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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Letras
A HAPLOLOGIA NO PORTUGUÊS DE BELO HORIZONTE
REGINA MARIA GONÇALVES MENDES
BELO HORIZONTE
2009
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REGINA MARIA GONÇALVES MENDES
A HAPLOLOGIA NO PORTUGUÊS DE BELO HORIZONTE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Letras da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Linguística e Língua Portuguesa,
sob orientação do Professor Doutor Marco
Antônio de Oliveira.
BELO HORIZONTE
2009
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FICHA CATALOGR€FICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontif•cia Universidade Cat‚lica de Minas Gerais
Mendes, Regina Maria Gonƒalves
M538h A haplologia na oralidade do portugu„s de Belo Horizonte / Regina Maria
Gonƒalves Mendes. Belo Horizonte, 2009.
149 f.: Il.
Orientador: Marco Ant…nio de Oliveira
Dissertaƒ†o (Mestrado) Pontif•cia Universidade Cat‚lica de Minas Gerais,
Programa de P‚s-Graduaƒ†o em Letras
1. Lingu•stica. 2. Fonologia. 3. Haplologia. 4. Linguagem e l•nguas Variaƒ†o. I.
Oliveira, Marco Ant…nio de. II. Pontif•cia Universidade Cat‚lica de Minas
Gerais. Programa de P‚s-Graduaƒ†o em Letras. III. T•tulo.
CDU: 800.87
REGINA MARIA GONÇALVES MENDES
A HAPLOLOGIA NO PORTUGUÊS DE BELO HORIZONTE
Dissertação defendida publicamente no
Programa de Pós-graduação em Letras
da PUC Minas e aprovada pela seguinte
Comissão examinadora.
__________________________________________
Prof. Dr. José Olímpio de Magalhães
___________________________________________
Profª. Dra. Vanda de Oliveira Bittencourt
____________________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira
Orientador
_____________________________________________
Prof. Dr. Hugo Mari
Coordenador do Programa de Pós-graduação da PUC Minas
Belo Horizonte, ........... de .................................... de 2009.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais João Pedro e Edelves que, de uma
maneira muito especial, ensinaram-me a ser
persistente na busca de meus objetivos sempre,
mas não puderam esperar para comemorar comigo
a concretização desse acontecimento.
Aos meus irmãos João, Paulo, Maria Aparecida,
Marina, Marcos, Tânia e Simone, cunhados e
sobrinhos pela torcida em todos os momentos dessa
pesquisa. Ao meu irmão Edson, que como meus
pais, também não pôde esperar essa realização.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram para a realização dessa pesquisa e, em
especial às seguintes pessoas e instituições:
Ao meu orientador, Professor Dr. Marco Antônio de Oliveira, pelas observações,
conselhos, revisões e ensinamentos cuidadosos e enriquecedores que me
proporcionaram segurança nessa caminhada, bem como por me motivar a
perceber na variação uma importante teoria para o tratamento da haplologia
como variável linguística.
À Professora Vanda de Oliveira Bittencourt por ter me concedido a oportunidade
de fazer o estágio docente sob suas valiosas orientações.
Ao Professor Mário Alberto Perini pelos conselhos e por encorajar-me
receptivamente, tranquilizando-me momentos antes da entrevista de seleção.
Ao Professor Seung-Hwa Lee, da UFMG, a minha grande gratidão por abrir o
caminho para que eu projetasse essa pesquisa e por ter me inspirado a escolher
a haplologia como objeto de estudo, além do conselho de que pensar
profundamente no que se e observar os exemplos é fundamental para a
percepção dos fenômenos linguísticos.
Ao professor Antônio Augusto Faria, da UFMG, que fez um trabalho de reescrita
comigo quando entrei para a graduação.
Aos Professores Ângela Vaz Leão, Hugo Mari, Milton do Nascimento, Marco
Antônio de Oliveira, Paulo Henrique Aguiar Mendes e Vanda de Oliveira
Bittencourt pelos conhecimentos e pela chance que me proporcionaram para
exercitar meu objeto de estudo em suas aulas.
Aos colegas do Mestrado, especialmente às colegas Luciana, Maria Alzira, Maria
Cristina e Marina pelas trocas de experiências no grupo de estudos de fonologia
e pela convivência agradável.
À colega Fernanda da Cunha Faria Rocha pelas orientações no uso do
programa estatístico Varbrul.
ˆs funcion‰rias da secretaria de p‚s-graduaƒ†o da PUC, Berenice Viana de
Faria, Ros‰ria Helena de Andrade e Vera LŠcia Mageste de Salles Alves, pela
disponibilidade e prontid†o sempre que precisei ser atendida.
ˆ minha amiga Raquel Aparecida Nogueira por ter me mostrado o caminho da
universidade, h‰ alguns anos.
Aos informantes por fornecerem dados valiosos para o estudo da haplologia.
Ao meu amigo Vicente de Paulo Oliveira Nepomuceno pelas revis‹es, sugest‹es
e apoio em alguns momentos dif•ceis pelos quais passei durante o curso.
ˆ Edermaura F‰tima dos Santos pelas revis‹es finais.
ˆ Prefeitura Municipal de Belo Horizonte por valorizar-me como profissional da
educaĠo, oportunizando-me a realizaĠo dessa pesquisa.
Aos meus colegas da Escola Municipal ŒVin•cius de Moraes• pelo apoio e
incentivo.
ˆ CAPES e Ž PUC Minas pelo apoio financeiro.
A Deus, que me concedeu vida, saŠde e perseveranƒa para vencer meus
pr‚prios limites e muitos desafios que encontrei em toda minha trajet‚ria
acad„mica, bem como pela oportunidade de conviv„ncia com todas essas
pessoas e instituiƒ‹es que me ajudaram a construir um pouco mais de
conhecimento.
ŒPor tr‰s de uma aparente aus„ncia de regras do
fen…meno social, existe uma regularidade na sua
configuraƒ†o que t†o real quanto aquela dos
processos f•sicos do mundo mec•nico. Uma
l•ngua •, sobretudo, um produto social e cultural e
como tal deve ser entendida.•
Edward Sapir, 1929
ŒEm certos aspectos fundamentais n‚s
n†o aprendemos realmente a l•ngua;
ela que cresce na mente.•
Chomsky, 1980
RESUMO
Esta dissertação descreve o fenômeno da haplologia, conforme ela ocorre entre os
falantes belo-horizontinos. A haplologia é um processo fonológico autossegmental,
prosódico e métrico que reduz a primeira de duas sílabas contíguas e tem sua
ocorrência motivada pela adjacência de traços iguais, semelhantes ou diferentes
com sequência de sílabas átonas em sua maioria. A haplologia pode ocorrer dentro
do vocábulo ou entre palavras adjacentes na frase. A abordagem adotada se pauta
em modelos fonológicos não lineares e na Teoria da Variação. O fenômeno em
questão é contextualizado e dimensionado na pesquisa de campo e através de
algumas pesquisas feitas em outras cidades do Brasil, fora do Estado de Minas
Gerais. Os dados aqui analisados foram extraídos de entrevistas gravadas com
informantes nascidos e residentes em Belo Horizonte. A análise quantitativa da
haplologia, como fenômeno variável, leva em conta fatores estruturais e não
estruturais. O material linguístico utilizado foi transcrito conforme percepção auditiva
para coletar os corpora da pesquisa pertinentes ao tema estudado. Os resultados
finais indicam que tanto os fatores estruturais quanto os não estruturais favorecem a
produção desse fenômeno.
Palavras-chave: Haplologia; Fonolagia Autossegmental, Prosódica e Métrica;
Variação Linguística.
ABSTRACT
This dissertation describes the phenomenon of haplology, as it occurs among the
speakers of Belo Horizonte. Haplology is a phonological autossegmental, prosodic
and metrical process that reduces the first of two consecutive syllables, and whose
use is motivated by the adjacent occurrence of equal, similar or different features
with a sequence of weak syllables in its mojority. Haplology can occur within the word
or between adjacent words in the phrase. The adopted approach is laid out in
nonlinear phonological models and the theory of variation. This phenomenon is
contextualized and dimensioned in field research and in some researches made in
other states of Brazil, outside of Minas Gerais. The data analyzed here has been
extracted from recorded interviews with participants born in and still residents of Belo
Horizonte. The quantitative analysis of haplology, as a changeable phenomenon,
considers structural and non-structural factors. This linguistic material was
transcribed according to what was heard orally in order to collect the pertinent
corpora according to the studied subject. The final results indicate that the structural
as much as non-structural factors favor the occurrence of this phenomenon.
Key-words: Haplology; Autossegmental, Prosodic and Metrical Phonology;
Linguistic Variation.
Lista de Figuras
Figura 1
Causo Mineiro...............................................................................................
Figura 2 Exemplificação arbórea da haplologia na hierarquia prosódica....................
Figura 3 Contexto das Consoantes da haplologia dos belo-horizontinos...................
Figura 4 Traços de /t/ e /s/..........................................................................................
Figura 5 Estrutura Máxima da Sílaba .........................................................................
Figura 6 Componentes auditivos da fala na comunicação..........................................
Figura 7 Hierarquia Prosódica ....................................................................................
Figura 8 PAPR Regras de Altura do Acento Proeminente .........................................
Figura 9 Exemplos de contexto de haplologia, adaptados às PAPR .........................
Figura 10 Exemplo de mora .......................................................................................
Figura 11 Grelha métrica ............................................................................................
Figura 12 Grelha métrica ............................................................................................
Figura 13 Tom e Proeminência Relativa com dados da pesquisa..............................
Figura 14 Representação de Sequência Tonal..........................................................
Figura 15 Sinal de Fala da Informante 6..................................................................
Figura 16 Espectrograma da Informante 6..................................................................
Figura 17 Espectrograma da Informante 6..................................................................
Figura 18 Oscilograma do Informante 1..................................................................
Figura 19 Espectrograma do Informante 1..................................................................
Figura 20 Espectrograma do Informante 1..................................................................
Figura 21 Espectrograma do Informante 91................................................................
Figura 22 Mapa das Regionais de Belo Horizonte .....................................................
21
36
37
45
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57
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58
58
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61
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71
71
72
72
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74
83
Lista de Tabelas
Tabela 1
Total de haplologias..........................................................................
...
....
Tabela 2 Haplologia e Acento.................................................................................
Tabela 3 Haplologia e Gênero................................................................................
Tabela 4 Média de Haplologia por Gênero.............................................................
Tabela 5 Haplologia e Faixa Etária.........................................................................
Tabela 6 Haplologia e Escolaridade........................................................................
Tabela 7 Haplologia e Classe Social.......................................................................
Tabela 8 Haplologia e Estilo de Fala.......................................................................
Tabela 9 Haplologia e Fronteira Consonantal.........................................................
Tabela 10 Exemplos de contextos encontrados nos dados..................................
Tabela 11 Haplologia e Velocidade de Fala............................................................
Tabela 12 Haplologia e Acento...............................................................................
Tabela 13 Haplologia e Gênero..............................................................................
Tabela 14 Haplologia e Faixa Etária.......................................................................
Tabela 15 Haplologia e Escolaridade......................................................................
Tabela 16 Haplologia e Classe Social.....................................................................
Tabela 17 Haplologia e Estilo de Fala....................................................................
Tabela 18 Grupos de fatores Selecionados pelo Varbrul........................................
67
70
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76
77
78
79
80
87
88
89
90
90
91
91
92
92
93
Lista de Quadros
Quadro 1 Contextos consonantais encontrados pelas pesquisadoras...................18
Quadro 2 Fronteira Consonantal.............................................................................68
Quadro 3 Velocidade de Fala................................................................................. 69
Quadro 4 Acento.....................................................................................................69
Quadro 5 Codificação dos Fatores Estruturais e Não estruturais...........................81
Quadro 6 Ficha Técnica da Cidade de Belo Horizonte ..........................................84
Lista de Gráficos
Gráfico 1 Fator Gênero..............................................................................................76
Gráfico 2 Faixa etária................................................................................................77
Lista de Abreviaturas e S€mbolos
PCO Princ€pios do Contorno Obrigat‚rio
PAPR Regras de Altura do Acento Proeminente
PB Portuguƒs Brasileiro
C • Consoante
V • Vogal
CV Consoante + Vogal
S • Strong (Forte)
W • Weak (Fraco)
X • S€laba t„nica
S€lada …tona
PAR Princ€pio de Altern†ncia R€tmica
PAPR Regras de Altura do Acento Proeminente
U Enunciado Fonol‚gico
I Frase Entonacional
Frase Fonol‚gica
‡ • S€laba
Mˆtrico
Palavra Fonol‚gica
H • High (Tonicidade Alta)
L • Low (Tonicidade Baixa)
EF Ensino Fundamental
EM Ensino Mˆdio
ES Ensino Superior
# • Fronteira de palavras
Apagamento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................17
2 CARACTERÍSTICAS DA HAPLOLOGIA NO PORTUGUÊS DE BELO
HORIZONTE.............................................................................................................25
2.1 Redução Fonológica.........................................................................................25
2.1.1 Metaplasmos...................................................................................................27
2.2 Caracterização da Haplologia ..........................................................................28
2.2.1 Casos de bloqueio..........................................................................................31
2.2.2 Casos de previsibilidade não concretizada.................................................32
2.3 Contexto Morfossintático.................................................................................34
2.4 Contexto Prosódico ..........................................................................................35
2.5 Contexto Autossegmental................................................................................36
3 QUADRO TEÓRICO..............................................................................................39
3.1 Teoria da Variação.............................................................................................39
3.2 Haplologia..........................................................................................................45
3.2.1 A haplologia no Léxico ..................................................................................45
3.2.2 A haplologia na sentença..............................................................................47
3.3 Teoria Prosódica...............................................................................................50
3.3.1 Sequências Segmentais e Não Segmantais.................................................52
3.3.2 Teoria Autossegmental..................................................................................55
3.3.3 Teoria Métrica.................................................................................................56
4 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................64
4.1 Procedimentos Metodológicos........................................................................64
4.2 Universo da Pesquisa.......................................................................................65
4.3 Coleta de Dados................................................................................................65
4.4 Variáveis Estruturais.........................................................................................67
4.4.1 Variável Dependente......................................................................................67
4.4.2 Fronteira Consonantal...................................................................................68
4.4.3 Ritmo de Fala..................................................................................................68
4.4.4 Acento.............................................................................................................69
4.5 Variáveis Não Estruturais.................................................................................75
4.5.1 Gênero.............................................................................................................75
4.5.2 Faixa Etária .....................................................................................................76
4.5.3 Escolaridade...................................................................................................78
4.5.4 Classe Social..................................................................................................78
4.5.5 Estilo de Fala..................................................................................................79
4.6 Tratamento dos Dados......................................................................................80
4.7 CaracterizaŠ‹o de Belo Horizonte O Contexto Social.................................82
5 ANŒLISE E DISCUSS•O DOS RESULTADOS....................................................86
5.1 Contexto Consonantal......................................................................................86
5.2 Velocidade de Fala ............................................................................................89
5.3 Acento ................................................................................................................89
5.5 Faixa Et…ria ........................................................................................................91
5.6 Escolaridade......................................................................................................91
5.7 Classe Social .....................................................................................................92
5.8 Estilo de Fala .....................................................................................................92
5.9 Relev†ncia dos Fatores na ProduŠ‹o da Haplologia .....................................93
5.10 Bloqueio da Haplologia...................................................................................94
5.11 Choques e Lapsos Sil…bicos..........................................................................96
5.12 Regra vari…vel.................................................................................................97
5.13 Respostas aos questionamentos e hip‚teses iniciais.................................98
6 CONSIDERAŽ•ES FINAIS.................................................................................100
REFER•NCIAS.......................................................................................................102
AP•NDICES ...........................................................................................................109
17
1 INTRODUŽ•O
Esta dissertaĠo aborda a haplologia conforme ela ocorre entre os falantes da
cidade de Belo Horizonte. Esse fen…meno um processo fonol‚gico vari‰vel
presente no portugu„s brasileiro (PB), envolvendo uma sequ„ncia de duas s•labas
cujas consoantes t„m traƒos iguais e/ou semelhantes ou com sequ„ncia de s•labas
‰tonas entre fronteira de palavras. Haplologia o cancelamento total ou parcial da
primeira s•laba, ou seja, a que se encontra Ž esquerda da sequ„ncia em quest†o.
Esse processo mais favorecido pela sequ„ncia de s•labas ‰tonas e se
caracteriza pelo contexto de traƒos fonol‚gicos iguais ou semelhantes das
consoantes presentes nessas s•labas. Para identificar a semelhanƒa entre as
consoantes adjacentes que resultam em haplologia, basta verificar seus traƒos
fonol‚gicos na matriz de traƒos distintivos de Chomsky e Halle (1968) apud Cagliari
(2002, p. 97), autores que utilizaram os sinais de (‡/+) para indicar a presenƒa ou a
aus„ncia de determinados traƒos. Essas consoantes s†o iguais ou semelhantes se
pertencerem a uma classe natural de segmentos relacionados. Embora, o
fen…meno da haplologia ocorra tamb•m com s•labas de traƒos diferentes.
Conforme Silveira (1971, p. 79) a sequ„ncia de s•labas ‰tonas propicia o
desaparecimento de uma das s•labas na pronŠncia. A express†o Faculdade de
Letras oferece contexto fonol‚gico favor‰vel Ž produƒ†o da haplologia que se
realiza como faculda[de] letras. Na express†o faculdade de h‰ a sequ„ncia de
duas s•labas id„nticas [de], ambas ‰tonas. O processo de haplologia pode ocorrer
tamb•m com o apagamento apenas da vogal, com deslocamento da consoante
restante para a s•laba que se encontra Ž esquerda das s•labas envolvidas no
processo. O sintagma curso de cabelereira = curs[de] cabelereira se realiza
dessa forma. Assim, sequ„ncias com ambiente de haplologia podem perder a s•laba
inteira ou apenas a vogal e, neste caso, desfaz-se a s•laba original.
A haplologia uma vari‰vel lingu•stica do PB, de larga ocorr„ncia entre os
falantes de Minas Gerais. A vari‰vel lingu•stica definida por Labov como Œos
diferentes meios de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto•. (Labov, 1972,
p. 164). No caso da haplologia, o contexto prop•cio ao apagamento de s•laba ou
vogal pode ser produzido pelo falante com apagamento ou sem ele. Desse modo,
18
h‰ duas maneiras de dizer a fronteira constitu•da desse contexto, o que caracteriza a
haplologia como vari‰vel. Por essa raz†o, trata-se de um tema relevante para se
investigar.
Nesse tocante, conveniente dizer que existem poucas investigaƒ‹es sobre a
haplologia no •mbito da sentenƒa. Dentre elas podemos citar Alkmin e Gomes
(1982), que afirmam ser sujeita Ž haplologia, a primeira de duas s•labas seguidas se
elas forem iguais ou semelhantes foneticamente e consideram prop•cios Ž haplologia
somente os fonemas /t/ e /d/, que t„m os traƒos fonol‚gicos iguais ou semelhantes.
Tenani (2002) v„ a haplologia como um processo fonol‚gico no qual, em uma
Œseq’„ncia de duas s•labas iguais ou semelhantes, ocorre queda da primeira s•laba
quando ambas s†o ‰tonas e suas consoantes t„m os traƒos [+ coronal, cont•nuo,
nasal] (isto •, /t/ e /d/)•. A diferenƒa entre essas consoantes que /d/ vozeado e /t/
desvozeado. Pavezi (2006) aborda a haplologia entre fronteiras acima da palavra
fonol‚gica na variedade paulista nos dom•nios da frase fonol‚gica (), frase
entoacional (I) e do enunciado fonol‚gico (U). Para Leal (2006), a haplologia ocorre
somente em adjac„ncias de s•labas com traƒos iguais, podendo ser diferente
somente na sonoridade. Entretanto, os casos de s•labas semelhantes s†o tratados
como elis†o. O quadro 1 resume os contextos consonantais considerados
facilitadores da haplologia por essas autoras.
Quadro 1: Contextos consonantais encontrados pelas pesquisadoras
Conforme apresentado no quadro 1, os estudos de Alkmin e Gomes (1982) e
Tenani (2002) consideram prop•cios Ž haplologia somente os contextos /d#d, /d#t/,
/t#t/ e /t#d/, que t„m traƒos iguais ou semelhantes, diferenciando somente na
sonoridade. Pavezi (2006) amplia esse escopo, considerando o fen…meno em outros
contextos, aumentando um pouco mais esse universo contextual. Os casos de
s•labas com consoantes adjacentes semelhantes, que Leal (2006) trata como elis†o,
AUTORA (S) ANO CONTEXTOS CONSONANTAIS
Alkmin e Gomes 1982 /t/ e /d/
Tenani 2002 /t/ e /d/
Battisti 2005 /t/, /d/ e outros iguais ou semelhantes
Pavezi 2006 /t/, /d/ e outros iguais ou semelhantes
Leal 2006 Somente os iguais
19
Battisti (2005, p. 73) e Pavezi (2006) consideram haplologia. Neste trabalho, também
considerei estes casos como haplologia. Nos estudos que realizei, com base na
filologia, notei que, entre outros casos, na gramática histórica
1
a haplologia foi
tratada como um caso de elisão. Bisol (2000) e Tenani (2002) consideram elisão o
apagamento de duas vogais seguidas em limite de palavras, como em camisa
amarela = camis[a]marela. Além disso, com exceção de Battisti (2005), essas
autoras abordaram somente os fatores estruturais da haplologia. neste estudo,
abordo tanto os fatores estruturais quanto os não estruturais.
Vários autores, como Alkmin e Gomes (1982), Tenani (2002), Pavezi (2006),
Leal (2006), entre outros, tratam a haplologia como um processo fonológico
resultante na perda total da primeira sílaba em uma sequência de sílabas
fonologicamente iguais ou semelhantes, como em ’vontade de' = vonta[de]; ’gosto
de‘ = gos[de]. Contudo, nesta pesquisa constatei que nem sempre a sílaba perde
todos os seus componentes. A perda fica limitada, às vezes, à vogal final da sílaba
que se encontra à esquerda, sendo a consoante mantida, resultando em uma
alteração da estrutura silábica que passa a conter uma consoante em posição de
coda ou agregada a uma coda existente na sílaba, como, por exemplo, em ’estilo
de‘ = estil[de] e ’aborto desses‘ = abort[de]sses]. Embora este tipo de haplologia
tenha pouca frequência, é importante registrar a sua existência. Portanto, nem
sempre a queda da sílaba vai ser total. Nos exemplos apresentados, a consoante se
conserva nos segmentos aos quais se agrupa, mas sua audição é quase
imperceptível. Para percebê-las, é necessário ouvir a gravação várias vezes. Com
essa reorganização, uma sílaba é desfeita e a consoante, quase inaudível, desloca-
se para a sílaba anterior, causando uma redução de sílaba na palavra da esquerda.
Neste caso, perde-se uma sílaba com essa ressilabificação uma vez que uma
consoante sozinha não caracteriza sílaba em PB.
Os contextos segmentais formados pelas sílabas átonas com as consoantes
adjacentes /tv#dv/, /dv#dv/, /tv#tv/, /dv#tv/ e /nv#nv/ são os contextos que
apresentam maior frequência de haplologia. No desenvolvimento desta dissertação,
utilizo todos os contextos coletados nas falas dos informantes pesquisados para
tratar da produção da haplologia.
1
Para Carvalho e Nascimento (1972, p. 36 e 42) a haplologia é um dos metaplasmos por supressão que se
encontra entre outros da mesma natureza. Conforme Vogeley (2006, p. 58), esse metaplasmo é uma elisão.
20
No processo de produção desse fenômeno, uma interação entre fonologia,
morfologia e sintaxe, que fazem interface, interrelacionando o som (fonologia)
emitido pelo falante, o segmento constituído pela forma (morfologia) e pela
disposição das palavras (sintaxe) no enunciado. Na haplologia uma
ressilabificação do segmento em sua sonoridade, na forma lexical e na organização
sintagmática. Por isso, a haplologia ocorre nas interfaces sintática, morfológica e
fonológica porque uma reestruturação entre as palavras na frase, modificando a
estrutura desses três níveis no segmento envolvido no processo. Nesse contexto, o
sintagma se reduz, sem alterar o sentido denotativo do enunciado. Por exemplo, no
sintagma Cida[de] Belo Horizonte, as palavras /cidade + de/ se transformaram em
uma única, a primeira palavra perde a sílaba final e recebe a preposição que nela se
embute, o que não muda o sentido do sintagma cidade de Belo Horizonte.
Na visão sociolinguística, a haplologia é uma variável não padrão uma vez
que sua ocorrência causa comentários jocosos, irônicos e sarcásticos,
estigmatizando certos falares regionais. Nesse contexto, pode-se incluir o falar do
mineiro, pela forte incidência desse fenômeno. Por esse fenômeno estar fortemente
associado ao falar mineiro, decidi investigá-lo entre falantes residentes na cidade de
Belo Horizonte.
Levando em conta todas essas considerações, o objeto de estudo dessa
pesquisa é a haplologia, cujo processo fonológico, caracterizo inicialmente para
apresentá-lo, ao longo dessa pesquisa, todas essas características são
aprofundadas:
(a) Cancelamento total da sílaba ou da vogal que se encontra à esquerda de
uma sequência de sílabas, ocorrendo mais frequentemente em contextos
constituídos por consoantes iguais ou semelhantes;
(b) É favorecido pela sequência de sílabas átonas, mas ocorre também no
encontro de uma sílaba tônica com uma átona;
(c) Reorganiza as sílabas para evitar a sequência de sílabas átonas, mas que
também pode causar choque silábico quando cancela a sílaba átona em
uma sequência t„nica>…tona>t„nica;
(d) É bloqueado pela sequência em que a sílaba da esquerda é uma
preposição;
(e) É bloqueado quando ambas as sílabas propícias à haplologia são tônicas;
(f) Sofre bloqueio quando a segunda sílaba da sequência é tônica;
21
(g) uma vari‰vel influenciada tanto por fatores estruturais quanto n†o
estruturais.
O tema relevante uma vez que esse fen…meno bastante acentuado no
linguajar do mineiro e n†o tratado em trabalhos acad„micos escritos com o foco na
cidade de Belo Horizonte. No entanto, h‰ textos circulando na Internet, com v‰rios
exemplos de reduƒ†o fonol‚gica, inclusive de haplologias, estigmatizando o mineiro
por essa forma de falar. Entre esses textos inclui-se o ŒCauso Mineiro• de autor
desconhecido, que circula na Internet por meio de e-mails faz algum tempo e
atualmente se apresenta em g„nero postal, vendido entre os cart‹es postais sobre
Minas Gerais:
Figura 1: Causo Mineiro
Fonte: Postais de Minas, (2008).
22
Neste postal, as haplologias são pincume = (pinga com) mel, kidecarne =
(quilo de) carne, vinde = vindo de, denduforno = (dentro do) forno, tidiguerra = (tiro
de) guerra, midipipoca = (milho de) pipoca, denda = dentro da, nossinhora = nossa
senhora, lidileite = (litro de) leite, doidimais = doido demais, dendapia = (dentro da)
pia, doncovim = de on(de que) eu vim, noncotô = on(de que) eu estou, proncovô =
para on(de que) eu vou.
A ideia de realizar essa pesquisa surgiu a partir de observações da fala dos
belo-horizontinos. Dessas observações surgiram alguns questionamentos a serem
elucidados nesta pesquisa:
Que proposta teórica explica melhor o fenômeno fonológico segmental
denominado haplologia na estrutura da frase oral do PB?
Como se redimensionam a vogal e a consoante na haplologia?
Que contextos fonológicos e prosódicos propiciam a ocorrência da
haplologia?
O belo-horizontino produz a haplologia em todos os contextos
fonológicos pesquisados por outros autores? Ele a realiza em
contextos ainda não estudados?
A haplologia é uma variável relacionada a fatores sociais?
Minha hipótese de trabalho é a de que a preferência do falante não é
aleatória. Ela está relacionada à prosódia porque se relaciona com o acento, ao
contexto fonológico, pois o cancelamento de sons condicionados aos traços das
consoantes adjacentes; à regra de eufonia por reestruturar sílabas de sons iguais ou
parecidos, facilitando a pronúncia; à economia linguística por eliminar a redundância
sonora e ao contexto social no qual o falante está inserido por ser um estilo de fala
de sua comunidade e de suas condições sociais.
Ao longo do trabalho, a revisão bibliográfica, a exemplificação retirada dos
corpora e a discussão dos dados da pesquisa de campo poderão confirmar ou
refutar, total ou parcialmente, minha hipótese.
Com vistas a compreender melhor esse caso de variação linguística, esta
pesquisa apoia-se na Teoria da Variação (Labov (1972)); na Teoria da Fonologia
23
Prosódica (Selkirk (1995) e Nespor; Vogel (1986)); na Teoria Autossegmental
(Goldsmith (1976)) e na Teoria a Métrica (Liberman (1975)).
Assim sendo, esta pesquisa tem como objetivo principal:
Mostrar os processos fonológicos que resultam no fenômeno da
haplologia, simplificando mofofonológica e morfosintaticamente as
sílabas envolvidas, no âmbito da sentença no português de Belo
Horizonte.
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
Identificar as escolhas morfofonológicas dos falantes belo-horizontinos;
Refletir acerca do processo de haplologia no português brasileiro, na
fronteira entre palavras dentro da sentença;
Identificar contextos estruturais e não estruturais que propiciam a
ocorrência do fenômeno.
A revisão da literatura relevante se apoia nos principais autores que tratam
das teorias que norteiam o trabalho e a pesquisa de campo constitui-se de corpora
coletados em falas de informantes nas quais foram observados os fatores estruturais
e não estruturais relevantes para descrever a haplologia. Os fatores estruturais são
os fatores linguísticos que favorecem, ou não, o cancelamento da sílaba ou vogal e
os não estruturais são os fatores sociais que levam o falante a produzir um
enunciado, utilizando uma das variantes da variável.
Todas essas considerações levaram-me a recortar o título: A HAPLOLOGIA
NO PORTUGUÊS DE BELO HORIZONTE para essa dissertação, que se apresenta
em 6 capítulos, organizados da seguinte forma:
No capítulo 1, Introdução, apresento as considerações introdutórias sobre o
objeto de estudo, sua justificativa, relevância e objetivos;
No capítulo 2, Características da Haplologia no Português de Belo Horizonte,
apresento o fenômeno da haplologia conforme encontrado entre os falantes
24
de Belo Horizonte, comento a redução fonológica, conceituo a haplologia e
apresento o contexto linguístico de sua ocorrência;
No Capítulo 3, Quadro Teórico, defino as bases teóricas que fundamentam o
estudo em questão por meio de revisão bibliográfica;
No Capítulo 4, Metodologia da Pesquisa, apresento as diretrizes
metodológicas, o universo e os dados da pesquisa, as estratégias utilizadas
para a sua realização, o contexto social, bem como a análise quantitativa.
No Capítulo 5, Análise do fenômeno da haplologia, analiso os dados
coletados, possibilitando saber se o estudo respondeu aos questionamentos e
se surgiram outros. Além disso, mostro se os resultados estão de acordo com
as teorias estudadas e se em Belo Horizonte os contextos linguísticos são os
mesmos apresentados nas pesquisas realizadas em outras regiões do Brasil.
No Capítulo 6, Considerações Finais, apresento as conclusões relacionadas
aos questionamentos, aos objetivos e à hipótese, apresentados inicialmente.
25
2 CARACTER“STICAS DA HAPLOLOGIA NO PORTUGU•S DE BELO
HORIZONTE
Este cap•tulo situa a haplologia nos processos de reduƒ†o fonol‚gica por
meio de uma revis†o de literatura, posicionando-a entre os metaplasmos e, por fim,
descreve como ela ocorre entre os belo-horizontinos, com base nos dados coletados
na pesquisa.
2.1 ReduŠ‹o Fonol‚gica
Existem v‰rios processos de reduƒ†o fonol‚gica que resultam na queda de
segmentos. Para Hopper e Traugott (1993, p. 37) essa reduƒ†o a eros†o, isto •, a
perda de subst•ncia fonol‚gica. Esse processo causa a perda ou a neutralizaƒ†o
2
de
marcadores morfol‚gicos e da variabilidade sint‰tica e, a frequ„ncia de uso pode
propiciar a mudanƒa lingu•stica. Nesse sentido, na haplologia h‰ o cancelamento de
uma s•laba ou parte dela, e, simultaneamente, a uni†o de duas palavras adjacentes,
sem que elas percam sua funƒ†o morfossint‰tica. No exemplo dentro de‘ =
den[de], o sintagma preposicional se reduziu, perdendo-se uma s•laba pelo
fen…meno da haplologia, sem prejudicar a comunicaƒ†o, pois a palavra resultante
desse processo continua com o sentido das duas que a originaram.
Conforme Crystal (2000, p. 222), a reduƒ†o fonol‚gica Œum processo de
simplificaƒ†o que afeta certos tipos de sequ„ncia de sons•. Pode-se associar essa
citaƒ†o ao fen…meno da haplologia porque em seu processo h‰ a simplificaƒ†o de
sons iguais ou semelhantes adjacentes de uma mesma classe natural de
segmentos, ou ainda, da sequ„ncia de segmentos ‰tonos em fronteira de palavras.
Segundo Bybee e Thompson (1997), o efeito da reduĠo e o da conservaĠo
s†o, a princ•pio, incompat•veis, pois parecem condicionar resultados em oposiƒ†o,
sendo resolvidos pela frequ„ncia de uso que promove a mudanƒa, bem como a sua
resist„ncia em est‰gios diferentes. Nessas condiƒ‹es, a reduƒ†o fonol‚gica muito
produtiva na oralidade, desempenhando papel central no processo de
gramaticalizaƒ†o. Esse processo leva a perda da forƒa expressiva no conteŠdo
26
falado. Ele comeƒa com uma variante usada eventualmente e, Ž medida que o
tempo passa, sua frequ„ncia aumenta, podendo ocorrer a substituiƒ†o da forma
antiga. Um exemplo disso o que pode ocorrer com per[da] = perto da‘. As
palavras que formam perda‘ poder†o se gramaticalizar como adv•rbio ou
preposiĠo.
A haplologia, por ser muito frequente na fala do mineiro, pode ser
considerada uma das marcas do sotaque peculiar dos falantes nascidos no estado
de Minas Gerais e, consequentemente, do belo-horizontino.
Conforme Bisol (2000), a reduƒ†o fonol‚gica abarca v‰rios processos que
resultam na queda de um ou mais segmentos. Essa autora faz refer„ncia Ž elis†o,
que a reduƒ†o de um segmento fonol‚gico. Para a autora, a elis†o um processo
de s•ndi voc‰lico externo, resultando na perda de vogal em final da palavra, seguido
por outra que se inicia tamb•m por vogal. A elis†o, de acordo com Crystal (2000, p.
92), o termo utilizado pela fon•tica e fonologia para se referir Ž omiss†o de sons
na oralidade. Bisol (2000) trata como elis†o o cancelamento de segmentos em limite
de palavras no qual a primeira palavra termina e a segunda comeƒa com vogal, sem
mencionar o cancelamento da s•laba inteira. Crystal (2000) trata da elis†o somente
na palavra e afirma que ela ocorre no in•cio, no meio e no final de palavras, mas n†o
trata do assunto na adjac„ncia de palavras na frase.
Leal (2006) discorre a respeito da haplologia e da elis†o e, para ela,
haplologia e elis†o s†o modalidades diferentes. Para elucidar essa quest†o,
conveniente citar Carvalho e Nascimento (1972), autores para quem a haplologia
um caso de elis†o. Leal (2006, p. 13) trata o cancelamento da s•laba em fronteira de
palavras de duas formas. A primeira a elis†o e a segunda a haplologia. Se as
s•labas envolvidas apresentam consoantes diferentes, o fen…meno elis†o e se
forem iguais ou semelhantes, com variaĠo apenas na sonoridade, uma
haplologia. Ela exemplifica com:
(2.1) ‡ fui na Ca[de]la ontem = fui na casa dela onteme
(2.2) ganhei um presen[de] Fernanda = ganhei um presente de Fernanda
2
Processo pelo qual duas ou mais formas que se op‹em em um contexto e n†o o fazem em outro.
27
Para Leal (2006), em (2.1) h‰ uma elis†o e em (2.2), uma haplologia. No
exemplo (2.1), os fonemas /z/ e o /d/ possuem v‰rios traƒos distintivos iguais: s†o
[+anterior, +coronal, + vozeado, nasal].
Nesta pesquisa considero tanto um caso quanto o outro como haplologia uma
vez que a haplologia uma elis†o, conforme Carvalho e Nascimento (1972, p. 36 e
42). A elis†o uma categoria maior, nela se inclui qualquer tipo de cancelamento
fonol‚gico, e entre esses cancelamentos, inclui-se a haplologia.
Haplologia um termo usado pela fonologia nos contextos sincr…nico e
diacr…nico. Carvalho e Nascimento (1972) inserem a haplologia como uma
modalidade da elis†o ao tratar dos metaplasmos.
2.1.1 Metaplasmos
A l•ngua em seu est‰gio atual n†o igual Ž de outros tempos e nem ser‰
futuramente a mesma de hoje. Devido a isso, a l•ngua sofre variaƒ‹es e mudanƒas,
em sua fonologia, morfologia e sintaxe. No •mbito da palavra, essas variaƒ‹es s†o
fonol‚gicas e morfol‚gicas e no •mbito da sentenƒa, elas podem ser fonol‚gicas,
morfol‚gicas e sint‰ticas. As gram‰ticas hist‚ricas mostram a evoluƒ†o da l•ngua por
meio dos metaplasmos que a transformam. Contudo, essas gram‰ticas tratam o
metaplasmo no •mbito da palavra, sem a preocupaƒ†o de descrever o processo
desencadeador de seu evento. Ainda assim, elas contribuem muito para as
pesquisas sobre reduƒ‹es e outros fen…menos fonol‚gicos. Por isso, pertinente
conceituar metaplasmo.
De acordo com C•mara Jr. (2004, p. 167) a palavra metaplasmo tem origem
no grego (met‰+plasm‚s) e significa mudanƒa de forma. Trata-se de um termo
utilizado pela gram‰tica normativa desde a •poca greco-latina. De acordo com
C•mara Jr. (2004), existe uma forma variante do voc‰bulo, em contraste com outra
considerada normal, mas a variante admiss•vel. Esse conceito sincr…nico de
C•mara Jr. substitui o conceito diacr…nico de mudanƒa fon•tica, muito utilizado pela
gram‰tica hist‚rica. Carvalho e Nascimento (1972, p. 35) conceituam metaplasmo
como alteraƒ‹es que as palavras sofreram durante sua evoluƒ†o ao longo do tempo.
28
São alterações fonéticas que preservam o significado da palavra. Esses autores
conceituam metaplasmo de forma bem objetiva, listando os casos, mostrando as
mudanças ocorridas nas palavras, sem descrever cada tipo e modalidade. Por isso,
para definir cada caso, o estudioso precisa observar a mudança ocorrida no
vocábulo por meio da evolução mostrada para caracterizar muitos casos de
fenômenos fonológicos.
A gramática história classifica os metaplasmos em quatro tipos, com suas
modalidades: por adição (prótese, epêntese e paragoge); por supressão (aférese,
apócope, crase e síncope, na qual se encontra a haplologia, objeto deste estudo);
por transposição (metátese e hiperbibasmo) e por transformação (vocalização,
consonantização, nasalização, desnasalizarão, assimilação, dissimilação,
sonorização, palatalização, assibilação, ditongação, monotongação, apofonia e
metafonia). Esses metaplasmos são tratados diacronicamente no âmbito da palavra.
Atualmente existem alguns desses metaplasmos tratados no âmbito da sentença e a
haplologia está entre eles. Trato aqui da haplologia em fronteira de palavras na
frase.
Para Araújo (2004, p. 1), os metaplasmos organizam eufonicamente os
segmentos da linguagem. linguistas que perceberam os metaplasmos nos
segmentos de palavras encaixadas e até sobrepostas às outras na frase, de forma a
confundir-se o ponto onde termina a primeira palavra e onde se inicia a segunda. A
respeito dessa dificuldade de delimitação dos sons, Schane (1973, p. 3) afirma que
a fusão e absorção de sons entre os sons nos segmentos. Quando se pronuncia
uma palavra como cat, no decorrer da articulação da consoante inicial, uma
antecipação da articulação da vogal. Acredito que o falante e o ouvinte acostumados
com essa sobreposição de segmentos, não percebem o apagamento de fonemas e
sílabas na língua em uso.
2.2 Caracterização da Haplologia
O fenômeno da haplologia é muito produtivo na fala dos belo-horizontinos,
sendo favorecido pelo contexto fonológico associado a outros fatores que serão
descritos no decorrer do trabalho. Esse fenômeno é motivado pela sequência de
29
segmentos relacionados a uma classe natural, ou devido Ž fragilidade de s•labas em
fronteira de palavras. No encontro de s•labas cont•guas id„nticas como no sintagma
cidade de Belo Horizonte= cida[de] Belo Horizonte o /de/ da palavra cidade foi
cancelado porque a primeira s•laba em uma sequ„ncia de s•labas prop•cias ao
apagamento. Nesse exemplo, houve o apagamento dos segmentos que
foneticamente se realizaram assim: [i”ai].
Considerando que existe um contexto favor‰vel Ž aplicaƒ†o da haplologia,
entende-se que essa uma vari‰vel porque nem sempre ela vai ocorrer. Sua
ocorr„ncia vai depender de outros fatores que, provavelmente, est†o relacionados
ao estilo de fala ou ao contexto social do usu‰rio da l•ngua. Por outro lado, a
tonicidade bloqueia a haplologia quando a s•laba da esquerda t…nica. Por exemplo,
aprendi din†micas, a sequ„ncia [di # di] bloqueia a realizaƒ†o desse fen…meno.
Tamb•m em uma adjac„ncia em que a preposiƒ†o se apresenta do lado esquerdo
da sequ„ncia, a haplologia n†o ocorre como em quest‹o de direitos‘. Esses casos
de bloqueio s†o tratados no final dessa seƒ†o.
De acordo com o quadro 1, algumas autoras consideram como contextos
para haplologia somente /dv#dv/, /dv#tv/, /tv#tv/ e /tv#dv/. Eles favorecem a
produƒ†o da haplologia, mas n†o s†o os Šnicos conforme os dados dessa pesquisa.
Nas pesquisas de Pavezi (2005), Battisti (2005) e Leal (2006) a haplologia ocorre em
outros contextos al•m dessas adjac„ncias. Nessa pesquisa encontrei outros
contextos, tais como: /pv#tv/, /dv#pv/, /mv#dv/, /nv#nv/, /gv#pv/, /sv#sv/.
Alguns dos exemplos encontrados nos dados da pesquisa, produzidos pela
informante 6:
(2.3) Viaja e passa o tem[to]do em Minas. (tempo todo) /pv#tv/
(2.3) Tr„s horas da manh† in[po] dentista... (ino pro) /nv#pv/
(2.5) O povo ta gostano mer[da] viol„ncia. (mermo da) /mv#dv/
(2.6) Eu to sempre po[na] cabeƒa dele. (pono na) /nv#nv/
(2.7) Eu ponho a m†o no Fo[por] ele. (fogo por) /gv#pv/
(2.8) ‡ No[si]nhora! (nossa senhora) /sv#sv/
Para compreender como ocorre a haplologia entre os falantes de Belo
Horizonte, realizei uma revis†o de literatura, com base nas teorias que norteiam
30
esse fen…meno para ver como elas o caracterizam. Depois, realizei entrevistas com
falantes dessa cidade com vistas a constatar se as caracter•sticas da haplologia
desses falantes se confirmavam. Para obter essa confirmaƒ†o, utilizei transcriƒ‹es e
audiƒ‹es coletadas nas falas dos informantes. Essas etapas possibilitaram-me
descrever a respeito dessa reduĠo em fronteira de palavras na frase.
Constatei que os falantes de Belo Horizonte produzem dois tipos de
haplologia e que podem ser resumidos em (i) e (ii).
(i) Apagamento somente da vogal da s•laba candidata ao processo de
haplologia, desfazendo-se a s•laba da esquerda, interrompendo a
articulaĠo da consoante que resta dela. Essa consoante se desloca para
a s•laba anterior, em posiƒ†o de coda, como nos exemplos:
(2.9) Voc„ tem um estilde moda mais casual. (estilo de) Informante 5
(2.10) Eu sou a favor do abortdessas pessoas. (aborto dessas) Informante 1
Nos exemplos de (2.9) e (2.10) percebi a interrupƒ†o repentina na pronŠncia
da consoante da esquerda envolvida no processo de haplologia, deixando a
impress†o de que a consoante teve uma pronŠncia bastante curta. Esse tipo de
haplologia corrobora com S‰ Nogueira (1958, p. 180) para quem Œa haplologia
compreende duas partes: s•ncope da vogal seguida de geminaƒ†o de duas
consoantes que podem fundir-se ou n†o•. Assim, posso dizer que no processo de
haplologia h‰ o apagamento da vogal para em seguida apagar ou n†o a consoante,
em um processo de ressilabificaĠo. Nesse caso, houve apenas o cancelamento da
vogal da primeira s•laba, e com ela, a queda da s•laba, pois a consoante se auto-
organizou e deslocou-se para uma terceira s•laba que n†o estava envolvida no
processo:
(es) (ti) (lo) (de) = 4 s•labas (es) (til) (de) = 3 s•labas
(a) (bor) (to) (des) (sas) = 5 s•labas (a) (bort) (des) (sas) = 4 s•labas
Em (2.9), no fragmento /estilo de/, a express†o estilo de cont•m quatro
s•labas. Ao perder a vogal /o/, houve uma ressilabificaƒ†o, perdendo-se uma s•laba,
apesar do n†o apagamento da consoante /l/. A s•laba /ti/ se transformou em [til],
31
recebendo uma coda e a s•laba /lo/ se desfez. Em 10, /abortdessas pessoas/,
tamb•m houve o apagamento da vogal /o/ da s•laba /to/, a consoante /t/ passou
para a s•laba anterior ao ambiente de haplologia. As tr„s consoantes que ficaram
juntas, n†o oferecem restriƒ‹es para a boa formaƒ†o de s•labas no PB, pois h‰ na
l•ngua a possibilidade de pronŠncia implodida da consoante /t/.
(ii) Apagamento de uma s•laba inteira quando as consoantes das s•labas
envolvidas s†o id„nticas ou semelhantes: /dv#dv/, / dv #tv /, /tv#dv/, /t#t/
entre outras:
(2.11) Eu tenho vonta[de] mudar daqui. (vontade de) Informante 43
(2.12) Tamb•m tem projeto na par[da] tarde (parte da) Informante 6
(2.13) Imagina voc„ ficar preso den[de] casa. (dentro de) Informante 65
(2.14) Den[da] Contorno urbana. (dentro da) Informante 50
Nesse caso, apaga-se a s•laba inteira quando h‰ o encontro de duas s•labas
prop•cias a sofrerem esse fen…meno. O molde sil‰bico CV o que mais favorece o
processo de haplologia; entretanto, ela ocorreu com bastante frequ„ncia nos dados
da pesquisa com o molde CCV.
Dessa forma, percebi, auditivamente, dois casos de haplologia que s†o os
seguintes:
CV#CV C–#CV
C(C)V#CV –#CV
Portanto, o primeiro tipo apaga a vogal com interrupĠo da articulaĠo da
consoante que a acompanhava, e o segundo apaga a s•laba inteira.
2.2.1 Casos de bloqueio
H‰ situaƒ‹es em que a haplologia bloqueada e outras em que ela n†o
realizada, apesar de haver condiƒ‹es para a sua produƒ†o:
32
A preposiƒ†o /de/ Ž esquerda da fronteira de traƒos id„nticos ou
semelhantes bloqueia esse fen…meno como no exemplo do informante
5: Eu gosto de programas de debate”. Isso acontece porque no
processo de haplologia, a s•laba que se apaga a da esquerda e se
ocorresse nesse caso, apagaria uma palavra inteira que desempenha
papel sint‰tico, o que mudaria a estrutura morfol‚gica e sint‰tica do
sintagma.
Quando a primeira de duas s•labas acentuada. Exemplo: O Didi
disse tudo.”
3
Esse caso de bloqueio tratado por Tenani (2002, p. 143): Œa haplologia n†o
ocorre quando a primeira s•laba carregar o acento da Œ.
Segundo Pavezi (2005, p. 752), o processo de haplologia pode ser
bloqueado, mesmo em uma sequ„ncia candidata Ž haplologia quando a preposiƒ†o
/de/ vem Ž esquerda do contexto prop•cio Ž produƒ†o desse fen…meno, por exemplo,
dor de dente”. No processo de haplologia, a s•laba que se apaga a da esquerda.
Como uma preposiƒ†o que se encontra nessa posiƒ†o, o fen…meno bloqueado.
Se a preposiĠo fosse apagada, a informaĠo gramatical se perderia.
Conforme Tenani (2002), a haplologia bloqueada em sequ„ncia voc‰lica
‰tona seguida de t…nica, esse caso ocorreu nos dados da pesquisa no exemplo Num
t‰ me da[na]da = Num ta me dano nada. Dessa maneira, no portugu„s de Belo
Horizonte n†o imposs•vel a ocorr„ncia dessa produƒ†o.
2.2.2 Casos de previsibilidade não concretizada
Nos dados, constatei que em contextos de aplicabilidade da haplologia,
alguns informantes n†o produziram o fen…meno porque utilizaram a variedade
padr†o ou uma fala pausada. Os exemplos a seguir mostram a n‹o ocorrƒncia da
haplologia em contextos prop•cios.
Com s•labas de consoantes adjacentes id„nticas:
3
Exemplo dado por Pavezi em sua dissertaĠo de mestrado (2006).
33
(2.15) A gente estava fazendo uma discuss†o muito grande disso.
Informante 16
(2.16) ... possibidade de uma maior sintonia. Informante 28
Com s•labas de consoantes adjacentes semelhantes:
(2.17) dentro do …nibus. Informante 21
(2.18) ... o tempo todo verificando e-mails. Informante 32
Nos exemplos (2.15) a (2.18), os sintagmas /grande disso/ [de#dis],
/possibilidade de/ [de#de], /tempo todo/ [po#do] e /dentro do ônibus/ [tro#do]
t„m ambiente prop•cio para a realizaƒ†o da haplologia. No entanto, esse fen…meno
n†o foi produzido nesses exemplos. O que faz o falante cancelar ou n†o a s•laba
prop•cia Ž reduƒ†o, pode estar relacionado Ž pros‚dia e estilo de fala adotada pelo
falante. Al•m disso, h‰ os casos em que o falante realiza a haplologia de acordo
com o contexto de produƒ†o, formal ou informal. Conforme minhas hip‚teses, nas
situaƒ‹es de formalidade, o falante tende a produzir menos esse fen…meno porque
usa uma fala mais cuidada. J‰ nas situaƒ‹es de informalidade, ele tende a produzir
mais a haplologia por n†o estar policiando sua fala nesses momentos.
A haplologia uma variante lingu•stica utilizada em toda a cidade de Belo
Horizonte. Dessa forma, pode-se escolher aleatoriamente um falante de qualquer
parte da cidade para informante de pesquisas que tratam desse tema. Tamb•m, a
haplologia se caracteriza como um caso de variaĠo de um mesmo falante. O
informante 4 produziu o fen…meno em alguns momentos, e em outros, n†o:
(2.19) Eu gos[de] desenhos, esporte, animal... (gosto de) Informante 4
(2.20) Eu gosto de Belo Horizonte. Informante 4
Em (2.19) e (2.20), o falante utilizou o mesmo contexto fonol‚gico em duas
frases que produziu, sendo que na primeira ocorreu haplologia, e na segunda, n†o.
O segundo exemplo oferece todas as condiƒ‹es prop•cias Ž haplologia: apresenta
consoantes adjacentes com contexto fonol‚gico semelhante e s•labas ‰tonas em
fronteira de palavras, e, ainda assim, a haplologia n†o aconteceu.
34
2.3 Contexto Morfossintático
Os dados desta pesquisa registraram as estruturas morfológicas e sintáticas
dos sintagmas ou expressões nas quais ocorre a haplologia. Este fenômeno ocorreu
em fronteira de palavras pertencentes às seguintes classes gramaticais, distribuídas
sintaticamente nos enunciados emitidos pelos falantes da pesquisa:
Advérbio e adjetivo: mui[di]fícil = muito difícil;
Advérbio e preposição: per[de] = perto de;
Conjunção e verbo: quan[ta] = quando ;
Numeral e substantivo deverbal: se[dis]paros = sete disparos;
Pronome demonstrativo e substantivo: es[ti]po = este tipo;
Pronome possesivo e substantivo: no[si]nhora = nossa senhora;
Pronome indefinido e substantivo: nou[di]a = noutro dia;
Pronome indefinido e preposição: to[de] = todo de;
Pronome interrogativo e substantivo: quans[pa]cotes = quantos pacotes;
Substantivo e adjetivo: cur[su]perior = curso superior;
Substantivo (usado como pronome) e advérbio: a ge[não] = a gente não;
Substantivo e contração de preposição com pronome: abort[de]ssas =
aborto dessas;
Substantivo e preposição: estra[de] = estrada de;
Substantivo e pronome indefinido: tem[to]do = tempo todo;
Substantivo e pronome relativo: necessida[que] = necessidade que;
Substantivo e verbo: gen[ta]va = gente tava;
Verbo e advérbio: senti[um]ito = sentino muito;
Verbo e contração de preposição com pronome: gos[de]les = gosto deles;
Verbo e preposição: gos[de] = gosto de;
Verbo e pronome indefinido: da[na]da = dano nada;
Verbo e substantivo: assis[te]levisão = assisto televisão;
verbo e verbo: po[dis]cutir = pode discutir.
35
Na reestruturação silábica desencadeada pela haplologia, a perda de
material sonoro, modificando a estrutura morfológica das palavras. Entretanto, isso
não altera a categoria gramatical de cada uma delas porque mesmo com a união,
elas não perdem a integridade morfológica e sintática e funcionam como se
estivessem separadas.
No que se refere à sintaxe, a perda de material sonoro não altera a função
sintática e o sentido denotativo dos sintagmas ou expressões envolvidas no
processo de haplologia. A redução fonológica das palavras não elimina a
funcionalidade de núcleo do predicado, do sujeito, do objeto, do complemento
nominal, do adjunto adverbial, do adjunto adnominal, entre outros. Nesse tocante,
Halle e Marantz (1993), afirmam que a morfologia tem seu componente próprio,
tendo nível de interface entre a sintaxe e a fonologia. Desse modo, uma interface
entre esses três componentes da gramática que é preservada no processo de
haplologia.
2.4 Contexto Prosódico
A teoria prosódica pode ser útil para analisar o corpus no sentido de perceber
se a haplologia pode ocorrer em qualquer constituinte prosódico. Essa pesquisa se
baseia no modelo de Nespor e Vogel (1986) para fazer essa análise. Esse modelo
considera o componente fonológico da gramática como um conjunto de subsistemas
organizado por grade métrica, fonologia lexical e autossegmental, bem como pela
prosódia. Os segmentos da língua se organizam hierarquicamente em unidades por
meio de constituintes fonológicos. Essas unidades da prosódia criam ambientes para
a aplicação das regras fonológicas. O modelo considera a divisão em sílabas como
ocorre nas palavras e na ressilabificação. Essa divisão se aplica em níveis
fonológicos pós-lexicais que ultrapassam a palavra. (NESPOR; VOGEL, 1986, 62-
68). Essa teoria será mais detalhada no capítulo referente ao quadro teórico. Nesse
tocante, a haplologia se situa nessa ressilabificação que extrapola a palavra, pois
envolve mais de um item lexical, isto é, duas palavras. Nesse ponto, a haplologia se
encontra na frase fonológica () que se constitui de um sintagma ou expressão.
36
A produƒ†o da haplologia est‰ relacionada Ž velocidade (duraƒ†o) e ao ritmo
(intensidade e altura) de sentenƒas pronunciadas pelos falantes. As s•labas que
comp‹em as palavras s†o organizadas em WS = fraca/forte e SW = forte/fraca. Na
ocorr„ncia de WW = duas s•labas fracas, a tend„ncia que a primeira delas seja
apagada, resultando em uma reduƒ†o fonol‚gica que pode ser uma haplologia ou
outro fen…meno de metaplasmo.
A express†o cidade deapresentada na figura 2 tem contexto prop•cio para a
ocorr„ncia do processo de haplologia, uma vez que h‰ a sequ„ncia de duas s•labas
fracas. O padr†o seria a altern•ncia entre s•labas fortes e fracas. Quando a
sequ„ncia sw, recebe o nome de troqueu, quando ws, de iambo. A tonicidade
sil‰bica um dos aspectos relevantes na produƒ†o da haplologia, juntamente com
outros fatores. Esses aspectos pros‚dicos ser†o aprofundados no quadro te‚rico.
2.5 Contexto Autossegmental
O contexto autossegmental das s•labas [C(C)V] com ambiente de haplologia
entre os falantes belo-horizontinos caracterizado com os seguintes traƒos
fonol‚gicos, separados por grupo, podendo fazer adjac„ncia entre si ou com
consoante de outro grupo:
(i) Consoantes [+ coronal, cont•nua, nasal]: /d/, /t/, /—/, /l/;
(ii) Consoantes [• coronal, cont•nua, nasal]: /b/, /p/, /k/, /g/;
37
(iii) Consoantes [+coronal, +cont•nua, nasal]: /s/, /˜/ /z/;
(iv)Consoantes [+ anterior, + cont•nua, nasal]: /f/, /v/;
(v) Consoantes [+ anterior, cont•nua, + nasal]: /m/, /n/.
As combinaƒ‹es em adjac„ncia podem ocorrer entre os seguintes pares de
consoantes, acompanhadas de vogal
4
:
Figura 3 Contexto das Consoantes da haplologia dos belo-horizontinos
Fonte: Dados da Pesquisa
Os contextos consonantais da figura 3 s†o as combinaƒ‹es contextuais de
traƒos fonol‚gicos adjacentes encontrados nos dados da pesquisa. Eles s†o
propensos Ž produƒ†o da haplologia porque h‰ um ou mais traƒos semelhantes
entre eles, como se pode ver nos exemplos de (2.21) a (2.24):
(2.21) ‡ O mun[ta] muito violento. (mundo ta) Informante 23 /dv#tv/
(2.22) ‡ Eu gos[da] cultura eg•pcia. (gosto da) Informante 21 /tv#dv/
(2.23) ‡ Poupanƒa num ta da[na]da. (dando nada) Informante 27 /nv#nv/
(2.24) Viver em Belo Horizonte para mim tu[de] bom. (tudo de) Informante 38.
/dv#dv/
Os ambientes de haplologia que mais ocorreram na pesquisa s†o
respectivamente /tv#dv/, /dv#dv/, /tv#tv/ e /dv#dv/. Eles ser†o discutidos
juntamente com outros, na an‰lise de resultados.
4
C(C)V#CV
[d#b] [d#d] [d#f] [d#g] [d#l] [d#m] [d#t] [d#p]
[d#s] [d#z] [f#k] [g#k] [g#p] [g#s] [g#t] [k#f]
[k#k] [k#l] [k#m] [k#p] [l#d] [l#f] [l#n] [—#d]
[—#n] [—#t] [m#d] [m#k] [m#m] [m#n] [m#p] [m#t]
[m#s] [n#d] [n#f] [n#k] [n#l] [n#m] [n#n] [n#p]
[n#r] [n#s] [n#t] [p#d] [p#f] [p#k] [p#l] [p#n]
[p#t] [p#p] [t#b] [t#d] [t#f] [t#g] [t#k] [t#l]
[t#m] [t#n] [t#p] [t#s] [t#t] [t#v] [s#d] [s#l]
[s#s] [s#t] [z#d] [v#d] [v#k] [v#l] [v#m] [v#p]
[v#s]
38
O Princípio do Contorno Obrigatório (PCO) Leben (1973) proíbe a sequência
de segmentos idênticos. Essa restrição causa o cancelamento de vogais ou sílabas.
Isso significa que esse princípio exerce influência na produção da haplologia.
Resumindo, as características da haplologia são as seguintes:
(i) Os contextos segmentais /tv/ e /dv/ ocorrem com mais frequência que /dv/ e
/dv/;
(ii) A maioria das fronteiras propícias à haplologia é seguida de preposição;
(iii) No processo de haplologia, a sílaba da esquerda se apaga totalmente ou
o apagamento da vogal apenas;
(iv) O Princípio do Contorno obrigatório é relevante na produção desse
fenômeno (LEBEN, 1973).
O capítulo seguinte traz a fundamentação teórica do trabalho.
39
3 QUADRO TEÓRICO
Neste capítulo, apresento as teorias que fundamentam a compreensão da
haplologia como fenômeno fonológico variável. Essas teorias são necessárias para
discutir a análise desenvolvida nesta dissertação e são as seguintes:
A Teoria da Variação, proposta por Labov na década de 60 do século XX, é
discutida por Weireich, Labov e Herzog (1968). Essa proposta considera
fundamental a natureza variável da língua em uso. Essa teoria sustenta a
observação, a descrição e a interpretação do comportamento linguístico do
falante.
A Teoria da Fonologia Prosódica, tratada por Selkirk (1984), que
argumenta a favor da existência da palavra fonológica, da frase fonológica
e entonacional e do enunciado como níveis fonológicos de análise.
Também Nespor e Vogel (1986) que, com base em Selkirk, propõem
domínios prosódicos derivados da estrutura sintática.
A Teoria Autossegmental, que trata da representação fonológica,
considerando a existência de formas subjacentes e de superfície em
segmentos inteiros e autossegmentos.
A Teoria Métrica de Liberman (1975), que criou uma grelha métrica para
demonstrar a proeminência da sílaba. Essa grelha apresenta uma
organização hierárquica de uma sequência que considera o acento como
propriedade da palavra prosódica, tratando como principal, somente uma
sílaba da palavra.
3.1 Teoria da Variação
A partir da década de 1960, Labov desenvolve um modelo de linguística
variacionista que procura explicar a influência dos fatores sociais na língua,
embasando-se na linguagem em uso, concentrando-se especialmente na variação
fonológica. A proposta laboviana nega a homogeneidade como necessidade para o
funcionamento de uma ngua e considera os fatores sociais em seu processo de
40
estruturação. Isso significa que o sistema de funcionamento de uma língua deve ser
analisado levando-se em conta as condições sociais em que é utilizado. Weinreich,
Labov e Herzog (1968) discutiram a Teoria da Variação com vistas a descrever a
língua e os determinantes sociais e linguísticos que controlam a variação linguística,
que, por sua vez, pode resultar em mudança. Essa teoria considera a variedade de
formas em uso como um assunto complexo, oriundo tanto de fatores estruturais
quanto não estruturais, que interagem no momento da comunicação. Nessa teoria,
um indivíduo é caracterizado por meio da escolaridade, do gênero, da profissão, da
faixa etária, entre outros fatores, e sua fala representa a realidade social e linguística
da comunidade.
Antes, a língua era vista como um sistema homogêneo, uniforme e fixa,
estudada sem se levar em conta a comunidade de fala, ou ainda, tratada como uma
competência linguística na mente do falante. A partir do pressuposto da variação e
das influências sociais no uso da língua, passou-se a estudar a língua no contexto
social. Embasando-se nesse pressuposto, o estudo da variação linguística analisa
os fatores estruturais e não estruturais inerentes à língua, responsáveis pela
variação e pela mudança. Por isso, a Teoria da Variação é muito importante para
compreender a língua em uso.
Sendo assim, conforme Labov (2002), a variação linguística ocorre devido às
variáveis estruturais, estruturas linguísticas, e não estruturais; contexto social. Essa
perspectiva laboviana busca entender a língua no contexto em que ela é utilizada.
Dessa forma, Labov explica a variação por meio dos fenômenos sociais e tem o foco
nas estruturas linguísticas e não nas estruturas não linguísticas. Ainda assim, ele
correlaciona contexto social e forma linguística com o objetivo de precisar, ao
máximo, as condições de produção linguística e como essa produção é realizada.
A língua é viva porque é usada diariamente por muitos falantes. Devido a
isso, ela varia constantemente. O falante usa formas diferentes para dizer a mesma
coisa. O elemento que apresenta a possibilidade de ser manifestado em diversas
formas é denominado variável linguística. Nesse caso, a haplologia é uma variável
linguística. A variação existe por vários motivos, tais como fatores geográficos e
históricos, situação comunicativa e social. Esses fatores são chamados
respectivamente de variação geolinguística, variação histórica, variação estilística e
variação social.
41
Quando se trata da variaƒ†o lingu•stica, devem-se levar em conta os falantes
de uma determinada comunidade, que utilizam a l•ngua e mant„m, ou n†o, interaƒ†o
entre si. Quando esses falantes usam a mesma l•ngua, compartilhando um conjunto
de normas em relaĠo a esse uso, ainda que se encontre variaĠo estratificada em
suas falas, eles formam uma comunidade lingu•stica. Al•m disso, se esses falantes
partilham tamb•m um conjunto de normas e valores sociais para usos da l•ngua,
eles formam uma comunidade de fala. Essa comunidade possui uma marca que a
distingue e diferencia das demais. Os falantes t„m a mesma opini†o a respeito do
que lhe familiar, correto ou incorreto. Disso se infere que cada comunidade de fala
tem suas pr‚prias variaƒ‹es lingu•sticas, que podem ou n†o coincidir com as de
outras comunidades.
De acordo com Labov (1972, p. 40), comunidade lingu•stica um grupo de
pessoas que compartilham um conjunto de normas comuns concernentes Ž
linguagem. Para Labov (2002, p. 34), o indiv•duo Œpode apenas ser entendido como
produto de uma hist‚ria social singular e como a interseƒ†o dos padr‹es lingu•sticos
de todos os grupos sociais e categorias que definem aquele indiv•duo•. Essas
consideraƒ‹es labovianas deixam patente que saber uma l•ngua n†o t†o somente
conhecer formas, mas compreender como e em que condiƒ‹es elas s†o postas em
uso.
Para tratar da variaƒ†o lingu•stica, preciso conceituar variedade, vari‰vel e
variante:
Variedade o termo que corresponde ao que chamamos de dialeto.
Cada variedade lingu•stica tem uma gram‰tica pr‚pria igualmente v‰lida. Dentro de
cada variedade h‰ grupos sociais com traƒos pr‚prios, variaƒ†o interna,
condicionada por forƒas estruturais e n†o estruturais.
Vari…vel o traƒo, forma ou construƒ†o lingu•stica cuja realizaƒ†o
apresenta variantes observadas pelo pesquisador. O voc‰bulo vari‰vel foi utilizado
por Labov para indicar unidades lingu•sticas prop•cias a variaƒ‹es. Por essas
condiƒ‹es, o fen…meno da haplologia, no •mbito da sentenƒa, uma vari‰vel que
apresenta duas variantes na adjac„ncia entre palavras, em determinados contextos
fonol‚gicos, com a possibilidade de permanecerem intactas ou de apagar uma vogal
ou uma s•laba inteira.
42
Variante é a forma como a variável se apresenta. Para Tarallo (2002, p.
7), variantes linguísticas são as diversas formas de se dizer a mesma coisa em um
contexto, preservando o mesmo valor de verdade. No caso da haplologia, quando se
diz ’cidade Belo Horizonte‘, o falante apagou a última sílaba da palavra ’cidade‘.
Esse sintagma preposicional é uma variante de ’cidade de‘. É conveniente ressaltar
que a variante linguística não altera o sentido denotativo do sintagma em que ocorre,
mas pode ter um valor social ou estilístico.
Ao estudar a língua de uso em uma comunidade, o pesquisador precisa
observar se os membros da comunidade são homens e mulheres, se têm idades
iguais ou diferentes, se pertencentes a estratos socioeconômicos diferentes, se
desenvolvem atividades distintas influenciando a forma de falar de cada usuário da
língua. Assim, podemos citar alguns exemplos de variantes:
Dialetal: variação definida geograficamente;
Socioletal: variação socialmente definida;
Padr‹o: padronizada pela comunicação pública e pela
educação;
Idioletal: uma variação particular de uma pessoa;
Registro: vocabulário especializado de certas atividades ou
profissões;
Etnoletal: variação em função de um grupo étnico.
As variantes podem ser detectadas no vocabulário, nas diferenças
gramaticais ou na fonologia. São diferentes maneiras de se dizer a mesma coisa. O
estilo de fala espontânea pode ser monitorado ou cuidado. Os níveis de fala cuidada
ocorrem quando planejados oralmente antes de respostas. A variente padrão é
marcada pelo estilo de fala e pelos valores de prestígio e estigma nas relações
sociais.
A haplologia é uma variante estigmatizada, principalmente por falantes de PB
domiciliados fora de Minas Gerais. Até onde pude observar, a haplologia ocorre mais
frequentemente nos estilos de fala espontânea e informal. Para Labov (1972, p. 32),
os estereótipos são formas linguísticas socialmente marcadas, com um rótulo social
que recebe um forte estigma por serem estranhos aos grupos que os censuram.
43
Eles s†o patrim…nio de um grupo espec•fico e s†o alvo de atitudes e crenƒas de
outros grupos sociais.
Labov (1972) estuda a l•ngua falada em seu contexto social, com a finalidade
de descobrir os padr‹es que envolvem a variaƒ†o na estrutura lingu•stica. Por isso, a
variaĠo importante porque ela permite:
Tratar a ‘variaƒ†o livre”
5
;
Compreender a mudanƒa lingu•stica;
Ver a evoluƒ†o interna das regras lingu•sticas;
Mostrar como os fatores n†o estruturais condicionam a evoluƒ†o
estrutural.
Esse modelo aponta a sistematicidade da variaĠo, condicionada por fatores
internos (estruturais) e externos (n†o estruturais) Ž l•ngua. Esse condicionamento faz
com que a l•ngua apresente muitas formas para comunicar a mesma informaƒ†o.
Essas formas s†o as chamadas variantes lingu•sticas e, nesta pesquisa,
compreendo que a haplologia uma vari‰vel lingu•stica, cujas variantes s†o a
realizaƒ†o ou n†o do fen…meno. A inserƒ†o de par•metros sociais, para se analisar
os dados como o modelo laboviano, permite encontrar o perfil social do falante e as
influ„ncias lingu•sticas e extralingu•sticas que motivam este caso de variaƒ†o.
Uma an‰lise variacionista associa as condiƒ‹es de produƒ†o de uma variante
aos aspectos lingu•sticos e sociais, visto que a variaƒ†o um processo motivado por
fatores que podem ser identificados e percebidos estatisticamente. Nesse particular,
a haplologia uma vari‰vel porque o comportamento lingu•stico do falante n†o o
mesmo o tempo todo, uma vez que, em um mesmo contexto fonol‚gico, o mesmo
falante produz haplologia em um dado momento e, em outro, n†o. Isso se deve Ž
natureza dessa produƒ†o que est‰ condicionada Ž situaƒ†o de produƒ†o que pode
estar condicionada a fatores estruturais ou n†o estruturais.
Segundo Naro (1992, p. 17), a variaƒ†o n†o aleat‚ria e, devido a isso, faz-
se necess‰rio descrever e analisar os detalhes das variantes e identificar os
contextos que favorecem uma variante ou outra, fazendo uma previsibilidade de seu
comportamento regular ou sistem‰tico.
5
Sons foneticamente semelhantes que podem ser pronunciados de formas diferentes pelo mesmo
falante. Exemplos: camada /[kamada]/ [kamada] e objeto/[obietu]/obetu], Cagliari (2002, p. 50).
44
De acordo com Tarallo (2002), nem toda variaƒ†o causa mudanƒa, mas toda
mudanƒa surge por meio da variaƒ†o. A mudanƒa s‚ ocorre se uma das variantes
desaparece, estabilizando-se a outra. Entretanto, a mudanƒa lenta e gradual,
sendo que cada estado da l•ngua pode ser definido no presente ou em qualquer
momento do passado. Para esse autor, a l•ngua oral variada e heterog„nea.
Entretanto, sua variabilidade pode ser sistematizada por um sistema de regras
vari‰veis. Conforme Labov (1972), para ocorrer mudanƒas na l•ngua, preciso haver
variaƒ†o e as vari‰veis que devem ser generalizadas de forma a provocarem
mudanƒas. Entretanto, podem existir muitas variantes para uma vari‰vel, n†o
resultando necessariamente em mudanƒa.
Para analisar uma vari‰vel, deve-se levar em conta que a l•ngua varia de um
lugar para outro. Por causa disso, faz-se necess‰rio investigar o contexto geogr‰fico
em que ocorrem os fen…menos lingu•sticos. Este contexto possibilita identificar o
dialeto da comunidade de fala pesquisada. De acordo com Crystal (2000, p.81),
Œdialetos falados costumam tamb•m ser associados a uma pronŠncia caracter•stica,
ou sotaque•.
Pensando nessas consideraƒ‹es, a haplologia, no •mbito da palavra, o
resultado de uma mudanƒa que ocorreu ao longo da hist‚ria da l•ngua e explicado
pela etimologia. J‰, na oralidade, ela ainda uma vari‰vel, e n†o o resultado de uma
mudanƒa, uma vez que h variaƒ†o no pr‚prio indiv•duo. A haplologia um
fen…meno produzido com maior frequ„ncia em conversas informais, mas nas
formais, o falante realiza essa vari‰vel em menor quantidade em fala espont•nea.
Sobre a variaĠo, Cagliari (2002, p. 114) afirma:
[...] a variaĠo pode ter um aspecto individual: uma mesma pessoa
fala de maneiras diferentes (apresenta variaƒ‹es), dependendo da
velocidade de fala, das circunst•ncias mais ou menos formais de uso
da linguagem (estilos diferentes) e at• mesmo dependendo das
condiƒ‹es emocionais do momento (atitudes do falante e outros
fatores pragm‰ticos).
A haplologia se insere nessa citaĠo de Cagliari, pois ela pode ter esse
aspecto individual no qual o mesmo falante realiza ou n†o esse fen…meno,
dependendo de suas condiƒ‹es emocionais, que controlam a velocidade da fala.
45
3.2 Haplologia
3.2.1 A haplologia no Léxico
Autores como Cunha e Cardoso (1978, p. 76) e C•mara Jr. (2004, p. 134)
abordam a haplologia etimologicamente, como sendo uma ocorr„ncia no interior da
palavra. Ela a queda de toda uma s•laba pela exist„ncia de outra id„ntica, ou
quase id„ntica. Tamb•m Crystal (2000, p. 137) conceitua a haplologia como Œ[...] um
termo usado na Fonologia, em estudos sincr…nicos e diacr…nicos, para se referir ao
apagamento de alguns dos sons que ocorrem em uma sequ„ncia com articulaƒ‹es
semelhantes•.
Barbosa e Costa (2006, p. 1043) pesquisaram as palavras deverbais
formadas pelo fen…meno de haplologia. S†o os casos dos morfemas s/ƒ†o, sufixos
de palavras derivadas de verbos. Quando esses morfemas se agregam ao verbo
para formar uma palavra, h‰ a perda de uma s•laba nos casos em que o contexto
fonol‚gico seja prop•cio. Esse processo recebe o nome de morfofonol‚gico porque
h‰ uma interface entre a morfologia e a fonologia. Por exemplo, emitir > emiss†o;
optar > opƒ†o, entre outros. Nesses casos, os verbos perderam a Šltima s•laba com
a junƒ†o do sufixo. N†o se formaram palavras como emitiss†o e optaƒ†o. Esses
autores demonstraram por meio da regra de traƒos, que os fonemas /t/ e /s/ s†o
semelhantes:
/t/ e /s/
soante
recuado
+anterior
+coronal
estridente
vozeada
lateral
nasal
Figura 4: Traƒos de /t/ e /s/
Fonte: Barbosa e Costa (2006, p. 1048).
46
Para Bechara (2004, p. 343), a haplologia, na formaĠo de palavras, tem
como finalidade evitar reduplicaƒ‹es de s•labas que pertencem Ž palavra primitiva e
ao sufixo. comum ocorrer haplologia, ou braquilogia, como em: caridad(e) + oso >
caridoso (por caridadoso), bondad(e) + oso > bondoso (por bondadoso), idad(e) +
oso > idoso (por idadoso). Esse fen…meno ocorre tamb•m no processo de formaƒ†o
de palavra por composiƒ†o, como em tr‰gico + c…mico > tragic…mico.
De acordo com Villalva (2003, p. 155), a haplologia se relaciona a uma
restriƒ†o morfofonol‚gica em sequ„ncias de afixos de sons iguais ou semelhantes,
levando Ž supress†o de um deles. Essa autora, apesar de se preocupar com os
aspectos fonol‚gicos da reduƒ†o, trata a haplologia em palavras isoladas e n†o
entre palavras na sentenƒa, e usa os mesmos exemplos apresentados por outros
gram‰ticos, tais como, Œbon+(da)d+oso, cari(da)d+oso, i(da)doso• entre outros.
Antes dos autores citados, Bloomfield (1933, p. 391) tratou do assunto no
•mbito da palavra. Ele exemplifica a haplologia com alguns exemplos. A palavra do
latim nu-trix tem a forma atual de nu-trix, tamb•m do latim stipi-pendium se
haplologizou em stipendium e do grego antigo amphi-pho‘rews que se
transformou em amphora”.
Conforme Rodr•guez (2007, p. 23), a haplologia ocorre em alguns nomes
formados pelo processo de acron•mia, nos quais haveria a repetiƒ†o de s•labas
id„nticas ou parecidas como creditototal > creditotal, biblioteca economia >
biblioteconomia.
De Lacy (1999) discorre sobre a haplologia morfol‚gica e afirma que sua
natureza coalescente porque o material fonol‚gico se funde. Para respaldar essa
ideia, ele utiliza um exemplo do franc„s, a palavra dêixis mais o sufixo -ist que
resulta em deiksist em vez de deiksisist. Isso indica que o material fonol‚gico
permanece, havendo a fus†o de -is ao se encontrar com o sufixo -ist. Para esse
autor, nesse exemplo, a haplologia ocorre devido Ž semelhanƒa entre as s•labas
adjacentes que resulta na coalesc„ncia dos segmentos. De Lacy defende que o
resultado seja este porque n†o h‰ perda de informaƒ†o sem•ntica, o que
aconteceria se fosse um apagamento. Por outro lado, o autor defende que, na perda
do afixo, a haplologia ocorre por apagamento e n†o por coelesc„ncia. Ele
exemplifica este caso utilizando o plural do possessive case do ingl„s, que perde um
47
/s/ quando a palavra est‰ no plural catse n†o cats’s. No plural do espanhol ocorre
haplologia quando as palavras terminadas em /s/ n†o recebem o afixo de plural /es/,
como por exemplo, a palavra paraguas. Para formar o plural das palavras
terminadas em consoantes nessa l•ngua, acrescenta-se /es/, como em
autobus/autobuses. Esses exemplos nos remetem Žs palavras em portugu„s que
terminam com /s/ no singular e que n†o recebem o /s/ do plural, como por exemplo,
pires, …nibus, l‰pis, entre outras.
Ainda, de acordo com De Lacy (1999), nem todo caso de haplologia, quando
n†o coelescente, envolve somente segmentos id„nticos podendo ocorrer em
segmentos parcialmente id„nticos e n†o adjacentes. A haplologia pode ocorrer em
adjac„ncias n†o id„nticas, como a palavra do su•ƒo, kemiker mais o sufixo -er que
n†o se realiza como kemikerer e sim como kemirer. Al•m disso, para De Lacy, a
haplologia o inverso da reduplicaƒ†o. A reduplicaƒ†o cria duas s•labas id„nticas
adjacentes, enquanto a haplologia elimina uma delas. Al•m disso, o autor considera
esse processo uma economia de estrutura (DE LACY, 1999, p. 21).
O foco dessa pesquisa n†o a haplologia no •mbito da palavra isolada, mas
em fronteira de palavras, na qual a palavra da esquerda perde uma vogal ou uma
s•laba final e se agrega Ž palavra da direita. Entretanto, essa ocorr„ncia de
haplologia complementa a fundamentaƒ†o te‚rica que envolve a caracterizaƒ†o da
haplologia no •mbito da sentenƒa e d‰ respaldo para minha constataƒ†o de que
essa vari‰vel, entre os belo-horizontinos, tem mais contextos que os apresentados
em outros trabalhos que tratam do assunto no •mbito da sentenƒa.
3.2.2 A haplologia na senten•a
Algumas autoras, como Tenani (2002), Battisti (2005), Leal (2006) e Pavezi
(2006), tratam da haplologia na sentenƒa, como tratamos aqui. De acordo com Leal
(2006, p. 44), Œa haplologia um tipo de reduƒ†o em que h‰ apagamento de uma
s•laba, se estiver adjacente a outra e seus segmentos forem iguais ou semelhantes
como em tape(TE) DE vime. Para Pavezi (2005) Œos contextos segmentais mais
produtivos, em dados da fala espont•nea, s†o os formados por consoantes /t/ e /d/,
com maior ocorr„ncia de /d/ e /d/. Para a autora, na aplicaƒ†o da haplologia,
48
Œconsidera-se tamb•m a semelhanƒa autossegmental dos contextos adjacentes ao
processo•. (PAVEZI, 2005, p. 37).
S‰ Nogueira (1958), apud Bisol (2000, p. 403), ressalta que a haplologia
compreende duas partes: s•ncope da vogal seguida de geminaƒ†o de duas
consoantes que t„m a possibilidade de fundir-se ou n†o. Existem dados do PB nos
quais se podem confirmar a exist„ncia dos dois processos fonol‚gicos, uma vez que
eles apresentam fronteiras de palavras com queda da vogal e reforƒo da s•laba
anterior. O resultado dessa ressilabificaƒ†o a haplologia que ajusta as s•labas a
uma s‚ palavra. Esse autor utiliza os seguintes exemplos para demonstrar esse
fen…meno:
O macaco comeu todas as bananas
[ma.kak ko.mew > ma.ka.ko.mew ]
O pato tomava ‰gua no aƒude
[pat. to.ma.va > patomava]
De acordo com Bechara (2004, p. 596), quando duas palavras monoss•labas,
foneticamente iguais ou parecidas entram em contato e uma se apaga, ocorre a
haplologia. Ele exemplifica com a sentenƒa: ‘Iracema antes quer que o sangue de
Caubi tinja sua m†o QUE a tua” [Jos• de Alencar]. Isto •: ‘Iracema antes quer que o
sangue de Caubi tinja sua m†o QUE [quer] a tua.” Houve haplologia das palavras
repetidas na segunda oraĠo.
Tenani (2002, p. 136) conceitua a haplologia como sendo um processo
fonol‚gico no qual, em uma sequ„ncia de duas s•labas semelhantes, ocorre queda
da primeira s•laba Œquando ambas s†o ‰tonas e suas consoantes t„m os traƒos [+
coronal, cont•nuo, nasal] (isto •, /t/ e /d/), a diferenƒa entre essas consoantes
que /d/ vozeado e /t/ desvozeado. Ex: ’lei(te) de coco‘ = lei[de]coco. Essa
autora aborda o assunto utilizando o modelo da fonologia pros‚dica. A observaƒ†o
pros‚dica ser‰ um dos pontos de apoio para a discuss†o e an‰lise dos dados desta
pesquisa.
As autoras Alkmin e Gomes (1982) consideram sujeitas Ž haplologia a
primeira de duas s•labas seguidas se elas forem semelhantes foneticamente.
Entretanto, essas autoras restringem a haplologia ao apagamento de s•labas cujas
consoantes sejam /t/ e /d/ que t„m os traƒos fonol‚gicos semelhantes, sem
49
considerar a sonoridade. Al•m disso, elas afirmam que a vogal da s•laba Ž esquerda
deve ser [+alto], enquanto a vogal seguinte n†o precisa ter esse traƒo. A
contextualizaƒ†o fonol‚gica utilizada pelas autoras para caracterizar a haplologia, no
que se refere Žs consoantes envolvidas, n†o se sustenta nos fatos encontrados na
fala dos belo-horizontinos. Os informantes desta pesquisa forneceram dados com
haplologia em contextos com adjac„ncia de s•labas formadas por consoantes
diferentes no que se refere aos traƒos fonol‚gicos, o que pode ser exemplificado em
(3.1) e (3.2).
(3.1) ‡ Ele um alun[co]mplicado. (aluno complicado) Informante 33
(3.2) ...des[que] seja utilizada por pessoas s•rias. (desde que) Informante
20
Para Battisti (2004), a haplologia ocorre tanto em s•labas de vogais iguais
quanto diferentes. Al•m disso, o fen…meno da haplologia pode ocorrer em
consoantes diferentes de /t/ e /d/ e ocorrem com mais facilidade com consoantes de
ataque com o mesmo vozeamento. Para essa autora, as definiƒ‹es existentes sobre
a haplologia n†o levam em conta a natureza do processo e colocam regras r•gidas,
preocupadas apenas com o desaparecimento do material fonol‚gico. Ela ainda cita
Bisol (2000), para quem a haplologia passa por dois processos, a queda da vogal,
resultando em duas consoantes que se reduzem a uma Šnica. Nessa consideraƒ†o,
a haplologia o apagamento da vogal e geminaĠo da consoante.
J‰ Lawrence (1997, p. 381) tem uma vis†o diferente. Ele contesta os autores
Bloomfield (1933), Hockett (1958) e Trask (1996) apud Lawrence (1997) que
definem a haplologia como um caso de apagamento de fonemas pr‚ximos id„nticos
ou semelhantes. Ele utiliza dados do japon„s de Chew (1973) e Martin (1975) que
tratam a haplologia como apagamento de um pronome ou como marca de genitive
case. Lawrence afirma que esses casos n†o s†o de cancelamento, mas de
pronŠncia simult•nea de duas representaƒ‹es fonol‚gicas. Um dos exemplos
discutidos pelo autor •:
...yuu yoo na.. [yu na]
Nesta pesquisa assumo a postura de que a haplologia um apagamento,
embora ao se ouvir um trecho como ’cidade Belo Horizonte‘ h‰ a impress†o de
50
simultaneidade no uso da s•laba ’de‘. Entretanto, a express†o ’dentro de‘, que se
realiza no processo de haplologia como den[de], n†o pode ser um caso de
pronŠncia simult•nea, pois as s•labas envolvidas s†o semelhantes, com diferenƒa
apenas na sonoridade do traƒo, e ainda h‰ a consoante /r/ na s•laba cancelada, que
dificulta essa possibilidade de concomit•ncia na pronŠncia.
3.3 Teoria Pros‚dica
A fonologia pros‚dica tem uma funƒ†o fundamental no processo de fala. Ela
envolve fen…menos que interagem com os segmentos sil‰bicos: vogais e
consoantes. Entre os fen…menos pros‚dicos est†o a entoaƒ†o, o acento, a
articulaƒ†o, a qualidade de voz e o ritmo. Todos esses aspectos s†o relevantes
porque organizam o fluxo da fala para que ela seja instrumento de comunicaĠo
entre falante e ouvinte. Em todos os sons da l•ngua percebe-se a pros‚dia
constitu•da pela altura, duraƒ†o e intensidade, estabelecendo uma relaƒ†o entre os
segmentos sonoros. Essas propriedades pros‚dicas, ao incidirem sobre os
segmentos, conferem Ž l•ngua a base mel‚dica. A s•laba um dos traƒos pros‚dicos
percept•veis pela intuiƒ†o do falante, uma vez que na oralidade dif•cil delimitar
onde comeƒam e onde terminam todas as s•labas da sequ„ncia sonora dos
segmentos fonol‚gicos. Sobre essa sequ„ncia, Schane (1973, p.3) afirma que Œos
sons da fala n†o s†o produzidos como uma s•rie de segmentos distintos, mas sim
que os sons se fundem e imergem uns com os outros•.
A s•laba tem necessariamente uma rima que seu nŠcleo, seu ponto mais
importante. A rima pode ser constitu•da de uma vogal e uma consoante. Na l•ngua
portuguesa, somente as vogais podem ser o nŠcleo de uma s•laba e podem ser
acompanhadas de uma semivogal, constituindo-se em nŠcleo complexo. A
consoante que precede a rima tem o nome de ataque. Duas consoantes podem
formar o ataque se obedecerem ao princ•pio da sonoridade, que determina que a
sonoridade da s•laba cresƒa em direƒ†o ao nŠcleo e decresƒa para o final. As
consoantes que atendem a esse princ•pio s†o as oclusivas /p/, /t/, /k/, /b/, /d/ ou /g/,
como por exemplo, prato, plano; seguida de uma consoante l•quida /r/ ou /l/,
formando uma s•laba complexa. A consoante da rima a coda. H‰ uma hierarquia
51
na estrutura interna das sílabas, conforme visto no princípio, que forma a sílaba
complexa.
Conforme Abaurre (2001, p. 71), o núcleo é o único elemento obrigatório na
formação da sílaba em todas as línguas porque é o pico de sonoridade. Existem
línguas com o preenchimento do onset (ataque), umas admitem ramificações no
ataque e as que não possuem coda. A sílaba em português pode se constituir da
seguinte representação hierárquica:
Figura 5: Estrutura Máxima da Sílaba
Fonte: Abaurre (2001, p. 9).
Entretanto, existem alguns casos que violam este princípio. É o caso de
amnésia, pneu, psicologia, absurdo, afta, captar, entre outros. A sílaba é muito
importante no processo de haplologia. Para que haja haplologia é preciso que ela
tenha onset e evidentemente rima sem coda. As sílabas com duas consoantes e
vogal também são alvos da haplologia. Dessa maneira, os moldes silábicos
envolvidos nesse processo são CV#CV e CCV#CV.
O acento também constrói a melodia da língua. Ele é um fato prosódico
possível de ser analisado pela métrica, possibilitando identificar as sequências de
tonicidade das palavras. A palavra é constituída de tonicidade alta (H) e baixa (L) ou
forte (s) e fraca (w). O acento marca metricamente o nível sonoro da língua e é um
fator constitutivo do ritmo da fala. O processo de haplologia está relacionado ao
52
acento, pois a sequência de sílabas fracas pode resultar no apagamento de
fonemas, que a sequência padrão é a alternância entre sílabas fortes e fracas: ws
ou sw.
3.3.1 Sequências Segmentais e Não Segmantais
Um enunciado expresso contém sequências denominadas segmentais e não
segmentais, sendo reconhecidas por percepção auditiva. A percepção desses
segmentos ocorre nos aspectos prosódicos paralinguísticos e não linguísticos. A
figura a seguir demonstra que o enunciado é segmental e a prosódia é não
segmental e está associada a aspectos físicos da voz que interferem nos aspectos
segmentais.
Figura 6: Componentes auditivos da fala na comunicação.
Fonte: Adaptado de Crystal (1969). Couper-Khulen (1986) citado por Alves (2002).
Abaurre-Gnerre (1981, p. 32) associa os processos fonológicos aos estilos de
fala e velocidade de pronúncia. Ela relaciona a harmonia vocálica ao estilo formal
com uma velocidade de fala pausada ou normal e o alçamento e a redução de
53
vogais ou de s•labas completas ao estilo informal com velocidade acelerada, a
velocidade mais lenta inibe a perda de fonemas. Essas consideraƒ‹es da autora se
aplicam ao processo de produĠo da haplologia porque os dados da pesquisa
mostram que a velocidade de fala mais acelerada tem o peso um pouco maior que
nas velocidades pausada e normal e que, o estilo altamente relevante na produĠo
desse processo de reduƒ†o fonol‚gica.
O ritmo da fala provocado pela variaĠo da duraĠo que ocorre ao longo da
sentenƒa porque, segundo Massini-Cagliari (1992), est‰ associada Ž ideia de tempo.
Assim, entende-se que o par•metro de controle pros‚dico para se estudar o ritmo
em PB a duraƒ†o que marca o acento no •mbito da sentenƒa.
Isso remete a Barbosa (1999, p. 327), autor para quem, a pros‚dia vem do
envolvimento entre um sistema lingu•stico e um sistema biol‚gico e motor de
produƒ†o de fala. Nesse envolvimento, n†o podemos nos esquecer da percepƒ†o do
ouvinte, e tampouco do desempenho do falante. Segundo Oliveira (2006, p. 8),
esses aspectos do usu‰rio da l•ngua tamb•m precisam ser investigados: Œ• preciso
levar a s•rio aquilo que a teoria gerativa tanto acentuou: a descriƒ†o lingu•stica deve
levar em conta tanto a produƒ†o quanto a percepƒ†o•.
J‰ Abaurre (1998) compara falas de locutores portugueses e brasileiros,
contrastando os exemplos encontrados. Para ela, o brasileiro realiza a haplologia em
sua fala, ao passo que o portugu„s, n†o. Para Bisol (2000, p. 409), a haplologia se
completa no ritmo sil‰bico ao reorganizar as s•labas em um conjunto de unidades de
duraƒ†o similar nas posiƒ‹es que precedem o acento final. O ritmo, a velocidade e a
entonaƒ†o s†o aspectos pros‚dicos que geram a haplologia, se aliados ao contexto
fonol‚gico prop•cio Ž produƒ†o dessa reduƒ†o fonol‚gica. No caso, h‰ uma fronteira
de s•labas iguais ou semelhantes, entre palavras, ou dentro de palavras, sendo
ambas compostas por s•labas ‰tonas. Esse tipo de sequ„ncia fonol‚gica provoca o
cancelamento de segmentos sonoros. Entretanto, segundo Perini (1984, p. 7), se a
velocidade da fala for lenta e cuidadosa, n†o acontece haplologia.
Nesta dissertaƒ†o abordo a haplologia nos tr„s n•veis mais altos da hierarquia
pros‚dica de Nespor e Vogel (1986): enunciado fonol‚gico (U), frase entonacional (I)
e frase fonol‚gica (), com base na Fonologia Pros‚dica, em uma perspectiva de
an‰lise da entonaƒ†o. De acordo com Nespor e Vogel (1986, p. 59), o componente
54
fonol‚gico da gram‰tica que representa o discurso mental se comp‹e de um
conjunto de subsistemas direcionados pelos princ•pios das teorias m•trica, fonologia
lexical, fonologia autossegmental e fonologia pros‚dica. A pros‚dia nessa proposta
tem uma hierarquia na qual cada constituinte o dom•nio sobre o qual incidem os
processos fon•tico-fonol‚gicos que representam a interface entre a fonologia e os
outros componentes gramaticais (morfologia, sintaxe e sem•ntica). Essa hierarquia
definida pelas autoras da seguinte forma:
Figura 7: Hierarquia Pros‚dica
Fonte: Nespor e Vogel (1986).
A s•laba caracterizada como a menor categoria pros‚dica e tem como
dom•nio a palavra fonol‚gica. O p• m•trico a relaƒ†o de domin•ncias entre duas
ou mais s•labas. A palavra fonol‚gica domina o p• ou os p•s m•tricos. O grupo
cl•tico uma unidade pros‚dica que cont•m um ou mais cl•ticos e uma s‚ palavra de
conteŠdo. O termo cl•tico, conforme Crystal (2000, p. 49), refere-se a Œuma forma
que se assemelha a uma palavra, mas n†o pode aparecer sozinha em um
enunciado normal, sendo estruturalmente dependente da palavra vizinha na
construƒ†o•. Para Bisol (2005, p. 248), Œo grupo cl•tico uma unidade pros‚dica que
segue imediatamente a palavra fonol‚gica• e comum consider‰-lo como elemento
dessa palavra. De acordo com a autora, o cl•tico apresenta cinco propriedades, as
tr„s primeiras s†o universais e as duas Šltimas s†o de l•nguo-espec•ficas:
55
( i ) S†o ‰tonos;
( ii) S†o formas dependentes;
(iii) T„m classes morfol‚gicas diferentes;
(iv) S†o ignorados por regras sens•veis Ž informaƒ†o morfol‚gica;
(v) Junto Ž palavra da qual depende, oferece contexto para regras fonol‚gicas
p‚s-lexicais.
Desse modo, sequ„ncias como ’trouxe-me‘ podem ser realizadas da
seguinte forma: trouxeme , como se fosse uma Šnica palavra, tem-se uma palavra
fonol‚gica ou trouxe me, destacando-se duas palavras, tem-se um grupo cl•tico
(C). A frase fonol‚gica um constituinte que envolve as unidades imediatamente
mais baixas na hierarquia pros‚dica, o grupo cl•tico e a palavra fonol‚gica. A frase
entonacional entendida como o conjunto de frases fonol‚gicas ou uma frase
fonol‚gica constitu•da de uma proemin„ncia entonacional. Por fim, o enunciado,
constituinte mais alto, • o constituinte sint‰tico.
Essa organizaƒ†o permite a reestruturaƒ†o do sintagma fonol‚gico, como
ocorre na haplologia. Aplicando os tr„s n•veis mais altos, conforme a proposta desta
pesquisa, o enunciado ‘A cidade de Belo Horizonte assim”, com a produƒ†o da
haplologia se realiza da seguinte forma: U e I (A cidade Belo Horizonte assim),
isto •, enunciado, frase entonacional e frase fonol‚gica: U[I[A cidade Belo
Horizonte ˆ assim.] ]. Conforme a proposta de Nespor e Vogel (1986), a estrutura
desse exemplo formada por uma I que forma tamb•m um Šnico U. Se esse U
fosse composto de duas I, ter•amos um enunciado, formado por duas frases
entonacionais.
3.3.2 Teoria Autossegmental
A Fonologia Autossegmental opera com segmentos e matrizes inteiros de
traƒos, e tamb•m com os autossegmentos, ocorrendo segmentaƒ†o independente
de partes dos sons de uma l•ngua. Autossegmento uma propriedade com relativa
autonomia que permite a segmentaĠo independente de partes dos sons das
l•nguas com n•veis hierarquicamente organizados. A organizaƒ†o hier‰rquica dos
autossegmentos constitui-se pelo onset (O) e pela rima (R), sendo esta composta
56
pelo núcleo (N) que pode ou não ser seguido de coda (C). Trata-se da
representação não linear, por meio de níveis organizados hierarquicamente das
palavras que formam as sentenças. Isso implica a possibilidade de analisar a
estrutura interna da sílaba para encontrar os traços relevantes de seus componentes
e identificar como esses traços segmentais combinam entre si para gerar variantes
por meio dos processos fonológicos.
A haplologia, muitas vezes, depende das propriedades autossegmentais das
palavras envolvidas nesse processo como, por exemplo, a estrutura silábica
associada à prosódia. Assim, para que ocorra esse fenômeno, não basta somente o
contexto fonológico, mas, também, o prosódico que, ligado aos dados linguísticos,
o tom melódico ao enunciado por meio dos sons, do acento e do ritmo da fala. O
contexto segmental e o acentual provocam o fenômeno da haplologia. Razão pela
qual, investiga-se como a estrutura prosódica motiva a ocorrência dessa redução
fonológica, utilizando as teorias básicas da estrutura interna da sílaba, a
autossegmental e a métrica.
A teoria autossegmental, formulada por Kahn (1976), estrutura a sílaba em
camadas independentes. Conforme Bisol (2005, p. 46), nessa perspectiva, o
segmento possui uma estrutura interna com uma hierarquia entre os traços que
compõem determinado segmento da língua. De acordo com essa teoria, os traços
de um segmento podem se estender e quando o apagamento de um segmento,
nem sempre todos os seus traços desaparecem.
3.3.3 Teoria Métrica
De acordo com Cagliari (2002, p. 118), a fonologia métrica se desenvolveu a
partir do final dos anos 1970 e nos anos 1980, preocupada com fenômenos
fonotáticos, em particular a sílaba, e os fenômenos rítmicos de modo geral. Na teoria
métrica as representações fonológicas abstratas se compõem de dois tipos de
organização hierárquica: uma estrutura prosódica de constituintes (representada nas
chamadas árvores métricas) e uma estrutura rítmica das sentenças (representada
nas chamadas grades métricas).
57
A teoria m•trica trata do ritmo da l•ngua que pode ser definido como
altern•ncia entre s•labas acentuadas e n†o acentuadas. O Princ•pio de Altern•ncia
R•tmica (PAR) proposto por Selkirk (1984, p. 48) requer a altern•ncia entre s•labas
fortes e fracas, sendo que a ocorr„ncia de duas s•labas fortes causa choque
acentual e o lapso no caso de duas s•labas fracas. Al•m disso, a autora define
(PAPR) Regras de Altura do Acento Proeminente. Esse princ•pio explicita uma forma
ideal que evita o choque de s•labas (clash) e o lapso (lapse) ao reestruturar a s•laba,
aglutinando, apagando, alongando entre outros processos.
Figura 8: PAPR Regras de Altura do Acento Proeminente
Fonte: Selkirk, (1995, p 564).
Figura 9: Exemplos de contexto de haplologia, adaptados Žs PAPR
Fonte: Dados da Pesquisa
A figura acima mostra exemplos de acento ideal, o clash e o lapse retirados
da pesquisa. Apenas [maridela] = ’marido dela‘ sofreu processo de haplologia e
essa realizaĠo resultou em um caso de clash. Se o falante tivesse produzido
haplologia no exemplo de ’dentro de‘= [dende] a s•laba ficaria no padr†o ideal das
regras de altura do acento proeminente.
Clements e Keyser (1983) adotam um modelo de estrutura interna da s•laba
de acordo com a teoria da mora. Segundo eses autores, os segmentos s†o ligados Ž
estrutura sil‰bica por meio de moras, ou seja, por um simples n‚ da raiz. Dessa
forma, a palavra ‘dentro” pode ser representada da seguinte forma:
Figura 10: Exemplo de mora
Fonte: Dados da Pesquisa
Ideal
Clash
Lapse
x
x
x
x
x x x x x ... x x ... ... x x ...
Ideal
Clash
Lapse
x
x
x
x
x x x x x ... x x ... ... x x ...
car re go tu do ma ri de la den tro de ...
d e n t r o
58
Esse modelo pressupõe uma representação multilinear cujo nível da
estrutura da domina diretamente o nível do esqueleto CV (consoante + vogal) e
este domina os diversos níveis melódicos. Esse molde é a representação da sílaba
que distingue suas posições funcionais, como a existência de picos ou não e as
unidades de tempo na representação fonológica. Conforme Massini-Cagliari (1992),
a teoria métrica evidencia o ritmo da língua, definido como alternância entre sílabas
tônicas e átonas.
Para demonstrar os relevos sonoros, Halle e Vergnaud (1978, p. 47)
desenvolveram um modelo fonológico não linear ao propor que os pés não são
compostos por sílabas, mas pelos elementos silábicos que podem receber acento.
Para isso utilizam uma representação em forma de grelha métrica, adaptada de
Liberman (1975), com marcas representando as unidades segmentais e parênteses
limitando os constituintes (pés). Os pés são unidades usadas para mensurar o peso
da sílaba e que conferem a entoação ao enunciado em uma língua por evidenciar a
proeminência das sílabas. As sequências fraco/forte e forte/fraco determinam o
ritmo, dão entoação ao texto e provocam reestruturação silábica no âmbito
fonológico.
Figura 11: Grelha métrica
Fonte: Liberman (1975, p. 43)
( . * . . ) ( * . . . * . ) Linha 2
( . * ) ( . . ) ( * . ) ( . . ) ( * . ) Linha 1
* * * * * * * * * * Linha 0
ci da de de be lo ho ri zon Te
Figura 12: Grelha métrica
Fonte: Adaptada de Liberman por Halle e Vergnaud (1978, p. 47) e readaptada para
mostrar um exemplo com contexto de haplologia.
59
O elemento mais proeminente de cada constituinte chamado de acento. No
portugu„s, a proemin„ncia elevada de um elemento pode gerar alongamento de
s•laba e a sequ„ncia de acentos fracos que podem resultar no apagamento de
segmentos. Na grelha exemplificada, o primeiro /de/ pode ser apagado por
haplologia, devido a essa fragilidade da sequ„ncia, somada ao contexto fonol‚gico
que favorece a ocorr„ncia desse processo. Nesse caso, o fen…meno da haplologia
acontece entre limites de palavras dentro da frase porque h‰ uma sequ„ncia de
s•labas fr‰geis adjacentes que favorecem o apagamento de s•labas. Nesse contexto,
aplicam-se as PAPR e o princ•pio do contorno obrigat‚rio (PCO): as primeiras
regulam a formaƒ†o do ritmo i•mbico ou trocaico e o segundo pro•be a sequ„ncia de
duas s•labas ‰tonas. O processo de haplologia pode criar o ritmo ideal, mas pode
n†o faz„-lo. Quando esse fen…meno acontece entre uma s•laba ‰tona e uma t…nica
e a s•laba anterior Ž que foi apagada t…nica tamb•m, ocorre um choque de
acentos, como no exemplo: ’O resto t… tu[l…] (tudo l…) Informante 76. Esta frase
que tinha um choque de acentos de [ta] para [tudo], ficou com mais um choque
quando o falante produziu a haplologia. O trecho tudo l… tinha um ritmo i•mbico,
portanto ideal, mas perdeu esse aspecto.
De acordo com Frota (1998, p. 200), faz-se necess‰rio saber se a hierarquia
proposta pela fonologia pros‚dica, motivada por processos segmentais, relevante
para definir como ocorrem os eventos tonais associados ao segmento. A autora
utiliza a vis†o integrada, que considera as propriedades entoacionais como uma das
pistas da estrutura pros‚dica. Nessa abordagem, apenas a altura (pitch) tomada
como traƒo entoacional caracter•stico. O acento (stress) e a juntura (juncture) s†o
dois aspectos relevantes dentro da tradiƒ†o de an‰lise entoacional.
De acordo com Prieto (2003, p. 157), um acento tonal uma sequ„ncia de
tons fonologicamente associada com uma s•laba acentuada. Um tom de juntura ou
de fronteira se associa fonologicamente com o limite de uma frase. A abordagem da
entoaƒ†o adotada d‰ Ž estrutura pros‚dica um papel fundamental. Essa vis†o da
entoaƒ†o formalizada pela teoria autossegmental e m•trica da Fonologia
Entoacional de Ladd (1996, p. 8) que prop‹e que a entoaƒ†o tenha uma organizaƒ†o
fonol‚gica pr‚pria. Para esse autor, a entoaƒ†o tem dois componentes, cada um
com dois tipos:
60
A) Tom: descendente e ascendente
Utiliza-se o tom descendente, geralmente, em respostas diretas a uma
pergunta com pronome interrogativo. O tom ascendente usado, de um modo geral,
na dŠvida, incerteza ou questionamento que necessite de uma confirmaƒ†o.
B) Proemin„ncia relativa: Fraco/Forte e Forte/Fraco
O padr†o fraco/forte n†o enf‰tico, tem um padr†o normal em respostas a
perguntas como ŒO que isso?• O forte/fraco o padr†o do foco, da „nfase (LADD,
1996, p. 10). Os componentes de Ladd s†o representados na figura adaptada a
seguir:
As diferenƒas entre tom e proemin„ncia relativa, como as exemplificadas na
figura 13 est†o de acordo com a definiƒ†o de Ladd porque s†o suprassegmentais e
t„m significados vinculados Ž entonaƒ†o do falante e n†o aos itens lexicais. No
exemplo adaptado, existe a possibilidade de o usu‰rio da l•ngua realizar a haplologia
porque h‰ duas s•labas fracas antes da forte, e ao se aplicar o Princ•pio do Contorno
Obrigat‚rio de Leben (1973), a primeira s•laba igual ou semelhante cancelada na
61
oralidade. A figura 14 é uma das representações de combinações tonais que
atendem ao PCO.
6
Figura 14: Representação de sequência tonal
Fonte: Leben (1973, p. 37).
No exemplo a seguir, podemos entender como se pode aplicar esse princípio
que entonação ao U:
L
H
L
L
H
L
L
L
H
L
ci da
[de]
de be lo
[ho]
ri zon te
De acordo com o princípio do contorno obrigatório, o U acima é forte
candidato à reestruturação na oralidade, no domínio da I, possibilitando a ocorrência
de haplologia na sequência LL seguidos e uma elisão vocálica na LLL, visto que a
sílaba que se apaga não tem consoante audível, pois o grafema h‘ não é
pronunciado. Em ambos os casos, as sílabas /de/ e /o/ podem se apagar, mas
somente o cancelamento da sílaba /de/ é haplologia.
Este sintagma, também, pode ser reestruturado na oralidade, no domínio da
frase entoacional na sequência LL. A sílaba /sa/ pode se apagar, ocorrendo a
haplologia, devido ao contexto fonológico de ambas as consoantes, fricativas
alveolares [+ coronal + cont€nuo nasal] e à fragilidade das sílabas átonas
adjacentes.
Tenani (2002) afirma que a haplologia é um processo de sândi que envolve
duas sílabas semelhantes ou idênticas com o molde silábico na forma CV e com a
ação da PCO, que proíbe dois elementos idênticos adjacentes. Assim, o PCO
6
H = tonicidade alta e L = tonicidade baixa
H
L
L
H
L
No
[
sa]
se nho ra
62
influencia o nível da sílaba de maneira a não ter duas sílabas iguais ou parecidas
fonologicamente adjacentes, o que pode resultar no fenômeno da haplologia.
Segundo Gouskova (2003), o PCO explica as regularidades nos sistemas
tonais. Para Gouskova, existem tipos de apagamento que podem ser um efeito de
economia. Por outro lado, para Goldsmith (1976, p. 212) esse princípio se aplica a
qualquer segmento ou autossegmento idêntico adjacente, obrigando-os a se unirem.
Para Cagliari (1997, p. 58), a teoria Autossegmental envolve os processos
fonológicos, operando com um pequeno grupo básico simples e natural desses
processos. Dentro desse grupo está o Princípio do Contorno Obrigatório da
Fonologia Autossegmental, de fundamental relevância para se compreender o
processo de haplologia, que proíbe dois elementos adjacentes idênticos,
geminando-os em apenas uma autossegmentação.
Segundo Pavezi (2006, p. 31), as sequências formadas por /dv#dv/ e /tv#tv/
propiciam a haplologia. nos autossegmentos /dv#tv/ e /tv#dv/, com contexto de
traços fonológicos /t/ [- voz] e /d/ [+ voz], dificuldades na aplicação da
haplologia. Pavezi afirma que a sequência /tv#dv/ não produz haplologia, a
sequência /dv#tv/ ocorre com frequência. Para ela, o traço não vozeado cria
resistência ao processo de haplologia nessa sequência. a necessidade de
mudança no movimento articulatório ao produzir o som vozeado, seguido de não
vozeado. Entretanto, encontrei nos dados da pesquisa produção de 276 (58%)
casos de haplologia com a sequência /tv#dv/, entre os falantes de Belo Horizonte.
Já a fronteira /dv#tv/ apresentou 30 (57%) casos. Portanto, a produção da
haplologia, nos dois contextos, é muito parecida.
Conforme Kenstowicz (2005, p. 587) o ritmo Iambo é constituído por uma
unidade de tempo breve e outra longa: fraca + forte (ws) como, por exemplo: la-bor,
fe-liz; e o ritmo trocaico tem uma longa e a outra breve: forte + fraca (sw), como em
li-vro, tar-de. Entretanto, não essa simetria na língua porque ocorrem sequências
que repetem forte + forte e fraca + fraca. Na sequência forte + forte um choque
acentual e na fraca + fraca, um lapso acentual. De acordo com as variáveis
estruturais e não estruturais, nessas condições, uma entre duas sílabas adjacentes
se apaga em um processo que pode ser o da haplologia. Esse processo fonológico
reorganiza as sílabas para evitar choques e lapsos acentuais. Dessa maneira, essa
organização pode equilibrar o ritmo deixando-o trocaico ou iâmbico. Entretanto, ao
63
reorganizar as s•labas na frase, pode ocorrer a produƒ†o de um choque de acentos,
como em dedo duro = de[Du]ro. A express†o dedo durotinha uma distribuiƒ†o
r•tmica ideal de s•labas e, com a reestruturaƒ†o, sofreu um choque acentual.
Antes de tratar da metodologia em si, pertinente rever o objeto de estudos
da pesquisa: A haplologia, conforme mostram os dados do dialeto de Belo
Horizonte, produzida em contextos de traƒos fonol‚gicos diversos, e n†o somente
no contexto [+coronal, -continuo, -nasal], o que significa que foge da caracterizaĠo
delimitada por alguns autores. Al•m disso, alguns desses autores consideram
somente as fronteiras /dv#dv/, /tv#dv/, /dw#tv/ e /tv#tv/ como haplolgicas quando
h‰ o apagamento da s•laba de duas s•labas iguais ou semelhantes e adjacentes em
um segmento sintagm‰tico. O que pude notar que essas fronteiras favorecem
muito a produƒ†o da haplologia, mas elas n†o s†o as Šnicas que desencadeiam a
realizaƒ†o desse fen…meno.
64
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capítulo descrevo a metodologia empregada nessa pesquisa, o
contexto de sua realização, a coleta de dados, os suportes quantitativos e os fatores
selecionados para análise da haplologia. Além disso, vou mostrando casos e
fazendo uma análise preliminar.
4.1 Procedimentos Metodológicos
Esta investigação é bibliográfica e de campo, com o auxílio de entrevistas
gravadas. Merece destacar que Labov (1972) prevê a heterogeneidade da
linguagem oral como pressuposto de análise. Essa proposta trata da relação
sistemática entre fenômeno observável e a estrutura linguística abstrata. A
variabilidade existente na língua evidencia a própria heterogeneidade do sistema
abstrato. Essa relação abstrata e formal da regra variável tem o objetivo de
sistematizar a variação e de tratar a frequência em que as variantes são utilizadas
em situações reais de comunicação. As pesquisas que seguem essa proposta de
Labov geram resultados para dar suporte científico para a sistematicidade das
regras variáveis. A maior contribuição desse teórico foi a elaboração de um método
probabilístico de pesquisa sociolinguística, com a finalidade de testar a correlação
entre variantes estruturais e variantes não estruturais. Esse tipo de pesquisa é
inerentemente quantitativa e por esse motivo, necessita de muitos dados. Conforme
Guy e Zilles (2007, p. 19):
Para desvelar tanto a estrutura linguística quanto a estrutura social,
devemos, necessariamente, coletar grande quantidade de dados de
muitos indivíduos; consequentemente, devemos enfrentar problemas
ligados ao controle de qualidade e confiabilidade, o manuseio e
apresentação de dados, e a interpretação e inferência.
Para tratar os dados, utilizei o programa estatístico Varbrul/Goldvarb 3.0b3 de
Robinson, Lawrence e Tagliamonte (2001) com update (2008) e procedi às análises
quantitativas e qualitativas.
65
4.2 Universo da Pesquisa
O universo desta pesquisa consta de 53 entrevistas realizadas no primeiro
semestre de 2008. Tamb•m, utilizei 26 entrevistas, realizadas por pesquisadoras do
ŒProjeto Descriƒ†o s‚cio-hist‚rica do portugu„s de Belo Horizonte
7
(2007), bem
como conversas informais em um trabalho coletivo, cuja coleta de dados foi
realizada selecionando as falas de 11 pessoas. Tamb•m foi realizado um teste com
um falante para ver as caracter•sticas acŠsticas de uma mesma express†o,
pronunciada com e sem haplologia, na an‰lise espectrogr‰fica do Praat.
Todos os informantes s†o nascidos ou residentes em Belo Horizonte por mais
de 15 anos. S†o 54 pessoas do g„nero feminino e 36 do masculino. A seleƒ†o de
informantes foi aleat‚ria. Primeiramente entrevistei os volunt‰rios, sem me
preocupar em entrevistar a mesma quantidade de pessoas do g„nero masculino ou
feminino.
Os informantes mais jovens, com ensino fundamental, em sua maioria s†o
estudantes. Os adultos s†o trabalhadores da classe oper‰ria. Entre os informantes
de ensino m•dio e superior h‰ jovens e adultos que somente estudam e h‰ os que
estudam e trabalham. Entre esses indiv•duos h‰ aqueles que trabalham na
informalidade, t•cnicos, professores, taxistas, enfermeiros entre outros.
4.3 Coleta de Dados
Para coletar os dados, agendei as entrevistas com anteced„ncia, 10 delas em
2 escolas, uma pŠblica e uma particular, 43 nas resid„ncias dos informantes, 26 do
banco de dados, realizadas em escola e resid„ncia dos entrevistados e 11 retiradas
de conversaĠo em um trabalho coletivo com a minha participaĠo em uma escola
das escolas mencionadas. Os informantes das escolas s†o professores, funcion‰rios
e alunos. No in•cio das entrevistas, a presenƒa do gravador inibiu os falantes, cada
um, em diferentes proporƒ‹es, mas no decorrer da entrevista, percebeu-se na
7
Entrevistas realizadas por Gl‰ucia Geruza Dias (2007) e Fernanda da Cunha Rocha Faria (2008),
do banco de dados de projeto orientado pelo professor Dr. Marco Ant…nio de Oliveira PUC Minas.
66
maioria, uma fala espontânea ou bem próxima dela. Por essa razão, o início das
gravações serviu apenas para um pré-aquecimento da conversa.
Antes de iniciar a entrevista, expliquei ao informante o motivo da gravação.
Nas primeiras entrevistas eu dizia que era para coletar material linguístico para
estudar o sotaque do belo-horizontino. Eles aceitaram bem. O maior medo da
maioria dos falantes era se seus erros linguísticos seriam analisados. Depois mudei
de tática, dizendo que minha pesquisa visava discutir alguns assuntos polêmicos.
Ainda assim, alguns informantes tinham medo de as perguntas serem difíceis.
Também havia grande preocupação com o tempo da entrevista. A maioria não
estava disposta a falar mais que 15 minutos. Por isso, a maior parte das gravações
tem entre 12 e 30 minutos. Uma conversa inicial antes da gravação ajudou a
neutralizar a presença do gravador e da pesquisadora.
O roteiro preparado para as entrevistas está em anexo a essa pesquisa.
Trata-se de uma lista com vários temas que foram desenvolvidos. Ocorreram casos
em que não utilizei esse roteiro totalmente porque o falante desenvolveu bem cada
tema que lhe era perguntado. Nos casos em que o falante desenvolvia pouco o
assunto, ele foi totalmente usado. Pedi aos informantes para contar histórias e
episódios de suas vivências, opinar sobre temas polêmicos, falar da escolhas
profissionais e das preferências. Em alguns casos foi necessário perguntar mais
sobre o que o informante contava para ampliar sua narrativa porque ele parecia não
se sentir à vontade. Durante as gravações interagi com os informantes para que eles
se preocupassem em falar e não na forma de falar. Depois, essas gravações foram
transferidas para um CD de dados, juntamente com as transcrições que foram feitas
com recortes selecionando as produções da haplologia.
Os assuntos das entrevistas foram: a cidade de Belo Horizonte, opinião sobre
temas polêmicos, julgamentos de situações ou atributos sociais, entre outros,
sempre adaptados à idade do informante. Entende-se que, na entrevista, coloca-se
um tema que motive o entrevistado a falar bastante para que seja possível perceber
o fenômeno em estudo. Essa estratégia facilita o uso de formas linguísticas
diferentes, facilitando a percepção do evento pesquisado. Além disso, fiz anotações
e análises a respeito do contexto social de produção, considerando a escolaridade
dos falantes e a faixa etária.
67
Os dados referentes aos fatores estruturais e n†o estruturais s†o
apresentados em forma de gr‰ficos e tabelas nas seƒ‹es a seguir.
4.4 Variáveis Estruturais
Durante a an‰lise dos resultados realizei v‰rias rodadas estat•sticas para
pesquisar se havia interfer„ncia de algum condicionamento favorecedor ou inibidor,
para a haplologia, por parte dos fatores estruturais. Escolhi quatro fatores
lingu•sticos para testar. Essa escolha ser‰ justificada nas pr‚ximas seƒ‹es. O
primeiro grupo de fatores possui duas variantes e foi codificado para interagir com os
outros grupos de fatores no programa Varbrul como haplologia realizada (+HP) e
haplologia n†o realizada (HP). Dessa forma, o grupo de fatores 1 a ‘vari‰vel
dependente”.
4.4.1 Variável Dependente
O primeiro grupo de fatores codifica a haplologia como + HP (haplologia
aplicada) e HP (haplologia n†o aplicada). Trata-se da vari‰vel dependente, cujos
totais foram os seguintes:
Tabela 1
Total de haplologias
Fonte: Dados da pesquisa
+ HP % - HP % Total
702 64 393 36 1095
68
4.4.2 Fronteira Consonantal
As fronteiras consideradas no tratamento de dados no programa Varbrul
3.0b3 estão no quadro 2, acompanhadas do código atribuído a cada uma, ao
processá-las nesse programa, sendo as consoantes acompanhadas de vogal:
/dv#dv/ /dv#tv/ /tv#dv/
1 2 3
/tv#tv/ /nv#nv/ /sv#dv/
4 5 6
/tv#mv-nv/ outros /nv#dv/
7 8 n
Quadro 2 : Fronteira consonantal
Fonte: Dados da pesquisa
As fronteiras com pouca frequência foram incluídas no código 8 e todas as
fronteiras estão relacionadas no capítulo 2. A escolha desse grupo de fatores se
justifica pela necessidade de saber quais as fronteiras que mais favorecem a
ocorrência de haplologia.
4.4.3 Ritmo de Fala
Para classificar o ritmo, ouvi e organizei os dados conforme os três tipos de
fala que os informantes produziram: pausada, normal e acelerada, cujos códigos são
respectivamente, A, B e C.
O objetivo aqui é o de verificar se a velocidade da fala interfere no processo
de produção da haplologia. Para medir essa velocidade, selecionei trechos das
gravações de cada falante, eliminei as pausas e calculei a média de labas
produzida por cada um. A média de sílabas pronunciadas pelos informantes varia
69
entre 160 a 360 sílabas por minuto. A caracterização dos fatores desse grupo, em
temos da média de sílabas por minuto, pode ser vista no quadro 3.
Quadro 3 : Velocidade de fala
Fonte: Dados da pesquisa
4.4.4 Acento
Tratei o acento nas sílabas envolvidas no processo de haplologia para saber
se ele é relevante neste processo fonológico. Elas foram consideradas da seguinte
forma no programa Varbrul:
Quadro 4 : Acento
Fonte: Dados da pesquisa
TIPO DE FALA M•DIA DE S“LABAS POR MINUTO
PAUSADA Entre 160 e 229
NORMAL Entre 230 e 290
ACELERADA Entre 291 e 360
acento
C‚digo P
Sequência de duas sílabas átonas
+ acento
C‚digo Z
Sequência com uma das sílabas tônicas
70
Tabela 2
Haplologia e Acento
Fonte: Dados da pesquisa
Para realizar as an‰lises de pico a fim de perceber a acentuaƒ†o, utilizei os
programas Audacity e Praat. O Audacity foi mais utilizado para realizar a seleĠo
dos trechos com haplologia e fazer o recorte e o Praat para fazer as an‰lises. As
falas a seguir s†o recortes da entrevista realizada com a informante 6:
(4.1) Cheguei ali perda padaria. (perto da)
(4.2) Perda dona Carmela. (perto da)
Figura 15: Sinal de fala da informante 6
Fonte: Dados da Pesquisa
A figura 15 gerada pelo programa Audacity mostra uma forma com picos altos
e baixos que representam s•labas fortes e fracas. As setas indicam o ponto onde
ocorreu a haplologia. Essa informante foi muito espont•nea ao falar e tem um estilo
de fala informal. A seta indica o limiar entre a s•laba [per] e a [da], em (4.1) e (4.2).
- Acento % + Acento % Total
+ Haplologia 567 65% 135 59% 702
- Haplologia 302 35% 91 41% 393
Total 869 79% 226 21% 1095
71
Tem-se a impressão de que uma ruptura nesse contexto, o que se confirma no
trecho menos proeminente do espectrograma.
Figura 16: Espectrograma da informante 6
Fonte: Dados da Pesquisa
Figura 16: Espectrograma da informante 6
Figura 17: Espectrograma da informante 6
Fonte: Dados da Pesquisa
Os mesmos exemplos [perda] em (4.1) e de (4.2), figuras 16 e 17
respectivamente, processados pelo programa Praat confirmam esse limiar de ruptura
no qual ocorre a haplologia. A primeira seta indica [per] e a segunda [da].
72
No oscilograma da figura a seguir, o falante 1 realiza a haplologia onde as
setas indicam. Trata-se de um ponto da fala no qual duas s•labas envolvidas no
processo de haplologia se encontrariam.
Figura 18: Oscilograma do informante 1
Fonte: Dados da Pesquisa
As frases s†o as seguintes:
(4.3) Cair numa velocida[de]ssas e num quebrar nem um dedo. (velocidadessas)
(4.4) Saiu um Chevette na estra[de] terra. (estrada de)
Este informante utilizou uma linguagem informal e falou espontaneamente, o
que facilitou o processo de queda da s•laba. O trecho de cada parte em que h‰
haplologia indicado nas figuras por meio das setas.
Figura 19: Espectrograma do formante 1
Fonte: Dados da Pesquisa
73
No primeiro bloco, figura 19, indicado pela seta, o espectrograma mostra
[velocida] e no segundo bloco [dessas]. Se a haplologia n†o tivesse ocorrido, a
sequ„ncia do sintagma (velocidade dessas) seria ideal e dentro das exig„ncias do
PAR e da PAPR (SELKIRK, 1984 e 1985). Entretanto, o informante reduziu a s•laba
fraca, o que causou um choque acentual (Clash). Isso aconteceu porque a s•laba da
esquerda ‰tona e a da direita t…nica, o apagamento da s•laba ‰tona ocasionou o
encontro de duas s•labas t…nicas.
Figura 20: Espectrograma do informante 1
Fonte: Dados da Pesquisa
Na figura 20, a primeira seta mostra [estra] e a segunda [de], sendo o espaƒo
o ponto onde se deu a ruptura com a perda da s•laba da. A Šnica diferenƒa que se
percebe ao ouvir uma breve ruptura entre os dois.
Para testar o comportamento acŠstico de segmentos com haplologia e sem
haplologia realizei um teste com uma informante, identificada como informante 91,
com as seguintes sentenƒas:
(4.5) Moro na cidade de Belo Horizonte.
(4.6) Moro na Cida[de] Belo Horizonte.
(4.7) Est‰ dentro do forno.
(4.8) Est‰ den[do] forno.
74
Pedi que a informante lesse as frases silenciosamente e repetisse cinco
vezes, mas em gravações separadas. Escolhi uma das gravações para processar no
programa Praat a fim de observar a diferença entre os segmentos com e sem
haplologia. As frases estão destacadas no espectrograma na mesma ordem
apresentada acima.
Figura 21: Espectrograma do informante 91
Fonte: Dados da Pesquisa
As frases (4.5) e (4.6) estão com destaque vermelho e as (4.7) e (4.8) com
azul. Percebe-se claramente que as sentenças com haplologia são mais curtas que
aquelas em que não ocorre esse processo. uma redução muito pequena na
omissão da sílaba de em (4.6). As duas primeiras frases apresentam uniformidade
na velocidade e a pronúncia do segmento [de] foi muito breve, por isso o primeiro
par de frases está quase da mesma extensão. Entretanto, no segundo par a
diferença de extensão das frases é bem diferente. Na omissão da sílaba /tro/ a
redução do segmento foi bem maior visto que a informante falou pausadamente
dentro dona frase sem haplologia e acelerou em den[do].
75
4.5 Variáveis Não Estruturais
Além da análise dos fatores estruturais que envolvem a haplologia, é
relevante verificar se os fatores sociais interferem no processo. Os fatores sociais
analisados foram: gênero do informante (masculino e feminino), faixa etária (13 a 30
anos, 31 a 45 anos e de 46 anos acima), escolaridade (fundamental, média e
superior), classe social (baixa e média) e estilo de fala (formal e informal).
4.5.1 Gênero
De acordo com Labov (1972), as mulheres têm tendência a usar mais a
variante padrão. Utilizei o fator gênero para ver se o comportamento linguístico dos
homens e das mulheres segue essa previsão com relação à haplologia. Para esse
autor, o controle dessa variável tem se mostrado bastante significativo para a
sociolinguística, pois demonstra a avaliação social dos falantes em relação ao uso
de determinada variante em processo de variação.
Como mencionado, utilizei 90 informantes, sendo 56 do gênero feminino e 34
do masculino, representados no gráfico 1, tendo como código (F) e (M) no programa
estatístico VARBRUL:
Tabela 3
Haplologia e Gênero
Fonte: Dados da pesquisa
Gênero + Haplologia %
Haplologia
% Total
Masculino 280 67 135 33 385
Feminino 422 62 258 38 632
Totais 702 64 393 36 1095
76
Gráfico 1: Fator gênero
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 4
Média de Haplologia por Gênero
Fonte: Dados da pesquisa
Os dados mostram que os homens realizam mais haplologias que as
mulheres, uma vez que a média de haplologias por pessoa do gênero masculino foi
maior que a por pessoa do gênero feminino.
4.5.2 Faixa Etária
O estudo da faixa etária permite identificar se uma tendência à mudança
no uso de um processo linguístico que progride ou decresce conforme a idade dos
falantes pesquisados. O fator faixa etária está distribuído conforme mostrado na
tabela 5:
Gênero dia de haplologia por gênero
Masculino 8,2
Feminino 7,5
77
Tabela 5
Haplologia e Faixa Etária
Fonte: Dados da pesquisa
Os informantes foram classificados nos tr„s grupos de faixa et‰ria listados
abaixo, seguidos dos respectivos c‚digos utilizados no VARBRUL:
Grupo I: Entre 13 e 30 anos (D)
Grupo II: Entre 31 e 45 anos (G)
Grupo III: De 46 anos acima (V)
Os informantes t„m entre 13 e 70 anos. Para realizar essa divis†o em faixa
et‰ria, observei como Labov (1972, p. 41) realizou essa tarefa no desenvolvimento
de sua pesquisa sobre a centralizaƒ†o de (ay) e (aw) em Martha”s Vineyard. Nesse
trabalho, o autor realizou 5 divis‹es. Entretanto, em minha pesquisa, fiz apenas 3
divis‹es, uma vez que apenas 2 informantes t„m mais de 60 anos. Dessa forma,
agrupei os informantes mais velhos no 3™ grupo.
Gráfico 2: Faixa Et‰ria
Fonte: Dados da pesquisa
Faixa Etária + HP % - HP % Total
13 a 30 anos
264 58 189 42 453
31 a 45 anos
212 72 82 28 293
46 acima
226 65 122 35 349
Total
702 64 393 36 1095
78
Os informantes que mais produziram haplologias são da faixa II, entre 31 e 45
anos.
4.5.3 Escolaridade
O grupo de fatores escolaridade é frequente nos estudos de variação
linguística uma vez que ele pode ser relevante no tratamento da variável
pesquisada. Normalmente, espera-se que a escola influencie a linguagem oral. Por
isso, esse fator foi selecionado para identificar se ele favorece ou inibe a produção
da haplologia. Os informantes da pesquisa estão cursando ou cursaram o Ensino
Fundamental (EF), o Médio (EM) e o Superior (ES), cujos códigos no VARBRUL são
respectivamente (a), (b) e (c):
Tabela 6
Haplologia e Escolaridade
Fonte: Dados da pesquisa
Os falantes com menos nível de escolaridade produzem mais haplologias,
conforme a tabela 6. os falantes de nível médio e superior estão praticamente no
mesmo patamar porque a diferença de porcentagem entre ambos é de apenas 2%.
4.5.4 Classe Social
O grupo de fatores relacionados à classe social está organizado da seguinte
forma:
Escolaridade + HP % - HP % Total
Ensino Fundamental
236 75 77 25 313
Ensino Médio
174 60 112 40 286
Ensino Superior
292 58 204 42 496
Total
702 64 393 36 1095
79
Tabela 7
Haplologia e Classe social
Fonte: Dados da pesquisa
A classe social baixa foi caracterizada na pesquisa levando-se em conta que
as pessoas pertencentes a ela têm um padrão de vida menos satisfatório. Incluem-
se nesse padrão informantes com poder aquisitivo baixo e escolaridade baixa. Os
informantes da classe baixa realizam mais haplologia que os de classe média em
contexto que favorece sua aplicação. Os informantes pertencentes à classe média
têm um padrão de vida bom e a escolaridade a partir do Ensino Médio. Os códigos
desse grupo de fatores no VARBRUL são (X) para classe baixa e (y) para classe
média.
4.5.5 Estilo de Fala
Com relação ao estilo de fala, observei se os informantes empregavam um
estilo formal ou informal no momento da entrevista. No estilo formal, de acordo com
Labov (1972), os falantes apresentam certo grau de atenção sobre o que falavam.
no informal, eles falam despreocupados, mostrando pouca atenção à fala, e foi
nessas condições que os informantes dessa pesquisa forneceram os dados.
Conforme a porcentagem, os falantes utilizaram mais o estilo informal. Esse
resultado pode ser verificado na tabela a seguir. Os códigos utilizados no programa
VARBRUL são (i) para informal e (f) para formal.
Escolaridade +HP % -HP % Total
Baixa
215 73 78 27 293
Média
487 60 315 40 802
Total
702 64 393 36 1095
80
Tabela 8
Haplologia e Estilo de Fala
Fonte: Dados da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa
4.6 Tratamento dos Dados
Para compor o arquivo de dados, transcrevi e quantifiquei cada caso
selecionado para medir o efeito dos vários fatores estruturais e não estruturais no
favorecimento e inibição da haplologia. Codifiquei os dados e os processei nos
programas estatísticos Varbrul/Goldvarb X 3.0b3, de Robinson, Lawrence e
Tagliamonte (2001) com update (2008) para realizar essa etapa da pesquisa.
Selecionei trechos de falas, sem pausas, no Praat e Audacity para encontrar a
média de produção de sílabas por minuto, realizada pelos informantes. Finalmente,
procedi à interpretação dos resultados que é a compreensão e explicação das
quantidades encontradas.
Esses programas organizam um conjunto de dados com a variável
dependente nos possíveis contextos, correlacionando os fatores estruturais e os não
estruturais. Com base nesses contextos, o programa realiza um algoritmo que
oferece informações estatísticas, encontrando pesos relativos para cada fator que
condiciona uma regra variável. Entretanto, esses valores não respondem
diretamente às perguntas que motivaram a pesquisa. Eles apenas serviram para
direcionar as inferências fundamentadas na teoria linguística e no conhecimento da
estrutura social da comunidade pesquisada.
Além disso, utilizei os programas Audacity e Praat para produzir e analisar os
espectrogramas e oscilogramas dos informantes. Utilizei os dois programas com a
finalidade de confirmar com clareza a delimitação de fronteira entre as sílabas
depois do apagamento.
Estilo +HP % -HP % Total
Formal 28 20 112 80 140
Informal 674 70 281 30 955
Total 702 64 393 36 1095
81
Atendendo às exigências do programa estatístico, codifiquei os dados em
termos dos fatores estruturais e não estruturais considerados para realizar
correlações associadas à produção da haplologia. Os códigos estão no quadro 5:
Quadro 5: Codificação dos fatores Estruturais e Não estruturais
Fonte: Dados da pesquisa
Grupo Fatores Estruturais
1
HAPLOLOGIA
R N
Haplologia Realizada Haplologia Não Realizada
2
FRONTEIRAS CONSONANTAIS
1 2 3 4 5 6 7 8 n
d#d d#t t#d t#t n#n s#d t#m
t#n
outros n#d
3
RITMO DE FALA
A B C
Fala pausada Fala normal Fala acelerada
4
ACENTO
Z P
Fronteira com acento Fronteira com sequência sem acento
Grupo
Fatores Não estruturais
5
GÊNERO
F M
Gênero Feminino Gênero Masculino
6
FAIXA ETÁRIA
D G V
13 a 30 anos 31 a 45 anos 46 acima
7
ESCOLARIDADE
a b c
Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior
8
CLASSE SOCIAL
X Y
Baixa Média
9
ESTILO DE FALA
f i
formal Informal
82
4.7 CaracterizaŠ‹o de Belo Horizonte O Contexto Social
Essa seção uma visão geral do contexto social de realização da pesquisa,
visando caracterizar a comunidade linguística estudada.
É relevante apresentar um breve contexto histórico, socioeconômico e
geográfico da cidade de Belo Horizonte para identificar as características da
comunidade de fala pesquisada e verificar se os fatores sociais são importantes para
a formação do dialeto belo-horizontino, marcado pela redução fonológica.
Essa grande metrópole é a Capital do Estado de Minas Gerais, localizada na
região Sudeste do Brasil e no centro do Estado. Foi inaugurada em 12 de dezembro
de 1897. Seu entorno é rodeado pela Serra do Curral, que foi escolhida por meio de
votação popular como símbolo da cidade. Esse símbolo constitui sua moldura
natural, bem como sua referência histórica, o que lhe confere vantagens naturais,
proporcionando-lhe uma beleza impressionante. Em várias partes nobres da cidade
existem obras de Oscar Niemayer. A cidade é de grande beleza arquitetônica.
Possui fácil acesso aéreo e rodoviário. Sua economia forte é o comércio e a
prestação de serviços, além de uma vasta e rica produção cultural.
A cidade possui um clima agradável, paisagens bonitas, arquitetura eclética e
se localiza perto de cidades turísticas mineiras, tais como Ouro Preto, Mariana,
Sabará, Congonhas e Caeté. Essas cidades complementam um ótimo roteiro
turístico em uma rota de poucos quilômetros, enriquecendo o turismo que faz de
Belo Horizonte uma anfitriã de Minas Gerais. É a cidade brasileira de maior
quantidade de bares por habitante. Possui dois apelidos carinhosos Belô e BH. Em
BH opções culturais variadas, sua gastronomia tem uma qualidade internacional.
Também, a cidade tem sido palco de vários congressos, nacionais e internacionais,
profissionais e de negócios, por ser uma das principais metrópoles do mundo.
De acordo com Costa e Novato (1997, p. 24), sua planta original, desenhada
por Aarão Reis, tinha três zonas diferentes, a urbana, a suburbana e a rural. A zona
urbana tem um traçado xadrez, formado pelas ruas, e seu contorno tem uma elipse
que se aproxima do traçado de Paris. O esquema do xadrez sobreposto das ruas
veio a se tornar comum na tradição americana, ficando famoso porque se parece
com o traçado de cidades como Washington e Filadélfia. Essa característica da
83
cidade faz com que muita gente a compare com Washington. Entretanto, conforme
Aarão Reis, sua inspiração maior veio de La Plata, capital do estado de Buenos
Aires, na Argentina.
Pelo seu planejamento inicial, a zona urbana de Belo Horizonte ficava dentro
da Avenida do Contorno. Essa avenida era o limiar entre a zona urbana e a
suburbana. Atualmente, a capital de Minas perdeu esse contorno. Todas as ruas que
atravessam essa avenida mudaram o nome, menos a Rua Itajubá que continua com
o mesmo nome. bairros que são mais antigos que Belo Horizonte. Hoje a Capital
completará 112 anos em dezembro e bairros como o Barreiro e Venda Nova têm
154 e 138 anos, respectivamente. A cidade é dividida em regionais com uma
gerência em cada uma, para facilitar a administração da cidade.
Figura 22: Mapa das Regionais de Belo Horizonte
Fonte: Belo Horizonte, 2008
84
Ao se visualizar Belo Horizonte, dentro e fora da Av. do Contorno, define-se
com clareza seu espaƒo f•sico. O espaƒo interno a essa avenida instala fam•lias de
maior poder aquisitivo e o externo ocupado por pessoas de baixa renda. Essa
distribuiĠo espacial interferiu no modo de viver, na formaĠo cultural e educacional
de seus habitantes. Devido a essa divis†o, h‰ estratos sociais diferentes em sua
formaĠo o que, consequentemente, influencia o modo de falar de seu povo, pois
BH um local de conflu„ncia dos v‰rios modos de falar dos mineiros. Esse falar
marcado por v‰rias reduƒ‹es fonol‚gicas, e uma delas, a haplologia.
Quadro 6: Ficha T•cnica da Cidade de Belo Horizonte
Fonte: Belo Horizonte, (2008)
Conforme Ramos (2007), o sotaque de Belo Horizonte representa o dialeto
mineiro porque a cidade recebe migrantes de v‰rias cidades de Minas Gerais. Os
BELO HORIZONTE
InformaŠ—es Gerais
Data de fundaŠ‹o:
12 de dezembro de 1897
Gent€lico:
be
lo
-
horizontino
Œrea: 331 km
2
7.290,8 habitantes por km
2
PopulaŠ‹o: 2.412.937 Fonte: IBGE/2007
“ndice de Desenvolvimento Humano: 0,839
Fonte: Programa das Naƒ‹es Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
Moeda: real PIB per capita: R$ 11.951 Fonte: IBGE 2005
Produto Interno Bruto: R$ 28.386 bilh‹es
Atividades econ…micas / Participaƒ†o no PIB
Com•rcio e Serviƒos 80%
IndŠstria 20%
Umidade relativa: Os totais anuais de chuva s†o relativamente altos (1.450mm
aproximadamente).
Clima: Predomina o clima tropical, basicamente pelo regime sazonal de chuvas;
estaƒ‹es Šmida, chuvosa e seca.
Temperatura m•dia anual: em torno de 21,1šC, com pequena variaƒ†o de
estaƒ‹es.
Relevo: Regi†o de contato entre s•ries geol‚gicas diferentes do proterozoico,
compostas de rochas cristalinas, o que d‰ ao territ‚rio paisagens diferenciadas.
As serras de Belo Horizonte s†o ramificaƒ‹es da cordilheira do Espinhaƒo e
pertencem ao grupo da serra do Itacolomi. Contornando o munic•pio, est†o as
serras do Jatob‰, Jos• Vieira, Mutuca, Taquaril e Curral. O ponto culminante do
munic•pio est‰ entre Nova Lima e Brumadinho, atingindo 1.583m. Ponto
culminante: Serra do Curral, atingindo 1.390 metros.
Altitude m•dia: 852 metros
85
falantes de Belo Horizonte têm uma oralidade que representa o dialeto mineiro. Os
dizeres do ex-Prefeito Célio de Castro reforçam esse caráter de redução praticada
pelos belo-horizontinos
A linguagem oral veio antes da escrita e lhe é superior em muitos
aspectos, pois transmite mais emoção, mais proximidade. Nem por
isto, entretanto, ela é completa. Toda forma de expressão de
sentimentos e de ideias, aliás, é incompleta por si mesma. (COSTA E
NOVATO, 1997, p. 13).
Essa pesquisa foi realizada com falantes de várias partes da cidade, mas a
maioria deles é do Barreiro. Inicialmente pensei em organizar as entrevistas de
forma a cobrir todas as regionais. A haplologia é utilizada por quase todos os
falantes belo-horizontinos, não havendo a necessidade de pesquisar por regiões. O
falar de Belo Horizonte é igual em qualquer parte da cidade.
86
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após expor a metodologia da pesquisa e apresentar os dados, passo à
análise dos dados selecionados pelo programa GOLDVARB/VARBRUL X 3.0b3.
Esse programa faz a análise quantitativa, atribuindo um peso para cada fator. Esse
valor numérico, que vai de zero a um, é o grau de probabilidade, caracterizando o
efeito do fator sobre a regra variável, a haplologia, no caso desta pesquisa. De
acordo com Guy e Zilles (2007), o peso 0.50 mostra neutralidade do fator
quantificado, os índices acima desse valor, indicam probabilidade maior de aplicação
da regra, os inferiores, não favorecem a aplicação da mesma. Ao processar os
dados no programa três grupos foram eliminados. Retirei esses grupos e processei
novamente, mas para discutir a respeito dos grupos eliminados, usei os dados do
primeiro processamento. O grupo estrutural eliminado foi velocidade de fala e os não
estruturais foram gênero e classe social. As melhores rodadas apresentadas foram a
16 stepping up e 17 stepping down no segundo processamento.
O resultado da análise do VARBRUL indicou que o belo-horizontino produz
haplologias diferentemente das produzidas pelos falantes das comunidades
estudadas por Tenani (2002), Batistti (2005), Pavezi (2006) e Leal (2006). Essa
situação será explorada nas seções a seguir.
5.1 Contexto Consonantal
O grupo de fatores Contexto Consonantal fonológico se refere às consoantes
de fronteira. É importante lembrar que alguns contextos foram processados no
programa Varbrul e agrupados com o código 8 porque sozinhos eles não reuniam os
fatores necessários para serem quantificados.
Conforme as teorias que fundamentam este trabalho, o contexto consonantal
é importante para tratar da haplologia. As consoantes em ambiente propício ao
fenômeno são aquelas cujos traços são iguais ou semelhantes. Essa igualdade ou
similitude de fronteira consonantal é a que mais facilita o processo fonológico de
apagamento da sílaba no fenômeno da haplologia. Os resultados expressos na
tabela 9 mostram que as fronteiras /nv#nv/, /nv#dv/, /tv#tv/ (outras), seguidos de
/dv#tv/, e /s#d/, são os que mais propiciaram a aplicação da haplologia
87
considerando o peso relativo das ocorr„ncias. relevante reafirmar que em outras
se encontram os demais contextos consonantais nos quais ocorreram haplologias.
Nesse grupo se encontram os contextos com consoantes diferentes em seus traƒos
distintivos. Os dados mostram que o belo-horizontino produz haplologias em
qualquer contexto fonol‚gico, inclusive em fronteira de consoantes nasais, que s†o
exclu•das pelas autoras Alkmin e Gomes (1982), Tenani (2002), Batistti (2005),
Pavezi (2006) e Leal (2006), que apresentaram a condiĠo de igualdade ou
semelhanƒa para que ocorra haplologia, utilizando a seguinte especificaƒ†o de
traƒos: [+ coronal, cont•nuo, nasal].
Os dados est†o organizados nas tabelas em ordem crescente por peso
relativo.
Tabela 9
Haplologia e fronteira consonantal
Grau de liberdade -671.455 N•vel de signific•ncia = p < 0.000
Fonte: Dados da pesquisa
O peso relativo liberado pelo binomial analysis do Varbrul indica que a
fronteira consonantal contribui para o processo de haplologia. As fronteiras [tv#tv],
[nv#dv] e [nv#nv] s†o as que mais favorecem a ocorr„ncia desse fen…meno. As
fronteiras reunidas em outras tamb•m favorecem muito a aplicaƒ†o da vari‰vel, mas
elas s†o muitas, incluindo as de traƒos fonol‚gicos diferentes.
Consoantes
adjacentes
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
/tv#mv/nv/ 13/36 36 0.45
/tv#dv/ 279/480 58 0.57
/dv#dv/ 140/246 56 0.59
/sv#dv/ 16/22 72 0.66
/dv#tv/ 32/49 65 0.69
/tv#tv/ 38/52 73 0.75
/nv#dv/ 22/25 88 0.88
Outras 145/166 87 0.89
/nv#nv/ 17/19 89 0.90
88
Tabela 10
Exemplos dos contextos encontrados nos dados
Fonte: Dados da Pesquisa
Alguns desses exemplos est†o inseridos no c‚digo 8 (outras) pelos motivos j‰
mencionados. Esses exemplos s†o importantes porque a maioria deles tem um
contexto totalmente diferente ou com poucas semelhanƒas em seus traƒos
distintivos.
Consoantes
Adjacentes
Falante
Exemplos:
[dv#dv] 1
(5.1) Num tem necessida[de] pagar. (necessidade de)
[dv#kv] 20
(5.2) Eu acho des[que] seja utilizada... (desde que)
[dv#tv] 2
(5.3) Ah, quan[ta] todo mundo reunido, n•.(quando ta)
[kv#kv] 26
(5.4) A gente colo[quan]tos biscoitos? (coloca quantos)
[nv#dv] 87
(5.5) Saio corren[de] (correno de)
[nv#mv] 77
(5.6) T‰ vale[mais] que o... (valeno mais)
[nv#nv] 26
(5.7) Escreve[na] pauta. (escreveno na)
[pv#dv] 36
(5.8) Ele trouxe o cor[de] bombeiro. (corpo de)
[pv#pv] 52
(5.9) De uns tem[pa] c‰. (tempo para)
[pv#tv] 61
(5.10) Aterrorizado o tem[to]do. (tempo todo)
[sv#dv] 67
(5.11) Eu fiz o cur[de] biblioteconomia. (curso de)
[sv#sv] 6
(5.12) No[si]nhora! (nossa senhora)
[tv#dv] 7
(5.14) N†o gos[de] sol. (gosto de)
[tv#kv] 73
(5.15) Tem gen[que] tem aquilo como... (gente que)
[tv#mv] 24
(5.16) Assis[mui]to pouco. (assisto muito)
[tv#pv] 15
(5.17) O que o abor[pó]de gerar. (aborto pode)
[tv#sv] 35
(5.18) A gen[sa]be. (a gente sabe)
[tv#tv] 4
(5.19) A• a gen[ta]va passano. (a gente tava)
[zv#dv] 18
(5.20) Justamente por cau[das] drogas. (causa das)
89
5.2 Velocidade de Fala
A haplologia acontece em qualquer velocidade de fala. Contudo a ocorrência
é maior em fala acelerada. Essa constatação pode ser respaldada pelos dados, e
ainda por Abaurre-Gnere (1981) para quem a velocidade acelerada facilita a redução
fonológica. Entretanto, esse grupo de fatores não foi eleito pela rodada stepping up
do programa, ou seja, a velocidade não é relevante para a realização da haplologia.
Minha hipótese de que a velocidade de fala mais acelerada facilita a produção da
haplologia foi refutada pelo programa, uma vez que o peso relativo com essa
velocidade está próximo do ponto neutro e com valores equiparados entre
velocidade pausada e normal.
Tabela 11
Haplologia e Velocidade de Fala
Grau de liberdade = -707.426 Nível de significância = p < 0.001
Fonte: Dados da Pesquisa
5.3 Acento
O processo de haplologia ocorre com frequência quando ambas as sílabas de
fronteira são átonas. O PCO de Leben (1973) explica as regularidades nos sistemas
tonais que proíbe a sequência de sílabas átonas. Os dados da pesquisa corroboram
com essa teoria. O peso relativo do contexto átono indica probabilidade de
aplicabilidade da regra variável. Dessa forma, o acento atua no processo de
haplologia. Os dados foram tratados no VARBRUL da seguinte forma:
Velocidade
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
Pausada 111/205 54 0.53
Normal 408/594 68 0.52
Acelerada 183/296 61 0.59
90
Tabela 12
Haplologia e Acento
Grau de liberdade = -713.539 Nível de significância = p < 0.117
Fonte: Dados da Pesquisa
O acento fraco favorece mais o processo de haplologia porque teve peso
relativo acima do ponto neutro para contextos em que as duas sílabas são átonas.
os contextos em que a sílaba da direita é tônica, inibem a produção desse
fenômeno.
5.4 Gênero
Os dados indicam que o homem realiza mais a haplologia que a mulher. Isso
corrobora com a teoria de Labov que considera que a mulher tende a usar mais a
variante padrão. No entanto, esse grupo de fatores foi eliminado pelo step down do
programa VARBRUL Por isso, esse fator não tem efeito para a aplicação da variável
pesquisada.
Tabela 13
Haplologia e Gênero
Grau de liberdade = -713.150 Nível de significância = p < 0.074
Fonte: Dados da Pesquisa
Acento
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
Átono 567/869 79 0.69
Tônico 135/226 54 0.56
Gênero
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
Masculino 255/385 66 0.58
Feminino 363/632 57 0.51
91
5.5 Faixa Etária
A faixa etária que mais produz haplologia é a II, que teve um peso bem
elevado em relação às outras faixas. Todavia, os falantes de todas as faixas
produzem o fenômeno porque os pesos relativos das faixas I e III é significativo,
levando em conta que ultrapassaram o ponto de neutralidade. Esses valores indicam
que a faixa etária contribui para a aplicação da regra variável.
Tabela 14
Haplologia e Faixa Etária
Grau de liberdade = -707.219 Nível de significância = p < 0.001
Fonte: Dados da Pesquisa
5.6 Escolaridade
Os três níveis de escolaridade pesquisados contribuem para a aplicação da
da haplologia. A de menor escolaridade contribui mais para a produção desse
fenômeno porque tem um peso relativo alto em relação aos outros níveis. Os
falantes do Ensino Superior são os que menos aplicam a regra.
Tabela 15
Haplologia e Escolaridade
Grau de liberdade = -701.523 Nível de significância = p < 0.000
Fonte: Dados da Pesquisa
Faixa Etária
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
13 a 30 anos (I) 236/425 55 0.59
31 a 45 anos (II) 186/268 69 0.76
46 anos acima(III) 196/324 60 0.67
Escolaridade
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
Ensino Fundamental 236/313 75 0.74
Ensino Médio 174/286 60 0.68
Ensino Superior 292/496 58 0.61
92
5.7 Classe Social
Tabela 16
Haplologia e Classe Social
Grau de liberdade = -707.096 Nível de significância = p < 0.000
Fonte: Dados da Pesquisa
Conforme o peso relativo, qualquer uma das classes sociais pesquisadas
produzem a haplologia. Existe uma diferença pequena entre o peso relativo das
duas classes quantificadas em relação à regra variável. Esse grupo de fatores foi
eliminado no step up/down do VARBRUL. Portanto, é um grupo que não tem
relevância na produção da haplologia.
5.8 Estilo de Fala
Tabela 17
Haplologia e Estilo de Fala
Grau de liberdade = -647.694 Nível de significância = p < 0.000
Fonte: Dados da Pesquisa
Os resultados demonstram que o estilo de fala informal é o que mais favorece
a produção da haplologia. o estilo formal inibe consideravelmente a aplicação da
haplologia.
Classe Social
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
Baixa
429/751 73 0.56
Média
189/266 60 0.53
Estilo de Fal
a
Aplicação
/Total
%
Peso
Relativo
Informal
674/955 70 0.73
Formal
28/140 20 0.23
93
5.9 Relevância dos Fatores na Produção da Haplologia
O programa VARBRUL realizou 61 interações, correlacionando os grupos de
fatores estruturais e não estruturais, realizando várias combinações e estabeleceu
como melhor rodada, a de número 29. Além disso, na rodada 53, eliminou os
grupos que não contribuem para inibir ou favorecer a aplicação do fenômeno
variável.
Desse modo, nos grupos de fatores estruturais, o programa eliminou a
velocidade de fala. Portanto, esse grupo de fatores não é relevante na produção da
haplologia. o contexto consonantal e o acento são relevantes na realização dessa
redução fonológica. Os grupos de fatores não estruturais eliminados foram a classe
social e o gênero. Os grupos de fatores faixa etária, escolaridade e estilo de fala
foram eleitos como favorecedores na aplicação da regra variável.
Como mencionado, esse resultado levou-me a processar separadamente
os grupos eleitos pelo programa para ver se eles continuariam relevantes na
aplicação da variável. O programa não eliminou nenhum dos grupos, confirmando
que esses grupos realmente condicionam a produção da haplologia. Os pesos
relativos obtidos referem-se a esse processamento e estão reunidos na tabela 18
para uma consulta geral.
Tabela 18
Grupos de fatores Selecionados pelo VARBRUL
Fonte: Dados da Pesquisa
Fatores
estruturais
Contexto Consonantal
1 2 3 4 5 6 7 8 n Acento
dd dt td tt nn sd tm/n
outros
nd
P Z
Pe
so
Relativo 0.59 0.69 0.57 0.75 0.90 0.66 0.45 0.89 0.88 0.69 0.56
Fatores não
estruturais
Faixa Etária
Escolaridade
Estilo de
fala
D G V
a b c f i
Peso
Relativo
0.59 0.76 0.67 0.74 0.68 0.61 0.23 0.73
94
Os valores dessa tabela nos permitem afirmar que:
(1) Com exceção do contexto /tv#mv/nv/, todos os contextos favorecem a
aplicação do fenômeno pesquisado;
(2) Os contextos /dv#dv/, /dv#tv/, /tv#tv/ e /t#t/ considerados como os únicos
que favorecem a haplologia por Alkmin e Gomes (1982) e Tenani (2002) são
menos favorecedores da haplologia no sotaque do belo-horizontino que
outros contextos;
(3) O grupo de contextos consonantais agrupados no código 8, que são os
diferentes ou menos semelhantes, favorecem a ocorrência da haplologia;
(4) O contexto /nv#dv/ é relevante considerar que esse contexto está presente
no cancelamento da vogal nos casos de gerúndio com a terminação /no/ e o
encontro de /dv/ como em [ganhandinheiro] = /ganhano dinheiro/ e
[presisande] = /precisano de/;
(5) O contexto da consoante nasal /n/, excluído nas outras pesquisas é o mais
favorecedor da haplologia no português de Belo Horizonte;
(6) O acento átono tem bastante relevância na produção da haplologia;
(7) A faixa etária de 31 a 45 anos é a mais relevante na produção da haplologia;
(8) A escolaridade mais baixa é o fator que mais propicia a produção do
fenômeno estudado;
(9) O estilo informal favorece mais fortemente a produção da haplologia.
5.10 Bloqueio da Haplologia
Nos dados da pesquisa apareceram apenas 28 casos com contexto de
bloqueio para a realização da haplologia, tendo pouca representatividade no total de
dados coletados. Apesar da condição de bloqueio, ocorreu a perda da sílaba em
alguns desses casos. Na maioria deles, o bloqueio foi motivado pela preposição que
antecede um item lexical com contexto de haplologia. Ocorreu um caso em que a
sílaba da esquerda é acentuada, exemplo (5.39):
95
(5.21) Fortuna de dinheiro
(5.22) Programas de debates
(5.23) Falta de descanso
(5.24) Curso de direito
(5.25) De desemprego
(5.26) Quest†o de direito
(5.27) Poder de decis†o
(5.28) Aula de direito
(5.29) Agrado disso
(5.30) In•cio da d•cada
(5.31) Faƒo curso de direito
(5.32) SituaĠo de desvantagem
(5.33) Falta de di‰logo
(5.34) Causa de descuido
(5.35) Gostaria de ter
(5.36) De dever
(5.37) De ter uma relaĠo desrespeitosa
(5.38) Da diversidade
(5.39) T‰ dano
(5.40) No normal
(5.41) Base de tudo
(5.42) Neg‚cio de direito
(5.43) Parei de trabalhar
(5.44) Faust†o dia domingo
(5.45) Uma hora da tarde
(5.46) Falar de Deus
(5.47) NŠcleo de documentaƒ†o
(5.48) De todo
Contudo, houve 3 casos em que a haplologia aconteceu em contexto de
bloqueio:
(5.49) Cuida cada um (de cada)
(5.50) A respeito document‰rios (de document‰rios)
(5.51) ... curso teologia. (de teologia)
A haplologia realizada em contexto de bloqueio um ind•cio de que a PCO
tem muita relev•ncia no apagamento de sequ„ncias de s•labas ‰tonas, aliando-se a
uma fala r‰pida e informal, deixando a s•laba da esquerda vulner‰vel Ž reduƒ†o
fonol‚gica.
96
5.11 Choques e Lapsos Silábicos
A sequ„ncia r•tmica ideal, de acordo com o PAR e a PAPR propostos por
Selkirk (1984) e (1995), [XX], onde (X) s•laba t…nica e (), ‰tona. Se as
fronteiras consonantais prop•cias Ž haplologia t„m uma sequ„ncia [XX], que um
lapso, e o falante produz a haplologia, resulta em uma sequ„ncia ‚tima. Entretanto,
se a sequ„ncia original [XX] e a haplologia ocorre entre [X], ocorre um choque
acentual [XX], com a sequ„ncia de duas ou tr„s s•labas t…nicas.
No exemplo (5.52), a haplologia eliminou o lapso que havia entre a fronteira
das palavras ao cancelar a primeira s•laba ‰tona da sequ„ncia, o que tornou a
sequ„ncia ideal.
[XX
X]
ta
da
no
na
da
(5.53) ... Informante 1: Num ta me da[na]da
X
X
X
ta da
na da
[XXX
]
A haplologia provocou um choque acentual na sequ„ncia sil‰bica de (5.53).
Essa formaƒ†o violou o PAR de Selkirk (1984) que pro•be a sequ„ncia de duas
s•labas fortes.
Conforme Kenstowicz (2005), o ritmo iambo ou trocaico. Quando ocorrem
choques e lapsos, perdem-se essas simetrias.
[X
X] = Lapso
den
tro
da
mi
(5.52) ... Informante 15: den[da] minha
casa.../
X
X
den
da
mi
[X
X
]
97
5.12 Regra variável
A haplologia em fronteria de palavras na frase um fen…meno vari‰vel que
difere da haplologia morfol‚gica, como foi discutido nesse trabalho. O contexto
consonantal que mais favorece a produƒ†o desse fen…meno a igualdade ou
semelhanƒa de traƒos entre as consoantes envolvidas nesse processo, mas o belo-
horizontino o produz com consoantes de traƒos diferentes. Na maioria dos contextos
consonantais a s•laba da direita uma preposiƒ†o. Ocorreram 793 casos com essa
organizaĠo.
Os grupos de fatores estruturais que mais favorecem a produĠo da
haplologia s†o a sequ„ncia de acentos ‰tonos e o contexto consonantal. Quanto aos
grupos de fatores n†o estruturais, a faixa et‰ria, a escolaridade e o estilo de fala s†o
os que mais propiciam a produĠo da haplologia.
Outro fato que um mesmo falante pode produzir a haplologia em alguns
momentos e em outros n†o, como nos exemplos (5.54) e (5.55):
(5.54) ‡ Informante 86: Depende da noite.
(5.55) ‡ Informante 86: Eu sofri um aciden[de] carro.
Os exemplos (5.54) e (5.55) s†o de um mesmo informante. Em (5.54) ele n†o
realizou a haplologia, mesmo o contexto sendo prop•cio; ocorrendo o contr‰rio no
exemplo (5.55). Esses casos remetem a Oliveira (2006, p. 19), ao tratar dos
processos fonol‚gicos e da posiƒ†o sil‰bica, afirma que n†o se pode ignorar a
variaƒ†o intraindividual. Tamb•m, para Cagliari (2002) o aspecto individual deve ser
considerado nesses processos.
Os resultados estat•sticos de relev•ncia para o processo de haplologia
encontram-se na melhor rodada:
Qui
2
= 187.498 Grau de liberdade= -593.964 Nível de significância = p < 0.00.6
98
Esses valores indicam que todos os grupos de fatores selecionados pelo
programa VARBRUL contribuem para ocorrência da haplologia.
5.13 Respostas aos questionamentos e hipóteses iniciais
A haplologia do belo-horizontino é realizada em qualquer contexto
consonantal. Inicialmente, os estudos realizados apontavam que a melhor
justificativa para a ocorrência desse fenômeno, seria a igualdade ou semelhança dos
traços fonológicos. Nos dados coletados para essa pesquisa foram encontradas
haplologias realizadas com traços diferentes. Por esse motivo, entendo que a
sequência de sílabas átonas tem bastante relevância na produção desse fenômeno.
A haplologia é fortemente influenciada pelo PCO de Leben (1973) que, além de
proibir sequências segmentais iguais, proíbe sequências tonais fracas.
No que se refere ao redimensionamento da vogal e da consoante, a teoria de
Nogueira (1958) de que no processo de haplologia, primeiro o apagamento da
vogal para, em seguida, apagar ou não a consoante, respalda a ocorrência da
haplologia com o apagamento da vogal final que se encontra na sílaba da esquerda,
sem apagar totalmente a consoante que se realiza de forma implodida.
A haplologia ocorre em todos os contextos consonantais e prosodicamente,
em sequências de sílabas átonas. Estas exercem forte influência no
desencadeamento desse fenômeno. O belo-horizontino produz a haplologia em
todos os contextos fonológicos estudados por outros autores e também em
contextos diferentes dos estudados, como mostram os dados desta pesquisa. Essa
constatação leva-me a compreender que esse fenômeno afetou todos os contextos
consonantais e tornou-se uma das características do sotaque de Belo Horizonte.
A haplologia é uma variável favorecida pelos fatores sociais porque ela ocorre
mais entre os falantes da faixa etária entre 31 e 45 anos, de escolaridade mais baixa
e em estilo de fala informal. Esse resultado corrobora com Labov (1972, 1984 e
2002) para quem os fatores sociais e estilísticos influenciam no padrão de fala.
Minha hipótese inicial se confirma, uma vez que a realização da haplologia se
relaciona à prosódia. O contexto consonantal também é importante: quando as
sílabas envolvidas no processo são iguais ou semelhantes em seus traços
99
fonol‚gicos h‰ mais ocorr„ncias desse fen…meno. Entretanto, com relaƒ†o Ž regra
de eufonia, minha hip‚tese n†o se confirma: a haplologia n†o uma regra de
eufonia porque h‰ situaƒ‹es em que ela harmoniza o ritmo, mas h‰ outras em que
ela provoca choque acentual. Ela pode ser uma economia lingu•stica porque encurta
segmentos fonol‚gicos.
O contexto social do falante importante na produƒ†o da haplologia, al•m de
suas caracter•sticas sociais individuais, de faixa et‰ria, de escolaridade e
informalidade estil•stica. Ele est‰ inserido em uma comunidade de fala que tem um
‘sotaque” que • percebido por pessoas de outras comunidades de fala.
Assim, posso afirmar que a haplologia o resultado das restriƒ‹es do
Princ•pio do Contorno Obrigat‚rio e do Princ•pio de Altern•ncia Ritmica em interaƒ†o
com a pros‚dia e com os grupos de fatores estruturais e n†o estruturais, resultando
na perda da s•laba ou da vogal final de uma palavra que se junta com a seguinte,
transformando-se em apenas uma palavra pros‚dica.
A haplologia um cruzamento de s•labas de forma a encurtar os segmentos
para realizar uma economia lingu•stica, preservando o sentido denotativo das
palavras envolvidas bem como seus constituintes morfossint‰ticos, uma vez que os
voc‰bulos que se unem no processo s†o identific‰veis.
100
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo pesquisou a haplologia conforme ela ocorre entre os falantes da
cidade de Belo Horizonte, fundamentando-se nas teorias que contextualizam o
fenômeno e na pesquisa de campo. Os informantes que forneceram os dados são
pessoas nascidas ou residentes na cidade por mais de quinze anos. Belo Horizonte
recebe pessoas de várias partes do Estado de Minas Gerais e, por isso, tornou-se
um lugar de falares mineiros com vários tipos de redução fonológicas, entre os quais
se insere a haplologia.
Os dados coletados mostram que a produção desse fenômeno recebe
influências estruturais e não estruturais. Os traços fonológicos iguais ou
semelhantes são muito importantes nesse processo, mas realizações de
haplologia entre sílabas com traços diferentes em sequência de sílabas átonas em
fronteira de palavras. Quando os traços dessas sílabas são iguais ou semelhantes
um favorecimento maior da haplologia, o que significa que ela tem maior
previsibilidade nessas condições, mas este fator estrutural não é o único que
influencia sua realização. Os grupos de fatores acento e estilo de fala, bem como os
fatores sociológicos idade, escolaridade e informalidade influenciam a ocorrência da
haplologia.
Esse fenômeno é um processo que evita sons repetidos, melhorando a
combinação fônica das sílabas no enunciado, mas também pode piorá-la, causando
choque acentual ao apagar uma sílaba fraca que se posiciona entre duas fortes.
Pude notar na revisão bibliográfica desta pesquisa que os trabalhos mais
relevantes sobre o tema com foco no âmbito da sentença no PB, foram escritos a
partir de 1982, iniciado pelas autoras Alkmin e Gomes (1982), vinte anos depois por
Tenani (2002), depois por Battisti (2005), Pavezi (2006) e Leal (2006). Esses
trabalhos foram contribuições muito importantes para a realização desta dissertação
que aponta que a haplologia pode acontecer quando se apaga apenas a vogal,
desde que a consoante remanescente do processo tenha uma pronúncia muito
breve, isto é, implodida. Essa constatação corrobora com a teoria autossegmental
de Kahn (1976) autor para quem no apagamento de um segmento, nem sempre
todos os traços desaparecem. Além disso, o cancelamento de sílabas adjacentes
101
em fronteira com traços diferentes, mesmo ocorrendo com pouca freqüência, tem
peso relativo alto, é considerado por esta pesquisa como haplologia. Nessa
situação, o processo de apagamento silábico é favorecido por outros fatores
estruturais e não estruturais que contribuem para a sua realização.
Concordo com Oliveira (2006) ao afirmar que é preciso pesquisar a respeito
da percepção do falante e do ouvinte. Ao realizar essa pesquisa, inicialmente tive
dificuldades em perceber as haplologias. Foi preciso ouvir as gravações várias
vezes. No ato da entrevista, não percebi a maior parte das realizações do fenômeno
que era de meu interesse. Também, percebi que os falantes não percebiam que o
produziam.
A partir da análise dos resultados, percebi que os falantes de Belo Horizonte
em sua maioria, têm um sotaque carregado de reduções fonológicas, dentre as
quais se inclui a haplologia. Essa forma de falar é um estilo peculiar belo-horizontino,
sendo um dos aspectos inerentes ao sotaque utilizado pelos falantes da cidade.
Tendo em vista que a haplologia é uma variável linguística, foi importante
pesquisar os falantes para identificar as influências linguísticas e extralinguísticas
que resultam nesse fenômeno, bem como saber quais são as características da
haplologia no português de Belo Horizonte. Dessa forma, penso que esse trabalho
pode contribuir para pesquisas que tratam sobre o modo de falar do mineiro. Além
disso, esta pesquisa pode ser mais uma fonte de estudos para outros trabalhos que
identifiquem como ocorrem as haplologias em mais regiões do país. Ao realizar esse
trabalho, constatei que os existentes não abarcam o Brasil inteiro. As pesquisas
que existem, mostram como ocorre a haplologia em São José do Rio Preto, São
Paulo e Capivari (SP) e Porto Alegre (RS). Agora, Belo Horizonte (MG) também
possui uma pesquisa com esse tema.
102
REFERÊNCIAS
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como •ndices de padr‹es pros‚dicos diversos nos estilos formal e casual do
portugu„s do Brasil. In.: Cadernos de Estudos Linguísticos, n. 2, Campinas:
UNICAMP, 1981, p. 23-44.
ABAURRE, Maria Bernadete Marques. As diferenças rítmicas entre o português
europeu e o português brasileiro: uma abordagem otimalista e minimalista. S†o
Paulo: DELTA, v. 14 n. 2, 1998. Dispon•vel em: www.scielo.br/scielo.php. Acesso em
20/09/2006.
ABAURRE, Maria Bernadete Marques. Dados da escrita inicial: ind•cios de
construƒ†o da hierarquia de constituintes sil‰bicos? In: Aquisição de língua
materna e de língua estrangeira: aspectos fon•tico-fonol‚gicos. Pelotas:
EDUCAT/ALAB, 2001. p. 63-83. Dispon•vel em: http://www.cchla.ufpb.br/proling/
pdf/bernadete/bernadete04. pdf. Acesso em 29/11/2007.
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limite de palavra. In: VEADO, R. M. A.; ALVARENGA, D. (Org.) Ensaios
delinguística cadernos de lingu•stica e teoria da literatura. Belo Horizonte:
Letras/UFMG, n. 7, 1982. p. 43-70.
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109
AP•NDICES
AP•NDICE A Dados dos Informantes
I
NFORMANTE
IDADE
ESCOLARIDADE
GEN.
P
R
PB
B
BR
1
54
EF
F
11
11
0
0
0
2 49 EF F 4 2 0 0 0
3
44
ES
F
10
4
0
0
0
4 16 EM M 7 5 0 0 0
5
21
EM
M
15
5
3
2
1
6 44 EF F 30 28 0 0 0
7 15 EM F 8 5 0 0 0
8
39
ES
F
7
6
0
0
0
9 20 EM M 6 6 0 0 0
10
42
ES
F
4
1
0
0
0
11 40 EM F 9 8 0 0 0
12
28
ES
F
11
1
0
0
0
13 48 ES M 8 5 0 0 0
14 42 ES F 12 2 2 2 0
15
30
ES
F
26
16
0
0
0
16 60 ES M 12 12 0 0 0
17
32
EF
F
13
6
0
0
0
18 47 EM M 17 15 0 0 0
19
53
EM
F
22
18
1
1
0
20
41
ES
F
12
11
0
0
0
21 25 ES F 13 9 0 0 0
22
15
EM
F
6
5
0
0
0
23 42 EM F 6 6 0 0 0
24
50
EF
F
22
21
0
0
0
25 15 EF M 12 10 1 1 0
26
38
ES
F
6
6
0
0
0
27
55
ES
F
15
12
1
1
0
28 42 ES M 5 5 1 1 0
29
56
ES
F
10
5
0
0
0
30 29 ES F 5 5 0 0 0
31
46
ES
F
21
17
0
0
0
32 48 ES M 8 5 0 0 0
33 42 ES M 8 5 0 0 0
34
34
ES
F
5
5
0
0
0
35 30 ES F 6 6 0 0 0
36
32
ES
F
5
5
0
0
0
37 35 ES F 9 6 0 0 0
38
30
ES
F
15
13
1
1
0
39
18
EM
M
9
6
0
0
0
40 24 ES M 21 10 0 0 0
41
16
EM
M
7
4
0
0
0
42 46 ES M 17 10 2 2 0
43
20
ES
F
14
3
0
0
0
44 23 ES M 11 5 2 2 0
45
24
EM
M
9
5
0
0
0
110
INFORMANTE IDADE ESCOLARIDADE GEN. P R PB B BR
46
26
ES
F
18
14
1
1
0
47 23 EM F 9 5 1 1 0
48
24
EF
M
23
18
0
0
0
49 22 EM F 9 8 0 0 0
50 59 EF M 17 17 0 0 0
51
37
EM
M
5
5
0
0
0
52 15 EF M 10 9 0 0 0
53
34
EM
F
24
20
1
1
0
54 39 ES M 11 10 0 0 0
55
18
ES
M
18
16
0
0
0
56 53 ES F 32 2 4 4 0
57 30 ES F 25 17 3 3 0
58
13
EF
F
18
16
0
0
0
59 73 EM F 14 7 0 0 0
60
13
EF
F
3
3
0
0
0
61 18 EM F 8 7 1 1 0
62
16
EM
F
14
11
0
0
0
63 13 EF F 13 12 0 0 0
64 35 ES M 7 7 0 0 0
65
15
EF
M
14
11
0
0
0
66 17 EM M 11 10 0 0 0
67
50
ES
F
17
15
0
0
0
68 18 ES M 11 5 0 0 0
69 22 ES M 5 1 0 0 0
70 13 EF F 25 11 0 0 0
71 50 EM F 11 6 3 2 1
72
54
EF
F
18
18
0
0
0
73 59 EF M 21 20 3 2 1
74
42
EF
F
9
4
0
0
0
75 17 EM F 20 4 3 3 0
76 53 EM M 10 9 0 0 0
77 44 EF F 19 18 0 0 0
78 44 EF M 3 3 0 0 0
79
44
ES
M
12
11
0
0
0
80 22 EF M 6 5 0 0 0
81
52
EM
F
10
9
0
0
0
82 34 EF F 5 4 0 0 0
83 50 EF F 9 9 0 0 0
8
4
38
EF
F
6
5
0
0
0
85 50 EF M 7 7 0 0 0
86
27
EM
M
10
8
0
0
0
87 61 EM M 14 0 4 4 0
88 48 ES F 16 9 0 0 0
89 50 EM F 21 11 2 1 1
90 16 EM M 21 21 1 1 0
111
AP•NDICE B Dados com CodificaŠ‹o para o Varbrul
INFORMANTE 1
(R1CPMVaYi Num tem necessidade pagar
(R1CZMVaYi cair numa velocidadessa
(R5CZMVaYi num ta mi danada
(R1CPMVaYi o carro saiu um Chevette na estradeterra
(R3CZMVaYi eu sou a favor do abordessas pessoas
(RnCPMVaYi isso é ignorança mesda pessoa
(R4CZMVaYi adolescentinha
(R3CPMVaYi o direide trabalhar de carteira assinada
(R3CZMVaYi eu gosdeles por causa disso
(R3CZMVaYi eu tenho que fazer o gosdeles
INFORMANTE 2
(R2AZFVaYi ah, quanta todo mundo reunido,
(R1APFVaYi um lugar que eu tenho vontade conhecer é Santa Catarina
(N1APFVaYi vai afastando as pessoas que têm vontade de ir assistir o jogo
(N3APFVaYi as crianças não têm o direito de brincar na rua mais
(R2AZFGcYf minha família totem convênio médico
INFORMANTE 3
(N8BZFGcYf o maior desafio é arrumar tempo para dar atenção a ...
(N1BPFGcYf gostaria de conhecer uma cidade do Sul
(N1BPFGcYf você tem medo das pessoas
(N1BPFGcYf não têm muita boa vontade... de
(N4BPFGcYf muito trabalho
(R1BPFGcYf eu tinha vontade mandar a visita embora
(R1BPFGcYf as pessoas têm mede você
INFORMANTE 4
(R1APMDbYi ah eu tenho vontade morar na Inglaterra
(R4AZMDbYi a gentava passano
(R1APMDbYi eu tenho vontade morar na Inglaterra
(R3APMDbYi eu gosde desenhos, esporte, animal
(N3APMDbYi eu gosto de Belo Horizonte
INFORMANTE 5
(R8APMDbYf você tem um estilde moda mais casual
(N3APMDbYf a gente ia acampar numa praça perto da cidade
(R4AZMDbYf o país que colonizou o Brasil estipo de coisa assim
(R1APMDbYf para eles poderem estar engajando no mercade trabalho
(N1AZMDbYf tem mercado de trabalho
(N3AZMDbYf para fazer parte de até mesmo que seja subconsciente
(N3AZMDbYf em qualquer evento de massa conflitos
112
(N2AZMDbYf o brasileiro nasce com essa rivalidade toda
(N3AZMDbYf continua o orgulho e a crença a respeito disso
(R1APMDbYf ela corrompe a sociedade certo modo
(N7APMDbYf eu não gosto muito da televisão
(N3APMDbYf eu não gosto muito da televisão
(N3APMDbYf ela é uma mídia que não te muito o direito de participar
(N3APMDbYf eu gosto de programas de debate
(N3APMDbYf A respeito de cultura
(R3APMDbYf diferende outros países que eu assisto na National Geographic
(N1APMDbYf as cidade de Minas em geral ela oferece isso
(R8AZMDbYf viajam e passo temtodo em Minas
INFORMANTE 6
(R8CPFGaXi três hora da manhã inpo dentista
(R3CPFGaXi cheguei ali perda padaria
(R3CPFGaXi perda dona Carmela
(R1CPFGaXi um moço tode preto apertou o passo
(R3CPFGaXi nós encontramo com um vizinho la perde casa
(R1CPFGaXi eu sempre viajo para Aparecido Norte
(N1CPFGaXi eu tenho medo de água
(N3CZFGaXi eu gosto muito
(R1CPFGaXi da Aparecido Norte
(R1CPFGaXi tenho muita vontade conhecer o México
(R3CPFGaXi eu gosto muindaqui
(R8CPFGaXi eu não gochi lugar pequeno
(R1CPFGaXi eu tenho muito meda violência
(R8CPFGaXi o povo ta gostano mêrda violência
(R5CPFGaXi eu to sempre pona cabeça dele
(R3CPFGaXi ninguém tem o direide fazer isso não
(R8CPFGaXi eu põe a mão no fopor ele
(R1CPFGaXi acho que num podescuti religião não
(R8CPFGaXi nosinhora
(R3CPFGaXi também tem projeto na parda tarde
(R1CPFGaXi não tenho vontade mudar para outro lugar não
(R3CPFGaXi eu gosde belorzonte
(N1CPFGaXi eu tenho medo de água, meus menino
(R3CPFGaXi pra comprar alguma coisa pra colocar dende casa
(R3CPFGaXi os pais começam brigando dende casa
(R3CPFGaXi eu não gosde sol
INFORMANTE 7
(R1BPFDaYi eles ficam sem vontade ensinar
(R3BPFDaYi sou contra o aborto porque ninguém tem o direide
(N1BPFDaYi tirar a vida de uma criança
(N7BPFDaYi de televisão eu gosto muito da de novela
(N3BPFDaYi de televisão eu gosto muito da de novela
(N3BPFDaYi gosto do programa Pânico que é um programa de humor
(N3BPFDaYi gosto de Fantástico também
113
INFORMANTE 8
(R1BZFGcYi ela que levar isso pro estadela
(R1BZFGcYi ela quer puxá a sardinha pro lado estadela
(R1BPFGcYi a gente tem mede tudo
(R3BPFGcYi eu gosdos que falam de saúde
(R3BPFGcYi não, não gosdo programa du Datena porque ele é irritante
(N1BPFGcYi eu vou pra faculdade de manhã
INFORMANTE 9
(R1BPMDbXi eu tenho muita vontade conhecer
(N3BPMDbXi falta de interesse do jovem
(N1BPMDbXi medo de ser assaltada
(N1BPMDbXi os jogadores vão ganhar uma fortuna de dinheiro
(N3BPMDbXi eu gosto do Jornal Nacional
INFORMANTE 10
(N3BPFGcYf Eu gosto muito de frio,
(R3BPFGcYf não gosdi sol nem um pouquinho.
(R3BPFGcYf Os pais começam briganu dendi casa.
(R3BPFGcYf ...dinhero pra comprar alguma coisa pra colocar dendicasa.
(R1BPFGcYf Eles ficam sem vontade einsinar.
(R1BPFGcYf ninguém tem o direide tirar a vida de uma criança.
(N3BPFGcYf De televisão eu gosto muito da de novela.
(N3BPFGcYf Gosto do programa Pânico que é um programa de humor.
(N3BPFGcYf Gosto de Fantástico também.
INFORMANTE 11
(R3BPFGcYi gostaria de morar perda Floresta Amazônica
(N1BPFGcYi é estar com medo de sair nas ruas
(R1BPFGcYi e viajar Fernande Noronha
(R3BPFGcYi ou então no litoral perdo mar
(R8BZFGcYi eu gosmuito de mar
(R3BPFGcYi eu gosde mar
(R4BPFGcYi eu não assistelevisão
(R4BPFGcYi é por isso que eu não assistelevisão
(R3BPFGcYi ah, eu não gosde futebol
INFORMANTE 12
(N3APFDcYi dentro da família falta os objetivos em comum
(N3APFDcYi eu acho que é falta de amor
(N3APFDcYi ultimamente eu tenho tido a sorte de meu pai vir me buscar
(N3APFDcYi tem muito lugar aqui dentro do Brasil que
(R1APFDcYi o Sul do Brasil eu tenho curiosidade conhecer
(N1APFDcYi eu acho que o exemplo ta vindo de casa
(N1APFDcYi ta vindo da família
114
(N3APFDcYi alguma coisa pendente da faculdade
(N1AZFDcYf em virtude dessa
(N3APFDcYf falta de tempo
INFORMANTE 13
(R8AZMVcYf chega e agenão ...
(R1APMVcYf vontade sair
(R3APMVcYf eu acho que a pessoa tem o direide escolher
(R3APMVcYf eu não gosde futebol
(N3APMVcYf se você andasse no centro da cidade
(R8AZMVcYf porque eu gosmuide dança, porque
(R8AZMVcYf eu gosmuide dança
(N3APMVcYf eu gosto da cidade
(N3APMVcYf eu gosto de ensinar
INFORMANTE 14
(N8AZFGcYf a gente sabe que falta
(N1APFGcYf qualidade de vida para a maioria da população
(N3APFGcYf falta tempo de descanso
(N8APFGcYf a gente não pode dizer que não cabe ao governo
(N3APFGcYf eu gosto de cidades menores
(N3APFGcYf gosto de cidades menores
(R3APFGcYf eu gosde cidades assim
(N3APFGcYf a falta de esperança
(N3APFGcYf ... é resultado de estupro
(N3AZFGcYf é bacana também ser objeto dessa fidelidade
(N1APFGcYf eu entendo a paixão, principalmente na idade da adolescência
(N3APFGcYf o jovem gosta de competir
(R1APFGcYf no mínimo eu ia melhorar minha qualidade leitura
(N8APFGcYf a oportunidade ... de estar fazendo o Curso de direito...
INFORMANTE 15
(R1BPFGcYi denda minha casa...
(R1BPFGcYi é uma oportunidada gente
(R3BPFGcYi eles trazerem os amigos para denda minha casa.
(N3BPFGcYi Falta de orientação...
(N1BZFGcYi a gente estava fazendo uma discussão muito grande disso
(N3BPFGcYi dentro da cognição
(N3BPFGcYi dentro da
(N1BZFGcYi capacidade dele
(R3BPFGcYi entrou dendo meu carro e levou
(R1BPFGcYi fiquei com medos bandidos voltar
(R3BPFGcYi ao mesmo tempo que foi um momento muidifícil
(R4BPFGcYi eu me senti muitranquila...
(R8BZFGcYi e eu estava me sentimuidespreparada
(R3BPFGcYi senti muidespreparada
(N1BPFGcYi a gente estava sem ajuda de ninguém
115
(N1BPFGcYi eu sempre tive muita vontade de ir para uma cidade ...
(N1BPFGcYi numa idade que não para a gente ficar muito distante dela
(R3BZFGcYi gosdessa região montanhosa
(R3BPFGcYi denda minha
(R3BPFGcYi dendas coisas que eu penso
(R3BPFGcYi se a gente pudesse falano sobre essas questões dendescola
(R8BZFGcYi o que o aborpode gerar
(R3BPFGcYi o pobre faz isso denda casa dele
(N3BPFGcYi às vezes faz por falta de informação
(N3BPFGcYi por falta de consciência
(R8BZFGcYi acha que a genvai incorporar
(N3BPFGcYi a gente estuda dentro daquilo que acredita
(R3BPFGcYi eu não tenho preconceide nenhuma
INFORMANTE 16
(R3APMVcXi a educação vem antes do nascimentdo filho
(R3APMVcXi é da minha dificuldade locomoção
(RnAZMVcXi a violência ta partindeste ponto
(RnAPMVcXi o melhor plande saúde é o SUS
(R3APMVcXi eu não gastei um centavo dendo hospital
(R3APMVcXi esse tava na estando meu filho
(R3APMVcXi são pessoas de dentda Globo que participam
(R3APMVcXi até dendo banco
(R8APMVcXi eu tinha oito anos de idade no tempdos bondes
(R1APMVcXi uma das grandes reportagens do momento é a chegados japoneses
INFORMANTE 17
(N3BPFGbXi um desafio é a falta de estrutura das pessoas
(R3BPFGbXi foi um acidende carro
(N5BZFGbXi eu fiquei duas semanas pensano nisso
(R3BPFGbXi levou a bicicletdo Marcos
(R3BPFGbXi é uma vida que ta denda gente
(N3BPFGbXi eu gosto de filme
(R8BPFGbXi todo mundo fica sabenda vida de
(N1BPFGbXi vida de todo mundo
(N2BZFGbXi de todo mundo
(R3BPFGbXi o trânsitde Belo Horizonte
(N3BPFGbXi você tinha que prestar conta do seu ensino
(N3BPFGbXi é arte de se cortar um papel e colar
(N3BPFGbXi pinto latinha de extrato de tomate
INFORMANTE 18
(R3APMVbXi tudo isso entra no contexda união de família
(R4APMVbXi enquantiver droga com certeza vai ter violência
(R8APMVbXi tem aquele que quer um emprego e
(N8APMVbXi tem aquele que quer um serviço
(R6APMVbXi eu pensda seguinte forma
116
(RnAPMVbXi eles é que tão ganhandinheiro
(R6APMVbXi isso vai da cabede cada um
(R3APMVbXi roubaram minha bicicleta dende casa
(R8APMVbXi a violência está muita e justamente por caudas drogas
(R8AZMVbXi eu gosmuide comédias
(R3APMVbXi muide comédias
(R3APMVbXi é lógico que é denda
(R1APMVbXi capacidada gente
INFORMANTE 19
(N4APFVbXi pela situação que a gente ta pasanagora
(N3APFVbXi eu acho que é falta de
(N3APFVbXi falta de amor
(N3APFVbXi falta de conhecimento da palavra de Deus
(R8AZFVbXi o Adaubersempre fala
(N3APFVbXi foi por conta de desemprego que eu procurei um emprego
(N1APFVbXi a gente tem que depender da ajuda de outras pessoas
(N3AZFVbXi dendela você não sabe se ela está sendo infiel
(R8AZFVbXi está me deixantriste
(RnAPFVbXi falandemais
(R1AZFVbXi num tem necessidadisso não
(R8AZFVbXi isso é mesné
(RnAZFVbXi eu agora vou ter que ficar cuidandele
(R8APFVbXi não deixde ir à igreja
(R1APFVbXi vontade fazer tudo num tempo
(R8APFVbXi fiquei no lugar da Carno consultório
(R3APFVbXi tem dia que eu gosde sair
(R3APFVbXi pensou ficar na frenda televisão
(R8AZFVbXi hoje mestava lembrando
(R1AZFVbXi todia a mesma coisa
INFORMANTE 20
(R8BPFGcYi ele era muiparecido com um rapaz
(R3BPFGcYi falei com uma irmã minha que estava perde mim
(N3BZFGcYi eu cheguei perto dele e falei
(Rn BPFGcYi ela vai criandesafios pra gente
(R8BPFGcYi o Rodrigo não foi uma gravidez muiplanejada
(R3BPFGcYi ela gosta muide chegar de madrugada
(R8BPFGcYi tenho que segurar pra não brigar tofim de semana
(R4BPFGcYi ele é de uma família muitradicional
(R3BPFGcYi eu gosde estudar
(R4BPFGcYi qualquer otrabalho que eu fosse fazer
(R1BPFGcYi essa necessida que a gente tem
117
INFORMANTE 21
(R8APFDcYi eu tava intrabalhar
(N3APFDcYi eu caí dentro do ônibus
(R3APFDcYi eu gosda cultura egípcia
(R1APFDcYi eu tenho vontade conhecer as pirâmides
(N8APFDcYi eu gosto de viver em Belo Horizonte
(R1APFDcYi e nem sempre conhece todos os bairros da cidade Belo Horizonte
(R1APFDcYi é vantajoso por isso, facilidade chegar aos locais
(N6APFDcYi no caso dos transgênicos ...
(N8APFDcYi é feito também
(R8APFDcYi eu acho bacana desque seja utilizada por pessoas sérias
(N3APFDcYi a parte de animal que eu gosto
(R3AZFDcYi eu não gosdessa parte
(R2APFDcYi a gente potirar um raminho
(R1APFDcYi não é tão tranquilo dependenda região
INFORMANTE 22
(R3CPFDbXi dende sala eu converso pra caramba
(R2CPFDbXi se Deus colocou no mundo o homem num potirar
(N3CZFDXi eu não gosto muito de ler não
(N3CPFDbXi muito de ler não
(R8CPFDbXi fazenfaculdade
(R1CPFDbXi a cidade Belo Horizonte acho ela muito boa
INFORMANTE 23
(R8CPFDbXi o desafio desques nascero foi a dificuldade financeira
(R8CZFDbXi a pessoa coloca muito fino mundo e ta difícil
(R2CPFDbXi o custo de vita muito caro
(N3CPFDbXi o custo de
(R2CPFDbXi custo de vita muito caro
(R2CPFDbXi e o munta muito violento
(R3CPFDbXi a gente fica preocupado denda escola
(R8CZFDbXi uma está crescenmenos que a outra
INFORMANTE 24
(R8BPFVaXi quando eu moraqui era mais calmo
(R3BZFVaXi deu para ela comprar o apartamendela
(R8BPFVaXi a desvantagem é esse perique a gente ta correndo hoje
(N4BPFVaXi aqui a gente tem emprego
(R8BPFVaXi eu acho desque ta gerando
(N1BPFVaXi é muita palhaçada de briga
(R6BPFVaXi por causde futebol
(R8BZFVaXi joga os alimené no chão
(N3BPFVaXi às vezes a gente da fruta esfica jogano é querra
(N2BPFVaXi a vida ta deixando eles assim.
(R2BPFVaXi às vezes novela quantem tempo
118
(R5BPFVaXi ai meu Deus, eu num to lembranão
(R8BZFVaXi eu assismuito pouco.
(R8BPFVaXi eu até gosquela ora por mim
(R3BPFVaXi levande manhã e faço café
(R8BZFVaXi deistudo pronto
(R8BZFVaXi deistudo arrumado
(R1BPFVaXi cuida sala dos professor
(R8BPFVaXi mujica é feicom farinha de milho, carne e legume
INFORMANTE 25
(R6CPMDbXi tem negosde primeiro emprego
(R6CPMDbXi esse negodo emprego mesmo
(R8CPMDbXi dos prosfamiliares
(N3CPMDbXi é muito difíci muidifícil
(R3CPMDbXi muidifícil
(R8CPMDbXi eu mesnem vo ni jogo
(N1CPMDbXi para incentivar o jovem a entrar no mundo das drogas
(R8CZMDbXi seu fita conversanmuito
(R8CZMDbXi seu fita
(R8CZMDbXi um jeito mais engraçado colocancenas de outros filmes
INFORMANTE 26
(R8CZFGcYi a gente coloquantos biscoitos
(R8CPFGcYi quanspacotes de arroz
(R8CPFGcYi ela deve precisar de fralquela não vai mais andar
(R5CPFGcYi escrevena pauta
(R1CPFGcYi vão deixar tudecidido para depois.
INFORMANTE 27
(R3CPFVGcYi extrato de tomate
(R1CPFVcYi e uma lade doce
(R3CPFVcYi eu gosdos dois
(R8CPFVcYi estão querensaber
(N3CPFVcYi eu gosto tanto do seu trabalho
(N3CPFVcYi eu não gosto da instituição
(N1CPFVcYi isso é uma questão de direito
(R3CPFVcYi não muda o ambiende trabalho também
(RnCPFVcYi to precisandembora
(R3CPFVcYi sem aumende serviço
(R5CZFVcYi poupança num ta danada
(N2CPFVcYi a melhor época de tirar
(R2CPFVcYi é quanta bom
(RnCPFVcYi também to precisande ir
119
INFORMANTE 28
(R5BZMGcYi a mininum vai andar mais não
(N1BPMGcYi a gente estava vendo a possibilidade de uma maior sintonia
(N3BPMGcYi trazer a proposta da ideia
(R1BPMGcYi ele estava numa ansiedadanada
(N1BPMGcYi a gente precisa ter poder de decisão
INFORMANTE 29
(R4BPFVcYi quando a gentiver pra baixo tem que ter um
(N1BPFVcYi a dificuldade da gente é acompanhar
(R8BPFVcYi isso também é um poucomplicado
(N4BPFVcYi é uma coisa que a gente tem que buscar
(N3BZFVcYi eu te garanto que da parte dela está resolvido
(N8BZFVcYi da parte
(R8BPFVcYi ta precisande uma licença
(R8BZFVcYi o minifica berrano...
(N1BPFVcYi Ele tem muita vontade de vida.
(N3BPFVcYi O vinte de setembro é um dia letivo.
INFORMANTE 30
(R3BPFDcYi você faz porque você gosdaquilo
(N8BZFDcYi gosto muito da equipe
(N3BPFDcYi muito da equipe
(R8BPFDcYi eles sabem o meu cuidacom os meninos
(R3BPFDcYi eu não gosde cobrar e nem de ser cobrada
(R8BPFDcYi mas não vai de jeinium
INFORMANTE 31
(R8BPFVcYi para ver se está tucertinho
(R8BPFVcYi ele tem que fazer um requerimenpedido
(N1BZFVcYi é melhor dar a segunda oportunidade dele
(R8BZFVcYi o resultapara o aluno
(R3BPFVcYi a lei prevê que ela procure a escola dendos prazos
(N3BPFVcYi o que que ela tem que fazer
(N3BZFVcYi dentro desses prazos
(R8BPFVcYi ela está dizendo com o atestaque ta numa situação especial
(R8BZFVcYi o aluno pode faltar vinte e cinpor cento
(R1BPFVcYi perdeu a oportunidadela de fazer a prova
(R6BPFVcYi vamos resolver isdepois
(R8BZFVcYi quanto que isso vai afetar o aprendizadele
(R3BPFVcYi os alunos ficam ociosos denda escola
(RnBZFVcYi eu posso falar em nodela porque ela pediu pra executar
(R8BPFVcYi Nas reuniões do proxisemestre o presidente vai estar conosco.
(R5BPFVcYi Eu estava ajudano a procurar, mexenos processos...
(R3BPFVcYi, bem ali no cenda cidade industrial.
(R8BPFVcYi Temos a vantagem de ter mais temno mercado.
120
(N1BPFVcYi Não deixa de ser uma experiência na vida da gente.
INFORMANTE 32
(N1BZMVcYi não queremos que vocês fiquem o tempo todo verificando e-mails
(R8BPMVcYi esse cuidacada um tem que ter
(N3BPMVcYi fazemos parte de um
(N8BPMVcYi grupo de trabalho
(R8BZMVcYi eu não concorquando um professor fala assim
(R8BPMVcYi dividipor cinco não vai dar em nada
(R1BPMVcYi ele tem a disponibilidade entrar
(R5BZMVcYi Para vocês estarem colaboranesentido
(R8APMGbYi nesentido
(R1BZMVcYi á é uma possibilidadela
INFORMANTE 33
(R6APMGcYi não tem esse negosde papel não
(N4AZMGcYi a gente tenta responder ao máximo
(R8APMGcYi ele é um alucomplicado
(N1APMGcYi talvez tenha necessidade de ter um outro momento
(R1APMGcYi o aluno não tem necesside fazer um requerimento
(R8AZMGcYi a genjá colocou essa ausência dela
(R8APMGcYi esses assunque são polêmicos ela deveria estar junto
INFORMANTE 34
(R8APMGcYi se ficalata aprovado
(R4APMGcYi calata aprovado
(R3APMGcYi uma prova bem feita denda matéria dada
(R3APMGcYi eu gosdemais
(R8APMGcYi acontesiguinte
(R1APMGcYi o turno da noite foi deixade lado
INFORMANTE 35
(R3CPFDcYi ele ainda tem o direide fazer
(R8CZFDcYi a gensabe que ele não está aqui
(R1CZFDcYi ele teve a oportunidadele
(R3CPFDcYi ta dendo
(R3CZFDcYi direidele
(R1CPFDcYi eu dependo meu conteúdo
INFORMANTE 36
(R1BZFGcYi poderia te todo mundado a sua avaliação
(R1BZFGcYi ele vai ser reprovade qualquer maneira
(R8BPFGcYi ele trouxe o corde bombeiro
(R8BZFGcYi ela está faltandesde o início
121
INFORMANTE 37
(R8APFGcYi eu fui apaixonapor uma pessoa
(N8AZFGcYi eu gosto muito dele ainda
(N3AZFVcYi muito dele ainda
(R8APFGcYi eu terminei meu cursuperior
(R8APFGcYi até mesmo para estar inpra faculdade
(R8AZFGcYi pra toslados acho que ta a mesma coisa
(N3APFGcYi falamos muito da infância
(N8APFGcYi minha mãe precisa de ajuda especial
INFORMANTE 38
(N1BZFDcYi estar numa cidade desse porte
(N2BZFDcYi você tem todo tipo de poluição
(N8BPFDcYi de poluição
(R8BPFDcYi eu num gostade estudar
(R8BPFDcYi vou contar pra você um casde constrangimento que eu passei
(R3BPFDcYi eu tenho tandesejo de ir
(R3BPFDcYi ele promove de uma denda família
(R1BPFDcYi uma pessoa que fica desempregadurante um certo período
(N8BPFDcYi ela pode passar a ter hábitos que não é da índole dela
(R3BPFDcYi desemprego trazer trabalhos informais pra denda sociedade
(R1BZFDcYi dendesses trabalhos informais a gente tem vários
(N4BPFDcYi a gente tem vários
(R3BPFDcYi passou a ser uma profissão informal denda miséria
(R3BPFDcYi é um momende lazer fácil de conseguir
(R8BPFDcYi um belo dia eu tasentada
(N1BPFDcYi eu tive aula de direito ambiental
(R1BPFDcYi viver em Belo Horizonte para mim é tudibom
INFORMANTE 39
(R8APMDbYi era mensmovimentado
(R3APMDbYi é mais ou menos perda Pampulha
(R1APMDbYi eu tenho vontade ir
(R3APMDbYi vai ser muidifícil de tirar
(N2APMDbYi de tirar
(N3APMDbYi tem salão no centro da cidade
(R8AZMDbYi prova valendez eu tirava oito
(N6APMDbYi é difícil de conscientizar.
(N3APMDbYi eu gosto bastante daqui
INFORMANTE 40
(N1BPMDcYi foi uma viagem que eu fiz pra a cidade de
(N1BPMDcYi Piedade dos Gerais
(N3BPMDcYi foi no dia sete de setembro DE 2006
(N4BPMDcYi conheci uma gruta também
(R6BPMDcYi foi gostosdemais a viagem
122
(NnBZMDcYi acabamos esqueceno dessa vida simples
(N4BPMDcYi eu me diverti bastante também
(R3BPMDcYi vamos agora em setesetembro
(N4BPMDcYi nessa data tem festa
(R8BPMDcYi tem outras coistambém de alimento
(N3BPMDcYi no centro de Piedade dos Gerais existe sim
(N1BPMDcYi Piedade dos Gerais
(R3BPMDcYi o cenda cidade é maravilhoso
(N3BPMDcYi onde eu estava é distante da cidade
(RnBPMDcYi esqueci o noda cidade agora
(R1BPMDcYi era uma cidado lapróximo
(R8BZMDcYi do lapróximo
(N8BZMDcYi eu gosto muito
(R1BPMDcYi eu faço faculdade administração
(N3BPMDcYi eu gosto de trabalhar com pessoas
(N3BPMDcYi buscando o melhor para a minha família dentro daquilo que...
(N1BPMDcYi eu não trocaria Belo Horizonte por nenhuma cidade do mundo
INFORMANTE 41
(R1BPMDbYi essa pressa pra viver não combina com a cidade Belo Horizonte
(R3BPMDbYi tinha uma fesde quinze anos
(R8BPMDbYi o ônibus tava esperanla na BR
(R8BPMDbYi todo muncansado da festa
(N2BZMDbYi aquelas que todo mundo tem
(N1BPMDbYi vontade de conhecer
(N1BPMDbYi eu gosto de futebol
(R3BPMGcYi eu tava dendo ônibus quando eu vim
INFORMANTE 42
(R3BPMGcYi eu tava com minha tia dendo ônibus
(N8BZMGcYi eu gosto muito de plantas
(R3BPMGcYi saímos pra comemorar num bar perde Gutierrez
(N1BZMGcYi eu não agrado disso
(R2BPMGcYi sentambém nem a família nem o próprio aluno
(N3BPMGcYi não está dando conta de nada
(R8BZMGcYi por atos de selvageria tinha que ser suspensim
(N3BPMGcYi gosto de ler
(N3BPMGcYi gosto de andar
(N3BPMGcYi eu gosto de leitura de entretenimento mesmo
(R3BPMGcYi denda minha área
(RnBPMGcYi mesde português
(R1BPMGcYi na época que eu entrei para fazer Faculdade Letras
(N1BPMGcYi ela foi do início da década de 80
(N1BZMGcYi da década
(N8BZMGcYi não gosto muito dessa terminologia
(N8BZMGcYi muito dessa terminologia
(N8BZMGcYi eu gosto muito daqui
(N3BPMGcYi muito daqui
123
(R3BPMGcYi eu gosde Belo Horizonte
(R3BPMGcYi em minha cidade muitos ponsde droga
INFORMANTE 43
(N1BPFDcYi depende do caso
(N3BPFDcYi eu gosto de genética
(N3BZFDcYi a gente gosta de brincar
(R1BPFDcYi eu tenho vontade conhecer o Sul
(R3BPFDcYi eu gosdaqui
(N1BPFDcYi não tenho vontade de mudar daqui
(N8BZFDcYi eu gosto muito de música
(N3BPFDcYi muito de
(N3BPFDcYi no ponto de ônibus o pivete roubou minha carteira
(R1BPFDcYi eu tinha acabade tirar
(N3BPFDcYi levou a foto dos meus pais
(N3BZFDcYi eu admirava ele pelo jeito dele
(N3BPFDcYi tem um jeito diferente
INFORMANTE 44
(N6APMDcYi faço curso de direito
(N1APMDcYi curso de direito
(R3APMDcYi minha madrinha que me ajuda com os cusda faculdade
(N1APMDcYi na Grécia a cidade de Esparta
(R3APMDcYi tanto dendo curso quanto pra estudar
(R1APMDcYi do outro lada rua tinha um carro com os vidros escuros
(R3APMDcYi estava na porde minha casa
(N1APMDcYi eu estaria em situação de desvantagem
(N3APMDcYi desferiram sete disparos contra mim,
(R3APMDcYi sedisparos
(N8APMDcYi eu não tinha nem uma arma de fogo para revidar aquilo
(N3AZMDcYi diante desse fato um confronto
(N3APMDcYi você não pode jogar uma trave que está a frente da pessoa
INFORMANTE 45
(R3BPMDbYi que ninguém tem o direide fazer isso em hipótese nenhuma
(R3BPMDbYi eu não gosde futebol não
(R8BZMDbYi ficar na rua juganbola
(N8BZMDbYi gosto muito dessa cidade
(N3BZMDbYi muito dessa
(N6BPMDbYi cansaço do serviço
(N8BPMDbYi sinto saudade
(N1BZMDbYi saudade dessa época
(R3BPMDbYi é uma coisa que eu gostaria muide fazer
INFORMANTE 46
(N1CZFDcYi desde dois anos de idade
(N3CPFDcYi quando tem falta de diálogo é uma dificuldade
124
(R3CPFDcYi é totalmendiferente
(R3CPFDcYi eu sou estudande enfermagem
(R3CPFDcYi eu gosdo cuidar em geral
(R1CPFDcYi por mais que a pessoa tenha tosdificuldades ela tem que cuidar
(R3CPFDcYi a pessoa tem que levar até o nascimenda criança
(R1CPFDcYi a qualidade vida é bem melhor
(R3CPFDcYi eu gosda religião que eu frequento
(R2CPFDcYi estutambém fisiologia
(R1CPFDcYi o pessoal leva pro lada violência
(R1CPFDcYi a qualidade vida no interior é melhor
(R1CPFDcYi a qualidade vida que você leva é bem melhor
(N3CPFDcYi essa parte de educação
(R3CPFDcYi essa parde saúde
(R8CZFDcYi todo munsempre com muita pressa sempre atrasado
(N3CPFDcYi é perto da Pedro II
(R8CZFDcYi gosmuide morar aqui
(R3CPFDcYi muide morar aqui
INFORMANTE 47
(N3BPFDbYi o que eu mais gosto de lembrar
(R3BPFDbYi administração porque é denda minha área
(N6BPFDbYi por causa de descuido a pessoa vai abortar
(N1BPFDbYi causa de descuido
(R3BPFDbYi ele gosta muide ver jornal
(R3BPFDbYi eu gosda cidade que eu moro
(N3BPFDbYi dentro de BH que a gente foi
(N3BPFDbYi o trânsito de Belo Horizonte
(N3BPFDbYi está ficando igual ao trânsito de São Paulo
(R3BPFDbYi eu não preciso ir denda igreja pra mim acreditar em Deus
INFORMANTE 48
(R2BPMDaXi totrabalho tem que ficar esperando
(R1BPMDaXi isso dependa gente mesmo
(N8BZMDaXi eu gosto muito de morar em Belo Horizonte
(N3BP MDaXi muito de morar
(N1BPMDaXi a qualidade do transporte é um exemplo
(R3BPMDaXi precisa principalmente muidiálogo
(N3BPMDaXi é muito difícil a responsabilidade
(R3BPMDaXi é muidifícil
(R3BPMDaXi às vezes não tem um emprego bom por falde estrutura
(R3BPMDaXi eu gosdaqui
(R1BPMDaXi eu tinha vontade conhecer Cuba
(N3BPMDaXi muita gente gosta do governo dele
(R3BPMDaXi fui pru ponde ônibus
(N3BPMDaXi fui pru ponto de ônibus
(R1BZMDaXi uns 40 minutos todia
(R1BPMDaXi fiz a caminhade vinte minutos de novo
(R3BPMDaXi passei perde casa
125
(R3BPMDaXi fui pro ponde ônibus
(R1BPMDaXi amigo é para a hora que você está no fundo poço também
(R1BPMDaXi se eu cair no fundo poço vai jogar a corda
(R3BPMDaXi eu gosdaqui sim
(R3BPMDaXi gosdaqui
INFORMANTE 49
(R8CZFDbXi gosmuito de morar
(R3CPFDbXi tem perda casa da minha mãe
(R3CPFDbXi gostaria muide conhecer Fernando de Noronha
(N1CPFDbXi Fernando de Noronha
(R3CPFDbXi fico o dia inteiro dende... do...ah
(N3CPFDbXi eu detesto o cento da cidade
(R1CPFDbXi a felicidade ver meu filho todia
(R1CPFDbXi a felicidade ver meu filho todia
(N8CZFDbXi a felicidade ver meu filho todia
(R3CPFDbXi eu gosde Belo Horizonte
INFORMANTE 50
(N8BZMVaYi deixava o carro aberto com a chave do lade dentro
(R1BPMVaYi deixava o carro aberto com a chave do lade dentro
(N1BZMVaYi de dentro
(R8BZMVaYi gente muiboa
(R3BPMVaYi denda Contorno é urbana
(N1BPMVaYi doze de dezembro de mil novecensdoze
(R3BZMVbYi novecensdoze
(R4BPMVaYi Calafate sempre foi um bairro muitranquilo
(R3BPMVaYi nunca tive problema com vizinho nem perda igreja Calafate
(R8BPMVaYi muipequeno em relação a outros bairros
(R1BPMVaYi vem todo munde fora pra
(R1BZMVaYi não necessidadesses três champions
(R3BPMVaYi perdo Rio e
(R3BPMVaYi ta perde São Paulo
(R3BPMVaYi o gerente chegou perde mim
(R2BPMVaYi eu mante buscar
(R3BPMVaYi sei que o que me chamou a atenção foi Porde Galinhas
(R8BZMVaYi as pousasão muito simples
INFORMANTE 51
(R1BPMGbYi tinha corride cavalo
(R8BPMGbYi não é bom você ficar andansozinho não
(R3BPMGbYi eu gosdali
(R3BPMGbYi eu gosdo ambiente
INFORMANTE 52
(R8BPMDaXi tinha o Rodrique vinha aqui
126
(N1BZMDaXi todo dia
(R8BPMDaXi hoje nosinhora todo mundo cresceu
(N8BZMDaXi num gosto muito do bairro
(N3BZMDaXi quem gosta desse bairro aqui é quem mora mais de 20 anos
(R3BPMDaXi eu num gosdo bairro, gostar eu gosto, mas não tem lazer
(R1BPMDaXi eu to ficano com mede sair na rua
(R8BPMDaXi de uns tempa assim um ano fiz muitas coisas erradas
(R1BZMDaXi tem que pagar minha passagem todia
INFORMANTE 53
(R3BPFGbYi eu gosdaqui
(N3BZFGbYi Apesar dos pesares de não ser perfeito, eu gosto daqui
(R1BPFGbYi eu não tenho vontade morar
(R3BPFGbYi Mas igual eu to falando eu gosde morar aqui
(R1BPFGbYi eu não tenho vontade voltar a morar não, na Bahia.
(R1BPFGbYi Não tenho vontade morar não
(N1BPFGbYi tudo de bom
(R1BPFGbYi tude mais lindo
(R8BPFGbYi o que eu não ticoragem de fazer
(R8BPFGbYi essa confusão topor causa de time
(R8BZFGbYi convimuito bem
(R4BZFGbYi fiquei tantempo ali, praticamente na mesma posição
(N1BPFGbYi ter aproveitado muito mais a oportunidade de crescer
(R1BZFGbYi saí e não me arrempendisso
(R3BPFGbYi fazer mais curso para poder crescer até mesmo denda empresa
(R8BPFGbYi queria ter tempra ela
(R4BZFGbYi eu queria ter muitempra ela
(N1BPFGbYi oportunidade de emprego no caso
(R6BPFGbYi fazer um cursde cabelereiro
(R4BPFGbYi eu gostambém de fazer
(R1BPFGbYi não me arrepende jeito nenhum de ter feito
(R1BPFGbYi que seja da vontade Deus
(R8BZFGbYi eu gosmuide Belo Horizonte
(R8BPFGbYi muide Belo Horizonte
INFORMANTE 54
(R3APMGcYi vai homem, dificilmente vai uma mulher, muidifícil
(R5APMGcYi o governum faz nada
(R3APMGcYi quando as pessoas chegam perde mim e criticam
(R3APMGcYi Israel ta no cendo mundo
(R3APMGcYi ta no cendo mundo
(R3APMGcYi no cendo mundo
INFORMANTE 55
(R3CPMDcYi pelo fade eu ter tido uma péssima educação no Ensino Médio
(R8CPMGcYi não tem segurança pra sair mesque a gente tem que vir da
(R1CPMGcYi eu tenho disponibilidade ônibus
127
(R3CPMGcYi o ônibus que passa perda minha casa
(R3C PMGcYi para perda PUC também
(R8CPMGcYi experiência... voltapro lado
(R1CPMGcYi lado esporte mesmo
(R2CPMGcYi é muito sacrifício ta treinando, acordar cetodo dia
(N3CZMGcYi eu gosto muito de falar
(R8CZMGcYi eu não gosmuito
(R1CPMGcYi da irresponsabilidados motoqueiros
(R8CZMGcYi não gosmuito da imaturidados outros
(R1CPMGbYi imaturidados outros
(N3 CPMGcYi muito da imaturidade
(R1CPMGcYi imaturidados outros
(R8CZMGcYi li muitos livros de Graciliaramos
(R3CPMGcYi mostra esta parda ... do espiritismo mesmo
(R8CPMGcYi esse temparado fez técnico de segurança
(R3CPMGcYi eu gosde Belo Horizonte
INFORMANTE 56
(N3CPFVcYf isso é muito difícil
(N1CPFVcYf cada um fazer aquilo que tem que fazer de direito e
(N3CPFVcYf eu gostava muito de Geografia
(N1CPFVcYf é uma cidade grande do interior
(N3CPFVcYf meu pai guardava os litos de gasolina e
(N3CPFVcYf os litos de óleo... no armário
(N3CZFVcYf quando eu fui virar o recipiente dessa garrafa na panela
(N1CPFVcYf eu percebi que esse conteúdo da garrafa era mais líquido
(N3CPFVcYf fora do planejamento de estar juntos, tem que interromper sim
(R1CPFVcYf eu tenho até nas minhas atividades trabalho como eu tenho
(N8CZFVcYf gosto muito de passear
(N3CPFVcYf muito de passear
(N1CPFVcYf a gente está habituada com a vida da cidade
(N1CPFVcYf vontade de voltar para casa
(N1CPFVcYf a diversidade de situação que ela oferece
(R3CPFVcYf gosto muida cidade grande
(N1CPFVcYf da diversidade de situações que ela oferece
(N8CZFVcYf gosto muito do campo
(N3CPFVcYf muito do campo
(N8CPFVcYf eu sou do tempo da máquina de escrever
(N1CPFVcYf época nossa de qualidade de vida
(N1CPFVcYf de qualidade de música, de cultura
(N1CPFVcYf eu quero conhecer Fernando de Noronha
(N4CZFVcYf eu queria ter todo tipo de possibilidade
(N8CPFVcYf tipo de possibilidade...
(N3CPFVcYf é o desvio do leito do São Francisco
(N1CPFVcYf dizem que outras possibilidades de resolver
(N3CPFVcYf atuar no desenvolvimento da planta que é um alimento
(N1CPFVcYf ela tem consequência na saúde da gente
(N8CPFVcYf você produz no campo qualquer tipo de alimento
(N3CPFVcYf eu gosto de morar em Belo Horizonte
128
(N1CPFVcYf parecem um bairro de cidade do interior
(N3CPFVcYf tem o padeiro que leva o pão na porta da nossa casa
(N3CPFVcYf o nosso cento da cidade, nosso pontos turísticos são ...
(N3CPFVcYf o cento da cidade é um cento bonito
INFORMANTE 57
(R3BPFDcYi gosde Belo Horizonte sim
(N3BPFDcYi a distância pro centro da cidade é maior
(N3BPFDcYi pego um pouco de trânsito
(R2BPFDcYi hoje o mercata muito competitivo
(R2BPFDcYi a cada dia o mercata exigino mais
(N1BZFDcYi esta tirando uma oportunidade dele
(N4BPFDcYi a gente ta querendo que chegue no normal da situação
(N5BPFDcYi que chegue no normal da situação
(N4BPFDcYi a gente não tem muito tempo de conviver
(R3BZFDcYi eu gosto muide BH
(R1BPFDcYi eu tive oportunidade passar um mês em Brasília
(R1BPFDcYi totalmendiferente
(N2BZFDcYi o amor é a base de tudo
(N1BPFDcYi na vida da gente
(R1BPFDcYi eu tenho muita vontade conhecer o Sul
(R3BZFDcYi eu gosto muide frio
(R3BPFDcYi eu gosto muide frio
(R3BPFDcYi gosde roupas que usam no inverno
(R3BPFDcYi gosdas roupas
(R3BPFDcYi eu gosdo estilo do inverno
(R3BPFDcYi eu não gosde calor, eu não gosto
(N8BPFVcYi o campo de trabalho do contador ele é muito grande
(R2BPFVcYi o contador poter escritório
(N2BPFVcYi ele pode trabalhar numa empresa
INFORMANTE 58
(R3BPFDaXi eu trabalho dende casa que minha mãe manda
(R3BPFDaXi fica dende casa à toa
(R3BPFDaXi ela gosda gente
(R3BZFDaXi a namorada do meu pai mora perdele
(R3BPFDaXi ele gosde mandar na gente
(N3BZFDaXi minha mãe quer que a gente goste dele
(R3BPFDaXi ela mora num lote junto com o resda família
(R3BZFDaXi ela sabe que eu não gosdele de jeito nenhum
(R8BZFDaXi eu gosmuito de
(R3BPFDaXi num passei quase nada dende casa
(R3BPFDaXi eu fiquei dende casa
(R3BPFDaXi dende casa
(R8BPFDaXi nós fica morrende medo
(R8BPFDaXi to morrende medo
(R8BZFDaXi eu tava ajudaminha mãe
(R8BZFDaXi acordo arruminhas coisas
129
(R3BPFDaXi tipo o do cenda cidade
INFORMANTE 59
(N3BPFVaYi fiz a parte de baixo
(N3BPFVaYi gostamos tanto daqui do bairro
(N3BPFVaYi eu gosto daqui
(R8BPFVaYi tuque a pessoa conta e que me fala eu penso antes de fazer
(N8BZFVaYi a gente gosta muito de neto
(N3BPFDaYi muito de neto
(R4BPFVaYi hoje os quatrabalha no bufet
(R3BPFVaYi gosdemais dos meus netos
(N1BPFVaYi a vida da gente é uma história mesmo
(R8BZFVaYi eu, meu marido e os quafilhos trabalhando junto
(R3BPFVaYi tinha até retrade alguns pratos
(R2BPFVaYi todo munta encantado
INFORMANTE 60
(R1BPFDaXi pro lado centro
(R1BZFDaXi o maridela chama Toninho
(R3BPFDaXi tenho um tio por parde pai
INFORMANTE 61
(N1BPFDaYi medo de
(R4BZFDaYi assaltempo todo
(R1BPFDaYi uma vontadembora
(R3BPFDaYi eu também não gosde praia
(N8BZFDaYi eu ficava vendo esse negócio de direito
(N1BPFDaYi eu ficava vendo esse negócio de direito
(R8BZFDaYi fica achando que aterrorizado ... o temtodo
(R8BZFDaYi meu pai fala em mudar para o interior o temtodo
(N3BPFDaYi tem o centro da cidade que é muito bom
(N3BPFDaYi ela gosdos dois
(R3BPFDaYi a gente vai pro cenda cidade
INFORMANTE 62
(N8AZFDbYi eu gosto muito de barzinho
(R3APFDbYi eu gosde ir no cinema
(N3APFDbYi num gosto de comédia
(R6APFDbYi num sei se é diferendidade
(N8AZFDbYi eu gosto muito daqui
(N8AZFDbYi eu gosto muito
(R2AZFDbYi fica perde tudo ali
(R4APFDbYi é uma cidade ... muitranquila assim
(R8AZFDbYi genpode ir para Guarapari de carro
(R3APFDbYi nas férias lota é gende fora
(R8APFDbYi a genficava junto
130
(R3APFDbYi muita gendivinópolis
(R3APFDbYi é um bairro perde tudo
INFORMANTE 63
(R3BPFDaYi aqui é perde tudo
(R3BPFDaYi perde tudo
(R3BPFDaYi perdo meu colégio
(R3BPFDaYi gosde sair
(R1BPFDaYi não tem oportunidade emprego
(R3BPFDaYi se for assim a gente não sai dende casa
(R3BPFDaYi é mais perda cidade
(R1BPFDaYi todomingo... quatro horas da tarde
(R4BZFDaYi contudo pra ela
(R1BPFDaYi vive um sepadoutro assim
(R3BPFDaYi eu gosmuito daqui
(N3BPFDaYi muito daqui
(R3BPFDaYi minha tia mora na frende uma favela
(R3BPFDaYi minha irmã mora perde uma favela
(N3BPFDaYi mora na frente de uma favela
INFORMANTE 64
(R3BPMGcYi fica lotado, é um movimendireto
(R1BPMGcYi parece cidado interior
(R3BPMGcYi o ônibus passa por dendo Prado
(R4BPMGcYi o ônibus é o Prado Santereza
(R1BPMGcYi tem rua que tem mais, dependa rua
(R3BPMGcYi eu gosde morali
(R3BPMGcYi eu gosdo ambiente
INFORMANTE 65
(R1CZMDaYi eu tinha o que vinha aqui todia
(N3CPMDaYi eu não gosto do bairro não
(N3CPMDaYi gostar eu gosto de ter nascido aqui
(N3CPMDaYi eu gosto de andar
(R3CPMDaYi num gosde muita coisa não
(R1CPMDaYi tenho responsabilidade chegar no horário certo
(R3CPMDaYi meu negocio é trabalhar na rua ou denda oficina
(R3CPMDaYi imagina ce ficar preso dende casa
(R1CPMDaYi falaram que ele mora pro lado Nova Cintra
(R1CPMDaYi eu não duvida pessoa não
(R3CPMDaYi eu evide ir
(R3CPMDaYi fui no cenda cidade pagar as contas para meu pai
(R3CPMDaYi dende mim eu não tava vendo
INFORMANTE 66
(R4CZMDbXi tem bastantempo que não tem tanta violência
(R3CPMDbXi perde casa, dois meninos morreram
131
(R5CZMDbXi assassinato assim num ta tenão
(R2CPMDbXi a maioria das ruas tutem calçamento
(R3CPMDbXi eu gosde
(R3CPMDbXi na academia anda escola
(R3CPMDbXi eu gosdemais des
(N3CZMDbXi eu gosto muito deles
(N3CPMDbXi eu gosto de todos
(R3CPMDbXi não gosde terror
INFORMANTE 67
(N3CPFVcYi perto do Hotel Del Rei
(R3CPFVcYi Augusde Lima com Bahia
(R1CPFVcYi construiu esse preda padaria
(R8CPFVcYi cada mãe dele
(R8CPFVcYi ele disse que foi na cada mãe dele
(R8CPFVcYi saiu da cada mãe dele e distraiu
(R6CPFVcYi quando eu fiz o curde biblioteconomia
(R4CZFVcYi a gentem que cria tipo uma pecinha
(R4CZFVcYi quando a gentava escolhendo apartamento
(R8CPFVcYi minha soqueria ir junto
(N3CPFVcYi hoje estou tranquila mesmo aqui dentro do prédio
(R8CZFVcYi saia ali em frente ao colesanto Agostinho
(R3CPFVcYi perda praça entre Olegário Maciel e
(R8CPFVcYi qualquer tide comida eles fazem
INFORMANTE 68
(R3BPMDcYi a cidade é boa, eu gosdaqui
(R3BPMDcYi eu gosde BH
(R3BPMDcYi porque eu gosde computador
(R4BZMDcYi se você não estudar você fica por muitempo
(N3BPMDcYi mas eu gosto de morar aqui
(R3BPMDcYi é um lugar que está acolhendo muita gente de outros lugares
(R4BPMDcYi o transita cresceno muito
(NmBZMDcYi o transita cresceno muito
(N3BPMDcYi gosto demais do meu pai
(N1BPMDcYi não sinto aquela necessidade de mostrar
INFORMANTE 69
(N4BZMDcYf trabalho na área de suporte técnico
(N3BPMDcYf tem muitas coisas perto do bairro
(N3BPMDcYf eu gosto daqui
(N8BPMDcYf você sempre as mespessoas de cinco anos atrás
(N3BZMDcYf tinha muito disso
INFORMANTE 70
(N3CZFDaXi eu gostava muito dele
(R3CPFDaXi por parde mãe
132
(R3CPFDaXi minha avó por parde mãe
(N8CZFDaXi eu gosto muito de... de fazer curso
(N3CPFDaXi muito de...
(R3CPFDaXi eu fico mais dende casa
(R3CPFDaXi na parda manhã
(N3CPFDaXi gosto de filme de ação
(N3CPFDaXi eu tenho o costume de ir no centro de Belo Horizonte
(R3CPFDaXi eu fico dende casa cantando
(R3CPFDaXi eu escuto dende casa
(R3CPFDaXi escuto dende casa
(N8CZFDaXi o tempo todo
(N8CZFDaXi eu gosto muito de desenhar
(N3CPFDaXi muito de desenhar
(R3CPFDaXi eu gosda evangélica
(R2CPFDaXi eu pretentrabalhar
(N8CZFDaXi eu gosto muito da minha avó
(N3CPFDaXi muito da minha avó
(N3CPFDaXi ela gosta de morar aqui
(N3CPFDaXi fora isso, ela gosta daqui sim
(N1CSFDaXi o mundo de hoje está tendo muitos crimes
(N3CZFDaXi ele não gosta dele
(N3CZFDaXi eu não gosto dele
(N3CZFDcXi eu sinto falta dele
INFORMANTE 71
(R8CPFVcYi tivfazer uma cirurgia
(N2CPFVcYi parei de trabalhar numa autarquia
(N3CPFVcYi ta muito difícil
(R8CPFVcYi novela das seis tem aqueles casde violência
(R8CPFVcYi Lula está no posmaior do país
(R6CPFVcYi se eles não partirem para um cursuperior...
(N3CZFVcYi a minha família dentro dum hospital
(R8CPFVcYi o medideixou uma receita aqui
(N3CPFVcYi eu gosto de ver
(R3CPFVcYi todo mundo gosde Big Brother
(N3CPFVcYi eu não gosto do Big Brother
(R3CZFVcYi denduma cidade urbana a gente tem que ser artista pra viver
(N3CPFVcYi eu tenho o direito de escolher o meu caminho
INFORMANTE 72
(R8BPFVaYi o melhor presenque
(R4BPFVaYi a gentem é do filho mesmo vencer
(R8BZFVaYi eu carretudo pra mim
(R1BPFVaYi eu tenho mede sair
(R4BPFVaYi deu muitrabalho
(R4BZFVaYi respeitodo mundo
(R3BPFVaYi num gosdo Cruzeiro de jeito nenhum
(R3BPFVaYi num gosdo Cruzeiro, mas não são Atlético
133
(R3BPFVaYi eu gosde novela
(R8BPFVaYi eu assisto Faustão dia domingo
(R8BPFVaYi ele ta trabalhantambém
(RnBPFVaYi eu tava cuidanda Ana Clara
(RnBZFVaYi cuidandela, agora estou
(R8BPFVaYi eu não quero ficar brigancom ela
(R8BPFVaYi se ficar doente eu ficom ela
(R8BPFVaYi o popassava aperto
INFORMANTE 73
(R2BPMVaYi gente todo jeito
(N2BZMVaYi peguei o casal uma hora da tarde
(R3BPMVaYi tem momentos que a gente é de bastandificuldade mesmo
(R1BPMVaYi tenho vontade ir também
(N1BZMVaYi falar de Deus, ela pode abrir a Bíblia, ler para mim
(R3BPMVaYi torcida tem que ser ali dende campo
(R3BPMVaYi eu gosde ser bem informado
(R3BPMVaYi eu gosde comprar jornal
(N1BZMVaYi todo dia
(R3BPMVaYi tem passageiro que entra dendo carro não fala nada
(R3BPMVaYi se a pessoa que entrou gosde conversar conversa com ele
(R4BPMVaYi gostambém
(R8BPMVaYi tem genque tem aquilo como uma obrigação
(N1BZMVaYi todo dia
(R6BPMVaYi tabelou o presda da passagem
(R3BPMVaYi nunca que acha muidinheiro com o taxista
(R8BPMVaYi nosinhora
(R3BZMVaYi a pessoa ficar denduma empresa 20 anos
(R3BPMVaYi você não pode ficar dependende aposentadoria
(R8BPMVaYi eu fiquei bastanchateado na época
(R3BPMVaYi aquele salário alí, o resde sua vida, você tem
(R1BPMVaYi sedireto, é
(R3BPMVaYi eu gosde Belo Horizonte
INFORMANTE 74
(N3APFGaXi procuro sempre o centro... da cidade
(N3APFGaXi não gosto de ir
(N3APFGaXi no centro de carro
(R6APFGaXi agora tenho o cursde cabelereira
(R3APFGaXi ela gosde ser chamada
(R1AZPGaXi o maridela é... esqueço... economista
(R3APFGaXi da parde baixo elas têm a chave
(N2APFGaXi é complicado também
(N3APFGaXi não dentro de casa
(N3APFGaXi de cinco às sete da noite
134
INFORMANTE 75
(N1CPFDbYf eu trabalhava no núcleo de documentação
(N2CZFDbYf é a análise de todo e
(N1CPFDbYf qualquer tipo de documentação
(N8CPFDbYf tipo de documentação
(N3CPFDbYf visa o desenvolvimento de Minas Gerais
(R2CZFDbYf do jeito que o munta hoje
(R5CPFDbYf eu tava atrasada andana rua
(N1CPFDbYf quem entende o significado do meu nome
(N1CPFDbYf eu tenho vontade de conhecer a Suiça
(N3CPFDbYf eu gosto dos Alpes suíços
(R3CPFDbYf gosde tempo frio
(N3CPFDbYf eu gosto da noite
(N3CPFDbYf você vai ser conceituado dentro daquilo que você faz
(N3CPFDbYf dentro da minha escola tinha um núcleo que era...
(R8CZFDbYf eles dão muita ênfase ao curstécnico
(N3CPFDbYf curso com menos concorrência que a medicina, dentro da área
(N1CPFDbYf não sei nada de futebol
(N1CPFDbYf tendo uma atitude de vandalismo
(N8CZFDbYf gosto muito da onde eu moro
(N3CPFDbYf muito da...
(N3CPFDbYf eu gosto de povão
(N3CPFDbYf eu gosto de shopping
INFORMANTE 76
(R8BZMVbXi o pessoal daqui ta intudo para
(R4BPMVbXi nós viemos juntambém
(R8BPMVbXi resto ta tula
(R8BPMVbXi ficou moranla
(R3BZMVbXi eles robou a modele
(N3BZMVbXi tomou a moto dele
(R4BPMVbXi o otambém
(R4BPMVbXi o otambém... eles levaram a dele
(R3BPMVbXi tem os capangas deles para tomar conda família
INFORMANTE 77
(RnBZFGaXi eu tava falano deles e
(R8BZFGaXi os barracos tão trincantudo
(N3BPFGaXi vamos ver se eles têm consciência e terminam a parte de cima
(R5BPFGaXi ele agora está estudana escola plural
(R1BPFGaXi eles olham o resultado menino para poder barrar o menino
(R6BPFGaXi saia para fazer Servide rua
(R3BZFGaXi ele perdeu os direidele tudo
(R8BZFGaXi deixar de qualquer jeinão pode
(R8BZFGaXi os colechega ali
(R8BZFGaXi os meninos ta tugrande
(R2BPFGaXi em vez de ter um futuro garantitaí
135
(R8BZFGaXi crianfilho
(N3BPFGaXi se não seguir as normas do estatuto da igreja
(R3BPFGaXi os traficantes colocam droga dendo telefone público
(RnBZFGaXi estraga o plandeles
(R1BPFGaXi o estuda gente
(R8BZFGaXi ta valemais
(R1BZFGaXi que o estudeles
INFORMANTE 78
(N1BPMGaXi pro lado do crime...
(R3BPMGaXi dez anos atrás era completamendiferente
(R1BPMGaXi pedi para sair mais cedo serviço
(R2BPMGaXi pobre para tutem jeito
INFORMANTE 79
(R1BZMGcYi todia
(R3BPMGcYi quarenta e três anos denda sala de aula
(R2BPMGcYi o barraco tai para ser venditambém
(N1BZMGcYi não para esperar nada dele
(RnBPMGcYi minha sobrinha está fazendireito em Contagem
(R6BZMGcYi o presdele deve ser isso mesmo
(R3BPMGcYi a loja é maior tem duas portas, porde aço
(R3BPMGcYi perde casa
(R1BPMGcYi o Aurino é grandemais
(R3BPMGcYi é mais perde casa
(R5BZMGcYi o meninun sabe
(R8BPMGcYi eles oferecem cursla
INFORMANTE 80
(R4BZMDaYi quantempo a gente mora aqui...
(R1BPMDaYi o cara que se espantar com isso hoje ta chegando interior.
(R3BPMDaYi talvez ela não chegue a ver o casamendo filho.
(N1BPMDaYi o pessoal assume responsabilidade demais e depois não aguenta.
(R8BPMDaYi pofalar de mim também que sou rapaz.
INFORMANTE 81
(R8BZFVbYi foi acabantudo
(R2BPFVbYi a idatambém vai
(R1BPFVbYi ônibus era do lade
(R1BPFVbYi do lade fora
(R4BZFVbYi depois de um certempo me lembra muito de nós
(R3BPFVbYi eu também não gosdaquele bar
(R3BZFVbYi não aguenta ficar perdele
(R3BPFVbYi chega perde mim com aquele bafo
136
INFORMANTE 82
(R1BPFGaXi tinha o calde cana ali.
(R8BPFGaXi aqui é mais tranquido que lá.
(R3BPFGaXi comprar na loja é totalmendiferente.
(R3BPFGaXi a gente gosde assistir novela.
(R8BPFGaXi Nossa Senhora
INFORMANTE 83
(R3BPFVaXi é totalmendiferente
(R3BPFVaXi você pode ficar orando dende casa
(R1BPFVaXi passa rapidemais da conta
(R8BPFVaXi fide de dois três anos ia
(R8BPFVaXi fide pobre vira bandido mesmo
(R8BPFVaXi vou deixar eles brincarem na cados outros
INFORMANTE 84
(R3BPFGaXi está sempre perde emprego
(R3BPFGaXi pessoas que a gente que mora perda gente
(R3BPFGaXi eles mentem demais fazendo a gende bobo
(R1BPFGaXi tem dificuldade arrumar emprego
(N4BZFGaXi nunca tive muito tempo para brincadeira
(R3BPFGaXi fica sozinha dende casa
INFORMANTE 85
(R3CPMVaXi na frende todo mundo
(R3CPMVaXi nunca fui para a pordo colégio matar aula
(R8CZMVaXi a gensabe que o Brasil é um país muito rico
(R1CPMVaXi liberdade expressão não liberdade vandalismo
(R1CPMVaXi liberdade expressão você pode falar o que quiser
(N8CPMVaXi pode falar o que quiser
INFORMANTE 86
(N3CPMDaXi depende da noite
(R3CPMDaXi eu sofri um acidende carro
(R3CPMDaXi por isso que eu gosda pena de morte
(R4CZMDaXi não teve balanço destipo não
(R8CZMDaXi eu não gosnão.
(R4CPMDaXi muitumulto, muita gente odeio multidão.
(N3CPMDaXi perdi parentes meus esperando atendimento do SUS.
INFORMANTE 87
(N1APMVbYf a maioria das riquezas da Zona da Mata no Estado de São Paulo
(N3APMVbYf instalou na Quinta da Boa Vista
137
(N2APMVbYf havia um início da tecnonologia
(N3APMVbYf uma redescoberta do Brasil
(N1APMVbYf temos aqui a felicidade de ter uma migração
(N3APMVbYf veio menos gente do Nordeste
(N3APMVbYf o povo nordestino por sua falta de comida é um povo violento
(N2APMVbYf estudava com uma certa dificuldade também
(N3APMVbYf a Regina ficou fazendo parte da vida da gente
(N1APMVbYf vida da gente
(N3APMVbYf a humanidade é feita de submissão
(N1AZMVbYf a professora é uma inconveniente na vida dele
(N1APMVbYf essa missão evangelizadora se deu na década de 60
(N1APMVbYf ele aprenderia uma profissão e entraria no mercado de trabalho
(N2APMVbYf de trabalho
(N2APMVbYf tem vergonha de trabalhar
(N8APMVbYf doi aquele choque cultural
INFORMANTE 88
(N8CPFVcYi ele ficou um tempo parado
(R1CPFVcYi fala o prefixo do avião tudireitinho, antes de voar
(N3CPFVcYi para a época, era distante do centro de Belo Horizonte
(N3CPFVcYi centro de Belo Horizonte
(R2CZFVcYi tutinha que ser feito no centro
(R4CZFVcYi a gentinha mais convivência com as outras pessoas
(N3CPFVcYi o minha mãe não gostava que a gente entrasse dentro da casa
(N4CPFVcYi o trânsito ta muito intenso
(N3CPFVcYi a gente não precisa ir ao centro de Belo Horizonte
(N3CPFVcYi eu acho que deveria ter o direito de fazer
(R3CPFVcYi sai o assunde futebol
(N8CPFVcYi saí vai pro campo de futebol
(R3CPFVcYi eu gosdo jornalismo
(R3CPFVcYi gosde novela e de filme
(R3CPFVcYi eu gosda novela A Favorita
(R3CPFVcYi saio corrende casa e vou trabalhar
(R8CPFVcYi no domingo a gensai para passear
(R8CZFVcYi eu gosmuito da cidade
(N3CPFVcYi muito da...
INFORMANTE 89
(R3BPFVbYi o bairro em si era totalmendiferente
(R2BZFVbYi ultimamente não to tentempo não
(R8BPFVbYi os da Rosana moram comitambém
(R2BPFVbYi quantem que ser dura na queda eu sou
(R3BPFVbYi não é um princípio, principalmenda igreja católica
(Q1BPFVbYi eu tive a felicidade fazer um curso teologia
(Q2BPFVbYi curso teologia
(N3BPFVbYi eu acho uma perda de tempo que fica brigando por isso
(N3BPFVbYi perda de tempo
(N3BPFVbYi eu procuro seguir dento das normas que eu fui criada, educada
138
(R1BPFVbYi é pro lade Gonhães.
(N8BPFVbYi a gente que não é muito de sair
(R3BPFVbYi o filho até uns sete, oito anos depende muido pai da mãe...
(N1BPFVbYi ao lado do hospital Luxemburgo
(R4BPFVcYi Até agora tutranquilo...
(R3BPFVbYi o que interfere muito se o negócio é ficar denda cozinha
(R1BPFVbYi se eu cismar em fazer uma faculdadaqui para frente eu ainda faço
INFORMANTE 90
(R3BPMDbYi dende sala eu sou bastante conversador
(R3BPMDbYi eu sou muidesorganizado
(R1BPMDbYi segunda-feira ta tudesarrumado
(R3BPMDbYi eu vejo por dois ponsdiferentes
(R5BPMDbYi é uma forma de acabar com a vida que ta nacené
(R3BPMDbYi dende campo tudo bem
(R3BPMDbYi no meu ponde vista eu acho errado
(R5BPMDbYi eu vejo esse pessoal brigano jornal
(R5BPMDbYi brigana rua
(R8BPMDbYi ela ficou rodanlá
(R3BPMDbYi no cenlá de Belo Horizonte pa comprar várias coisas
(R3BPMDbYi oitenta por cendo jornal é de anúncios.
(N1BPMDbYi coisa de direito
(R8BPMDbYi tem o que ela está fazenpra ajudar a cidade
(R8BPMDbYi ele semtrabalhou com esse jornal
(R8BPMDbYi sempre eu ficomedo
(R5BPMDbYi eu atendi o telefona avenida principal
(R2BPMDbYi Todo munta desrespeitando o outro
139
AP•NDICE C C‚digos Utilizados no Varbrul
Grupo código Descrição
1 R
N
Haplologia Realizada
Haplologia Não realizada
1 d#d
2 d#t
3 t#d
4 t#t
5 n#n
6 s#d
7 t#m e t#n
8 outros
n n ou m #d
3 A Fala Pausada
B Fala Normal
C Fala acelerada
4 Z Tônica
P Átona
5 M
F
Masculino
Feminino
6 D Faixa etária 13 a 30 anos
G Faixa etária 31 a 45 anos
V Faixa etária acima de 46 anos
7 a Escolaridade EF
b EM
c ES
8 X Classe Baixa
Y Classe Média
9 f Estilo formal
I Estilo informal
(Eliminados grupos de fatores 3, 5 e 8)
140
AP•NDICE D Resultados Criados pelo Programa VARBRUL
CELL CREATION
Name of token file: C:\Documents and Settings\Regina\Meus
documentos\REGINA\2009\Minha Dissertacao\varbrul\Sem
grazadeus.tkn
Name of condition file: Untitled.cnd
(
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
)
Number of cells: 164
Application value(s): RN
Total no. of factors: 19
Group R N Total %
--------------------------------------
1 (2) R N
1 N 140 106 246 22.5
% 56.9 43.1
5 N 17 2 19 1.7
% 89.5 10.5
3 N 279 201 480 43.8
% 58.1 41.9
n N 22 3 25 2.3
% 88.0 12.0
4 N 38 14 52 4.7
% 73.1 26.9
2 N 32 17 49 4.5
% 65.3 34.7
8 N 145 21 166 15.2
% 87.3 12.7
141
7 N 13 23 36 3.3
% 36.1 63.9
6 N 16 6 22 2.0
% 72.7 27.3
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
2 (3) R N
P N 568 302 870 79.5
% 65.3 34.7
Z N 134 91 225 20.5
% 59.6 40.4
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
3 (4) R N
V N 226 122 348 31.8
% 64.9 35.1
G N 212 82 294 26.8
% 72.1 27.9
D N 264 189 453 41.4
% 58.3 41.7
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
4 (5) R N
a N 236 76 312 28.5
% 75.6 24.4
c N 292 205 497 45.4
% 58.8 41.2
b N 174 112 286 26.1
% 60.8 39.2
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
5 (6) R N
i N 674 280 954 87.1
% 70.6 29.4
f N 28 113 141 12.9
% 19.9 80.1
142
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
TOTAL N 702 393 1095
% 64.1 35.9
Binomial Varbrul
================
Name of cell file: Untitled.cel
Using fast, less accurate method.
Averaging by weighting factors.
Threshold, step-up/down: 0,050001
# Stepping up:
# Stepping up:
(…)
Run # 29, 159 cells:
Convergence at Iteration 8
Input 0.538
Group # 1 -- 1: 0.340, 5: 0.753, 3: 0.327, n: 0.727, 4: 0.513,
2: 0.444, 8: 0.731, 7: 0.230, 6: 0.419
Group # 3 -- P: 0.569, Z: 0.431
Group # 5 -- V: 0.495, G: 0.596, D: 0.409
Group # 6 -- a: 0.574, c: 0.421, b: 0.505
Group # 8 -- i: 0.746, f: 0.254
Log likelihood = -595.510 Significance = 0.008
Maximum possible likelihood = -504.714
Fit: X-square(145) = 181.591, rejected, p = 0.0000
(…)
Run # 53, 159 cells:
Convergence at Iteration 8
Input 0.538
Group # 1 -- 1: 0.340, 5: 0.753, 3: 0.327, n: 0.727, 4: 0.513,
2: 0.444, 8: 0.731, 7: 0.230, 6: 0.419
Group # 3 -- P: 0.569, Z: 0.431
Group # 5 -- V: 0.495, G: 0.596, D: 0.409
Group # 6 -- a: 0.574, c: 0.421, b: 0.505
Group # 8 -- i: 0.746, f: 0.254
Log likelihood = -595.510 Significance = 0.079
Maximum possible likelihood = -504.714
Fit: X-square(145) = 181.591, rejected, p = 0.0000
Groups eliminated while stepping down: 7 2 4
Best stepping up run: #29
143
Best stepping down run: #53
Name of new cell file: Untitled.cel
BINOMIAL VARBRUL, 1 step 28/7/2009 21:25:51
••••••••••••••••••••••••••••••••
Name of cell file: Untitled.cel
Averaging by weighting factors.
One-level binomial analysis...
Run # 1, 368 cells:
Convergence at Iteration 10
Input 0.668
Group Factor Weight App/Total Input&Weight
1: 1 0.339 0.57 0.38
5 0.742 0.89 0.77
3 0.327 0.58 0.36
n 0.736 0.88 0.77
4 0.515 0.73 0.56
2 0.448 0.65 0.49
8 0.732 0.87 0.76
7 0.232 0.36 0.26
6 0.413 0.73 0.45
2: C 0.544 0.62 0.58
A 0.484 0.54 0.53
B 0.472 0.69 0.51
3: P 0.569 0.65 0.61
Z 0.431 0.59 0.47
4: M 0.537 0.67 0.58
F 0.463 0.62 0.50
5: V 0.491 0.65 0.53
G 0.607 0.72 0.65
D 0.402 0.58 0.44
6: a 0.581 0.75 0.62
c 0.415 0.59 0.46
b 0.504 0.61 0.55
7: Y 0.516 0.61 0.56
X 0.484 0.73 0.53
8: i 0.753 0.71 0.78
f 0.247 0.20 0.28
144
Dados Rodados sem os Grupos de Fatores Eliminados
CELL CREATION 1/8/2009 01:18:13
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Name of token file: Untitled.tkn
Name of condition file: Untitled.cnd
(
; Identity recode: All groups included as is.
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
)
Number of cells: 164
Application value(s): RN
Total no. of factors: 19
Group R N Total %
--------------------------------------
1 (2) R N
1 N 140 106 246 22.5
% 56.9 43.1
5 N 17 2 19 1.7
% 89.5 10.5
3 N 279 201 480 43.8
% 58.1 41.9
n N 22 3 25 2.3
% 88.0 12.0
4 N 38 14 52 4.7
% 73.1 26.9
2 N 32 17 49 4.5
% 65.3 34.7
8 N 145 21 166 15.2
% 87.3 12.7
7 N 13 23 36 3.3
% 36.1 63.9
6 N 16 6 22 2.0
% 72.7 27.3
145
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
2 (3) R N
P N 568 302 870 79.5
% 65.3 34.7
Z N 134 91 225 20.5
% 59.6 40.4
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
3 (4) R N
V N 226 122 348 31.8
% 64.9 35.1
G N 212 82 294 26.8
% 72.1 27.9
D N 264 189 453 41.4
% 58.3 41.7
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
4 (5) R N
a N 236 76 312 28.5
% 75.6 24.4
c N 292 205 497 45.4
% 58.8 41.2
b N 174 112 286 26.1
% 60.8 39.2
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
5 (6) R N
i N 674 280 954 87.1
% 70.6 29.4
f N 28 113 141 12.9
% 19.9 80.1
Total N 702 393 1095
% 64.1 35.9
--------------------------------------
TOTAL N 702 393 1095
% 64.1 35.9
146
(...)
---------- Level # 5 ----------
Run # 16, 164 cells:
Convergence at Iteration 7
Input 0.542
Group # 1 -- 1: 0.337, 5: 0.761, 3: 0.324, n: 0.724, 4: 0.512,
2: 0.446, 8: 0.734, 7: 0.229, 6: 0.415
Group # 2 -- P: 0.571, Z: 0.429
Group # 3 -- V: 0.494, G: 0.597, D: 0.410
Group # 4 -- a: 0.576, c: 0.421, b: 0.504
Group # 5 -- i: 0.746, f: 0.254
Log likelihood = -593.964 Significance = 0.006
Maximum possible likelihood = -500.215
Fit: X-square(150) = 187.498, rejected, p = 0.0000
Add Group # 2 with factors PZ
Best stepping up run: #16
---------------------------------------------
Stepping down...
---------- Level # 5 ----------
Run # 17, 164 cells:
Convergence at Iteration 7
Input 0.542
Group # 1 -- 1: 0.337, 5: 0.761, 3: 0.324, n: 0.724, 4: 0.512,
2: 0.446, 8: 0.734, 7: 0.229, 6: 0.415
Group # 2 -- P: 0.571, Z: 0.429
Group # 3 -- V: 0.494, G: 0.597, D: 0.410
Group # 4 -- a: 0.576, c: 0.421, b: 0.504
Group # 5 -- i: 0.746, f: 0.254
Log likelihood = -593.964
Maximum possible likelihood = -500.215
Fit: X-square(150) = 187.498, rejected, p = 0.0000
(…)
All remaining groups significant
147
Group Weight App/Total Input
&Weight
1
2
3
4
5
1
5
3
N
4
2
8
7
6
P
Z
V
G
D
a
c
b
i
f
0.415
0.816
0.400
0.785
0.595
0.530
0.794
0.293
0.497
0.529
0.388
0.507
0.610
0.423
0.589
0.434
0.518
0.569
0.133
0.57
0.89
0.58
0.88
0.73
0.65
0.87
0.36
0.73
0.65
0.60
0.65
0.72
0.58
0.76
0.59
0.61
0.71
0.20
0.59
0.90
0.57
0.88
0.75
0.69
0.89
0.45
0.66
0.69
0.56
0.67
0.76
0.59
0.74
0.61
0.68
0.73
0.23
148
AP•NDICE E Roteiro com os temas para utilizados nas entrevistas
1. Família
Desafios dos tempos atuais para manter a família equilibrada;
Problemas de saúde, econômicos, educação;
Momentos positivos ou não.
2. Experiências para contar
Perigo;
Incômodo ou constrangimento.
3. Viagens
Falar de cidades que gosta ou gostaria de visitar;
Falar da vida em metrópoles ou cidades pequenas.
4. Sociedade
Violência;
Desemprego;
Problemas sociais;
Educação;
Saúde.
.
5. Temas polêmicos
Aborto;
Fidelidade;
Abandono de crianças;
Futebol;
Religião.
6. A diferença da Belo Horizonte atual da de outros tempos.
7. Programas de TV
Preferidos;
Novelas;
Big Brother;
Etc.
8. Rotinas da vida
Trabalho;
Hábitos.
149
AP•NDICE F Ficha do Informante
INFORMANTE Nº: (____________)
DATA DA ENTREVISTA ______/______/_____.
NOME DO INFORMANTE: _____________________________________________
SIGLA: ____________________
ESCOLARIDADE: ____________________________________________________
DATA DE NASCIMENTO: ____/____/____
LOCAL DE NASCIMENTO DO INFORMANTE: _____________________________
TEMPO DE RESIDÊNCIA EM BELO HORIZONTE: __________________________
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