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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Herick Fernando Moralles
A INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS GERENCIAMENTO, P&D E
TREINAMENTO –DIFERIDO- NA FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DE
EMPRESAS DO SETOR DE BENS DE CAPITAL BRASILEIRO.
São Carlos
2010
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Herick Fernando Moralles
A INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS GERENCIAMENTO, P&D E
TREINAMENTO -DIFERIDO- NA FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DE
EMPRESAS DO SETOR DE BENS DE CAPITAL BRASILEIRO.
Dissertação de Mestrado
Apresentada a Escola de Engenharia de
São Carlos da Universidade de São
Paulo como requisito à obtenção do
título de mestre em Engenharia de
Produção.
Área de Concentração:
Economia, Organizações e gestão do
Conhecimento.
Orientadora: Profª. Assocª. Daisy
A. N. Rebelatto.
São Carlos
2010
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i
AGRADECIMENTOS
À Deus pelo dom da vida e por estar comigo mesmo nos momentos em
que não estive com ele.
À professora e amiga Daisy que me ouviu quando ninguém mais o fez, e
me deu uma oportunidade e um voto de confiança que jamais esquecerei. E,
mais do que ensinar me educou e foi fundamental para que eu desenvolvesse
meu potencial.
Ao meu pai pelo amor e pelo exemplo de homem que é para mim e por
todas as dificuldades que passou para que eu tivesse a melhor educação
disponível.
A minha mãe pelo amor e por estar sempre comigo, acreditar sempre no
meu potencial e cuidar sempre de mim.
A minha namorada Patricia, a qual amo muito e tenho muito orgulho, e
que sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis me aconselhando
sempre.
A minha irmã por estar sempre por perto quando precisei.
Aos meus amigos de laboratório Naja, Enzo, Mari, Flávia, e todos ous
outros que ajudaram e estiveram por perto em alguma ocasião.
Ao professor Alexandre Sartoris por ser meu amigo e mestre.
À CAPES pelo auxilio financeiro.
E por fim, aos professores e funcionários do departamento de
Engenharia De Produção.
ii
“Quem nunca errou nunca
experimentou algo novo.”
Albert Einstein
iii
RESUMO
MORALLES, H. F. A influência das variáveis gerenciamento, P&D e
treinamento -Diferido- na função de produção de empresas do setor de
bens de capital brasileiro. Dissertação (mestrado) - Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010.
Criada na década de vinte, a função de produção Cobb-Douglas é,
ainda hoje, muito popular na literatura microeconômica. Contudo, durante o
século XX, o desenvolvimento da informática e das telecomunicações
possibilitou diversas mudanças na forma de gestão das firmas.
Como exemplo, é possível citar a implantação de sistemas integrados de
gerenciamento e o crescente investimento em pesquisa e desenvolvimento
(P&D) de novos produtos e processos, bem como a qualificação da sua mão-
de-obra via treinamento.
Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a identificar a influência
das variáveis gerenciamento, P&D e treinamento de mão-de-obra na
função de produção de empresas do setor de bens de capital brasileiro.
Para tanto serão desenvolvidos modelos econométricos, baseado em
uma função Cobb-Douglas modificada, com especificações que contemplem a
inclusão de tais variáveis.
Palavras-Chave: Função de produção, Cobb-Douglas, DEA, Gerenciamento,
P&D, treinamento de mão-de-obra.
iv
ABSTRACT
Moralles, H.F. The influence of variables management, R&D and training -
Diferido- in the production function in the Brazilian capital goods sector.
Thesis (MA) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo, São Carlos, 2010.
Built in the twenties, the production function Cobb-Douglas is still very
popular in the microeconomic literature. However, during the twentieth century,
the development of computing and telecommunications has enabled several
changes in companies management.
As an example, we can mention the implementation of integrated
management systems and the increasing investment in research and
development (R&D) of new products and processes as well as the qualifications
of its manpower through training.
Accordingly, the present study aims to identify the influence of the
variables management, R&D and manpower training in the production function
of companies in the Brazilian capital goods sector.
In order to achieve the proposed objective, this study will develop some
econometric models, based on a modified Cobb-Douglas function, with
specifications that address the inclusion of such variables.
Keywords: Production function, Cobb-Douglas, DEA, Management, R&D,
manpower training.
v
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
9
CAPÍTULO 2 FUNÇÕES DE PRODUÇÃO
14
2.1 FATORES DE PRODUÇÃO E PROCESSO PRODUTIVO 16
2.2 PRODUÇÃO COM APENAS UM INPUT VARIÁVEL 22
2.3 LEI DOS RENDIMENTOS SICOS MARGINAIS DECRESCENTES 26
2.3.1 Geometria das curvas de produto médio e produto marginal 27
2.4 FUNÇÕES DE PRODUÇÃO LINEARMENTE HOMOGÊNEAS 32
2.5 PRODUÇÃO COM DOIS INSUMOS VARIÁVEIS 34
2.5.1 A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO COBB-DOUGLAS 36
2.6 AS ISOQUANTAS DE PRODUÇÃO 37
2.6.1 Taxa marginal de substituição técnica (TMST) 40
2.6.2 Casos especiais de Isoquantas 44
2.7 ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM FUNÇÕES DE PRODUÇÃO 45
2.7.1 Principais estudos em Funções de Produção 45
2.7.2 Pesquisa Recente Em Funções De Produção 54
2.7.3 Funções De Produção Com P&D Ou Gerenciamento 59
CAPITULO 3 CONCEITOS DE ECONOMETRIA
65
3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMETRIA 65
3.1.2 Hipóteses subjacentes ao modelo clássico de regressão linear (MCRL) 67
3.2 – MÍNIMOS QUADRADOS GENERALIZADOS (MQG) 69
3.3 – DADOS EM PAINEL 72
3.3.1 – Efeitos Aleatórios 75
3.3.2 – Teste de Hausman 75
3.3.3 – Vantagens e desvantagens no uso de dados longitudinais. 77
3.4 – MODELO DINÂMICO: O MODELO DE DEFASAGEM DISTRIBUÍDA 79
3.4.1 - Porque defasagem distribuída? 81
3.4.2 – Operadores de defasagem e diferença 83
3.4.3 – Busca pela quantidade correta de defasagens 85
3.4.4 – Estimação dos modelos de defasagem distribuída 86
3.4.5 – Razões para defasagem 89
3.1.1 – Propriedades estatísticas dos estimadores MQO: O teorema de Gauss-
Markov 67
3.5 – TESTANDO A RELEVÂNCIA DAS VARIÁVEIS ADICIONAIS E SELEÇÃO
DE MODELOS VIA CRITÉRIOS DE INFORMAÇÃO 90
vi
CAPITULO 4 MÉTODO
93
4.1 – DESENHO DE ESTUDO: 93
4.2 – REVIO BIBLIOGRÁFICA 93
4.3 – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS A SEREM UTILIZADAS 96
4.4 – DADOS 97
4.5 – MODELO INICIALMENTE PROPOSTO E AGREGAÇÃO DE VARIÁVEIS 99
4.6 ATIVO DIFERIDO E HIPÓTESE DE DEFASAGEM VIA DEA 100
4.7.1 – Identificação do número correto de defasagens 106
4.7.2 – Modelo A: Diferenças nos interceptos 107
4.7.3 – Modelo B: Modelo com interações 108
4.7.4 – Modelo C: Modelo com variações 109
4.7.5 – Modelo D: Modelo Misto 110
CAPÍTULO 5 ESTIMAÇÕES E RESULTADOS OBTIDOS
112
5.1 – DEA E HIPÓTESE DE DEFASAGEM 112
5.2 – NÚMERO CORRETO DE DEFASAGENS 114
5.3 – ESTIMAÇÃO DO MODELO A 119
5.4 – ESTIMAÇÃO DO MODELO B 123
5.5 – ESTIMAÇÃO DO MODELO C 125
5.6 – ESTIMAÇÃO DO MODELO D 127
5.7 – MODELO E (Modelo D não-multicolinear) 128
5.8 – MELHOR MODELO E RETORNOS DE ESCALA 130
CAPITULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
134
APÊNDICE A – PLANILHA DE DADOS
140
APÊNDICE B – COMANDOS PARA STATA
142
4.7 – ESPECIFICAÇÕES ECONOMÉTRICAS A SEREM TESTADAS:
MODELOS COBB-DOUGLAS MODIFICADOS COM INCLUSÃO DE
106
vii
Lista de Gráficos
Gráfico 1 Função de produção. 15
Gráfico 2 Classificação dos fatores de produção. 16
Gráfico 3 Processo estático linearmente homogêneo. 19
Gráfico 4 Processo estático regularmente descontínuo. 19
Gráfico 5 Exemplo empírico de construção da função de produção 21
Gráfico 6 Produto médio do trabalho. 23
Gráfico 7 Produto Marginal do Trabalho. 23
Gráfico 8 Produtos médio e marginal do trabalho. 24
Gráfico 9 Gráfico 1 revisitado. 27
Gráfico 10 – Os Três estágios da produção 31
Gráfico 11 – Produção com trabalho e terra: Superfície discreta. 35
Gráfico 12 – Produção com capital (K) e trabalho (L): Superfície Connua. 35
Gráfico 13 – Função de produção Cobb-Douglas 37
Gráfico 14 – Gráfico de Isoquanta. 38
Gráfico 15 – Mapa de Isoquantas. 39
Gráfico 16 – Isoquanta e TMST de trabalho por capital. 42
Gráfico 17 – Cálculo da TMST 43
Gráfico 18 – Função de produção com proporções fixas. 44
Gráfico 18(a) Função de produção com insumos perfeitamente substitutos. 45
Gráfico 19 – Exemplo de defasagem distribuída. 82
Gráfico 20 – Esquema de Koyck - adaptado de Gujarati (2000). 88
Gráfico 21 – Fronteira de eficiência revelada. 103
Gráfico 22 – Coeficientes de capital e trabalho de (5.2) e (5.3). 121
viii
Lista de Tabelas
Tabela 2.2 Cálculo dos produtos médio e marginal. 22
Tabela 2.3 Produção de milho 34
Tabela 5.1 Comparação da eficiência com o Diferido. 113
Tabela 5.3 Output da regressão com três defasagens 115
Tabela 5.4 Regressão auxiliar para verificar simultaneidade. 116
Tabela 5.5 Procedimento para encontrar melhor defasagem individual. 117
Tabela 5.6 Teste de Hausman. 119
Tabela 5.7 Comparação dos modelos: 120
Tabela 5.8 Teste de hipótese para igualdade de intercepto 121
Tabela 5.9 Resultados do modelo com interação de variáveis. 124
Tabela 5.11 Resultados do Modelo D estimado. 127
Tabela 5.12 Regressão auxiliar 128
Tabela 5.13 Melhor regressão obtida com interação única 129
Tabela 2.1 Dados para construção da função de produção hipotética
com apenas um insumo 20
Tabela 5.2 Critérios de informação para verificar número correto de
defasagens – Modelo de defasagem distribuída. 115
Tabela 5.10 Resultados dos modelos com variação testando a inclusão
da variação do Diferido contemporâneo e a variação do Diferido com
duas defasagens 126
Lista de Abreviações e Siglas
DMU – Unidade tomadora de decisão
CES – Elasticidade de substituição constante
Translog – Translogarítmica
MQO – Mínimos quadrados ordinários
MQG – Mínimos quadrados generalizados
CIS – Critério de informação de Schwarz
CIA – Critério de informação de Akaike
P&D – Pesquisa e desenvolvimento
9
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
Os economistas neoclássicos, assim como seus críticos, concordam que
a mudança tecnológica e as formas de aprendizagem que ela implica
constituem a principal fonte de crescimento econômico.
A partir da década de 80, a evolução tecnológica é concebida de forma
mais ampla do que o costume, de modo a incluir atividades como busca,
seleção, adaptação e modificação de tecnologias para um ambiente específico.
Tais atividades podem ocorrer tanto dentro, quanto fora da prática usual de
P&D, sendo de grande significância para o sistema econômico. Contudo, em
alguns casos, a obtenção de excelência tecnológica não está ligada apenas às
atividades de P&D, mas também às competências organizacionais e gerenciais
(FRANSMAN, 1982).
Ademais, é possível verificar mudanças no cenário empresarial, nos
últimos anos, pela emergência de investimentos em tecnologia da informação
(TI). Tal efeito pode ser identificado na atividade econômica em razão da
crescente participação de empresas de TI na produção nacional (GARTNER
ET. AL., 2009). Estes investimentos são importantíssimos para o
gerenciamento de mudanças e inserção na cadeia econômica, como aquisição
de insumos e distribuição de produtos.
Todas essas questões, tanto relativas à inovação quanto à gestão, estão
claramente relacionadas ao uso de mão-de-obra qualificada, sem a qual
inovação e gestão eficientes não ocorrem.
10
Visto esse novo cenário, é questionável se a consideração apenas de
insumos físicos como fatores de produção seria correta, levando-se em conta a
existência de uma série de fatores intangíveis que afetam diretamente a
atividade produtiva, descrita na teoria econômica pela função de produção,
ferramenta que descreve a relação entre quantidade de insumos empregados
para se obter um bem e a quantidade produzida de um bem.
O conhecimento da correta função de produção de uma unidade
tomadora de decisão (DMU) e, conseqüentemente, dos retornos de escala de
seus fatores, é essencial para o desenvolvimento de diretrizes futuras que
permitam a melhoria da competitividade dessas DMU’s no mercado. Tal diretriz
é válida tanto para uma DMU individual quanto para um setor como um todo.
A função de produção mais conhecida e difundida na literatura
microeconômica é a Cobb-Douglas, a qual retrata o produto como resultado de
apenas dois fatores produtivos (inputs), o capital e o trabalho.
Visto que a Cobb-Douglas data da década de vinte (Lopes & Amanthea,
2004), é questionável se as mudanças ocorridas no mundo desde aquela
época não tenham feito com que a especificação da função de produção Cobb-
Douglas tenha se modificado. Dentre tais mudanças é possível listar
especialmente àquelas relacionadas a gastos com P&D (pesquisa e
desenvolvimento), gastos com treinamento e qualificação de mão de obra
(capital humano), e sistemas de gerenciamento integrado.
O setor de bens de capital brasileiro foi escolhido, para o presente
trabalho porque, desde o final dos anos 1970, a literatura sobre tecnologia e
desenvolvimento tem enfatizado a aquisição de competências tecnológicas nos
11
países em desenvolvimento como um determinante crucial da industrialização
bem sucedida.
Normalmente, em países em desenvolvimento, a indústria de máquinas
e equipamentos agrícolas é o núcleo do setor de bens de capital servindo,
posteriormente, de base para o desenvolvimento de outras áreas, por seu
conhecimento agregado em princípios universais de engenharia mecânica
(Romijn, 1997).
Nesses termos, o setor de bens de capital desempenha um papel crucial
na aquisição de competências tecnológica dos países em desenvolvimento. É
nele que as habilidades e conhecimentos necessários para a assimilação,
replicação, adaptação e melhoria de tecnologia são desenvolvidos;
configurando, portanto, em capacidades de suma importância para o progresso
técnico (Romijn, 1997).
Objetivo
Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a identificar a influência
das variáveis gerenciamento, P&D e treinamento de mão-de-obra na
função de produção de empresas do setor de bens de capital brasileiro.
Visto que haverá a adição de variáveis em uma função de produção
Cobb-Douglas modificada, com uma especificação que contemple a influência
das variáveis estudadas, o presente estudo te os seguintes passos de
procedimento:
1. Testar a hipótese de defasagem temporal da variável Diferido via
DEA (análise envoltória de dados).
12
2. Encontrar a defasagem (tempo de maturação) das inversões
realizadas no Diferido, via modelo de defasagem distribuída e
critérios de informação.
3. Testar dentre algumas especificações propostas encontradas na
literatura pesquisada (e possíveis desdobramentos), o modelo
Cobb-Douglas modificado com as variáveis inclusas que melhor
se adéqüe à modelagem da produção, bem como a comparação
do novo modelo com o original.
4. Desenvolver um todo para verificar a composição do Diferido
(Modelo B) e analisar sua relação com a nova função estimada.
5. Testar os retornos de escala do setor de bens de capital.
Contribuição esperada
O presente trabalho tenta levar em conta variáveis como gerenciamento,
pesquisa e desenvolvimento, e capacitação dos recursos humanos na
modelagem do processo produtivo.
Não obstante, no decorrer dos testes realizados, será demonstrada a
necessidade de considerar o fator tempo na análise proposta. Isto é, a
defasagem temporal das variáveis a serem inclusas na função de produção irá
se configurar numa característica essencial para a modelagem de tais
processos sendo, portanto, a principal implicação do presente trabalho.
Estrutura do Texto
O Capítulo 2 apresenta uma revisão de conceitos básicos de
microeconomia e apresentará uma revisão da evolução dos estudos em
13
funções de produção desde a década de 30 até os anos 80. Posteriormente,
realiza uma nova revisão sobre funções de produção que considerará apenas a
pesquisa recente.
Por fim, uma nova busca em bases de dados é feita levando-se em
conta apenas funções de produção com variáveis P&D, Gerenciamento e
Treinamento inclusas.
O Capítulo 3 realiza uma revisão bibliográfica de conceitos de
econometria básica, dados em painel, e modelos com defasagem distribuída,
visto que a questão temporal será incorporada à Cobb-Douglas.
o Capítulo 4 apresenta o método de pesquisa utilizado, de forma a
descrever as buscas bibliográficas, formulações de hipóteses e modelos
propostos.
Por fim, o Capítulo 5 apresenta os resultados obtidos na estimação dos
modelos, enquanto o Capítulo 6 apresenta as considerações finais.
14
CAPÍTULO 2 FUNÇÕES DE
PRODUÇÃO E SUA INSERÇÃO NA
TEORIA MICROECONÔMICA
A função de produção é uma ferramenta que descreve a relação entre
quantidade de insumos empregados para se obter um bem e a quantidade
produzida desse bem. Tais funções descrevem o produto marginal decrescente
e os retornos de escala existentes no processo produtivo (Mankiw, 1999).
O conhecimento da correta função de produção de uma unidade
tomadora de decisão (DMU) e conseqüentemente, dos retornos de escala de
seus fatores, é essencial para o desenvolvimento de diretrizes futuras que
permitam a melhoria da competitividade dessas DMU’s no mercado. Tal diretriz
é válida tanto para uma DMU individual quanto para um setor como um todo.
Segundo Ferguson (1984), uma função de produção é uma equação
matemática que exibe o montante máximo de produção que pode ser
alcançado a partir de qualquer conjunto específico de insumos, dada a
tecnologia ou “estado da arte”.
Assim sendo, ela exibe as possibilidades de produção, cujo limite é a
função de produção, tal qual é demonstrado no Gráfico 1, onde é possível
observar, portanto, que a área abaixo da função de produção representa o
conjunto de possibilidades de produção.
15
Gráfico 1 - Função de produção
Dentre os principais insumos (ou fatores de produção) de uma função de
produção, observa-se o capital e o trabalho. Contudo, existem outros fatores
como recursos naturais e capital humano que podem ser considerados.
Como capital considera-se o capital físico que é o estoque de
equipamentos e estruturas utilizados na produção de bens e serviços. o
trabalho denota a quantidade de trabalho empregado; o qual é diferente do
conceito de capital humano, que descreve os conhecimentos e habilidades
adquiridas pelos trabalhadores através de experiência e treinamento. os
recursos naturais são aqueles fornecidos pela natureza como terra e jazidas
minerais (Mankiw, 1999).
Existem algumas formas funcionais que podem descrever uma função
de produção, porém a mais popular é a função de produção Cobb-Douglas de
duas variáveis (capital e trabalho), que será tratada em detalhes adiante.
Ainda considerando o Gráfico 1, nota-se que ele representa um conjunto
de possibilidades de produção (conjunto tecnicamente viável de transformar
insumo X em produto Y) que é limitada por uma função de produção, a qual
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
X = Insumo
Y = Produção
Y = f(x) = Função de produção
16
indica a quantidade máxima que pode ser obtida dada uma tecnologia e uma
quantidade de insumos (Varian, 2000; Pindyck, 2006).
Dessa forma, os produtores que se encontram no limite do gráfico são
considerados eficientes; enquanto aqueles que estão abaixo, operam na
ineficiência. Analogamente, acima da superfície a tecnologia atual não permite
a produção. (Pyndick & Rubinfield, 2006; Ferguson, 1984)
Contudo, antes de se explorar as funções de produção, é necessário o
conhecimento sobre fatores de produção e processo produtivo, assunto da
sessão 1.1.
2.1 - FATORES DE PRODUÇÃO E PROCESSO PRODUTIVO
Simonsen (1979) argumenta que os fatores de produção podem ser
classificados segundo os critérios variabilidade, disponibilidade, divisibilidade e
durabilidade, conforme ilustrado no Gráfico 2.
Gráfico 2 – Classificação dos fatores de produção.
Fatores de Produção
Segundo
Variabilidade
Quantidade Fixas
Quantidades Variáveis
Segundo
Disponibilidade
Limitado
Ilimitado
Segundo
Divisibilidade
Divisíveis
Indivisiveis
Segundo Durabilidade
Duráveis
Não Duráveis
17
Tais critérios, obviamente, não devem ser considerados segundo as
propriedades intrínsecas dos fatores de produção, mas sim pela ótica na qual
tal fator é analisado. A título de exemplo, a mão de obra não-qualificada, que
pode ser considerada um fator ilimitado para uma firma individual, logicamente
seria um fator limitado em uma análise que considerasse a economia como um
todo.
Assim sendo, o processo de produção é definido como a técnica pela
qual um ou mais produtos são obtidos a partir de determinada quantidade fixa
de insumos. Isso ocorre por meio de uma coleção de funções que indicam
como deve variar, ao longo do tempo, o emprego de cada fator.
Nesse sentido, deseja-se obter uma curva de variação do produto ao
longo do tempo, indicado por )(tX , que está associada às variações de
quantidades dos fatores produtivos ao longo do tempo, ).(tS Assim, de acordo
com tal lógica, um processo produtivo pode ser descrito por um conjunto de
funções que se associam curvas a curvas. Toda essa dinâmica pode ser
demonstrada pelas expressões a seguir:
=
0
t
XFtS
ii
(2.1)
Sendo
i
um fator de produção específico.
Tal notação diz que as curvas de utilização dos fatores até o tempo “T”
são funções da curva que se obtem do produto entre 0 e T; sendo tanto a
produção como os fatores contínuos no tempo e medidos em unidades de
fluxo
1
.
1
Exemplo: Toneladas de aço por hora, homens por hora.
18
É importante salientar que a discussão acima se refere ao processo de
produção simples, no qual apenas um produto é criado. Se fosse considerado
um processo de produção múltiplo, teríamos um segundo produto,
)(
2
tX
,
associado a um prévio tal qual na produção simples
).(
1
tX
Dessa forma tem-
se:
=
0
122
t
XGtX
(2.2)
As formas funcionais anteriores normalmente são descritas ou
aproximadas por funções simples de variáveis reais: são os processos de
produção regulares e estáticos. Caso contrário, a explicação da teoria da
produção seria extremamente complexa.
Aqui, para cada fator, existe um intervalo
i
τ
, tal que o fluxo do emprego
do i-ésimo fator
i
t
τ
dependa apenas do fluxo de produção )(tX desejado em
t
. Tal processo pode então ser descrito por um conjunto de funções compostas
da seguinte forma:
)]([)( tXftS
iii
=
τ
(2.3)
Após isso, é possível diferenciar processo regular e processo estático.
No processo regular, existe a defasagem
i
τ
; no processo estático não existe
tal defasagem, reduzindo a expressão (2.4) a:
)(xfS
ii
=
(2.4)
Tais processos estáticos são raros no mundo real, mas são boas
aproximações de certos processos, como os linearmente homogêneos, que
19
tratam de fatores divisíveis, e os regularmente descontínuos, que tratam de
fatores indivisíveis.
Gráfico 3 – Processo estático linearmente homogêneo.
Gráfico 4 – Processo estático regularmente descontínuo.
Assim sendo, freqüentemente existem vários processos que permitem a
obtenção de um mesmo produto resultante de várias combinações de fatores
0 20 40 60 80 100 120
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
x
Si
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
x
Si
20
produtivos. Tal conceito é mais bem explicado pelo conceito de função de
produção que será discutido com maior detalhamento adiante.
As duas últimas discussões até agora realizadas, de processos de
produção, e suas exemplificações de regulares e estáticos, configuram-se em
condensação da discussão observada em Simonsen (1979). Ele afirma que tais
conceitos não são encontrados em livros textos tradicionais, mas, tal
caracterização de processos produtivos é a única que se enquadra à
engenharia cotidiana.
2.2 – PRODUÇÃO COM APENAS UM INPUT VARIÁVEL
Uma função de produção pode ter quantos insumos forem necessários
para o processo produtivo, contudo, para iniciar a exposição dos conceitos
relacionados às funções de produção, considera-se uma função hipotética com
apenas um insumo variável. Tal exemplo pode ser encontrado em Ferguson &
Gould (1975), aqui apresentado pela Tabela 2.1 e o Gráfico 5.
Tabela 2.1: Dados para construção da função de produção hipotética
com apenas um insumo
Número de Trabalhadores (Input) Produto Total (Output)
1 10
2 24
3 39
4 52
5 61
6 64
7 65
8 64
21
Gráfico 5 – Exemplo empírico de construção da função de produção
2
.
Assim sendo, além da função de produção, ainda dois outros
conceitos que são necessários à compreensão do processo de produção; são
eles o conceito de produtividade marginal e produtividade média.
A produtividade média de um insumo é definida segundo Mansfield
(1978) como a produção total dividida pela quantidade do insumo utilizada na
produção.
De acordo com Ferguson & Gould (1975), tal conceito pode ser
considerado como a razão output-input para cada nível de output e volume
correspondente de input.
2
A figura 3 e a Figuras a seguir foram confeccionadas utilizando-se o software
MATLAB 7.1. Exemplo de comandos:
>>plot (Imput, Output, 'DisplayName', 'Output vs Imput', 'XDataSource', 'Imput',
'YDataSource', 'Output'); figure(gcf).
>>hold on
>>xlabel('Input')
>>ylabel('Output')
>>title('Output')
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0
10
20
30
40
50
60
70
Input
Output
Função de produção obtida apartir do dado hipotético da tabela 2.1
22
Mansfield (1978) também define o conceito de produtividade marginal
como sendo a adição ao produto total devida à utilização de uma unidade
adicional do insumo, mantendo-se constante a quantidade dos demais
insumos”. Assim, a produtividade marginal pode ser obtida (2.5).
)]1()([
LQLQ (2.5)
Onde,
)(LQ é a produção total quando utilizada uma quantidade L de trabalho.
Em outra abordagem, considerando-se a 2.6 como uma função de
produção da Tabela 2.1:
)(LfQ
=
(2.6)
O produto marginal do trabalho, obtido pela derivada de (2.6) será:
dL
Ldf
dL
dQ )(
=
(2.7)
Dados os conceitos de produto marginal e produto médio, a Tabela 2.2
apresenta um exemplo da relação entre tais conceitos.
Tabela 2.2 – Cálculo dos produtos médio e marginal.
0 0 - -
1 6 6 6
2 13,5 6,75 7,5
3 21 7,00 7,5
4 28 7,00 7
5 34 6,80 6
6 38 6,33 4
7 38 5,43 0
8 37 4,63 -1
Número de
Trabalhadores
Produto
Total
Produto Médio do
Trabalho
Produto Marginal
do Trabalho
23
A partir da Tabela 2.2, é possível demonstrar como se comportam os
produtos médio e marginal resultante do aumento de unidades de trabalho,
como é demonstrado nos Gráficos 6 e 7.
Gráfico 6 – Produto médio do trabalho.
Gráfico 7 – Produto Marginal do Trabalho.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
4
4.5
5
5.5
6
6.5
7
7.5
8
Unidades de Trabalho
Produção por Unidade de Trabalho
Produto Médio do Trabalho
0 1 2 3 4 5 6 7 8
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Unidades de Trabalho
Produção por Unidade de Trabalho
Produto Marginal do Trabalho
24
Agora, para melhor observar a relação entre produto médio e produto
marginal do trabalho, é possível plotar ambas as curvas dos das Gráfico 6 e 7
anteriores, obtendo-se o resultado representado no Gráfico 8, como PMeL e
PMgL.
Gráfico 8 – Produtos médio e marginal do trabalho.
Segundo a Gráfico 8, o produto médio do trabalho (PMeL) é interceptado
pelo produto marginal do trabalho (PMgL) em seu máximo. Isso equivale a
dizer, segundo Ferguson & Gould (1975), que enquanto a adição ao total
produzido (PMg) for maior do que o produto médio, o mesmo deve crescer. De
forma análoga, enquanto o incremento marginal for menor do que o produto
médio, o mesmo deve decrescer. Resultante do raciocínio anterior, as curvas
de PMgL e PMeL devem se interceptar no ponto de máximo da curva de PMeL,
considerando-se funções de produção de proporções variáveis.
Novamente, utilizando-se a função de produção hipotética de (2.6) de
Mansfield (1978), observa-se algebricamente que a produto médio alcança seu
máximo quando:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Unidades de Trabalho
Produção por Unidade de Trablho
Produto Médio e Marginal do Trabalho
PMeL
PMgL
25
)(LfQ
=
0
1
)/(
=
=
LL
Q
dL
dQ
dL
LQd
(2.8)
Assim, segundo a Expressão 2.4, dQ/dL deve ser igual a Q/L quando o
produto médio atingir o máximo.
Visto que o produto marginal do trabalho (PMgL) é a derivada da função
de produção em relação ao fator trabalho, é possível efetuar o cálculo de tal
conceito simplesmente substituindo uma quantidade de trabalho em uma
derivada. Portanto, se, por exemplo, a função de produção de um processo
fosse:
2010
2
++= LLQ
(2.9)
Considerando-se
L
como a variável trabalho em horas trabalhadas, o
produto marginal do trabalho (PMgL) seria:
102 += L
dL
dQ
(2.10)
Se a quantidade de trabalho empregada for de 3 horas, por exemplo, o
produto marginal do trabalho ao nível de 3 horas será:
410)3(2102 =+=+= L
dL
dQ
(2.11)
Isso equivale dizer que, para cada unidade de trabalho adicional (input)
empregada no processo produtivo em questão, obtém-se um acréscimo de 4
unidades no produto total (output).
26
2.3 LEI DOS RENDIMENTOS FÍSICOS MARGINAIS
DECRESCENTES
O conceito de lei dos rendimentos físicos marginais decrescentes diz
respeito ao produto marginal decrescente. Mais especificamente, dada uma
tecnologia monotônica, à medida que é aumentada a quantidade de insumo
variável em um processo produtivo, é razoável inferir que a quantidade de
produto total também irá aumentar, mas a taxas decrescentes (Varian, 2000).
Mas ainda uma ressalva, pois a lei do produto marginal decrescente
aplica-se somente se outros fatores existentes no processo mantiverem-se
constantes; por exemplo, se fossem considerados “terra” e “trabalho” (dois
inputs), o fator “terra” deveria estar constante, enquanto o fator “trabalho“ seria
variável.
Tanto em Mansfield (1978) como em Varian (2000), encontramos que a
lei dos rendimentos decrescentes não é propriamente uma “lei”, mas sim uma
característica comum para a maioria das funções de produção do mundo real.
Assim sendo, é possível descobrir um dos principais desdobramentos da
lei do produto marginal decrescente, o qual explica o formato da função de
produção do Gráfico 1 apresentado anteriormente.
27
Gráfico 9 – Gráfico 1 revisitado.
À medida que é aumentada a quantidade do insumo variável, a função
de produção torna-se cada vez mais plana, observável também pela diminuição
da derivada ao longo da curva. Eis, portanto, um demonstrativo da atuação da
lei do produto marginal decrescente.
2.3.1 – Geometria das curvas de produto médio e produto marginal.
Em James & Throsby (1977), encontra-se um exemplo da construção
dos três estágios da produção utilizando-se uma abordagem matemática.
O exemplo inicia-se com a exposição de uma função de produção e as
respectivas funções de produto marginal e produto médio, que são exibidas a
seguir; sendo a variável “y” representativa da produção, e a “x” do trabalho:
Função de Produção com apenas um insumo variável:
32
3
1
330 xxxy +=
(2.12)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
X = Insumo
Y = Produção
Y = f(x) = Função de produção
28
Produto Marginal do trabalho:
2
630 xx
dx
dy
PMgL +==
(2.13)
Produto médio do trabalho:
2
3
1
330 xx
x
y
PMeL +==
(2.14)
O Gráfico 10, referente aos estágios da produção, mostra que a
inclinação da função de produção (ou curva de produto total, indicada por “PT”)
atinge sua inclinação máxima na quantidade de trabalho 3 unidades (ponto
“A”), correspondente ao máximo da curva de produto marginal do trabalho
(PMgL). Após esse ponto, a curva de produto total continua a crescer, porém,
a taxas decrescentes, isto é, com menor declividade até o final do primeiro
estágio de produção.
No ponto “B” do Gráfico 10, tem início o segundo estágio da produção,
que corresponde ao ponto tangenciado pela reta de origem, e também, pelo
ponto de máximo da curva de produto médio do trabalho (PMeL). Portanto, a
partir de “B”, o produto total continua a crescer até atingir seu ponto máximo
em “C”, lócus de encerramento do segundo estágio da produção.
A partir do ponto “C” em diante, encontra-se o terceiro estágio da
produção, caracterizado pela diminuição do produto total resultante de um
aumento do insumo variável (Pindyck & Rubinfield, 2002; Ferguson, 1984).
Observa-se, então, que o produto marginal (PMg) é maior do que o
produto médio (PMe), quando o PMe está crescendo, e o PMg é menor do que
o PMe quando o produto médio está decrescendo. Seguindo tal raciocínio, é
fácil deduzir que o PMg é igual ao PMe no ponto de máximo do produto médio.
29
Levando-se em consideração os três estágios da produção, é possível
demonstrar a existência de uma simetria entre o estágio I e o estágio III
explicada em Feguson & Gould (1975), pois no estágio III, o produtor poderia
obter mais produto com menor quantidade de insumo variável. Tal fato é
resultante, segundo Mansfield (1978), da utilização do insumo variável em uma
quantidade em que o produto marginal de tal insumo é negativo. Assim sendo,
um produtor racional nunca operaria nessa região.
Um exemplo de tal fato pode ser efetuado considerando-se uma função
de produção com dois insumos, sendo um fixo, e outro, variável, como por
exemplo, terra e trabalho respectivamente. Nesse caso, segundo Mansfield
(1978), o estágio III seria caracterizado pela terra sendo mais solicitada do que
deveria ser.
Ferguson (1984) ressalta que é possível aumentar o produto no caso
apresentado acima, via aumento do insumo fixo.
No estágio I, levando-se em conta apenas um insumo variável (sem
insumo fixo), o PMe do insumo variável está crescendo, o que implica um custo
unitário de produção declinante quando o produto (output) é aumentado
(Ferguson & Gould, 1975). Considerando-se o exemplo de um fixo e outro
variável, segundo Ferguson (1984), o PMe crescente do insumo variável está
associado ao PMg negativo do insumo fixo. Portanto, uma indústria competitiva
nunca operaria nesse estágio, pois poderia reduzir custos unitários
simplesmente aumentando o produto.
É verificável a simetria entre os estágios de produção pela ineficiência
dos estágios I e III da produção. Conseguintemente, a firma deve operar no
estágio II, onde a produção é eficiente. Ainda, considerando o exemplo de um
30
fixo e outro variável, a produção deve ocorrer entre os limites intensivos, ponto
que faz o PMg = 0 (ponto “C” do Gráfico 10), e o limite extensivo, que faz o
PMe ser máximo (ponto “B” do gráfico). Portanto, é nessa região que a
produtividade marginal dos dois insumos é positiva (Ferguson, 1984; Mansfield,
1978).
James & Throsby (1977) resumem tal dinâmica da seguinte forma:
Ao final do estágio I, no ponto “B”, o PMe atinge o máximo, e o
PMg está caindo e intercepta o PMe em seu ponto de máximo.
Ao final do estágio II, no ponto “C”, o produto total atinge seu
máximo e o PMg é zero.
Além do ponto “C”, o produto total diminui, e o PMg é negativo.
31
Gráfico 10 – Os Três estágios da produção
3
3
Comandos para o MatLab 7.1:
Carregar as variáveis:
x = 0:.1:12
x = x'
y = -0.3333*x.^3 + 3*x.^2 + 30*x.^1
PMeL = 30 + 3*x.^1 - 0.3333*x.^2
PMgL = 30 + 6*x.^1 - x.^2
>>plot (x, y, 'DisplayName', 'y vs x', 'XDataSource', 'x', 'YDataSource', 'y');
figure(gcf)
Habilitar “Figure Paltet” e utilizar “New subplot 2D axes”
>>plot (x, PMeL, 'DisplayName', 'PMeL vs x', 'XDataSource', 'x', 'YDataSource',
>>'PMeL'); figure(gcf)
>>plot (x, PMgL, 'DisplayName', 'PMgL vs x', 'XDataSource', 'x', 'YDataSource',
'PMgL'); figure(gcf)
0 2 4 6 8 10 12
0
50
100
150
200
250
300
x = Trabalho
y = Produção Total
Os Ts Estágios de Prodão
0 2 4 6 8 10 12
0
10
20
30
40
x = Trabalho
y = Produto Marginal e Médio
PMeL vs x
PMgL vs x
E1 E2
E3
PT
A
B
C
32
2.4 FUNÇÕES DE PRODUÇÃO LINEARMENTE
HOMOGÊNEAS
Segundo Ferguson & Gould (1975), “homogeneidade linear”,
“homogêneo de grau um”, e “retornos constantes de escala” são termos
intercambiáveis entre si quando nos referimos a uma função de produção. Mais
especificamente, todos esses conceitos referem-se à situação de um aumento
proporcional em todos os insumos (inputs), resultarem em uma expansão do
produto (output) na exata proporção do insumo.
Em Chiang (1982, página 352), encontra-se uma definição algébrica de
funções homogêneas:
Uma função é chamada homogênea de grau “
r
, se
a multiplicação de cada uma de suas variáveis
independentes por uma constante
k
altera o valor da
função na proporção
r
k
, isto é, se:”
),...,,(),...,,(
2121 k
r
n
xxxfkxxxf =
(2.15)
Para exemplificar tal relação, é possível observar os exemplos abaixo:
Exemplo 1: Função homogênea de grau um, pois
1
=
r
.
2121
32),( xxxxf
=
(2.16)
),()32()(3)(2),(
21212121
xxkfxxkkxkxkxkxf
=
=
=
(2.17)
Exemplo 2: Função homogênea de grau cinco, pois
5
=
r
.
32
),( yxyxg =
(2.18)
)()()()(),(
532532
xygkyxkkykxkykxg ===
(2.19)
33
Exemplo 4: Função não-homogênea.
33
),( yxyxyxf +=
(2.20)
),()(
)())(()(),(
2332
33
yxfkkyxykxk
kykykxkxkykxf
+=
+=
(2.21)
Contudo, Chiang (1982) alerta para o uso da expressão
“homogeneidade linear”, pois tal conceito refere-se apenas a funções
homogêneas de grau um, tal qual apresentado no Exemplo 1. Dessa forma, a
função homogênea do grau cinco exibida no Exemplo 2, não é
necessariamente linear. Portanto, o autor desaconselha o uso do termo linear
para funções homogêneas que não forem do grau um.
Visto isso, é possível demonstrar que a questão da homogeneidade está
diretamente ligada ao conceito de retornos de escala na produção, tal qual é
exemplificado em (2.22), onde A, alpha, e beta são constantes reais.
),( LKFLAKq =
βα
(2.22)
Segundo Chiang (1988), a função de produção Cobb-Douglas é uma
função homogênea de grau
α
+
β
, pois:
),()()(),( LKFkLAKkkLkKAkLkKFq
βαβαβαβα
++
====
(2.23)
Nesse sentido, sendo
1
>
k
, a ampliação nos insumos a uma taxa
k
, iria
gerar um crescimento do produto à taxa
βα
+
k
. Portanto:
1
>
+
β
α
: Rendimentos crescentes de escala.
1
=
+
β
α
: Rendimentos constantes de escala.
1
<
+
β
α
: Rendimentos decrescentes de escala.
34
2.5 – PRODUÇÃO COM DOIS INSUMOS VARIÁVEIS
A partir de agora, será apresentada a função de produção com dois
insumos variáveis, a qual terá maior atenção, visto que é possível existirem
funções de produção com mais de dois insumos variáveis (inputs) diferente da
popular Cobb-Douglas a qual será explorada em breve. Tais funções com mais
de dois inputs serão a base da investigação empírica realizada adiante no
presente trabalho.
Ferguson (1984) apresenta um exemplo função de produção com dois
insumos. A Tabela 2.3 e a respectiva Figura 11 representam o caso discreto:
Tabela 2.3: Produção de milho
1 2 3 4
1 5 11 18 24
2 14 30 50 72
3 22 60 80 99
4 29 80 115 125
5 34 84 140 145
Produção de Milho
TRABALHO (homem-ano)
TERRA (número de acres)
No Gráfico 11, a altura dos blocos representa o volume de produção.
Contudo, tal exemplo é extremamente simples perto do que realmente ocorre
em termos de funções de produção.
Contudo, o Gráfico 12 retrata melhor o que ocorre na realidade, quando
os insumos são continuamente variáveis. Utilizando-se, por exemplo, capital e
trabalho como inputs variáveis obtêm-se um superfície de produção
tridimensional. Tais superfícies e a função de produção Cobb-Douglas serão
abordados detalhadamente mais adiante.
35
Gráfico 11 – Produção com trabalho e terra: Superfície discreta.
4
Gráfico 12 – Produção com capital (K) e trabalho (L): Superfície Contínua
5
.
4
Comandos para MatLab:
Carregar os dados de produção da Tabela 2.3 como “Plan1”
>> bar3(Plan1) >> hold on >> xlabel('Terra') >> ylabel('Trabalho')
>> zlabel('Produto') >> title('Produção com trabalho e terra: Superfície
5
Comandos MatLab 7.1:
>> fh = @(K,L) 5*(K.^(0.4))*(L.^(0.6));
1
2
3
4
1
2
3
4
5
0
50
100
150
Terra
Produção com trabalho e terra: Superfície discreta
Trabalho
Produto
0
1
2
3
4
5
6
0
2
4
6
0
10
20
30
40
K
Superfície de prodão: Caso contínuo
L
36
2.5.1 – A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO COBB-DOUGLAS
Existem algumas formas funcionais que podem descrever uma função
de produção, porém a mais popular é a função de produção Cobb-Douglas de
duas variáveis (capital e trabalho), representada por 2.24.
βα
LAKq =
(2.24)
Basicamente, o parâmetro A mede a escala de produção, ou seja, o
quanto seria obtido se fosse utilizado uma unidade de cada insumo; e os
parâmetros
α
e
β
como a quantidade de produção responde às variações
nos insumos (Varian, 2000).
Desse modo, por tratar-se de uma função de dois insumos variáveis, seu
gráfico é idêntico ao apresentado na Gráfico 12. De fato, tal figura é uma
função de produção com os seguintes parâmetros
α
,
β
, e
A
:
6,04,0
5 LKq =
(2.25)
Assim sendo, o formato da superfície de produção pode modificar-se
com a modificação dos parâmetros
α
,
β
, e
A
, tal qual é demonstrado na
Figura 13.
>>ezmesh(fh,300)
>> hold on
>> title('Superfície de produção: Caso contínuo')
37
Gráfico 13 – Função de produção Cobb-Douglas com parâmetros
9,0
=
α
;
7,0
=
β
; e
2
=
A
.
Assim, até aqui, foram discutidos os tipos de função de produção
discreta e contínua, como apresentado nas Figuras 9 e 10; bem como,
anteriormente os tipos de função de produção e suas propriedades. Seguindo
as funções de produção com mais de um fator variável, será discutida a seguir,
a questão do intercâmbio entre tais fatores.
2.6 AS ISOQUANTAS DE PRODUÇÃO
A Isoquanta é uma forma de descrever relações de produção. Mais
precisamente, é uma curva que representa todas as possíveis combinações de
insumos que resultam no mesmo volume de produção.
Assim sendo, um mapa de isoquantas é um conjunto de isoquantas
representativo do volume máximo de produção que pode ser obtido com
1
2
3
4
5
6
2
4
6
0
10
20
30
K
2 (K.
0.9
) (L.
0.7
)
L
Produto
38
quaisquer conjuntos específicos de insumos. Portanto, os rótulos das
isoquantas são delimitados pela tecnologia disponível, ao invés da utilidade,
como ocorre nas curvas de indiferença.
Portanto, as isoquantas mostram a flexibilidade que as empresas tem
quando decisões de produção, que podem minimizar custos e maximizar
lucros. (Pindyck, 1994)
O Gráfico 14 apresenta uma isoquanta de produção.
Gráfico 14 – Gráfico de Isoquanta.
6
O Gráfico 14, mencionada acima, pode ser descrito por uma função que
relaciona as variáveis de insumos, como descrito em (2.26).
6
>> L = 0:.1:12
>> K = 100./(L.^2) + 30
>> plot (L, K, 'DisplayName', 'K vs L', 'XDataSource', 'L', 'YDataSource', 'K');
figure(gcf)
>> hold on
>> xlabel('Trabalho')
>> ylabel('Capital')
>> title('Isoquanta')
>> legend('K=100/L² + 30')
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Trabalho
Capital
Isoquanta
K = 100/L² + 30
39
30
100
2
+=
L
K
(2.26)
A expressão (2.26) é uma função racional, resultado da razão entre duas
expressões quadráticas
2
30100 LK +=
e
2
L
, que resultaram na função descrita
pelo Gráfico 14.
Dessa forma, um mapa de isoquantas, pode ser representado de acordo
com o Gráfico 15.
Gráfico 15 - Mapa de Isoquantas.
7
7
Codes para MatLab 7.1:
>> L = 0:.1:12
>>K = 100./(L.^2) + 30
>>plot (L, K, 'DisplayName', 'K vs L', 'XDataSource', 'L', 'YDataSource', 'K');
>>figure(gcf)
>>hold on
>>xlabel('Trabalho')
>>ylabel('Capital')
>>title('Isoquanta')
>>legend('K=100/L² + 30')
>>hold on
>>K2 = 100./(L.^2) + 45
>>plot (K, 'DisplayName', 'K', 'YDataSource', 'K'); hold all; plot (K2, 'DisplayName',
>>'K2', 'YDataSource', 'K2'); hold off; figure(gcf)
>>K3 = 100./(L.^2) + 60
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0
50
100
150
Mapa de Isoquantas
K = 100/L² + 30
K2 = 100/L² + 45
K3 = 100/L² + 60
K
L
40
Tal como pode ser observado no Gráfico 15, cada isoquanta representa
um volume específico de produção, que será tanto mais crescente quanto a
distancia da isoquanta em relação à origem do gráfico.
Outro fato importante com relação ao mapa de isoquantas, é que tal
qual as curvas de indiferença, duas isoquantas nunca se interceptam; pois isso
equivale a dizer que dois níveis de produção distintos são máximos para uma
mesma combinação de insumos, o que se configura em uma afirmação
absurda e desprovida de sentido econômico (MANSFIELD, 1978).
Observa-se também que todas as isoquantas do Gráfico 15 possuem a
mesma inclinação. Denotando que a relação de permuta entre os fatores
permanece a mesma. Tal relação de troca entre os fatores será mensurada e
melhor explicada através do conceito de Taxa Marginal de Substituição
Técnica.
2.6.1 – Taxa marginal de substituição técnica (TMST)
A taxa marginal de substituição técnica (TMST) mede o intercâmbio
entre dois fatores de produção. Isto é, a taxa pela qual as empresas devem
substituir um insumo por outro para manter constante a produção.
Assim sendo, a inclinação em qualquer ponto da isoquanta é uma
medida da TMST, referindo-se a habilidade que uma empresa possui em trocar
capital por trabalho mantendo constante a produção.
>>plot (K, 'DisplayName', 'K', 'YDataSource', 'K'); hold all; plot (K2, 'DisplayName',
>>'K2', 'YDataSource', 'K2'); plot (K3, 'DisplayName', 'K3', 'YDataSource', 'K3');
>>hold off; figure(gcf)
>>title('Mapa de Isoquantas')
41
Observando-se o mapa de isoquanta, na Gráfico 15, é observável que,
conforme maiores quantidades de capital forem substituídas por trabalho, será
visto que o trabalho ficará cada vez mais improdutivo, e o capital, relativamente
mais produtivo.
Visto isso, a TMST é decrescente, pois cai à medida que se percorre a
isoquanta no sentido decrescente; sendo necessária, portanto, uma
combinação equilibrada de ambos os insumos.
Seguindo tal raciocínio, a TMST relaciona-se com os produtos
marginais, pois o acréscimo do produto resultante do aumento do insumo do
trabalho é igual ao produto adicional do trabalho (PMgL) vezes o número de
unidades de trabalho adicional. Algebricamente, a TMST pode ser deduzida da
forma como segue.
Dado que a variação do produto total em uma isoquanta é zero, tem-se:
0))(())((
=
+
KPMgKLPMgL
(2.27)
Rearranjando:
TMSTLKPMgKPMgL
=
=
)/()()/()(
(2.28)
Segundo Pindyck (1994), a expressão (2.28) demonstra que a contínua
substituição de capital por trabalho, faz com que o PMgK aumente e o PMgL
diminua.
Tal fato pode ser observado no Gráfico 16, é uma expansão da
isoquanta do Gráfico 14.
42
Gráfico 16 – Isoquanta e TMST de trabalho por capital.
8
Portanto, o Gráfico 16 demonstra a diminuição do PMgL, tendo em vista
a maior utilização do insumo trabalho, bem como a ilustração de que a TMST
em um ponto da isoquanta é simplesmente a derivada (inclinação) da curva
naquele ponto. (James & Throsby, 1977)
De forma, é possível observar a TMST de forma simplificada em Pindyck
(1994), tal qual é visto no Gráfico 17, pela simples aplicação geométrica da
fórmula descrita na expressão (2.28):
8
Comandos para MatLab.
>>TMSTlk = -200./(L.^3)
>> plot (TMSTlk, 'DisplayName', 'TMSTlk', 'YDataSource', 'TMSTlk'); figure(gcf)
>> hold on
>> xlabel('trabalho')
>> ylabel('dK/dL')
>> legend('dK/dL = -200/L³')
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0
20
40
60
80
100
Trabalho
Capital
Isoquanta
K = 100/L² + 30
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
-15
-10
-5
0
trabalho
dK/dL
dK/dL = -200/
43
Gráfico 17 – Cálculo da TMST
9
No Gráfico 17 acima, o ponto “A” representa o processo com o fator
capital mais intensivo; enquanto no ponto “B”, temos o processo de forma
trabalho-intensivo. Assim sendo, a TMST entre os pontos “A” e “B” será:
12,119,0/)10()/()(
=
=
LKTMST
(2.29)
Em (2.29), observa-se, portanto, que são necessárias 0,9 unidades de
trabalho para substituir 10 unidades de capital. Assim, a importância da TMST
consiste na sua capacidade de informar a natureza da permuta entre os fatores
produtivos envolvidos (Pindyck, 1994).
Assim sendo, é possível discutir alguns casos especiais de isoquanta
que, apesar de raros no mundo real, são importantes para o entendimento da
teoria no que tange ao intercâmbio dos fatores variáveis e seu resultado no
produto total.
9
Os comandos utilizados são iguais aos da Figura 11, apenas acrescidos de
ferramental gráfico-explicativo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Trabalho
Capital
Isoquanta
K=100/L² + 30
K = -10
L = 0,9
A
B
44
2.6.2 – Casos especiais de Isoquantas
No caso das proporções fixas, apenas uma proporção específica de
capital e trabalho pode ser usada para obter um determinado nível de produto.
Assim sendo, o acréscimo individual apenas de capital ou trabalho não é capaz
de aumentar o volume de produção. Isso corresponde a dizer, por exemplo,
que dado um nível constante de capital, aumentando-se o trabalho, o produto
total não é modificado, e conseqüentemente, o produto marginal do trabalho é
zero.
Gráfico 18 - Função de produção com proporções fixas.
10
No caso de produtos perfeitamente substitutos, a taxa marginal de
substituição técnica (TMST) é constante, isto é, a taxa pela qual capital e
trabalho podem substituir uma ao outro é a mesma, o importando o nível de
insumo a ser utilizado.
10
As Figuras 13 e 14 foram desenhadas em MatLab, pro meio das ferramentas de
desenho, e portanto, sem o uso de comandos ou funções matemáticas tal qual as
outras figuras.
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Proporções Fixas
Trabalho por mês
Capital por mês
45
Gráfico 18(a) - Função de produção com insumos perfeitamente
substitutos.
2.7 ESTADO DA ARTE DA PESQUISA EM FUNÇÕES DE
PRODUÇÃO
Os artigos subseqüentes se encontram em ordem cronológica. Contudo,
o leitor deve atentar para a referência “Douglas (1976)”, a qual é um artigo
escrito por um dos criadores da função Cobb-Douglas, que comenta a história
e fatos relacionados à referida função, sendo, portanto um estudo que remete à
função original.
2.7.1 – Principais Estudos em Funções de Produção.
Segundo Douglas (1976), o primeiro formato para a função de produção
caracterizava-se por uma função homogênea de grau um [retornos constantes
de escala]. Assim, tal função possuía a seguinte especificação:
kk
CbLP
=
1
(2.30)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
Trabalho por mês
Capital pors
Perfeitamente Substitutos
46
Contudo, Durand (1937) sugeriu uma nova especificação que
considerava o expoente de “C” determinado independentemente, ao invés de
tratar a função como linearmente homogênea. Paul Douglas, seguindo tal
sugestão, mudou a função para a formulação apresentada em (2.31):
jk
CbLP =
(2.31)
Agora, com a nova formulação, todo o sistema pode operar em retornos
crescentes, constantes, ou decrescentes de escala, dependendo do resultado
do somatório de k + j em relação à unidade (DOUGLAS, 1976).
Douglas (1976) usou séries de tempo para estimar funções de produção,
sendo duramente criticado pela comunidade acadêmica, pois o uso de séries
de tempo pode criar problemas advindos de uma eventual mudança da função
de produção no tempo [quebra estrutural]. Em função disso, usou-se dados de
indústrias individuais em anos específicos, a fim de sanar tal problema.
Contudo, Marschak e Andrews (1944) introduzem uma forma alternativa
para representação de funções de produção em seu estudo da teoria da
produção utilizando equações simultâneas. Tal representação tornou-se
relativamente popular no meio acadêmico da época, sendo utilizada também
por Zellner, Kmenta ET AL. (1966), a qual é demonstrada a seguir.
iiii
xxx
0022110
υ
λ
α
α
+
=
(2.32)
iii
xx
1110
υ
λ
+
=
(2.33)
iii
xx
2220
υ
λ
+
=
(2.34)
Onde,
O subscrito “i” refere-se a i-ésima firma;
47
ii
Xx ln
0
=
ii
Lx ln
1
=
ii
Kx ln
2
=
Aln
0
=
λ
i0
υ
,
i1
υ
e
i2
υ
são perturbações estocásticas com medias zero e
variâncias constantes.
1
1
1
log
α
λ
p
wR
=
; e
2
2
2
log
α
λ
p
wR
=
onde “w” são salários, “p” são preços, e o
termo
n
R
equivale à possibilidade de erros sistemáticos provenientes das mais
diversas razões, como por exemplo, institucionais. Assim sendo, se
1
21
=
+
RR
,
tais erros são inexistentes.
Apesar de tal sofisticação, uma questão interessante proposta por
Marschak e Andrews (1944) diz respeito às perturbações estocásticas do
modelo, descrevendo-as como “eficiência técnica”, “conhecimento técnico”, e
“esforço e sorte do empreendedor”. Nesse sentido, assume-se que as funções
de produção de todas as firmas são idênticas, até um ponto onde há um
diferencial de produtividade. Isso significa que os parâmetros de escala
1
α
e
2
α
o iguais para todas as firmas; mas o parâmetro A varia de firma para
firma, [uma das primeiras interpretações da constante da função de produção
Cobb-Douglas como indicante do status ou escala tecnológica]. Assim:
i
i
eAA
0
0
υ
=
(2.35)
48
Sendo que,
0
A
é um parâmetro comum, e
i
e
0
υ
é uma perturbação
estocástica, denotando a presença de fatores aleatórios na produção, tais
como “sorte”. Não obstante, tanto a função de produção de uma firma como
sua função lucro serão estocásticas, mesmo com o conhecimento de
i
A
.
Após 1947, as criticas em relação à função de produção Cobb-Douglas
começaram a cessar, e a formulação passou a ser amplamente utilizada.
A partir disso, Solow (1957) trata de mudanças tecnológicas e funções
de produção agregadas, isto é, uma forma de segregar mudanças na função ou
mudanças ao longo desta. Para tanto, faz uma modificação na especificação
original:
),()( LKFtAQ
=
(2.36)
Onde o fator
)(tA
é uma variável de tendência temporal que será
indicativo de mudanças cumulativas no tempo.
Utilizando dados norte-americanos de 1909 a 1949, e utilizando retornos
crescentes de escala, baseado no pressuposto de que todos os fatores são
remunerados por seus produtos marginais, o autor conclui que a mudança
tecnológica no período foi neutra em média.
Zellner e Kmenta (1966) propõem um modelo de natureza
estocástica. Em seu trabalho utilizam a função de produção Cobb-Douglas no
âmbito de uma firma maximizadora de lucro [tal função proposta leva a novas
implicações microeconômicas].
Mais especificamente, o modelo proposto pelos autores difere da
formulação tradicional, pois o processo de produção é assumido não
49
instantâneo e não determinístico, bem como consideram que os empresários
estão cientes disso. Assim sendo, a função de produção de uma firma “i” será:
i
u
iii
eKALX
21
αα
=
(2.37)
Onde
i
u
é o termo de perturbação estocástica, podendo ser resultante
de fatores como tempo [clima], e variações imprevistas no desempenho de
máquinas ou da força de trabalho.
Portanto, com a produção sendo assumida como estocástica. Assim,
certa quantidade de input resultará em uma quantidade incerta de output. Isso
possui uma implicação microeconômica muito interessante, pois se a função de
produção é estocástica, a função lucro também será, como é demonstrado
abaixo:
rKwLxpEE
=
)()(
π
(2.38)
00
21
)(
σ
αα
u
ii
eKALxE
=
(2.39)
Onde,
“w” é o custo do trabalho;
“r” é o custo do capital;
“p” é o preço; e
00
σ
u
é a perturbação estocástica distribuída normalmente e com
variância indicada por
00
σ
.
Ademais, Zellner, Kmenta ET al. (1966) ainda citam a questão da não
independência das variáveis de input em relação aos termos de perturbação
estocástica; resultando de viés e inconsistência dos parâmetros estimados.
50
Mundlak e Hoch (1965) também abordam a questão da transmissão da
perturbação estocástica da função de produção para as variáveis de input, o
que implica que estes o seriam independentes, e conseqüentemente, os
parâmetros estimados na função de produção seriam inconsistentes [não
convergiriam para seu valor real com o aumento da amostra].
em um novo contexto, Ulveling e Fletcher (1970), introduzem uma
modificação no modelo Cobb-Douglas original, que considerava apenas capital
e trabalho como inputs variáveis, com a adição de um terceiro fator produtivo.
Tal modificação é feita com o propósito apresentar uma função com retornos
variáveis de escala.
Dado que a Cobb-Douglas assume que a relação input-output pode ser
descrita satisfatoriamente por elasticidades de produção constantes. Assim, a
elasticidade unitária dos fatores de substituição não varia ao longo da função
de produção (ULVELING e FLETCHER, 1970).
Contudo, a produção é possível com uma série de proporções de fatores
e técnicas, como por exemplo, terra em pequenas unidades intensivas em
trabalho, ou grandes lotes intensivos em capital. Nesse sentido, retornos de
escala e elasticidades parciais de produção podem variar de acordo com
diferentes técnicas de produção, sendo necessária a estimação de várias
funções de produção para captar tais diferenças por meio da segmentação
amostra, o que claramente introduz o problema de perda de valiosos graus de
liberdade (ULVELING e FLETCHER, 1970).
Para equacionar tal problema, Ulveling e Fletcher (1970), propõem a
adição de uma variável e assumem retornos variáveis de escala de acordo com
o modelo (2.40).
51
3
21
321
B
BB
XXAXY
=
(2.40)
Onde,
)(IBB
ii
=
Em que I” é uma variável que influencia hipoteticamente retornos de
escala e elasticidades parciais de produção, devendo ser escolhida caso a
caso, de acordo com o problema estudado. Assim, rearranjando (2.40) com a
utilização de logaritmos tem-se:
332211
ln)(ln)(ln)(lnln XIBXIBXIBAY
+
+
+
=
(2.41)
Observando-se (2.41), a diferença básica em relação o modelo Cobb-
Douglas tradicional é a interação entre as variáveis “X” e “I”, a qual afetará a
elasticidade de produção e os retornos de escala (ULVELING e FLETCHER,
1970).
Note-se que a função modificada é passível de estimação por MQO, e
permite que o pesquisador possa modelar diferentes tipos de técnicas de
produção, bem como preservar graus de liberdade, que não é necessária a
segmentação da amostra (ULVELING e FLETCHER, 1970).
Seguindo os estudos sobre especificações da função de produção,
Byron (1970) também desenvolve uma metodologia para testar a especificação
de um modelo de produção, se Cobb-Douglas ou CES (Elasticidade de
Substituição constante), no contexto de minimização de custos.
A despeito das questões relativas à especificação do modelo de
produção, Doll (1974) aborda a questão exata (ou quase exata)
multicolinearidade e estimação da função de produção, baseando-se no
52
modelo Cobb-Douglas. Mais especificamente, o autor estuda o efeito de
multicolinearidade quando da agregação de inputs, e a inclusão da variável
“gerenciamento” na função de produção [sendo que para os objetivos do
presente trabalho, a questão do gerenciamento terá um maior enfoque].
Para Doll, (1974), diversos estudos foram conduzidos em funções de
produção, especialmente na área de economia agrícola, em pequenas e
grandes propriedades, mas também na manufatura. Assim sendo, tal
diversidade de conjunturas estudadas carece de pressupostos distintos, sendo
que, portanto, a maioria dos estudos contempla os usuais pressupostos:
Variação percentual do input resulta numa variação idêntica no
output para todas as firmas, portanto, os coeficientes de produção
são idênticos para todas.
Firma individual maximiza o lucro.
Todas as firmas se defrontam com os mesmos preços de inputs e
outputs
Dada a suposição de que todos os coeficientes de produção para as
firmas são idênticos, todas estão em um caminho de expansão de longo prazo,
e assim, as proporções de insumos utilizadas por elas são as mesmas. Isso faz
com que o modelo Cobb-Douglas seja válido, mas desse fato,
multicolinearidade emerge. E, nesses termos, tal fenômeno pode auxiliar a
interpretação da inserção da variável gerenciamento.
Doll (1974) considera a questão do gerenciamento na função de
produção como uma verdadeira “praga”. Contudo, é possível considerá-la em
53
estudos cross-section da mesma forma que a tecnologia é considerada em
séries de tempo.
Tanto tecnologia quanto gerenciamento não podem ser considerados
como inputs convencionais, mas possuem impacto substancial no output. Além
disso, ambos variam entre firmas e são quantificáveis [tal questão será de
suma importância para o desenvolvimento dos testes empíricos que serão
realizados mais adiante].
Nesses termos, Doll (1974) propõe o seguinte modelo de produção:
i
i
i
i
i
eXXMY
mm
ii
ε
ββ
β
221
2
11
1
0
++
=
(2.42)
Onde,
i
M
: Representa a eficiência do gestor e explica as diferenças de
produtividade entre as firmas.
i
m
1
e
i
m
2
: Representam os efeitos das habilidades gerenciais
relacionadas com um tipo de input de forma mais eficiente que outra.
Considerando-se então um input fixo e, outra variável,
i
M
facom que
os gestores usem diferentes inputs variáveis, a alta ou exata multicolinearidade
será destruída, apesar de não totalmente.
Considerando
i
m
1
e
i
m
2
como inputs gerenciais que o proporcionais
aos inputs físicos, caso existam,o necessitam ser medidos, pois seu efeito é
irrevogavelmente capturado pelo modelo. Contudo, caso não existam, o
pesquisador irá incorrer em viés de especificação.
54
Para mais estudos envolvendo a estimação da função Cobb-Douglas na
manufatura, é possível ver Griliches (1968), o qual também possui vasta
publicação na área de funções de produção.
Alguns artigos apresentaram difícil entendimento, pois postulam
conhecimentos específicos e avançados de teoria microeconômica, além de
observar-se uma preponderância da utilização do modelo Cobb-Douglas para a
modelagem da produção agrícola.
Observou-se, também, a abordagem das funções de produção
relacionadas com a maximização de lucro, bem como foram perseguidas ao
longo do tempo formas de sofisticar e tornar confiáveis a estimação de
parâmetros, a exemplo, a questão da influência do erro nas variáveis de input e
conseqüente viés e inconsistência dos estimadores de MQO. Nesses termos, é
visível também a busca por especificações e variáveis que expliquem a
complexidade dos sistemas produtivos.
Na próxima sessão, será exibida uma amostra dos principais estudos
atuais na área de funções de produção.
2.7.2 – PESQUISA RECENTE EM FUNÇÕES DE PRODUÇÃO.
Em Beattie & Holt et al. (2002) é possível encontrar um estudo de
revisão bibliográfica sobre os principais tópicos relacionados à teoria da
produção.
Mais especificamente, desenvolvem a idéia de que no curto prazo as
tecnologias de produção não são homogêneas, evidenciado pelos retornos de
escala. Também exemplifica algumas aplicações gerais do teorema de Euler, e
55
por fim; discute que a não homogeneidade de curto prazo na função de
produção é consistente com a homogeneidade de longo prazo.
Os autores discutem, também, que uma visão restrita do coeficiente
de Euler, pois cursos de teoria da produção atem-se apenas a retornos
constantes e proporcionais, havendo confusão na especificação de
homogeneidade linear de longo prazo em funções de produção de curto prazo.
Apesar da não originalidade, o trabalho faz uma contribuição interessante no
sentido de expor questões relativas ao atual entendimento da teoria da
produção.
Em outra vertente, Thurston e Libby (2002) demonstram uma aplicação
do uso de funções de produção na área da saúde, demonstrando o potencial
de tal análise nas mais diversas áreas.
Tal estudo visa verificar a relação complexa entre os diferentes inputs de
trabalho na área da saúde, como médicos, enfermeiros, técnicos, e pessoal
administrativo. Para tanto, propõe um função de produção mais generalista,
capaz de captar tais complexidades.
Uma forma de observar uma função de produção para a área da saúde é
apresentada em (2.38):
],,,,),([)(
321 k
xxxxzHfxfQ L
=
=
(2.43)
Onde,
Q
: É o produto da prática médica, representado, por exemplo, pelo
número de pacientes tratados.
)(zH
: Horas de trabalho do médico.
56
k
xxxx ,,,,
321
L
: São outros inputs de trabalho.
Apesar do grande uso da função translog na área da saúde, Thurston e
Libby (2002) optam pela utilização da função de produção linear generalizada,
dado que a função translog não permite que nenhum dos inputs assuma o valor
“zero”.
Fora das áreas ligadas à engenharia e economia, (Wilson, 2001) discute
a questão de indivíduos maximizadores respondendo a incentivos econômicos,
e faz uma revisão sobre a literatura referente a funções de produção na área
da educação.
Ainda estudando modelagem de fenômenos educacionais, Todd e
Wolpin (2003) desenvolvem uma função de produção para desenvolvimento
cognitivo, refletindo a noção teórica de que o desenvolvimento cognitivo infantil
segue um processo cumulativo.
retornando às questões econômicas, Klump e Preissler (2000)
discutem as inconsistências e controvérsias relacionadas ao uso da função de
produção CES em modelos de crescimento. Assim sendo, examinam a relação
entre elasticidade de substituição e crescimento econômico.
Os autores verificam o uso de diferentes versões da CES para a
modelagem do crescimento econômico, encontrando contradições nos
resultados, no que tange à velocidade de convergência e taxa de crescimento
de longo prazo. Tal fato evidenciava a influência da elasticidade de substituição
entre fatores no crescimento.
Quanto aos fatores determinantes para a elasticidade de substituição, é
possível citar:
57
Poder de sindicatos
Forças competitivas internas e externas
Sistema monetário e financeiro eficientes
Instituições privadas promovendo difusão do conhecimento
Por meio da utilização de um simples modelo neoclássico, Klump e
Preissler (2000) demonstram que uma maior elasticidade de substituição torna
mais provável a emergência de um crescimento sustentável; bem como leva a
maiores taxas de crescimentos de longo prazo.
No Brasil, em busca realizada na base Scielo, é possível citar Soares et.
al. (2004) que estimam a função de produção da indústria brasileira de
celulose, utilizando capital, trabalho e terra como variáveis explicativas num
modelo Cobb-Douglas tradicional linearizado e, portanto estimado por MQO.
O artigo de Soares et. al. (2004) encontra a existência de retornos
constantes de escala para a função de produção, bem como a observação de
que os fatores terra, trabalho e capital são utilizados no segundo estágio de
produção, visto que as elasticidades tanto da terra quanto do trabalho e do
capital são maiores que zero e menores que a unidade. o obstante, via
estimação dos parâmetros dos fatores, conclui que os fatores terra e trabalho
contribuíram mais intensivamente para a determinação da quantidade
produzida de celulose.
Gartner et. al. (2009) desenvolvem um trabalho sobre os
investimentos em tecnologia da informação (TI) e seu efeito na produtividade e
incremento de receita no contexto de empresas nacionais. Para tanto, os
autores também utilizam um modelo baseado na função Cobb-Douglas, e
58
demonstram que tal efeito dos investimentos em TI é positivo para as receitas.
O texto aborda e investiga um possível paradoxo de produtividade entre
receitas e investimento em TI, que apesar de extremamente importante, é
pouco abordado na literatura. Assim, para a amostra de empresas utilizada, os
autores refutam a hipótese de existência de paradoxo de produtividade (visto o
efeito positivo do TI para as receitas).
Assim, para seus propósitos, os autores modificam a função de
produção Cobb-Douglas original de forma a relacionar o produto a inputs de
tecnologia, como é demonstrado em (2.44).
3
211
321
β
ββ
α
iiiii
KKKALY
=
(2.44)
Onde,
A
= Constante
i
Y
= produção anual vendida;
i
L
= é o número de pessoas empregadas na área de TI;
i
K
1
= é valor do investimento anual em tecnologia da informação;
i
K
2
= é o valor do estoque físico de hardware constituído por
microcomputadores e periféricos;
i
K
3
= é o valor do estoque físico de hardware constituído por servidores;
Tal função linearizada será:
iiiii
KKKLAY
332211
lnlnlnlnlnln
βββα
++++=
(2.45)
59
Estimando o modelo de dados longitudinais sobre o pressuposto de
efeitos fixos, Gartner et. al. (2009) encontram retornos decrescentes de escala
e refutam a hipótese do paradoxo de produtividade, dada a identificação de
uma relação significante e positiva entre o acréscimo dos investimentos em
tecnologia da informação e o acréscimo na produção das empresas analisadas.
Portanto, observa-se que atualmente, os estudos em funções de
produção estão altamente dispersos nas mais diversas áreas e enfoques,
denotando a ampla difusão dos conceitos e aplicações relacionados às funções
de produção.
Contudo, apenas um artigo (nacional) recente encontrado contemplava
as questões de gerenciamento, tecnologia, ou P&D. Em função disso,
adicionou-se uma nova sessão que irá tratar especificamente de estudos que
relacionam funções de produção às variáveis em questão.
2.7.3 – FUNÇÕES DE PRODUÇÃO COM P&D OU GERENCIAMENTO.
Iniciando a revisão, o primeiro artigo encontrado na base ISI trata da
introdução da variável gerenciamento na função de produção, testando
especificações Cobb-Douglas, CES, e translog (Mefford, 1986).
Mefford (1986) argumenta que muitos autores utilizam variáveis proxy
para mensuração do gerenciamento, como experiência e educação dos
gestores, que apesar de relacionadas com o gerenciamento, não capturam seu
real efeito. Nesse sentido, o artigo desenvolve um modelo de função de
produção que incorpora a variável gerenciamento, bem como testa a validade
dos pressupostos de monotonicidade e quase-concavidade, relativos a todas
60
as formas funcionais das funções de produção, por meio de um método de
programação linear não paramétrico. A variável “materiais” (matéria-prima) não
é adicionada, pois segundo Griliches e Ringstad (1971) apud Mefford (1986),
grande viés de simultaneidade entre o produto e a variável “materiais”. Por
essa razão, não inclui tal variável na função proposta. Como variável capital,
considera o fluxo de depreciação e renda de máquinas e equipamentos;
trabalho é medido em horas diretamente dispensadas na produção. Contudo,
adicionalmente, o artigo introduz um ajuste relativo à eficiência do capital e do
trabalho, por meio de interação entre variáveis. Assim,
KTECHKK
ln)(ln
~
ln +=
(2.47)
LSKILLLL
ln)(lnln
~
ln +=
(2.48)
Onde,
TECH é uma variável Dummy, a qual representa o nível tecnológico da
planta, e SKILL representa o nível de habilidade e capacitação da força de
trabalho.
Já a variável gerenciamento é medida pela classificação de desempenho
de cada empresa observada, de acordo com os critérios de realização de
objetivo, custo, e qualidade do produto.
Além do gerenciamento, o autor também inclui uma variável de
tendência temporal (t) para controlar possíveis mudanças tecnológicas; além
de duas variáveis dummy que identificariam se a empresa é de grande ou
pequeno porte.
61
Nesses termos, o artigo estima a relação entre o produto e variáveis
citadas por meio das formas funcionais Cobb-Douglas, CES, e translog
(translogaritmica), que são mostradas respectivamente a seguir:
Cobb-Douglas
Assume elasticidade de substituição constante e igual a um.
=
+++=
r
i
ii
ZLKCQ
1
21
lnlnlnln
δαα
(2.49)
Onde,
C = constante
K = Capital
L = Trabalho
CES
Tal função assume elasticidade de substituição constante entre os
fatores de produção e progresso técnico neutro.
=
++++=
r
i
ii
ZLKLKCQ
1
2
121
]ln[lnlnlnlnln
δθαα
(2.50)
Translog
É a mais generalista das três formas.
=
++++++=
r
i
ii
ZLLKKLKCQ
1
2
32
2
121
][lnlnln][lnlnlnlnln
δγγγαα
(2.51)
62
Onde,
i
Z
= Representa o conjunto de variáveis adicionais citadas, como
gerenciamento, tempo, e tamanho.
Após estimar os modelos, Mefford (1986) encontra que mesmo
especificações restritivas como a Cobb-Douglas obtiveram aderência tão boa
quanto as outras, e afirma que a inclusão da variável gerenciamento é
desejável no estudo de funções de produção. Ainda, afirma que a omissão da
variável gerenciamento, deixaria boa parte da variável produto sem explicação,
bem como acarretaria viés de especificação nos parâmetros estimados das
outras variáveis.
Apesar de não tratar diretamente de especificações e formas de
mensurar variáveis como gerenciamento, ou P&D, (Mundlak, 1961) também
considera a omissão da variável “gerenciamento como fonte de viés dos
parâmetros estimados. Ele também afirma que o gerenciamento não é algo que
varie consideravelmente ao longo do tempo, e também é diferente para cada
firma individual, resultando assim, em diferentes interceptos, mas com uma
mesma declividade, [tal qual o modelo de regressão por efeitos fixos, onde as
diferenças entre as firmas são captadas pelo intercepto da função estimada].
Feito isso, ele desenvolve uma forma de estimar a função de produção
que considera essas diferenças entre unidades produtivas, dentre elas o
gerenciamento, de forma a computar os parâmetros livres de qualquer viés,
mas sem a necessidade de adicionar alguma variável “gerenciamento”.
Estimando-se uma função para a agricultura familiar em Israel, Mundlak
(1961) demonstra a diferença de viés no modelo proposto em relação ao
63
modelo original não modificado de funções de produção. Contudo, adiciona que
existe a possibilidade de em seu estudo, as diferenças encontradas entre as
unidades produtivas não serem apenas de gerenciamento, mas também, de
outros fatores que afetariam a produtividade das fazendas, como condições
climáticas ou geográficas.
Abordando uma questão um pouco diferente dos objetivos do presente
trabalho, Acs, Audretsch et al. (1994) utiliza um modelo de função de produção
para explicar como ocorre a inovação em firmas de pequeno porte. Portanto,
seu modelo é demonstrado em (2.47), a seguir:
sisisisisi
eGCURURCRDI
321
)(
βββ
=
(2.52)
Onde,
I = Produto da inovação.
CRD = Gasto de empresas privadas em P&D.
UR = Gasto com P&D empreendido em universidades.
Nota-se, também, que sirepresenta o espaço e o nível de produto da
firma, bem como a existência de uma interação de variáveis, no modelo.
Tal pesquisa conclui que as pequenas empresas são receptoras de P&D
gerado por grandes corporações, isto é, explorando tal conhecimento e,
também, de universidades. (ACS, AUDRETSCH ET AL.1994).
Este capítulo apresentou os principais conceitos relativos à teoria da
produção, com ênfase em funções de produção, especialmente o modelo
Cobb-Douglas, bem como sua relação com outros conceitos microeconômicos.
64
No capítulo três, serão demonstrados os principais conceitos
econométricos necessários ao entendimento e estimação dos modelos a serem
propostos.
65
CAPITULO 3 CONCEITOS DE
ECONOMETRIA
3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMETRIA
A econometria consiste de técnicas de estimação utilizadas nas mais
diversas aplicações, existindo ainda um imenso campo de aplicações não
exploradas. Não obstante, a econometria é amplamente usada para estudos
econômicos, dada sua capacidade de lidar com fenômenos inexatos,
especialmente aqueles que envolvem o fator humano.
Gujarati (2000) define a econometria como uma ciência autônoma que
utiliza o ferramental de teoria econômica, matemática e inferência estatística
para a análise de fenômenos econômicos. Mais especificamente, utilizam-se as
técnicas de regressão e suas respectivas formas de análise para mensurar,
validar e analisar relações econômicas.
É possível encontrar em algumas obras de cunho introdutório as
técnicas econométricas em uma abordagem algébrica. Contudo, o trato
matricial das formas de estimação é igualmente interessante, pois facilita os
cálculos quando da inclusão de muitas variáveis explicativas.
Assim sendo, Sartoris (2003) demonstra o cálculo dos parâmetros para
uma regressão por mínimos quadrados ordinários (MQO), a partir do sistema
de equações baseado em uma amostra de n observações:
66
nknknnn
kk
kk
eXXXY
eXXXY
eXXXY
+++++=
+++++=
+
+
+
+
+
=
ββββ
ββββ
β
β
β
β
L
M
L
L
33221
2232322212
1131321211
(3.1)
Que na forma matricial produz:
n
y
y
y
y
M
3
2
1
=
knnn
k
k
k
XXX
XXX
XXX
XXX
L
M
L
L
L
32
33323
23222
13121
1
1
1
1
.
k
β
β
β
β
M
3
2
1
+
n
e
e
e
e
M
3
2
1
(3.2)
Onde, a matriz Y é (n x 1); X é (n x k);
β
é (k x 1), e a matriz de e é (n x
1). Tal forma matricial pode ser expressa pela equação (3.3).
eXY
+
=
β
(3.3)
Assim sendo, a formulação para mínimos quadrados ordinários será:
β
XYe
=
(3.4)
Elevando-se a equação ao quadrado para eliminar-se os números
negativos obtém-se:
)()'('
β
β
XYXYee
=
(3.5)
Manipulando (3.5) e minimizando a equação em relação a
β
obtém-se
a fórmula que retorna o vetor dos estimadores de mínimos quadrados
ordinários, dado pela equação (3.6).
YXXX ')'(
ˆ
1
=
β
(3.6)
Sartoris (2003) salienta que a matriz
X
X
'
seja inversível para a
existência do vetor de parâmetros estimados, isto é, não pode haver
67
combinação linear entre nenhuma das colunas da matriz X, o que
impossibilitaria a inversão da matriz.
3.1.1 Propriedades estatísticas dos estimadores MQO: O teorema
de Gauss-Markov
Os estimadores de MQO apresentam, segundo Gujarati (2000), algumas
propriedades interessantes. Mais especificamente, são ditos MELNV, sigla que
significa “melhor estimador linear não-viesado”. E é possível explicar tais
características da seguinte forma:
Linear: É função linear de uma variável aleatória (tal qual Y no
modelo e regressão linear simples).
Não-viesado: O valor médio esperado do estimador
β
ˆ
é igual ao
se valor verdadeiro.
Eficiente: Possui variância mínima entre os estimadores lineares
não viesados.
É interessante observar que tais propriedades são assintóticas, ou seja,
são válidas para grandes amostras.
3.1.2 – Hipóteses subjacentes ao modelo clássico de regressão
linear (MCRL)
Além de obter os betas estimados, um dos principais objetivos da
econometria é fazer inferência sobre os verdadeiros betas. Para tanto,
devemos postular certas hipóteses relativas ao modo pelo qual os
Y
ˆ
são
68
gerados, a fim de fazer inferência estatística. Tais hipóteses são encontradas
em Sartoris (2003). Dentre as principais teremos:
Hip. 1: Erro em média é = 0
Hip. 2: Erros são normalmente distribuídos
Hip. 3: Os X
i
são fixos, ou seja, não estocásticos.
Hip. 3’ :As variáveis independentes o exógenas, isto é, E(u
i
x
i
) =
0 (os X
i
não são correlacionados com os erros)
Hip. 4: Homoscedasticidade: significa “igual dispersão”. Postula que a
variância dos erros é igual para todas as observações
Hip. 5: Não existe autocorrelação entre os erros
Hip. 6: Nenhuma variável independente é combinação linear das outras.
O conhecimento das hipóteses do modelo clássico de regressão linear é
importante para que se compreenda alguns problemas que podem ocorrer
quando da violação de alguns desses pressupostos. Na ocorrência disso, são
necessárias algumas medidas corretivas ou formas de estimação alternativas
que mantenham as propriedades estatísticas do teorema de Gauss-Markov nos
estimadores.
Os problemas mais conhecidos resultantes da violação de tais hipóteses
são a heteroscedasticidade e a autocorrelação entre os erros. Apesar de
possuírem técnicas de detecção e correção, podem ser automaticamente
evitados por meio da estimação por mínimos quadrados generalizados (MQG),
a qual será usada adiante nos testes realizados no Capítulo 5.
69
3.2 MÍNIMOS QUADRADOS GENERALIZADOS (MQG)
Caso ocorra a violação das hipóteses quatro e cinco citadas
anteriormente, os estimadores de MQO apresentarão alguns problemas. No
caso de heteroscedasticidade, os estimadores ainda serão consistentes e não-
viesados; contudo, não possuem mais a mínima variância. com
autocorrelação entre os erros, a situação é análoga à da heteroscedasticidade;
porém, caso existam variáveis dependentes defasadas como regressores, os
estimadores tornam-se viesados e inconsistente (SARTORIS, 2003).
Assim sendo, um método de estimação capaz de lidar com esses
problemas é o método dos mínimos quadrados generalizados (MQG). Se
considerado o pressuposto de perturbações esféricas em um modelo, isto é,
ausência de autocorrelação entre os erros e heteroscedasticidade, obtém-se,
segundo Greene (2002):
2
]|[
σ
=XeVar
i
, para todo
ni ,,1 L
=
(3.7)
e
0]|[ =XeeCov
ji
, para todo
j
i
(3.8)
Dado isso, é possível expressar a matriz de variância-covariância dos
erros, que pode ser expressa por:
]|'[)( XeeEeVar
=
(3.9)
Que decorre do fato da hipótese dos erros possuírem valor esperado
condicional igual a zero. Portanto, a matriz de variância será:
70
=
]|[]|[
]|[]|[
]|[]|[]|[
]|'[
1
2212
12111
XeeEXeeE
XeeEXeeE
XeeEXeeEXeeE
XeeE
nnn
n
OM
L
(3.10)
=
2
2
2
0
0
00
]|'[
σ
σ
σ
OM
L
XeeE
(3.11)
IXeeE
2
]|'[
σ
=
(3.12)
Contudo, o modelo de MQG, quando existe autocorrelação ou
heteroscedasticidade, apresenta diferenças na matriz de variância. Portanto, o
modelo de MQG será:
eXY
+
=
β
(3.13)
0]|[
=
XeE
Σ==
2
]|'[
σ
XeeE
Nesses termos é possível afirmar, que a matriz de variância-covariância
I
2
σ
é um caso especial de
2
σ
. Caso exista heteroscedasticidade, a matriz
2
σ
será:
=
=
2
2
2
2
1
22
11
22
0
0
00
0
0
00
n
nn
w
w
w
σ
σ
σ
σσ
OM
L
OM
L
(3.14)
71
É importante destacar que os termos da diagonal principal não são
constantes (DAVIDSON E MACKINNON, 2004).
na existência de autocorrelação, mais comum em séries temporais, a
matriz
2
σ
será:
=
1
1
1
21
21
11
22
L
OM
L
L
nn
n
n
ρρ
ρρ
ρρ
σσ
(3.15)
Com heteroscedasticidade e autocorrelação simultaneamente, fato que
ocorre especialmente em modelos com dados em painel, tem-se para “n”
observações:
=Σ
nnnn
n
n
σσσ
σσσ
σσσ
L
OM
L
L
21
22221
11211
(3.16)
I
Σ
=
(3.17)
E,
IΣ=
11
(3.18)
Por fim, denotando o ij-ésimo elemento de
1
Σ
por
ij
σ
, obtem-se a
seguinte fórmula para o cálculo dos estimadores por MQG:
YXXX
MQG
111
']'[
ˆ
=
β
(3.19)
Não obstante, tal estimador será de grande USP para a estimação de
modelos de dados em painéis de efeitos aleatórios.
72
3.3 - DADOS EM PAINEL
Dados em painel, também conhecidos como dados longitudinais,
referem-se a um conjunto de N entidades observadas cada uma em T períodos
no tempo; e nesse caso, observa-se um painel equilibrado. Contudo, se houver
a falta de ao menos um período no tempo T para pelo menos uma entidade N,
tem-se um painel desequilibrado (STOCK & WATSON, 2004).
Para a estimação de dados longitudinais utiliza-se uma técnica especial,
pois é necessário levar em conta o efeito da heterogeneidade individual
assumida entre as unidades, bem como controlar as variáveis omitidas no
modelo quando elas variam de entidade para entidade, mas são constantes ao
longo do tempo (STOCK & WATSON, 2004); (GREENE, 2002).
Assim sendo, algebricamente, um modelo econométrico para dados em
painel pode ser da seguinte forma:
(3.20)
Onde,
Em Stock & Watson (2004), na equação (3.20), observa-se uma variável
i
Z
a qual varia de uma entidade N para outra, mas o ao longo do tempo.
Assim sendo, em um modelo com efeitos fixos, um intercepto para cada
entidade, que podem ser representados por um conjunto de variáveis binárias
(dummy) que absorvem o efeito das variáveis omitidas de uma entidade para
outra.
itiitit
ZXY
εβββ
+++=
321
Ni ,...,2,1
=
Tt ,...,2,1
=
73
Portanto, o objetivo é estimar
1
β
representativo do efeito fixo de X sobre
Y, mantendo-se constantes as informações o observadas
i
Z
, de uma
entidade N para outra, e assim, é possível interpretá-lo como dotado de N
interceptos. Dessa forma:
(3.21)
E o modelo modifica-se adquirindo a seguinte especificação:
(3.22)
Onde
i
α
são interceptos a serem estimados para cada entidade
individual.
O coeficiente de declividade da população total é o mesmo para todas
as entidades, mas o intercepto varia de entidade para entidade, de acordo com
a variável
i
Z
.
Assim sendo, os interceptos para cada entidade individual podem ser
expressos no modelo por meio de variáveis binárias, que captam os interceptos
de cada entidade N individual. Deste modo, obtém-se o seguinte modelo:
ittntttitit
dndddXY
εααααββ
+++++++= L321
32121
(3.23)
Onde,
11 =
i
d
, quando
1
=
i
, e zero, caso contrário.
Em Greene (2002), encontra-se a contrapartida matricial da equação
(3.23):
ε
α
β
+
+
=
DXY
(3.24)
Que pode ser indicada por:
ii
Z
21
ββα
+=
itiitit
XY
εαβ
++=
2
74
ε
α
β
+
= ]21[ dnddXY L
(3.25)
Assim, o estimador dos parâmetros da regressão por efeitos fixos,
também conhecidos por mínimos quadrados com variáveis dummy (LSDV
11
) é
dado por:
(3.26)
Onde,
D
M
é a matriz de projeção dada por (3.11):
')'(
1
DDDDIM
D
=
(3.27)
Mais especificamente, uma matriz de projeção é aquela que quando pré-
multiplicada pelo vetor da variável dependente, produz os valores ajustados da
regressão por MQO de Y sobre D.
Como exemplo, considere (3.28).
β
XY =
ˆ
(3.28)
YXXXXY ')'(
ˆ
1
=
(3.29)
PY
Y
=
ˆ
(3.30)
Onde “P” é a matriz de projeção.
Portanto, a eventual omissão da variável binária que identifica as
diferentes unidades no painel faria com que os estimadores de mínimos
quadrados ordinários fossem viesados, e também inconsistentes, isto é, não
convergindo para o seu valor real com o aumento da amostra (GREENE,
2002).
11
Least squares dummy variables
YMXXMX
DDEF
')'(
ˆ
1
=
β
75
3.3.1 - Efeitos Aleatórios
Diferentemente da regressão por efeitos fixos, se a heterogeneidade
individual não for correlacionada com as variáveis explicativas do modelo,
surgirá no modelo um componente aleatório, similar à perturbação estocástica
que é estimada de forma ineficiente por mínimos quadrados ordinários
(GREENE, 2002).
Assim, considerando-se um modelo de regressão múltipla:
itititiit
XXY
ε
β
β
α
+
+
+
=
3322
(3.31)
)(
3322 itiititit
XXY
ε
α
β
β
+
+
+
=
(3.32)
Se
ititi
u
=
+
)(
ε
α
O modelo será:
itititit
uXXY
+
+
=
3322
β
β
(3.33)
Onde é possível observar que parte do termo de erro é constante para
cada para cada unidade e, portanto, não é possível dizer que não haja
correlação entre os erros. Disso decorre a ineficiência da estimação por MQO.
Por essa razão, é necessário estimar o modelo de efeitos aleatórios por
mínimos quadrados generalizados; mas também é possível que a estimação
seja feita por máxima verossimilhança (DAVIDSON E MACKINNON, 2004).
3.3.2 - Teste de Hausman
A escolha entre qual modelo utilizar pode ser feita pelo teste de
Hausman, o qual afirma que o modelo estimado, utilizando-se efeitos fixos, não
76
se diferencia do modelo estimado por efeitos aleatórios; e a estatística do teste
segue assintoticamente uma distribuição qui-quadrado (GUJARATI, 2004).
Greene (2002) afirma que no teste, a covariância de um estimador
eficiente e sua diferença para um estimador ineficiente é zero e, portanto:
(3.34)
Ou
(3.35)
Inserindo (3.35) na formulação
]
ˆ
[
β
bVar
tem-se:
(3.36)
Assim, a estatística qui-quadrado do teste será:
(3.37)
Onde é a declividade da matriz de covariância estimada pelo método
LSDV e a matriz de covariância estimada no modelo de efeitos aleatórios
excluindo-se a constante; e
1
k
são os graus de liberdade.
Existe também o teste de Hausman robusto (teta). Contudo, sua
aplicabilidade em painéis desbalanceados é bem mais complexa, [sem
adicionar grande confiabilidade] (CAMERON e TRIVEDI, 2009). Assim sendo,
como o presente estudo utilizará um painel desbalanceado, será conduzido um
teste de Hausman clássico.
0]
ˆ
[]
ˆ
,[]
ˆ
),
ˆ
[( ==
ββββ
VarbCovbCov
]
ˆ
[]
ˆ
,[
ββ
VarbCov =
ψββ
== ]
ˆ
[][]
ˆ
[ VarbVarbVar
]
ˆ
[
ˆ
]'
ˆ
[]1[
12
ββχ
Ψ==
bbKW
Ψ
ˆ
77
3.3.3 – Vantagens e desvantagens no uso de dados longitudinais.
Os dados longitudinais, por sua especificidade, possuem algumas
vantagens e desvantagens para a análise econométrica, as quais serão citadas
a seguir, de acordo com HSIAO (1990).
A primeira e mais clara vantagem na utilização de dados em painel é o
aumento do número de observações em uma amostra, onde cada unidade é
observada por um período de tempo.
Outra vantagem é que os dados longitudinais podem auxiliar na
interpretação de um modelo. Por exemplo, se um modelo diz que as mulheres
representam 50% da força de trabalho, os dados em painel respondem se
esses 50% são relativos ao tempo dentro da força de trabalho, ou se não
essa questão temporal.
Considerando agora questões mais próximas do estudo a ser descrito no
presente trabalho, como demonstrado em (3.38), geralmente existe o problema
da colinearidade entre as variáveis explicativas defasadas. Portanto, a variável
explicativa com uma defasagem, terá colinearidade com a variável explicativa
com duas defasagens e assim por diante.
t
i
itit
uXY ++=
=
0
0
ββ
(3.38)
Assim, se apenas a disponibilidade de dados cross-section ou de
séries temporais, não é possível obter estimadores eficientes para o modelo
proposto.
A partir da disponibilidade de dados em painel, as diferenças entre
indivíduos reduzem a colinearidade entre as variáveis explicativas. Ademais, a
78
extensão do tempo no painel (usualmente tratado como “Tdo painel) impõe
uma restrição ao número de parâmetros de defasagem a serem estimados, o
que impossibilita a estimação ad hoc da extensão da defasagem.
Portanto, o uso de dados em painel é interessante para a diminuição da
magnitude de problemas econômicos encontrados em estudos empíricos, bem
como possibilita predições mais corretas a nível individual.
Para o estudo descrito no Capítulo 5 as vantagens de dados em painel
superam as desvantagens a serem citadas adiante, dada a conjuntura
encontrada na feitura do estudo.
A principal desvantagem no uso de dados em painel é o viés de
heterogeneidade. Isso ocorre quando fatores peculiares e importantes de um
dado indivíduo são esquecidos, a função de distribuição de probabilidade
utilizada para a geração da variável dependente não é mais realista. Assim, a
não captura de tais efeitos individuais existentes nas unidades cross-section e
temporais pelas variáveis explicativas pode levar à heterogeneidade dos
parâmetros estimados. Dado (3.39).
ititiiit
xy
µβα
++=
(3.39)
Onde,
Tt
Ni
,,2,1
,,2,1
L
L
=
=
(3.40)
Os parâmetros
i
α
e
i
β
são constantes no tempo, mas diferentes entre
unidades. Seguindo esse pressuposto, dois casos podem distorcer a estimação
por mínimos quadrados:
Intercepto heterogêneo e coeficiente angular homogêneo:
79
)(
ji
αα
e
)(
=
ji
ββ
(3.41)
Ou Intercepto heterogêneo e coeficiente angular heterogêneo:
)(
ji
αα
e
)(
ji
ββ
(3.42)
Nesses casos, MQO não deve ser utilizado, e eis que se observa a
emergência do viés de heterogeneidade.
3.4 MODELO DINÂMICO: O MODELO DE DEFASAGEM
DISTRIBUÍDA.
A adição de uma variável defasada em um modelo econométrico
decorre normalmente da necessidade de adequação teórica do modelo. Assim
sendo, um modelo de defasagem distribuída será aquele que apresentar não
apenas variáveis correntes explicativas, mas também valores defasados
(passados) de tal variável (GUJARATI, 2000).
Nos modelos dinâmicos, diferentemente do que ocorre no modelo
clássico de regressão linear, onde os efeitos marginais são imediatos, o
impacto das variáveis independentes no equilíbrio da dependente possui
caráter temporal (GREENE, 2002).
Assim, uma mudança na variável independente “X” em qualquer ponto
do tempo afetará
],,,|[
1 ittts
xxxyE
L
em todos os períodos posteriores.
Contudo, tais modelos normalmente são construídos de modo que a influência
de “X” em “Y” cessa após alguns períodos (GREENE, 2002).
Portanto, um modelo de defasagem distribuída pode apresentar a
seguinte forma:
80
tititttt
uXXXXY
+
+
+
+
+
=
β
β
β
β
β
L
331210
(3.43)
Reescrevendo o modelo em um formato mais geral obtém-se:
t
i
itit
uXY ++=
=
0
0
ββ
(3.44)
Tal modelo pode ter infinitas defasagens, sendo conhecido por modelos
de defasagens infinitas. Contudo, tal qual dito anteriormente, tais modelos
costumam apresentar um número pequeno de defasagens.
Observando a equação (3.44), apresentada na forma estocástica, é
possível fazer algumas suposições sobre as propriedades estatísticas de seus
termos, as quais não diferem do que ocorre no modelo clássico de regressão
linear. Portanto:
0)(
=
t
uE
2
)(
σ
=
t
uVar
0),(
1
=
tt
uuCov
É necessário salientar, tal qual se encontra em Hill et. al. (2003), que no
caso de uma amostra
T
observações sobre
t
Y
e
t
X
; em um modelo
dinâmico com
i
defasagens, estarão disponíveis
iT
observações
completas, dada a perda de
i
observações ocasionadas pelas defasagens
criadas.
81
3.4.1 - Porque defasagem distribuída?
Segundo Gujarati (2000), o termo “distribuída” é relativo ao efeito não
imediato na variável dependente resultante de uma mudança na variável
independente.
Por exemplo, considerando-se uma função consumo keynesiana, caso
haja um aumento permanente da renda pessoal disponível (variável
independente no modelo), não haverá um aumento imediato no consumo
resultante da totalidade do aumento na renda. Na verdade, os indivíduos
poderiam tender a não gastar todo seu dinheiro disponível imediatamente.
Baseado nisso, Gujarati (2000) demonstra que o efeito no consumo
resultante de um aumento na renda se distribui ao longo do tempo. Deste fato
decorre o termo “distribuída”. Nesses termos, a função consumo hipotética com
defasagem distribuída seria:
ttttt
uXXXY
+
+
+
+
=
310
2,03,04,0
β
(3.45)
Na função (4.13), o consumo aumenta em média 40% no primeiro
período, 30% no segundo, e 20% no terceiro, dado um aumento na renda.
É possível perceber, portanto, que nesse tipo de modelo econométrico,
existem efeitos de curto, médio, e longo prazos. Nesses termos, o coeficiente
0
β
é conhecido como multiplicador de curto prazo, ou de impacto, pois denota
o efeito imediato de uma alteração na variável explicativa na variável
dependente.
82
É possível ter também o efeito cumulativo em
j
períodos, também
conhecido como multiplicador intermediário, denotado em Greene (2002) por:
=
=
j
i
ij
0
ββ
(3.46)
Por fim, somando todos os coeficientes de regressão da equação
estimada, obtém-se o multiplicador de defasagem distribuída de longo prazo,
ou total, que novamente, segundo Greene (2002) será:
=
=
1
i
i
ββ
(4.47)
Greene (2002) apresenta um gráfico que exibe o efeito de curto a longo
prazo das defasagens, no contexto de um modelo de oferta e demanda por
gasolina. Assim, um aumento no preço da gasolina em um período
t
”, afetará
a demanda da seguinte forma:
t t+1 t+2 t+3 t+4 t+n
tempo
Demanda
β
1
β
2
β
3
β
4
β
n
D0
D1
83
Gráfico 19 – Exemplo de defasagem distribuída
12
.
Como os coeficientes de defasagem o coeficientes de regressão, sua
escala será determinada pela escala das variáveis no modelo. Assim, é
possível obter um coeficiente ponderado, ou padronizado (GREENE, 2002):
=
=
0j
j
i
i
w
β
β
(3.48)
E,
=
=
0
1
i
i
w
(3.49)
Deste modo, o modelo pode ser reescrito da forma apresentada em
(3.50).
=
++=
oi
titit
uXwY
βα
(3.50)
E, de acordo com essa formulação, a defasagem média será:
=
=
0
2
i
ii
iww
(3.51)
É possível observar a multiplicidade de conceitos correlatos ao modelo
de defasagem distribuída e as várias formulações alternativas para o modelo.
Contudo, a teoria relativa a tais modelos não se resume ao apresentado
anteriormente, é possível também apresentar o modelo de defasagem
distribuída em termos de operadores de defasagem e diferença.
12
Comandos para MATLAB 7.1:
x = 10:.1:30;
y = 1./x
plot(y)
84
3.4.2 – Operadores de defasagem e diferença.
Considere o seguinte operador de defasagem:
1
=
tt
xLx
(3.52)
Assim sendo,
2
2
)(
==
ttt
xxLLxL
(3.53)
Portanto, segundo Greene (2002), a regra geral para os operadores de
defasagem será:
qtptt
pq
qptt
qp
t
pq
xxxLL
xxLxLL
+
+=+
==
)(
)(
(3.54)
Já o operador de diferença será:
1
=
ttt
xxx
(3.55)
Utilizando-se o operador de defasagem na formulação do operador de
diferença obtém-se:
tt
xLx )1(
=
(3.56)
Portanto,
21
2
22
22
2
)21(
)1(
+=
+=
=
tttt
tt
tt
xxxx
xLLx
xLx
(3.57)
Utilizando tais formulações , é possível modificar novamente a forma
geral do modelo de defasagem distribuída (GREENE, 2002):
85
ttt
i
tt
i
it
uxLBY
uxLY
++=
++=
=
)(
0
α
βα
(3.58)
Onde
)(LB
é o operador de defasagem polinomial dado por:
L
+++=
2
210
)( LLLB
βββ
(3.59)
Demonstradas as principais formas de exibição do modelo dinâmico de
defasagem distribuída, é necessário elucidar as principais formas de estimação
de tais modelos no contexto de séries temporais, cross-section, e
especialmente dados em painel, os quais são utilizados no presente trabalho.
3.4.3 – Busca pela quantidade correta de defasagens.
Na presença de uma modelo autoregressivo ou de defasagem
distribuída é necessária a determinação da ordem da defasagem temporal, a
qual deve ser executada levando-se em conta alguns problemas.
Considerando-se que existe um número “p” verdadeiro ou correto de
defasagens, caso o pesquisador inclua no modelo um número de defasagens
inferior a “p”, ele estará omitindo informações valiosas ao modelo, criando
assim, um viés de especificação (STOCK & WATSON, 2004).
Assim, os coeficientes estimados serão viesados e inconsistentes. Além
disso, a matriz de covariância também será viesada, e a inferência estatística
realizada nos parâmetros está fadada ao fracasso (GREENE, 2002).
Adversamente, se o número de defasagens incluídas for
demasiadamente alto (maior que “p”), o modelo apresentará viés de inclusão
de variáveis irrelevantes, cujas conseqüências são menos sérias, pois os
86
estimadores de MQO são consistentes e não viesados. Porém, os coeficientes
estimados de um modelo com tal problema não terão a menor variância
possível (GUJARATI, 2000).
Uma forma interessante de contornar tais problemas é estimar o
tamanho de “p” via critérios de informação, em uma formulação específica para
a determinação do número correto de defasagens.
A seguir, exibe-se os critérios de informação de Schwarz (CIS) e o de
Akaike (CIA):
( )
T
T
p
T
pSQR
pCIS
ln
1
)(
ln)( ++
=
(3.60)
( )
T
p
T
pSQR
pCIA
2
1
)(
ln)( ++
=
(3.61)
Onde,
P = Número de defasagens
T = Tamanho amostral
SQR(p) = Soma dos quadrados dos resíduos da regressão com “p”
defasagens.
Segundo Stock & Watson (2004), o critério de informação de Schwarz
(CIS) é mais indicado, pois o critério de Akaike (CIA) tende a superestimar o
valor de “p”. Contudo, se um pesquisador teme que o BIC possa produzir um
modelo com poucas defasagens, o CIA é uma alternativa razoável.
3.4.4 – Estimação dos modelos de defasagem distribuída.
87
Considerando novamente o modelo exibido de defasagem distribuída
representado por:
t
i
itit
uXY ++=
=
0
0
ββ
(3.62)
Quando se estima um modelo de defasagens distribuídas, normalmente
um valor de
t
X
é positivamente correlacionado com algum ou todos os seus
valores defasados
it
X
, para
1
i
. Em conseqüência disso, os estimadores de
MQO serão imprecisos. Contudo, caso pretenda-se encontrar apenas o
impacto temporal de longo prazo, dado por (4.39), decorrente de variações nas
variáveis independentes, então tal imprecisão não é efetivamente um problema
(DAVIDSON E MACKINNON, 2004).
Uma forma de estimar modelos com infinitas defasagens é pela
transformação de Koyck. Tal modelo apresenta uma grande dificuldade de
estimação, pois possui infinitos termos, e dadas às hipóteses estabelecidas por
Koyck, o modelo apresenta-se não linear nos parâmetros (HILL, 2003).
Isso ocorre, pois Koyck postula que tais parâmetros diminuem
geometricamente, admitindo que todos possuam o mesmo sinal. Portanto:
k
k
λββ
0
=
(3.63)
Sendo que,
10
...3,2,1
<<
=
λ
e
k
(3.64)
O termo
λ
é a taxa de declínio da defasagem distribuída; assim, cada
parâmetro estimado é sucessivamente menor que seu antecessor, pois o
88
passado cada vez mais distante teria influência dada vez menor sobre a
variável dependente, configurando assim uma distribuição geométrica
declinante (GUJARATI, 2000).
Gráfico 20 – Esquema de Koyck - adaptado de Gujarati (2000).
13
Nesses teremos, demonstra-se a transformação de Koyck, segundo Hill
(2003):
tttttt
uXXXXY
+
+
+
+
+
+
=
L
3322110
β
β
β
β
α
(3.65)
tttttt
uXXXXY ++++++=
)(
3
3
2
2
1
L
λλλβα
(3.66)
Efetuando-se
1
tt
YY
λ
e rearranjando:
)()1(
1 ttttt
uuYXY
λ
λ
β
λ
α
+
+
+
=
(3.67)
13
Comando para MATLAB 7.1
>> bk = 2*((0.75).^k);
>> plot(bk)
>> hold on
>> bk2 = 2*((0.5).^k);
>> plot(bk2)
Defasagem (Tempo)
β
k
λ
= 0,75
λ
= 0,5
89
A função (3.67) é a forma transformada de Koyck, que não possui mais
infinitos parâmetros para serem estimados, bem como apresenta-se linear em
tais parâmetros.
Apesar de ser uma forma extremamente interessante, de fácil
estimação, e com pressupostos plausíveis, tal formulação não atende aos
objetivos e pressupostos do presente trabalho. Isso ocorre, pois não é possível
admitir que todos os parâmetros estimados da variável P&D sejam positivos,
bem como também não é possível admitir que haja tal decaimento na influência
dos parâmetros estimados para a variável dependente, dado o tempo de
maturação citado dos investimentos em P&D e produtividade, demonstrado
em Griliches (1967).
As especificações econométricas utilizadas no Capítulo 6, por não
possuírem variáveis dependentes defasadas são perfeitamente passiveis de
serem estimadas pela metodologia tradicional usada em dados longitudinais,
como mínimos quadrados generalizados, sendo portanto a técnica a ser
utilizada adiante.
3.4.5 – Razões para defasagem
A questão das defasagens temporais existe em vários fenômenos a
serem modelados, especialmente os econômicos, que se refletem nas
abordagens de curto e longo prazo. Contudo, quais seriam as razões para a
existência de tais defasagens? A resposta para tal questionamento não é única
ou consensual, mas Gujarati (2000) apresenta as principais razões:
90
1. Razões Psicológicas: resultado da força do hábito ou inércia
comportamental. Assim sendo, os indivíduos tenderiam a não
modificar imediatamente, por exemplo, seu padrão de gastos tendo
em vista um aumento de sua renda.
2. Razões institucionais: obrigações contratuais, que mantém fixas ou
estáticas a ação dos agentes econômicos frente uma mudança no
cenário do qual se inserem.
3. Razões tecnológicas: como exemplo, substituição de trabalho por
capital. Obviamente, a adição de capital leva tempo (período de
gestação), bem como o temor de que o preço relativo do capital volte
a se elevar, o que tornaria inviável tal substituição, poderia fazer os
empresários adiarem tal decisão.
Gujarati (2000) também comenta um estudo realizado por Griliches
(1967) a respeito da defasagem entre pesquisa e desenvolvimento (P&D) e
produtividade.
3.5 TESTANDO A RELEVÂNCIA DAS VARIÁVEIS
ADICIONAIS E SELEÇÃO DE MODELOS VIA CRITÉRIOS DE
INFORMAÇÃO
Similarmente à busca pela quantidade correta de defasagens, a seleção
de um modelo pode ser feita pela Regression Fishing”, onde são calculadas
regressões com variáveis explicativas distintas e escolhe-se a mais
significante, pois normalmente deseja-se explicar a variação na variável
dependente (GOLDBERGER, 1991)
91
Para tanto, é possível utilizar os critérios de informação. Mais
especificamente, calcula-se a regressão com formulação original Cobb-Douglas
e os critérios de informação de cada uma das regressões com variáveis
inclusas em conjunto e individualmente. Assim, a especificação com o menor
critério de informação sea escolhida. Tal metodologia de escolha de modelo
via critérios de informação é encontrada em Davidson & MacKinnon (1999).
Alguns autores afirmam que o
2
R
não pune devidamente os graus de
liberdade do modelo de regressão múltipla. Uma metodologia alternativa para
esse todo são os critérios de informação, dentre eles, os mais usados são o
de Akaike e Schwarz (GUJARATI, 2000).
Critério de informação de Akaike (CIA):
n
k
n
SQR
CIA
2
ln2ln1 +++=
π
(3.68)
Critério de informação de Schwarz (CIS)
n
nk
n
SQR
CIS
ln
ln2ln1 +++=
π
(3.69)
Em qualquer um deles, testando-se 2 modelos, aquele que obtiver o
menor valor será o melhor modelo.
Segundo Greene (2002), o critério de informação de Schwarz, também
conhecido como critério de informação bayesiano (BIC
14
), penaliza mais
severamente a perda de graus de liberdade, tendendo, portanto, a escolher
modelos mais enxutos.
14
Bayesian information criterion
92
Tal fato ocorre, pois se observando o CIS, no primeiro termo da equação
a SQR diminui com a adição de uma variável explicativa. Em contrapartida, no
segundo termo, representativo do número de defasagens multiplicado por um
fator lnT/T, um aumento quando se acrescenta uma variável (STOCK &
WATSON, 2004).
Assim, sendo, o CIB contrabalanceia essas duas forças de modo que o
número de variáveis que minimiza o CIB seja um estimador consistente do
número de variáveis, ou defasagens, dependendo do que se estiver testando.
Baseado nessa característica, os testes realizados no Capítulo 5 utilizarão tal
critério.
93
CAPITULO4 MÉTODO
A despeito do grande avanço relativo às particularidades das funções de
produção, pouco se fez com relação a outros fatores que possuem influência
direta e são fonte de vantagem competitiva para os processos produtivos,
como P&D, Treinamento, e Gerenciamento.
É nesse sentido que o presente estudo objetiva contribuir, a despeito
das dificuldades de mensuração e interpretação econométrica de tais variáveis.
4.1 – DESENHO DE ESTUDO:
O presente trabalho classifica-se na categoria de desenho de estudo
transversal retrospectivo; visto que não intervenção do pesquisador,
caracterizando-se, portanto, como pesquisa descritiva. Tal avaliação a respeito
da natureza desta pesquisa foi realizada com o auxílio de Sendín
15
.
4.2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tanto para as funções de produção como para a econometria foram
descritos conceitos baseados na literatura convencional, a fim de introduzir os
conhecimentos básicos de cada área, tendo em vista o fato de o se tratar de
temas fluentes na Engenharia de Produção.
15
Informação fornecida pelo professor Francisco Albuquerque Sendín da
universidade de Salamanca, durante a disciplina Tópicos de Metodologia Básica de
Pesquisa ministrada no segundo semestre de 2009.
94
Além disso, para a revisão bibliográfica sobre funções de produção,
foram consultadas as bases ISI WEB OF KNOWLEDGE, EMERALD, SCIELO,
E JSTOR, sendo que esta última apresentou um maior acervo de estudos
sobre o assunto em questão.
Efetuou-se a as buscas com os seguintes parâmetros:
Cobb-Douglas OR Production function OR production functions no título
do artigo.
Obviamente, alguns artigos foram excluídos por não serem relevantes
para o presente trabalho, ou por não estarem disponíveis para consulta. E,
salienta-se, ainda, que a busca priorizou os artigos mais relevantes pelo critério
de número de citações, sendo apresentados, portanto, artigos seminais da área
de estudo.
Foi feita, ainda, uma nova pesquisa na base JSTOR priorizando artigos
recentes, a fim se ter uma idéia do que está sendo pesquisado atualmente em
relação a funções de produção.
Efetou-se a busca na base de dados JSTOR, com os seguintes
parâmetros: Cobb-Douglas OR Production function OR production functions no
título do artigo, compreendendo o período de 2000 a 2009. Como resposta
foram encontrados 13 artigos, os quais passaram posteriormente por um
processo de filtragem manual.
Adicionalmente, foi realizada uma busca similar na base latino-
americana SCIELO, que retornou três artigos de autoria brasileira, dos quais
apenas dois foram considerados relevantes para a problemática estudada.
95
Também foi realizada uma nova busca visando encontrar artigos que
tratassem da inclusão de P&D, gerenciamento e treinamento em funções de
produção. Assim, foram realizadas buscas em três bases: ISI WEB OF
KNOWLEDGE, JSTOR, e EMERALD, compreendendo todo o período
disponível, e com os operadores de busca especificados a seguir:
No Items Matched Your Search for: (ti:(production function) AND
ti:(R&D)) --- JSTOR
No Items Matched Your Search for: (ti:(production function) AND ti:(R&D)
AND ti:(Management)) --- ISI
Items Matched Your Search for: (ti:(production function) AND ti:(R&D)) --
- ISI - 2 artigos sem full text
Title=("production function") AND Title=(Management)
Timespan=All Years. --- ISI – 12 resultados, 1 full text
Results 1–2 of 2 for << (ab:("production function") AND ab:(R&D)) >>
Resultados (2) – Um utilizável.
No Items Matched Your Search for: (ti:("production function")
AND ti:(R&D))
Results 1–3 of 3 for << (ti:("production function") AND ti:(Management))
--- ISI Sendo 1 deles encontrado na ISI
Results 1–9 of 9 for << (ab:("production function") AND
ab:(Management)) >> Um deles encontrado na busca anterior, e os
demais não adequados.
A base Emerald não apresentou resposta às buscas mencionadas
acima. Apenas foram obtidos 9 resultados quando se buscou
96
(ab:("production function") AND ab:(Management)), dos quais nenhum
adequado aos objetivos do trabalho.
Não foi encontrado nenhum artigo nas bases citadas que relacionasse
explicitamente treinamento de funcionários e funções de produção.
O resultado geral apresentou quatro artigos em três bases, mas somente
três relevantes para a problemática apresentada, demonstrando a pouca
iniciativa de pesquisa no tema, e reforçando a contribuição do presente
trabalho para a problemática em questão.
Adiciona-se ainda que foi realizada uma busca por artigos que
abordassem as defasagens temporais inerentes a processos e fenômenos
microeconômicos. Contudo, não foi encontrado nenhum artigo relevante nas
bases de dados pesquisadas.
As metodologias de busca visaram encontrar fontes que
caracterizassem, da melhor forma, o estudo passado e recente em funções de
produção, a despeito dos termos de inclusão de busca serem carentes de
sofisticação, fato comum nas ciências sociais e exatas.
4.3 – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS A SEREM UTILIZADAS
A variável “gerenciamento” é, para o presente trabalho, considerada num
sentido amplo, podendo ser identificada como gasto em sistemas integrados e
em gestão da qualidade, bem como despesas de organização, reorganização
ou reestruturação da entidade.
a variável P&D considera todos os gastos com inovação realizados
pela firma, tanto em produto quanto em processo.
97
De forma similar, a variável “treinamento” considera todos os gastos
relacionados a este fator.
Para os testes a serem realizados no Capítulo 5, será utilizada a variável
“Diferido”, representativo do somatório das variáveis descritas anteriormente, a
qual se encontra no ativo do balanço patrimonial das empresas selecionadas.
Tal conta do ativo representa todos os gastos que poderão trazer retorno futuro
à empresa
.
4.4 – DADOS
Foram coletados dados dos balanços de um grupo de empresas do setor
de bens de capital relacionados no website da Bolsa de valores de São Paulo,
filtrando-se as empresas que apresentavam detalhadas as informações
necessárias para a realização deste trabalho, como receita bruta (produto),
imobilizado (capital), salários a pagar (trabalho), e o ativo Diferido.
Diferentemente de Mefford (1986) que utiliza fluxo de depreciação e
renda de Máquinas e equipamentos como proxy para a variável capital, o
presente trabalho faz uso da conta “imobilizado total” do ativo, visto que o
estudo de Mefford não apresentou bons resultados na estimativa do parâmetro
de tal variável. Contudo, ambos os trabalhos concordam em relação aos dados
da variável trabalho.
Salienta-se que algumas empresas não possuíam a conta do ativo
“imobilizado total”, mas sim um série de contas fragmentas relativas à
imobilizações. Assim, nessas empresas a variável capital foi obtida pelo
98
somatório das contas de imobilização, a fim de obter paridade de informações
com aquelas empresas que exibiam apenas uma conta de imobilizado.
A seleção resultou em uma amostra do tipo longitudinal das empresas
Bardella, Elektro Aço, Inepar, Metisa, Romi, Trafo, Metalfrio, Lupatech, Schulz;
sendo que as três últimas num período de 2005 a 2008 e as demais, de 1999 a
2008, com exceção da empresa Romi, que possuía um período de 2002 a
2008. Portanto, tais especificidades da amostra caracterizam-na como não-
aleatória; sendo também um painel desbalanceado.
Apesar da questão do painel não balanceado, para o estudo descrito no
presente capítulo, as vantagens superam as desvantagens citadas
anteriormente, dada a conjuntura encontrada na feitura do estudo relativo à
defasagens temporais, via uso de um modelo de defasagem distribuída.
Salienta-se ainda que foi consultada a base Economática, a qual o
detalhava em seus balanços a conta “salários a pagar”, impossibilitando a
utilização de tais dados. Além disso, realizou-se, também, uma tentativa de
contato com as empresas da amostra, a fim de disponibilizarem o
detalhamento dos gastos inerentes ao Diferido, mas infelizmente o houve
resposta de nenhuma delas. Também, foi contatada a ABIMAQ (Associação
Brasileira de Máquinas e Equipamentos), a qual negou o auxilio ao presente
trabalho.
Visto tais situações, o trabalho contou apenas com os dados disponíveis
no website da Bovespa, que apesar de limitarem a análise pela agregação de
P&D, gerenciamento e treinamento na variável “Diferido”, apresentaram-se
suficientes para a realização das estimações econométricas.
99
4.5 MODELO INICIALMENTE PROPOSTO E AGREGAÇÃO DE
VARIÁVEIS
A função Cobb-Douglas, acrescidas das variáveis gasto com P&D,
sistemas Gerenciamento, e gastos com treinamento pode ser exibida pela
seguinte forma estocástica:
it
u
itititititit
eGChPLKy
65
4
3
2
1
ββ
β
β
β
β
=
(4.1)
Onde,
K = Gasto com capital
L = Gasto com salários
P = Gasto com P&D
Ch = Gasto com treinamento dos colaboradores
G = Gasto com gerenciamento integrado
Utilizando-se um modelo log-log, os parâmetros betas (coeficientes de
regressão parcial da regressão múltipla) apresentarão o retorno de escala de
cada coeficiente, mantendo-se os outros constantes. Além disso, o uso de
logaritmos dará a elasticidade dos coeficientes (GUJARATI, 2000). Portanto, a
equação (4.2) transformada será:
ititititititit
uGChPLKy ++++++= lnlnlnlnln
654320
βββββα
(4.2)
Contudo, tais variáveis não se encontram detalhadas no balanço das
empresas. Na realidade, elas estão condensadas em uma conta do ativo
chamada “Diferido”, que será usada como Proxy do somatório das variáveis a
serem adicionadas na função de produção.
100
4.6 – ATIVO DIFERIDO E HIPÓTESE DE DEFASAGEM VIA DEA
As variáveis a serem adicionadas (P&D, gerenciamento, e treinamento)
encontram-se em uma conta chamada “Diferido” no ativo do balanço
patrimonial da empresa.
Como normalmente as companhias abertas não detalham os
componentes do Diferido, tal conta será usada na estimação da função de
produção modificada, e representará uma aproximação do somatório das
variáveis a serem adicionadas.
Segundo a Lei das Sociedades por Ações (6.404/76) o ativo Diferido
representa gastos com serviços que beneficiarão resultados de exercícios
futuros da empresa. Tais gastos, ao serem Diferidos (isto é, detalhados), são
entendidos como essenciais e necessários, sem os quais a atividade
empresarial não pode ser iniciada (IUDÍCIBUS, 2003).
Tal conta consiste em despesas de organização, custos de estudos e
projetos, despesas com investigação e desenvolvimento, gastos incorridos com
reorganização ou reestruturação da entidade, despesas pré-operacionais,
como seleção e treinamento de funcionários, propaganda institucional para que
o produto ou a empresa fiquem conhecidos antes do lançamento, abertura de
firma e honorários para constituição.
Portanto uma possível especificação para o modelo com dados
longitudinais será:
ititititit
uDLKy ++++= lnlnln
4320
βββα
(4.3)
Onde,
101
D = Gasto no ativo Diferido, que representa o somatório das variáveis a
serem adicionadas.
Existe uma questão essencial a ser elucidada, relacionada com o tempo
de maturação dos investimentos relativos ao Diferido, pois é sabido que
investimentos em P&D exigem certo tempo de maturação (SILVA, 2002)
16
, bem
como um investimento em um sistema integrado de gerenciamento requer
certo tempo para gerar retornos para a firma.
Nesse sentido, levantou-se a possibilidade de que a variável “Diferido”
devesse ser adicionada com defasagens temporais a fim de captar tal efeito.
Tal questão será testada via critério de informação de Schwarz para verificar
qual ou quais defasagens, no tempo, devem ser incorporadas aos modelos a
serem testados.
Ademais, é possível observar tal fato realizando-se uma análise
envoltória de dados (DEA), ao identificar que no grupo das empresas mais
eficientes, encontram-se tanto empresas que possuem gasto em Diferido,
quanto àquelas que não possuem, sugerindo que, para o período, não houve
influência do “Diferido” na eficiência relativa daquelas DMU’s, tal qual será
demonstrado no Capítulo 5.
A análise envoltória de dados consiste em uma técnica não-paramétrica
de programação linear para avaliar a eficiência produtiva de unidades
tomadores de decisão (DMU’s - decision making units) em um mesmo setor ou
atividade e, portanto, que empregam processos tecnológicos semelhantes,
tendo em vista múltiplos insumos e múltiplos produtos (Deazone Website).
16
Publicação do website da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP), cujo endereço eletrônico consta na bibliografia de websites
consultados.
102
Nesse sentido, a DEA possibilitou a construção de fronteiras de
produção para as unidades produtivas empregadas, a fim de avaliar a
eficiência relativa dos planos de operação executados pelas DMU’s. A técnica
DEA é, também, referência para o estabelecimento de metas futuras de
eficiência para as DMUs envolvidas (Beckemkamp, 2002).
Baseado no fato que a eficiência de uma DMU é calculada usualmente
pela razão Produto/Insumo, utilizando-se programação fracionária, a eficiência
produtiva dada pela técnica DEA é obtida por meio da razão entre a soma
ponderada dos produtos e a soma ponderada dos insumos (Faria; Paula;
Marinho, 2006). A expressão (3.1) ilustra o conceito de eficiência.
...
...
2211
2211
++
+
+
=
jj
jj
xvxv
yuyu
E
(4.4)
Onde,
1
u
= peso dado ao produto 1
j
y
1
= total de produto 1 da unidade j
1
v
= peso dado ao insumo 1
j
x
1
= total do insumo 1 da unidade j
As empresas mais eficientes serão aquelas que apresentarem a melhor
relação entre o produto ponderado e o insumo ponderado e, portanto, estarão
situadas sobre a fronteira de eficiência, enquanto as DMU’s ineficientes estarão
abaixo da fronteira. Toda essa situação pode ser vista graficamente no modelo
bidimensional (um produto e um insumo) na Gráfico 17:
103
Gráfico 21: Fronteira de eficiência revelada.
Segundo Mariano (2008) a principal diferença entre os modelos
matemáticos do DEA é o formato da fronteira de produção adotado. Isso
demonstra que o DEA, tal qual a metodologia econométrica para a estimação
da função de produção, também é capaz de refletir diferentes tipos de retornos
de escala, dependendo do modelo utilizado.
Assim, para representar diferentes retornos de escala a técnica DEA
possui dois modelos distintos: (a) o modelo CCR que se utiliza de fronteiras
que pressupõem retornos constantes de escala e; (b) o modelo BCC o qual
apresenta retornos variáveis de escala.
Segundo afirma Marinho (2001), o objetivo do modelo CCR é explicitar a
eficiência relativa de uma DMU em um problema de programação linear. As n
DMUs sendo estudadas utilizam m inputs para produzir s bens ou outputs. O
vetor de inputs xj = (x1j, x2j,..., xmj)T e o de outputs yj = (y1j, y2j, ..., ysj)T são
conhecidos por intermédio de cada DMU j, com j = 1, ..., n.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
5.5
Imput
Ouput
Fronteira de eficiência revelada
104
As expressões (4.5), e (4.6) apresentam um modelo CCR em sua forma
fracionária.
=
=
=
m
i
ii
S
r
rr
xv
yu
h
1
0
1
0
0
max
(4.5)
Sujeito a:
1
1
0
1
0
=
=
m
i
ii
S
r
rr
xv
yu
para
mj ,...,1
=
(4.6)
Onde,
mi
Sr
vu
ir
,...,1
,...,1
0,
=
=
j
irj
xy ,
são respectivos outputs e inputs conhecidos da j-ésima DMU.
ir
vu ,
são as ponderações a serem determinadas de modo a manter o
maior valor possível para
0
h
.
O valor
0
h
é o valor ótimo para a solução do modelo. Tal valor não sofre
a influência de unidades de medida e varia entre zero e um; portanto,
0
h
=1
denota eficiência máxima.
O modelo DEA original apresentado se configura na razão entre produto
virtual e insumo virtual, sendo, portanto, um modelo não-linear. Contudo, como
é demonstrado em Charnes & Cooper (1962), a programação não-linear pode
105
ser transformada em um problema linear por meio da fixação de uma
orientação (que pode ser aos inputs ou aos outputs).
O outro modelo citado, o BCC, que possui retornos variáveis, vem a
substituir o axioma de proporcionalidade entre os inputs (valores de entradas) e
outputs (valores de saídas), obrigando que a fronteira seja convexa. Em outras
palavras, as DMU’s com baixos inputs possuirão retornos crescentes de
escala, e aquelas com altos inputs, apresentarão retornos decrescentes de
escala (Almeida, 2006).
Em Brandão (2008), encontra-se a seguinte formulação matemática para
o modelo BCC orientado para o output:
=
+
n
i
kkii
vxvMinimizar
1
(4.7)
Sujeito a:
=
=
m
r
rkr
yu
1
1
= =
m
r
n
i
kkiirkr
vxvyu
1 1
0
(4.8)
0,
ir
vu
O significado de cada variável corresponde ao mesmo utilizado na
formulação matemática do modelo BCC, com exceção da variável v que
representa o tipo de retorno a escala da DMU que está sendo analisada.
106
4.7 ESPECIFICAÇÕES ECONOMÉTRICAS A SEREM TESTADAS:
MODELOS COBB-DOUGLAS MODIFICADOS COM INCLUSÃO DE
VARIÁVEIS.
Variáveis adicionais não o inputs propriamente ditos, mas afetam
substancialmente a produção. A título de exemplo pode ser citado o
gerenciamento, que mesmo não sendo fator físico de produção afeta o volume
produzido; ou mesmo o P&D, que depois de realizado, possui um efeito sobre o
produto que perdura por um tempo, sem a necessidade de novos dispêndios
como os fatores capital, trabalho ou matérias-primas.
Assim, dada a complexidade apresentada no que tange ao efeito de tais
variáveis na função de produção, é necessário o uso de modelos ou formas de
interpretação mais complexas do que a simples linearização e adição da
variável Diferido.
Nesse sentido, o presente trabalho irá explorar três formas de inserção e
estimação da variável “Diferido” na função de produção Cobb-Douglas.
4.7.1 – Identificação do número correto de defasagens
A identificação do número correto de defasagens é realizada por meio
de critérios de informação (STOCK & WATSON, 2004).
Serão realizadas 4 regressões, uma com cada um dos modelos de
defasagem distribuída com uma defasagem adicional, totalizando um máximo
de 3 defasagens, mais a regressão com a variável Diferido contemporânea (a
qual não é mais um modelo de defasagem distribuída), e após isso, calculado o
critério de informação de Schwarz (CIS), que permitirá a escolha daquela que
107
obtiver o menor critério. Tal metodologia elimina o risco do modelo possuir
tanto viés de inclusão quanto de especificação.
Vale salientar que o máximo de três defasagens testadas deve-se ao
tamanho do painel disponível na amostra, que raciona o número de defasagens
possíveis.
Feito isso, todos os modelos testados levarão em conta o número de
defasagens encontrado previamente para a adição do Diferido na função de
produção Cobb-Douglas.
4.7.2 – Modelo A: Diferenças nos interceptos
Considerando que as variáveis que compõem o Diferido são
caracterizadas por um dispêndio em um período e, após algum tempo,
resultam em um efeito duradouro na função de produção, sem novos
dispêndios, isso pode ser equiparado aos desdobramentos tecnológicos
descritos por Varian (2000), que deslocam a função de produção para cima.
Tal fato caracterizaria uma mudança no intercepto da função, portanto, o
“Modelo A” visa estimar uma função Cobb-Douglas original e uma modificada
com a adição da variável “Diferido” e, após isso, verificar se existe uma
diferença significativa no intercepto.
Obviamente, quando há a adição do Diferido na função, existe a questão
da endogeinização de um fator considerado exógeno na função, no caso a
tecnologia, representado pelo intercepto da função. Contudo, a variável
“Diferido” possui mais fatores em sua composição além de gastos com P&D, os
108
quais, quando omissos, aumentam a inexplicabilidade da função. Visto isso,
faz-se interessante verificar as diferenças nos interceptos.
Assim, observam-se as equações a serem estimadas:
εβββ
+++=
ititit
LKY lnlnln
321
(4.9)
εββββ
++++=
iitititit
DLKY lnlnln'ln
4321
(4.10)
Verificar se:
=
':
':
11
110
ββ
ββ
i
H
H
(4.11)
Assim, verifica-se se houve ou não deslocamento da função de
produção.
Contudo, existe ainda outra abordagem muito interessante para inserir o
impacto do Diferido na função de produção, proposta a seguir.
4.7.3 – Modelo B: Modelo com interações
Outra maneira de verificar a influência do “Diferido” é postular que tal
variável potencializa o retorno dos fatores capital e trabalho, sendo, portanto
um fator multiplicativo do parâmetro da variável, como demonstrado em (4.13).
it
TtTit
u
D
it
D
itit
eLKy
=
**
1
32
ββ
β
(4.13)
Onde,
Tit
D
é o Diferido da empresa “i” no tempo “t-T”. Sendo que o número
correto de defasagens “T” será encontrado pelo método descrito anteriormente
por critérios de informação.
109
Assim, linearizando o modelo com a aplicação de logaritmos naturais
tem-se:
ititTititTitit
uLDKDy
+
+
+
=
lnlnln
321
β
β
α
(4.14)
É observável que tal modelo apresenta interações entre variáveis, sendo
possível, portanto, estimar usualmente seu painel, bem como obter o impacto
das variáveis capital e trabalho quando considerada a influência do Diferido.
Dessa forma, o Diferido apresentaria um impacto indireto sobre o produto,
através de sua influência sobre capital e trabalho.
Ademais, tal modelo nos traz informações importantes a respeito da
composição da variável “Diferido” no sentido de que, se a interação entre
Diferido e trabalho for estatisticamente mais significante que a interação com o
capital, é possível inferir que a composição do Diferido apresenta uma maior
proporção de gastos que influenciam o trabalho, como treinamento, por
exemplo.
Salienta-se, ainda, que tal modelo é uma modificação das
especificações apresentada por Ulveling e Fletcher (1970), e Doll (1974),
apresentadas no Capítulo 2, pela inclusão de novas variáveis defasadas no
tempo.
4.7.4 – Modelo C: Modelo com variações
Outra forma de verificar a influência do Diferido sobre o produto é por
meio de variações no tempo, o que possibilitaria ver o impacto da variação do
Diferido na variação do produto. Tal modelo foi inspirado no estudo de Gartner
(2009), sobre a influência dos gastos com TI.
110
Assim, o modelo será:
ititititit
uDLKy
+
+
+
=
lnlnlnln
432
β
β
β
(4.15)
Onde,
1
lnlnln
=
ititit
yyy
Contudo, na equação acima, não se leva em conta o número de
defasagens no Diferido. Assim, é possível estimar o mesmo modelo, mas com
a variável Diferido defasada, por meio do cômputo de uma tendência linear,
tendo em vista a diferença no número de observações, de cada variável. Isso
ocorre, pois uma defasagem de, por exemplo, três períodos no tempo, implica
na perda de três informações por empresa do painel. Dessa forma, para
realizar a regressão, o software STATA (a ser utilizado) realiza uma
extrapolação dos dados ausentes a fim de manter as dimensões matriciais
necessárias.
Dessa forma, o modelo será:
itTitititit
uDLKy
+
+
+
=
lnlnlnln
432
β
β
β
(4.16)
Onde,
Tit
D
ln
é a variação do Diferido com “T” defasagens.
4.7.5 – Modelo D: Modelo Misto
O modelo misto apresenta as características dos modelos A e B
conjuntamente. Assim, tal proposição terá conjuntamente as variáveis de input
111
capital e trabalho isoladas e também em interação com o Diferido defasado,
como demonstrado em (4.17).
itTitTit
u
it
D
itit
D
itit
eLLKKy
2312
1
αβαβ
β
=
(4.17)
Linearizando o modelo com logaritmos naturais:
itititTitititTitit
uLLDKKDy +++++=
lnlnlnlnln
23121
αβαββ
(4.18)
Assim, o modelo a ser estimado de (4.18) contempla tanto o efeito
líquido dos inputs tradicionais como capital e trabalho, quanto a interação, ou
seja, o efeito que o Diferido defasado possui na atuação sobre capital e
trabalho.
O Capítulo 5 apresenta as estimações e a discussão dos resultados
obtidos.
112
CAPÍTULO 5 RESULTADOS E
DISCUSSÕES
Neste capítulo serão apresentados os resultados da aplicação da técnica
DEA, bem como a aplicação do modelo de defasagens distribuídas e a
posterior estimação dos modelos propostos no Capítulo 4.
5.1 – DEA E HIPÓTESE DE DEFASAGEM
Inversões nas variáveis P&D, gerenciamento e treinamento tendem a
provocar maior eficiência relativa. Estudos como o de Ding et. al. (2007)
afirmam, por exemplo, que existe uma relação positiva e direta entre gastos
com P&D, e ganhos de produtividade.
A partir disso, realizou-se análise por envoltória de dados (DEA) num
modelo BCC orientado para o output, a fim de comprovar tal afirmação. No
entanto, tomando-se as empresas mais eficientes, encontram-se tanto
empresas que possuem gasto em Diferido, quanto àquelas que não possuem,
sugerindo que, para o período, não houve influência do Diferido na eficiência
relativa daquelas DMU’s (Tabela 5.1). Dada essa evidência, formulou-se a
hipótese de defasagem temporal para que essas variáveis tenham um efeito
positivo para a produção.
113
Tabela 5.1 – Comparação da eficiência com o Diferido.
Unit name Score Diferido Unit name Score Diferido
BARDELLA1999 100,00 0 ELECTRO AÇO2007 81,57 0
ELECTRO AÇO2002 100,00 0 INEPAR2001 78,24 44262
METISA2008 100,00 0 BARDELLA2001 75,14 0
ELECTRO AÇO2004 100,00 0 ROMI2006 71,99 0
SCHULZ2006 100,00 0 ELECTRO AÇO2003 70,10 0
METISA2004 100,00 0 INEPAR2006 68,48 7185
INEPAR2000 100,00 79641 INEPAR2002 67,07 29193
METISA2007 100,00 0 BARDELLA2005 63,48 7494
METALFRIO2005 100,00 2236 TRAFO2007 63,18 803
SCHULZ2008 100,00 0 INEPAR2005 60,80 14135
METALFRIO2008 100,00 0 TRAFO2006 58,41 1208
METALFRIO2007 100,00 11400 ROMI2004 57,80 0
INEPAR2008 100,00 430 INEPAR2003 57,51 20877
BARDELLA2000 99,65 0 TRAFO2005 57,48 971
BARDELLA2008 98,22 642 BARDELLA2007 55,60 7842
ELECTRO AÇO2005 96,71 0 INEPAR1999 55,33 74985
METISA2005 96,48 0 INEPAR2004 53,33 20013
METALFRIO2006 95,61 5091 BARDELLA2004 53,25 6695
SCHULZ2005 95,44 0 BARDELLA2006 51,61 8433
METISA2003 94,72 0 LUPATECH2005 48,15 1550
METISA2002 94,28 0 LUPATECH2006 44,81 3221
INEPAR2007 91,11 3089 LUPATECH2007 44,53 8591
METISA2006 90,36 0 TRAFO2002 43,80 0
ROMI2008 89,20 0 BARDELLA2002 42,26 4735
SCHULZ2007 88,63 0 ROMI2003 41,95 0
ROMI2005 86,28 0 TRAFO2004 41,93 634
ELECTRO AÇO2006 83,40 0 TRAFO2003 37,35 0
LUPATECH2008 82,89 0 BARDELLA2003 33,37 5577
ELECTRO AÇO2008 82,60 0 ROMI2002 29,58 0
ROMI2007 81,72 0
Seria esperado que empresas com maiores inversões nas variáveis
P&D, gerenciamento e treinamento obtivessem maior eficiência relativa, pois
estudos como o de Ding et. al. (2007) afirmam, por exemplo, que existe uma
relação positiva e direta entre gastos com P&D, e ganhos de produtividade.
Não obstante, é possível observar, também, concentração importante de
gasto com Diferido pelas firmas menos eficientes.
114
Dada essa evidência, formulou-se a hipótese de defasagem temporal
para que essas variáveis tenham um efeito positivo para a produção, a qual
será testada e quantificada via modelo econométrico proposto no item 5.2,
deste capítulo.
Assim sendo, o modelo ficaria com a seguinte especificação:
itTitititit
uDLKy ++++=
lnlnln
4320
βββα
(5.1)
Onde,
Tit
D
é o Diferido com defasagem temporal “T” encontrada.
5.2 – NÚMERO CORRETO DE DEFASAGENS
Primeiramente, é necessário verificar qual o número correto de
defasagens para o Diferido. Assim, via modelo de defasagem distribuída,
estimado postulando-se efeitos fixos, foram computados os seguintes critérios
de informação.
Tabela 5.2 Critérios de informação para verificar número correto de
defasagens – Modelo de defasagem distribuída.
Número de defasagens CIS
0 -9.24202
1 -11.91829
2 -20.77532
3 -38.4052
Defasagens consecutivas (Modelo de defasagem distribuída)
115
O modelo de defasagem distribuída com o Diferido defasado três
períodos no tempo é o que melhor explica a relação de produção. Contudo,
verificando-se o output de tal regressão, é observável que algumas variáveis
são estatisticamente insignificantes (isto é, p-valor muito alto) como é
demonstrado na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Output da regressão com três defasagens
Variáveis Coeficiente p-valor
ln_capital .21566 0.226
ln_trabalho .164284 0.039
ln_diferido1 -.157862 0.000
Diflag1_1 .010785 0.602
Diflag1_2 .04202 0.024
Diflag1_3 .003664 0.803
_cons 9.47565 0.000
Modelo com três defasagens
As variáveis Diflag1_1” e “Diflag1_3”, representativas do Diferido com
uma e três defasagens são estatisticamente pouco significantes, bem como a
variável “ln_Diferido1” que é o Diferido sem defasagem, que apresenta sinal
contrário ao esperado.
O sinal inesperado da variável “ln_Diferido1” (Diferido contemporâneo
aos inputs tradicionais) possivelmente deve-se ao fato do dispêndio no Diferido
causar, naquele período, um efeito negativo sobre o resultado da empresa,
visto tratar-se de um dispêndio que não gerou variação na receita para o
período considerado.
116
Outra possível causa para tal resultado seria a simultaneidade da
variável Diferido sem defasagens em relação ao produto. Isso significa afirmar
que existe uma relação de mão dupla entre as variáveis, isto é, tanto o Diferido
explicaria o produto, quanto o produto explicaria o Diferido. Nesse caso foi
realizada a regressão auxiliar da Tabela 5.4:
Tabela 5.4 – Regressão auxiliar para verificar simultaneidade.
Variáveis Coeficiente p-valor Signifincia global do modelo
Prob > F = 0.0000
ln_produto 1.67396 0.018
_cons -17.1804 0.052 R-sq
within = 0.1093
between = 0.1142
overall = 0.1509
Regressão para verificar endogeneidade da variável diferido
contemporânea em relação ao produto
Aparentemente, a regressão auxiliar demonstra existir um certo grau de
simultaneidade entre as variáveis em questão. Nesse caso, seria necessário
formular um modelo com duas equações, uma para a função de produção
modificada.
Contudo, outras regressões auxiliares realizadas com a variável produto
com defasagem no tempo obtiveram aderências ainda menor do que a da
Tabela 5.4, o que contraria o esperado, visto que em teoria, existe um
defasagem temporal entre os resultados financeiros e a decisão de
investimento.
Adicionalmente, o presente trabalho não utilizará os modelos de
defasagem distribuída como base para a inclusão do Diferido no modelo Cobb-
117
Douglas modificado, pois, isso impossibilitaria a estimação dos modelos B e D,
visto que teríamos, além do Diferido contemporâneo, outra variável Diferido
com defasagem sendo somada ao modelo, o que tornaria inviável a
linearização do modelo.
Visto tais situações, optou-se por utilizar apenas uma variável com uma
defasagem específica no tempo. Isso foi feito regredindo-se o modelo com
produto, capital, trabalho, e Diferido sem defasagem e, após isso, calculando
os critérios de informação. Da mesma forma, realiza-se uma regressão similar,
mas com a variável Diferido com uma defasagem, ao invés do Diferido sem
defasagem, computando seu critério de informação. Tal procedimento é
repetido para duas e três defasagens, de modo a escolher um modelo com
uma única variável com uma defasagem específica no tempo.
Assim, o procedimento descrito retornou o resultado da Tabela 5.5.
Tabela 5.5 – Procedimento para encontrar melhor defasagem individual.
Defasagem do diferido CIS
Diferido sem defasagem -9.24202
Diferido com 1 defasagem -15.01658
Diferido com 2 defasagens -26.3308
Diferido com 3 defasagens -18.02607
Defasagens Individual
Desse modo, a defasagem que melhor explica o modelo de produção é
a de dois períodos, visto seu menor critério de informação de Schwarz.
Ademais, o uso de apenas uma variável, ao invés de um modelo de
defasagens distribuídas facilitará a inclusão do Diferido nos modelos a serem
estimados.
118
Salienta-se ainda que o modelo com uma única variável Diferido, com
dois anos de defasagem, possui um critério de Schwarz melhor do que o
critério encontrado quando se adiciona o Diferido contemporâneo no modelo
(-26,33 contra -24,35), sendo portanto, mais um motivo para utilizar uma única
defasagem individual.
Visto o panorama apresentado, todos os modelos a serem estimados na
próxima sessão terão a adição de uma única variável “Diferido” com duas
defasagens no tempo. Mas antes, foi necessário realizar um teste para verificar
se o melhor modelo é o de efeitos fixos ou aleatórios, visto que se utilizou
dados do tipo longitudinal.
Assim, conduzido um teste de Hausman, o qual postula em sua
hipótese nula que o modelo de efeitos aleatórios estima os coeficientes de
forma consistente, foi possível comparar os resultados das duas estimativas e
retornar um p-valor para o teste, como demonstrado a seguir na Tabela 5.6:
Tabela 5.6 – Teste de Hausman.
Variável Coeficiente estimado p-valor Variável Coeficiente estimado p-valor
ln_capital .222775 0.065 ln_capital .285508 0.002
ln_trabalho .394061 0.000 ln_trabalho .351919 0.000
Diflag1_2 .03417 0.035 Diflag1_2 .035708 0.010
_cons 6.86999 0.000 _cons 6.53463 0.000
Teste de Hausman
Prob>chi2 = 0.2702
Teste de Hausman
Efeitos Fixos
Efeitos Aleatórios - MQG
O resultado do teste, apresentando um p-valor de 0,2702, denota que o
teste não rejeitou fortemente a hipótese nula de que o modelo de efeitos
119
aleatórios produz estimativas consistentes. Assim, apesar de pender para a
utilização de efeitos fixos é necessário levar em conta a situação de
inconsistência e viés relacionado ao uso de efeitos aleatórios erroneamente.
Portanto, será utilizado o modelo com efeitos fixos para evitar qualquer
problema de inconsistência de estimadores (Wooldridge, 2002).
Na próxima sessão, os modelos A, B, C e D utilizarão unicamente o
Diferido com duas defasagens no tempo para explicar a produção.
5.3 – ESTIMAÇÃO DO MODELO A
Tal modelo, como explicado anteriormente, visa comparar as diferenças
nos interceptos estimados em um modelo Cobb-Douglas tradicional e em um
modificado com a inclusão da variável Diferido, com duas defasagens.
A partir da estimação, foi obtido o resultado apresentado na Tabela 5.7.
120
Tabela 5.7 – Comparação dos modelos:
Variável Coeficiente estimado p-valor Variável Coeficiente estimado p-valor
ln_capital .222775 0.065 ln_capital .229858 0.006
ln_trabalho .394061 0.000 ln_trabalho .579233 0.000
Diflag1_2 .03417 0.035 _cons 5.36672 0.000
_cons 6.86999 0.000
CIS -26.3308 CIS -13.17625
Signifincia global do modelo Signifincia global do modelo
Prob > F = 0.0000 Prob > F = 0.000
R-sq R-sq
Within = 0.7882 Within = 0.8341
Between = 0.6974 Between = 0.6046
Overall = 0.7844 Overall = 0.7111
Modelo com diferido defasado vs. Modelo Cobb-Douglas original
Modelo com diferido defasado
Cobb-Douglas original
É claramente observado, tanto com critérios de informação quanto pelo
R quadrado ajustado (R-sq na Tabela 5.7), que o modelo com “Diferido” explica
melhor a função de produção, demonstrando que a omissão de tal variável é
prejudicial para a análise.
Quanto à heteroscedasticidade, o STATA 9.2 por motivos
desconhecidos não efetuava o teste de heteroscedasticidade quando se
utilizava o comando “xtreg” para dados em painel. Assim, a fim de driblar tal
restrição, foi montado um painel de efeitos fixos utilizando variáveis dummy
para as diferentes unidades e posterior estimação por MQO.
Obtidos os resultados da estimativa por MQO, foram realizados testes
para verificar a existência de heteroscedasticidade e autocorrelação entre os
121
resíduos. Tais provas rejeitaram com 5% de significância a existência de
perturbações não-esféricas.
Nesses termos, obtêm-se as duas equações:
ititititit
uDLKY
+
+
+
+
=
2
ln03417,0ln394061,0ln222775,086999,6
(5.2)
itititit
uLKY
+
+
+
=
ln579233,0ln229858,036672,5
(5.3)
Para verificar se houve mudança no intercepto, foi realizado um teste de
hipótese baseado no intervalo de confiança do intercepto de (5.3), apresentado
na Tabela 5.8.
Tabela 5.8 – Teste de hipótese para igualdade de intercepto
Constante = 6,86999
Prob > F = 0.0692
Teste
Assim, rejeita-se a hipótese nula de que os interceptos sejam
estatisticamente iguais, com base no p-valor de 0,0692. Nesses termos, a
adição do Diferido na função Cobb-Douglas modificou o intercepto da função
tal qual esperado.
O Gráfico 22 demonstra como ficam capital e trabalho em uma função
que teve o Diferido endogeneizado em relação à função de produção sem
Diferido, a qual teoricamente é carente de informação e viesada pela ausência
do Diferido (viés de especificação).
122
Tal resultado corrobora com as afirmações de Mefford (1986) e Doll
(1974) a respeito do viés de especificação na função de produção quando
omitidos inputs não tradicionais tal qual o gerenciamento.
Gráfico 22 – Coeficientes de capital e trabalho de (5.2) e (5.3)
17
É possível perceber que as duas funções se cruzam, o que denota uma
inversão de eficiência quando a produção está em sua utilização máxima de
capital e trabalho. Isto é, a função viesada (sem Diferido), superestima o
produto para a atividade intensiva em um ou ambos os fatores.
17
Comandos para MATLAB 7.1
fh = @(K,L) 6.86999*(K.^(0.222775))*(L.^(0.394061));
ezmesh(fh,100)
hold on
fc = @(K,L) 5.36672*(K.^(0.229858))*(L.^(0.579233));
ezmesh(fc,100)
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
0
5
10
15
20
25
L
K
Y
Fp com diferido
Fp sem diferido
123
É necessário salientar que se esperava apenas uma mudança no
intercepto da função de produção com a adição do Diferido. Contudo, para o
setor investigado, houve uma mudança na declividade da função quando se
opera com grande quantidade de capital e trabalho proporcionalmente, isto é,
sem gargalos na produção.
Ainda quanto ao intercepto, existe a questão da endogeinização da
tecnologia na função de produção, quando da adição do Diferido defasado.
Contudo, é necessário salientar que o Diferido não possui apenas P&D, o que
faz com que tal consideração sobre o intercepto não seja totalmente inválida,
especialmente se fosse possível saber qual a composição do Diferido, questão
essa que receberá uma indicação através do Modelo B, apresentado a seguir.
Assim, o efeito da adição do Diferido também pode ser refletido no novo
intercepto estimado denotando, portanto, um deslocamento da função de
produção.
5.4 – ESTIMAÇÃO DO MODELO B
Tal qual explicado anteriormente, o Modelo B reduz-se a uma modelo
com interações entre variáveis após linearização:
it
TtTit
u
D
it
D
itit
eLKy
=
**
1
32
ββ
β
(5.4)
ititTititTitit
uLDKDy
+
+
+
=
lnlnln
321
β
β
α
(5.5)
Estimado o modelo têm-se os resultados apresentados na Tabela 5.9.
124
Tabela 5.9 – Resultados do modelo com interação de variáveis.
Variável Coeficiente estimado p-valor
K_D -.023704 0.196
L_D .0413 0.079
_cons 12.5406 0.000
CIS 5.399053
Signifincia global do modelo
Prob > F = 0.0000
R-sq
Within = 0.4973
Between = 0.1268
Overall = 0.1688
Modelo com com interação das variáveis capital e
trabalho com o diferido
Modelo com diferido defasado
Os resultados da Tabela 5.9 indicam que, pelos critérios de informação,
tal modelo não se sai tão bem quanto o Modelo A ou a própria especificação
original Cobb-Douglas (ambos com CIS negativos). Além disso, o sinal da
interação do capital está inverso ao esperado, apesar da significância global do
modelo ser alta. Contudo, visualizando-se os p-valores das variáveis, é
possível inferir algo muito interessante, conforme discutido a seguir.
Visto que a interação entre trabalho e Diferido é mais significante
estatisticamente que a interação entre capital e Diferido, é possível dizer que o
125
Diferido teve maior impacto sobre o produto quando associado ao trabalho.
Em outras palavras, a composição do Diferido, em sua maior parte,
provavelmente possui variáveis que afetam o trabalho, como treinamento de
mão-de-obra, por exemplo.
Assim, apesar do modelo B não ter se mostrado interessante para a
modelagem da produção, suas implicações possibilitam ao pesquisador ter
uma idéia da composição do Diferido, e talvez explicar diferenças nos retornos
de escala das variáveis.
5.5 – ESTIMAÇÃO DO MODELO C
O Modelo C, baseado em GARTNER ET. Al. (2009), foi estimado
levando-se em consideração as variações no Diferido e seu impacto nas
variações do produto. Assim, todas as variáveis do modelo se encontram em
variações no tempo.
Em função disso, foi necessário o cômputo das variações dos
exponenciais de cada variável, antes de convertê-las em logaritmos para
linearização do modelo, realizada pela seguinte equação:
)]/()[(
11
)exp(
=
ttt
YYY
eY
(5.6)
Feito isso, tem-se um conjunto de valores em variação percentual no
tempo, sem valores negativos, sendo possível, portanto, extrair o logaritmo
natural de cada variável.
Tal procedimento foi realizado com cada variável do modelo, tendo-se
estimado um modelo com a variável Diferido contemporânea e um com a
variável Diferido defasada, denotando-se variações no passado.
126
Assim, foi obtido o resultado apresentado na Tabela 5.10.
Tabela 5.10 – Resultados dos modelos com variação testando a inclusão
da variação do Diferido contemporâneo e a variação do Diferido com duas
defasagens.
Variável Coeficiente p-valor Variável Coeficiente p-valor
ln_capital .440945 0.095 ln_capital .075034 0.309
ln_trabalho .26852 0.141 ln_trabalho .118279 0.033
ln_Diflag2 .082936 0.618 ln_diferido1 -.009390 0.536
_cons -.041887 0.380 _cons -.139373 0.000
CIS -15.37882 CIS -27.97883
Signifincia global do modelo
Significância global do modelo
Prob > F = 0.0000 Prob > F = 0.000
R-sq R-sq
Within = 0.7882 Within = 0.8341
Between = 0.6974 Between = 0.6046
Overall = 0.7844 Overall = 0.7111
Modelos com variações no tempo
Modelo com diferido contemporâneo
Modelo com diferido defasado
É possível observar, na Tabela 5.10, que o modelo com “Diferido” em
variação contemporânea apresentou não somente um CIS mais alto que o
modelo em variação no tempo usando a variável Diferido com duas
defasagens, mas também o maior CIS de todos os modelos, sendo
ligeiramente maior do que o Modelo A (CIS = -26.3308). Contudo, os Modelos
C e A não são diretamente comparáveis por critérios de informação ou R-
quadrado ajustado, visto que não possuem a mesma variável dependente.
127
Assim sendo, tudo indica que o Modelo A pode ser considerado o mais
adequado à modelagem da produção, visto que apresenta um bom critério de
informação de Schwarz, e também, possui significâncias estatísticas das
variáveis a níveis aceitáveis, fato que não ocorre no Modelo C.
5.6 – ESTIMAÇÃO DO MODELO D
O Modelo D proposto é novamente apresentado na equação (5.7), e
seus resultados de estimação compilados são apresentados na Tabela 5.12.
itititTitititTitit
uLLDKKDy +++++=
lnlnlnlnln
23121
αβαββ
(5.7)
Tabela 5.11 – Resultados do Modelo D estimado.
Variáveis Coeficiente p-valor
Signifincia global do modelo
K_D .004542 0.736 Prob > F = 0.0000
ln_capital .211769 0.088
L_D -.001986 0.910 R-sq
ln_trabalho .399635 0.000 within = 0.7868
_cons 6.93595 0.000 between = 0.6983
overall = 0.7902
CIS -22.33458
Modelo com interações e inputs tradicionais isolados
Observa-se na Tabela 5.11 que as variáveis de interação com os inputs
tradicionais da Cobb-Douglas são pouco significantes, apesar da estatística F
apresentar um p-valor que rejeita fortemente a hipótese nula do teste.
Contudo, o critério de informação de Schwarz indica que apesar do
Modelo D mostrar-se mais explicativo que o Modelo B, seu critério de
informação ainda é superior ao observado no Modelo A.
128
Assim, mesmo em sua simplicidade, o Modelo A mostrou-se superior na
explicabilidade das relações produtivas, quando considerados inputs não
tradicionais contidos no Diferido.
5.7 – MODELO E (Modelo D não-multicolinear)
O critério de informação de Schwarz indica que apesar do Modelo D
mostrar-se mais explicativo que o Modelo B, as significâncias estatísticas
(testes t) das interações no Modelo D apresentaram-se muito ruins. Ademais,
ambos apresentaram variáveis com sinais contrários ao esperado.
Assim, ambos os modelos demonstraram problemas funcionais que
inviabilizavam a confiabilidade dos resultados, sendo que os problemas
descritos são típicos de multicolinearidade entre as variáveis. Tal hipótese é
reforçada por existirem duas variáveis em ambos os modelos (capital e
trabalho) que interagem com uma mesma (Diferido).
Dado isso foi realizada uma regressão auxiliar entre a interação de
capital e Diferido com a interação entre trabalho e Diferido; bem como a
interação entre trabalho e diferido sobre apenas trabalho.
Tabela 5.12 – Regressão auxiliar
K_D Coeficiente p-valor L_D Coeficiente p-valor
L_D 1.26452 0.000 ln_trabalho 23.07759 0.000
_cons 5.02642 0.000 -153.8609 -153.8609 0.001
R-sq: within = 0.9910 R-sq: within = 0.3990
Regressão Auxiliar para verificar multicolinearidade
129
A Tabela 5.12 apresenta uma forte evidência de multicolinearidade, visto
que as variáveis possuem uma alta significância estatística quando realizada
uma regressão auxiliar. Uma nova regressão auxiliar com a interação de capital
com diferido sobre capital somente obteve resultados semelhantes à regressão
feita com trabalho. Isso demonstra que um modelo que possuir as variáveis de
interação “K_D” e “L_D” irá apresentar forte multicolinearidade, diferentemente
de um modelo que apresentar somente uma variável de interação.
Feito isso, realizou-se uma série de novas regressões com
especificações que incluíam apenas uma interação, configurando-se, portanto,
em uma modificação do Modelo D, cujo melhor resultado obtido foi o
apresentado na Tabela 5.13.
Tabela 5.13 – Melhor regressão obtida com interação única
ln_produto Coeficiente p-valor Significancia Global
ln_capital .213634 0.077 Prob > F = 0.0000
K_D .003036 0.040
ln_trabalho .395330 0.000 Valores R- Quadrado
_cons 6.95440 0.000
R-sq: within = 0.7867 Obs per group: min = 2
between = 0.6971 avg = 4.6
CIS -26.02932
overall = 0.7880 max = 8
Modelo D Modificado: Modelo com uma única interação
Apesar do bom resultado obtido, o Modelo E foi ligeiramente inferior ao
Modelo A, e também, impossibilitou a endogeinização das duas interações
propostas em razão da multicolinearidade entre as elas.
130
5.8 – MELHOR MODELO E RETORNOS DE ESCALA
Mesmo não sendo o foco principal do trabalho, é possível, com os
resultados obtidos, estimar os retornos de escala do setor de bens de capital
brasileiro.
Como citado anteriormente, o Modelo A mostrou-se melhor, visto seu
critério de informação de Schwarz e a inexistência de problemas de
multicolinearidade, bem como significâncias estatísticas adequadas. Assim
sendo, é possível calcular os retornos de escala via o teste apresentado em
(5.8):
++
=++
1:
1:
432
4320
βββ
βββ
i
H
H
(5.8)
Dados os coeficientes de capital = 0,222; trabalho = 0,394; e Diferido
com duas defasagens = 0,034, em valores aproximados, rejeita-se a hipótese
de retornos constantes de escala, visto o p-valor encontrado de 0,0038, que
rejeita fortemente a hipótese nula.
Obviamente, pela grandeza dos coeficientes estimados e pela rejeição
da hipótese de retornos constantes de escala, observa-se que o setor de bens
de capital brasileiro opera hoje em retornos decrescentes de escala.
131
CAPITULO 6 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As variáveis adicionais (refletidas pelo Diferido) contribuem sim para a
produção, apesar de marginalmente, o que explicaria o baixo valor absoluto do
parâmetro estimado para o Diferido, em comparação aos outros insumos.
A função de produção do Modelo A, considerada a mais adequada
dentre os modelos Cobb-Douglas modificados, apesar de sua explicabilidade
de curto prazo, ainda carece de robustez funcional para contemplar a questão
da permanência do efeito do Diferido na produção, visto um dispêndio pontual,
bem como a obsolescência da inovação.
Contudo, o Modelo A com Diferido mostrou-se melhor explicativo,
baseado no critério de informação de Schwarz, sugerindo que a função Cobb-
Douglas original apresenta certo viés de especificação, visto a importância
atual das variáveis do Diferido na atual conjuntura da concorrência inter-
capitalista.
Quanto ao Modelo B e as considerações a respeito da composição de
gastos do Diferido, é possível que sua interpretação proposta seja válida, em
termos de verificar a maior proporção de gastos relacionados com trabalho, tal
qual observado na estimação do modelo, via significâncias estatísticas.
Contudo, a evidência de alta multicolinearidade entre as variáveis impossibilita
seu uso para previsão.
Adiciona-se, também, que para as empresas do setor de bens de capital
brasileiro estudadas, existe uma defasagem média de dois anos para que os
132
investimentos de retorno futuro produzam resultados, o que demonstra uma
preferência por inversões de médio prazo de maturação.
O estudo, ainda, desenvolveu uma forma de verificar a composição do
Diferido, que no setor de bens de capital brasileiro, para as empresas
estudadas, apresentaria maior proporção de gastos relacionados ao insumo
trabalho, como treinamento por exemplo.
Estudos futuros poderiam considerar o efeito individual das variáveis
mencionadas quando da disponibilidade de dados desagregados, visto que
foram utilizadas variáveis agregadas no ativo Diferido. Além disso, o fato do
painel de dados ser desbalanceado não é exatamente um problema, mas são
possíveis estimativas mais precisas com painéis balanceados. Maior
quantidade de dados também melhoraria a confiabilidade dos parâmetros
estimados.
Adiciona-se também que a questão da simultaneidade entre Diferido e
produto, isto é, o Diferido como variável dependente sendo explicado pelo
produto, ao invés do que ocorre nas funções estimadas é passível de maiores
investigações.
A replicação do presente trabalho em outros setores da economia
mostra-se necessária para a comparação e posterior validação dos modelos
propostos, motivo pelo qual o trabalho não se absteve de demonstrar nenhum
modelo proposto, mesmo aqueles que não obtiveram bons resultados de
aderência. Portanto, os resultados obtidos não esgotam a problemática
estudada, e novas investigações se fazem necessárias.
133
Não obstante, alguns modelos apresentados possuem certas
características que devem ser melhor exploradas em suas formas funcionais,
tal qual ocorre nos retornos de escala variáveis dos modelos com interação.
Apesar das limitações apresentadas, especialmente em termos dos
dados utilizados, este estudo não apresentou resultados discrepantes com o
esperado, possibilitando estimar a grandeza do impacto tecnológico resultante
dos gastos no ativo “Diferido”, por meio da variação encontrada no intercepto
da regressão com e sem a inclusão daquela variável.
Além disso, foi possível estimar o prazo para a maturação de tais
investimentos; que mostrou-se a principal contribuição do trabalho na
formulação de modelos para funções de produção que tornam endógenas as
variáveis do Diferido.
134
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20/10/2009.
140
ANEXO A PLANILHA DE DADOS
Empresa
Ano
Produto
Capital
Trabalho
Diferido1
Empresanum
BARDELLA
2008
612001
94394
19971
643
1
BARDELLA
2007
368725
70722
5412
7843
1
BARDELLA
2006
329885
63417
4994
8434
1
BARDELLA
2005
402947
66492
4225
7495
1
BARDELLA
2004
336022
72130
4017
6696
1
BARDELLA
2003
204190
69982
4075
5578
1
BARDELLA
2002
192284
65981
2420
4736
1
BARDELLA
2001
74833
32365
482
1
1
BARDELLA
2000
62187
27642
485
1
1
BARDELLA
1999
50542
26835
411
1
1
INEPAR
2008
1162016
410130
4564
431
2
INEPAR
2007
962578
393650
4027
3090
2
INEPAR
2006
795700
411842
5049
7186
2
INEPAR
2005
706526
438662
6028
14136
2
INEPAR
2004
587536
485498
4227
20014
2
INEPAR
2003
560022
316486
4017
20878
2
INEPAR
2002
779333
465932
5114
29194
2
INEPAR
2001
909217
503412
6996
44263
2
INEPAR
2000
563993
595830
1337
79642
2
INEPAR
1999
642952
739652
5338
74986
2
SCHULZ
2008
614044
386340
1505
1
3
SCHULZ
2007
498371
166468
2452
1
3
SCHULZ
2006
418210
125462
1516
1
3
SCHULZ
2005
407194
113308
1763
1
3
METALFRIO
2008
937913
158820
5609
1
4
METALFRIO
2007
733071
69744
5075
11401
4
METALFRIO
2006
421151
37650
5315
5092
4
METALFRIO
2005
297978
21103
1561
2237
4
TRAFO
2007
194010
33228
4346
804
5
TRAFO
2006
187390
32896
4075
1209
5
TRAFO
2005
172470
34244
2376
972
5
TRAFO
2004
115420
39288
1752
635
5
TRAFO
2003
75324
38776
1089
1
5
TRAFO
2002
90490
39798
1093
1
5
ELECTRO
AÇO
2008
240375
53621
1604
1
6
ELECTRO
AÇO
2007
199535
52460
1028
1
6
ELECTRO
AÇO
2006
193842
48873
972
1
6
ELECTRO
AÇO
2005
188426
44682
783
1
6
ELECTRO 2004
131342
39511
545
1
6
141
AÇO
ELECTRO
AÇO
2003
77459
33891
511
1
6
ELECTRO
AÇO
2002
58401
28606
356
1
6
METISA
2008
291355
36073
3734
1
7
METISA
2007
226125
47914
930
1
7
METISA
2006
186619
39888
1080
1
7
METISA
2005
185459
39377
800
1
7
METISA
2004
184802
37881
761
1
7
METISA
2003
142496
34428
831
1
7
METISA
2002
99885
32996
501
1
7
LUPATECH
2008
777417
295781
13593
1
8
LUPATECH
2007
427492
183682
8384
8592
8
LUPATECH
2006
256343
71908
5044
3222
8
LUPATECH
2005
203837
49885
2911
1551
8
ROMI
2008
836625
256340
33845
1
9
ROMI
2007
761156
157590
35934
1
9
ROMI
2006
664534
156015
25880
1
9
ROMI
2005
620289
117250
21339
1
9
ROMI
2004
542140
385391
19924
1
9
ROMI
2003
393427
362110
14584
1
9
ROMI
2002
277450
358169
9268
1
9
142
ANEXO B – Comandos para STATA
*carregar variáveis produto, capital e trabalho.
*Gera ln das variáveis inseridas.
generate ln_produto = ln(produto)
generate ln_capital = ln(capital)
generate ln_trabalho = ln(trabalho)
generate ln_Diferido1 = ln(Diferido1)
*Defasagem no Diferido
tsset empresanum ano
bysort empresanum (ano): g Diflag1_1= ln_Diferido1[_n-1]
*Lag de 1 no painel
bysort empresanum (ano): g Diflag1_2= ln_Diferido1[_n-2]
*Lag de 2 no painel
bysort empresanum (ano): g Diflag1_3= ln_Diferido1[_n-3]
*Lag de 3 no painel
******************** Defasagens ****************************************
*Encontrando o número correto de defasagens do Diferido == pressupõe
efeitos fixos a fim de evitar estimadores inconsistentes
*Defasagens consecutivas
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diferido1, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diferido1 Diflag1_1, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diferido1 Diflag1_1 Diflag1_2, fe
estat ic
143
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diferido1 Diflag1_1 Diflag1_2
Diflag1_3, fe
estat ic
*individualmente
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diferido1, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_1, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_3, fe
estat ic
*Estimação por efeitos fixos, aleatórios e teste de Hausman. == Usar lag do
Diferido com menor IC.
iis empresanum
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, fe
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, re
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, fe
est store fixed
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, re
hausman fixed
*************** MODELO A ********************************
* Comparar explicabiliade (CIS) do modelo por FE com Diferido com o Cobb-
Douglas original.
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho, fe
estat ic
144
**FE robusta
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, fe vce(robust)
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho, fe vce(robust)
estat ic
************** MODELO B ************************************
*gera as interações entre capital e Diferido com duas defasagens; e trabalho e
Diferido com duas defasagens.
*Como o Diferido está defasado (2 períodos) perda de 2 observações por
empresas.
generate K_D = ln_capital*Diflag1_2
generate L_D = ln_trabalho*Diflag1_2
xtreg ln_produto K_D L_D, fe
estat ic
****************** MODELO C ********************************
*Inserir dados em variação percentual com exp: Ex.: exp((Yt - Yt-1)/Yt-1))
*Gera o ln das variações
generate ln_produto = ln(produto)
generate ln_capital = ln(capital)
generate ln_trabalho = ln(trabalho)
generate ln_Diferido1 = ln(Diferido1)
generate ln_Diflag2 = ln( diflag2)
tsset empresanum ano
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diflag2, fe
estat ic
*Para testar o mesmo modelo com Diferido variando mas sem aquela
defasagem:
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho ln_Diferido1, fe
estat ic
145
******************* MODELO D *****************************************
xtreg ln_produto K_D ln_capital L_D ln_trabalho, fe
est store fixed
xtreg ln_produto K_D ln_capital L_D ln_trabalho, re
hausman fixed
xtreg ln_produto K_D ln_capital L_D ln_trabalho, fe
estat ic
****************** Modelo E **************************************
xtreg ln_produto ln_capital K_D ln_trabalho L_D, fe
xtreg ln_produto ln_capital K_D ln_trabalho, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho L_D, fe
estat ic
xtreg ln_produto ln_capital K_D L_D, fe
estat ic
xtreg ln_produto lK_D ln_trabalho L_D, fe
xtreg ln_produto K_D ln_trabalho L_D, fe
estat ic
regress K_D L_D
xtreg ln_produto ln_capital K_D ln_trabalho, fe
estat ic
**** Retorno de escala para o Modelo A na equação com Diferido defasado ****
xtreg ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2, fe
test ln_capital + ln_trabalho + Diflag1_2 = 1
*testa b1=b2
== RETORNOS CONSTANTES DE ESCALA
********************* ProdLag*************************
xtreg ln_Diferido1 ln_produto, fe
estat ic
bysort empresanum (ano): g prodlag1_1= ln_produto[_n-1]
*Lag de 1 no painel
146
xtreg ln_Diferido1 prodlag1_1, fe
estat ic
bysort empresanum (ano): g prodlag1_2= ln_produto[_n-2]
*Lag de 2 no painel
xtreg ln_Diferido1 prodlag1_2, fe
estat ic
bysort empresanum (ano): g prodlag1_3= ln_produto[_n-3]
*Lag de 3 no painel
xtreg ln_Diferido1 prodlag1_3, fe
estat ic
********Teste de heteroscedasticidade e Autocorrelação entre os resíduos****
use "C:\STATA\Stata 9.2 - 2\ado\HETEROSCEDASTICIDADE.dta", clear
xtserial ln_produto ln_capital ln_trabalho Diflag1_2 dbardeda dinepar dschulz
dmetalfrio dtrafo delectro dmetisa dlupa dromi
estat hettest
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