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Outro fator importante na construção de significação para a leitura se dá no
momento em que o aluno é capaz de formular hipóteses. Para alguns autores, a
leitura é em grande medida uma espécie de jogo de adivinhação, pois o leitor ativo,
realmente engajado no processo, elabora hipóteses e as testa, à medida que vai
lendo. É preciso lembrar ainda que nenhum texto está definitivamente acabado de
modo que o leitor o receba de forma passiva, mas esse leitor será levado por seus
interesses e expectativas, formulando hipóteses de leitura.
Ao levantar hipóteses, o leitor terá, necessariamente, que postular
conteúdos e uma estruturação para esses conteúdos, isto é, terá que imaginar
temas e subtemas. Ou seja, ao se propor um texto e esse for apresentado de forma
objetiva, o aluno-leitor construirá significados prévios que podem ter algum
significado, ou não, para aquele momento.
Um exemplo prático para se entender. Quando é levado para sala de aula o
Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, texto de caráter instrucional, de início,
o professor fala sobre o que é o Estatuto, o porquê de sua criação, de como os
diretos que ele garante podem ser exigidos e, em seguida, apresenta o texto escrito
cuja linguagem está bem distante da que o aluno está habituado a ler. Mesmo
assim, aos poucos os alunos começam a interagir e a ler de fato, apropriando-se das
informações que acham mais relevantes. Mais adiante, quando o professor levantar
alguma questão, eles opinarão de forma confiante, acreditando na leitura que
fizeram. O que ocorre é a integração entre a leitura e as experiências dos alunos
diante do texto.
Uma vez que o leitor conseguir formular hipóteses a partir de sua leitura,
demonstra que ele está utilizando sua autonomia, buscando através de seu
conhecimento prévio, nos elementos formais como títulos, subtítulos, datas, fontes,
ilustrações, assim como passa a ter um caráter de verificação dessas hipóteses, por
meio do teste, checando e confrontando as informações para que seja capaz de
elaborar seu próprio conhecimento.
Evidentemente, os alunos de 6º ano sentirão dificuldades no início dessa
nova caminhada no aprendizado do que ler, mas, ao longo do ano letivo, e com a
variação das atividades, esses alunos, ao sair desta série, poderão ter uma
criticidade bem maior do que aqueles alunos que nunca foram tentados a fazer
diferentes leituras ao longo de sua caminhada escolar, pois a jornada é longa e