inauguram a dança moderna
58
, e depois através de seus alunos, estes mais próximos da
realidade americana através de Jooss, Holm
59
e Gelewski, que continuam formando e
sistematizando não só a dança mas o ensino da dança moderna, trazendo para o trabalho
pedagógico a importância de se trabalhar a improvisação, a relação com o teatro, a
preocupação com a formação de um ser humano apto a se relacionar com a vida,
sensibilizando-o e instrumentalizando-o para trabalhar dentro de suas próprias buscas de
seu ser.
Marilene Martins foi também coordenadora de dança dos Festivais de Inverno da
UFMG
60
, ocasião em que convida o professor Rolf para ministrar oficinas de
composição tanto em sua Escola quanto nos Festivais.
61
O Festival de Inverno, naquele
momento, teve um formato pequeno porte, mas com um mês de duração, o que
possibilitou estudos e pesquisa mais aprofundados e encontros de pessoas de forma
intensa. No Festival “podia-se experimentar com calma e ao mesmo tempo com a
urgência de fazer coisas para apresentar no dia seguinte”,
62
lembra Dudude. Pode ser
que, então, tenha começado a primeira fagulha norteadora de uma artista
improvisadora
63
, como um caminho para a artista de descoberta de sua própria
58
SCHAFFNER. 2008, p.23 e p.27. Percebe-se em vários dançarinos expressionistas uma influência do
tratado A Origem da Tragédia no Espírito da Música, do filosofo alemão Friedrich Nietzsche. Mary
Wigman se dizia apaixonada pelo livro de Nietzsche Assim falava Zarathustra. A Rudolf Laban foi
atribuída uma influência de filosofia de vida, também inspirada por Nietzsche, principalmente o conceito
de oposição apolíneo-dionisíaco. Uma das frases nietzscheanas mais citadas por representantes da dança
da época foi a seguinte: “Eu poderia acreditar somente num deus que soubesse dançar” (NIETZSCHE
apud KOEGLER, 2004, p. 10). (...) Para ambos a dança surgiu do ritual, de sua própria forma dionisíaca
não sectária, inspirados em Friedrich Nietzsche (PARTSCH-BERGSOHN, 1994).
59
SOARES, 2008. Marta Soares, coreógrafa brasileira lembra que a educadora Hanya Holm foi quem
introduziu o trabalho de Wigman nos EUA. Considerada, juntamente com Alvin Nikolais, uma das
precursoras da dança moderna nos EUA, foram personalidades responsáveis pelo movimento de
improvisação na dança estadunidense, que Marta chama de pré-Judson. “A própria Trisha Brown estudou
com Nikolais”. Acrescenta Marta: “a improvisação está desde a modernidade e foi sistematizada no
trabalho de Laban e Wigman, que estudavam a sistematização dos esforços espaciais, das qualidades de
movimento, pesquisado através da Improvisação”.
60
Marilene Martins foi coordenadora da área de dança do Festival de Inverno da UFMG tendo
participado informalmente da filosofia da área de dança, isso é, sem assinar a coordenação, desde o início
dos Festivais nos anos 70, sempre sugerindo nomes nacionais e internacionais para ministrarem os cursos.
Dentre os coreógrafos e professores sugeridos por Nena podemos destaca-se: Garciela Figueroa, Oscar
Araiz, e Rolf Gelewski. Em 1986 Dudude assume essa coordenação, que se estende até o ano de 1997,
excluindo o ano de 1989, totalizando 11 edições.
61
Cf. REIS, 2005.
62
HERRMANN, 2008.
63
E-mail de Dudude Herrmann. Assunto: Pedaço de uma Lembrança, dia: domingo, 1 de junho de 2008
17:53. Sobre a improvisação de Bola na Área: “(...) como o próprio nome diz é realmente um pedaço de
quando improvisei como produto final de um trabalho, (...), então eu dancei e foi aí que me apaixonei, é
claro que na época nem considerava a improvisação como linguagem e sim como apagadora de
incêndios e imprevistos de ultima hora.”
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