RESUMO
ABBUD, M. E. O. P. A influência da televisão nos hábitos alimentares de uma população
de adolescentes da região norte brasileira. 2010. 202f. Tese (Doutorado) - Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto.
A inatividade física, associada ao aumento do consumo de alimentos energéticos consumidos
frente à televisão, ou em decorrência da influência de comerciais de produtos alimentícios
veiculados, têm sido apresentada como fator determinante para o aumento de peso corporal
durante a adolescência. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar a influência da
televisão nos hábitos alimentares de uma população de adolescentes da região norte brasileira.
Foram investigados: a) a importância da comunicação, seu nível de influência, com ênfase
principal na publicidade e propaganda veiculadas na televisão; b) a quantidade de
propagandas de alimentos veiculados pelas principais redes de canal aberto da televisão
brasileira, bem como a qualidade nutricional destes alimentos; c) o conteúdo das propagandas
de alimentos, incluindo os apelos emocionais e racionais associados ao produto promovido; d)
os hábitos de compra de alimentos e os hábitos alimentares dos adolescentes, relacionando-os
à ocorrência de sobrepeso e obesidade. Cada objetivo específico foi desenvolvido em um
estudo, com material e método específicos. No estudo número um, foram gravadas as
programações das três principais redes de canal aberto brasileiras, líderes de audiência na
cidade de Manaus. Paralelamente, procedeu-se à análise do relatório de programação diária
das três emissoras de televisão. Os dados foram analisados através de estatística paramétrica,
utilizando-se Análise de Variância (ANOVA). Verificou-se que categoria alimentos
apresentou a maior frequência média de veiculação. Com relação às propagandas de produtos
alimentícios selecionadas, verificou-se que a maior parte delas, referia-se a alimentos
classificados no grupo óleos, gorduras, açúcares e doces da Pirâmide Alimentar Adaptada. No
estudo número dois foram realizados dois tipos de análise: a primeira, quantitativa,
relacionando a porcentagem de ocorrência das categorias para classificação das propagandas e
produtos. Constatou-se que 73,3% das propagandas promoveu o produto em si. A mesma
porcentagem 73,3% indicou alimentos para consumo durante o café da manhã e/ou lanche. A
totalidade das propagandas alimentícias selecionadas sugeriu o consumo imediato dos
produtos anunciados. Na segunda análise proposta, também quantitativa, utilizou-se a
ANOVA. Em relação aos sentimentos explorados pelas propagandas de alimentos a post hoc
demonstrou que a frequência média de indicação de sentimentos explorados, representados
pelos grupos (gênero feminino e gênero masculino) foi estatisticamente maior no grupo
masculino. Tendo como referência a análise dos dados coletados a partir do julgamento das
idéias associadas aos produtos alimentícios, observou-se que os dois grupos, julgaram as
propagandas com frequências médias iguais. No estudo número três, foi aplicado o
Questionário de Avaliação de Consumo, Questionário de Avaliação Sócio-Econômica, aos 94
adolescentes, de ambos os sexos, alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas - IFAM. Os resultados revelaram que 11,7% dos alunos estavam
com sobrepeso e 7,7% apresentaram obesidade, não sendo identificada diferença significativa
entre o IMC médio dos meninos e das meninas. Sendo constatada diferença significativa entre
o IMC e o hábito de assistir à televisão por mais de 2 horas por dia somente para os
adolescentes do sexo masculino. A propaganda foi um dos fatores associados à decisão de
compra dos alimentos. As propagandas veiculadas associaram sentimentos de satisfação,
prazer e alegria, idéias de convencimento e qualidade do produto para incentivar o consumo
de alimentos. Fatores que poderiam exercer influência nos hábitos alimentares dos
adolescentes. A maior parte dos adolescentes apresentou hábitos alimentares inadequados,