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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
A influência da televisão nos hábitos alimentares de uma população de adolescentes da região
norte brasileira
MARIA EMILIA DE OLIVEIRA PEREIRA ABBUD
Tese apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo – USP, para
obtenção do título de Doutor em Ciências na
área de Psicologia.
Ribeirão Preto
2010
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
A influência da televisão nos hábitos alimentares de uma população de adolescentes da região
norte brasileira
MARIA EMILIA DE OLIVEIRA PEREIRA ABBUD
Tese apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo – USP, para
obtenção do título de Doutor em Ciências na
área de Psicologia.
Orientador: Prof. Dr. Sebastião de Sousa
Almeida
Ribeirão Preto
2010
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrônico para fins de estudo ou pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Departamento Técnico Integrado de Bibliotecas da USP
Abbud, Maria Emilia de Oliveira Pereira
A influência da televisão nos hábitos alimentares de uma
população de adolescentes da região norte brasileira. Ribeirão Preto,
2010.
202 p. : il. ; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciência e Letras de Ribeirão Preto/ USP.
Orientador: Almeida, Sebastião de Sousa
1. Comunicação. 2. Televisão. 3. Propagandas de Alimentos.
4. Obesidade.
Este trabalho de pesquisa recebeu financiamento parcial da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Amazonas - FAPEAM.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Maria Emilia de Oliveira Pereira Abbud
A influência da televisão nos hábitos alimentares de uma população de adolescentes da região
norte brasileira.
Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo –
USP, para obtenção do título de Doutor em Ciências na
área de Psicologia.
Aprovada em: _____/___/___
Banca Examinadora
Prof (a). Dr (a). _____________________________________________________________
Instituição: _________________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________________
Prof (a). Dr (a). _____________________________________________________________
Instituição: _________________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________________
Prof (a). Dr (a). _____________________________________________________________
Instituição: _________________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________________
Prof (a). Dr (a). _____________________________________________________________
Instituição: _________________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________________
Prof (a). Dr (a). _____________________________________________________________
Instituição: _________________________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Nessa longa jornada, foram muitas as pessoas que contribuíram para que eu desse
início e persistisse nessa longa caminhada. Dentre elas agradeço humildemente:
à inesquecível Profª Drª Zélia Maria Biasoli-Alves (em memória), um anjo que surgiu
no meu caminho;
ao meu orientador, Prof. Dr. Sebastião de Sousa Almeida, por sua sabedoria,
compreensão, pela dedicação, simplicidade e incentivo e por ter acreditado em alguém que
veio de tão distante;
ao estatístico Alessandro Freitas, por ter sabido compreender a importância de sua
participação neste trabalho;
à coordenadora do Doutorado Interinstitucional USP/Ufam, Profª Drª Eucia Beatriz
Lopes Petean, por seu companheirismo, por sempre ter estado ao nosso lado tentando
solucionar os problemas;
à professora Profª Drª Telma Maria Braga da Costa, por sua receptividade na ocasião
da composição da Banca Examinadora de meu Exame de Qualificação de Tese;
à funcionária Maria Inês Joaquim, por ter sido tão atenciosa ao longo desses anos;
à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM, pelo apoio
financeiro ao projeto;
À Rede Amazônica de Televisão, por ter aberto suas portas para a realização deste
estudo;
à coordenação local do Doutorado Interinstitucional USP/Ufam, Profª Drª Cláudia
Regina Brandão da Costa, por estar sempre atenta as necessidades dos doutorandos;
à direção, coordenação pedagógica, corpo docente e servidores do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - IFAM, por possibilitarem a realização do
presente estudo;
aos responsáveis legais e aos estudantes do Ensino Médio Integrado ao Técnico do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - IFAM, por terem
depositado confiança no estudo proposto por essa pesquisadora;
aos meus colegas do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal
do Amazonas, pela demonstração de companheirismo e solidariedade durante esses últimos
anos, que resultaram na conclusão desse trabalho;
aos meus queridos pais, Nelson e Inéa Pereira, grandes incentivadores, por me
ensinarem o caminho do amor, da persistência e da fé;
ao meu marido, Tadeu Abbud, meu grande amor, o maior incentivador de minha
trajetória profissional, por ter sempre compreendido minhas ausências, minha ansiedade,
minha dedicação ao estudo;
à minha filha, a irriquieta Verônica Pereira Abbud, sempre incisiva, alegre e falante,
por ter conseguido ser forte e ter superado as dificuldades de não ter tido uma mãe tão
presente como gostaria nos últimos quatro anos;
aos professores e aos colegas do Doutorado Interinstitucional USP/Ufam,
especialmente as minhas amigas de fé nas horas incertas, Profª Drª Maria das Graças
Marrocos de Oliveira e a quase doutora Profª Ana Cristina Fernandes Martins e
ao meu Pai do Céu, o maior responsável por essa conquista, por nunca ter me
abandonado durante essa caminhada, por ter estado ao meu lado desde o momento em que
decidi iniciar este grande desafio.
RESUMO
ABBUD, M. E. O. P. A influência da televisão nos hábitos alimentares de uma população
de adolescentes da região norte brasileira. 2010. 202f. Tese (Doutorado) - Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto.
A inatividade física, associada ao aumento do consumo de alimentos energéticos consumidos
frente à televisão, ou em decorrência da influência de comerciais de produtos alimentícios
veiculados, têm sido apresentada como fator determinante para o aumento de peso corporal
durante a adolescência. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar a influência da
televisão nos hábitos alimentares de uma população de adolescentes da região norte brasileira.
Foram investigados: a) a importância da comunicação, seu nível de influência, com ênfase
principal na publicidade e propaganda veiculadas na televisão; b) a quantidade de
propagandas de alimentos veiculados pelas principais redes de canal aberto da televisão
brasileira, bem como a qualidade nutricional destes alimentos; c) o conteúdo das propagandas
de alimentos, incluindo os apelos emocionais e racionais associados ao produto promovido; d)
os hábitos de compra de alimentos e os hábitos alimentares dos adolescentes, relacionando-os
à ocorrência de sobrepeso e obesidade. Cada objetivo específico foi desenvolvido em um
estudo, com material e método específicos. No estudo número um, foram gravadas as
programações das três principais redes de canal aberto brasileiras, líderes de audiência na
cidade de Manaus. Paralelamente, procedeu-se à análise do relatório de programação diária
das três emissoras de televisão. Os dados foram analisados através de estatística paramétrica,
utilizando-se Análise de Variância (ANOVA). Verificou-se que categoria alimentos
apresentou a maior frequência média de veiculação. Com relação às propagandas de produtos
alimentícios selecionadas, verificou-se que a maior parte delas, referia-se a alimentos
classificados no grupo óleos, gorduras, açúcares e doces da Pirâmide Alimentar Adaptada. No
estudo número dois foram realizados dois tipos de análise: a primeira, quantitativa,
relacionando a porcentagem de ocorrência das categorias para classificação das propagandas e
produtos. Constatou-se que 73,3% das propagandas promoveu o produto em si. A mesma
porcentagem 73,3% indicou alimentos para consumo durante o café da manhã e/ou lanche. A
totalidade das propagandas alimentícias selecionadas sugeriu o consumo imediato dos
produtos anunciados. Na segunda análise proposta, também quantitativa, utilizou-se a
ANOVA. Em relação aos sentimentos explorados pelas propagandas de alimentos a post hoc
demonstrou que a frequência média de indicação de sentimentos explorados, representados
pelos grupos (gênero feminino e gênero masculino) foi estatisticamente maior no grupo
masculino. Tendo como referência a análise dos dados coletados a partir do julgamento das
idéias associadas aos produtos alimentícios, observou-se que os dois grupos, julgaram as
propagandas com frequências médias iguais. No estudo número três, foi aplicado o
Questionário de Avaliação de Consumo, Questionário de Avaliação Sócio-Econômica, aos 94
adolescentes, de ambos os sexos, alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas - IFAM. Os resultados revelaram que 11,7% dos alunos estavam
com sobrepeso e 7,7% apresentaram obesidade, não sendo identificada diferença significativa
entre o IMC médio dos meninos e das meninas. Sendo constatada diferença significativa entre
o IMC e o hábito de assistir à televisão por mais de 2 horas por dia somente para os
adolescentes do sexo masculino. A propaganda foi um dos fatores associados à decisão de
compra dos alimentos. As propagandas veiculadas associaram sentimentos de satisfação,
prazer e alegria, idéias de convencimento e qualidade do produto para incentivar o consumo
de alimentos. Fatores que poderiam exercer influência nos hábitos alimentares dos
adolescentes. A maior parte dos adolescentes apresentou hábitos alimentares inadequados,
com elevado consumo de gordura, açúcar e sal. Os dados apresentados no presente estudo
concordam com a literatura especializada, que revela que a intensa propaganda de alimentos
na televisão pode estar contribuindo com os índices de sobrepeso e obesidade encontrados nos
adolescentes.
Palavras-chave: Comunicação. Televisão. Propagandas de Alimentos. Obesidade.
ABSTRACT
ABBUD, M. E. O. P. The influence of television on the food habits of an adolescent
population in the north of Brazil. 2010. 202p. Doctorate thesis presented to the
Postgraduate Program in Psychology of the Faculty of Philosophy, Sciences and Letters of the
University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
Physical inactivity associated with an increase in consumption of energetic foods
consumed in front of the TV, or as a result of the influence of adverts for the sale of
processed foods, has been presented as a determinant factor in the increase in body weight
during adolescence. Thus the present study aimed to investigate the influence of TV on
the eating habits of an adolescent population in the north of Brazil. The following were
investigated: a) the importance of communication and the level of influence, with the
main emphasis on the publicity and propaganda aired on TV; b) the amount of propaganda
concerning food products aired by the main networks of open TV in Brazil, and the
nutritional quality of these foods; c) the content of the propaganda concerning foods,
including the emotional and rational appeals associated with the product advertised; d) the
food buying habits and eating habits of the adolescents as related to the occurrence of
overweight and obesity. Each specific objective was developed in a separate study, with
specific material and method. In study number one, the programs of the three main
networks of open TV in Brazil, viewer leaders in the City of Manaus, were taped. In
parallel, the daily program report of the three TV networks was analyzed. The data were
analyzed by parametric statistics using the Analysis of Variance (ANOVA). It was shown
that the category of foods showed the greatest mean frequency of going on air. With
respect to the selected food product adverts, it was shown that the majority referred to
foods classified in the group of oils, fats, sugars and sweets of the Adapted Food Pyramid.
In study number two, two types of analysis were carried out: the first was quantitative,
relating the percent occurrence of the categories for the classification of the adverts and
products. It was shown that 73.3% of the adverts promoted the product itself. The same
percentage of 73.3% indicated foods for consumption at breakfast time and/or for
lunch/snacks. All of the selected food adverts suggested the immediate consumption of the
products announced. In the second analysis proposed, also quantitative, ANOVA was
used. With respect to the exploration of sentiments by the food adverts, a post hoc showed
that the mean frequency of the indication of sentiments explored, represented by groups
(female gender and male gender) was statistically greater for the male group. Taking as
the reference the analysis of data collected as from the judging of ideas associated with
the food products, it was observed that the two groups judged the adverts with the same
mean frequencies. In study number three, the questionnaires Evaluation of Consumption
and Socio-Economic Evaluation, were applied to 94 adolescents of both sexes, students at
the Federal Institute of Education, Science & Technology of the Amazonian Region
(IFAM). The results showed that 11.7% of the students were overweight and 7.7% were
obese, no significant difference being identified between the mean values for BMI of the
girls and boys. A significant difference was found between the BMI and the habit of
watching TV for more than 2 hours per day, only for the male group of adolescents.
Propaganda was one of the factors associated with the decision to buy the foods. The
adverts aired associated sentiments of satisfaction, pleasure and happiness, ideas for
convincing and the quality of the product to encourage consumption of the foods, factors
that could exert an influence on the eating habits of the adolescents. The majority of the
adolescents showed inadequate eating habits, with an elevated consumption of fats, sugar
and salt. The data presented in the present study agree with the specialized literature that
has revealed that the intense propaganda of foods on TV could be contributing to the
overweight and obesity indexes found in adolescents.
Keywords: Communication. Television. Food Propaganda. Obesity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da
semana, representada por período........................................................................ 51
Figura 2. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da
semana, para as dezessete categorias, ao longo dos três períodos do dia............ 52
Figura 3. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da
semana, para as dezessete categorias, representadas por período........................54
Figura 4. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da
semana, representada por emissora...................................................................... 55
Figura 5. Frequência média (±EPM) de propagandas de alimentos veiculadas durante
os dias da semana, representada por emissora..................................................... 56
Figura 6. Frequência média (±EPM) das emissoras durante os dias da semana,
representada por período...................................................................................... 57
Figura 7. Representação gráfica das proporções das frequências de veiculação de
produtos alimentícios, classificados com base nos quatro grupos de alimentos . 58
Figura 8. Porcentagens referentes: A) ao tipo de propaganda (produto em si ou
promoção/premiação associada ao produto); B) às refeições mais indicadas
para o consumo dos produtos anunciados (café da manhã/lanche,
almoço/jantar ou bebidas não alcoólicas) ...........................................................80
Figura 9. Porcentagens referentes: A) à forma de consumo sugerido nas propagandas
(consumo imediato ou preparo prévio) e B) à presença de desenho
animado/animação (sem este recurso principal, secundário ou juntamente
com outras imagens)............................................................................................ 81
Figura 10. Porcentagens referentes: A) à presença de locutor (ausência deste recurso,
como recurso principal, secundário ou juntamente com as vozes dos
personagens); B) ao fato dos personagens aparecerem juntos com os produtos
(sim, não ou se os produtos eram os próprios personagens)................................ 82
Figura 11. Porcentagens referentes ao fato dos personagens consumirem ou não os
produtos anunciados. ........................................................................................... 82
Figura 12. Porcentagens referentes: A) à presença ou não de situação cotidiana; B) à
presença ou não de estilo de vida; C) à presença ou não de fantasia e D) à
presença ou não de música...................................................................................83
Figura 13. Porcentagens referentes: A) à presença ou não de símbolo de personalidade;
B) à presença ou não de conhecimento técnico; C) à presença ou não de
evidência científica e D) à presença ou não de evidência testemunhal. .............. 84
Figura 14. Frequência média (±EPM) de indicações de sentimentos explorados
representadas por grupo (gênero feminino e gênero masculino).. .......................85
Figura 15. Frequência média (±EPM) de indicação para as 25 categorias de sentimentos...86
Figura 16. Frequência média de indicação (±EPM) para as 25 categorias de sentimentos
(gênero feminino e gênero masculino).................................................................87
Figura 17. Frequência média (±EPM) de indicação de ideias associadas às propagandas
de produtos alimentícios, representadas por grupo (gênero feminino e gênero
masculino)............................................................................................................88
Figura 18. Frequência média (±EPM) de indicação para as 11 categorias de ideias
associadas ao produto...........................................................................................89
Figura 19. Frequência média (±EPM) de indicação para as 11 categorias de ideias
associadas ao produto, representadas por grupo (gênero feminino e gênero
masculino)............................................................................................................90
Figura 20. Porcentagem das indicações do chefe da família ..............................................113
Figura 21. Porcentagem de alunos por renda familiar por classes ......................................114
Figura 22. Porcentagem por grau de instrução do chefe da família ....................................115
Figura 23. Média (+ EPM) do IMC dos sujeitos do sexo masculino e feminino ................115
Figura 24. Média (±EPM) dos dados de IMC para cada grupo faixa etária........................116
Figura 25. Média (+ EPM) do IMC para os sujeitos masculinos segundo classificação de
horas assistindo à televisão por dia ....................................................................117
Figura 26. IMC médio dos adolescentes (+ EPM) segundo a classificação por horas
assistindo à TV por dia.......................................................................................117
Figura 27. Classificação do IMC por percentil (NCHS) .....................................................118
Figura 28. Porcentagem referente ao responsável pela compra dos alimentos consumidos
pela família.........................................................................................................119
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Frequência Simples e Porcentagem para cada uma das dezessete categorias,
durante os dias da semana.................................................................................... 53
Tabela 2 - Porcentagem por característica da amostra........................................................ 112
Tabela 3 - Correlação Produto-Momento de Spearman para fatores relacionados à
decisão de compra de alimentos ........................................................................120
Tabela 4 - Correlação Produto-Momento de Spearman para fatores relacionados à
compra de novos alimentos................................................................................122
Tabela 5 - Correlação Produto-Momento de Spearman para compra de produtos
industrializados.................................................................................................. 123
Tabela 6 - Distribuição da frequência de consumo alimentar segundo grupos de
alimentos. Adolescentes do IFAM.....................................................................124
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................19
1.1 UMA VISÃO SOBRE COMUNICAÇÃO ........................................................................19
1.2 A TELEVISÃO ..................................................................................................................20
1.3 A PROPAGANDA TELEVISIVA.....................................................................................22
1.4 A OBESIDADE..................................................................................................................25
1.5 O HÁBITO DE ASSISTIR À TELEVISÃO......................................................................34
1.6 A ALIMENTAÇÃO NA REGIÃO NORTE......................................................................40
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................45
2.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................45
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................45
3. ESTUDO 1...........................................................................................................................47
3.1 OBJETIVO .........................................................................................................................47
3.2 MATERIAL E MÉTODO..................................................................................................47
3.3 RESULTADOS ..................................................................................................................51
3.4 DISCUSSÃO......................................................................................................................58
4. ESTUDO 2...........................................................................................................................75
4.1 OBJETIVO .........................................................................................................................75
4.2 MATERIAL E MÉTODO..................................................................................................75
4.3 RESULTADOS ..................................................................................................................79
4.4 DISCUSSÃO......................................................................................................................90
5. ESTUDO 3........................................................................................................................105
5.1 OBJETIVO .......................................................................................................................105
5.2 MATERIAL E MÉTODO................................................................................................105
5.3 RESULTADOS ................................................................................................................111
5.4 DISCUSSÃO...................................................................................................................126
CONCLUSÕES.....................................................................................................................159
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................161
ANEXOS ...............................................................................................................................179
Introdução | 19
1 INTRODUÇÃO
1.1 UMA VISÃO SOBRE COMUNICAÇÃO
Torna-se possível observar nos estudos apresentados que os teóricos, para dar conta de
fenômenos comunicacionais, extremamente complexos e de natureza diferentes, recorrem a
uma diversidade de métodos de investigação e diferenciados pressupostos. Por conta disso,
concebem definições para o ato comunicativo, correspondente a sua visão parcial da
comunicação, determinada por fatores ideológicos, históricos e de natureza acadêmica.
Verifica-se que os conceitos de comunicação, de certa forma, são unilaterais, à medida que
refletem as peculiaridades das áreas científicas ou correntes filosóficas que os orientam
(SANTOS, 2003).
Vale lembrar que não é nossa pretensão contestar a validade de conceituações
concebidas por uma infinidade de autores que se dedicam a esse estudo, nas mais diversas
áreas do conhecimento, essa proposta ultrapassaria as finalidades deste trabalho. Pretende-se,
apenas, mostrar que quando falamos em comunicação, não estamos tratando exclusivamente
da veiculada pelos suportes tecnológicos, denominados meios de comunicação e mídia
(BACCEGA; GUIMARÃES, 2006), embora seja considerada sua extrema importância na
atualidade e para nosso estudo. No nosso entendimento comunicação é a interação entre os
sujeitos. Admite-se a participação dos sujeitos na reconstrução dos significados das
mensagens.
De acordo com Baccega e Guimarães (2006), comunicação implica emissão e
recepção, resulta da construção de novos sentidos, renovados ou reconfigurados, produzidos
nesse encontro. Dá-se no momento em que o receptor, o sujeito do processo comunicativo, irá
20 | Introdução
ressignificar o que ouve, vê ou lê, apropriar-se da informação a partir de sua cultura, do
universo de sua classe, para incorporar ou não as suas práticas.
1.2 A TELEVISÃO
A observação da tendência do percentual de domicílios com alguns bens duráveis
selecionados, obtida nos censos demográficos nacionais, realizados nas últimas três décadas,
indica aumento significativo de residências com televisores e geladeiras e um incremento bem
menos acentuado de domicílios com automóveis. O percentual de domicílios com geladeira
passou de 26,0% em 1970 para 83,0% em 2000. Já o percentual de domicílios com
automóveis, embora tenha mais do que triplicado, passando de 9,0% em 1970 para 32,0% em
2000, ainda não é tão significativo para o conjunto da população como se tornou a televisão
que estava presente em 24,1% dos domicílios em 1970, tendo crescido para 56,1% em 1980 e
saltado para 87,0% no último censo realizado no ano de 2000.
Mediante os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (2000), acima apresentados, foi possível constatar ainda que mais de 90%
dos brasileiros da área urbana e aproximadamente 60% dos brasileiros residentes na área rural
tinham acesso à televisão. Os dados apresentados demonstram a inquestionável relevância da
televisão.
Ao retratar o setor de televisão no mundo, Zuffo (2003) mostra-nos que nos Estados
Unidos, até o ano de 2000, havia aproximadamente 100 milhões de casas com aparelhos de
TV, cerca de 231 milhões de aparelhos estavam instalados nas residências. De acordo com o
estudo apresentado pelo autor no Brasil, na ocasião, existiam 37 milhões de casas com
aparelhos de televisão.
Introdução | 21
De acordo com Lopes (2005), desde seu surgimento a televisão enfrentou polêmica,
sem jamais encontrar consenso. O estudioso afirma que na arena argumentativa sobre a
televisão, há os que acreditam na naturalização deste objeto social e na sua utilidade
apriorística inquestionável. De outro lado estão os que demonizam este veículo e o
consideram sujeito portador da cultura mercantil. Os que buscam uma postura mais
equilibrada são minoritários e ainda pouco influentes (LOPES, 2005).
Segundo Lopes (2006, p.12), constituem-se sujeitos da TV aberta brasileira as
empresas comerciais de televisão, nos seus segmentos financeiros e de produção artística e
técnica; os governos, como poder concessionário e grande anunciante, tanto de suas empresas,
como de seus setores administrativos e políticos; as empresas privadas que anunciam
sistematicamente seus produtos de consumo de massa e de elite; o grande público consumidor
de imagens e sons veiculados, o que inclui a publicidade de uma gama variada de bens e
serviços, que é a mais poderosa que se conhece.
É dentro deste contexto que emerge uma sociedade regida por uma economia de
mercado, que percebe a televisão como um subsistema social de produção, difusão e recepção
de bens materiais e simbólicos. Neste sentido, a televisão busca atrair e manter a atenção de
uma diversidade de receptores, pertencentes a classes sociais diferenciadas, oferecendo
informações necessárias para seu dia-a-dia, produto cultural para seu entretenimento, fantasia
para seu imaginário e promovendo a discussão de idéias.
O receptor, por sua vez, busca nos veículos de comunicação de massa, o conhecimento
dos fatos da atualidade, diversão, educação, evasão de seus problemas, participação nas
decisões, enquanto se torna também audiência e potencial consumidor dos produtos
anunciados (SANTOS, 2003).
Neste sentido, torna-se possível salientar que a televisão é o meio de maior capacidade
persuasiva (ROIZ, 2002) e tem como aliada a publicidade. Assim, na via da publicidade e
22 | Introdução
propaganda televisiva, a persuasão se relaciona à comunicação paga com apelo emocional e
fortemente icônico visando despertar assimilação, adesão e incorporação de noções de forma
que o receptor as receba como suas (FISCHER, 2007, p.13).
Ao mencionar a capacidade amplificadora da persuasão, Roiz (1996) nos reporta ao
passado, ao estudo do teórico Brewster Smith (1975), ao afirmar que toda comunicação
contém um maior ou menor grau de intensidade de elementos de influência, no entanto, a
comunicação persuasiva se caracteriza por sua persuasão deliberada. De acordo com o estudo
apresentado pelo autor, a comunicação persuasiva é orientada a conseguir efeitos utilizando
técnicas de comunicação e psicológicas coativas.
1.3 A PROPAGANDA TELEVISIVA
Nos dizeres de Rabaça e Barbosa (2002), propaganda é qualquer forma de divulgação,
de produtos ou serviços através de anúncios geralmente pagos e veiculados sob a
responsabilidade de um anunciante identificado, com o objetivo de interesse comercial.
Na mesma direção, Kotler e Armstrong (1993, p. 46) definem publicidade e
propaganda como qualquer forma paga de apresentação e promoção não-pessoal de idéias,
produtos ou serviços efetuada por um patrocinador identificado. De acordo com os autores, o
objetivo da propaganda é uma tarefa específica de comunicação a ser realizada com um
público-alvo específico, durante um determinado período.
Segundo Sant’Anna (2002), a palavra publicidade significa, genericamente, divulgar,
tornar público e a propaganda compreende a idéia de implantar, de incluir um conceito, uma
crença na mente alheia. Para Carvalho (2004), o termo propaganda está relacionado à
mensagem política, religiosa, institucional e comercial, enquanto o termo publicidade seria
voltado apenas para mensagens comerciais.
Introdução | 23
Conforme explicam Presas, Costa e Maffezzolli (2008), os vocábulos publicidade e
propaganda foram incorporados ao dia-a-dia dos profissionais da comunicação publicitária, e
consequentemente, sendo repassados sem levar em conta uma tradução equivocada dos
conceitos, o que permitiu a utilização dos termos como sinônimos. Essa falta de definição e
conceituação própria para cada um dos vocábulos levou à aceitação desse uso comum.
Ao tecer considerações sobre os termos publicidade e propaganda, percebe-se que
mesmo que alguns autores diferenciem esses dois vocábulos, outros reconhecem que as
diferenças entre eles são quase imperceptíveis e que, por muitas vezes, estes podem ser
tratados como semelhantes, o que facilitará o seu entendimento. Desse ponto de vista, para
evitar longas discussões sobre a temática, o que foge de nosso propósito, afirma-se que essa
compreensão será compartilhada no presente estudo.
Cabe assinalar que tanto para os anunciantes (clientes das agências) quanto para os
profissionais que atuam nas agências publicitárias, a televisão é um veículo de entretenimento
e ao mesmo tempo fonte de informação e conhecimento. Apresenta-se como meio audiovisual
dos mais completos uma vez que é capaz de integrar texto, imagem e som.
Neste sentido, diante da escolha da televisão como veículo para divulgação de
produtos e serviços, cabe à mensagem publicitária, concebida por profissionais cada vez mais
qualificados, tornar familiar o produto que está vendendo, ao mesmo tempo valorizá-lo com
certa dose de diferenciação a fim de destacá-lo da ala comum (CARVALHO, 2004).
Segundo Fischer (2007), as empresas especializadas em publicidade e propaganda
responsáveis pela criação, produção e inserção de grande parte dos materiais promocionais
publicitários veiculados na mídia de massa, oferecem uma ampla gama de produtos e
serviços. Esses voltados para a finalidade de persuadir, convencer para a adoção de atitudes
convergentes com a intenção do emissor sejam estas de conduzir à compra ou à adesão de
idéias.
24 | Introdução
As linguagens da propaganda e da publicidade são recorrentemente reconhecidas
como indícios expoentes da consolidação da cultura de mercado (MACHADO, 2009).
Trabalhos publicados comprovam que os anunciantes têm investido grande volume de
recursos financeiros em estratégias publicitárias, especialmente os empresários anunciantes
das indústrias de alimentos.
Segundo French, Story e Jeffery (2001), nos Estados Unidos, no ano de 1997, os
restaurantes fast food gastaram 95,0% de suas verbas publicitárias com propagandas na
televisão, sendo que o volume de dólares gastos pela indústria de alimentos e por serviços de
alimentação com publicidade só ficou atrás daqueles utilizados pela indústria automobilística,
considerada a primeira do ranking. A embalagem e o marketing estão entre os principais
componentes na estrutura de custos dos produtos atualmente no Brasil (BELIK, 1996). Deve-
se ainda acrescentar que a televisão contribui para a delimitação do estilo de vida ocidental
mediante ampliação do incentivo ao consumo difundido pelo marketing (MENDONÇA;
ANJOS, 2004).
De acordo com Andrade (1996), marketing é o conjunto de operações que envolvem a
vida do produto, desde a planificação de sua produção até o momento em que é adquirido pelo
consumidor. Tem o propósito de detectar, prognosticar, servir e satisfazer as necessidades do
consumidor, sem comprometimento da lucratividade dos negócios (FORTES, 1999).
Para Hawkes (2004), a publicidade e propaganda são técnicas que têm sido
amplamente utilizadas pelas empresas para encorajar o consumo de seus produtos
alimentícios. Nos últimos tempos a publicidade televisiva infantil tem sido foco de discussões
internacionais, uma vez que as indústrias de alimentos têm investido pesadamente divulgando
fast-food ricos em calorias, bebidas carbonatadas, cereais açucarados matinais e snacks,
alimentos os quais tendem a ser ricos em gordura, açúcar e sal, bem como pobres em
nutrientes.
Introdução | 25
De acordo com o Vasconcellos et al (2009) no ano de 2001 o orçamento publicitário
das indústrias de alimentos mundial foi estimado em torno de 40 bilhões de dólares.
Constatou-se que para cada dólar gasto pela Organização Mundial de Saúde - OMS tentando
promover a nutrição saudável, 500 dólares são gastos pela indústria de alimentos na promoção
de alimentos processados. De acordo com a Secretaria de Atenção à Saúde, no Brasil, no ano
de 2005 foram investidos cerca de um bilhão de dólares no mercado publicitário de alimentos
(VASCONCELLOS, et al, 2009).
Diante disso, com os crescentes investimentos de marketing dirigido ao público
infantil como mercado consumidor promissor, a sociedade preocupa-se cada vez mais com a
exploração da criança pela mídia, renovando-se as discussões sobre as influências e danos que
a propaganda pode causar (LAURINDO; LEAL, 2008). Os autores reportam-se a Karsaklian
(2002) ao explicar que não pode ser considerada somente a idade para avaliar a influência da
propaganda. A maturidade e a personalidade, somadas à amplitude do contato dela com a
propaganda, participam do processo.
Em síntese, as crianças e adolescentes são considerados integrantes de um público
alvo mais susceptível às inovações e às mudanças de comportamento. A televisão pode
influenciar não apenas nas horas dedicadas ao lazer mas sobretudo no comportamento
alimentar (MAESTRO, 2002).
1.4 A OBESIDADE
A obesidade é um distúrbio nutricional metabólico caracterizado pelo aumento da
massa adiposa do organismo, que se reflete no aumento do peso corpóreo (RAMOS;
BARROS FILHO, 2003). Pode ser classificada como endógena ou primária, quando derivada
de problemas hormonais como alterações provenientes do metabolismo tireoideano, gonodal,
26 | Introdução
hipotálamo-hipofisário, tumores como o craniofaringeoma e as síndromes genéticas; exógena
ou nutricional ou secundária, quando é derivada do desequilíbrio entre a ingestão alimentar e
o gasto calórico (SILVA; COSTA; RIBEIRO, 2008; FISBERG, 2005; MELLO; LUFT;
MEYER, 2004). De acordo com a literatura 95% dos casos de obesidade diagnosticados são
do tipo exógena, os demais 5% são do tipo endógena (SILVA; COSTA; RIBEIRO, 2008).
A obesidade primária, de acordo com o número e tamanho de adipócitos, é também
classificada em hiperplástica ou hipertrófica. A do tipo hiperplástica se manifesta na infância,
gera uma tendência natural à obesidade futura. A obesidade hipertrófica pode se manifestar ao
longo de qualquer fase da vida adulta (RODRIGUES, 1998; SOARES; PETROSKI, 2003;
SILVA; COSTA; RIBEIRO, 2008).
Estudos identificam ainda como agentes causadores da obesidade alterações sócio-
culturais, psicológicas, diminuição de gasto energético, aumento de ingestão alimentar e
sedentarismo. A Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS afirma que, além do
desequilíbrio alimentar causado por dietas hipercalóricas, o sedentarismo ou a atividade física
reduzida também são considerados fatores desencadeantes do excesso de peso (OPAS,
2003a).
Quanto aos fatores etiológicos, considerados influenciadores no comportamento
alimentar, os estudos destacam como fatores externos a unidade familiar e suas
características, os valores sociais e culturais, mídia, o consumo de alimentos rápidos e os
hábitos alimentares. Os fatores internos, também influenciadores, mostrados nos trabalhos,
são as necessidades e características psicológicas, imagem corporal, valores e experiências
pessoais, autoestima, preferências alimentares, saúde e desenvolvimento psicológico (SILVA;
COSTA; RIBEIRO, 2008; MELLO; LUFT; MEYER, 2004).
Quanto ao aspecto psicológico, há algumas décadas a obesidade tem sido apontada
como um dos fatores contribuintes para a baixa estima, o isolamento social e a depressão.
Introdução | 27
Alguns estudos assinalam que dependendo das características do caso, pode ser vista como
sintoma de grande ansiedade, apontando para dificuldades internas, afetivas e relacionais, o
que requer um tratamento psicoterápico (SOIFER, 1987).
Muitos trabalhos salientam que a obesidade causa problemas psicossociais como a
discriminação sofrida pelos obesos na sociedade. É capaz de reduzir a autoestima,
conduzindo-os a uma maior vulnerabilidade à depressão e insistente busca pelo alimento,
além de afastamento do círculo social. Enfatiza-se que na idade pré-escolar tem início o
processo de estigmatização e rejeição, que com toda a certeza poderão afetar a performance
escolar e os relacionamentos futuros (FISBERG, 2005; ABRANTES; LAMOUNIER;
COLOSIMO, 2002; FERREIRA, 2005; SILVA; COSTA; RIBEIRO, 2008).
Os fatores genéticos também são apresentados como agentes influenciadores diretos
nas características do desenvolvimento do tecido adiposo, bem como na determinação da taxa
metabólica basal - TMB do indivíduo obeso (RODRIGUES, 1998; SILVA; COSTA;
RIBEIRO, 2008). Tem sido amplamente investigada pela literatura a relação entre os pesos
dos pais e de seus filhos. A obesidade materna tem sido percebida como um preditor positivo
da obesidade na infância. O trabalho apresentado por Ferreira (2005), citado por Silva, Costa
e Ribeiro (2008) assinala que 80% das crianças entre 10 e 14 anos, com um dos pais com
sobrepeso ou obesidade, também são obesas.
Para Barbosa et al. (2009), o nível socioeconômico constitui-se também fator
determinante da prevalência de sobrepeso e obesidade, uma vez que é capaz de interferir na
disponibilidade de alimentos, no acesso à informação, pode estar associado ao estilo de vida e
a determinados padrões de atividade física. Entre os indicadores de condições
socioeconômicas mais frequentemente utilizados, descritos no estudo, apresentado por
Barbosa et al. (2009), figuram a educação, a ocupação e a renda.
28 | Introdução
Resultados apresentados por Mc Laren (2007), citado por Barbosa et al.(2009),
mostram que entre as mulheres de países de médio a baixo índice de desenvolvimento
humano, a associação positiva entre condições socioeconômicas e obesidade foram mais
comuns, enquanto para o sexo masculino as associações não foram significativas. O estudo
verificou que para indicadores como educação e ocupação, a associação foi mais negativa que
positiva, sugerindo que talvez o padrão social de distribuição de peso estivesse em transição.
De acordo com o estudo de Barbosa et al. (2009), a prevalência mundial de sobrepeso
e obesidade vem apresentando um aumento acelerado nas últimas décadas, sendo
caracterizada como uma epidemia mundial. Na percepção dos autores, a ocorrência da
obesidade, tanto em adultos como em crianças, é merecedora de preocupação, uma vez que o
excesso de peso, definido como IMC25Kg/m², deve ser considerado fator de risco para
desenvolvimento de diabetes mellitus - DM, dislepidemia e hipertensão arterial, que
favorecem o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (BARBOSA et al., 2009).
Alguns estudos mostram que os indivíduos obesos apresentam pelo menos o dobro da
chance de desenvolver diabetes, resistência à insulina, doença da vesícula, dislipidemia,
apnéia, hipertensão, doença coronariana, osteoartrite e gota (WORLD HEALTH
ORGANIZATION (WHO), 2002; GIGANTE; MOURA; SARDINHA, 2009).
No ano de 2004 a Organização Mundial da Saúde - OMS divulgou um manual
denominado Estratégia Mundial sobre Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, um
trabalho de prevenção direcionado a grupos populacionais de todo o mundo. O manual,
produzido no ano de 2002, teve como objetivo principal apresentar os conhecimentos
científicos disponíveis sobre as principais evidências ligando dieta, atividade física e doenças
crônicas não-transmissíveis. Comprovou-se que a adoção dessa estratégia ajudou na
diminuição de algumas dessas doenças em países como Finlândia, Cingapura e Japão
(VINHOLES; ASSUNÇÃO; NEUTZLING, 2009).
Introdução | 29
De acordo com Souza et al. (2007) nos Estados Unidos a obesidade acomete cerca de
27% da população adulta entre 20 e 74 anos e entre 20% a 27% das crianças e adolescentes.
Silva, Costa e Ribeiro (2008), ao tecerem considerações sobre a obesidade nos Estados
Unidos, chamam a atenção sobre o interesse na temática em função de seu crescimento
exacerbado entre as crianças. Os autores mencionam no estudo apresentado que a obesidade
chega a atingir cerca de um quarto da população infantil do país. Yepez, Carrasco e Baldeón
(2008) afirmam que atualmente existem duas vezes mais crianças com sobrepeso nos Estados
Unidos que nas duas décadas anteriores.
Destaca-se que nas crianças e nos adolescentes, entre 6 e 17 anos, tem havido
acentuada diferença quanto à sua origem, os hispânicos/mexicanos são mais obesos (17%) do
que os negros (12%) e estes mais que os brancos (10%) (YEPEZ; CARRASCO; BALDÉON,
2008; YEPEZ, 2005).
A preocupação acerca da obesidade é compartilhada em vários países latino-
americanos. Na Argentina, México, Paraguai e Uruguai estima-se que 50% da população
apresenta sobrepeso e 15% está obesa (EBERWINE, 2002; YEPEZ; CARRASCO;
BALDÉON, 2008).
No Chile, a obesidade é reconhecida como o problema nutricional mais importante em
todas as idades e estratos socioeconômicos e seu declínio é um dos objetivos do Ministério da
Saúde para o período 2000-2010 (GUTIERREZ-GOMEZ et al., 2009). Segundo Mardones et
al. (2009), desde meados dos anos oitenta, a população chilena vivenciou uma rápida
transição epidemiológica, parte de uma alta prevalência de desnutrição infantil na década de
setenta, para um aumento contínuo da obesidade e fatores de risco relacionados com doenças
crônicas e falta de atividade física. O National Health Interview Survey - SNIS, realizado no
ano de 2003, identificou uma prevalência de sobrepeso e obesidade populacional de 61%
entre 17-65 anos, 55% dos quais com risco cardiovascular elevado ou muito elevado. Na
30 | Introdução
juventude de 17-24 anos essa prevalência chegou a 25,4%. O sedentarismo atinge 90% da
população em geral e 82% dos jovens chilenos (MARDONES et al.,2009).
No México, verifica-se que uma em cada quatro crianças com idade compreendida
entre 4 e 10 anos está com sobrepeso (INTA, 2005; OPAS, 2003 a;YEPEZ, 2005; YEPEZ;
CARRASCO; BALDÉON, 2008). Na Venezuela encontra-se um excesso de peso
predominantemente nos habitantes das áreas urbanas, particularmente nas aéreas
metropolitanas de Caracas e Zulia. Comprova-se que aproximadamente 15% dos adolescentes
venezuelanos apresentam sobrepeso. O maior índice de excesso de peso é encontrado entre as
meninas, com 16%, sendo de 14% entre os meninos. Dados registrados nos estudos mostram
que na Colômbia, no ano de 2005, o excesso de peso entre os adolescentes de 10 a 17 anos
atingiu 10,3%. Comprova-se também um excesso de peso maior nas áreas urbanas
colombianas (11,6%) que nas áreas rurais (7,2%). Verifica-se que o excesso de peso é mais
comum entre as meninas (12,3%) que entre os meninos (8,1%). No Peru, um estudo publicado
no ano de 2003 mostrou que o sobrepeso e a obesidade são maiores nas cidades da costa
peruana e nas cidades de região andina e amazônica. Na cidade de Lima foi registrado o maior
índice de sobrepeso, sendo que 31,6% dos adolescentes do sexo masculino tinham sobrepeso
e 7,2% estavam obesos (YEPEZ; CARRASCO; BALDÉON, 2008).
Ao retratar a realidade brasileira, os estudos enfatizam que somente a partir do ano de
1975 o Brasil passou a dispor de inquéritos representativos da situação nutricional do país
(BATISTA FILHO; RISSIN, 2003). Dentre os inquéritos amplamente citados nos trabalhos
apresentados estão: o Estudo Nacional de Despesa Familiar - ENDEF, a Pesquisa Nacional
sobre Saúde e Nutrição - PNSN, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde - PNDS e, mais
recentemente, as Pesquisas de Orçamentos Familiares - POF e a Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - VIGITEL. Inquéritos, que
Introdução | 31
quando realizados a cada década, são capazes de favorecer uma análise representativa das
tendências do cenário nutricional do país (HAMACEK; NOBRE, 2009).
Os resultados obtidos nos inquéritos mostram um acelerado declínio na ocorrência da
desnutrição e um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade da população, o que
caracteriza o processo de transição nutricional (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003;
HAMACEK; NOBRE, 2009).
A literatura especializada salienta que o processo de transição nutricional, embora
atinja toda a população, apresenta diferenciação de acordo com o gênero e o grupo
socioeconômico considerado no estudo. Os resultados apresentados em uma diversidade de
trabalhos sobre o tema apontam que a prevalência de obesidade tende a ser maior no gênero
masculino pertencente à população de renda mais elevada, enquanto na população feminina a
frequência de excesso de peso encontrada é mais expressiva nos estratos de menor renda
(FERREIRA, 2006; HAMACEK; NOBRE, 2009).
As tendências observadas por Monteiro et al. (2004), ao realizar um acompanhamento
histórico de indicadores do estado nutricional da população feminina brasileira, apontam a
indicação de mulheres com IMC= 18,5 Kg/m²(magras) e =30Kg/m² (obesas) entre as 25%
mais pobres e mais ricas nos anos de 1975, 1989 e 1997. A prevalência de baixo peso,
identificada entre as mulheres mais pobres, passou de 17,1% para 9,5% entre 1975 e 1997,
enquanto a prevalência de obesas identificada no mesmo grupo passou de 4,7% para 12,6%. A
prevalência de baixo peso identificada no inquérito realizado no ano de 2004 foi de 6%
enquanto a obesidade identificada foi de 12,7% (COUTINHO; LUCATELLI, 2006).
As revisões sistemáticas que têm sido apresentadas indicam que nos países
desenvolvidos a obesidade tende a ser mais frequente entre os indivíduos de menor renda,
com menor escolarização e com ocupação considerada de menor prestígio social. Enquanto
que nos países em desenvolvimento os estudos evidenciam a existência de uma tendência
32 | Introdução
inversa, ou seja, maior frequência de obesidade nos estratos de melhor nível socioeconômico
(BARBOSA et al., 2009).
O estudo de Monteiro et al. (2004), realizado com populações dos países em
desenvolvimento, apresenta resultados similares aos estudos obtidos nos países em
desenvolvimento. Uma análise comparativa realizada no período de 1974 e 1997 já
evidenciava um aumento da obesidade em todas as regiões e em todos os estratos de renda
(BARBOSA et al., 2009).
A Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF (2002-2003), que englobou as cinco
macrorregiões brasileiras, revela a tendência no aumento de sobrepeso e obesidade. Para o
sexo masculino o aumento ocorre em todas as regiões brasileiras em todas as classes de
rendimento. Na população feminina, o excesso de peso tende a deslocar-se para a região
nordeste e para as classes de menor renda (BARBOSA et al., 2009).
De acordo com Bensenõr e Lotufo (2007), os dados da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (2002-2003) revelam que o excesso de peso em adultos excede em oito vezes o
déficit de peso na população feminina e em quinze vezes na população masculina. Entre os
adultos maiores de 20 anos participantes do estudo, verifica-se que 4% apresentam baixo peso
enquanto 40,6% da população é considerada com excesso de peso e dentre estes,
aproximadamente 20%, foram diagnosticados como obesos. A frequência de obesidade
diagnosticada nos homens é de 8,9% e nas mulheres 13%.
Os dados revelados pela pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, Vigitel 2008, realizado por amostragem com 54
mil pessoas residentes nas capitais e no Distrito Federal, mostram que a cidade com menor
número de obesos é Teresina, com 36,6%. A capital do Piauí também é a melhor colocada
entre os homens (38,7%). Entre as mulheres adultas, as menores taxas de obesidade
Introdução | 33
encontradas ocorreram entre as mulheres de Teresina (9,3%), de Palmas (10,2%) e na cidade
de Vitória (10,3%) capital do Espírito Santo.
Lima, Arrais e Pedrosa (2004), reportam-se a Wang, Monteiro e Popkin (2002) ao
afirmarem que no Brasil, comparando-se os dados do Estudo Nacional da Despesa Familiar -
ENDEF, realizado em 1974/75, com os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida - PPV,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, entre março de 1996 e
março de 1997, verificou-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1%
para 13,9% em crianças e adolescentes de 6 a 18 anos.
Estima, Philippi e Alvarenga (2009) salientam em seu trabalho de pesquisa que os
dados da Pesquisa de Orçamento Familiares - POF (2002-2003) mostram uma prevalência de
excesso de peso nos adolescentes brasileiros de 16,7% (nos meninos 17,9 e nas meninas
15,4). O inquérito indica que 2% dos adolescentes brasileiros apresentam obesidade, as
meninas 2,9% e os meninos 1,8%.
O estudo de Kunkel, Oliveira e Peres (2009) destaca o resultado obtido na pesquisa de
Veiga, Cunha e Sichieri (2004) quando afirmam que o excesso de peso em adolescentes
aumentou de 2,6% para 11,8% nos meninos e de 5,8% para 15,3% nas meninas no período
compreendido entre 1975 e 1997. De acordo com o estudo dos autores a Pesquisa de
Orçamentos Familiares - POF (2002-2003) mostrou uma prevalência de 23,6% de sobrepeso e
3,3% de obesidade em adolescentes do sexo masculino e 17,1% de sobrepeso e 2,9% de
obesidade entre as meninas na mesma faixa etária nas regiões urbanas do sul do país.
Foi possível observar que muitos trabalhos realizados com crianças e adolescentes
destacaram a possibilidade de os resultados obtidos estarem relacionados ao maior acesso aos
alimentos industrializados, por serem decorrentes dos hábitos alimentares oriundos da
urbanização, que associados a falta de informação adequada sobre os alimentos consumidos,
provocou a indução de equívocos alimentares, como o aumento do consumo de alimentos
34 | Introdução
ricos em sal e gorduras (LIMA; ARRAIS; PEDROSA, 2004; SILVA; COSTA; RIBEIRO,
2008) doces e bebidas açucaradas e a uma redução da ingestão de cereais e/ou produtos
integrais, frutas e verduras. Essa alimentação, considerada equivocada na totalidade dos
estudos, certamente irá ocasionar repercussões metabólicas que poderão se manifestar ao
longo da vida adulta.
1.5 O HÁBITO DE ASSISTIR À TELEVISÃO
Salienta-se que a inatividade física é considerada um dos maiores vilões na gênese da
obesidade na infância e na adolescência (SILVA; COSTA; RIBEIRO, 2008). Segundo Fin e
Marchese (2009), as crianças e adolescentes têm gasto cada vez menos tempo com a prática
de atividade física intensa ou moderada e têm optado por atividades de reduzida intensidade,
de baixo gasto energético como assistir à televisão, acessar a internet, jogar vídeogame ou
jogos eletrônicos durante os momentos de lazer.
Comprovadamente essa não é uma discussão recente. Em Portugal, um estudo
realizado no ano de 1992, com crianças do 1º, 2º e 3º ciclos, evidenciava essa realidade e
revelava que o tempo gasto diante do aparelho de televisão era em média de 2 horas/dia
durante a semana e 3,5 horas/dia no fim de semana. Os dados obtidos comprovaram que
quando a criança concluía o ensino secundário passava cerca de três anos assistindo à
televisão (MONTEIRO, 1999).
No mesmo sentido o estudo de Wong et al. (1992) comprovou que o tempo excessivo
dedicado a assistir à televisão mostra-se como um sinal mundial para identificação de crianças
e adolescentes inseridos em estilos de vida que valorizam inadequados hábitos alimentares e
inatividade física.
Ao analisar indivíduos norte-americanos entre 2 e 20 anos de idade foi
encontrado maior interesse por TV entre os mais velhos.
Introdução | 35
É considerada de imensa importância em saúde pública a relação entre o número de
horas diárias destinadas a assistir à televisão e a obesidade infanto-juvenil (FRUTUOSO;
BISMARCK-NASR; GAMBARDELLA, 2003). Uma diversidade de estudos há muito tempo
estabelece uma relação entre o número de horas diárias despendidas em frente ao aparelho de
televisão aos índices de sobrepeso e obesidade na infância e adolescência (FORMENTIN et
al., 2008; BORGES et al., 2007).
O estudo de Dietz e Gotmaker (1985) enfatizava que o número de horas em que o
adolescente assistia à televisão era um importante fator associado à obesidade. Os
pesquisadores mostraram que cada hora aumentada no hábito de assistir à televisão estava
associada a um aumento de 2% na prevalência da obesidade nas idades de 12 a 17 anos.
Uma pesquisa realizada há mais de duas décadas pela National Children and Youth
Fitness Study indicou que metade das crianças nos Estados Unidos não se ocupava com
atividades físicas e gastava em média dezessete horas por dia assistindo à televisão, além do
tempo que passavam jogando vídeo-game e em frente ao computador. O estudo realizado no
fim dos anos oitenta mostrou que as crianças estavam se exercitando cada vez menos,
comprovou-se que assistiam mais à televisão, especialmente à medida em que ficavam mais
velhas (ROSS et al., 1987).
O estudo de Damiani, Carvalho e Oliveira (2000) estabeleceu uma nítida relação entre
a obesidade e o hábito de assistir à televisão. De acordo com trabalho apresentado pelos
pesquisadores o risco de uma criança tornar-se obesa é diretamente proporcional ao número
de horas diárias em que ela vê televisão.
No mesmo sentido Crespo (2001) mostrou em estudo realizado pela Universidade
Estadual de Nova York em Buffalo, que à medida que o tempo das crianças na frente da
televisão aumentava, também aumentava sua gordura corporal. Quando analisaram dados
nacionais de saúde e nutrição de mais de 4.000 crianças e adolescentes, constatou-se que a
36 | Introdução
obesidade era menor entre crianças que viam TV por uma hora ou menos por dia e que à
medida que as horas aumentavam também crescia o número de crianças obesas.
Diante do exposto é possível perceber que há muitas décadas os estudos já
relacionavam o hábito de ver televisão várias horas por dia à obesidade de crianças e
adolescentes. Porém, observou-se também que muitos trabalhos relacionam a obesidade a um
conjunto de outras práticas, dentre elas o consumo de alimentos enquanto assiste à televisão
(COTUGNA, 1988; RUANO; PUJOL, 1997; PASSAMAI, 1999; PIOVESAN et al., 2002,
FRUTUOSO; BISMARCK- NASR; GAMBARDELLA, 2003).
Resultados apresentados por Jeferry e French (1998) referentes à população adulta
feminina, condizem com a hipótese de que atitudes como assistir TV e consumir lanches
rápidos com elevado conteúdo em gordura poderiam ter colaborado para a prevalência de
obesidade nos Estados Unidos.
Outra diversidade de estudos relata que a obesidade em crianças e adolescentes pode
ser resultado do desequilíbrio entre atividade física reduzida e excesso de consumo de
alimentos densamente calóricos divulgados durante as propagandas comerciais veiculadas na
televisão (DIETZ, 1994; BRAY; POPKIN, 1998; ROBINSON, 1998).
Há duas décadas Story e Faulkner (1990) observaram os anúncios veiculados na TV
norte-americana relacionada à alimentação, transmitidos entre 20 e 23 horas e identificaram
que 60% destes referiam-se a refrigerantes e outros produtos alimentícios açucarados, com
baixa qualidade nutricional (FRUTUOSO; BISMARCK- NASR; GAMBARDELLA, 2003).
Doyle e Feldman (1997) mostraram que 83% dos adolescentes residentes na região
norte do Brasil apontaram a televisão como responsável por suas escolhas alimentares.
De acordo com a Organização Pan-Americana (2003 b), uma exposição de apenas 30
segundos a comerciais de alimentos é capaz de influenciar as escolhas das crianças por
determinado produto (FIN; MARCHESE, 2009).
Introdução | 37
Uma diversidade de trabalhos evidencia que as crianças e os adolescentes
frequentemente tem o hábito de ingerir alimentos ricos em monossacarídeos e lipídios
enquanto vêem TV. Existem evidências sugerindo que as propagandas de alimentos
veiculadas na televisão induzem crianças e adolescentes à obesidade uma vez que a
publicidade veiculada na televisão estimula o consumo de alimentos com elevado grau de
processamento e expressivos teores de gorduras, óleos, açúcares e sal (RODRIGUES, 1998;
GAMBARDELLA; FRUTUOSO, FRANCH, 1999; MELLO; LUFT; MEYER, 2004;
ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAIOTI, 2002; NASCIMENTO, 2007; SILVA; COSTA;
RIBEIRO, 2008; FIN; MARCHESE, 2009).
Nesse sentido, alguns pesquisadores têm tentado mensurar o quanto a prevalência da
obesidade pode ser atribuída à propaganda televisiva veiculada durante a programação
exibida. Na Universidade de Queensland, na Austrália, o pesquisador Lennert Veerman
utilizou modelos matemáticos de simulação para estimar os efeitos potenciais da redução de
exposição de crianças norte americanas entre seis e doze anos à propaganda de alimentos na
televisão para avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade. Os resultados mostraram que
reduzindo a exposição à propaganda a zero, diminui a prevalência de obesidade de 17,8%
para 15,2% entre os meninos e de 15,9% para 13,5% entre as meninas. O estudo realizado
comprovou que entre um em sete, até uma em três crianças obesas nos Estados Unidos
poderiam não ter adquirido obesidade se não tivessem sido expostas à propaganda de
alimentos não saudáveis na televisão (SOCIEDADE MÉDICA PAULISTA DE SAÚDE,
2009).
No Brasil, ainda existem poucos trabalhos sobre a propaganda e a promoção de
alimentos divulgados na televisão. Uma pesquisa apresentada pelo Ministério da Saúde no
ano de 2008 apontou que mais de 70% de peças publicitárias veiculadas em revistas e canais
de televisão são de alimentos não saudáveis. O estudo realizado por pesquisadores da
38 | Introdução
Universidade de Brasília foi financiado pelo Ministério da Saúde e Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Durante um ano foram analisadas
propagandas televisivas em desenhos, programas infantis, femininos destinados ao público
jovem, novelas e filmes de dois canais da televisão aberta e dois canais a cabo, além de
propagandas impressas em 18 tipos diferentes de revistas femininas, adultas e destinadas ao
público infanto-juvenil. O resultado do estudo mostra que o tipo de publicidade mais
frequente de alimentos é de fast-food (um termo inglês que significa comida rápida). Este tipo
de alimentação, surgida nos Estados Unidos, tem como característica principal a produção de
lanches e acompanhamentos (lanches, batatas fritas, empanados, milk shakes) de forma
rápida. As grandes cadeias de lanchonete são as maiores representantes deste tipo de
alimentação, que se espalhou pelo mundo a partir da década de 1970.
Em seguida aparecem as propagandas sobre guloseimas e sorvetes, refrigerantes e
sucos artificiais, salgadinhos de pacote e biscoitos doces e bolos. Afirma-se, com base nos
dados obtidos, que as propagandas predominantes são as de alimentos com alto teor de
gorduras, sal e açúcar. Os anúncios de alimentos correspondem a 9,7% do total, e sua maior
frequência ocorre no período das 14h30m às 18h30m, com maior prevalência na rede de
televisão a cabo.
Estudo realizado na cidade de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, indicou que a
categoria alimentos foi a mais anunciada nas emissoras de televisão, independente do dia e do
horário em que foram divulgadas. A propaganda foi um fator associado à tomada de decisão
de compra de alimentos. A maioria dos alunos apresentou hábitos alimentares inadequados,
com elevado consumo de açúcar e sal. Evidenciou-se que a televisão divulga elevada
frequência de propagandas de alimentos, a maioria com reduzido valor nutricional, associando
o consumo de alimentos a aspectos positivos e agradáveis, fatores que poderiam estar
influenciando os hábitos alimentares dos adolescentes (NASCIMENTO, 2007).
Introdução | 39
De acordo com o documento da Organização Mundial de Saúde - OMS, Marketing
Food to Children: the Global Regulatory Environment, que fez uma revisão das
regulamentações mundiais sobre publicidade e propaganda de alimentos, especialmente para
crianças, dos 73 países analisados, 62 países possuem regulamentações sobre publicidade
televisiva que fazem referências às crianças. Evidenciou-se que 46 países possuem
regulamentações estatutárias e 51 possuem códigos de autorregulamentação.
Aproximadamente 37 países possuem regulamentação estatutária e autorregulamentação. E
32 países analisados possuem restrições específicas sobre publicidade televisiva para crianças.
De acordo com o Ministério da Saúde Brasileiro, o diálogo com o setor das indústrias
de alimentação e os veículos de comunicação e marketing precisa ser aprofundado para que
seja possível mudar progressivamente a demanda e eliminar a promoção de produtos
alimentícios e de bebidas que contribuem para dietas que levam à má saúde na infância e na
adolescência. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA tem discutido com os
representantes do mercado publicitário, da indústria alimentícia e sociedade civil uma nova
regulamentação sobre a publicidade de alimentos, principalmente a destinada ao público
infantil.
Verifica-se que desde o ano de 2006 a Coordenação Geral da Política de Alimentação
e Nutrição do Ministério da Saúde Brasileiro tem discutido a oferta, propaganda e publicidade
de alimentos com quantidades elevadas de açúcar e gordura. Sabe-se que no ano de 2008
decidiu-se a realização de campanhas de alimentação adequadas para executar uma mudança
nos hábitos da população, na intenção de reduzir o consumo desses alimentos. Entretanto,
parece-nos que a meta principal ainda não foi cumprida. Ainda não foi possível efetuar
revisões das políticas legislativas que estão no Congresso Nacional, relacionadas a esse tipo
de propaganda.
40 | Introdução
Segundo Costa (2009), a indústria brasileira de alimentos decidiu não mais fazer
propaganda de alimentos para crianças abaixo de seis anos de idade e vai investir na
publicidade educativa para seus pais. De acordo com o autor a medida se antecipa às
eventuais restrições impostas pelo governo brasileiro a esse tipo de publicidade, em sintonia
com ações semelhantes adotadas por governos de todo o mundo.
Acredita-se que essa iniciativa sinaliza alguma mudança. Porém, torna-se essencial
ampliar essa discussão. É de suma importância que os governos e os atores não-
governamentais participem e reconheçam sua responsabilidade conjunta. A população de
nosso país, constituída de crianças, adolescentes e jovens têm o direito à alimentação
adequada e a um melhor padrão de saúde.
1.6 A ALIMENTAÇÃO NA REGIÃO NORTE
O estudo de Doyle e Fedman (1997), envolvendo adolescentes de um colégio
secundário particular da cidade de Manaus, estado do Amazonas, mostrou que os estudantes
predominantemente revelaram preferência pelo consumo de merendas com menor valor
nutricional, embora tivessem maior custo. Quanto à preferência dos lanches, o resultado do
estudo mostrou que apenas um dos cinco mais listados podia ser considerado saudável, com
alta densidade de nutrientes, pobre em gordura e rico em fibras. O trabalho evidencia que os
lanches consumidos pelos adolescentes eram pobres em vitaminas, minerais e com poucas
fontes de ácido fólico (XIMENES et al., 2006). A totalidade de estudantes entrevistados
demonstrou preferência pelo consumo de refrigerantes (MAESTRO, 2002).
Segundo Nunes et al. (2008) no estado do Amazonas, estudos envolvendo
adolescentes podem ser considerados limitados e os descritos na literatura nos últimos tempos
Introdução | 41
procuram abordar o crescimento físico (SILVA, 1992) os hábitos alimentares (DOYLE;
FELDMAN, 1997) e a ocorrência de anemia ferropriva (LIMA, 2002).
Ao considerar a escassez de informações quanto ao estado nutricional de atletas
jovens, Nunes et al. (2008) buscaram identificar a prevalência de anemia ferropriva e sua
associação com os indicadores nutricionais de atletas adolescentes participantes do Programa
de Iniciação Esportiva da Fundação Vila Olímpica de Manaus-AM, amostra constituída por
194 atletas adolescentes do gênero masculino, voluntários, praticantes de diferentes
modalidades esportivas classificados como iniciantes. O resultado obtido mostrou que 9,4%
dos adolescentes apresentaram desnutrição, 8,2% sobrepeso e 4,6% obesidade. A prevalência
de anemia ferropriva encontrada na amostra foi de 41,7% com predominância na classe
socieconômica mais baixa. O estudo mostra que embora tenha sido encontrado um índice
elevado de anemia ferropriva, o estado nutricional dos adolescentes não influenciou sobre o
resultado, considerando que em sua maioria os atletas adolescentes (77,8%) estavam
eutróficos (NUNES et al., 2008).
De acordo com os pesquisadores participantes do estudo (NUNES et al., 2008), a alta
prevalência de anemia evidenciada no presente estudo denota um desequilíbrio nutricional
neste grupo populacional, fator que é apontado como desencadeador de disfunções orgânicas
que podem interferir negativamente no crescimento físico e no rendimento esportivo dos
atletas adolescentes analisados.
De acordo com Yuyama et al. (2002) uma das estratégias para minimizar o problema
de anemia na Amazônia seria a exploração de recursos naturais, em especial, dos frutos com
potencial nutricional, dentre eles, o açaí (Euterpe oleracea) e o camu-camu (Myrciaria dúbia
(H.B.K.) Mc. Vaugh. Do fruto do açaí extraí-se uma bebida tradicionalmente conhecida como
“vinho” de açaí. Segundo Yuyama et al. (2002), a origem desta bebida está entre as etnias da
Amazônia. Podendo ser consumida com açúcar e farinha de mandioca ou tapioca, ou ainda
42 | Introdução
com camarão ou peixe salgado. O açaí tem deixado de ser apenas complemento básico na
alimentação das camadas populares, para se constituir como principal fonte de alimentação
desta população (YUYAMA et al., 2002).
A literatura mostra que o açaí é um alimento essencialmente energético, com elevada
concentração de fibra alimentar e um considerável teor de ferro, sendo expressiva em toda a
região Amazônica sua utilização (empírica) no combate à anemia. O camu-camu é
apresentado nos estudos como uma excelente fonte de ácido ascórbico (YUYAMA et al.,
2002). A grande importância do camu-camu como alimento é devida ao seu elevado teor de
vitamina C (2606 mg por 100g de fruto), superior ao encontrado na maioria das plantas
cultivadas (INPA, 2009).
Alencar et al. (2002), ao procederem uma revisão da produção científica do Amazonas
na área de nutrição nas últimas décadas, mencionam os estudos de Amoroso (1981) e
Yuyama, Rocha e Cozzolino (1992) e Yuyama et al. (1997) e se referem, em épocas
diferentes, aos cardápios amazônicos, como pobres e monótonos, sendo o peixe, o pão e a
farinha de mandioca os seus principais alimentos constituintes. O estudo destaca que a análise
evolutiva dos inquéritos nutricionais realizados na Região Amazônica evidencia uma relativa
adequação protéica. Os resultados obtidos comprovam que alguns grupos populacionais
receberam o dobro da recomendação prescrita. Os trabalhos salientam ainda que, entretanto, o
aporte energético foi extremamente limitante.
Alencar et al. (2002) mencionam, no trabalho apresentado por Shrimpton (1973), que
no consumo alimentar da população de baixa renda de Manaus, realizado com 1.200 famílias,
os nutrientes mais limitantes da dieta local são a vitamina A e o zinco. De acordo com o
estudo apresentado alguns autores se referem ao consumo inadequado de vitamina A pré-
formada ou de seus precursores em diferentes grupos populacionais, exceção registrada em
Introdução | 43
operários do distrito industrial de Manaus realizado por Marinho, 1989 e de pré-escolares de
baixa renda matriculados em uma creche do SESI/Manaus, estudo de Nagahama et al., 1990.
De acordo com Alencar et al. (2002) paradoxalmente a esta situação, a literatura
retrata o potencial nutricional dos frutos amazônicos, destacando-se o abricó (Mammea
americana L), buriti (Mauritia flexuosa L.f), tucumã(Astrocaryum vulgare Mart.) e a pupunha
(Bactris gasipaes Kunth),como portadores de elevado teor de caroteno. Ao considerar que a
maioria destes frutos são ingeridos in natura, isso aumentaria significativamente a
biodisponibilidade dos seus constituintes (YUYAMA et al., 1999).
Percebe-se também que a literatura enfatiza a ausência do hábito e/ou costume da
população amazônica, notadamente a urbana, de consumir frutas, legumes e hortaliças, o que
destaca a importância e urgência da viabilização de um programa mais agressivo de educação
epidemiológica, destacando as potencialidades nutricionais dos alimentos regionais
(ALENCAR et al., 2002).
É importante destacar que a maioria dos produtos alimentícios consumidos pela
população é proveniente de outros estados brasileiros, principalmente da região sudeste.
Diante dessa realidade o preço dos produtos alimentícios, comercializados nos mercados,
feiras e supermercados locais, principalmente das frutas, legumes e hortaliças é extremamente
alto quando comparado ao das demais regiões brasileiras, constituindo-se no impedimento
inicial para o consumo da população do Amazonas. A logística que envolve o transporte dos
alimentos até a região norte é a principal justificativa apresentada pelos empresários do setor
para o alto preço dos produtos alimentícios comercializados.
Para Ximenes et al. (2006) a alimentação é um fator primordial na rotina diária da
humanidade, sua obtenção tornou-se um problema de saúde pública. As alterações na
estrutura da dieta alimentar, associadas a mudanças econômicas, sociais e demográficas
apresentam repercussões na saúde populacional de todos os países. O estudo de Ximenes et al.
44 | Introdução
(2006) mostra que o comportamento alimentar deve estar inserido nas suas dimensões
sócioculturais e psicológicas, estar ligado ao lugar, à forma, à periodicidade, e às relações
sociais envolvidas.
De acordo com Nagahama, Yuyama e Alencar (2003), a sociedade moderna tem
vivenciado um processo de transformação no estilo de vida, que têm influenciado de forma
decisiva o padrão de saúde e nutrição da população. Como consequência, observa-se o
desencadeamento de processos carenciais, evidenciado pelo agravamento da curva de
prevalência, tanto da obesidade como dos casos de desnutrição energético-proteíca.
Uma diversidade de estudos mostra que a inadequação de dietas alimentares é mais
comum entre os adolescentes do que em qualquer outro segmento da população. A nutrição
deficiente durante este período pode ser causada por uma diversidade de fatores, dentre eles a
instabilidade emocional, o desejo obsessivo de emagrecer e a instabilidade geral do estilo de
vida e circunstâncias sociais (XIMENES et al., 2006; SAMPEI et al., 2001).
Nesse sentido, percebe-se que há escassez de estudos que investiguem os fatores
influenciadores dos hábitos alimentares dos adolescentes da região norte brasileira. Estudos
estes que serão úteis para o estabelecimento de valores de referência regionais e para a
comparação com outros grupos de características similares (NAGAHAMA; YUYAMA;
ALENCAR, 2003). É preciso um maior número de trabalhos que viabilizem o diagnóstico da
desnutrição e/ou obesidade e a implantação de programas de prevenção e de recuperação. É
preciso ter condições para atuar precocemente diante da complexidade da situação
epidemiológica nutricional pela qual passa o nosso país, particularmente a região norte
brasileira.
Objetivos | 45
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Este projeto teve como objetivo principal investigar a influência da televisão nos
hábitos alimentares de uma população de adolescentes da região norte brasileira.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1- Investigar a quantidade e a qualidade dos alimentos veiculados em propagandas
exibidas pelas principais redes de canal aberto da televisão brasileira, consideradas
líderes de audiência na cidade de Manaus-Am.
2- Investigar o conteúdo das propagandas de alimentos, incluindo os apelos emocionais e
racionais associados ao produto promovido.
3- Investigar os hábitos de compra de alimentos e os hábitos alimentares dos
adolescentes, relacionando-os à ocorrência de sobrepeso e obesidade.
46 | Objetivos
Estudo 1 | 47
3. ESTUDO 1
3.1 OBJETIVO
Investigar a quantidade de propagandas de alimentos veiculados pelas principais redes
de canal aberto da televisão brasileira, bem como a qualidade nutricional destes alimentos.
3.2 MATERIAL E MÉTODO
1. Equipamentos
Foi utilizado nessa fase da pesquisa um aparelho gravador de DVD da marca
Samsung, unidades de DVD´s vídeo, para as gravações das programações das redes de
televisão selecionadas.
2. Instrumentos
Foi desenvolvido um instrumento com o objetivo de classificar as diversas
propagandas veiculadas pelas emissoras de televisão (Anexo B).
3. Amostra
A amostra constituída foi de n=12 gravações das três principais emissoras de televisão
de canal aberto brasileiras, durante três períodos do dia, para os seis dias da semana. Para que
fossem definidas as emissoras de maior audiência no Estado do Amazonas, na cidade de
48 | Estudo 1
Manaus, foi utilizado o resultado da pesquisa sobre frequência televisiva, realizada em
fevereiro do ano de 2007, pela empresa amazonense de pesquisa Action. Na ocasião, o
resultado obtido mostra a TV Amazonas (80,31%) na liderança da audiência, TV A Crítica
(4,74%,) em segundo lugar e a TV Manaus (3,85) aparece em terceiro lugar na audiência. As
demais emissoras de televisão são TV Rio Negro (3,41%), Rede Boas Novas (2,80%), TV
Cultura ( 2,32), MTV ( 1,68%), Amazon Sat ( 0,79%), Rede TV ( 0,10%).
A TV Amazonas é uma emissora de televisão brasileira instalada em Manaus, capital
do Estado de Amazonas, que é sintonizado no canal 5 e conta com quase 100 repetidoras pelo
interior do estado. A emissora é afiliada da Rede Globo e líder da Rede Amazônica, é a mais
antiga emissora de TV em atividade no estado. Faz parte da Rede Amazônica de Rádio e
Televisão, que é composta por mais 4 emissoras de televisão: a TV Rondônia, TV Acre, TV
Roraima e TV Amapá, todas afiliadas à Rede Globo. Possui ainda o Amazon Sat, sintonizado
em canais de UHF nas capitais da Amazônia Ocidental e Amapá (TV AMAZONAS, 2010).
A TV A Crítica é uma emissora de televisão brasileira com sede em Manaus,
Amazonas. A emissora opera canal 4 VHF e é afiliada à Rede Record. Fundada em 1986, era
conhecida anteriormente como TV Baré. A TV A Crítica cobre 92% do estado do Amazonas,
através do satélite RC SAT, com retransmissoras espalhadas pelo interior do estado. A
emissora pertence à Rede Calderaro de Comunicação que compreende, além da TV A Crítica,
a RedeTV! Manaus, o Jornal A Crítica e as rádios A Crítica FM (93,1 MHz) e Jovem Pan FM
Manaus (104.1 MHz, afiliada à Rede Jovem Pan FM). Desde sua afiliação ao SBT em 1981
(ainda como TV Baré) sempre se manteve como vice-líder de audiência em todo o estado do
Amazonas. A partir do dia 1º de setembro de 2007 tornou-se afiliada à Rede Record. De
acordo com as medições do Ibope no estado entre 2007 e 2008, a TV A Crítica voltou a se
firmar como vice-líder de audiência no Amazonas, com a bandeira da Rede Record (TV A
CRÍTICA, 2010).
Estudo 1 | 49
A TV Em Tempo, também conhecida como SBT Manaus, é uma emissora de televisão
brasileira com sede em Manaus, capital do Amazonas. Opera no canal 10. Em 2007, a
emissora surge quando a TV Manaus, afiliada à Rede Record, é extinta. Atualmente a
emissora é afiliada ao SBT. A história da TV Em Tempo começa com o fim de uma das mais
antigas emissoras do Amazonas, a TV Manaus. Em 1º de setembro 2007, a emissora deixa a
Rede Record e passa a retransmitir o sinal do SBT, o nome também é modificado, surge então
a TV Em Tempo, que tem o mesmo nome do jornal do grupo o Amazonas EM TEMPO. O
grupo também é proprietário da Rádio Transamérica Hits, Jornal A Tarde, site de notícias
emtempo.com.br, além de um outro conglomerado de rádios no interior do Amazonas (TV
EM TEMPO, 2010).
As gravações das propagandas nas Emissoras, TV Amazonas, TV A Crítica e TV
Manaus (TV Em Tempo) foram realizadas a partir de primeiro de setembro do ano de dois mil
e sete, concluídas em vinte e nove de fevereiro do ano de dois mil e oito. As gravações
semanais foram diárias, de segunda-feira / sábado e obedeceram a um rodízio entre as redes e
os períodos, de tal forma que em cada dia uma rede foi gravada em um período diferente.
Cada gravação teve a duração de quatro horas, divididas da seguinte forma durante o dia:
período da manhã (8h às 12h); tarde (14h às 18h) e noite (18h às 22h).
Diante da ocorrência da falta de energia elétrica, fato frequente na região norte,
complementarmente foram coletados para posterior análise quatrocentos e setenta Relatórios
de Fiscalização Diária das Emissoras de Televisão do Amazonas.
Análise do Conteúdo Gravado
As propagandas divulgadas durante os intervalos comerciais e o conteúdo dos
Relatórios de Fiscalização Diária das Emissoras de Televisão foram analisados. Cada produto
veiculado nas propagandas foi classificado em uma das dezessete categorias, previamente,
50 | Estudo 1
definidas: 1- Alimentos; 2- Bebidas alcoólicas; 3- Drogarias/ Farmácias/Remédios/
Complementos Energéticos/ Adoçantes; 4- Produtos para higiene; 5- Produtos de Beleza; 6-
Instituições Educacionais; 7- Produtos de Limpeza; 8- Utensílios Domésticos/Produtos Eletro
Eletrônicos; 9- Vestuário; 10- Lojas; 11- Supermercados; 12- Carros/Motos; 13-
Brinquedos;14-PropagandaGovernamental/Institucional/Associações/Fundações/ Partidos
Políticos/Ação Comunitária; 15- Jornais/Revistas/Livros/Filmes e Cd`s; 16- Eventos
Esportivos/Eventos Culturais;17- Outros (Anexo B).
No presente estudo, quando constituídas as categorias para classificação dos
alimentos, foi levada em consideração a especificidade regional e o conteúdo das propagandas
veiculadas na cidade de Manaus. Optou-se por classificar na categoria produtos alimentícios
as lojas que divulgaram alimentos como pizza, lanches tipo fast-food, churrascarias,
frigoríficos, sorveterias, lojas de chocolates e restaurantes das mais diversas especialidades.
Análise da Frequência de Veiculação de Propagandas
Os dados coletados foram analisados por meio da estatística paramétrica. Utilizou-se
uma Análise de Variância (ANOVA) de dois fatores (período do dia e categorias de
propagandas veiculadas). Após a ANOVA, quando apropriado, também foi conduzida uma
análise pos-hoc pelo teste de comparações múltiplas de Newman-Keuls e p<0,05. Para as
análises foi utilizado o programa Statística 5.0.
Classificação dos Alimentos segundo os Grupos Nutricionais
Para a análise da qualidade dos produtos alimentícios anunciados foi utilizada a
Pirâmide Alimentar Adaptada, proposta por Philippi et al. (1999). A distribuição dos
alimentos proposta pelos autores contempla oito grupos assim constituídos: cereais, frutas,
vegetais, leguminosas, leite, carnes, gorduras e açúcares.
Estudo 1 | 51
3.3 RESULTADOS
Os produtos divulgados durante as propagandas comerciais televisivas foram
veiculados com frequências diferentes, como indicado por um efeito significativo do fator
categoria
]001,0;81,245[
)765,16(
<= pF
. Observou-se que os produtos anunciados nos três
períodos do dia (manhã, tarde e noite) também foram veiculados com frequências diferentes,
como indicado por um efeito significativo do fator período do dia
]001,0;48,58[
)765,2(
<= pF
.
Verificou-se ainda um efeito significativo da interação entre os fatores categoria e período do
dia
]001,0;3,12[
)765,32(
<= pF
.
Os dados da frequência média de propagandas veiculadas ao longo dos três períodos
do dia (Figura 1) evidenciam que a quantidade de produtos veiculados no período da manhã
foi menor do que a quantidade de produtos anunciados no periodo da tarde e esta menor do
que anunciada no periodo da noite. Verificou-se, por meio da análise post-hoc, que a
frequência média de anúncios veiculados nos períodos da tarde e noite foi estatisticamente
maior que a frequência média no período da manhã (p<0,05).
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Manhã Tarde Noite
Frequênciadia
Períodos
*
Figura 1. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da semana,
representada por período. * p<0.05 em relação aos demais períodos (Newman-Keuls)
52 | Estudo 1
A frequência média de anúncios de propagandas nas dezessete categorias de produtos
estudados (Figura 2) demonstra que a categoria 10 (Lojas) obteve a maior média em relação
às demais categorias. A análise post-hoc evidencia que a frequência média de anúncios de
produtos alimentícios foi estatisticamente diferente da de todos os demais produtos
anunciados nas propagandas televisivas (p<0,05), com exceção das categorias 10 (Lojas), 14
(PropagandaGovernamental/Institucional/Associações) e 17 (Outros).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1234567891011121314151617
Frequência Média
Categorias
*
Figura 2. Frequência média de propagandas (±EPM) veiculadas durante os dias da semana, para as
dezessete categorias, ao longo dos três períodos do dia. * p<0.05 em relação às demais
categorias (Newman - Keuls), exceto as categorias 10, 14 e 17
Categorias: 1- Alimentos; 2- Bebidas alcoólicas; 3- Drogarias/ Farmácias/ Remédios/ Complementos
Energéticos/ Adoçantes; 4- Produtos para higiene; 5- Produtos de Beleza; 6- Instituições Educacionais;
7- Produtos de Limpeza; 8- Utensílios Domésticos/Produtos Eletro Eletrônicos; 9- Vestuário; 10-
Lojas; 11-Supermercados; 12-Carros/Motos; 13-Brinquedos; 14-
PropagandaGovernamental/Institucional/Associações/Fundações/Partidos Políticos/Ação Comunitária;
15- Jornais/Revistas/Livros/Filmes e Cd`s; 16- Eventos Esportivos/Eventos Culturais; 17- Outros
A Tabela 1 apresenta as frequências simples de veiculação para cada categoria, e
demonstra que os produtos alimentícios obtiveram frequência igual a 7.414, o que demonstra
que 7,4% de todas as propagandas veiculadas durante os dias da semana nas emissoras de
televisão pertencem à categoria alimentos.
Estudo 1 | 53
A categoria lojas apresenta-se com a maior frequência 23.073 (23,1%), seguida de
propaganda governamental, com 11.988 veiculações (12%) e da categoria outros com 11.486
veiculações (11,5%).
Tabela 1 - Frequência Simples e Porcentagem para cada uma das dezessete categorias,
durante os dias da semana.
Categoria Frequência Simples Porcentagem (%)
10-Lojas 23073 23,1
14-Propaganda Governamental/ Institucional/Associações/
Fundações/Partidos Políticos/Ação Comunitária 11988 12,0
17-Outros 11486 11,5
1-Alimentos 7414 7,4
8-Utensílios Domésticos/Produtos eletro eletrônicos 5394 5,4
6-Instituições educacionais 5347 5,4
4-Produtos para higiene 4983 5,0
12-Carros/motos 4631 4,6
15-ornais/Revistas/Livros/Filmes e Cd's 4021 4,0
16-Eventos Esportivos/Eventos Culturais 3878 3,9
5-Produtos de beleza 3069 3,1
3-Drogarias/Farmácias/Remédios/Complementos
energéticos/Adoçantes
3011 3,0
7-Produtos de limpeza 2791 2,8
11-Supermercados 2764 2,8
13-Brinquedos 2337 2,3
2-Bebidas Alcoólicas 1823 1,8
9-Vestuário 1797 1,8
TOTAL 99807 100
A interação entre os fatores períodos e categoria, apresentada na Figura 3, assinala que
no período da manhã houve um número bem menor de propagandas de produtos alimentícios
se comparados ao período da tarde e à noite. A frequência média dos alimentos veiculados no
período da manhã foi 741, no período da tarde 935,67 e no período noturno 794,67.
Nas categorias bebidas alcoólicas; produtos de limpeza; lojas; supermercados;
propagandagovernamental/institucional/associações/fundações/partidospolíticos/açãocomuni
tária e outros foi possível constatar um significativo aumento na quantidade de propaganda
veiculada ao longo dos períodos da manhã, tarde e noite. Ao realizar a análise post-hoc
54 | Estudo 1
comprovou-se que a interação período-categoria para os produtos alimentícios foi
estatisticamente diferente da maioria dos demais produtos anunciados, com exceção no
período da manhã nas categorias instituições educacionais e brinquedos, à tarde instituições
educacionais e propaganda governamental/institucional/associações/
fundações/partidospolíticos/açãocomunitária e à noite nas categorias instituições
educacionais; utensílios domésticos; propaganda governamental/institucional/associações/
fundações/partidospolíticos/açãocomunitária; Jornais/Revistas/Livros/Filmes e Cd´s/Eventos.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1234567891011121314151617
Frequência Média
Categorias
Manhã
Tarde
Noite
Figura 3. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da semana, para as
dezessete categorias, representadas por período. * p<0.05 em relação às demais categorias,
exceto alimentos (Newman-Keuls)
Categorias: 1- Alimentos; 2- Bebidas alcoólicas; 3- Drogarias/ Farmácias/ Remédios/ Complementos
Energéticos/ Adoçantes; 4- Produtos para higiene; 5- Produtos de Beleza; 6- Instituições Educacionais;
7- Produtos de Limpeza; 8- Utensílios Domésticos/Produtos Eletro Eletrônicos; 9- Vestuário; 10-
Lojas; 11- Supermercados; 12- Carros/Motos; 13- Brinquedos; 14- Propaganda
Governamental/Institucional/Associações/Fundações/Partidos Políticos/Ação Comunitária; 15-
Jornais/Revistas/Livros/Filmes e Cd`s; 16- Eventos Esportivos/Eventos Culturais; 17- Outros.
Os dados de frequência de propagandas veiculadas mostraram não haver diferenças
estatisticamente significativas entre as três emissoras de televisão analisadas (Figura 4).
Observou-se ainda um efeito significativo da interação entre os fatores emissora e categoria
]001,0;11,11[
)765,32(
<= pF
e entre os fatores emissora e período
]001,0;49,81[
)765,4(
<= pF
.
*
Estudo 1 | 55
0
500
1000
1500
2000
2500
Emissora 1 Emissora 2 Emissora 3
Frequência Média
Emissoras
Figura 4. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da semana, nas três
emissoras.
A frequência média de propagandas de alimentos veiculadas durante os dias da
semana, nas três emissoras, representada na Figura 5, demonstra não existirem diferenças
significativas nas frequências de propagandas de produtos alimentícios nas três emissoras.
Comprovou-se que a quantidade de propagandas de alimentos veiculadas na Emissora 1 foi
maior que o número de propagandas de produtos alimentícios anunciados na Emissora 2, e
esta menor que as propagandas de alimentos anunciadas na Emissora 3. A frequência média
das propagandas de produtos alimentícios veiculados na Emissora 1 foi 919, enquanto a
média verificada na Emissora 2 foi 741,67 e a frequência média na Emissora 3 foi 810,67.
A análise post-hoc revelou que a interação emissora e categoria para os produtos
alimentícios foi estatisticamente diferente nas Emissoras 2 e 3 (p<0,05). Observou-se ainda a
mesma diferença nas categorias carros/motos; jornais/revistas e outros na Emissora 1, nas
categorias produtos de higiene; instituições educacionais;supermercados; carros/motos;
jornais/revistas...e outros na Emissora 2, e nas categorias instituições educacionais;
carros/motos; jornais/revistas e outros na Emissora 3.
56 | Estudo 1
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
1234567891011121314151617
Frequência Média
Categorias
Emissora 1
Emissora 2
Emissora 3
*
Figura 5. Frequência média (±EPM) de propagandas veiculadas durante os dias da semana,
representada por emissora. * p<0.05 em relação às demais emissoras (Newman-Keuls).
A frequência média de veiculação de propagandas nas três emissoras de televisão, ao
longo do período do dia, retratada na Figura 6, demonstra que não houve diferenças nas
frequências de propagandas veiculadas nas três emissoras de televisão (Emissora 1, Emissora
2 e Emissora 3) ao longo dos três períodos do dia (manhã, tarde e noite). A frequência média
das propagandas veiculadas na Emissora 1, no período da manhã foi de 478,47, no período da
tarde de 695,24, enquanto que no período noturno de 749,65. Na Emissora 2, a frequência
média encontrada no período da manhã foi de 769,06, no período da tarde 379,47 enquanto no
período noturno de 768,24. A frequência média das propagandas veiculadas na Emissora 3, no
período da manhã foi de 324,59, à tarde de 920,65 e à noite e 785,65. Observa-se um aumento
na frequência das propagandas ao longo do dia apenas na Emissora 1. A análise post-hoc
demonstrou que a frequência média de anúncios veiculados na Emissora 2 foi estatisticamente
diferente nos períodos da tarde e da noite em relação à dos demais períodos (p<0,05). Não foi
observada essa diferença na Emissora 3 nos períodos da tarde e da noite.
Estudo 1 | 57
0
200
400
600
800
1000
1200
Emissora 1 Emissora 2 Emissora 3
Frequência Média
Emissoras
Manhã
Tarde
Noite
Figura 6. Frequência média (±EPM) das propagandas nas emissoras durante os dias da semana,
representada por período. *p<0.05 em relação aos demais períodos.
Classificação dos Alimentos Segundo os Grupos Nutricionais
Diante dos dados coletados no período descrito foi possível constatar que 40,2% das
propagandas de alimentos referiam-se a alimentos classificados no grupo óleos, gorduras e
grupo de açúcares e doces da Pirâmide Alimentar Adaptada (Figura 7). O segundo grupo
mais representativo, com 33,5%, é composto por produtos lácteos, carnes, ovos e
leguminosas, o terceiro grupo constituído por Cereais, tubérculos e raízes, com 14,2%,
seguido pelo grupo das hortaliças e frutas, com 12,1%.
*
58 | Estudo 1
Figura 7. Representação gráfica das proporções das frequências de veiculação de produtos
alimentícios, classificados com base nos quatro grupos de alimentos: 1)Cereais tubérculos
e raízes; 2) Hortaliças e frutas; 3) Leite, produtos lácteos,carnes, ovos e grupo das
leguminosas; 4) Óleos, gorduras e grupo de açúcares e doces.
3.4 DISCUSSÃO
Demonstra-se que a intensa veiculação de propaganda de alimentos na televisão pode
estar contribuindo para o sobrepeso e obesidade da população. Trabalhos realizados nos
Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e no Brasil mostram que a maioria dos produtos
alimentícios anunciados pelas emissoras de televisão refere-se a alimentos que possuem
elevados teores de gorduras, óleos, açúcares e sal, e que muitas vezes possuem baixos valores
nutritivos (BROWN, 1977; COTUGNA, 1986; OGLETREE et al., 1990; KOTZ; STORY,
1994; TARAS; GAGE, 1995; SYLVESTER; ACHTERBERG; WILLIAMS, 1995; MAHAN;
ESCOTT-STUMP, 1996; ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAIOTI, 2002; OLIVEIRA;
CERQUEIRA; OLIVEIRA, 2003; HALPERN, 2003; SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005;
WILSON et al., 2006; NASCIMENTO, 2007; BORGES et al., 2007). Há comprovações de
4=40,2%
1=14,2%
3=33
,
5%
2=12,1%
Pirâmide de alimenta
ç
ão ideal
Pirâmide de anúncios televisivos
Estudo 1 | 59
que as propagandas de televisão têm influenciado o comportamento alimentar da criança e do
adolescente e que o hábito de assistir à TV está diretamente relacionado à inatividade física, à
solicitação, compras e consumo dos alimentos calóricos anunciados nas propagandas
comerciais exibidas durante a programação das emissoras de televisão (ALMEIDA;
NASCIMENTO; QUAIOTI, 2002; NASCIMENTO, 2007, BORGES et al., 2007).
Diante dessa realidade o estudo das propagandas de alimentos veiculadas durante a
exibição da programação das emissoras de canal aberto da televisão brasileira torna-se
necessário. É preciso identificar como as propagandas estariam influenciando o
comportamento alimentar dos adolescentes.
No estudo proposto na cidade de Manaus foram analisadas gravações das
programações transmitidas por três redes de canal aberto, atuantes no Brasil, de segunda-feira
/ sábado, exibidas durante os três períodos do dia (manhã, tarde e noite). Uma composição
similar foi estabelecida nos Estados Unidos por Kotz e Story (1994), por Taras e Gage (1995)
e no Brasil por Nascimento (2007). Nos Estados Unidos os pesquisadores analisaram
aproximadamente 60 horas de programação televisiva, com objetivo de investigar os
alimentos anunciados durante a programação infantil, verificar se esses alimentos atendiam as
recomendações nutricionais determinadas pelo Ministério da Agricultura Americano. Os
resultados mostraram que grande parte das propagandas de alimentos veiculadas durante os
programas infantis refere-se a produtos que não estão de acordo com as recomendações
nutricionais propostas para uma dieta nutricional saudável e equilibrada.
No estudo em questão, realizado na cidade de Manaus, foram analisados quatrocentos
e setenta Relatórios de Fiscalização Diária das Emissoras de televisão e um mil setecentos e
sessenta e quatro horas de programação televisiva. Os resultados obtidos revelaram como os
produtos foram anunciados nas emissoras de televisão, ou seja, com que frequência
apareceram, qual o período em que foram mais ou menos veiculados, da mesma forma em que
60 | Estudo 1
foi possível estabelecer uma relação entre os produtos anunciados e os programas
transmitidos pelas redes. Enfim, os resultados revelaram algumas características da televisão
brasileira.
Inicialmente é preciso esclarecer que a região norte possui horário diferenciado do
horário de Brasília, no caso específico do Amazonas uma hora a mais que o horário de
Brasília. Grande parte do período de coleta de dados, mais especificamente na segunda
quinzena de outubro de 2007 a fevereiro de 2008, na cidade de Manaus, a programação
nacional das emissoras de televisão foi exibida duas horas mais cedo por estar em vigência o
horário brasileiro de verão. Normalmente a programação televisiva era exibida uma hora mais
cedo, obedecendo o horário de Brasília, com a adoção do horário de verão em quase todas as
regiões brasilieiras, o que não ocorre na região norte, a programação foi exibida duas horas
mais cedo. Geralmente, o horário de verão é adotado apenas nos estados brasileiros mais
distantes da Linha do Equador, onde a diferença de fotoperíodo permite que essa medida
proporcione economia no consumo de energia elétrica. Nos meses finais e iniciais do ano, o
dia tende a ser mais longo que a noite (sobretudo nos estados mais ao sul do país) e isso
significa que o sol nasce antes das 6h e se põe depois das 18 h. Nas proximidades do Trópico
de Capricórnio, ao adiantar os relógios em uma hora, o sol passa a nascer aproximadamente
entre 6h e 6h30min a se pôr entre 19 h 30min e 20 h.
É necessário salientar que desde o dia oito de abril do ano de dois mil e oito tal fato
não mais ocorre. Em atendimento a uma decisão judicial, todas as emissoras de televisão
passaram a veicular a programação televisiva tendo como referência o horário local,
obedecendo aos critérios de classificação de faixas etárias recomendadas nos horários
determinados. Diante da necessidade do cumprimento da decisão judicial, quase a totalidade
dos programas transmitidos pelas emissoras de televisão de canal aberto brasileira não possui
transmissão ao vivo para a região norte. A programação passou a ser gravada para que seja
Estudo 1 | 61
exibida posteriormente obedecendo ao fuso horário local. Tal determinação representa um
retrocesso na evolução tecnológica proposta na transmissão ao vivo da programação das redes
de televisão de canal aberto. É necessário considerar que reduzida parcela da população
possui antena parabólica e recebe transmissão via satélite ou possui assinatura de canais
fechados de televisão. Em síntese, significativa parcela da população das regiões submetidas
aos fusos horários regionais, no nosso caso específico a cidade de Manaus, não tem acesso à
informação no mesmo instante que as demais regiões brasileiras, assistindo a uma
programação gravada, uma demonstração de retorno ao século passado.
Feito o esclarecimento, prosseguindo a discussão proposta, constata-se que os
produtos anunciados nas emissoras de televisão, nos três períodos do dia (manhã, tarde e
noite) foram veiculados com frequência média diferenciada, crescente ao longo do dia. A
frequência média de veiculação das propagandas, durante os dias da semana, no período da
manhã, foi estatisticamente diferente dos demais.
Durante o período da manhã foi observada uma programação com maior tempo de
duração e uma redução nos intervalos comerciais quando comparado aos demais períodos,
tarde e noite. Percebe-se que a audiência televisiva no período da manhã é constituída, de
forma significativa, por crianças que ainda não estão em idade escolar, ou que frequentam a
escola no período da tarde. Diante dessa realidade a função da televisão no período matutino é
promover o entretenimento, principalmente a distração da classe infantil.
Não é possível deixar de observar que a relação crianças-televisão tem suscitado na
comunidade acadêmica e nos analistas dos fenômenos sociais uma atenção recorrente
(PINTO, 2000). Há mais de duas décadas trabalhos revelam que, de uma maneira geral, a
criança gasta mais tempo assistindo à televisão do que em qualquer outra atividade, a não ser
o sono, tornando-se a televisão, não raras vezes, uma escola paralela e tendo frequentemente
maior influência na criança-adolescente do que a própria escola institucional (TEIXEIRA,
62 | Estudo 1
1987). Nesse contexto, é importante retomar a discussão sobre a recepção da publicidade na
televisão, conforme tem sido dito, estudos têm sido realizados no sentido de compreender a
relação do público infantil com a propaganda e evidenciar a condição das crianças como
consumidoras em potencial (LAURINDO; LEAL, 2008).
Feito o esclarecimento, prosseguindo o raciocínio inicialmente proposto, verifica-se
que o período da tarde, ao caracterizar-se pela transmissão variada de programação para
diversificada faixa etária, parece despertar uma atenção um pouco maior por parte dos
anunciantes nacionais ou regionais. Acredita-se que o período da tarde, além de veicular um
maior número de programas infanto-juvenis, tais como: programas de auditório, programas de
fofocas sobre o mundo televisivo, exibição de filmes, reprise de novelas, dentre outros,
oferece uma programação que contempla também a fase adulta que não trabalha fora de casa,
que trabalha em sua residência, trabalha em outros períodos do dia, ou estuda em outros
períodos, que já concluiu os estudos e/ou aguarda a possibilidade de ingresso no mercado de
trabalho.
Enfim, a programação exibida pelas emissoras no período da tarde é bastante
diversificada, atende aos anseios de uma audiência diferenciada da do período da manhã. O
público-alvo busca, além de entretenimento, informação, conhecimento e atualização.
Comprovadamente no período da tarde há intensificação de conteúdos que parecem ser
capazes de agradar um público mais heterogêneo, o que poderia justificar o resultado obtido.
No período noturno, constatou-se a veiculação do maior número de propagandas
quando comparados os três períodos. Naturalmente, o público-alvo da programação é o mais
heterogêneo, constituído por crianças, jovens, adolescentes, idosos e pessoas que retornam de
sua jornada diária e que muitas vezes não tiveram a oportunidade de tomar conhecimento dos
fatos que ocorreram nos mais diversos lugares do mundo. Esse telespectador dedica as
poucas horas que faltam para encerrar o longo dia, que cada vez começa mais cedo, assistindo
Estudo 1 | 63
à programação televisiva, constituída por telejornais noturnos, novelas, programas de humor,
reportagens, musicais, filmes, seriados etc.
A audiência noturna, na percepção dos profissionais de comunicação, é composta por
um público de ampliada faixa etária que busca ao mesmo tempo informação, descanso, lazer e
entretenimento. Diante disso, as propagandas comerciais parecem merecer lugar de destaque
durante a programação televisiva noturna. Observa-se ainda que o período noturno,
considerado horário nobre da televisão brasileira, é comercializado em grandes cifras pelas
emissoras brasileiras de canal aberto na maioria das vezes, é disputado por grandes
anunciantes, ávidos pela ampla divulgação e consequente comercialização de seus produtos.
Com base no que foi dito, torna-se possível afirmar que a programação diária da
televisão tem um público bastante diferenciado ao longo do dia. Ao associarmos as
programações (direcionadas a públicos específicos) com a veiculação de propagandas de
alimentos, pode-se dizer que em cada período do dia a veiculação dessas propagandas pode
ter objetivos específicos, relacionados a seus públicos de interesse. Sant’Anna (2002) nos diz
que o número de vezes em que um comercial é exibido, ou a frequência e intensidade de
inserção dos comerciais de televisão, é estabelecido exclusivamente pelo planejamento
publicitário, precisamente a parte da mídia que obedece às recomendações quanto ao mercado
a ser alcançado, veículos de divulgação, apelos a serem empregados, mensagens adequadas
para o meio escolhido e verba disponível.
Um outro resultado relevante para este estudo refere-se à classificação das categorias
de propagandas veiculadas durante os seis dias da semana, nos três períodos do dia: manhã,
tarde e noite, foi a constatação de que das dezessete categorias de produtos classificados, lojas
foi a que obteve maior frequência de veiculação. É preciso salientar que essa categoria
contempla a propaganda de uma diversidade de lojas de produtos que são comercializados
nacionalmente e também na cidade de Manaus. De acordo com dados do Instituto Brasileiro
64 | Estudo 1
de Geografia e Estatística - IBGE, até o ano de 2008 na capital amazonense residiam 1,71
milhão de pessoas, constituindo-se a oitava cidade mais populosa do Brasil. Diante desse fato,
não é possível deixar de registrar o interesse dos anunciantes nacionais e regionais na
promoção e divulgação de seus produtos.
Manaus, a capital do estado do Amazonas, é o principal centro financeiro da região
norte do Brasil, seu motor econômico é o Pólo Industrial, responsável pelo fato da cidade
deter o 7º maior Produto Interno Bruto - PIB. A capital tem aumentado gradativamente a sua
participação no PIB brasileiro nos últimos anos, passando a responder por 1,4% da economia
do país,
é a sétima cidade mais rica do Brasil, possui a segunda maior região metropolitana do
norte do país, e a décima segunda do Brasil, com 2.006.870 habitantes (IBGE/2008). Em
síntese, Manaus representa sozinha 49,9% da população do Amazonas e 10,89% da população
de toda a Região Norte do Brasil.
Um outro achado observado foi a segunda categoria que obteve a maior frequência
média de veiculação nos seis dias da semana, ao longo dos três períodos do dia,
Propagandagovernamental/Institucional/Associações/Fundações/PartidosPolíticos/
AçãoComunitária. Ficou evidente a enorme aplicação de recursos públicos do estado e do
município para divulgação de propagandas governamentais e inclusive as realizações dos
governantes. Observou-se ainda que parte dos recursos públicos são gastos com propagandas
governamentais durante o período noturno, no horário considerado nobre, consequentemente,
mais assistido pelo público de todas as faixas etárias. Como relatado anteriormente, período
do dia mais disputado pelos grandes anunciantes.
A terceira categoria que assinala maior frequência média de veiculação é classificada
como outro, contempla as propagandas que não se encaixam nas categorias previamente
definidas para esse estudo.
Estudo 1 | 65
Destaca-se que o nosso interesse principal refere-se à categoria alimentos. Após a
análise dos dados obtidos neste estudo foi possível constatar que esta foi estatisticamente
diferente das demais, quando observada a interação entre os fatores período do dia e
categoria de propagandas. Este dado pode ser comprovado a partir da análise que contém as
frequências simples de veiculação por categoria. De acordo com os resultados apresentados os
produtos alimentícios obtiveram frequência igual a 7.414, o que representa 7,4% de todas as
propagandas veiculadas durante os dias da semana.
Percebeu-se também que embora as propagandas de alimentos estejam presentes ao
longo do dia, a maioria foi divulgada no período da tarde. É preciso lembrar novamente a
vigência do horário de verão nas demais regiões, ocasião em que a programação gerada pelas
emissoras de televisão na região sudeste foi exibida duas horas mais cedo na cidade de
Manaus. Portanto, durante o período da noite, quando a população retornava à sua residência,
grande parte da programação noturna havia sido exibida duas horas mais cedo. É preciso
assinalar que certamente as agências publicitárias e os anunciantes dos produtos alimentícios
regionais, conhecedores dessa realidade, podem ter preferido concentrar sua divulgação no
período da tarde.
Um outro dado levantado por este estudo diz respeito à quantidade de propaganda
veiculada durante os dias da semana, nas três emissoras de televisão. Verificou-se que as
propagandas foram veiculadas com frequências médias iguais, o que demonstra não haver
diferença significativa entre quantidade de propaganda veiculada, embora possa se sugerir a
existência de diferenças na qualidade das propagandas veiculadas e até mesmo na qualidade
da programação das três emissoras. Torna-se impossível ignorar as diferenças nos padrões das
programações transmitidas pelas emissoras ao longo do período do dia. É bastante comum,
principalmente no norte do país, a transmissão de programas com produções independentes,
66 | Estudo 1
que podem comprometer o padrão de qualidade inicialmente definido pelas emissoras de
origem.
É importante mencionar que a Emissora 1 (afiliada da Rede Globo), líder de audiência
na região norte, há muito mantém uma diferença bastante significativa em relação à emissora
que ocupa o segundo lugar no ranking de audiência (Pesquisa Action, 2007). Na ocasião da
coleta de dados ocorreu uma grande mudança que foi denominada por uma das emissoras
como a Hora da Virada. Dia em que as duas emissoras de televisão locais, Emissora 2 e
Emissora 3, concessionárias do Sistema Brasileiro de Televisão - SBT e Rede Record de
Televisão trocaram de concessão. A Emissora 2 passou a receber o sinal da Rede Record, a
emissora 3 passou a receber o sinal do Sitema Brasileiro de Televisão - SBT. Uma estratégia
ousada de marketing foi utilizada pela Emissora 2 para que a população tomasse
conhecimento da mudança, sendo necessário que o telespectador tomasse conhecimento dos
novos números dos canais das emissoras de televisão para que pudesse acessar a programação
de sua preferência.
O fato preponderante é que a troca não gerou nenhuma alteração no cenário da
pesquisa previamente definido, as três emissoras, na ocasião e até a atualidade, continuam a
ser as três principais emissoras de maior audiência televisiva na cidade de Manaus. Porém,
não é possível deixar de observar que a mudança pode ter gerado transtornos iniciais para os
anunciantes, oscilações previsíveis quando ocorrida qualquer tranformação.
Com base na análise descritiva de dados, vale assinalar ainda que os dados acima
mencionados podem indicar um efeito da mudança ocorrida entre as duas emissoras de
televisão (Emissora 2 e Emissora 3), mencionada anteriormente.
Um outro dado importante, levantado por este estudo, está relacionado à qualidade dos
produtos alimentícios anunciados. A classificação dos alimentos por gupos nutricionais,
proposta neste estudo, revelou que 40,2% de todos os produtos anunciados pertenciam ao
Estudo 1 | 67
grupo dos óleos, gorduras e açúcares e doces, grupo este que aparece no topo da Pirâmide
Alimentar Adaptada Brasileira (PHILIPPI et al., 1999), cuja recomendação de consumo diário
é de 1 a 2 porções. Esse resultado mostra que a maioria dos produtos anunciados pelas
emissoras de televisão na capital amazonense foram aqueles que deveriam fazer parte da dieta
diária de um indivíduo em porções reduzidas.
Os dados obtidos revelaram ainda que apenas 12,1% dos alimentos veiculados pelas
emissoras de televisão pertenciam ao grupo de hortaliças e frutas, enfatizando-se que as
propagandas do grupo de hortaliças e frutas estão contidas nas propagandas de restaurantes
que são veiculadas na cidade. Ao mesmo tempo, comprovou-se que as emissoras de televisão
raramente exibiram propagandas do grupo das leguminosas, com apenas 14,2% das
propagandas comerciais veiculadas no período. No mesmo grupo das leguminosas estão
contidos produtos tais como; leite, produtos lácteos, carnes e ovos. Esse resultado, bastante
preocupante, evidencia que a maioria dos produtos alimentícios anunciados nas três
emissoras deveriam fazer parte da dieta diária de um indivíduo de forma bastante restrita. O
resultado obtido, evidenciado na pirâmide alimentar construída no presente estudo, revela
uma inversão da Pirâmide Alimentar Adaptada, proposta por Philippi et al. (1999).
Com base no estudo verificou-se o destaque de um produto alimentício, produzido por
indústrias nacionais ou regionais, o iogurte. Foi divulgado amplamente nas três emissoras, em
todos os horários ao longo do dia. As propagandas revelaram que uma diversidade desse
produto alimentício foi cuidadosamente divulgada de forma criativa e criteriosa para a
população em geral. A linguagem utilizada pelos anunciantes era específica para alcançar a
faixa etária destinada, o público-alvo de interesse, enfim, o consumidor final. É preciso
ressaltar a qualidade nutricional do produto divulgado, a existência de indústrias locais na
produção desse produto, o que pode ter contribuído para o resultado. Afinal, foram divulgados
produtos de indústrias alimentícias de grande e pequeno porte, atrelados ao resultado
68 | Estudo 1
expressivo da propaganda divulgada em âmbito nacional e a propaganda dos produtos
regionais.
É preciso esclarecer que a Pirâmide Alimentar Adaptada, utilizada como referência no
presente estudo, foi desenvolvida tendo como referência a Pirâmide Alimentar norte-
americana, elaborada pelo departamento de agricultura dos Estados Unidos, no ano 1992.
Contém orientações sobre frequência ideal do consumo de grupos de alimentos e suas
porções, o que facilita a obtenção de informações qualitativas sobre a alimentação
(MARCONDELLI; MARAGON; SCHMITZ, 2004).
Philippi et al. (1999) mostram, em estudo produzido, que para adaptá-la à realidade da
população brasileira, foi necessário identificar os alimentos disponíveis em nosso país e
conhecer nossos hábitos alimentares levando em consideração a especificidade do grupo
populacional destinado (crianças, adolescentes, adultos, idosos e outros). A Pirâmide em
questão foi construída com os alimentos distribuídos em oito grupos (cereais, frutas, vegetais,
leguminosas, leite, carnes, gorduras e açúcares) de acordo com a contribuição de cada
nutriente básico nas dietas. Assinalam que está constituída em quatro níveis: primeiro nível
composto pelo grupo dos cereais, tubérculos, raízes; o segundo nível pelo grupo das hortaliças
e grupo das frutas; o terceiro nível composto por produtos lácteos, pelo leite e grupo das
carnes e ovos e grupo das leguminosas e o quarto nível constituído pelo grupo dos óleos e
gorduras, grupo dos açúcares e doces (PHILIPPI et al.,1999).
Diante do exposto, percebe-se que a Pirâmide Alimentar Adaptada é um instrumento
para orientação nutricional de indivíduos e grupos populacionais, respeitando-se os hábitos
alimentares e as diferentes realidades regionais e institucionais. De acordo com Marcondelli,
Maragon e Schmitz (2004), apesar de não ser um método específico para avaliação do
consumo e sim um guia alimentar, o uso de suas porções pode ser indicado na tentativa de
avaliar o consumo alimentar dos indivíduos.
Estudo 1 | 69
Deve-se mencionar que o consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras está
entre os dez principais fatores de risco para a carga total global de doenças em todo mundo.
As frutas, legumes e verduras são fontes de micronutrientes, fibras e de outros componentes
com propriedades funcionais, extremamente importantes para a composição de uma dieta
saudável. As frutas e hortaliças possuem baixa densidade calórica, o que favorece a
manutenção de um corpo saudável (FIGUEIREDO; JAIME; MONTEIRO, 2008).
Os autores acima citados mencionam o estudo realizado por Levy Costa et al. (2005)
sobre a distribuição e evolução da diponibilidade domicilar de alimentos no Brasil entre os
anos de 1974 e 2003 ao mostrar que as frutas e hortaliças correspondiam a apenas 2,3% das
calorias totais da dieta, aproximadamente um terço do recomendado pela Organização
Mundial de Saúde. Figueiredo, Jaime e Monteiro (2008) assinalam também estudo de Jaime e
Monteiro (2005), ao constatar que menos de 50% da população brasileira consume frutas
diariamente e menos de um terço da população relata o consumo diário de hortaliças.
Lopes-Guevara et al. (2009), ao identificar os benefícios e barreiras percebidas pelos
adolescentes mexicanos para o consumo de frutas e legumes, mostram que as adolescentes do
sexo feminino percebem mais benefícios e os adolescentes do sexo masculino percebem
maiores obstáculos para o consumo de frutas e legumes. Ambos os sexos relataram como
principal barreira para o consumo de frutas e legumes a poluição por uso de pesticidas.
Mardones et al. (2009) ao planejarem intervenções eficazes na promoção da saúde,
determinaram o estado nutricional e estágios de mudança relacionados ao consumo de frutas e
vegetais, atividade física e controle de peso em estudantes de ambos os sexos na Universidade
de Bio-Bio, Chile. Verificou-se que apenas 3,1% dos estudantes do sexo masculino e 7,3%
das estudantes do sexo feminino consumiram as cinco porções diárias de frutas e legumes
recomendados. Concluiu-se no estudo que os alunos precisam de intervenções específicas e
condições adequadas para aumentar o consumo de frutas e verduras.
70 | Estudo 1
O Ministério da Saúde Brasilieiro, em seu Guia Alimentar, recomenda o consumo
diário de três porções de frutas e três porções de legumes e verduras no cardápio diário, que
deve ser variado nas refeições realizadas ao longo da semana (FIGUEIREDO; JAIME;
MONTEIRO, 2008).
Apesar de todos os relatos acima expostos, os dados obtidos no presente estudo
corroboram os resultados encontrados na literatura que comprovam que reduzida parcela das
propagandas comerciais veiculadas na televisão incentiva, promove ou divulga o consumo de
frutas, verduras e legumes. A maioria das propagandas comerciais de produtos alimentícios
anunciados, veiculados na televisão, aqui e lá fora, é composta por produtos que possuem
altos teores de gorduras, óleos, açúcares e sal, e que muitas vezes possuem restrito valor
nutritivo (BROWN, 1977; COTUGNA,1986; OGLETREE et al., 1990; KOTZ;
STORY,1994; TARAS; GAGE, 1995; SYLVESTER; ACHTERBERG; WILLIAMS, 1995;
MAHAN; ESCOTT-STUMP, 1996; ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAIOTI, 2002;
OLIVEIRA; CERQUEIRA; OLIVEIRA, 2003; HALPERN, 2003; SILVA; BALABAN;
MOTTA, 2005; WILSON; NICHOLLS; THONSON, 2006; NASCIMENTO, 2007;
BORGES et al., 2007). Comprova-se assim que os produtos divulgados nas propagandas não
estão de acordo com uma dieta saudável e podem contribuir para os altos índices de sobrepeso
e obesidade encontrados em crianças e adolescentes na população dos países desenvolvidos e
dos países em desenvolvimento.
No estado de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto, semelhante estudo foi realizado
por Nascimento (2007), sendo analisadas aproximadamente quatrocentas e trinta e duas horas
de programação televisiva, exibidas de segunda-feira a sexta-feira e aos sábados. Três mil
novecentas e setenta e duas repetições das propagandas veiculadas, exibidas ao longo dos três
períodos do dia, manhã, tarde e noite, foram objeto de estudo. Constatou-se que a categoria
Estudo 1 | 71
alimentos apresentou a maior frequência média de veiculação nas emissoras, independente da
hora, do público-alvo e da tendência dos programas oferecidos pelas redes de televisão
Os dados obtidos no estudo de Nascimento (2007) evidenciaram que 57,8% de todos
os produtos anunciados nas emissoras de televisão pertenciam ao grupo representado pelas
gorduras, óleos e doces. O segundo maior grupo foi representado pelos pães, cereais, arroz e
massas, com 21,2%, seguido pelo grupo dos leites, queijos e iogurtes, com 11,7% e grupo de
carnes, ovos e leguminosas, com 9,3. Verificou-se ausência total de veiculação de produtos
classificados nos grupos das frutas e vegetais.
No trabalho realizado por pesquisadoras da Universidade de Brasília - UnB,
apresentado no ano de 2008, foram analisadas mais de quatro mil horas de televisão, num
total de 128.525 peças publicitárias. Verificou-se que os anúncios de alimentos correspondem
a 9,7% do total, e sua maior frequência acontece no período das 14h30 às 18h30, com maior
prevalência na rede de televisão a cabo (55,7%). De acordo com o estudo, o tipo de
publicidade mais frequente de alimentos é de fast-food, com 18% das peças publicitárias. Em
seguida aparecem as propagandas de guloseimas e sorvetes 17%, refrigerantes e sucos
artificiais 14%, salgadinhos de pacotes, biscoitos e doces 13%. As pesquisadoras afirmam
que, de maneira geral, as propagandas predominantes são as de alimentos com alto teor de
gorduras, sal e açúcar.
Conforme já observado, discute-se muito o papel da propaganda e do marketing,
recursos amplamente utilizados pelas empresas de alimentos e o seu impacto na saúde do
consumidor (ISHIMOTO; NACIF, 2001). A propaganda comercial, pertencente à esfera do
marketing, visa à venda de produtos, para que as pessoas possam se identificar com a
mensagem transmitida na propaganda, criando uma relação com o produto ou serviço
anunciado (KOTLER; KELLER, 2007).
72 | Estudo 1
Verifica-se que desde o século XX, fatores como a expansão do consumo, a
competição entre as empresas, o desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação de
massa e as crescentes exigências sociais colocaram a propaganda em uma posição de grande
importância (PINHO, 1990). Percebe-se que o enfoque do mercado publicitário internacional
e nacional está concentrado nas transformações da sociedade atual e na necessidade de
adaptação dos anunciantes à modernidade.
De acordo com a literatura, o mercado publicitário, está consciente de que seu
público, cada vez mais exigente e inquiridor, tem requerido uma atenção especializada, cada
vez mais direcionada e fragmentada. Diante disso, a mensagem publicitária tem assumido
importância vital como recurso estratégico de entendimento e persuasão de negócios.
É importante lembrar que a comunicação é um processo técnico e culto, que tem
merecido enorme atenção por parte dos anunciantes dos produtos alimentícios. Os
empresários do setor sabem que não bastam peças publicitárias criativas para a divulgação de
sua produção, necessitam de uma excelente comunicação para abrir novos mercados para
seus produtos. Diante dessa realidade, na compreensão dos empresários do setor, torna-se
crucial estabelecer diretrizes comunicacionais estratégicas e específicas, definir metas a
serem alcançadas a curto, médio e longo prazo.
Por certo a televisão continua a ser a mídia principal utilizada para divulgação de
produtos. Os empresários das indústrias de alimentos buscam cada vez mais investir em
mensagens publicitárias persuasivas e isso só vai ocorrer se o interesse do telespectador, seja
ele infantil, adolescente, adulto ou idoso for identificado e se for empregada a mídia certa, no
momento certo e na medida certa.
De acordo com Ishimoto e Nacif (2001), os alimentos, produtos de demanda primária,
representam um imenso potencial de mercado consumidor, o que conduz os setores de
produção, desenvolvimento e industrialização de alimentos a investir cada vez mais em
Estudo 1 | 73
publicidade para despertar efetivamente os motivos para a aquisição de seus produtos. O
investimento do mercado publicitário de alimentos evidencia o poder deste setor. No ano de
2001 o orçamento publicitário mundial das indústrias de alimentos foi estimado em torno de
40 bilhões de dólares (DALMENY; HANNA; LOBSTEIN, 2003) e no Brasil, no ano de
2005, foram investidos cerca de 1 bilhão de reais (ALMANAQUE IBOPE, 2008).
Diante de tal realidade, os dados aqui discutidos demostram a importância que os
empresários anunciantes, o mercado publicitário e as emissoras de televisão dão para as
propagandas de produtos alimentícios veiculados durante a programação. Comprovadamente
tais resultados são preocupantes, precisam ser apresentados para que que possam encorajar
intervenções governamentais na veiculação das propagandas televisivas de produtos
alimentícios. Torna-se necessário estabelecer políticas públicas capazes de regulamentar a
veiculação da propaganda de alimentos de baixa qualidade nutricional, principalmente a
publicidade voltada para crianças e adolescentes.
Alguns trabalhos publicados no Brasil têm salientado que a responsabilidade
compartilhada parece ser o caminho para a construção de modos de vida que tenham como
objetivos principais a promoção da saúde e a prevenção das doenças. Conforme foi dito, a
obesidade vem crescendo de forma alarmante, constituindo-se numa ameaça à saúde e ao
desenvolvimento da população mundial. Diante do exposto comprova-se que o consumidor
brasileiro continua em uma posição extremamente vulnerável quando se fala de segurança
alimentar (ISHIMOTO; NACIF, 2001) e nutricional, principalmente o consumidor
adolescente.
74 | Estudo 1
Estudo 2 | 75
4. ESTUDO 2
4.1 OBJETIVO
Investigar o conteúdo das propagandas de alimentos, incluindo os apelos emocionais e
racionais associados ao produto promovido.
4.2 MATERIAL E MÉTODO
1. Participantes
Trinta alunos da Universidade Federal do Amazonas, de ambos os sexos, com idades
entre 18 e 23 anos, participaram como juízes na classificação dos sentimentos explorados (de
forma implícita e/ou explícita) pelas propagandas de alimentos veiculadas nas emissoras de
televisão e das idéias associadas aos produtos promovidos.
Os participantes foram distribuídos em dois grupos, um grupo constituído por quinze
universitárias do sexo feminino e outro grupo por quinze universitários do sexo masculino.
Cada grupo julgou o conjunto de quinze propagandas de alimentos previamente selecionadas,
editadas em um DVD vídeo.
2. Amostra de propagandas
As gravações dos programas das emissoras de televisão foram iniciadas no primeiro
dia do mês de setembro do ano de dois mil e sete e concluídas em vinte e nove de fevereiro do
ano de dois mil e oito. Ocorreram durante os seis dias consecutivos da semana, divididas da
seguinte maneira ao longo do dia: no período da manhã (8h às 12h); durante a tarde (14h
às18h) e no período noturno (18h às 22h).
76 | Estudo 2
Após essa fase foram selecionadas as propagandas de produtos alimentícios
anunciados nas três emissoras. Foram editados DVD´s vídeos contendo exclusivamente as
propagandas de alimentos veiculadas durante o período definido para coleta de dados.
Posteriormente, foi editado um DVD vídeo contendo quinze propagandas de alimentos,
selecionadas aleatoriamente da programação dessas emissoras.
Complementarmente recorreu-se à análise de quatrocentos e setenta Relatórios de
Fiscalização Diária das Emissoras de Televisão selecionadas.
3. Equipamentos Utilizados
Aparelho de televisão, aparelho gravador de DVD, DVD´s graváveis, tela para
projeção de imagens, projetor de imagens, aparelho notebook foram os equipamentos
utilizados nas gravações das propagandas veiculadas nas emissoras, para posterior análise das
programações das redes de televisão.
4. Instrumentos
Foi utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Anexo C) o
objetivo principal do instrumento foi informar os objetivos do projeto de pesquisa proposto e
esclarecer sobre a participação dos sujeitos na pesquisa. O TCLE obteve aprovação no Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas, no mês de outubro do ano de
dois mil e sete (Anexo A).
Aplicado o Protocolo 1 (Anexo D) - o objetivo do instrumento foi possibilitar a
classificação das propagandas de alimentos e a identificação das características das
propagandas de alimentos veiculadas nas emissoras. O Protocolo 1 contém categorias de
Estudo 2 | 77
análise definidas em um estudo piloto de Nascimento (2007) e foi preenchido pelo
pesquisador.
De acordo com o Protocolo 2 (Anexo E) o interesse principal foi caracterizar: 1- os
sentimentos explorados de forma implícita e/ou explícita nas propagandas de alimentos; e 2)
as idéias associadas ao produto promovido. O Protocolo assinala as instruções iniciais que
devem ser seguidas pelos pesquisadores, contempla 24 sugestões de sentimentos explorados
nas propagandas veiculadas nas emissoras, tais quais como: sedução, ódio, abandono, amor,
inferioridade, prazer, surpresa, angústia, insegurança, alívio, dedicação, paixão, fraternidade,
carinho, medo, vitalidade, superioridade, competição, desespero, satisfação, desprezo,
amizade/confraternização, tristeza, alegria; apresenta também 10 sugestões de idéias
associadas como: praticidade, sensualidade, saúde, modernismo, diversão, aventura,
identificação do consumidor com o produto, consumo em troca de prêmios, qualidade do
produto, convencimento e a opção “outros”, oportunidade para que o sujeito participante da
pesquisa pudesse incluir algum item não relacionado no Protocolo (desenvolvido por
NASCIMENTO, 2007).
5. Procedimentos
Concluídas as gravações das três emissoras, nos três periodos do dia, nos seis dias da
semana consecutivos, verificou-se o conteúdo das propagandas. Evidenciou-se, portanto, a
diversidade das propagandas veiculadas no período previamente definido (setembro/2007 a
fevereiro/2008).
Após cada mês de veiculação das propagandas nas emissoras foram produzidos
inúmeros DVD´s vídeo com as propagandas de alimentos veiculadas mensalmente, nas três
emissoras, nos três períodos. Concluída a primeira etapa dessa coleta, com o auxílio dos
78 | Estudo 2
Relatórios de Fiscalização Diária das três emissoras, foi confeccionado um DVD vídeo
contendo as propagandas de alimentos, veiculadas pelas três emissoras.
Para a produção do DVD vídeo foi necessária a seleção das quinze propagandas de
alimentos veiculadas nas emissoras. Diante da diversidade de propagandas gravadas em
DVD´s, definiram-se alguns critérios para que fosse possível constituir uma amostragem
aleatória das propagandas. Observou-se o tipo de alimento anunciado na propaganda exibida
(sua participação na Pirâmide Alimentar Adaptada), a origem da propaganda (circulação em
âmbito nacional, circulação regional), o número de vezes em que a propaganda foi exibida
pelas emissoras, e o público de interesse. Foram selecionadas propagandas de alimentos
(circulação nacional e regional) destinadas ao público adolescente, que apareceram com maior
frequência nas três emissoras de televisão. A partir da composição dessa amostra foi possível
editar um DVD vídeo com quinze propagandas de alimentos veiculadas nas emissoras de
televisão do Amazonas: TV Amazonas, TV A Crítica e TV Manaus, nos três períodos:
manhã, tarde e noite.
Posteriormente a pesquisadora assistia ao DVD vídeo e aplicava-se o Protocolo 1
(Anexo D), para cada uma das quinze propagandas selecionadas. O objetivo do
preenchimento desse Protocolo era a classificação das propagandas e produtos anunciados.
Num segundo momento, o DVD vídeo produzido foi exibido para os universitários,
julgadores dos sentimentos explorados pelas propagandas de alimentos e das idéias associadas
aos produtos alimentícios. Para o preenchimento desse instrumento de coleta de dados
(Protocolo 2) os participantes foram recrutados na Universidade Federal do Amazonas.
Os participantes foram recebidos em uma sala com uma tela de projeção e um
aparelho projetor de imagens, acomodações, iluminação e ventilação adequadas. Concluída a
leitura e coletada a cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os participantes
receberam as instruções necessárias para o preenchimento do Protocolo. O DVD vídeo,
Estudo 2 | 79
constituído pelas quinze propagandas de alimentos, foi acionado e uma propaganda foi
reproduzida uma única vez, o participante, iniciou o preenchimento do Protocolo 2 referente
àquela propaganda e sinalizou ao terminar para que uma outra propaganda fosse reproduzida.
O mesmo procedimento foi seguido até a 15ª reprodução das propagandas previamente
selecionadas. Salienta-se que para que a amostra definida fosse concluída (15 universitárias e
15 universitários) tornou-se necessária a exibição do DVD vídeo para grupos de participantes
e algumas vezes individualmente.
6. Análises dos Dados
Diante dos procedimentos expostos acima, tornaram-se necessários dois tipos de
análise dos dados, cada um direcionado ao tipo de protocolo utilizado no estudo dois. A
primeira análise, quantitativa, refere-se ao Protocolo 1 e foi efetuada relacionando as
porcentagens de ocorrência das características estudadas. A segunda análise, também
quantitativa, refere-se ao Protocolo 2 e utilizou-se da Análise de Variância (ANOVA) de dois
fatores (grupo/categoria). Foi realizada também a análise post-hoc utilizando o Teste de
Student Newman-Keuls (p<0,05). Os dados foram analisados utilizando o Programa Statística
5.0.
4.3 RESULTADOS
A partir da análise das categorias constituídas para classificação das propagandas de
produtos alimentícios anunciados pelas emissoras de televisão do estado do Amazonas foi
possível constatar que 73,3% dessas propagandas anunciaram o produto em si, enquanto parte
delas (26,7%) associou o alimento a alguma promoção e/ou premiação (Figura 8).
80 | Estudo 2
Verificou-se que 73,3% das propagandas veiculadas promoveram produtos que
deveriam ser consumidos durante o café da manhã e/ou lanche, 13,3% produtos que poderiam
ser consumidos durante o almoço e/ou jantar e 13,3% eram propagandas direcionadas às
bebidas não alcoólicas e sugeriam que fossem consumidas nas diferentes refeições ao longo
do dia (Figura 8).
0
20
40
60
80
100
Produto Promoção/Premiação
Porcentagens (%)
Categorias
Tipo de Propaganda (A)
0
20
40
60
80
100
Café da
Manhã/Lanche
Almoço/Jantar Bebidas
Porcentagens (%)
Categorias
Refeição (B)
Figura 8. Porcentagens referentes: A) ao tipo de propaganda (produto em si ou promoção/premiação
associada ao produto); B) às refeições mais indicadas para o consumo dos produtos
anunciados (café da manhã/lanche, almoço/jantar ou bebidas não alcoólicas).
A totalidade, ou seja, 100% das propagandas veiculadas sugeriram a forma de
consumo imediato dos produtos. Observou-se que nenhuma das propagandas veiculadas
divulgou alimentos que necessitariam de algum preparo anterior para que alcançassem a
forma mais adequada de consumo (Figura 9).
Foi possível constatar que a presença do desenho animado e/ou animação foi um
recurso utilizado em 66,6% das propagandas comerciais divulgadas, enquanto 20% das
propagandas veiculadas apresentaram algum tipo de desenho animado e/ou animação
ganhando destaque ao longo da propaganda. Verificou-se ainda que em 6,7% das propagandas
anunciadas o desenho animado esteve presente de forma secundária, ou seja, apenas para
divulgar o nome e/ou a marca do produto. Constatou-se que 6,7% das propagandas de
Estudo 2 | 81
alimentos utilizaram ambos os recursos, desenho animado e/ou animação exibindo imagens
reais com seres humanos.
0
20
40
60
80
100
Imediato Preparo
Porcentagens(%)
Categorias
Forma de Consumo (A)
0
20
40
60
80
100
Sem Com
(Principal)
Com
(Secundário)
Ambos
Porcentagens(%)
Categorias
Desenho Animado/Animação (B)
Figura 9. Porcentagens referentes: A) à forma de consumo sugerido nas propagandas (consumo
imediato ou preparo prévio) e B) à presença de desenho animado/animação (sem este
recurso principal, secundário ou juntamente com outras imagens).
Os dados obtidos, relacionados à locução nas propagandas, demonstrados na Figura
10, revelam que em 13,3% das propagandas não foi identificada a presença de um locutor (a),
ou seja, as narrações foram realizadas pelos personagens, ou não houve narração na
propaganda. Em 33,3%, portanto, na maioria das propagandas veiculadas a presença
principal do locutor foi identificada. Em 26,7% das propagandas verificou-se a presença
secundária, a imagem de um locutor (a) não foi exibida durante a propaganda, sendo possível
perceber apenas a sua voz. Constata-se também que 26,7% das propagandas veiculadas
apresentaram tanto fala de personagens quanto narração realizada por um (a) locutor (a).
Observa-se que em 26,7% das propagandas os personagens aparecem juntamente com
o produto anunciado. Em contrapartida, 66,6 % das propagandas selecionadas demonstraram
que os personagens e os produtos não apareceram juntos em nenhum momento na propaganda
exibida. Constatou-se que apenas em 6,7% das propagandas os publicitários utilizaram o
recurso de transformar o produto em personagem.
82 | Estudo 2
0
20
40
60
80
100
Ausência Presença
(Principal)
Presença
(Secundária)
Ambos
Porcentagens(%)
Categorias
Locutor (A)
0
20
40
60
80
100
Sim Não São os
Personagens
Porcentagens(%)
Categorias
Personagens junto com o produto (B)
Figura 10. Porcentagens referentes: A) à presença de locutor (ausência deste recurso, como recurso
principal, secundário ou juntamente com as vozes dos personagens); B) ao fato dos
personagens aparecerem juntos com os produtos (sim, não ou se os produtos eram os
próprios personagens).
Ao observar a Figura 11, percebe-se que em 46,7% das propagandas veiculadas os
personagens consumiram de forma explícita o produto anunciado. Enquanto em 53,3% das
propagandas não foi observado tal comportamento.
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
Personagens consomem o produto
Figura 11. Porcentagens referentes ao fato dos personagens consumirem ou não os produtos
anunciados.
As Figuras 12 e 13 apresentam os resultados referentes ao estilo de execução das
propagandas nas emissoras. Demonstra-se que em 73,3% das propagandas utilizou-se alguma
imagem que retratasse uma situação cotidiana, que pudesse ser considerada comum à grande
Estudo 2 | 83
parte do público receptor; em 53,3% das propagandas o estilo de vida foi utilizado como
forma de aproximar o público consumidor do produto ofertado; enquanto em 33,3% das
propagandas o pensamento fantasioso foi um recurso amplamente utilizado; e a música foi
concebida como pano de fundo em 40% da publicidade de produtos alimentícios (Figura 12).
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
Situação cotidiana (A)
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
Estilo de vida (B)
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
Fantasia (C)
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
Música (D)
Figura 12. Porcentagens referentes: A) à presença ou não de situação cotidiana; B) à presença ou não
de estilo de vida; C) à presença ou não de fantasia e D) à presença ou não de música.
Pode-se observar na Figura 13 que 13,3% das propagandas selecionadas exibiam a
presença de um símbolo de personalidade da marca do produto alimentício; 20% procuraram
demonstrar algum conhecimento técnico ou experiência empresarial na fabricação do
alimento anunciado; enquanto nenhuma propaganda divulgou evidência testemunhal direta,
utilização da imagem autorizada, ou mesmo indireta, utilização da imagem de um indivíduo
de conhecimento público. Verifica-se também que apenas 6,7% das propagandas veiculadas
apresentaram evidências científicas que estabelecessem a preferência ou superioridade da
marca em relação à concorrência.
84 | Estudo 2
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
mbolo de personalidade (A)
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Porcentagens(%)
Categorias
Conhecimento técnico (B)
0
20
40
60
80
100
Sim o
Porcentagens(%)
Categorias
Evidência científica(D)
0
20
40
60
80
100
Sim Sim
indiretamente
Não
Porcentagens(%)
Categorias
Evidência testemunhal (C)
Figura 13. Porcentagens referentes: A) à presença ou não de símbolo de personalidade; B) à presença
ou não de conhecimento técnico; C) à presença ou não de evidência científica e D) à
presença ou não de evidência testemunhal.
Sentimentos explorados pelas propagandas de alimentos
Verificou-se a partir dos sentimentos explorados pelas propagandas de alimentos que
os dois grupos participantes (gênero feminino e gênero masculino) julgaram as propagandas
selecionadas com frequências médias diferentes, como indicado por um efeito significativo de
grupo
]001,0:92,15[
)448,1(
<= pF
.
Ao observar a Figura 14, que assinala a frequência média de indicação por grupo
(gênero masculino e gênero feminino), verificou-se uma diferença estatisticamente
significativa na quantidade de sentimentos assinalados. A análise post-hoc demonstrou que a
frequência média de indicação de sentimentos explorados representados foi estatisticamente
maior no grupo masculino (p<0.05).
Estudo 2 | 85
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Feminino Masculino
Frequência Média
Grupos
*
Figura 14. Frequência média (±EPM) de indicações de sentimentos explorados, representadas por
grupo (gênero feminino e gênero masculino).*p<0.05 em relação ao gênero feminino
Newman-Keuls).
Os sentimentos explorados pelas propagandas de televisão selecionadas foram
assinalados pelos julgadores participantes com frequências médias diferentes, como indicado
por um efeito significativo de categoria
]001,0;67,132[
)10752,24(
<= pF
.
A frequência média de indicação para as 25 categorias constituídas demonstrou que a
categoria satisfação obteve uma média de 8,43, considerada a mais expressiva, apresentando-
se como maior frequência média obtida pelas categorias. A análise post-hoc comprovou que a
frequência média de indicação da categoria satisfação foi estatisticamente diferente de todas
as categorias constituídas para análise, exceto da categoria prazer, que apresenta uma
frequência média também expressiva 7,50, ou seja, a segunda categoria mais assinalada pelos
participantes. A categoria alegria, terceira mais indicada pelos julgadores participantes
apresentou uma frequência média de 6,50 (p<0.05) (Figura 15).
86 | Estudo 2
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Frequência Média
Categorias
*
Figura 15. Frequência média(±EPM) de indicação para as 25 categorias de sentimentos *p<0.05 em
relação a todas as categorias, exceto prazer, satisfação e alegria Newman-Keuls).
Categorias: 1-Sedução; 2-Ódio; 3-Abandono; 4-Amor; 5- Surpresa; 6- Inferioridade; 7-
Prazer; 8-Angústia; 9-Insegurança; 10-Alívio; 11-Dedicação; 12- Paixão; 13- Fraternidade;
14-Carinho; 15-Medo; 16-Vitalidade; 17-Superioridade; 18-Competição; 19-Desespero;
20-Satisfação; 21-Desprezo; 22-Amizade/Confraternização; 23-Tristeza; 24- Alegria; 25-
Outros.
Os dados obtidos demonstram que a diversidade de categorias constituídas de
sentimentos explorados, analisadas pelos dois grupos, feminino e masculino, foi assinalada
com frequências estatisticamente diferentes, como indicado por um efeito significativo de
categoria
]001,0;63,2[
)10752,24(
<= pF
.
A análise post-hoc demonstrou também que a interação sexo e sentimentos apresenta
frequência média diferente e a categoria satisfação, obtendo média 9,27 é a categoria mais
assinalada pelos participantes. A segunda categoria mais indicada pelos julgadores, sujeitos da
pesquisa, foi a categoria prazer, com frequência média de 8,73 (p<0,05). Observou-se ainda
que a frequência média de indicação das categorias por grupos, feminino e masculino, é igual
apenas nas categorias sedução, surpresa, vitalidade, superioridade, competição e
amizade/confraternização (Figura 16).
Estudo 2 | 87
Figura 16. Frequência média (±EPM) de indicação para as 25 categorias de sentimentos * p<0.05 em
relação ao gênero, feminino e masculino Newman-Keuls). Categorias: 1-Sedução; 2-Ódio;
3-Abandono; 4-Amor; 5- Surpresa; 6- Inferioridade; 7-Prazer; 8-Angústia; 9-Insegurança;
10-Alívio; 11-Dedicação; 12- Paixão; 13- Fraternidade; 14-Carinho; 15-Medo; 16-
Vitalidade; 17-Superioridade; 18-Competição; 19-Desespero; 20-Satisfação; 21-Desprezo;
22-Amizade/Confraternização; 23-Tristeza; 24- Alegria; 25-Outros.
Ideias Associadas aos produtos alimentícios
Tendo como referência a análise dos dados coletados a partir dos julgamentos das
ideias associadas aos produtos alimentícios, verificou-se que os dois grupos (gênero feminino
e gênero masculino) julgaram as propagandas com frequências médias iguais. A frequência
média de ideias associadas aos alimentos indicada pelo gênero feminino foi 2,71, enquanto a
frequência média de ideias associadas às propagandas de produtos alimentícios, veiculadas
pelas emissoras de televisão, assinaladas pelo gênero masculino foi de 2,82 (Figura 17).
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
12345678910111213141516171819202122232425
Frequência Média
Categorias
Feminino
Masculino
88 | Estudo 2
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
Feminino Masculino
Frequência Média
Sexo
Figura 17. Frequência média (±EPM) de indicação de ideias associadas às propagandas de produtos
alimentícios, representadas por grupo (gênero feminino e gênero masculino).
As ideias associadas aos produtos alimentícios analisadas pelos julgadores
participantes dos dois grupos foram assinaladas com frequências médias diferentes, indicadas
por um efeito significativo de categoria
]001,0;97,54[
4480,10(
<= pF
.
A Figura 18, ao retratar a frequência média de indicação para as onze ideias associadas
aos produtos alimentícios, demonstra que convencimento foi a categoria mais assinalada pelos
julgadores participantes dos dois grupos e apresenta frequência média de 11,13. Observa-se
também que a segunda categoria mais indicada foi a qualidade de produto, que apresentou
frequência média de 7,20. De acordo com a análise post-hoc, a categoria convencimento foi
estatisticamente diferente de todas as demais categorias constituídas, com exceção apenas da
categoria qualidade do produto (p<0.05).
Estudo 2 | 89
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
1234567891011
Frequência Média
Categorias
*
Figura 18. Frequência média (±EPM) de indicação para as 11 categorias de ideias associadas ao
produto.*p<0.05 em relação a todas as categorias exceto na categoria convencimento
Newman-Keuls). Categorias: 1-Praticidade; 2-Sexualidade; 3-Saúde; 4-Modernismo; 5-
Diversão; 6-Aventura; 7-Identificação do consumidor com o produto; 8-Consumo em
troca de prêmios; 9-Qualidade do produto; 10-Convencimento; 11- Outros.
As categorias de ideias associadas aos produtos alimentícios analisadas pelos dois
grupos (gênero feminino e pelo gênero masculino) revelam ter sido assinaladas pelos
participantes com frequências médias diferentes, conforme efeito significativo de categoria
[
001,0;24,4
)4480,10(
<= pF
].
As onze categorias de ideias associadas aos produtos alimentícios indicadas pelos dois
grupos (gênero feminino e gênero masculino) evidenciam que a categoria que apresentou
maior frequência média de indicações pelos julgadores do sexo feminino e do sexo masculino
foi a categoria qualidade do produto, com frequência média 6,4 (grupo feminino) e frequência
média 8,0 (grupo masculino). A análise post-hoc comprova que a categoria qualidade do
produto foi estatisticamente diferente de todas as demais categorias (p<0,05) Figura 19.
90 | Estudo 2
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
1234567891011
Frequêcia Média
Categorias
Feminino
Masculino
*
Figura 19. Frequência média (±EPM) de indicação para as 11 categorias de ideias associadas ao
produto, representadas por grupo (gênero feminino e gênero masculino). *p<0.05 em
relação a todas as categorias, exceto qualidade do produto (Newman-Keuls). Categorias:
1-Praticidade; 2-Sexualidade; 3-Saúde; 4-Modernismo; 5-Diversão; 6-Aventura; 7-
Identificação do consumidor com o produto; 8-Consumo em troca de prêmios; 9-
Qualidade do produto; 10-Convencimento; 11- Outros.
4.4 DISCUSSÃO
Diante dos dados obtidos no Estudo 2 constatou-se que das propagandas de alimentos
selecionadas a maioria delas (73,3%), promoveu o produto em si. Ao mesmo tempo, foi
observado que o restante das propagandas utilizou outras estratégias de marketing para
divulgação dos produtos, ou seja, o anunciante associou a propaganda do produto alimentício
a promoções, premiações e conquista de brindes. Marketing é uma terminologia que apresenta
constante confusão na sociedade. No entendimento de Churchill e Peter (2000, p. 4), “é o
processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e
distribuição de idéias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas
individuais e organizacionais”.
Sendo assim, acredita-se que a escassez de promoções nas propagandas de alimentos
ocorra em decorrência do alto custo de uma estratégia dessa natureza, pois, é sabido que o
Estudo 2 | 91
investimento na produção e exibição de propagandas comerciais por si só já demanda altos
recursos financeiros, atrelar promoções, premiações e brindes às propagandas parece ser uma
estratégia utilizada somente por grandes empresas dispostas a investir um pouco mais na
promoção e venda de seus produtos. O fato surpreendente é que os publicitários há muito
tempo destacam para os anunciantes a importância das propagandas criativas, enfatizam a
autonomia do consumidor contemporâneo, assinalam seu comportamento imprevisível,
ponderam que o consumidor, principalmente o infantil, possui um nível de sofisticação que o
torna menos suscetível às estratégias publicitárias e de marketing básicas. Compreende-se que
o resultado encontrado esboça característica de uma parte dos anunciantes da indústria
alimentícia onde prevalece a economia de recursos financeiros. Foi possível perceber que
apenas as grandes empresas alimentícias demonstraram ser capazes de apresentar, nas
propagandas, promoções, premiações ou algo de tal natureza. Ao nosso ver, as organizações
devem basear suas estratégias de divulgação no comportamento dos consumidores, ao mesmo
tempo direcionar esforços a segmentos específicos de mercado, principalmente o direcionado
ao público infantil. Para Loyola (2008), a criança tem preferência por comerciais que
apresentem cenas e não somente palavras, que a convoquem a participar de jogos, a
colecionar coisas, a concorrer a prêmios ou a ganhar brindes.
Ao proceder à análise descritiva, foi também observado que o grande número de
produtos alimentícios anunciados foi indicado para consumo durante o café da manhã e/ou
lanche. A totalidade das propagandas alimentícias selecionadas (100%) sugere o consumo
imediato dos produtos anunciados. Estes dados comprovam que a propaganda comercial
brasileira divulga alimentos que podem ser consumidos em qualquer lugar, a qualquer
momento do dia. Vale ressaltar que essa é tendência de produção das indústrias alimentícias
nacionais e internacionais afinal, a propaganda divulga o que as indústrias de alimentos
produz, ou seja, o público-consumidor aqui ou do outro lado do mundo dispõe de um tempo
92 | Estudo 2
cada vez mais reduzido para o preparo de sua alimentação. A indústria alimentícia sabe disso
e desenvolve produtos que venham a atender as necessidades do consumidor contemporâneo.
Observa-se que o processo de industrialização dos alimentos tem sido apontado como um dos
principais responsáveis pelo crescimento energético da dieta da maioria das populações do
Ocidente (FISCHELER, 1995; BLEIL, 1998; FRENCH; STORY; JEFERY, 2001).
Os dados obtidos no primeiro estudo evidenciaram que das 7.414 exibições de
propagandas de produtos alimentícios veiculadas pelas emissoras da capital do Amazonas
40,2% referia-se a alimentos classificados no grupo de óleos, gorduras e grupo de açúcares e
doces. Diante disso, pode-se supor que as propagandas de televisão têm incentivado a
população a consumir alimentos não balanceados do ponto de vista nutricional. O problema
crucial, já exposto em trabalhos de Almeida, Nascimento e Quaioti (2002) é que a maioria dos
alimentos divulgados nas propagandas televisivas possui elevados índices de gorduras, óleos,
açúcares e sal, portanto, não atendem às recomedações de uma dieta saudável e podem estar
contribuindo para uma mudança nos hábitos alimentares de crianças e jovens e agravando o
problema da obesidade na população.
Voltando à ideia inicial da discussão, a recomendação de mensagens de propagandas
melhor planejadas, imaginativas, agradáveis e mais compensadoras para os consumidores
(KOTLER; ARMSTRONG, 1993), é preciso relatar que desde o fim da década de noventa, na
cidade de Lisboa, Cádima já analisava os discursos contidos na publicidade. Ao mencionar a
necessidade de dar mais atenção aos efeitos da publicidade nas crianças, o autor enfatiza que
não era necessária a proibição da publicidade direcionada ao público infantil e aponta outras
soluções para a resolução da questão. Em seus trabalhos o estudioso recorda que na Holanda,
nos anos 70, era obrigatório figurar uma escova de dentes em toda a publicidade dos
açúcarados, enquanto que nos Estados Unidos, uma associação obteve o direito de reduzir a
publicidade nos espaços de programas específicos para crianças. A restrição do espaço foi
Estudo 2 | 93
conquistada à medida que se constatou o excesso de cáries dentárias provocadas pelo abusivo
consumo de açúcar entre as crianças americanas. O pesquisador assinala em seus trabalhos
que as mensagens publicitárias produzidas eram repetitivas e insistentes. Mencionavam
apenas o mérito dos produtos e nunca exibiam suas fragilidades, apenas excitavam o desejo da
criança por produtos provavelmente inúteis, dos doces às guloseimas (CÁDIMA, 1997).
De acordo com Vasconcellos et al. (2009), o documento da Organização Mundial de
Saúde - OMS, intitulado Marketing Food to children: the Global Regulatory Environment ao
realizar uma revisão das regulamentações mundiais sobre publicidade e propaganda de
alimentos, especialmente para as crianças, menciona que a Noruega e a Suíça proíbem
veiculação de qualquer comercial de televisão para crianças abaixo de 12 anos de idade.
Assinala que a Áustria e a Bélgica proíbem comerciais antes e depois dos programas infantis;
salienta que a Dinamarca faz restrições quanto à utilização de figuras de animais de
programas infantis; menciona o código de autorregulamentação com restrições específicas,
que incluem previsão de penalidades financeiras na Itália. Enfatiza também que na Austrália
há proibição de exibição de comerciais de alimentos durante programas para crianças em
idade pré-escolar, salienta que o governo Australiano restringe a quantidade e frequência de
comerciais de produtos alimentícios exibidos durante a programação infantil. O texto
publicado cita ainda a Malásia, o Paquistão e a Tailândia, locais onde existe um sistema de
pré-avaliação e aprovação de comerciais; afirma que nos Estados Unidos a
autorregulamentação predomina com um código extremamente detalhado. Menciona o
Canadá ao afirmar que a publicidade infantil veiculada está sujeita a severa regulamentação,
com restrição à utilização de técnicas subliminares e comerciais que diretamente induzam a
criança a adquirir o produto.
Conforme foi mencionado na apresentação dos resultados a presença do desenho
animado e/ou animação foi um recurso utilizado na maioria das propagandas comerciais
94 | Estudo 2
divulgadas, enquanto pequena parte apresentou algum tipo de desenho animado e/ou
animação ganhando destaque ao longo da propaganda. Verificou-se ainda que em pequena
parcela das propagandas anunciadas o desenho animado esteve presente de forma secundária,
ou seja, apenas para divulgar o nome e/ou a marca do produto. Constatou-se também que
reduzida quantidade de propagandas de alimentos utilizou ambos os recursos durante sua
exibição, desenho animado e/ou imagens reais com seres humanos.
A utilização de desenhos animados contidos nas peças publicitárias veiculadas nas
propagandas certamente precisa de ser regulamentada como acontece em alguns países
citados anteriormente. Os publicitários há muito identificaram que os desenhos animados e/ou
animação fazem parte do cotidiano das crianças e dos adultos remetendo-os ao universo
fantasioso infantil (LOYOLA, 2008). Diante dessa comprovação, é impossível ignorar tal
realidade.
Nesse sentido, Laurindo e Leal (2008), ao analisarem a recepção da propaganda
televisiva pela criança na segunda infância, estudo realizado com crianças de cinco anos, de
classes sociais diferentes, na cidade de Blumenau, mostraram que o universo infantil é
formado por uma mistura entre imaginação e realidade.
A análise dos dados permitiu verificar que a maior parte das propagandas selecionadas
de produtos alimentícios apresentou a presença principal de um locutor. Foi observada a
utilização de locutores (homens e mulheres) que deram um tom diferenciado à propaganda.
Comprovadamente tais recursos são criativos, principalmente se for considerado o aparato
tecnológico à disposição das agências e do telespectador nos dias atuais. É certo que a
sonoridade tem comprovada importância na publicidade, um tom de voz marcante durante a
exibição da propaganda fica registrado na memória, posteriormente remeterá o telespectador
ao produto anunciado.
Estudo 2 | 95
A porcentagem de propagandas que utilizou o recurso sonoro musical foi pequena,
apenas 40%. Esse fato é surpreendente, conforme foi mencionado anteriormente, a
musicalidade é um recurso bastante explorado pela publicidade, há muitas décadas os
anunciantes já solicitavam das agências publicitárias a criação de jingles musicais para
exibição nas propagandas veiculadas nas emissoras de rádio e televisão. Para Morais e
Trindade (2008), os jingles têm intenções estritamente comerciais, pois apresentado como
peça musical é revestido de intenção e sentido estritamente direcionados. Há algum tempo
atrás muitos refrões musicais foram entoados pelo público consumidor, alguns são lembrados
até os dias de hoje. Foi possível perceber que a modernidade tem substituído o modelo
clássico existente, até então considerado interessante, novas trilhas musicais parecem estar
surgindo como pano de fundo para as propagandas comerciais, a redação publicitária também
ganhou destaque.
Prova da modernidade na criação da mensagem publicitária parte da constatação de
que as propagandas, na sua maioria, não veicularam a imagem dos personagens junto com os
produtos anunciados, ou seja, a imagem de ambos foi exibida separadamente. Esse é um dado
importante, demonstra que a abordagem publicitária renovou-se. Há alguns anos o produto
alimentício anunciado era visualizado incessantemente durante a exibição da propaganda,
principalmente se houvesse um personagem na cena. A propaganda preocupava-se em
mostrar o personagem recomendando ou consumindo o produto, demonstrando satisfação em
fazê-lo de forma explícita porque o objetivo principal da propaganda era o convencimento. Os
dados confirmam que aproximadamente 53,3% das propagandas não expressaram tal
comportamento, os personagens não consumiram o produto alimentício durante as
propagandas veiculadas.
Foi possível verificar ainda que o cotidiano tem feito parte das propagandas de
alimentos exibidas pelas emissoras. A imagem que tem sido concebida pelas agências
96 | Estudo 2
publicitárias, em sua maioria, demonstra que o produto ofertado faz parte das necessidades
diárias do consumidor. Este é o mote, o contexto real, o cotidiano diário facilitando a
identificação do consumidor com a atmosfera criada. De acordo com Carvalho e Santos
(2008), a emergência e o desenvolvimento da cultura do consumo têm evidenciado, cada vez
mais, a centralidade das trocas simbólicas na vida cotidiana. Nesta forma de execução da
mensagem publicitária, a situação cotidiana mostra uma ou mais pessoas utilizando o produto
em uma situação normal (KOTLER; ARMSTRONG, 1993).
Os resultados demonstraram também que a fantasia não foi um estilo de execução
muito utilizado nas propagandas e na nossa percepção, essa é uma demonstração de mais um
traço da modernidade. Os profissionais de comunicação há muito tecem considerações sobre o
tradicionalismo publicitário solicitado por alguns anunciantes que insistem em definir, a
priori, o que gostariam que as propagandas de seus produtos focalizassem. Para os
profissionais da área, muitos anunciantes não estão dispostos a realizar pesquisas quantitativas
e qualitativas para haver condições de traçar a segmentação de seu público de maneira a
apontar a melhor mídia para que seu produto seja divulgado, o melhor horário para que seja
veiculada a propaganda e a frequência com que ela deva ser exibida. O pior ainda é que
muitas vezes tais pesquisas são elaboradas pela empresa anunciante, realizadas por
profissionais que não possuem conhecimento sobre a área comunicacional, o que tem sido
justificado pelos executivos anunciantes como forma de economizar custos financeiros.
Não é possível ignorar que a década de 90 representou um momento histórico, em que
uma nova cultura de comunicação começou a tomar forma. Segundo Castells (1999), um
sistema de comunicação eletrônica começou a ser constituído a partir da fusão da mídia de
massa personalizada, globalizada com a comunicação mediada por computadores. Com um
espaço multimídia por excelência, a internet passa a atrair a atenção do público consumidor,
que se tornou mais seletivo, culturalmente informado e exigente. É preciso considerar que o
Estudo 2 | 97
advento das novas tecnologias e a mudança de comportamento do consumidor, provocados
por ela, têm mudado a forma como se fazem a comunicação e o marketing. O fato demonstra
que muitos consumidores não têm respondido positivamente às formas tradicionais de
campanhas publicitárias, de alguns comerciais e de algumas peças publicitárias (KREUTZ,
2008).
Diante da mudança no comportamento do público consumidor, planejar a
comunicação tornou-se prioridade para os executivos. Muitos trabalhos científicos têm sido
realizados nesse sentido, havendo comprovadamente um vasto campo de abordagem de
pesquisa sendo construído em toda parte do mundo. Muitos trabalhos, voltados para nossa
realidade, já assinalam que a fantasia não é exclusivamente recomendada como estilo para
execução da mensagem publicitária. O consumidor de hoje parece identificar-se com o
produto cuja propaganda demonstra proximidade com seu estilo de vida, com as situações
reais por ele vivenciadas. A propaganda fantasiosa, a mulher de cabelo ao vento cavalgando
em um cavalo branco numa praia deserta à procura do príncipe encantando, parece não ser
mais capaz de persuadir o consumidor. Temáticas voltadas para saúde e bem-estar ganharam
espaço no seu imaginário. A propaganda enganosa, terminologia que ganhou espaço nos dias
atuais, é percebida também pelo público infantil, que desde muito cedo tem demonstrado
querer ser tratado de forma inteligente, sensível e respeitadora.
Entender o processo decisório de compra do consumidor é extremamente importante
para a concepção da propaganda comercial, principalmente direcionada ao público infantil e
adolescente. De acordo com Loyola (2008), as crianças devem ser entendidas como ativas e
participativas, sendo capazes de exercer influência sobre os pais, sobretudo na esfera do
consumo. Um estudo realizado por Laurindo e Leal (2008) permitiu concluir que já aos cinco
anos temos um receptor cada vez mais informado.
98 | Estudo 2
Os dados nos permitiram verificar também que foi inexpressiva a presença do símbolo
de personalidade no estilo de execução da mensagem nas propagandas. Do mesmo modo,
evidenciou-se a inexistência de evidência testemunhal nas propagandas. Em resumo, este
estilo de execução parece estar sendo ineficiente na tarefa de seduzir o público-consumidor.
Acredita-se que o anunciante não está disposto a investir grande parte dos recursos financeiros
que seria gasto na promoção e divulgação de seus produtos para pagamento dos altos cachês
cobrados pelas celebridades, ou mesmo porque as personalidades não demonstram interesse
em associar seu nome às indústrias de produtos ou serviços que não sejam confirmadamente
idôneos.
Os dados obtidos mostraram que apenas 20% das propagandas de alimentos
esboçaram algum conhecimento técnico sobre o produto ofertado. Do mesmo modo,
verificou-se que reduzidíssima parcela de propagandas evidenciou algum conhecimento
científico sobre o produto durante a veiculação da mensagem publicitária. Parece-nos que esse
estilo de execução da mensagem tem demonstrado não ser de muito interesse do público
consumidor, o que fez as agências publicitárias, conscientes do fato, mudarem de estilo. Tem
se observado que muitas explicações técnicas sobre produtos alimentícios são veiculadas
durante a exibição dos programas televisivos, interrompidos para merchandising de indústrias
de diversos setores, dentre elas as alimentícias. Nos últimos anos tornou-se comum a
interrupção de um programa para um merchandising, recurso publicitário de baixo custo de
produção, presente nos conteúdos mais populares da televisão brasileira como forma de
promover o produto, ou serviço e realizar vendas imediatamente.
Para Rodrigues e Borges (2007), diante de um cenário de mudança de recursos da
propaganda os anunciantes procuram investir cada vez menos em produção e veiculação,
assinalam que alguns fatores estão promovendo importantes mudanças no formato dos
anúncios de televisão, dentre eles a rapidez, o efeito zapping (mudança de canais com
Estudo 2 | 99
controle remoto) impedindo que os curtos breack comerciais sejam percebidos pelos
telespectadores.
O estudo de Rodrigues e Borges (2007) assinala que inicialmente o merchandising no
Brasil surgiu durante a exibição das telenovelas e a colocação estratégica de produtos na cena
dos capítulos, posteriormente, passou a ser utilizado nos programas do auditório, em seguida,
ocupou espaços e o tempo dos apresentadores dos mais diversos estilos de programação. O
merchandising testemunhal, um novo formato que vem sendo apresentado, tem agradado
imensamente os anunciantes e telespectadores. Na percepção dos estudiosos, empreende
maior credibilidade ao produto, ou serviço anunciado, sendo que o telespectador presta mais
atenção a essa nova estratégia que na propaganda comercial exibida no intervalo da
programação.
Com relação aos dados coletados a partir dos sentimentos explorados pelas
propagandas de alimentos, constatou-se que a frequência média de indicação de sentimentos
explorados representados pelos julgadores foi estatisticamente maior no grupo masculino.
Este dado merece destaque, demonstra que o julgador do grupo masculino esteve mais atento
para os detalhes contidos nas mensagens publicitárias. É preciso acrescentar que embora todos
os julgadores do sexo masculino possuíssem a mesma faixa etária, de forma explícita
(observações registradas ao lado do protocolo utilizado) o grupo masculino demonstrou ser
mais criterioso nas análises da propaganda de alimentos que as julgadoras do grupo feminino.
Verificou-se que os julgadores do grupo masculino demonstraram ter sido mais afetados pelos
sentimentos explorados nas propagandas, merecendo essa análise ser aprofundada pelas
agências publicitárias, pois, não é possível deixar de considerar que não só as crianças e os
adolescentes constituem-se público consumidor dos alimentos veiculados. Os julgadores do
grupo masculino constituem-se também público-alvo consumidor dos produtos alimentícios
100 | Estudo 2
veiculados nas propagandas exibidas nas emissoras de televisão da capital. Esse é um dado
que não pode ser ignorado pelas agências publicitárias locais.
Souza e Gonzaga (2008), ao investigarem o tratamento dado à pesquisa quantitativa e
qualitativa pelas agências de publicidade na cidade de Manaus, afirmam que o trabalho de
criação publicitária tem consistido em vender um produto, uma imagem, uma ideia, uma
filosofia ou um hábito. Sendo assim, há uma série de processos inerentes à criação de uma
peça ou campanha publicitária, independente da mídia em que a mesma será veiculada.
Na percepção dos autores, há uma interdependência entre as abordagens de pesquisa,
uma tentativa de racionalização entre os dois caminhos. As agências de publicidade de
Manaus ultimamente têm tido uma maior preocupação no que diz respeito ao tratamento dado
à pesquisa no desenvolvimento de suas atividades. Enfim, mesmo enfrentado problemas
comuns às demais cidades do país, a publicidade manauense tem se fortalecido nos últimos
anos, as agências locais têm procurado obter resultados que colaborem na elaboração de
estratégias e que assegurem o desenvolvimento de seus trabalhos (SOUZA; GONZAGA,
2008).
Os dados coletados revelaram que na maioria das propagandas os personagens não
apareceram consumindo os produtos anunciados e os sentimentos mais explorados nas
propagandas selecionadas de alimentos foram satisfação, prazer e alegria. Constatou-se ainda
que na indicação das categorias por grupos, feminino e masculino, os sentimentos explorados
pelos dois grupos apresentaram frequências médias iguais somente nas categorias sedução,
surpresa, vitalidade, superioridade, competição e amizade/confraternização.
Desse modo, é preciso avaliar que não foi constatada uma associação explícita entre o
consumo dos alimentos com os sentimentos explorados nas mensagens publicitárias. Pode-se
a partir daí refletir sobre a modernidade proposta nas mensagens publicitárias, mencionada
Estudo 2 | 101
anteriormente. Observa-se que a publicidade atual parece não evidenciar de forma ostensiva e
evidente os sentimentos explorados nas propagandas.
De acordo com Torres, Viana e Felizola (2008), a sociedade contemporânea é alvo de
símbolos, imagens e sons que apresentam formas perceptíveis ou não, de convencer sobre o
uso de determinado produto. Pode ser considerada subliminar toda e qualquer mensagem que
não puder ser identificada de modo perceptível à visão e à audição. As mensagens
subliminares têm sido utilizadas com maior frequência e fazem as inserções de símbolos
sobrepostos a outros de maneira imperceptível ao consciente.
Foi possível perceber diante dos resultados obtidos que os sentimentos considerados
negativos foram praticamente ignorados nas propagandas. Ódio, abandono, inferioridade,
angústia, insegurança, medo, desepero e desprezo, raramente estiveram presentes nas
propagandas veiculadas.
Em contrapartida, satisfação, prazer e alegria, sentimentos que o consumo de
produtos alimentícios são capazes de promover, estavam presentes na maioria das
propagandas. Desse modo, comprovou-se que esses sentimentos, mesmo que não tenham sido
demonstrados de forma explícita, clara e objetiva, foram identificados pelos julgadores de
ambos os sexos.
Tendo como referência a análise dos dados coletados a partir dos julgamentos das
ideias associadas aos produtos alimentícios observou-se que os dois grupos, gênero feminino
e gênero masculino, julgaram as propagandas com frequências médias iguais. Os dados
revelaram ainda que, das onze categorias de ideias associadas aos produtos alimentícios,
convencimento e qualidade do produto foram as mais assinaladas pelos dois grupos. Outro
dado que merece destaque diz respeito à categoria mais indicada pelos julgadores do sexo
masculino e do sexo feminino qualidade do produto.
102 | Estudo 2
Diante disso evidenciou-se, por meio das propagandas, que o anunciante precisou
assinalar nas mensagens publicitárias que o produto por ele anunciado era um produto de
qualidade. Para Kotler e Armstrong (1993, p. 307), os apelos utilizados nas mensagens devem
ter três características. Primeiro, eles devem ter desejabilidade, salientando os benefícios que
tornam o produto mais desejável ou interessante para o consumidor. Segundo, os apelos
devem ser exclusivos, dizer de que maneira o produto é melhor que as marcas concorrentes.
Finalmente, eles devem ter credibilidade. Os autores assinalam que pode ser difícil conferir
credibilidade aos apelos de mensagem, porque muitos consumidores duvidam da veracidade
da propaganda em geral (KOTLER; ARMSTRONG, 1993). Essa explicação parece justificar
o apelo contido nas propagandas de alimentos exibidas.
Diante do exposto, pode-se afirmar que as propagandas veiculadas de produtos
alimentícios utilizaram inúmeras estratégias para persuasão dos consumidores de produtos
alimentícios, quer sejam eles do sexo feminino ou masculino, o que pode influenciar o
comportamento alimentar da população. Dentre as criativas mensagens publicitárias
veiculadas comprovou-se que os apelos emocionais ou racionais positivos e negativos foram
associados aos produtos promovidos.
Vestergaard e Schroder (1994) há mais de uma década explicam que a persuasão é
inevitável quando a sociedade atinge um estágio em que boa parte dos indivíduos vive acima
do nível da subsistência. Mencionam que para Roland Barthes o consumidor pós-moderno
tem necessidades cada vez mais fortes de pertencer a associações, de utilizar produtos de
consumo como forma de identificar o próprio ego, advertindo que são os anunciantes que se
encarregam de suprir essa demanda, com recursos cada vez menos perceptíveis de
semantização dos objetos. Acima dos atributos, na percepção de Barthes, as campanhas
publicitárias utilizam as paixões e opiniões do consumidor envolvendo-o com argumentos
emocionais associados ao produto.
Estudo 2 | 103
Dessa forma, os produtos consumidos, principalmente os alimentos, deixam de ser
necessários ao uso cotidiano, para se tornarem objetos realizadores de desejos cada vez mais
crescentes. Nesse sentido, a propaganda que circula na sociedade pós-moderna procura
transmitir a imagem de que o produto alimentício ofertado está ali para preencher a carência
do consumidor, a necessidade que o indivíduo tem de aderir a valores e estilos de vida, de se
adequar cada vez mais em um processo de significação. Sob o ponto de vista do anunciante, a
carência de uma identidade social, ou seja, de uma identidade não fragmentada pela
sociedade, deve se transformar na carência do produto.
Diante do exposto, com base nos resultados obtidos no Estudo 2, tornou-se possível
verificar que esses resultados concordam parcialmente com aqueles encontrados em estudo
similar realizado por Nascimento (2007). As semelhanças referem-se ao conteúdo das
propagandas selecionadas, veiculadas pelas emissoras nas regiões norte e sudeste. Observa-se
que os dois estudos realizados mostram que a maior parte das propagandas veiculadas nas
emissoras anunciou o produto alimentício sem associá-lo a qualquer forma de premiação,
divulgou produtos que deveriam ser consumidos no café da manhã ou lanche, sugeriu
alimentos de consumo imediato, teve a presença de desenho animado ou animação, utilizou
alguma imagem que retratasse o cotidiano, não utilizou a presença de um símbolo de
personalidade, não buscou demonstrar conhecimento técnico sobre o produto alimentício e
não apresentou evidência científica ou testemunhal sobre o produto alimentício ofertado.
Quanto aos sentimentos explorados pelas propagandas de alimentos, os resultados
apresentados mostram que satisfação, prazer e alegria foram os sentimentos mais explorados
nas propagandas de produtos alimentícios veiculadas nas emissoras das duas regiões, na
interpretação dos julgadores. Os dados obtidos por Nascimento (2007) revelaram ainda que as
mulheres atribuíram mais sentimentos às propagandas, mostraram maior frequência para o
104 | Estudo 2
julgamento das ideias associadas aos produtos alimentícios. Dados que divergem do resultado
encontrado no presente estudo.
Nos dados acima mencionados merecem destaque, as diferenças reveladas entre juízes
masculinos e femininos no julgamento dos sentimentos e das idéias exploradas pelas
propagandas nas duas regiões, norte e sudeste, o que requer uma investigação mais detalhada
no futuro.
Estudo 3 | 105
5. ESTUDO 3
5.1 OBJETIVO
Investigar os hábitos de compra de alimentos e os hábitos alimentares dos
adolescentes, relacionando-os à ocorrência de sobrepeso e obesidade.
5.2 MATERIAL E MÉTODO
Local da pesquisa - população - participantes
A instituição selecionada para o estudo foi o Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas – IFAM. Um estabelecimento de ensino que possui natureza
jurídica de autarquia, integrante da Rede Federal de Ensino, situada na cidade de Manaus,
estado do Amazonas. O IFAM está vinculado à Rede Federal de Educação Tecnológica, sua
Missão é promover, com excelência, educação, ciência e tecnologia para o desenvolvimento
da Amazônia. Foi criado no ano de mil novecentos e nove, como Escola de Aprendizes
Artífices, recebendo posteriormente outras denominações, em decorrência das políticas
educacionais adotadas no Brasil.
No ano de 2001 a Escola Técnica Federal do Amazonas - ETFAM, segunda
denominação recebida, passou a ser chamada de CEFET-AM, uma vez que todas as Escolas
Técnicas do Brasil transformaram-se em Centros Federais de Educação Tecnológica. A partir
de então, passou a oferecer cursos superiores de tecnologia e licenciaturas. Em dezembro de
2008, o Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, sancionou a lei nº 11.892, que
criou 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, portanto, a partir desta data o
106 | Estudo 3
CEFET-AM recebeu sua atual denominação, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas - IFAM.
O IFAM foi estruturado mediante integração do Centro Federal de Educação
Tecnológica do Amazonas e das Escolas Agrotécnicas de Manaus e São Gabriel da
Cachoeira. Atualmente é composto pelos campi Manaus-Centro, campus Manaus-Distrito
Industrial, campus Manaus-Zona Leste, campus Coari, campus São Gabriel da Cachoeira.
Ainda em fase de implantação estão o campus Presidente Figueiredo, campus Maués, campus
Parintins, campus Lábrea e campus Tabatinga.
Em síntese, o Instituto Federal do Amazonas é uma instituição que possui natureza
jurídica de autarquia, é integrante da Rede Federal de Ensino, está vinculada ao Ministério da
Educação, é supervisionada pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC.
A seleção do IFAM para o presente estudo deu-se diante de sua comprovada importância para
a região norte brasileira, particularmente para o estado do Amazonas.
De acordo com os relatórios fornecidos pela instituição, 653 alunos estavam
matriculados no ensino médio integrado ao técnico nos cursos de Química, Mecânica,
Técnico em Edificações, Informática e Eletrotécnica, no ano de dois mil e oito. Foi
determinado que participassem como universo de estudo, quatrocentos e quarenta e sete
estudantes (447), adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 14 e 17 anos,
regularmente matriculados no ensino médio integrado ao técnico do IFAM no ano de dois mil
e oito. Para determinação desse universo buscou-se constituir uma amostragem significativa
de estudantes, por sexo e por faixa etária, de tal forma que essa fosse a mais representativa
possível para o estudo proposto.
Nesse sentido, um estudo piloto avaliou as características consideradas relevantes para
a pesquisa e determinou que fossem selecionados, aleatoriamente, aproximadamente 20
adolescentes do sexo masculino e 20 adolescentes do sexo feminino, com idade de 14, 15, 16,
Estudo 3 | 107
17 anos. Diante do exposto, aproximadamente 160 estudantes, o que corresponderia a 35,79%
do universo de estudo, teriam a possibilidade de participar do estudo na cidade de Manaus.
Após esclarecimentos sobre os objetivos da pesquisa, um total de 162 (36,24%) estudantes
manifestou o interesse em participar do estudo. Receberam o envelope contendo o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, para que seus responsáveis legais autorizassem sua
participação. Foram devolvidos 102 (62,96%) instrumentos de coleta e dentre estes 8 (7,84%)
documentos retornaram sem a necessária autorização dos representantes legais, 94 (92,16%)
instrumentos foram devidamente preenchidos e assinados pelos responsáveis e pelos alunos.
Em síntese, efetivamente, participaram desta fase do estudo 94 adolescentes, de ambos
os sexos, com faixa etária compreendida entre 14 e 17 anos, matriculados no IFAM na cidade
de Manaus, no ano de dois mil e oito.
Critérios de Exclusão
Foram estabelecidos como critérios de exclusão para composição da amostra os
estudantes que preencheram pelo menos um dos seguintes critérios previamente definidos:
1)possuir idade inferior a 14 anos e superior a 17 anos e 11 meses; 2) apresentar algum tipo de
deficiência física que de alguma forma comprometesse o peso e altura, como a utilização
indispensável de cadeira de rodas, muletas, e andadores, entre outras; 3) estar ausente na
ocasião da coleta de medidas antropométricas; 4) apresentar algum tipo de doença que
comprometesse a dieta alimentar, como diabetes, colesterol alto, gastrite, alergia a alimentos,
entre outras; 5) preenchimento incompleto dos instrumentos (mais de 2/3 em branco).
Instrumentos
O adolescente recebia um envelope com duas cópias do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo F), previamente aprovado pelo Comitê de Ética da
108 | Estudo 3
Universidade Federal do Amazonas e uma cópia do Termo de Concordância para realização
da Pesquisa - TC.
Após a primeira fase, obtenção da autorização para participação do adolescente, os
alunos receberam o Questionário de Avaliação de Consumo - QAC (Anexo G) e o Critério de
Classificação Econômica Brasil (Anexo H). O local e a hora para preenchimento dos
instrumentos foram agendados com a coordenação do Ensino Médio e os professores da
instituição.
Avaliação Antropométrica
Foram coletadas medidas de peso (P) e estatura (E) dos alunos participantes para que
fosse possível proceder à avaliação antropométrica. Esse procedimento foi realizado pelos
professores de educação física do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas –
IFAM no primeiro semestre do ano letivo de dois mil e oito. O peso foi aferido mediante a
utilização de uma balança mecânica com antropômetro em que os adolescentes posicionaram-
se em pé, descalços e trajando uniforme escolar, portanto roupa leve. A estatura foi aferida no
mesmo momento, utilizando como instrumento a régua antropométrica vertical com escala
contida na balança. Com os pés paralelos e tornozelos unidos; as nádegas, os ombros e a parte
posterior da cabeça erguida, mantendo os braços estendidos ao longo do corpo, o aluno
permaneceu em pé, ereto, olhando para frente. A régua antropométrica com escala foi
abaixada até repousar no topo da cabeça do adolescente, os professores efetuaram a leitura o
mais próximo de 0,5 cm.
As medidas foram aferidas no ginásio esportivo do colégio, em uma sala disponível,
com boas condições de acomodação, iluminação e ventilação. Os dados coletados foram
registrados pelos professores, na listagem de alunos, num documento concebido pela
coordenação de controle acadêmico da instituição.
Estudo 3 | 109
Os dados de peso e estatura forneceram subsídios para o cálculo do Índice de Massa
Corporal [IMC; P (kg)/E² (m)], que num segundo momento classificou o percentil dos
estudantes adolescentes, de acordo com o sexo e a idade desses. Salienta-se que os padrões
utilizados como referências para o cálculo do IMC serão obtidos a partir do CDC Growth
Charts: United States/National Center for Health Statistics (2000), que define: P < 5
Abaixo do peso; P5 P< 85 Eutróficos; P 85 P< 95 Sobrepeso; P 95
Obesidade.
Consumo Alimentar
Por meio do preenchimento do Questionário de Frequência de Consumo Alimentar
(Parte B do QAC) foi possível conhecer os hábitos alimentares dos adolescentes que
constituem a amostra previamente definida. A partir de uma lista com 61 alimentos,
classificados em ordem alfabética, os alunos assinalaram a frequência de consumo assim
distribuída: nunca come, come 1 vez por semana ou menos, come 2 a 3 vezes por semana,
come 4 a 6 vezes por semana, come uma vez todos os dias e come mais de uma vez por dia.
Foi considerado consumo habitual uma frequência maior ou igual a 4 vezes por semana, por
mais de 50% da amostra; consumo semanal uma freqüência menor a 4 vezes por semana e por
mais de 50% da amostra e nunca consumidos.
Procedimentos
Para a realização do estudo proposto, no ano de 2006, a pesquisadora obteve a
autorização da Direção Geral. Por tratar-se de uma instituição de ensino que se estende ao
nível superior foram necessários contatos com os representantes do programa de pós –
graduação no sentido de melhor esclarecer seus representantes sobre os objetivos do trabalho
proposto. Autorizada pela direção a realizar o estudo a pesquisadora, em atendimento à
110 | Estudo 3
Resolução N° 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas que
envolvem seres humanos no Brasil, submeteu o projeto de pesquisa à apreciação do Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas. Mediante aprovação do
Protocolo CAAE N° 0275.0.115.000-07, teve início um criterioso levantamento estatístico
para que fosse delimitada a amostra e fosse possível definir o número de alunos adolescentes
matriculados, a faixa etária, enfim, o público-alvo da pesquisa.
Posteriormente, acompanhada pela psicóloga da instituição, a pesquisadora visitou as
turmas informando sobre os objetivos da pesquisa, critérios de exclusão para participação no
estudo e procedimentos. Foi garantida a participação dos alunos de todas as turmas do ensino
médio integrado ao técnico que tivessem adolescentes nas faixas etárias definidas a priori.
Após o esclarecimento sobre os objetivos do estudo proposto o (a) aluno (a)
adolescente, pretenso participante, recebia um envelope que deveria ser entregue aos seus pais
ou responsáveis legais. O envelope continha duas cópias do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (para que uma delas fosse devidamente assinada pelos pais ou responsáveis
legais) e uma cópia do Termo de Concordância da Instituição. Cerca de sete dias após a
entrega dos envelopes, conforme combinado com os alunos previamente, a pesquisadora
retornou à escola para recolhimento dos envelopes. Aproximadamente duas semanas foram
necessárias para obtenção de significativa devolução dos envelopes.
Após a primeira fase, devolvidos os envelopes com os instrumentos iniciais, foram
agendados, com a coordenação do ensino médio, servidores técnicos e equipe de professores,
as datas e os horários para o preenchimento dos instrumentos de coleta de dados. É importante
ressaltar que somente receberam para preenchimento do Questionário de Avaliação de
Consumo - QAC e o Critério de Classificação Econômica Brasil, os alunos que retornaram o
envelope contendo o Termo de Consentimento Livre Esclarecido devidamente assinado pelos
pais ou responsáveis legais e por eles.
Estudo 3 | 111
Análise dos dados
Os dados do presente estudo foram analisados em termos de porcentagens, correlação
de Pearson, Teste t para amostras independentes e Análise de Variância (ANOVA). Foi
conduzida complementarmente uma análise post-hoc utilizando o Teste de Student Newman-
Keuls (p<0,05). Os dados referentes ao Estado Nutricional dos estudantes foram analisados
pelo EpiInfo 2002, por meio do Programa Nutrition. Os cálculos estatísticos foram realizados
por meio do programa software Statistica 5.0.
5.3 RESULTADOS
1. Caracterização da Amostra
Participaram do estudo 94 adolescentes. A distribuição dos estudantes referente ao
sexo foi de 50 (53,2%) masculino e 44 (46,8%) feminino. Foram 66 (70,2%) alunos do
primeiro ano e 28 (29,8%) alunos do segundo ano do Ensino Médio. Do total de estudantes, 4
(4,3) tinham quatorze anos de idade, 38 (40,4%) quinze anos, 34 (36,2%) dezesseis anos e 18
(19,10%) tinham dezessete anos. Os resultados deste estudo, retratados na Tabela 1, mostram
que a maioria dos alunos participantes tinham idade entre quinze e dezesseis anos e cursava o
primeiro ano do ensino médio do IFAM.
112 | Estudo 3
Tabela 2 - Porcentagem por característica da amostra.
Característica Porcentagem (%)
Sexo
Masculino 53,2
Feminino 46,8
Idade (anos)
14 4,30
15 40,40
16 36,20
17 19,10
Série
1 70,20
2 29,80
Chefe da família
Os estudantes, ao preencherem o Critério de Classificação Econômica Brasil, que
estima o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, declararam que cerca de 54% (51)
dos pais eram os chefes de suas famílias e 31% (29) afirmaram serem as mães. Declararam
ser ambos, pai e mãe, 11% (10) da amostra, enquanto apenas 4% (4) declararam outros
familiares como chefes de suas famílias.
Estudo 3 | 113
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Pai Mãe Pai ee Outros
Porcentagem
Chefe de família
Critério de Classificação Econômica Brasil
Figura 20. Porcentagem das indicações do chefe da família.
Renda Familiar
A renda familiar, estabelecida por meio do Critério de Classificação Econômica
Brasil, que classifica a população exclusivamente em termos de classes econômicas, mostra
que 1% (1) dos estudantes pertencia à classe A1 (R$ 7.793,00), 13% (12) pertenciam à classe
A2 (R$ 4.648,00), 20% (19) à classe B1(R$ 2.804,00), 34% (32) à classe B2 (R$1.669,00),
30% (28) à classe C (R$ 927,00), apenas 2% (2) à classe D (R$ 424,00). Comprovadamente
nenhum aluno pertencia à classe econômica E (R$ 207,00).
Percebe-se que a maior parte dos estudantes adolescentes, público-alvo do estudo
proposto, na ocasião, pertencia às classes econômicas B2 e C. Portanto, possuíam uma renda
familiar entre R$ 927,00 e R$ 1.669,00.
114 | Estudo 3
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
A1 A2 B1 B2 C D
Porcentagem
Renda familiar por classes
Critério de Classificação Econômica Brasil
Figura 21. Porcentagem de alunos por renda familiar por classes.
Escolaridade do chefe de família
Os dados obtidos, classificados de acordo com o Critério de Classificação Econômica
Brasil, mostram que 1% (1) dos chefes de família, indicados pelos estudantes, não tinha
escolaridade ou possuía o Primário incompleto, 9% (8) tinham Primário completo/Ginasial
incompleto, 14% (13) tinham Ginasial completo/ Colegial incompleto, 47% (44) possuíam
Colegial completo/Superior incompleto e 29 % (27) tinham concluído o curso Superior.
Apenas 1% (1) não soube informar a escolaridade do chefe de sua família.
Observa-se que cerca de 76 % (71) das famílias dos estudantes eram constituídas por chefes
de família com Colegial completo, Superior incompleto ou curso Superior completo, o que
demonstra que a maior parte das famílias dos adolescentes tinham chefes de famílias escolarizados.
É importante mencionar que o Critério de Classificação Ecônomica Brasil,
instrumento selecionado para coletar dados, utiliza uma nomenclatura não atualizada para
determinação da escolaridade da população brasileira. De acordo com a Lei N° 9.394, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a educação brasileira é constituída pela
educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior.
Estudo 3 | 115
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Analfabeto/
Primário
incompleto
Primário
completo/
Ginasial
incompleto
Ginasial
completo/
Colegial
incompleto
Colegial
completo/
Superior
incompleto
Superior
completo
Não Informado
Porcentagem
Grau de instrução do chefe de famíla
Critérios de Classificação Econômica Brasil
Figura 22. Porcentagem por grau de instrução do chefe da família.
2. Índice de Massa Corporal (IMC)
2.1 Sexo
Na Figura 23 apresentam-se os dados relacionados ao IMC médio dos adolescentes
participantes. Observa-se que não houve diferença significativa entre o IMC (Kg/ m²) médio
dos estudantes do sexo feminino e sexo masculino
]05,0;1896,1[
92
>= pt
.
0
5
10
15
20
25
30
Masculino Feminino
IMC Médio (Kg/m²)
Sexo
Figura 23. Média (+ EPM) do IMC dos sujeitos do sexo masculino e feminino.
116 | Estudo 3
2.2 Idade
A figura 24 demonstra que os diferentes grupos de idade dos adolescentes (14 a 15 e
16 a 17 anos) não apresentam IMC médio diferentes, como pode ser observado por uma
ausência de efeito significativo de faixa etária
]05,0;07866,1[
92
>= pt
.
0
5
10
15
20
25
14 a 15 16 a 17
IMC Médio (Kg/m²)
Grupos de Idade (anos)
Figura 24. Média (±EPM) dos dados de IMC para cada grupo faixa etária.
2.3 Horas assistindo televisão
Os resultados obtidos comprovam que entre os adolescentes do sexo masculino foi
encontrada diferença significativa entre o IMC médio e horas assistindo à televisão por dia
]05,0;1834,2[
48
<= pt
(Figura 25).
Estudo 3 | 117
*
0
5
10
15
20
25
30
até 2 horas acima de 2 horas
IMC (Kg/m²)
Horas Assistindo TV por dia
Figura 25. Média (+ EPM) do IMC para os sujeitos masculinos segundo classificação de horas
assistindo à televisão por dia. * p<0,05 em relação ao grupo até duas horas.
Os resultados mostram ainda que foi encontrada diferença significativa quando
estabelecida a relação entre IMC médio dos adolescentes e os dois grupos de horas assistidas
(até duas horas e acima de duas horas)
]05,0;3879,2[
92
<= pt
(Figura 26).
0
5
10
15
20
25
30
até 2 horas acima de 2 horas
IMC (Kg/m²)
Horas Assistindo TV por dia
Figura 26. IMC médio dos adolescentes (+ EPM) segundo a classificação por horas assistindo TV.
118 | Estudo 3
2.4 Classificação por Percentil
A figura 24 apresenta a classificação do IMC médio dos alunos participantes. De
acordo com o percentil (NCHS), 73 (77,7%) estudantes estavam eutróficos (P5IMC<P85),
apenas 3(3,2%) estavam abaixo do peso (P2IMC<P5) , enquanto 11(11,7%) estavam com
sobrepeso (P85IMC<95) e 7(7,4%) apresentaram obesidade (IMCP95).
DISTRIBUIÇÃO DE PERCENTIL
Abaixo do Peso
Eutróficos
Sobrepeso
Obesidade
Figura 27. Classificação do IMC por percentil (NCHS).
3 Questionário de Avaliação de Consumo
3.1 Compra de produtos alimentícios consumidos pelas famílias
Os resultados mostram que apenas 1% (1) declarou-se responsável pela compra de
produtos alimentícios consumidos por suas famílias, 29% (27) afirmaram que os pais eram
responsáveis, 63% (59) responsabilizaram as mães e 7% (7) indicaram outros.
Estudo 3 | 119
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Você Pai Mãe Outros
Porcentagem
Responsável pela compra dos alimentos
Figura 28. Porcentagem referente ao responsável pela compra dos alimentos consumidos pela família.
3.2 Fatores relacionados ao planejamento e à tomada de decisão de compra e consumo
de alimentos pelos adolescentes
A Tabela 3 mostra que a decisão do adolescente de planejar o que vai comprar obteve
média de respostas maior que a opção compra quando vê. Ao estabelecer a correlação entre os
fatores planeja o que comprar e compra quando vê, é percebida a existência de uma
correlação significativa, porém negativa, e os valores encontrados demonstraram ser
inversamente proporcionais.
Quanto aos fatores que poderiam influenciar a decisão dos estudantes na compra de
alimentos, as médias obtidas, apresentadas na tabela 3, demonstram, em ordem decrescente, o
resultado. A categoria sabor obteve a maior média 3,94, preço ficou com 2,90, características
nutricionais com 2,34 e viu em comerciais de televisão obteve 1,85.
A correlação estabelecida entre planeja o que comprar e fatores de decisão de compra
associou-se positivamente a preço (r=0,22), sabor (r=0,21) e características nutricionais
(r=0,29). Diante dos resultados apresentados na tabela observa-se que a falta de planejamento
120 | Estudo 3
da compra, ou seja, o fato dos estudantes comprarem os alimentos quando o vêem,
demonstrou ter uma correlação positiva com o fator sabor (r =0,26).
No que tange à correlação realizada entre os fatores de tomada de decisão de compra,
o fator preço associou-se positiva e significativamente a características nutricionais (r=0,10)
enquanto o fator sabor apresentou correlação positiva com viu em comerciais de televisão (r
=0,19). O fator características nutricionais apresentou correlação positiva com viu em
comerciais de televisão (r=0,06).
Ao expressar a correlação existente entre o IMC dos estudantes e a tomada de decisão
de compra dos alimentos, verifica-se que a correlação é significativa positiva nas categorias
características nutricionais (r=0,07) e viu na televisão (r=0,08). Entretanto, é possível
visualizar que não houve correlação significativa entre o IMC dos estudantes e os fatores de
planejamento de compra de alimentos.
Tabela 3 - Correlação Produto-Momento de Spearman para fatores relacionados à decisão de compra de
alimentos.
nMédia EPM
Faz lista de
compras
Compra
quando vê
Preço Sabor
Característica
Nutricionais
Viu na
TV
IMC
Faz lista de
compras
93 2,71 0,11 1,00 -0,07
0,22* 0,21* 0,29*
0,02 -0,06
Compra quando vê 94 2,62 0,10 1,00 0,02
0,26*
-0,13 0,05 0,01
Preço 94 2,90 0,13 1,00 0,04
0,10*
0,02 0,02
Sabor 94 3,94 0,98 1,00 -0,04
0.19*
-0,04
Característica
Nutricionais
94 2,34 0,11 1,00
0,06* 0,07*
Viu na TV 94 1,85 0,85 1,00
0,08*
*Correlação significativa 0,05
3.3 Fatores relacionados à compra de novos alimentos consumidos pelos adolescentes
A Tabela 4 demonstra o comportamento dos estudantes diante da possibilidade de
compra de novos alimentos (recém lançados no mercado consumidor). Ao observar a média
Estudo 3 | 121
de respostas obtidas, verifica-se que a frequência média obtida foi 2,18. Ao analisar
qualitativamente os dados coletados, compreende-se que raramente alimentos novos foram
adquiridos, o que significa uma baixa frequência de aquisição de novos produtos pelos
estudantes.
Quanto aos fatores que poderiam exercer influência na aquisição de novos produtos a
indicação de amigos demonstrou ter sido a categoria que obteve a maior média das respostas
(2,35), seguida da categoria sem informação sobre a marca (2,17), informação nas
embalagens (2,15), degustação (1,88) e viu na televisão (1,85).
A Tabela 4 mostra ainda que a compra de novos alimentos associou-se positivamente
a todos os fatores de escolha apresentados aos estudantes, embora a correlação da categoria
degustação (r=0,04) não tenha sido significativa ao nível de p<0,05. Evidencia-se que a
categoria indicação de amigos (r=0,20) apresentou correlação positiva significativa em
relação à categoria viu em comerciais na televisão (r=0,27). O mesmo ocorreu quando foi
realizada a correlação entre a categoria informações contidas nas embalagens (r=0,07) e a
categoria degustação (r=0,12). Verifica-se ainda que a categoria sem informação sobre sua
marca (r=- 0,14) apresentou uma correlação significativa negativa com informações contidas
nas embalagens (r = - 0,08).
Comprova-se que houve correlação significativa entre o IMC dos estudantes e às
categorias indicação de amigos (r = 0,09), degustação (r = 0,16) e a categoria viu na televisão
(r = 0,08).
122 | Estudo 3
Tabela 4 - Correlação Produto-Momento de Spearman para fatores relacionados à compra de novos alimentos.
nMédiaEPM
Compra de
Produtos Novos
Sem
informação
Idicão de
amigos
Degustão
Informação nas
Embalagens
Viu na
TV
IMC
Compra de
Produtos Novos
94 2,18 0,08 1,00
0,12* 0,20*
0,04
0,07* 0,32*
0,04
Sem informação 93 2,17 0,09 1,00 -0,10 -0,01
-0,14* -0,08*
-0,05
Idicação de
amigos
94 2,35 0,08 1,00 0,16 -0,01
0,27* 0,09*
Degustação 94 1,88 0,08 1,00
0,12*
-0,04
0,16*
Informação nas
Embalagens
94 2,15 0,1 1,00 -0,01 0,05
Viu na TV 94 1,85 0,85 1,00
0,08*
*Correlação significativa 0,05
3.4 Compra de produtos industrializados consumidos pelos adolescentes
Ao representar os dados obtidos sobre o comportamento dos alunos em relação à
compra de produtos industrializados, demonstrados na Tabela 5, observa-se que a compra de
alimentos industrializados prontos ou semiprontos (r=1,00) apresentou uma correlação
significativa positiva com a compra de alimentos prontos para lanches entre refeições
(r=0,40). A análise estatística efetuada demonstrou que 56% dos estudantes compõem sua
compra com até 20% de produtos industrializados prontos ou semi-prontos. Comprovou-se
ainda que 59% dos estudantes assinalaram que compraram mais de 20% de produtos
industrializados, prontos para o consumo e próprios para lanches e refeições.
Ao proceder à correlação entre o IMC dos estudantes e as decisões de compras de
produtos industrializados, o resultado (Tabela 5) comprovou a existência de uma correlação
positiva significativa.
Estudo 3 | 123
Tabela 5 - Correlação Produto-Momento de Spearman para compra de produtos industrializados.
* Correlação significativa 0,05
3.5 Consumo Alimentar dos adolescentes
Os dados relativos à frequência de consumo alimentar dos adolescentes mostram que
entre os alimentos consumidos habitualmente ( 4 vezes/semana e por mais de 50% dos
alunos) destacaram-se o arroz, os pães, o leite e o açúcar. O arroz foi consumido por 80
(85,1%) estudantes, enquanto o pão por 71 (75,5%), o leite por 67 (71,3%) e o açúcar
consumido por 73 (77,7%). Foram também considerados de consumo habitual o feijão 56
(59,6%), a carne bovina 57 (66%), o refrigerante 53 (56,4%), a margarina ou manteiga 62
(66%), a água 94 (100%) e o café 50 (53,2 %).
Quanto aos produtos alimentares semanalmente consumidos (< 4 vezes por semana e
por mais de 50% dos estudantes) incluíram-se bolachas doces 71 (74,5%), batata-frita 69
(73,4%), bolacha salgada 70 (74,5%), bolo 79 (84%) e lasanha 72 (76,6%). Percebe-se que os
alimentos mencionados foram consumidos por mais de 70% dos adolescentes que
constituíram a amostra pesquisada.
Verificou-se ainda que mais de 50% dos alunos consumiam semanalmente: frango 67
(71,3%), linguiça e outros embutidos 66 (70,7%), peixe 69 (73,4%), sopa 66 (70,2%), pizza
74 (78,7%), macarrão 54 (57,4%), pão de queijo 56 (59,6%), pipoca 63 (67%), frutas 56
(59,6%), sucos artificiais 48 (51,1%), ovos 65 (69,1%), maionese 57 (60,6%), iogurte 57
(60,6%), balas 59 (62,8%) chiclete 52 (55,3%), sorvete 67 (69%), leite condensado 60
n
Média
EPM
Porcentagem
(%)
Compra de alimentos
semi-prontos e prontos
Compra de alimentos
prontos para lanche
IMC
Compra de alimentos semi-
rontos e prontos
94 2,82 0,10
1,00* 0,40*
0,10
Porcentagem por compra
93
---
--- 56 ---
Compra de alimentos
p
rontos para lanche
94 2,96 0,09 1,00 0,10
93
---
--- 59 --- --- ---
Porcentagem por compra
124 | Estudo 3
(63,3%), doce de leite 58 (61,7%), doces caseiros 57 (60,6%), sanduíche natural 50 (53,2%),
catchup 54 (57,4%), esfiha 66 (64%) e coxinha/pastel 61 (64,9%). O suco natural demonstrou
ser uma opção comprovada por 50% dos estudantes adolescentes.
Quanto aos alimentos nunca consumidos por mais de 70% da amostra constituída foram
apontados: grão de bico 79 (84%), lentilha 75 (79,8%), coalhada 82 (87,2%), adoçante 75 (79,8%)
e soja 80 (85,1%). Os produtos alimentícios nunca consumidos, apontados por mais de 50% dos
estudantes foram: cereal em barra 56 (59,6%), cereal matinal 55 (58,5%), ervilhas 49 (52,1%),
carne suína 51 (54,5%), requeijão 51 (54,3%), mel 54 (57,4%) e quibe frito 64 (68,1%).
Tabela 6 - Distribuição da frequência de consumo alimentar segundo grupos de alimentos. Adolescentes do
IFAM.
Grupos de Alimentos
Nunca (%)
<4 vezes por
semana (%)
4 vezes por
semana (%)
Cereais, Pães, Turbéculos e Raízes
Arroz 0,0% 14,9%
85,1%
Pães 2,1% 22,3%
75,5%
Bolachas Doces 5,3% 75,5% 19,1%
Batata Frita 26,6% 73,4% 0,0%
Milho 45,7% 47,9% 6,4%
Bolachas Salgadas 13,8% 74,5% 11,7%
Bolos 8,5% 84,0% 7,4%
Macarrão 2,1% 57,4% 40,4%
Pão de Queijo 17,0% 59,6% 23,4%
Pipoca 30,9% 67,0% 2,1%
Cereal em Barra 59,6% 36,2% 4,3%
Cereal Matinal 58,5% 31,9% 9,6%
Lasanha 19,1% 76,6% 4,3%
Hortaliças, Verduras e Legumes
Verduras 10,6% 46,8% 42,6%
Legumes 14,9% 48,9% 36,2%
Frutas
Frutas 11,7% 59,6% 28,7%
Sucos Naturais 3,2% 50,0% 46,8%
Sucos Artificiais 20,2% 51,1% 28,7%
Estudo 3 | 125
Grupos de Alimentos
Nunca (%)
<4 vezes por
semana (%)
4 vezes por
semana (%)
Leguminosas
Feijão 0,0% 40,4% 59,6%
Grão de Bico 84,0% 14,9% 1,1%
Lentilha 79,8% 17,0% 3,2%
Ervilhas 52,1% 42,6% 5,3%
Soja 85,1% 10,6% 4,3%
Carnes e Ovos
Carne Bovina 1,1% 38,3% 60,6%
Frango 0,0% 71,3% 28,7%
Ovos 10,6% 69,1% 20,2%
Linguiça e Outros Embutidos 23,4% 70,7% 5,9%
Maionese 24,5% 60,6% 14,9%
Carne Suína 54,3% 38,3% 7,4%
Peixe 16,0% 73,4% 10,6%
Leite e Produtos Lácteos
Leite 5,3% 23,4%
71,3%
Iogurte 17,0% 60,6% 22,3%
Queijo 12,8% 61,7% 25,5%
Requeijão 54,3% 36,2% 9,6%
Coalhada 87,2% 12,8% 0,0%
Açúcares e Doces
Açúcar 4,3% 18,1%
77,7%
Achocolatado em pó 11,7% 61,7% 26,6%
Refrigerante 7,4% 36,2% 56,4%
Balas 9,6% 62,8% 27,7%
Chicletes 24,5% 55,3% 20,2%
Sorvete 11,3% 69,1% 19,6%
Adoçante 79,8% 12,8% 7,4%
Bombom 9,6% 73,4% 17,0%
Leite condensado 27,7% 63,8% 8,5%
Doce de leite 30,9% 61,7% 7,4%
Doces caseiros 8,5% 60,6% 30,9%
Mel 57,4% 41,5% 1,1%
Óleos e Gorduras
Margarina ou Manteiga 3,2% 30,9% 66,0%
Bebidas
Água 0,0% 0,0% 100,0%
Café 25,5% 21,3% 53,2%
126 | Estudo 3
Grupos de Alimentos
Nunca (%)
<4 vezes por
semana (%)
4 vezes por
semana (%)
Outros
Salgadinhos tipo "snacks" 46,8% 45,7% 7,4%
Sanduíche Natural 38,3% 53,2% 8,5%
Catchup 35,1% 57,4% 7,4%
Esfiha 26,6% 64,9% 8,5%
Sopa 24,5% 70,2% 5,3%
Coxinha 25,5% 64,9% 9,6%
Pastel 27,7% 64,9% 7,4%
Quibe Frito 68,1% 29,8% 2,1%
Sanduíche Industrializado 47,9% 45,7% 6,4%
Pizza 16,0% 78,7% 5,3%
*Adaptado de Phillippi et al. (1999)
5.4 DISCUSSÃO
1.Caracterização da Amostra
Dos 94 adolescentes, 50 (53,2%) estudantes do sexo masculino e 44 (46,8%)
estudantes do sexo feminino constituíram a amostra aleatória estratificada do presente estudo.
A participação dos estudantes classificados por sexo, idade, série, demonstra a composição de
uma amostragem probabilística que, embora não tenha sido homogênea, apresentou reduzida
variação no percentual resultante para cada categoria.
Segundo os critérios cronológicos propostos pela Organização Mundial de Saúde -
OMS (2004), a adolescência é o período da vida que vai dos 10 anos aos 19 anos, 11 meses e
29 dias. De acordo com Eisenstein (2000), configura-se como o período de transição entre a
infância e a idade adulta, é permeada por intensas transformações corporais e pelos impulsos
dos desenvolvimentos emocional, mental e social.
Estudo 3 | 127
Dentro dessa perspectiva, a adolescência é uma fase do crescimento e
desenvolvimento humano considerado decisiva (MAESTRO, 2002). Os estudos que vêm
sendo realizados comprovam que nessa fase o jovem busca uma maior independência em
relação à família e passa a estabelecer fortes ligações com seu grupo de amigos, procurando
adesão de novos modelos de comportamento e identidade (ZANCUL; FABBRO, 2005).
Na busca por maior autonomia os adolescentes passam a fazer escolhas que definem
seu estilo de vida. Nessa fase valoriza-se de forma extremada a imagem corporal, bem como
seu comportamento alimentar, até então bastante influenciado pela família, passa a receber
contribuições do grupo de amigos e da mídia. Para Gambardella (1999) os adolescentes
passam a maior parte do tempo fora de casa, compartilham grande parte da rotina diária com a
escola e com os amigos que, comprovadamente, também exercem relevante influência na
escolha de alimentos selecionados e acabam estabelecendo o que é socialmente aceito.
Estudos internacionais e nacionais têm mostrado que os adolescentes preferem uma
alimentação rápida, tipo fast food, por ser facilitada, composta por alimentos propagados entre
eles e por não saírem da moda. Outro fator considerado agravante para a saúde do adolescente
é a inatividade física, a maioria deles restringe as atividades de esporte e lazer à televisão, ao
videogame ou ao computador.
Muller (2001) acrescenta que como as necessidades nutricionais são maiores neste
período da vida, a alimentação incorreta, adotada por grande parte dos jovens na adolescência,
pode causar problemas a longo prazo e ainda torná-los mais vulneráveis a diversas doenças.
Ao referir-se aos problemas relacionados à alimentação no período da adolescência o autor
menciona que essa fase é apontada como um dos momentos críticos para o aparecimento da
obesidade, não só pelo aumento da gordura corporal, mas por causa do aumento do número de
células no corpo que ocorre nessa etapa.
128 | Estudo 3
Muitos trabalhos confirmam que grande parte dos adolescentes possui conhecimento
sobre os princípios de uma alimentação equilibrada, porém têm atitudes contraditórias. Para
Zancul e Fabbro (2005) tanto o consumo excessivo quanto a ingestão insuficiente de
alimentos podem causar danos para a saúde e são preocupantes na medida em que podem
levar os adolescentes a desenvolverem uma série de doenças na fase adulta.
A literatura mostra que a preocupação com uma alimentação equilibrada na
adolescência é fundamental para a garantia de uma população saudável. Por conseguinte
admite que ainda é reduzido o número de estudos internacionais e nacionais conduzidos com
adolescentes. Diante de tal afirmação acredita-se necessário um maior número de pesquisas
em nosso imenso país, principalmente na região norte.
Por tratar-se de pesquisa realizada com menores de idade, a Resolução Nº 196/1996,
do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas científicas envolvendo seres humanos no Brasil, determina que os representantes
legais dos participantes (familiar, tutor) manifestem a sua anuência à participação do menor
na pesquisa.
Como já foi mencionado anteriormente, optou-se pelo envio dos instrumentos
contendo Termo de Concordância do IFAM, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -
TCLE, em envelopes que foram entregues aos adolescentes, para que posteriormente, in loco,
fosse efetuada a segunda fase da coleta de dados e pelo preenchimento do Questionário de
Avaliação de Consumo - QAC, instrumento principal para a realização da coleta e
consequente alcance dos objetivos propostos. Observou-se que os adolescentes, embora
tenham sido informados sobre o objetivo do estudo, atendessem os critérios de exclusão
inicialmente definido e estivessem de forma voluntária querendo participar da mesma,
demonstraram dificuldade para a devolução dos instrumentos devidamente preenchidos e
autorizados pelos pais ou responsáveis legais. A justificativa apresentada pelos participantes
Estudo 3 | 129
foi a perda ou esquecimento repetitivo dos documentos, fatos que provocaram o adiamento do
início da coleta de dados.
Salienta-se que o período de devolução dos documentos foi acordado entre
pesquisadora e voluntários, com tempo suficiente, incluindo fim de semana, para que fosse
possível atender as demandas encaminhadas pelos sujeitos participantes. Observou-se que
alguns envelopes foram devolvidos sem a autorização dos responsáveis. Foi perceptível, em
alguns casos, o desagrado dos adolescentes com o desinteresse ou discordância dos pais.
Percebeu-se que alguns adolescentes gostariam de participar, porém não conseguiram
argumentos capazes de convencer seus responsáveis sobre a natureza da pesquisa e sua
importância para a região norte.
Ficou evidenciado que os estudos científicos precisam fazer parte do cotidiano da
população dessa região, principalmente do universo estudantil dos alunos do ensino médio,
quem sabe, de forma mais ampla, das atividades direcionadas aos alunos do ensino médio
brasileiro. Prova disso foram as demonstrações de interesse expressado por alguns pais que
telefonaram ou foram até a instituição de ensino à procura de esclarecimentos sobre o trabalho
científico proposto. Desse modo, evidenciou-se o interesse, a curiosidade, a necessidade da
informação sobre o trabalho científico. Constatou-se a necessidade de mais informação de um
maior número de atividades educacionais que estimulem, provoquem e consequentemente
incentivem a participação da população e particularmente dos estudantes brasileiros em
trabalhos de tal natureza. Comprovou-se, de forma inequívoca, a necessidade do
enfrentamento dessa questão.
Quanto aos instrumentos utilizados para coleta de dados é possível afirmar que
pemitiram uma coleta satisfatória. Ao estabelecer uma comparação do estudo proposto em
Manaus com o trabalho, da mesma natureza, realizado na região sudeste, Nascimento (2007)
considerou também pertinente e satisfatória, a utilização dos questionários em seu estudo. A
130 | Estudo 3
autora destaca em sua publicação que a devolução dos questionários, devidamente
preenchidos, alcançou 45%, resultado bem maior que os dados encontrados na literatura, ao
mencionarem, que, dos questionários, quando encaminhados à população pelo correio, apenas
10% a 15% são normalmente devolvidos, mesmo após uma série de acompanhamentos
(SELLTIZ
1
et al.,1987 apud NASCIMENTO, 2007).
É importante comparar estes resultados. A pesquisa de Nascimento (2007) teve os
mesmos objetivos do estudo proposto na região norte. Foi realizada na rede de ensino pública
(Estadual e Municipal), no interior do estado de São Paulo, cidade de Ribeirão Preto, com
alunos de 7 a 14 anos, de ambos os sexos, cursando da 1ª à 4ª série e da 5ª à 8ª série. Obteve
45% dos instrumentos encaminhados pelos alunos para preenchimento dos familiares
devolvidos. Na cidade de Manaus, foi registrada a devolução de 62,96% dos documentos,
portanto, devolução superior à de Nascimento (2007). Não podemos deixar de lembrar que a
pesquisadora encaminhou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, juntamente com os
questionários, instrumentos utilizados para realização da coleta de dados pelos alunos e que os
instrumentos foram preenchidos pelos pais ou responsáveis legais, o que configura uma
grande participação familiar no estudo proposto.
Na cidade de Manaus, conforme foi dito, optou-se por realizar o estudo em uma
instituição pública de ensino médio, composta por estudantes adolescentes, com faixa etária
compreendida entre 14 e 17 anos. Portanto, plenamente capazes de fornecerem informações
necessárias para a investigação proposta. A justificativa para a escolha do IFAM deu-se diante
de sua importância como instituição educacional e da sua heterogeneidade, possibilidade de
representatividade dos estudantes da região norte. De acordo com relatos orais, a população
de estudantes da antiga Escola Técnica, atual IFAM, tradicionalmente era constituída por
alunos da capital e do interior do estado do Amazonas. A justificativa apresentada era que no
1
SELLTIZ, C.; WRIGHTSMAN, L.; COOK, S.; KIDDER, L. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São
Paulo: EPU, 1987.
Estudo 3 | 131
passado muitos alunos não tinham como dar continuidade aos estudos no interior do estado,
uma vez que muitos municípios não possuíam escolas de nível médio ou escolas técnicas
profissionalizantes para que os jovens tivessem a oportunidade de concluir o estudo ou
adquirir uma profissão. Diante de tal realidade, consequentemente, as famílias encaminhavam
seus filhos para a cidade de Manaus para morarem com parentes e estudarem na Escola
Técnica, uma instituição pública de ensino.
Contrariando o relato, comprovou-se que mais da metade dos estudantes, no ano de
dois mil e oito, residiam com os pais na cidade de Manaus. Os pais foram considerados os
chefes das famílias dos estudantes no IFAM. Os estudantes, ao preencherem os instrumentos,
além de declararem o pai como chefe de família em sua casa, ainda complementavam a
resposta com o nome completo deste, não deixando nenhuma margem de erro para tal
afirmação. É preciso lembrar Romanelli (1995, p. 81) ao afirmar que o modelo hegemônico
de família nuclear, que se concretizava em grande parcela das unidades domésticas, a
autoridade masculina, de marido e pai, concentrava-se na figura do chefe de família, tal como
era qualificado no plano das representações e até há pouco tempo no plano jurídico. Os dados
coletados demonstraram que não houve significativa mudança na concepção de família
nuclear por parte dos adolescentes. Embora as mães tenham sido citadas como chefes de
família observou-se, uma vez que o questionamento possibilitou a análise qualitativa dos
dados, que os pais quando citados eram merecedores de um destaque especial, mesmo que de
forma involuntária os adolescentes queriam que a pesquisadora conhecesse seu nome e
sobrenome. Embora esta observação esteja sendo registrada, foge de nossos propósitos
discutir a representatividade do gênero na chefia da família, sendo nosso interesse apenas
mostrar o resultado do questionamento, e um dos resultados concretos apresentados é que o
pai foi apontado por maior parte dos adolescentes como chefe da família.
132 | Estudo 3
Quanto à escolaridade dos chefes de família, os resultados mostram que quase metade
das famílias é constituída por representantes consideravelmente escolarizados: 47% deles
possuíam o colegial completo (atual ensino médio) ou curso superior incompleto e, 29%
concluíram o ensino superior. Este é um fato que merece destaque. De acordo com o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, 2003, citado por
Nascimento (2007) a escola pública nos dias atuais é constituída por famílias de baixo nível
escolar e econômico.
Nascimento (2007), na Cidade de Ribeirão Preto, verificou que a porcentagem de pais
e mães que não completaram o ensino fundamental era bastante representativa superando a
média nacional. Na cidade de Manaus comprovou-se que reduzida parcela de chefes de
família (pai, mãe, pais e mães, tios, padrastos e padrinhos) indicados como tais pelos
estudantes, não eram escolarizados ou tinham estudado muito pouco, em média quatro anos
de estudos. Os resultados obtidos mostram um índice de escolaridade dos pais acima da média
nacional para alunos de escola pública.
Recentemente Kunkel, Oliveira e Peres (2009), ao avaliarem o excesso de peso e a
qualidade de vida relacionada à saúde em adolescentes (de 15 a 18 anos), estudo realizado
com estudantes e pais de uma escola pública em Florianópolis, mostraram que 2,8% dos
chefes de família não tinham instrução, 10% tinham até quatro anos de estudo, 28,3% até 8
anos de estudo e 56,6% possuíam nove anos ou mais. Ao compararmos os dados das regiões
brasileiras sudeste, sul e norte percebe-se que a região sudeste, representada pela cidade de
Ribeirão Preto, apresentou o menor índice de escolaridade dos pais. Um dado supreendente,
se for considerado o número de instituições de ensino públicas na região sudeste e na região
norte.
Com relação à renda familiar dos estudantes, verificou-se que a renda per capita dos
chefes de família dos adolescentes de Florianópolis foi R$ 424,00, enquanto as famílias de
Estudo 3 | 133
70% dos estudantes de Ribeirão Preto recebiam até quatro salários mínimos (NASCIMENTO,
2007). Na cidade de Manaus verificou-se que a renda média familiar da maior parte dos
alunos variava entre R$ 927,00 e R$ 1.669,00. É preciso considerar que o nível de
escolarização dos chefes de família de Manaus foi um dos maiores registrados, mesmo assim,
a renda familiar pode ser considerada baixa para uma capital da região norte do país.
É importante salientar que a análise dos questionamentos sobre o chefe da família, a
escolaridade e a renda familiar, é proveniente dos dados coletados no Critério de
Classificação Econômica Brasil - CCEB, que tem como objetivo estimar o poder de compra
das pessoas e famílias urbanas, um sistema que não tem a pretensão de classificar a população
em termos de classes sociais. A divisão de mercado, de acordo com Associação Nacional de
Empresas de Pesquisa - ANEPE, proposta no instrumento, é exclusivamente de classes
econômicas.
2. Avaliação Antropométrica
De acordo com Benseñor e Lotufo (2007) uma das classificações mais utilizadas para
a identificação da desnutrição e da obesidade populacional é a medida desenvolvida pelo
matemático belga Lambert Adolphe Jacques Quételet (1976-1974). Também conhecida como
Índice de Quételet, é de fácil mensuração, bastante precisa, não exige equipamentos
tecnológicos sofisticados e nem exige alta especialização dos profissionais para que seja
efetuada. O cálculo do Índice de Massa Corporal - IMC, proposto por Quételet, é estabelecido
a partir do peso, que deve ser aferido em quilogramas (Kg) e da altura que deve ser medida
em metros. Para verificação do IMC é necessário dividir o peso pela altura ao quadrado
(IMC=Peso/Altura2), o resultado permitirá classificar se o indivíduo é magro, normal, tem
134 | Estudo 3
sobrepeso ou está obeso. Para padronizar as medidas no mundo e os países serem capazes de
comparar seus dados, a Organização Mundial de Saúde - OMS recomenda a antropometria.
Os índices antropométricos, resultantes da combinação de duas ou mais informações
antropométricas, como peso, sexo, idade e altura, dentre outras, têm sido amplamente
recomendados (WHO, 2003). Benseñor e Lotufo (2007) assinalam que dentre os diversos
critérios disponibilizados na literatura, as proposições da International Obesity Task Force -
IOTF (COLE et al., 2000), World Health Organization – WHO (1995), Centers for Disease
Control and Prevention - CDC (2000), Kuczmarski et al. (2002) e Must et al. (1992) têm sido
amplamente utilizadas e não podem ser ignoradas. Enfatizam ainda que, mais recentemente,
Conde e Monteiro (2006) propuseram valores críticos de IMC para crianças e adolescentes
brasileiros (FARIAS JÚNIOR et al., 2009).
Para Neovius et al. (2004), é preciso uma maior discussão sobre a validade dos
critérios que têm sido propostos, sobretudo em populações diferentes daquelas para as quais
foram desenvolvidos. A literatura, ainda de maneira modesta, tem manifestado essa
preocupação, observando que reduzida parcela de estudos que compararam a prevalência de
excesso de peso, determinada por diferentes critérios de classificação do IMC, avaliaram de
fato a sensibilidade e a especificidade desses critérios quando utilizados com adolescentes.
No final da década de 90 Sardinha et al. (1999) já alertavam em sua produção
científica sobre a ausência de critérios adequados para a identificação e captação precoce do
risco de obesidade da infância e da adolesncia. Destacava-se que essa demora estava
contribuindo para o aumento da prevalência do quadro de obesidade na idade adulta. Dez anos
depois o impasse continua e alguns estudiosos destacam a necessidade de estabelecimento de
critérios que contemplem as diferenças que ocorrem nesse período da vida.
Recentemente, no Chile, devido ao registro do aumento da obesidade infantil, foi
realizado um estudo que avaliou a correlação entre os indicadores antropométricos de
Estudo 3 | 135
obesidade (peso e altura) e obesidade central (circunferência da cintura). A amostra foi
constituída por 1154 crianças, na faixa etária entre 3,0 - 5,9 anos. Os objetivos propostos no
trabalho foram avaliar o estado nutricional das crianças inscritas no Conselho Nacional de
Creches, e avaliar também a concordância geral entre obesidade central e medidas
antropométricas das crianças. Constatou-se a que a prevalência de obesidade foi de cerca de
16% com ambos os indicadores, enquanto que a obesidade central foi de 15%. Verificou-se
que a correlação estabelecida entre os indicadores antropométricos de obesidade geral e
central foi positiva. Os pesquisadores concluíram ainda que as crianças, beneficiárias do
programa de assistência social do Chile, possuem uma alta prevalência de obesidade e
obesidade central. Os estudos demonstraram também que não é necessária a inclusão de
medidas de circunferências da cintura para o programa de vigilância nutricional do país
(GUTIERREZ - GOMEZ et al., 2009).
Estimar a prevalência de excesso de peso em adolescentes conforme critérios de
classificação do índice de massa corporal (IMC) e respectiva sensibilidade e especificidade
foi o objetivo do trabalho publicado por Farias Júnior et al. (2009). Foram realizadas medidas
de peso, estatura e dobras cutâneas, subescapular e triciptal, em 934 adolescentes, de 14 a 18
anos de idade, da cidade de Florianópolis (SC). O percentual de gordura estimado a partir das
dobras cutâneas foi utilizado como critério padrão-ouro para determinar a sensibilidade e
especificidade dos critérios de classificação do IMC dos adolescentes participantes. A
aplicação de diferentes pontos de corte de classificação do IMC, em geral, resultou em
prevalências de excesso de peso similares (p>0,05). A sensibilidade dos critérios avaliados foi
elevada nos adolescentes do sexo masculino (85,4% a 91,7%) e baixa nas do sexo feminino
(33,8% a 52,8%). A especificidade foi elevada em todos os critérios, para ambos os sexos
(83,6% a 98,8%). As estimativas de prevalência de excesso de peso pelos critérios de
classificação do IMC em adolescentes foram similares e apresentaram especificidade elevada
136 | Estudo 3
para ambos os sexos, mas baixa sensibilidade nos adolescentes do sexo feminino (FARIAS
JÚNIOR et al., 2009).
O objetivo do trabalho de Gatti e Ribeiro (2007) foi estimar a prevalência de excesso
de peso em adolescentes de 10 a 14 anos, segundo a maturação sexual. Constituiu-se uma
amostra representativa de 491 adolescentes de escolas públicas e privadas da cidade de
Guarapuava-Paraná. A coleta de dados para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) foi
realizada obtendo-se medidas de peso e de altura. Para definir a maturação sexual considerou-
se a ocorrência de menarca em meninas e de pelos axilares em meninos. A maturação sexual
mostrou-se presente em 50,1% destes, enquanto 17,9% apresentaram sobrepeso com diferença
estatisticamente significativa (p<0,05) e 4,1% apresentaram obesidade (p>0,05). Diante dos
resultados apresentados percebeu-se que o advento da maturação sexual provocou alterações
corporais significativas com incremento da adiposidade no sexo feminino e de massa
muscular em meninos (GATTI; RIBEIRO, 2007)
Em termos práticos, não é possível ignorar a realidade brasileira e os estudos citados
revelam o crescente aumento da obesidade tanto na infância como na adolescência. A
Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF- IBGE (2006), realizada no Brasil, constatou que
no período compreendido entre 2002 e 2003, 12,3% e 2,3% dos adolescentes, de 10 a 19 anos,
estavam com sobrepeso ou obesos, respectivamente. Destes, 1,8% eram meninos e 2,9%
meninas. Recentemente outros estudos (GATTI; RIBEIRO, 2007) indicaram a necessidade de
utilização de um critério diagnóstico capaz de mensurar o estado nutricional da população
infantil e adolescente. Percebe-se que embora o uso do IMC - Índice de Massa Corporal tenha
limitações evidenciadas em alguns trabalhos, comprovadamente tem sido o indicador mais
utilizado. Em síntese, apesar das discussões, muitos estudos demonstram em seus resultados
que o IMC tem apresentado comprovada correlação com medidas de dobras subcutâneas e
densiometria, o que torna seu uso bastante razoável e confiável (NASCIMENTO, 2007).
Estudo 3 | 137
Diante de tal realidade, justifica-se a escolha dessa medida para a identificação do estado
nutricional dos adolescentes da região norte.
Na amostra estudada, na cidade de Manaus, verificou-se que não houve diferença
significativa entre o IMC médio dos estudantes do sexo feminino e masculino. Comprovou-se
também que os diferentes grupos de adolescentes, 14 a 15 anos e 16 a 17 anos, não possuem
IMC diferentes. Quanto à classificação por percentil, foi diagnosticado que 11,7%
apresentaram sobrepeso e 7,4% apresentaram prevalência de obesidade. Efetuada a soma
entre os adolescentes com sobrepeso e obesidade verifica-se que 19,1% dos estudantes estão
com excesso de peso.
No estudo proposto por Nascimento (2007), trabalho semelhante ao estudo presente,
foi possível constatar que não houve diferença significativa entre IMC médio dos alunos do
sexo masculino e do sexo feminino. Diferentemente do estudo realizado na região norte,
comprovou-se que os diferentes grupos de idade pesquisados na cidade de Ribeirão Preto
apresentaram IMC médio diferentes. Foi possível observar, com base nos resultados
apresentados, que para ambos os sexos o IMC aumentou de acordo com a idade do estudante
(participante do estudo). Ao comparar os dados das duas pesquisas é interessante mencionar a
diferenciação das faixas etárias definidas como público-alvo do estudo nas duas regiões
brasileiras. Nascimento (2007) delimitou como público-alvo do trabalho estudantes de 7 a 14
anos, crianças e adolescentes, ambos em fase de crescimento. Portanto, é natural que crianças
e adolescentes ganhem peso à medida que crescem, normalmente é nessa ocasião do
desenvolvimento que aumenta o tamanho e o volume dos ossos, músculos e quantidade de
massa gorda (YEPEZ; CARRASCO; BALDÉON, 2008).
Quanto à classificação do percentil dos estudantes da região sudeste, na cidade de
Ribeirão Preto, o estudo mostrou que 12,4% dos estudantes apresentavam sobrepeso e em
11,4% dos estudantes participantes foi constatada a prevalência de obesidade. Ao efetuar a
138 | Estudo 3
soma dos estudantes com sobrepeso e obesidade, verificou-se que 23,8% do universo total de
participantes comprovadamente estavam acima do peso.
É interessante comparar estes resultados com a situação epidemiológica dos países
vizinhos. O primeiro estudo nacional para determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade
em adolescentes escolares no Equador foi publicado no ano de 2009. A amostra do trabalho
foi composta por 2.829 estudantes, entre 12 e <19 anos, matriculados em escolas públicas e
privadas de grandes cidades do litoral e da Serra. Foram medidos peso e altura e índice de
massa corporal calculado (IMC). Os resultados apresentados no estudo indicam que o excesso
de peso afeta 21,2% dos adolescentes, que apresentam um sobrepeso de 13,7% e obesidade de
7,5% (YEPEZ; CARRASCO; BALDÉON, 2008). O excesso de peso encontrado foi
significativamente maior na Costa, 24,7% do que na Serra, 17,7%. Os resultados apresentados
no estudo demonstram também que o excesso de peso foi significativamente maior nos
adolescentes de escolas privadas (25,3%) do que nas públicas (18,9%) e foi mais comum em
mulheres (21,5%) que em homens (20,8% ).
Estudo proposto por Pelegrini et al. (2008) teve como objetivo determinar a
prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares brasileiros de acordo com sexo, idade e
região geográfica. Foi realizado com 36.976 alunos, com idade entre 10-15 anos, entre 2004 e
2005, utilizando dados secundários provenientes de uma escola baseada em inquérito
epidemiológico de seção transversal, denominado Projeto Esporte Brasil - PROESP-BR. O off
índice de massa corporal de corte proposto pela International Obesity Task Force foi utilizada
como critério diagnóstico de sobrepeso e obesidade. A prevalência de sobrepeso e obesidade
foi de 11,9% e 2,6%, respectivamente, com uma maior proporção de sobrepeso entre as
meninas e de obesidade entre os meninos. Uma associação foi observada entre excesso de
peso, idade e região brasileira, com a demonstração de odds ratios de sobrepeso entre crianças
de 10 a 13 anos e crianças oriundas do Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Obesidade foi
Estudo 3 | 139
significativamente associada a sexo, idade e região, indicando odds ratio maior entre os
meninos, crianças de 10 a 13 anos e crianças das regiões Sul e Sudeste (PELEGRINI et al.,
2008).
Os resultados deste estudo mostram que a menor prevalência de sobrepeso foi
encontrada na região norte e a menor prevalência de obesidade nas regiões norte e nordeste.
As maiores taxas de prevalência de sobrepeso foram observadas na região sul, em ambos os
sexos, e quanto à obesidade foi mais prevalente nas regiões sul e sudeste. A análise
multivariada de sobrepeso e obesidade segundo o sexo, idade e região mostra que o sobrepeso
foi associado significativamente à idade e à região, mas não ao sexo (PELEGRINI et al.,
2008).
Os resultados dos estudos apresentados mostram que os índices de obesidade
encontrados nos estudantes adolescentes do Equador são praticamente iguais aos registrados
em Manaus, 7,5% e 7,4%, respectivamente. O índice de obesidade encontrado em Ribeirão
Preto foi de 11,4%, o maior dentre os três resultados comparados, semelhante ao encontrado
por Pelegrini et al. (2008). Quanto ao sobrepeso, o Equador desponta com o maior índice,
13,7%. Os resultados apresentados nos trabalhos apresentam concordância quanto à
prevalência de excesso de peso em adolescentes, um dado preocupante que tem merecido
atenção de diversos países do mundo, quer sejam eles desenvolvidos ou em fase de
desenvolvimento.
Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde de adolescentes e sua associação ao
excesso de peso foi o objetivo do estudo proposto por Kunkel, Oliveira e Peres (2009),
realizado com uma amostra de 467 adolescentes, de 15 a 18 anos, em uma escola pública de
Florianópolis (SC) e de seus respectivos pais. A qualidade de vida relacionada à saúde foi
avaliada por meio do questionário sobre qualidade de vida pediátrica PedsQL 4.0, versões
adolescente e pais. A prevalência de sobrepeso constatada foi de 12,2% e de obesidade, 3,6%.
140 | Estudo 3
Os adolescentes do sexo masculino apresentaram maior prevalência de sobrepeso (17,9%) que
as do sexo feminino (8,8%). Os resultados obtidos mostram que o grupo com excesso de peso
obteve menores escores de qualidade de vida que o grupo sem excesso de peso, exceto para o
domínio emocional nos adolescentes e na saúde psicossocial para os pais. Adolescentes do
sexo feminino apresentaram escores mais baixos de qualidade de vida.
Determinar a prevalência e os fatores associados ao sobrepeso e à obesidade em
adolescentes de zona urbana foi o objetivo do trabalho realizado por Terres et al. (2006) no
município de Pelotas, Rio Grande do Sul. Um total de 960 adolescentes, entre 15 e 18 anos de
idade foram medidos, pesados e responderam a questionário autoaplicável. A prevalência de
sobrepeso e obesidade foi definida a partir do Índice de Massa Corporal, mediante a utilização
dos pontos de corte, ajustados à idade e ao sexo. Comprovou-se uma prevalência de sobrepeso
de 20,9% e de obesidade, 5%. Verificou-se associação de sobrepeso e obesidade ao relato de
obesidade dos pais e maturação sexual do adolescente. Os resultados apresentados concordam
com aqueles relatados na literatura ao constatar que, dentre as regiões do país, a região sul
tem apresentado as maiores prevalências de obesidade, sendo semelhantes e até superiores a
países desenvolvidos (PELEGRINI et al., 2008; TERRES et al., 2006; GIGANTE; MOURA;
SARDINHA, 2009).
Trabalho proposto por Zancul e Fabbro (2005) teve como objetivo avaliar o estado
nutricional de alunos de 5ª a 8ª série nas escolas de ensino fundamental das redes municipal,
estadual e particular no município de Ribeirão Preto (SP). A classificação do estado
nutricional dos 401 estudantes, estabelecida de acordo com o IMC para idade e sexo, permitiu
verificar que 12,6% dos escolares apresentaram sobrepeso e 8,5%, obesidade. Ao comparar os
escolares por gênero, verificou-se uma porcentagem de sobrepeso maior nas estudantes
14,6%, enquanto os meninos apresentaram uma prevalência de sobrepeso de 10,1%. A maior
porcentagem de obesidade registrada foi verificada nos estudantes do sexo masculino 13,2%,
Estudo 3 | 141
nas meninas, 4,7%. Os resultados deste estudo realizado em Ribeirão Preto são semelhantes
aos apresentados por Nascimento (2007), Santos (2003) e Quaioti (2002). As prevalências de
sobrepeso e obesidade relatadas são semelhantes às encontradas em pesquisas nacionais e
internacionais realizadas com crianças e adolescentes demonstrando que o excesso de peso é
de fato um problema crescente.
Avaliar a associação da obesidade com as práticas alimentares e conhecimentos de
nutrição em escolares foi o objetivo da pesquisa científica realizada por Triches e Giugliani
(2005). Peso e estatura foram medidos em 573 crianças de todas as escolas municipais de
Dois Irmãos e Morro Reuter, RS. Obesidade foi definida como índice de massa corporal
acima do percentil 95, tendo como referência os dados do National Centerfor Health
Statistics. Práticas alimentares e conhecimentos em nutrição foram avaliados por questionário
autoaplicado aos escolares. A prevalência de sobrepeso encontrada foi de 16,9% e de
obesidade, 7,5%. A prevalência de sobrepeso e obesidade no sexo feminino foi,
respectivamente, de 16,6% e 7,6%, e no sexo masculino, de 17,3% e 7,4%, mostrando-se
muito similares. O resultado do estudo comprovou que o conhecimento que as crianças
tinham sobre nutrição não teve relação direta com sobrepeso ou obesidade (TRICHES;
GIUGLIANI, 2005).
Com base no exposto é possível afirmar que a prevalência de sobrepeso e obesidade
observada na cidade de Manaus, 11,7% e 7,4% respectivamente, concordam com alguns
resultados encontrados em alguns estudos apresentados e discordam de outros, em alguns
aspectos. De acordo com Pelegrini et al. (2008) os estudos nacionais têm apresentado
resultados contraditórios, alguns apresentando uma maior proporção de peso no sexo
feminino outros no sexo feminino enquanto parte deles ainda não identifica diferenças
significativas entre os sexos. No que diz respeito à prevalência de sobrepeso e obesidade de
acordo com a região geográfica, o resultado obtido corrobora os dados apresentados na
142 | Estudo 3
Pesquisa de Orçamento Familiar - POF, que relata maior prevalência nas regiões mais
desenvolvidas (sul, sudeste e centro-oeste) e taxas mais baixas nas regiões economicamente
emergentes (norte e nordeste). Corrobora parcialmente com os resultados apresentados por
Pelegrini et al. (2008), ao determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares
brasileiros de acordo com sexo, idade e região geográfica.
Para Gigante, Moura e Sardinha (2009) a prevalência da obesidade tem apresentado
crescimento em países de renda alta e baixa, entre crianças, adolescentes e adultos.
Publicações demonstram que nos países de renda alta, a obesidade atinge principalmente a
população menos privilegiada (SOBAL; STUNKARD, 1989; SOBAL; RAUSCHENBACH;
FRONGILLO, 1992, 2003). Monteiro et al. (2004) realizaram pesquisas que mostram que
nos países em desenvolvimento, a prevalência de obesidade era maior na população de maior
concentração de renda. No entanto, ao dar continuidade a essa discussão e procederem a uma
revisão com estudos de populações de países em desenvolvimento, verificaram uma tendência
à reversão da associação entre condições socioeconômicas e obesidade, evidenciando
comportamento similar em países desenvolvidos (MONTEIRO et al., 2006).
Alguns autores afirmam que o processo de transição demográfica e econômica ao qual
estão submetidos muitos países em processo de desenvolvimento contribui para a mudança do
padrão alimentar (BARBOSA et al., 2009). Outros salientam que o Brasil e os diversos
países da América Latina experimentaram, num espaço de vinte anos, uma acelerada transição
demográfica, epidemiológica e nutricional. A teoria da transição demográfica postula que os
países tendem a percorrer, de maneira progressiva, quatro estágios na sua dinâmica
populacional. O primeiro é caracterizado por um equilíbrio populacional decorrente das altas
taxas de natalidade e mortalidade, principalmente a infantil. No segundo estágio, em
decorrência da redução da taxa de mortalidade infantil e da conservação da alta taxa de
fecundidade, ocorre a explosão demográfica. Diante do fenômeno do envelhecimento
Estudo 3 | 143
populacional, consequência da redução acelerada das taxas de fecundidade e baixas taxas de
mortalidade, ocorre o terceiro estágio, onde se encontra a população brasileira. O último
estágio é também conhecido como fase moderna da transição e caracteriza-se por baixas taxas
de fecundidade e mortalidade, que proporcionam o equilíbrio populacional (OLIVEIRA,
2004; SCHKOLNIK, 1998; PEREIRA, 1995).
Os resultados apresentados nas pesquisas mostram que os estágios de desenvolvimento
da transição demográfica apresentam diferenciações nos diversos países da America Latina,
demonstrando ainda que, independente do estágio em que o país esteja, está sendo registrado
um aumento da prevalência da obesidade, nos mais diversos subgrupos populacionais, em
quase todos os países latino-americanos (OLIVEIRA, 2004).
Os índices de sobrepeso e obesidade encontrados no presente estudo, quando
comparados com outros estudos internacionais e nacionais, realizados recentemente com
adolescentes, comprovam essa afirmação. O nível de sobrepeso e obesidade encontrado nos
adolescentes da região norte, embora mais baixo que nos países desenvolvidos e mais
reduzido que em algumas regiões brasileiras, é considerado elevado. Até bem pouco tempo
atrás esses índices seriam registrados apenas nas regiões brasileiras consideradas
economicamente mais desenvolvidas (sul, sudeste e centro-oeste) e indicadores mais baixos
seriam registrados nas regiões economicamente emergentes (norte e nordeste).
É interessante retornar ao estudo de Pelegrini et al. (2008) ao determinarem a
prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares brasileiros de acordo com o sexo, idade e
região demográfica. Ao discutir os resultados, os autores revelam que a prevalência de
sobrepeso em crianças norteamericanas, na faixa etária de 6 a 11 anos e adolescente na faixa
etária de 12 a 19 anos, aumentou de maneira drástica entre os anos 1960 e 1990. Os autores
mencionam também a realização de um estudo multicêntrico, proposto por Wang, Monteiro e
Popkin, publicado no ano de 2002, em que foi incluída uma amostra populacional
144 | Estudo 3
representativa de crianças e adolescentes dos Estados Unidos, Brasil, China e Rússia e na
ocasião já era observada uma tendência de aumento de obesidade. Ao reportarem-se à
realidade de nosso país, os autores mostraram que a desnutrição diminuíra entre 1974 e 1997,
enquanto o excesso de peso triplicara no mesmo período.
Ao mesmo tempo em que se constata o rápido declínio da ocorrência de desnutrição
em crianças e adultos, verifica-se acelerado aumento de sobrepeso e obesidade na população
brasileira. De acordo com Batista Filho e Rissin (2003), a projeção dos resultados de estudos
que têm sido realizados nas três últimas décadas é indicadora de um comportamento
epidêmico do problema. Na visão dos autores é estabelecido um antagonismo de tendências
temporais entre desnutrição e obesidade. Para os estudiosos é evidente que as diferenças
geográficas expressem as diferenciações sociais na distribuição da obesidade nas regiões
brasileiras. Inicialmente acreditava-se na maior prevalência de sobrepeso e obesidade nas
regiões mais ricas, uma condição percebida como discriminante dos cenários epidemiológicos
existente nas regiões nordeste e sudeste. No entanto, é percebida a ocorrência da obesidade
nos estratos de renda mais baixa, um comportamento ascendente, que tem sido evidenciado
em curto espaço de tempo (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).
Alguns estudos nos permitem compreender que o excesso de peso registrado nas
regiões brasileiras, particularmente no estudo presente, na região norte, está atrelado aos
efeitos da internacionalização dos mercados e das mudanças provocadas pelo mundo
globalizado. O estilo de vida dessas populações com toda certeza não é mais o mesmo de
algumas décadas passadas e o desenvolvimento pode ter demorado a chegar à região norte um
pouco mais, no entanto, quando ocorreu se deu de forma intensa e acelerada.
A mudança no estilo de vida pode ser comprovada quando se buscou associar o IMC
dos adolescentes com o hábito de assistir à televisão. Comprovou-se que entre os estudantes
do sexo masculino foi encontrada diferença significativa entre o IMC médio e horas assistindo
Estudo 3 | 145
televisão por dia. Mesmo resultado apresentado por Nascimento (2007) com as crianças e
adolescentes de Ribeirão Preto, por Fin e Marchese (2009) com adolescentes de Londrina,
quando se comprovou que as meninas tinham uma baixa frequência de atividade física e
grande disposição para gastar mais de 4 horas com televisão e computador. Observou-se
também que entre os meninos que apresentaram sobrepeso, havia uma porcentagem
significativa de elevado número de horas dedicadas à assistir televisão e a utilizar
computador. Por Borges et al. (2007), ao determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade
em escolares de 6 a 11 anos, da rede pública de ensino de Ponta Grossa - PR, avaliar o tempo
de permanência em frente à TV. Os dados mostram que 37,5% das crianças obesas dedicaram
de 2 a 3 horas/dia semanais a assistir à televisão. Os resultados indicaram a existência de uma
associação entre o tempo dedicado à TV e a prevalência de sobrepeso e obesidade. Formentin
et al. (2008), avaliaram o estado nutricional, maturação e nível de atividade física, e
correlacionaram o IMC, porcentual de gordura e horas assistindo à televisão em escolares de
10 a 15 anos da rede pública e privada de Porto Alegre. Concluiu-se que, independente do
tipo da escola, a maioria dos escolares é considerada fisicamente inativa, apresentando um
porcentual de sobrepeso e obesidade de risco e médias altas de horas que assistem à televisão.
Fonseca, Sichieri e Veiga (1998) avaliaram os fatores associados à obesidade em
adolescentes no município de Niterói e por Dietz (1990) ao mostrar que o número de horas
que um adolescente passa assistindo à televisão é um importante fator associado à obesidade,
acarretando um aumento de 2% na prevalência da obesidade para cada hora adicional de
televisão em jovens de 12 a 17 anos.
Foi possível observar que alguns estudos mostram que as meninas têm diferenciada
reação comportamental frente à influência exercida pela televisão, em relação aos produtos
alimentícios anunciados nas propagandas comerciais e em relação à prática de atividades
sedentárias (FONSECA; SICHIERI; VEIGA, 1998). As meninas têm maior preocupação com
146 | Estudo 3
a silhueta, com a aparência física, optam pela adoção de dietas e omitem refeições para não
obterem ganho de peso.
1. Questionário de Avaliação de consumo - Parte A
A análise dos dados obtidos no presente estudo mostra que as mães foram
consideradas as principais responsáveis pela compra dos produtos alimentícios consumidos
pelas famílias dos estudantes adolescentes. Muitos trabalhos enfatizam que a mãe é a figura
principal na dinâmica alimentar da família, cabendo a ela a seleção e a compra dos alimentos,
a confecção e o fornecimento das refeições (COBELO, 2004; GOLAN; CROW, 2004; MAY
et al., 2006).
Quanto aos fatores relacionados ao planejamento de compras e ao consumo dos
adolescentes de Manaus, foi possível verificar que os estudantes planejam o que vão comprar
para sua alimentação antecipadamente. O estudo de Nascimento (2007), realizado com as
crianças, adolescentes e famílias de Ribeirão Preto, mostra que a maior parte dos responsáveis
pela compra de alimentos consumidos também elabora antecipadamente uma lista de
compras. Chama a atenção o fato das famílias de baixa renda, público constituinte da
pesquisa, focalizarem suas compras nas necessidades efetivas de consumo. Acredita-se que
embora o estudo proposto na cidade de Manaus tenha se efetuado com adolescentes,
certamente um público mais impulsivo, este precise inicialmente controlar a vontade de
consumo supérfluo porque não possui uma atividade remunerada capaz de financiar a ousadia
e também por conhecer sua realidade econômica familiar. Uma atitude de consumo impulsivo
do adolescente, com toda certeza, poderia comprometer o orçamento familiar.
A correlação estabelecida entre planejar o que vai comprar ou pedir e os fatores que
poderiam influenciar a decisão dos estudantes na compra de alimentos, associou-se de forma
Estudo 3 | 147
positiva ao sabor, ao preço, às características nutricionais e ao que viu em comerciais de
televisão. Os dados demonstram que os adolescentes planejam as compras, inicialmente
consideram o sabor do alimento, posteriormente o preço, seguido das características
nutricionais e finalmente observam se viram sua divulgação publicitária na televisão.
Para Estima, Philippi e Alvarenga (2009), dentre os fatores biológicos, as
características sensoriais dos alimentos, especialmente o sabor, são apontadas como um dos
principais fatores determinantes do consumo alimentar. Alguns estudos mostram que o sabor
é uma das características menos negociáveis no momento da escolha do produto alimentício.
Contrariando as afirmações que assinalam a impulsividade como uma das
características principais dessa fase de desenvolvimento do indivíduo, os dados coletados
mostram que os adolescentes do IFAM indicaram o sabor como primeira alternativa, mas em
seguida vem a razão, o preço dos alimentos. Para complementar esta discussão é preciso
lembrar Furnham e Gunther (2001) ao afirmarem que apesar dos gostos semelhantes numa
mesma faixa etária, o fator social pode afetar os hábitos de consumo. O autor salienta em seu
estudo que a aprendizagem de consumo de uma criança de família de baixa renda é
diferenciada das crianças de famílias mais favorecidas, porque na maioria das vezes não
podem consumir como as famílias de classes sociais mais elevadas. O estudo realizado em
Manaus e por Nascimento (2007) corrobora tal afirmação, com o preço dos alimentos
aparecendo como um dos principais indicadores de consumo. Nos dois estudos as
características nutricionais aparecem como terceiro indicador de consumo, o que demonstra
não ser a maior preocupação por parte dos consumidores nas duas regiões citadas, norte e
sudeste.
Os dados obtidos evidenciaram uma correlação positiva entre o IMC dos adolescentes
e a tomada de decisão de compra de alimentos, verificando-se uma correlação positiva nas
categorias características nutricionais e nos alimentos que viu na televisão. Foi possível
148 | Estudo 3
compreender também que não houve correlação significativa entre o IMC dos adolescentes e
fatores relacionados ao planejamento de compras e consumo de alimentos. Tal resultado é
similar ao encontrado por Nascimento (2007) em Ribeirão Preto que sugere que, embora
pudesse existir uma relação entre o peso dos adolescentes e a disponibilidade de produtos
alimentícios ofertados para consumo na sua residência, essa relação não foi significativa.
Para discutir esses dados é preciso reportar-nos ao conceito de Canclini (2001, p. 77)
“consumo é o conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e o uso
dos produtos”. Diante de tal afirmação, não é possível ignorar as implicações relativas à renda
per capita das famílias pesquisadas. De acordo com Estima, Philippi e Alvarenga (2009), o
acesso aos alimentos e a disponibilidade dos mesmos nas residências dependem de alguns
fatores como renda familiar, escolaridade do chefe da família e até mesmo dos outros
membros da família.
Dada a indiscutível importância dos fatores determinantes de consumo alimentar
expostos pelas autoras acima citadas (ESTIMA; PHILIPPI; ALVARENGA, 2009), é preciso
destacar o resultado encontrado com relação à compra de produtos alimentícios recém -
lançados no mercado. Acredita-se que exista curiosidade em relação a esses produtos,
frequentemente divulgados pela mídia, no entanto, mais uma vez é necessário enfatizar as
limitações provenientes do fator econômico, determinante para o comportamento de consumo
dos adolescentes. Cabe mencionar o trabalho apresentado por Batalha, Luchese e Lambert
(2005), citado por Jomori, Proença e Calvo (2008) ao destacar que o preço dos produtos
alimentícios é considerado caro pela maioria dos consumidores de diferentes níveis de renda.
Dentro desta perspectiva, as variáveis de preço e renda certamente exercem influência nas
decisões de compra, no entanto não podem ser consideradas como variáveis isoladas quando
se pretende interpretar o comportamento do consumidor (JOMORI; PROENÇA; CALVO,
2008).
Estudo 3 | 149
Os dados aqui apresentados demonstraram que apesar de raramente os adolescentes
adquirirem produtos recém-lançados no mercado consumidor, a compra desses esteve
associada de forma efetiva à indicação de amigos. Nesse sentido, é importante retomar as
afirmações iniciais deste texto, relativas à adolescência. Alguns trabalhos mostram que apesar
da família ser o primeiro grupo de referência para os adolescentes, quando se trata de
alimentação, os amigos exercem papel decisivo na consolidação do hábito alimentar (RUFFO,
1997; MAESTRO, 2002). Os adolescentes precisam ser aceitos nos grupos sociais e podem
adotar hábitos alimentares inadequados para que se sintam integrantes da mesma “tribo”.
Esta é uma constatação presente em muitos estudos.
Observou-se que no estudo proposto por Nascimento (2007), os familiares
responderam o questionário, instrumento utilizado para coleta dos dados, portanto, mesmo
diante de uma amostra composta por uma população com restrito índice de escolarização, o
que não ocorria em Manaus (adolescentes do ensino médio), o resultado obtido mostrou que a
escolha do produto alimentício se iniciava diante das informações sobre os produtos
alimentícios contidos no rótulo da embalagem, uma forma mais criteriosa de seleção e compra
dos alimentos. Acredita-se que a constituição da amostra tenha sido um fator determinante
para a divergência entre os resultados obtidos nas duas regiões. Embora perceba com relativa
surpresa que uma população não muito escolarizada manifeste esse tipo de preocupação.
Ao examinar os dados dos estudos nas duas regiões brasileiras, verifica-se ainda que a
compra de novos alimentos (embora restrita) associou-se a todos os demais fatores de escolha
apresentados aos adolescentes. É possível afirmar que, quando compravam alimentos recém-
lançados, faziam-no baseados na indicação dos amigos, porque provaram em degustação
oferecida nos supermercados, tinham como referência informações contidas nas embalagens
dos produtos, quando não tinham informações sobre a marca e porque viram em comerciais
de televisão. Diante do exposto é possível perceber que todos os fatores apresentados aos
150 | Estudo 3
adolescentes exerceram influência na escolha, quer seja das famílias (Ribeirão Preto) ou dos
adolescentes (Manaus).
No presente estudo comprovou-se também que houve correlação significativa entre o
IMC dos adolescentes e o comportamento de compra de novos alimentos e os fatores a ele
associados para as categorias indicação de amigos, degustação e viu na televisão. Verifica-se
que o Índice de Massa Corporal dos adolescentes pode ter sofrido influência destes fatores,
fato compreensível diante das considerações mencionadas no decorrer do presente estudo. Ao
tecer comparações com o estudo de Nascimento (2007), verifica-se que o resultado
apresentado na região sudeste não demonstra correlação significativa entre o IMC dos
estudantes e o comportamento de compra de novos alimentos pelo familiar e os fatores a eles
associados. Para a autora este dado reforçou a constatação de que o peso do estudante, sujeito
da pesquisa, não variou diretamente em função da decisão de compra do familiar
(NASCIMENTO, 2007).
Ao se apresentarem os dados sobre o comportamento dos estudantes em relação à
compra de produtos industrializados, verificou-se que 59% dos adolescentes compraram mais
de 20% de produtos industrializados, prontos para consumo e próprios para lanches e
refeições. Ao proceder à correlação entre o IMC dos adolescentes e a decisão de compra de
produtos industrializados, o resultado comprovou a existência de uma correlação positiva
significativa. Comprovadamente, expressiva parcela dos adolescentes do IFAM alimenta-se
de produtos semi-prontos e industrializados. É interessante destacar que a totalidade dos
adolescentes permanece período integral na instituição de ensino, frequenta aulas nos dois
períodos, manhã e tarde, pratica atividades esportivas duas vezes por semana e alguns fazem
parte das equipes esportivas competitivas do colégio. Diante disso, a totalidade dos
participantes realiza a maior parte das refeições no ambiente escolar (cantina) ou nos locais
próximos onde são comercializados alimentos prontos e industrializados. Acredita-se que a
Estudo 3 | 151
rotina diária dos estudantes possa justificar a existência de uma correlação positiva
significativa entre o IMC e as decisões de compra de produtos industrializados.
Ao comparar os resultados obtidos com os apresentados por Nascimento (2007),
conforme tem sido feito, foi possível constatar ausência de similaridades entre os dois resultados.
Verificou-se que as famílias pesquisadas na região sudeste adquiriram poucos produtos
industrializados. A pesquisadora atribui a restrição de compra ao fator econômico, e estabelece
sua discussão a partir da relação de custo dos produtos in natura e custo dos produtos
industrializados. No presente estudo os adolescentes, constituem o universo populacional da
pesquisa, portanto, responderam o Questionário de Avaliação de Consumo – QAC e certamente
expressaram peculiaridades que retratam essa fase de desenvolvimento humano, de forma mais
personalizada que os familiares das crianças e adolescentes de Ribeirão Preto. É possível
compreender que alguns fatores possam ter influenciado o resultado dos dois estudos, dentre eles
a faixa etária dos sujeitos que responderam os instrumentos de coleta de dados. Conforme foi dito,
para os adolescentes constituem-se fatores determinantes para o consumo de alimentos, a rapidez,
a praticidade, a influência da mídia e o círculo de amigos. Em síntese, acredita-se que os
adolescentes do IFAM, residentes em Manaus, tenham diferenciados fatores para apontar o
consumo de alimentos industrializados de forma diferenciada das famílias de Ribeirão Preto,
dentre alguns a distância do ambiente familiar na maioria das refeições, irrestrita disponibilidade
para o consumo e ainda a variedade de produtos e preços oferecidos nas proximidades do
ambiente escolar.
4. Questionário de Avaliação de Consumo – Parte B
Sabe-se das limitações existentes entre os diversos métodos de obtenção de
informações sobre o consumo de alimentos em participantes dos mais diferenciados estudos.
152 | Estudo 3
Trabalhos mostram que existe uma dúvida se alguns dos métodos que têm sido amplamente
utilizados poderiam ser considerados padrão-ouro em termos de validade, uma vez que cada
um tem apresentado suas vantagens e desvantagens (MARCONDELLI; MARAGON;
SCHMITZ, 2004).
Dentre muitos indicadores apontados na literatura o Questionário de Frequência de
Consumo Alimentar foi selecionado para este estudo. A escolha do método justifica-se diante
da exposição de suas características para aplicação, dentre elas, a possibilidade de obtenção de
informações detalhadas de alimentos específicos, além de ser de rápida administração e de
baixo custo.
Para Oehlschlaeger et al. (2004) os adolescentes têm sido alvos de estudos em todo o
mundo por apresentarem altos índices de comportamento de risco, como a diminuição da
prática de atividade física, hábitos alimentares irregulares e transtornos psicológicos. Há
estudos sobre alimentação de grupos de adolescentes que mostram uma alimentação com
pouco equilíbrio, carente de produtos lácteos, verduras, frutas e legumes e farta utilização de
açúcar e gordura, um dos fatores que podem predispor o organismo ao risco de doenças
degenerativas (GAMBARDELLA, 1995).
A literatura especializada tem comprovado que as alterações dietéticas podem não
somente influenciar a saúde atual, mas também determinar a ocorrência futura de patologias
como câncer, doenças cardiovasculares e diabetes (WHO, 2002). A atual evidência científica
apresenta forte comprovação do papel da dieta na prevenção e controle da morbidade
atribuída às doenças crônicas não transmissíveis - DCNT. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde - OMS, no ano de 2001, aproximadamente 60% do total de mortes
relatadas no mundo e 46% da carga global de doenças foi atribuída às doenças crônicas não
transmissíveis. As projeções apontam que em 2020 essas doenças responderão por 58% da
carga global de doença no mundo (WHO, 2002).
Estudo 3 | 153
Desde o ano de 2006, há um sistema de vigilância que tem como objetivo acompanhar
a frequência e distribuição de fatores de risco de DCNT nas capitais de todos os estados
brasileiros e no Distrito Federal. A Vigilância dos Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas não transmissíveis por Inquérito Telefônico - Vigitel apóia-se na aplicação de
entrevistas telefônicas realizadas com amostras probabilísticas da população adulta das
capitais brasileiras. Os indicadores do consumo de alimentos e bebidas empregados pelo
sistema Vigitel são considerados pelos pesquisadores reprodutíveis e acurados (MONTEIRO
et al., 2008), portanto, capazes de oferecer um instrumento útil para a implementação de
políticas públicas de promoção de uma dieta alimentar mais saudável favorecendo o controle
das doenças crônicas não transmissíveis relacionadas à alimentação.
Monteiro et al. (2008), ao avaliarem a reprodutibilidade e a validade de indicadores do
consumo de alimentos e bebidas obtidos por inquérito telefônico assinalam que no Brasil as
DCNT respondem por 62,8% do total de mortes por causa desconhecida. Relatam em seu
estudo que séries históricas de estatísticas de mortalidade disponíveis para as capitais dos
estados brasileiros indicam que a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três
vezes entre as décadas de 1930 e 1990. Os autores apresentam dados da Organização Mundial
de Saúde - OMS que indicam que um reduzido conjunto de fatores de risco responde pela
maior parte das mortes por DCNT. Dentre os fatores destacados no estudo estão ao lado do
tabagismo e da obesidade, características do consumo de alimentos e bebidas e padrões de
atividade física.
Levy-Costa et al. (2005) descreveram a distribuição da disponibilidade domiciliar de
alimentos no Brasil nos anos de 2002 a 2003 e avaliaram sua evolução nas áreas
metropolitanas do país no período de 1974-2003. A principal base de dados utilizada pelos
autores foram os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar – POF, de 2002-2003, realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, nos 48.470 domicílios brasileiros.
154 | Estudo 3
Em todas as regiões e em todas as classes de rendimentos foram encontradas características
positivas e negativas do padrão alimentar. Dentre as positivas, registrou-se a adequação do
teor proteico das dietas e o elevado aporte relativo de proteínas de alto valor biológico. O
excesso de açúcar e a presença insuficiente de frutas e hortaliças na dieta da população foram
características negativas registradas no estudo.
O trabalho comprovou também que nas regiões economicamente mais desenvolvidas,
no meio urbano e entre famílias com maior rendimento houve também excesso de gorduras
em geral e gorduras saturadas. O arroz e o feijão, considerados alimentos da dieta básica,
declinaram no consumo da população nas áreas metropolitanas do país. Registrou-se ainda um
aumento de 400% no consumo de produtos industrializados como, biscoitos e refrigerantes.
Marcondelli, Maragon e Schmitz (2004) ao realizarem uma revisão da diversidade de
estudos realizados sobre alimentação e saúde puderam retratar o aumento da ingestão
energética como um papel maior de gorduras e açúcares acrescentados nos alimentos,
pequena ingestão de carboidratos complexos e fibras dietéticas e redução da ingestão de frutas
e vegetais. Para os autores a dieta composta da variedade cultural fornece indicativos das
condições de saúde, crescimento e desenvolvimento dos indivíduos.
Conforme mencionado anteriormente, a literatura mostra que o equilíbrio da dieta
alimentar precisa estar presente em todos os ciclos da vida. Comprova que os hábitos
alimentares são praticamente consolidados na infância e tendem a permanecer ao longo da
vida.
Os dados relativos à frequência do consumo alimentar dos adolescentes, que
constituíram a amostra na cidade de Manaus, apontaram como alimentos habitualmente
consumidos ( 4 vezes por semana e por mais de 70% dos alunos), arroz, pães, leite e açúcar.
Foram também considerados de consumo habitual o feijão, a carne bovina, o refrigerante, a
margarina ou manteiga, a água e o café. Embora as últimas pesquisas do orçamento Familiar -
Estudo 3 | 155
POF tenham relatado o sistemático abandono do tradicional e saudável hábito de consumir
arroz e feijão, esse resultado não foi confirmado no presente estudo. O arroz, um carboidrato,
manteve sua posição prioritária, e o feijão, alimento rico em proteína, também foi considerado
de consumo habitual pelos estudantes. É preciso destacar que o consumo desses alimentos
pelos adolescentes pode ser um recurso utilizado para garantir a reposição energética e
protéica própria da adolescência.
Muitos autores têm destacado a carência de produtos lácteos na alimentação dos
adolescentes nesse estágio da vida. Têm enfatizado que o iogurte e o queijo não fazem parte
da dieta diária da maioria dos adolescentes (GAMBARDELA, 1995; GAMBARDELA,
FRUTUOSO; FRANCH, 1999). Alertam também para o não cumprimento da recomendação
relativa a utilização de produtos lácteos para a população brasileira, o equivalente a três
porções diárias, portanto, 800g de cálcio (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003). O
resultado obtido no presente estudo contraria esta afirmação, mostra um consumo frequente
de leite por parte dos adolescentes de Manaus, dado bastante importante, o leite é uma fonte
de cálcio importante para a adolescência.
Vale ressaltar que dentre os alimentos consumidos semanalmente, por mais de 50%
dos adolescentes do IFAM, estão as bolachas doces, a batata-frita, as bolachas salgadas, o
bolo, o macarrão, o pão de queijo, a pipoca e a lasanha, alimentos que pertencem aos Grupos
dos Cereais, Pães, Tubérculos e Raízes. Pertencentes ao Grupo de Frutas são indicadas as
frutas e os sucos artificiais. Do Grupo de Carne e Ovos foram indicados o frango, os ovos, a
linguiça e os embutidos, a maionese e o peixe. Do Grupo do Leite e Produtos Lácteos tem
presença marcante o iogurte e o queijo. Do Grupo de Açúcares e Doces o único alimento que
figura de forma tímida é o mel. Do Grupo Outros aparecem indicados pelos adolescentes,
sanduíche natural, catchup, esfiha, sopa, coxinha, pastel e pizza. Destaca-se ainda que o
Grupo de Hortaliças, Verduras e Legumes não conseguiu indicação de pelo menos metade dos
156 | Estudo 3
adolescentes, sem falar que dentre os alimentos nunca consumidos na amostra estão o grão de
bico, a lentilha e a soja, pertencentes ao Grupo de Leguminosas. É importante salientar que os
alimentos foram classificados de acordo com os Grupos da Pirâmide Alimentar Adaptada
(PHILIPPI et al.,1999).
Dentre os alimentos indicados como habitualmente consumidos ( 4 vezes por semana
e por mais de 70% dos alunos) estão arroz, feijão, pão e leite. Os alimentos semanalmente
consumidos, apontados pela amostra, foram carne bovina, verduras, açúcar, margarina ou
manteiga, achocolatado em pó e água. Ao tecer comparações sobre os resultados obtidos nos
dois estudos, o feijão, acompanhado do arroz, aparece na indicação inicial da região sudeste.
Verifica-se que açúcar é eleito num primeiro momento como um dos principais alimentos
utilizados pelos adolescentes na região norte, embora tenha representatividade garantida na
região sudeste. As verduras foram indicadas por significativa parcela da população na região
sudeste, o mesmo não ocorrendo na região norte. O refrigerante faz parte do consumo habitual
dos adolescentes da região norte, embora esteja presente na dieta alimentar de significativa
parcela de crianças e adolescentes do sudeste.
Ao concluir a análise proposta, Nascimento (2007) salienta que, em parte, foram
registrados hábitos alimentares saudáveis por parte das crianças e adolescentes participantes
do estudo. Porém, a pesquisadora tece considerações sobre o frequente consumo de alimentos
ricos em gorduras, açúcares e sal, o que na sua compreensão, pode estar associado à
prevalência de sobrepeso e obesidade registrada na cidade de Ribeirão Preto.
Fin e Marchese (2009) investigaram os hábitos alimentares e o estado nutricional de
um grupo de adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 13 e 16 anos, moradores da
cidade de Londrina. O estudo propôs avaliar características antropométricas, hábitos
alimentares e atividade física dos adolescentes. Verificou-se que alimentos ricos em proteínas
mais consumidos foram o arroz (85,9%) e o feijão (65,6%). O leite, fonte de cálcio para os
Estudo 3 | 157
adolescentes, foi consumido por menos da metade da amostra constituída, apenas 48,44%,
bem menos que na região sudeste e norte. O iogurte (4,68%) e o queijo (1,56%), menos ainda,
comprovando que não fazem parte da dieta diária da maioria dos adolescentes. O consumo
diário de frituras foi comprovado no resultado geral obtido no estudo.
Ximenes et al. (2006) verificaram os hábitos alimentares de adolescentes com 14 anos,
estudantes de escolas públicas estaduais e particulares na cidade de Recife, constatando-se
que o grupo de alimentos mais consumidos foi o dos açúcares e doces (94,3%) o grupo de
alimentos preferidos, óleos e gorduras (82,9%) e o mais rejeitado, hortaliças e leguminosas
(55,5%). Resultado similar ao encontrado na região norte. O almoço foi a refeição mais
realizada pelos estudantes. Dentre as pessoas do convívio dos adolescentes, a mãe, como em
muitas regiões, era quem mais influenciava na escolha da alimentação dos adolescentes. A
família foi a mais frequente fonte de informação sobre alimentação. Grande parte dos
pesquisados (64,7%), na ocasião, declararam que faziam suas refeições em casa na companhia
da família. Portanto, diante do exposto, verifica-se que parte dos resultados apresentados no
estudo na região nordeste diverge dos dados obtidos em Manaus.
O resultado do presente estudo indica que os adolescentes do IFAM têm uma dieta
alimentar que não pode ser considerada completamente saudável, sabendo-se que o açúcar
ocupou lugar de destaque na alimentação dos adolescentes, tal qual em grande parte dos
estudos realizados com essa população. O que demonstra que o índice de sobrepeso e
obesidade encontrado, embora não seja alarmante, se considerados os índices dos países
desenvolvidos, merece atenção por parte do poder público do Amazonas. Não podemos deixar
de mencionar o declínio da desnutrição na região norte e o momento de transição nutricional
que tem sido evidenciado nos estudos citados. Comprovadamente a tendência ascendente de
proporção de calorias lipídicas na dieta dos adolescentes na região norte, associada à reduzida
atividade física, comum nessa fase do desenvolvimento humano, a influência da mídia, são
158 | Estudo 3
fatores que não podem ser ignorados, constituindo-se elementos determinantes para os índices
de sobrepeso e obesidade encontrados.
Estudos sobre saúde e nutrição, capazes de abranger os diferentes segmentos e grupos
populacionais da Amazônia, são relativamente reduzidos. O Amazonas é o maior estado do
Brasil, possui características geográficas que dificultam o acesso às áreas mais distantes,
como zonas rurais, onde a principal via de acesso é fluvial (NAGAHAMA; YUYAMA;
ALENCAR, 2003). O que acaba por justificar o fato da maioria dos estudos ser realizada na
capital do estado. Trabalhos dessa natureza, embora pontuais, são muito importantes à medida
que possibilitam o estabelecimento de valores de referência regionais e para que seja
estabelecida a comparação com outros grupos populacionais de nosso país, conforme foi feito
no presente estudo.
Conclusões | 159
CONCLUSÕES
A análise dos dados do presente estudo permite as seguintes conclusões:
1. No Estudo 1 a categoria alimentos foi uma das mais veiculadas nas propagandas de
três emissoras de maior audiência na cidade de Manaus. Dos alimentos veiculados cerca de
40% podem ser classificados como alimentos densamente calóricos compostos de óleos,
gorduras e açúcares.
2. No estudo 2 foi possível verificar que a maior parte das propagandas veiculadas nas
emissoras anunciou produtos alimentícios que deveriam ser consumidos no café da manhã ou
lanche, sugeriu alimentos de consumo imediato, teve a presença de desenho animado e
utilizou alguma imagem que retratasse o cotidiano.
Satisfação, prazer e alegria foram os sentimentos mais explorados nas propagandas de
produtos alimentícios veiculadas nas emissoras. Convencimento e qualidade do produto
foram as idéias mais associadas aos produtos alimentícios anunciados.
3. No Estudo 3 assistir às propagandas veiculadas na televisão foi um fator que está
relacionado à decisão de compra e consumo dos adolescentes. Foi identificada uma correlação
significativa entre o IMC dos adolescentes e a tomada de decisão de compra de alimentos.
Não foi estabelecida uma correlação entre o IMC dos adolescentes e fatores relacionados ao
planejamento de compra e consumo de alimentos. Verificou-se que apesar de raramente os
adolescentes comprarem alimentos recém-lançados no mercado, quando o faziam estavam
baseados na indicação dos amigos, na degustação oferecida nos supermercados, nas
informações contidas nas embalagens dos produtos e porque viram em comerciais de
televisão.
Em relação à compra de produtos industrializados, verificou-se que 59% dos
adolescentes compraram mais de 20% de produtos industrializados, prontos para consumo e
160 | Conclusões
próprios para lanches e refeições. Foi estabelecida uma correlação entre o IMC dos
adolescentes e a decisão de compra de produtos industrializados.
Quanto aos alimentos habitualmente consumidos pelos adolescentes arroz, pães, leite e
açúcar foram os preferidos. Considerados de consumo habitual o feijão, a carne bovina, o
refrigerante, a margarina ou manteiga, a água e o café. Dentre os alimentos consumidos
semanalmente, por mais de 50% dos adolescentes, estão as bolachas doces, a batata-frita, as
bolachas salgadas, o bolo, o macarrão, o pão de queijo, a pipoca e a lasanha. O Grupo de
Hortaliças, Verduras e Legumes não conseguiu indicação de pelo menos metade dos
adolescentes.
Os resultados apresentados no presente estudo sugerem que a propaganda de
alimentos, veiculada nas emissoras de televisão da região norte brasileira, pode favorecer o
aumento de peso e obesidade da população adolescente. Diante da vasta gama de propaganda
de alimentos, da frequência e intensidade de inserção das propagandas comerciais de
televisão, torna-se necessária a elaboração de uma regulamentação específica sobre a
publicidade em torno dos alimentos divulgados na televisão. Ao Estado cabe a concepção das
resoluções normativas e a fiscalização com aplicação de medidas capazes de corrigir e punir
quando houver necessidade. Aos profissionais da saúde e educadores cabe a orientação quanto
à qualidade e a quantidade de alimentos ingeridos. Aos profissionais da comunicação,
responsáveis pela produção e divulgação das propagandas que circulam nas emissoras de
televisão, cabe o compromisso ético com o acesso à informação e à veracidade dos fatos. Aos
pesquisadores, cabe a continuidade dos estudos sobre a influência da televisão nos hábitos
alimentares dos adolescentes nas diversas regiões brasileiras deste imenso país.
Referências | 161
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178 | Referências
Anexos | 179
ANEXOS
ANEXO A
180 | Anexos
ANEXO B
Categorias para classificação das diversas propagandas veiculadas pela televisão
1) Alimentos: Alimentos destinado ao consumo humano, como: leite, carne, peixes, aves,
massas, cereais, iogurtes, salgadinhos em pacotes, sanduíches industrializados, molhos de
tomate, caldos, maioneses, amido de milho, margarinas, manteigas, biscoitos, goma de
mascar, sorvete, picolés etc...Bebidas não alcoólicas que geralmente acompanham esses
alimentos, como: refrigerantes, água, águas gaseificadas, sucos concentrados, sucos em pó,
etc. . Lojas que divulgam alimentos como pizza, lanches tipo fast-food, churrascarias,
frigoríficos, sorvetes, chocolates, restaurantes, comida internacional.
2)Bebidas Alcoólicas: Bebidas alcoólicas, como: cervejas, destilados, etc.
3)Drogarias/Farmácias/Remédios/Complementos energéticos/Adoçantes: Drogarias,
farmácias que anunciem qualquer tipo de remédios. Propagandas de remédios, de
fitoterápicos, produtos energéticos, adoçantes.
4) Produtos para higiene: Shampoos, condicionadores, creme dental, anti séptico bucal,
sabonetes, desodorantes, perfumes, barbeadores, loções de barbear, creme de barbear, papel
higiênico, fraldas descartáveis etc.
5) Produtos de Beleza: Shakes emagrecedores, cosmésticos para o rosto e o corpo, cremes
hidratantes, protetores solar, cremes rejuvenecedores, cremes antiestrias, creme anticelulite,
produtos para combater a calvície, tintura para cabelo, chapinha para alisamento dos fios,
alisantes para cabelo, secadores, gel etc.
6)Instituições educacionais: Instituições educacionais de educação infantil, ensino médio,
ensino superior, pós-graduação, curso pré-vestibular, cursos profissionalizantes.
7)Produtos de Limpeza: Produtos utilizados na limpeza geral e lavagem de roupas, como:
sabão em pó, sabão em pedra, detergentes, amaciante de roupas, inseticidas, raticidas etc.
8)Utensílios Domésticos/Produtos Eletro Eletrônicos: Propagandas de eletrodomésticos e
móveis, como: fogões, geladeiras, colchões, aparelhos de som, sofás, estantes,
cadeiras,condicionadores de ar, ventiladores, bicicletas , peças e acessórios para carros e
Anexos | 181
motos. Produtos com: aparelhos celulares, máquinas fotográficas, computadores, impressoras,
filmadoras, pen drive, cd´s graváveis, regraváveis etc.
9) Vestuário: Roupas, peças de lingerie, sapatos, como: tênis, sandálias, chinelos, tamancos,
malharia em geral.
10) Lojas: Propagandas de shopping center, lojas de vestuário, tecidos, lojas de
departamentos, utilidades para a casa, material para escritórios, livrarias, óticas, jóias,
bijuterias, artigos de beleza, relógios, eletro eletrônico, material de construção, decoração,
produtos fotográficos, pneus, telefonia móvel, telefonia fixa, provedor de acesso-conteúdo,
TV por assinatura, empreendimentos imobiliários, peças e acessórios para carros e motos,
companhias aéreas, tele vendas, distribuidoras de gás.
11)Supermercados: Propagandas de supermercados, hipermecados, atacadistas do gênero
alimentício.
12) Carros/ Motos: Anúncios de venda de carros e, de motos de um carro ou moto
específicos ou de uma determinada linha, concessionárias, lojas de venda de carros semi-
novos ou usados, lojas de venda de motos semi-novas ou usadas, venda de consórcios.
13) Brinquedos: Propagandas de brinquedos, como: bonecas, bolas, jogos, pelúcias, massa
de modelar etc.., lojas de brinquedos.
14)Propaganda Governamental/Institucional/Associações/Fundações/Partidos
Políticos/Ação Comunitária: Propagandas concebidas pelos governos municipais, estaduais
ou federais, por instituições públicas ou privadas, propagandas de associações
beneficentes,religiosas, empresariais, entidades de classes, casas lotéricas, agências
bancárias: Banco do Brasil, cartão de crédito da agência, Caixa Econômica Federal, cartão de
crédito da agência.Propagandas de Conselhos Federais.
15) Jornais/Revistas/Livros/Filmes e CD´s: Propagandas de jornais e revistas vendidos em
bancas ou por assinatura, propagandas de CD´s musicais, DVd´s musicais ou de filmes, livros
de autores nacionais e internacionais.
16) Eventos Esportivos/Eventos Culturais: Propagandas de eventos culturais, esportivos,
diversão, palestras, casas noturnas, produtoras de eventos.
182 | Anexos
17) Outros: Propagandas que não se encaixam nas categorias previamente definidas tais
como: hotéis, igrejas, assistência médica, clínicas médicas, clínicas de estética, odontológicas,
indústrias, indústria farmacêutica, seguro de vida,cemitérios, serviço de vigilância,
academias de ginástica, aparelhos auditivos,agências bancárias privadas, agências de turismo,
financeiras, títulos de capitalização, administradoras de cartões de crédito, alimentos para
animais, gelo, indústria metalúrgica, clube de hipismo, clube recreativo, auto-escolas,
cartórios, etc...
Anexos | 183
ANEXO C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO - TCLE
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser
esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine
ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra da pesquisadora
responsável. Em caso de recusa você não será penalizado de forma alguma. Será garantido o
sigilo ao participante da pesquisa e os dados coletados serão utilizados na tese de doutorado
da pesquisadora Maria Emilia de Oliveira Pereira Abbud, em publicações em revistas
especializadas e em congressos da área.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: Influência da televisão nos hábitos alimentares dos adolescentes do
Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas - CEFET- Am.
Pesquisadora Responsável: Maria Emilia de O Pereira Abbud – Professora
Departamento de Comunicação Social - Instituto de Ciências Humanas e Letras -
Universidade Federal do Amazonas
Telefones para contato: (92) 32388040
O objetivos da pesquisa são: Investigar a influência da televisão nos hábitos alimentares dos
adolescentes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas - CEFET - Am.
Estabelecer a importância da comunicação, seu nível de influência, com ênfase principal
na publicidade e propaganda veiculadas na televisão.
Investigar a quantidade de propagandas de alimentos veiculados pelas principais redes de
canal aberto da televisão brasileira, consideradas líderes de audiência na cidade de
Manaus-Am.
Investigar o conteúdo das propagandas de alimentos, incluindo os apelos emocionais e
racionais associados ao produto promovido.
Investigar os hábitos de compra de alimentos e os hábitos alimentares dos adolescentes,
relacionado-os à ocorrência de sobrepeso e obesidade.
A participação na pesquisa consiste em avaliar propagandas de produtos alimentícios
anunciados pela televisão, tendo em vista os sentimentos/emoções que elas,
184 | Anexos
possivelmente, estejam explorando, bem como as idéias vendidas, associadas ao produto e
ao consumo.
Nenhum risco, prejuízo ou desconforto poderão ser provocados pela pesquisa.
Os resultados desta pesquisa poderão ser de grande utilidade para o estabelecimento de
políticas públicas de saúde.
Os participantes poderão se retirar do estudo a qualquer momento.
Nome e assinatura do pesquisador ________________________________________
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, _______________________________________________, RG/CPF ___________,
Abaixo assinado, concordo em participar do estudo: “influência da televisão nos hábitos
alimentares dos adolescentes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas
- CEFET- Am”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pela pesquisadora
Maria Emilia Abbud sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os
benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Local e data ____________________________________________________________
Nome e assinatura do sujeito responsável: ____________________________________
Anexos | 185
ANEXO D
Categorias para classificação das propagandas e produtos
1) Tipo de propaganda
¾ Produto: quando a propaganda referir-se ao produto em si
¾ Promoção: quando a propaganda associar o produto a alguma promoção que
ofereça premiações mediante o consumo direto ou indireto do produto.
2) Refeição mais indicada para o consumo do alimento anunciado
¾ Café da manhã/Lanche: todo tipo de produto que possa ser consumido durante
o café da manhã e/ou lanche, como leite, pão, bolachas, balas, chocolates,
cereais, entre outros;
¾ Almoço/jantar: todo tipo de produto que possa ser consumido durante o
almoço/jantar, como: carnes, temperos, arroz, feijão, refeições prontas
congeladas, entre outros;
¾ Bebidas: todo tipo de bebida que possa ser consumida nas diferentes refeições,
ao longo do dia, como refrigerantes e sucos. Serão excluídas as bebidas
alcoólicas.
3) Forma de consumo mais indicada para o alimento anunciado
¾ Imediato: todo tipo de produto que se apresente pronto para seu consumo
imediato, levando em consideração a finalidade do produto anunciada pela
propaganda, como bolachas, chocolates, refrigerantes, iogurtes, leite,
salgadinhos em pacote, entre outros;
¾ Preparo: todo tipo de produto que não se apresente pronto para seu consumo
imediato, necessitando de preparo prévio ao seu consumo, levando em
consideração a finalidade dom produto anunciada pela propaganda, como
sucos em pó, arroz, feijão, alimentos congelados, entre outros.
4) Desenho animado/animação
¾ Sem: quando a propaganda não apresenta em nenhum momento desenho
animado e/ou animação;
¾ Com (principal): quando o desenho animado e/ou animação ganha destaque ao
longo da propaganda, ou seja, são utilizados na maior parte do tempo e têm
importância significativa para o anúncio.
¾ Com (secundário): quando o desenho animado e/ou animação é utilizado
durante numa pequena parte da propaganda, geralmente, no final da mesma,
apenas para divulgar o nome e/ou a marca do produto;
186 | Anexos
¾ Ambos: quando a propaganda utiliza tanto desenho animado e/ou animação
quanto outros recursos, como imagens reais com seres humanos, durante a
maior parte da propaganda, ou seja, quando o desenho animado e/ou animação
e outros recursos são importantes para o anúncio.
5) Presença de locutor (a)
¾ Ausência: quando a propaganda não possui locutor (a), sendo a narração feita
pelos próprios personagens não havendo narração;
¾ Presença (principal):quando a propaganda não possui fala de personagens
sendo a narração feita por um(a) locutor (a) que não tem sua imagem mostrada,
sendo impossível perceber apenas sua voz e que aparece durante a maior parte
da propaganda, de forma significativa;
¾ Presença (secundário): quando a propaganda possui ou não fala de personagens
e quando a narração é feita por um(a) locutor(a), que não tem sua imagem
mostrada, sendo possível perceber apenas sua voz e que aparece durante um
pequeno intervalo de tempo, no final da propaganda;
¾ Ambos: quando a propaganda possui ou não fala de personagens quanto
narração feita por um(a) locutor(a), que não têm sua imagem mostrada, sendo
possível perceber apenas sua voz que aparece durante maior parte da
propaganda, de forma significativa;
6) Personagens consomem o produto
¾ Sim: durante a propaganda os personagens consomem de forma explícita o
produto que está sendo anunciado;
¾ Não: durante a propaganda os personagens não consomem de forma explícita o
produto que está sendo anunciado.
7) Personagens e produtos aparecem juntos
¾ Não: personagens e os produtos que estão sendo anunciados não aparecem
juntos, em nenhum momento da propaganda, ou seja, a imagem de ambos é
veiculada separadamente;
¾ Sim: personagens e os produtos que estão sendo anunciados aparecem junto,
de forma explícita;
¾ Produtos são os personagens: geralmente em propagandas com animação,
quando o próprio produto atua como personagem da mesma.
8) Estilo de execução (KOTLER; ARMSTRONG,1993)
Situação cotidiana
¾ Sim: quando a propaganda utiliza alguma imagem que demonstre uma situação
cotidiana, considerada comum à maioria das pessoas, por, exemplo, a situação
de um almoço e de compra em supermercados;
Anexos | 187
¾ Não: quando a propaganda não utiliza este recurso.
Estilo de vida
¾ Sim: quando a propaganda enfatiza como um produto ajusta-se a um estilo de
vida; evidenciando como um determinado produto é necessário para que o
estilo de vida exista;
¾ Não: quando a propaganda não enfatiza esse tipo de relação.
Fantasia
¾ Sim: quando a propaganda utiliza algum recurso (por exemplo, imagem ou
pensamento de algum personagem) para evidenciar uma fantasia (pensamento
imaginativo) em torno do produto ou de seu uso;
¾ Não: quando a propaganda não utiliza este recurso.
Musical
¾ Sim: quando a propaganda usa música de fundo ou quando mostra uma ou
mais pessoas ou personagens de desenhos animados cantando uma canção que
envolve o produto, citando pelo menos uma vez o nome do mesmo;
¾ Não: quando a propaganda não utiliza este recurso.
Símbolo de personalidade (desenho ou real)
¾ Sim: quando a propaganda utiliza algum personagem, sendo este desenho ou
real, que é considerado símbolo da marca do produto ou símbolo do próprio
produto;
¾ Não: quando isso não ocorre.
Conhecimento técnico
¾ Sim: quando a propaganda demonstra o conhecimento e a experiência de
alguma empresa na fabricação de determinado produto, ressaltando os
conhecimentos técnicos desse produto;
¾ Não: quando isso não ocorre.
188 | Anexos
Evidência científica
¾ Sim: quando a propaganda apresenta pesquisas ou evidências científicas de que
a marca é preferida ou superior às marcas concorrentes.
¾ Não: quando isso não ocorre.
Evidência testemunhal
¾ Sim: quando a propaganda utiliza, de forma explícita, a imagem de alguma
pessoa pública, como um artista popular, que endossa as qualidades do
produto, não sendo ele somente um ator da propaganda, sendo seu nome
associado ao produto anunciado;
¾ Sim indiretamente: quando a propaganda utiliza indiretamente a imagem de
alguma pessoa de conhecimento público, como um artista popular, sendo ele
apenas um ator que anuncia um produto, sem que seu nome ou imagem pessoal
sejam associados ao produto;
¾ Não: quando a propaganda não utiliza este recurso.
Anexos | 189
ANEXO D 1
Características quantitativas das propagandas de produtos alimentícios
PRODUTO
SITUAÇÃO COTIDIANA
SIM
NÃO
PROMOÇÃO
ESTILO DE VIDA
SIM
NÃO
CAFÉ DA MANHÃ/LANCHE
FANTASIA
ALMOÇO/JANTAR
SIM
BEBIDAS
NÃO
CONSUMO
MUSICAL
IMEDIATO
SIM
PREPARO
NÃO
PARCIAL
AMBOS
DESENHO ANIMADO/ANIMAÇÃO
SÍMBOLO DE PERSONALIDADE
SEM
SIM
COM (PRINCIPAL)
NÃO
COM (SECUNDÁRIO)
CONHECIMENTO TÉCNICO
AMBOS
SIM
NÃO
LOCUTOR
EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
AU SÊNCIA
SIM
PRESENÇA(PRINCIPAL)
NÃO
PRESENÇA(SECUNDÁRIO)
EVIDÊNCIA TESTEMUNHAL
AMBOS
SIM
PERSONAGENS CONSOMEM
SIM INDIRETAMENTE
SIM
NÃO
NÃO
PERSONAGENS APARECEM JUNTOS
190 | Anexos
SIM
NÃO
SÃO OS PERSONAGENS
Anexos | 191
ANEXO E
Idade: _________________ Sexo: _____________
Você irá assistir 15 propagandas de produtos alimentícios veiculados pela televisão.
Você deverá assistir uma propaganda de cada vez e assinalar os sentimentos que você acha
que podem estar envolvidos na mesma. Esses sentimentos podem estar sendo explorados de
forma explícita ou implícita e você deverá identificá-los. Vale lembrar que não se trata dos
sentimentos que você, eventualmente, possa sentir ao assistir às propagandas, mas sim os
sentimentos que estão sendo explorados nessas propagandas. Além disso, você também
deverá identificar que tipo de idéia a propaganda está tentando vender através da exploração
de determinadas qualidades do produto. Repita este procedimento para cada propaganda, em
folhas separadas. Você recebeu a quantidade exata de folhas que vai precisar para analisar as
propagandas.
Sentimentos Explorados Idéias da propaganda
Sedução
Ódio
Abandono
Abandono
Amor
Inferioridade
Prazer
Angústia
Insegurança
Alívio
Dedicação
Paixão
Fraternidade
Carinho
Medo
Vitalidade
Superioridade
Competição
Desespero
Satisfação
Desprezo
Amizade/
confraternização
Tristeza
Alegria
Outros _____________
______________________
Praticidade
Sensualidade
Saúde
Modernismo
Diversão
Aventura
Identificação do
consumidor com o produto
Consumo em troca de
prêmios
Qualidade do produto
Convencimento
Outras ___________
___________________
192 | Anexos
ANEXO F
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO – TCLE
Seu filho está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após
ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de autorizar que ele (a) faça parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra da
pesquisadora responsável. Em caso de recusa você não será penalizado de forma alguma. Será
garantido o sigilo ao aluno (a) que participar da pesquisa e os dados coletados serão utilizados
na tese de doutorado da pesquisadora Maria Emilia de Oliveira Pereira Abbud, em
publicações em revistas especializadas e em congressos da área. Em caso de dúvida você pode
consultar a pesquisadora responsável.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: Influência da televisão nos hábitos alimentares dos adolescentes do
Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET- Am.
Pesquisadora Responsável: Maria Emilia de O Pereira Abbud – Professora do Curso de
Comunicação Social - Instituto de Ciências e Letras – Universidade Federal do
Amazonas
Telefones para contato: (92) 32388040
O objetivo principal dessa pesquisa é investigar a influência da televisão nos hábitos
alimentares dos adolescentes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas -
CEFET - Am.
A participação na pesquisa consiste em responder a alguns questionários a respeito das
condições de vida da família, dos hábitos de compra, consumo de alimentos e, além de
pesagem e medida da estatura dos adolescentes.
Os resultados desta pesquisa serão de grande utilidade para a saúde dos adolescentes.
Nenhum risco, prejuízos ou desconforto poderão ser provocados pela pesquisa.
A participação do (a) meu(minha) filho(a) é isenta de despesas e que tenho garantia do
acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer momento.
Os participantes poderão se retirar do estudo a qualquer momento.
Anexos | 193
Nome e assinatura do pesquisador ________________________________________
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, _______________________________________________, RG/CPF ___________,
Abaixo assinado, concordo voluntariamente em autorizar a participação de meu (minha)
filho(a) no estudo: “Influência da televisão nos hábitos alimentares dos adolescentes do
Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas - CEFET- Am. Fui devidamente
informado e esclarecido pela pesquisadora Maria Emilia Abbud sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os benefícios decorrentes de minha participação.
Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer
momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.
Nome do responsável:
Endereço:
Carteira de Identidade:
Fone:
Assinatura do responsável:
Local e data ____________________________________________________________
Nome do participante:
Assinatura do participante : ____________________________________
Local e data ____________________________________________________________
194 | Anexos
ANEXO G
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE CONSUMO
PARTE A – Este questionário deve ser respondido pelo adolescente, diz respeito aos seus
hábitos alimentares e de sua família. Por favor, responda a TODAS as questões.
PARA CADA PERGUNTA, ASSINALE A OPÇÃO QUE VOCÊ ACHA MAIS
ADEQUADA:
1) O responsável pela compra de produtos alimentícios, é:
( ) Você ( ) Pai ( )Mãe ( )Outro(especificar): _____________________
2) Quem prepara as refeições durante a semana?
( )Mãe ( ) Empregada doméstica ( ) Pai ( )Outro (especificar): _________
3) Quem prepara as refeições durante o final de semana?
( ) Mãe ( )Empregada doméstica ( )Pai ( )Outro (especificar): ________
4) Como é feita a escolha dos alimentos que serão consumidos durante as refeições?
__________________________________________________________________
5) Qual local da casa você utiliza para as refeições?
___________________________________________________________________
6) Durante as refeições, você assiste televisão ?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Por quê? ____________________________________________________
Com que freqüência você se alimenta fora de casa?
( )nunca ocorre ( )raramente ocorre ( )freqüentemente ocorre ( )quase sempre ocorre (
)sempre ocorre
Onde se alimenta?
______________________________________________________________________
Quem come com você? _________________________________________________
7) Que tipo de alimento é consumido (comida e bebida) fora de casa?
___________________________________________________________________
8) Você planeja o que vai comprar ou pedir para alimentar-se?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Anexos | 195
9) Você decide consumir algum alimento apenas quando o vê?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
10) Você decide comprar ou pedir alimentos em função do preço do produto?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
11) Você compra ou pede alimentos devido às características de sabor (gosto)?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
12) Você compra ou pede alimentos devido às suas características nutricionais?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
13) Você compra ou pede alimentos baseado em comerciais de televisão?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
14) Você compra ou pede alimentos baseado na indicação de amigos?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
15) Você compra ou pede alimentos porque provou em degustação oferecida em
supermercados
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
16) Você compra ou pede alimentos baseado em informações contidas na embalagem do
produto?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
17) Você costuma comprar ou pedir alimentos mesmo que não tenha nenhuma informação
sobre sua marca?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
18) Você costuma comprar ou pedir alimentos novos (recém lançados no mercado, ou
desconhecidos por você até então)?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
196 | Anexos
19) Você compra ou pede alimentos prontos ou semi-prontos industrializados?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
* Qual a porcentagem desses alimentos semi - prontos para o consumo você inclui em sua
alimentação?
( ) 0 a 10% ( ) 10 a 20% ( ) 20 a 30% ( ) 30 a 40% ( ) 40 a 50% ( ) mais de 50%
20) Alimentos industrializados, prontos para o consumo e próprios para lanches entre
refeições são incluídos na sua alimentação?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
* Qual a porcentagem desses alimentos prontos que você inclui em sua alimentação?
( ) 0 a 10% ( ) 10 a 20% ( ) 20 a 30% ( ) 30 a 40% ( ) 40 a 50% ( ) mais de 50%
21) Você acha que sua família escolhe os alimentos que são comprados para sua casa
pensando no seu gosto?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
22) Você participa de alguma forma da escolha dos alimentos?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) freqüentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
23) Você vai às compras junto com seus pais (ou responsáveis)?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
24) Você compra ou pede alimentos que viu na televisão?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
25) Você compra ou pede algum alimento apenas quando o vê no supermercado?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
26) Você compra ou pede algum alimento em função do preço do produto?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
27) Você compra ou pede alimentos devido às características de sabor (gosto)?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Anexos | 197
28) Você compra ou pede alimentos devido às suas características nutricionais?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
29) Você compra ou pede alimentos baseado em comerciais de televisão?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
30) Você compra ou pede alimentos baseado na indicação de amigos?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
31) Quando você pede um alimento, seus pais compram?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Quais alimentos? __________________________________________________
32) Você tem dinheiro para sozinho comprar alimentos?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
33) Você compra lanche na cantina do colégio?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Que alimentos (comida e bebida) costuma comprar na cantina do colégio?
_____________________________________________________________________
34) Você leva lanche para o colégio?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Que alimentos ( comida e bebida) costuma levar de casa para ao colégio?
______________________________________________________________________
35) Algum familiar obriga, insiste ou precisa pedir para você comer algum tipo de alimento?
( ) nunca ocorre ( )raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
Quais alimentos? ________________________________________________________
36) Cite três alimentos que você não come nunca:
______________________________________________________________________
37) Cite três alimentos que você mais gosta de comer:
______________________________________________________________________
198 | Anexos
38) Quantas vezes você come estes alimentos que você mais gosta?
( ) nunca ou raramente ( ) 2 ou 3 vezes por semana ( ) uma vez todos
os dias
( ) 1 vez por semana ou menos ( ) 4 a 6 vezes por semana ( ) mais de uma vez
ao dia
39) Quantas horas por dia, em média, você assiste televisão?
( ) nada ( ) 1 a 2 horas ( ) 3 a 4 horas
( ) 1 hora ou menos ( ) 2 a 3 horas ( ) 4 a 5 horas
40) Quantas horas por dia, em média, você assiste videogame?
( ) nada ( ) 1 a 2 horas ( ) 3 a 4 horas
( ) 1 hora ou menos ( ) 2 a 3 horas ( ) 4 a 5 horas
41) Quantas horas por dia, em média, seu filho gasta em atividades no computador?
( ) nada ( ) 1 a 2 horas ( ) 3 a 4 horas
( ) 1 hora ou menos ( ) 2 a 3 horas ( ) 4 a 5 horas
( ) nada ( ) 1 a 2 horas ( ) 3 a 4 horas
( ) 1 hora ou menos ( ) 2 a 3 horas ( ) 4 a 5 horas
42) Você come quando assiste televisão?
( ) nunca ocorre ( ) raramente ocorre ( ) frequentemente ocorre ( ) quase sempre ocorre
( ) sempre ocorre
O que ele come? ________________________________________________________
43) Você possui algum problema de saúde? Especificar: _________________________
PARTE B – Esta tabela contém 62 tipos de alimentos. Assinale com um X a freqüência
com que eles são consumidos por você:
Alimentos
Nunca
come
Come 1 vez
por semana
ou menos
Come 2 a 3
vezes por
semana ou
menos
Come 4 a
6 vezes
por
semana ou
menos
Come
uma vez
todos os
dias
Come mais
de uma vez
ao dia
Achocolatado
em pó
Açúcar
Adoçante
Anexos | 199
Água
Arroz
Balas
Batata-frita
Bolachas
doces
Bolachas
Salgadas
Bolos
Bombons de
chocolate
Café
Carne bovina
Carne suína
Catchup
Cereal em
barra
Cereal
matinal
Chicletes
Coalhada
Coxinha de
galinha
Doce de leite
Doces
Ervilhas
200 | Anexos
Alimentos
Nunca
come
Come 1
vez por
semana
ou menos
Come 2 a
3 vezes
por
semana ou
menos
Come 4
a 6
vezes
por
semana
ou
menos
Come
uma
vez
todos
os
dias
Come
mais de
uma vez
ao dia
Esfihas
Feijão
Frango
Frutas
Grão de bico
Iogurtes
Lasanha
Legumes
Leite
Leite condensado
Lentilha
Lingüiça ou outros
Embutidos(salsicha,salame)
Macarrão
Maionese
Margarina ou manteiga
Mel
Milho
Ovos
Pães
Pão-de-queijo
Pastel
Anexos | 201
Peixes
Pipoca
Pizza
Queijos
Quibe frito
Refrigerantes
Requeijão
Salgadinhos tipo “ snacks”
Sanduíches industrializados
Sanduíches naturais
Soja
Sopas
Sorvetes
Sucos naturais
Sucos artificiais
Verduras
202 | Anexos
ANEXO H
Critério de Classificação Econômica ABEP
Protocolo n
o
: ______
A. Quem é o chefe-de-família na sua casa?
( ) o próprio entrevistado
( )outrem. Quem: ___________________________________________________________
B. Qual foi o grau de instrução mais alto que o chefe-de-família obteve? Qual o último ano de escola que o
chefe-de-família cursou?
( ) Analfabeto / primário incompleto
( ) Primário completo/ ginasial incompleto
( ) Ginasial completo/ colegial incompleto
( ) Colegial completo/ superior incompleto
( ) Superior completo
C. Quantos (cada item abaixo) possui em sua casa?
Item Não tem 1 2 3 4 ou mais
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Videocassete e/ou DVD
Geladeira
Freezer (aparelho
independente ou parte da
geladeira duplex)
RESERVADO AO PESQUISADOR. FAVOR NÃO PREENCHER.
Cortes do critério de classificação econômica Brasil ABEP:
Classe Pontos Total Brasil (%)
A1 30-34 1
A2 25-29 5
B1 21-24 9
B2 17-20 14
C 11-16 36
D 6-10 31
E 0-5 4
Total de pontos: __________ Classe: ________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
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