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Caymmi, Ary Barroso, Gilberto Milfont, Orlando Silva dentre outros, representantes da
“década de ouro” (1930 – 1940), e da realidade definida pela “era do rádio” (décadas de 30,
40 e parte da de 50), onde se tocava música brasileira – sambas, sambas-canção, valsas
serestas e marchas; também pela paulatina americanização da música brasileira vivida a
partir do pós-guerra, que encontra sementes nos arranjos e orquestrações da época do
rádio, procurando soar como os de canções e filmes americanos, e personificada de forma
mais veemente por intérpretes como Dick Farney e Lúcio Alves, pelos conjuntos vocais
(Bando da lua, os Cariocas, Garotos da lua etc...), e, sob esse prisma, pelo próprio Alf em
relação a Donato, pois, por ser cinco anos mais velho, iniciou-se profissionalmente antes, já
incorporando e introduzindo essa tendência.
A principal influência foi o próprio jazz americano: os músicos, a improvisação e as
grandes orquestras, como as de Stan Kenton, Glenn Miller e Tommy Dorsey. Alf, mais
especificamente, fora bastante influenciado por Nat King Cole e também pelos filmes e
musicais do hemisfério norte.
Essencialmente pode-se dizer, que o que mais os seduzia no jazz, era o dinamismo
implícito na constante busca por inovações, possibilidades e experiências, traduzido – como
combustível para a própria evolução do gênero – na liberdade permitida pela improvisação,
fruto da musicalidade do músico e de sua intimidade tanto com o instrumento, como com a
música a ser interpretada.
O jazz é um gênero musical que privilegia muito o enfoque instrumental e o
confere vida própria, não o relegando apenas a um segundo plano. O gênero brasileiro que
poderia ter seguido a mesma trajetória, por compartilhar com o jazz alguns fundamentos de
origem, em fins do século XIX, é o choro, por ser um gênero exclusivamente instrumental e
também contar muito com improvisações
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. Porém a música popular no Brasil, ao longo do
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As improvisações realizadas no choro, contudo, podem ser mais consideradas como variações, ou
contrapontos da melodia principal, guardando uma semelhança com as intenções melódicas traduzidas pela
improvisação coletiva dos estilos de jazz New Orleans e dixieland, manifestações características do gênero,
no início do século XX. Nesse sentido cabe frisar uma diferença substancial entre o choro e esses dois estilos
de jazz nesse período: o choro era e se manteve até hoje, como uma manifestação instrumental
essencialmente solista, onde há a predominância de uma melodia principal basicamente acompanhada. O
estilo dixieland e New Orleans de jazz, tem um caráter polifonista, com várias melodias dialogando e
interagindo entre si, caracterizando uma participação mais coletiva, embora haja também acompanhamento
(seção rítmica e harmonia). Esse perfil jazzístico começa a mudar em fins dos anos 20, no jazz realizado
principalmente em Chicago, passando a se fazer cada vez mais presente a figura de um solista e portanto a
predominância de uma melodia, que contudo tem seus contornos definidos pela interação com os demais
músicos, não relegados a um plano de meros acompanhantes.