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AS DISTINTAS VISÕES PARA A POLÍTICA EXTERNA PARA A ÁFRICA E OS PRINCIPAIS ATORES
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política africana. Portanto, do ponto de vista da formulação,
independentemente da Exposição de Motivos de Gibson Barboza ter
inspirado a Geisel e a Azeredo da Silveira na elaboração da política
externa do Pragmatismo Responsável, o fato é que a linha adotada
refletia os delineamentos sugeridos pelo Itamaraty para a política externa
do novo Governo, em especial com relação à África.
Nesse contexto, a grande inflexão com relação à política
africana, do ponto de vista do MRE, não ocorreu na formulação, mas,
sim, na execução. A percepção do ponto de vista da formulação de
que deveríamos nos afastar de Portugal na matéria e apoiar claramente
o processo de descolonização, como já tratado, estava presente no
Itamaraty desde a Política Externa Independente. Fosse por meio da
aproximação com a viagem de Gibson Barboza à África, fosse por
meio das Exposições de Motivos informando ao Presidente que a
posição do Brasil no contexto africano era insustentável ou, finalmente,
por meio da sugestão direta e inequívoca de mudança de curso, a
formulação do Itamaraty era favorável à inflexão. Mas até a gestão
Geisel/Silveira essa percepção não se traduziu em ação concreta, em
execução política, pelas restrições ideológicas impostas pelo período
mais radical do Governo militar.
Portanto, a grande inovação teria ocorrido, não na formulação,
mas, sim, na execução da linha traçada, na condução do processo
decisório pelo Itamaraty, visando a impedir que outras Agências de
Governo cerceassem a execução da política externa formulada pelo
MRE e referendada pelo Presidente Geisel. Ao contrário de Gibson
Barboza, Azeredo da Silveira contava com o apoio inequívoco de Geisel
à política formulada pelo MRE. Cumpre registrar, no entanto que, apesar
do apoio do presidente, havia visões discrepantes em outros setores
do Governo e que, nesse contexto, na execução das linhas delineadas,
o papel do Ministro Azeredo da Silveira e a forma como conduziu o
processo decisório, buscando neutralizar visões que discrepavam com
as do MRE, foi essencial.