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RESUMO
Em um contexto de competição intensa e de informações assimétricas, uma reputação
positiva é um ativo estratégico que pode ser utilizado para garantir à firma lucro acima
da média do mercado (BARNEY, 1986). Uma boa reputação funciona como um imã e
ajuda uma organização a atrair recursos. Ela pode nortear a forma de gestão da empresa,
sendo capaz de influenciar o julgamento de empregados, consumidores, investidores,
mídia e analistas financeiros (FOMBRUN; VAN RIEL, 2004). Não se pode, no entanto,
discutir reputação no nível corporativo sem se discutir identidade corporativa. O termo
identidade tem sido usado para identificar a essência do que a firma é e incorpora
características únicas da organização como a história, a cultura, a comunicação, o mix
de produtos e serviços, o escopo do negócio e a indústria em que opera. Não levá-lo em
conta em uma discussão sobre reputação seria néscio. Nas palavras de Balmer e Greyser
(2003, tradução nossa): “No nível corporativo, a discussão de reputação se torna difícil,
se não inútil, quando o conceito de identidade não é levado em conta. O conceito de
identidade é fundamental para o próprio conceito de corporação”. Deste modo a
importância da identidade corporativa para o presente estudo derivou dessa associação
entre identidade e reputação amplamente aceita no âmbito teórico, da relação entre
identidade, reputação e vantagem competitiva (STIMPERT; GUSTAFSON;
SARASON, 1998) e, principalmente, derivou da relação entre a construção e
manutenção da identidade corporativa e a reputação do gestor. A reputação das pessoas
na organização, especialmente a dos gestores, ganha importância em um cenário
organizacional onde a reputação corporativa está no centro das atenções. Em uma era
em que vantagens competitivas são efêmeras, que marcas valem mais do que parques
fabris e o ativo intangível passa a ser visto como o grande ativo das corporações, a
relevância do papel do gestor se tornou mais evidente, se não óbvia. O presente trabalho
buscou, portanto, compreender a influência da reputação do gestor na construção e
manutenção da identidade corporativa. Foi conduzido um estudo de caso na Unimed do
Brasil e os dados foram analisados por meio da técnica de análise textual interpretativa.
A partir da análise dos dados obtidos nas dez entrevistas realizadas com os executivos
seniors da Unimed do Brasil e da Unimed Vitória identificou-se uma importante
influência da variável reputação do gestor na construção e manutenção da identidade
corporativa. A credibilidade, a capacidade de atrair e reter talentos e de motivar os
times, a capacidade de estabelecer e seguir um código de ética e a boa capacidade de
comunicação do diretor de marketing da confederação foram apontadas como
fundamentais para a criação, implementação e aprovação dos projetos ligados a criação
e manutenção da identidade corporativa. Esses resultados são significativos e
demandam que outras corporações considerem a reputação do gestor com um ativo
estratégico capaz de criar e manter a identidade corporativa e, consequentemente, gerar
vantagem competitiva. O uso de dados obtidos por meio de entrevistas só com
executivos seniors reflete uma limitação desse estudo. Sugere-se que estudos que estão
por vir, a inclusão de indivíduos de outros níveis da hierarquia da empresa, para assim
se ponderar o real envolvimento de todas as camadas da empresa com a identidade
corporativa ou mesmo a existência de identidades da empresa. Também se sugere que
se amplie a análise para os vários níveis gerenciais da empresa a influência da reputação
do gestor para que a identidade ou identidades corporativas.
Palavras chave: Reputação corporativa, Reputação do gestor, Identidade corporativa.