setores e dando a eles novas oportunidades
de crescer.
Para o administrador, fazer o seu trabalho
significa desenvolver pessoas (presos) e
desenvolver presos significa fazer seu trabalho.
Quando se fala aqui em desenvolvimento, não
se quer dizer educação formal dos presos em
algum lugar fora do local de trabalho (Pigors
&
Myers, 1981). Está se referindo à função
do administrador do presídio de fazer do local
de trabalho um ambiente (Chiavenato, 1985),
onde cada preso possa naturalmente crescer
e adquirir novas habilidades (Flippo, 1980).
O ponto principal no desenvolvimento do
preso é confiar-lhe (na medida do possível)
responsabilidades. Sabe-se que as pessoas
aprendem através de tentativa e erro e
ampliam a sua habilidade (Robbins, 1987).
Quando o administrador do presídio incumbe
um preso de uma tarefa, ele deve deixar
bastante espaço para este tipo de crescimento.
Claro que existe uma cobrança em termos de
prazos. O preso desenvolve um senso de
responsabilidade pelos serviços a ele
incumbido, ele aprende fazendo o trabalho
que é novo e desconhecido (Hatakeyama,
1988).
A utilização do trabalho como terapia
ocupacional
O trabalho do administrador do presídio, em
relação ao preso e em relação ao trabalho,
pode ser resumido em dois aspectos: o
ocupacional e o humano.
O aspecto ocupacional refere-se ao trabalho
propriamente dito, isto é, à atividade que
planeja e executa o trabalho, colhendo o seu
resultado. Geralmente seu progresso e
resultado podem ser quantitativamente
conhecidos. Numa linha de produção (como
a confecção de papeis reciclados da Empresa
Terra), seria a atividade que almeja a melhoria
do resultado final e concebe um sistema de
valores e tecnologias distintas para cada etapa
do processo de produção. Ou seja, despertar
no preso à idéia de que ele pode aperfeiçoar
o método de produção (Hatakeyama, 1988).
O outro aspecto é o ser humano. Este aspecto
refere-se à atividade voltada para o homem
como: manter a relação de confiança entre o
administrador (incluindo todos que trabalham
no Presídio) e os presos. Em outras palavras,
"quanto melhor o seu relacionamento maior
o grau de sua qualidade" (Fini, 1995, p.29). A
qualidade do relacionamento implica em um
grau elevado de cooperação dos presos entre
si e em relação à administração do Presídio.
A palavra cooperação no trabalho é ressaltada
por Likert (1967); como um fator decisivo para
o sucesso em qualquer instituição.
Viabilizando esta relação de cooperação e
confiança, pode-se proporcionar uma
atmosfera mais descontraída (Garrido, 1994).
O ambiente equilibrado favorece o trabalho
produtivo e promove a saúde mental do das
pessoas (Mclean,1967). Isto pode se estender
também numa relação de confiança com o
próprio Estado, que é mantenedor da
instituição prisional. Comparando com o
aspecto ocupacional, nem sempre é fácil
identificar quantitativamente a sua realização.
Além disso, muitas vezes o resultado do
esforço empenhado neste aspecto demora em
aparecer. Este resultado tende a surtir efeito
no longo prazo (Gomes, 1996).
Basicamente, as atividades voltadas para o
aspecto humano estão presentes em todos os
tipos de organização social. Porém,
freqüentemente, elas refletem diferenças
culturais, oriundas da própria natureza da
situação do preso, ou seja, sofrem influencia
causada pela diferença étnica, sócio-cultural,
entre outras (Hatakeyama, 1988).
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