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Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
tada principalmente no diálogo mais permanente; uma burocracia pequena;
um grande potencial de assimilação, adaptação e geração de novas
tecnologias (CASTELLS, 1999; BALESTRIN; VARGAS, 2004; GRAAFLAND;
VEN; STOFFELE, 2003; SPENCE; SCHMIDPETER, 2003; PERRINI, 2006;
JENKINS, 2006).
No contexto brasileiro, a motivação maior das ações de RSC das PMEs
volta-se para a filantropia e o assistencialismo, o que não reflete uma preocu-
pação com a minimização ou a transformação dos problemas sociais
(PELIANO, 2002). No Brasil, as ações socialmente responsáveis das PMEs
são orientadas para a melhoria da imagem institucional, para a manutenção
de uma política de boa vizinhança e para o aumento da produtividade
(TEIXEIRA, 1996; PELIANO, 2002). Uma das razões que podem explicar
essa ênfase é que no Brasil a falta de integração interempresarial, a
burocratização e a ausência de redes (sociais ou empresariais) efetivas impe-
dem uma maior cooperação entre as empresas (FUKUYAMA, 1995; MELO
NETO; FROES, 2001). Caso fossem superadas tais razões, as atividades soci-
ais das empresas teriam um alcance muito maior e, principalmente, os níveis
de confiança entre empresas e seus stakeholders seriam aumentados
(PELIANO, 2002).
Já no contexto europeu, as pesquisas apontam que, para além do
envolvimento com a comunidade, predomina um forte envolvimento das
PMEs com os empregados (desenvolvimento de pessoal, responsabilidade
pelo bem-estar e saúde dos funcionários) e as atividades de caráter ambiental
(redução de impacto ambiental, reciclagem e redução de lixo) (GRAAFLAND
et al., 2003; SOUTHWELL, 2004; SANTOS et al., 2006). Estudos em países
europeus apontam ainda que o aumento de RSC entre as PMEs europeias
deve-se, sobretudo, à busca de melhoria da reputação, de maiores níveis de
satisfação dos colaboradores, mas também por conta da oportunidade de
fazer novas parcerias, sobretudo, com empresas de grande porte. Isso se deve
especialmente ao fato de que nos contratos com empresas grandes há exi-
gências pelo cumprimento de determinados padrões sociais e ambientais, o
que impulsiona a RSC entre as PMEs (SOUTHWELL, 2004; FULLER; TIAN,
2006; SANTOS et al., 2006). Além disso, essas práticas estão ainda associa-
das à redução de custos, à melhoria do serviço prestado ao cliente, aos incre-
mentos na qualidade do produto ofertado e à tentativa de aumento na eficá-
cia da gestão ambiental (UNIDO, 2002; SANTOS et al., 2006).
Embora pareçam bastante distintas, as motivações europeias e brasilei-
ras encontram uma intersecção no que tange às motivações. De modo geral,