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instrumento capaz de construir no meio rural um modelo de desenvolvimento
socioeconômico, que, em princípio, combateria as desigualdades regionais.
Entretanto, o programa que nascera para minimizar as desigualdades regionais no
início de sua operacionalização, observou-se claramente um forte direcionamento de
recursos justamente para as regiões mais desenvolvidas do país. A exemplo, cite-se que, no
período entre 1995 a 2001, de cada R$ 100,00 aplicado pelo PRONAF-C, R$ 78,00, foram
canalizados para financiar a produção dos agricultores familiares das regiões Sul e Sudeste.
Do mesmo modo, analisando o montante de recursos despendido por região, em período
mais recente, 2006 a 2008, observa-se que as regiões Sul e Sudeste, ainda absorvem mais
de 65% do montante dos recursos do Programa.
Constata-se que, apesar da importância do PRONAF- Crédito para os agricultores
familiares, o programa dificilmente conseguirá distribuir equitativamente seus recursos,
uma vez que, cada região tem suas peculiaridades a exemplo das regiões Sul e Sudeste,
dado a sua formação histórica, estas regiões sobrepujaram as demais tendo em vista seu
processo de colonização e as condições edafoclimáticas.
Saliente-se ainda que, quando da implantação do PRONAF, já existia nas regiões
Sul e Sudeste, toda uma base tecnológica mais avançada; um maior índice de escolaridade
da população; um nível de organização dos trabalhadores mais cooperativo; maior
facilidade de acesso aos agentes financeiros; presença marcante da assistência técnica
pública e privada; menor presença de latifúndios em comparação com as regiões Norte e
Nordeste; enfim, toda uma base onde se estabeleceu a dinâmica principal da economia
brasileira.
Neste sentido, é natural compreender que: se há, na gênesis da agricultura brasileira,
problemas relativos à posse e uso da terra; se, em algumas regiões, a base tecnológica é
mais eficiente e, em outras, não; se, os três setores da economia são mais fortes no eixo Sul
e Sudeste, fica evidente que, mantidas as atuais regras para liberação dos recursos do
Programa, recebem mais as regiões cujo modelo de produção agrícola, mesmo antes da
implantação do programa, já se apresentavam com maior desenvoltura, independente do
número de estabelecimentos familiares e sim, pelo nível de organização desta categoria, o
que possibilita maior acesso aos benefícios do Programa.
Assim, apesar das regiões sul e Sudeste terem recebido mais recursos do PRONAF,