61
Fonte: Resultado da Pesquisa
138
APÊNDICE H - Hierarquização das microrregiões de acordo com a proximidade das
variáveis qualitativas e quantitativas – 1999
Fonte: Resultado da Pesquisa
139
APÊNDICE I - Hierarquização das microrregiões de acordo com a proximidade das
variáveis qualitativas e quantitativas – 2006
Fonte: Resultado da Pesquisa
140
APÊNDICE J - Testes Econométricos referente às regressões da Tabela 12
Teste Breusch-Pagan
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
χ2(1) 3.30
ns
26,00* 4,86
ns
3,24
ns
25,04* 4,14
ns
Fonte: Resultado da Pesquisa, processado software Stata
Nota: ns: não rejeita H
0
ao nível de 5%; * Rejeita-se H
0.
Destacando que a hipótese de H
0
é a de que H
0
= os
resíduos se distribuem normalmente. A coluna dois refere-se a primeira regressão da Tabela 12, a três faz jus à
segunda, e assim sucessivamente.
Teste Durbin-Watson
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
1,83
ns
2,15
ns
1,98
ns
2,01
ns
2,09
ns
1,98
ns
Fonte: Resultado da Pesquisa, processado software Stata
Nota: ns: não rejeita H
0
ao nível de 5%, destacando que a hipótese de H
0
é a de que H
0
= os resíduos são
homocedásticos.
Teste Shapiro-Wilk
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
Z 0,51
ns
1,73 0,88
ns
0,45
ns
1,67 0,65
ns
Fonte: Resultado da Pesquisa, processado software Stata
Nota: ns: não rejeita H
0
ao nível de 5%, destacando que a hipótese de H
0
é a de que H
0
= distribuição dos
resíduos é normal.
Matriz de Correlação
IVQL IVQT IKH IKF n P&D AVQL AVQT AKH
IVQL 1
IVQT 0,06 1
IKH 0,83 0,54 1
IKF 0,03 0,08 0,5 1
n -0,16 -0,16 -0,23 0,11 1
P&D - - - - - 1
AVQL 0,07 0,11 0,16 -0,09 -0,45 - 1
AVQT 0,07 0,12 0,16 -0,09 -0,45 - 0,99 1
AKH 0,08 0,11 0,16 -0,09 -0,46 - 0,99 0,99 1
Fonte: Resultado da Pesquisa, processado software SPSS
141
APÊNDICE L - Estimação da taxa de crescimento do PIB per capita das microrregiões
paranaenses considerando algumas variáveis explicativas mais a defasagem da variável
dependente
Estimação de painel-dinâmico Arrellano-Bond
(1) (2) (3)
Y
t-1
0,16
(2,28)*
0,12
(1,95)*
0,13
(2,09)*
Ih 0,17
(2,56)*
0,002
(0,05)
0,16
(3,35)*
IKF 0,59
(4,3)*
0,53
(3,5)*
0,52
(3,5)*
N -1,48
(-1,80)
-0,60
(-0,47)
-1,5
(-2,25)*
P&D 229
(-0,10)
565
(0,23)
-621
(-0,29)
AH 0,04
(4,87)*
0,02
(0,98)
0,04
(5,97)*
Fonte: Resultado da Pesquisa
Nota: Valores absolutos das estatísticas z estão entre * significativo ao nível de 5%. IKF é o investimento em
capital físico por habitante; n é a taxa de crescimento da força de trabalho; P&D é o número de patentes por
habitantes; Ih é o investimento em capital humano, onde na segunda regressão a proxy são as variáveis
quantitativas (IVQT), na terceira são as varáveis qualitativa (IVQL) e na primeira é a junção de ambas (IKH);
A.h é a distância tecnológica multiplica pelo capital humano, utilizando proxy distinta para o KH em cada
estimativa.
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