KIKUCHI, Fabiana Lumi. A importância das atividades prescritas pelo livro
didático e pelo professor para a formação de leitores. 2010. Dissertação.
(Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
A leitura é tão importante para a escola como para a vida, por ser imprescindível
para a inserção do indivíduo em sua cultura, no campo social e para o exercício da
sua cidadania. A leitura é uma atividade que permite a quem a realiza o acesso aos
saberes anteriormente produzidos e tidos como essenciais, em uma dada cultura a
quem a realiza. Como ação situada é idiossincrática, por ser configurada pelos
efeitos das condições sociais, históricas e culturais responsáveis pela formação do
indivíduo e pelas circunstâncias na qual acontece. Experienciar práticas de leitura
diversas e significativas são fundamentais para que o indivíduo possa participar
plenamente em sociedades letradas. O livro didático, distribuído gratuitamente nas
escolas públicas brasileiras, é um material utilizado rotineiramente por professores e
alunos, nomeadamente nas séries iniciais da escolarização, e instigado a realização
de pesquisas de diversos campos disciplinares, devido aos possíveis efeitos de seu
uso nas práticas docentes e para a formação de alunos leitores. O presente estudo
teve por objetivo analisar o uso do livro didático pelas atividades prescritas por uma
professora de 2ª série e pelas propostas nos livros didáticos das disciplinas de
Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências, com vistas à
formação de leitores competentes. Foram analisados os livros didáticos utilizados
nessa série de uma escola da rede municipal de Cambe (PR). Além dessa fonte de
informações, foram realizadas observações em sala de aula, sob a modalidade de
registro cursivo funcional, tendo por foco o comportamento da professora em relação
à explicitação dos conteúdos e à proposição de atividades, durante quatro meses.
Ao final desse período, dez conjuntos de cadernos de atividades em classe (CA) e
de tarefa (CT) foram recolhidos, os quais foram selecionados por sorteio simples
sem reposição; e uma entrevista com roteiro semi-estruturado com a professora
regente da turma, completaram as informações recolhidas para este estudo. Para
averiguar os tipos de exigências dos exercícios propostos, cinco categorias de
atividades foram definidas que abrangiam o corpus dos enunciados propostos para
as mesmas: decodificação; cópia; reflexões críticas; construção de sentidos; outros.
Os resultados revelaram a predominância da proposição de atividades de Língua
Portuguesa e Matemática, constatada nos registros nos cadernos (CAs; CTs) e nas
sessões de observação em sala de aula. Entre os exercícios propostos pela
professora e pelos autores dos livros didáticos, a maioria das atividades prescritas
exige atividades de decodificação, ou seja, instigam os alunos a identificarem e
selecionarem apenas enunciados do texto, e desse modo pouco colaboram para a
formação de leitores competentes. Verificarmos que a professora participante não
segue a sequencia sugerida pelos livros didáticos, no entanto, em alguns momentos,
aparenta acatar as sugestões propostas literalmente. As análises realizadas indicam
a necessidade de a escola promover e instigar seus alunos a se assumirem como
sujeitos ativos, ou seja, a de lhes possibilitar o desenvolvimento da autoria, ao ler e
ao estudar, para que assim possam produzir sentidos, próprios e críticos sobre as
produções culturais do e no mundo que os rodeia.
Palavras-chave: Formação de leitores; Livros didáticos; Cadernos escolares;
Ensino Fundamental.